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O Direito Romano.

O Direito Romano.
INTRODUÇÃO

Conforme enfatizado pelo Professor Doutor César Fiúza, o

“Direito Romano é a mais importante fonte histórica do Direito nos países


ocidentais, e, ainda, a maioria dos institutos e princípios do Direito Civil nos
foi legada pelo gênio jurídico dos romanos” (FIUZA, 2006, p. 160).

E, é de conhecimento de todos que o nosso direito deriva do Romano. Dessa


forma, ao estudá-lo, buscam-se as origens do nosso próprio direito vigente.

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O Direito Romano.
INTRODUÇÃO

“A perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade


não pode ser negada, pela presença constante em inúmeros
institutos jurídicos de nossa época. Além disso, qualquer estudo
profundo de direito privado principia sempre por introdução
histórica que investiga as raízes romanas do assunto tratado.”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 57).
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Linha do Tempo (Roma Antiga)

Disponível em: https://historiaica.wordpress.com/2015/05/20/roma-antiga-linha-do-tempo/

Acesso: 11 de agosto de 2018.


O Direito Romano.
AS FASES DO DIREITO ROMANO

O Direito Romano na Realeza (753 a.C. a 509 a.C.). Principais eventos:

Os manuais de Direito Romano indicam que o Império Romano teve início com a fundação da Cidade,
em 753 a.C. e que o período histórico em que Roma foi governada por reis foi chamado de realeza.
Essa cidade teria sido governada por sete reis até 509 a.C., ano considerado como fim desse
período histórico. Rômulo foi o primeiro rei, sendo considerado fundador lendário de Roma. Com
relação à época da fundação, considera-se ter sido “a cidade romana constituída, no início, pelos
componentes das tribos conhecidas pelos nomes de ramnenses, tirienses e luceres” (CRETELLA
JÚNIOR, 2007, p. 25), razão pela qual Rômulo, conforme narra César Fiuza, “dividiu a cidade em
três tribos: Tities, Ramnes e Luceres” (FIUZA, 2007, p. 37).
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O Direito Romano.
AS FASES DO DIREITO ROMANO

O Direito Romano na Realeza (753 a.C. a 509 a.C.). Principais eventos:

Tendo em vista que nessas tribos havia apenas homens, Rômulo convidou os
sabinos, povo vizinho, constituído de indivíduos de ambos os sexos, para
festividades. Nessa ocasião, os romanos teriam raptado as pessoas do sexo
feminino (O Rapto das Sabinas), razão pela qual se iniciou uma guerra entre esses
povos. Antes do término da batalha, por influência das mulheres, os sabinos
resolveram se integrar aos romanos, junto à tribo dos Tities.
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O Rapto das Sabinas.

Disponível em: https://brainly.com.br/tarefa/11654456


O Rapto das Sabinas.

Disponível em: https://alunosonline.uol.com.br/historia/rapto-das-sabinas-uma-lenda-romana.html


Para a época o rapto de mulheres era
justificável por causa da falta de
mulheres? É uma questão de Direito ou
apenas uma questão Demográfica?
Para os homens da sala

E hoje se justificaria?
E se fosse o contrário, ou seja, o rapto
de homens, feito por mulheres, se
justificaria? É uma questão de Direito
ou apenas uma questão Demográfica?
Para as mulheres da sala

Também se justificaria?
O Direito Romano.
Os primeiros, homens livres, descendentes de homens livres, agrupados em clãs familiares patriarcais,
que recebiam o nome de gentes, formavam a classe detentora do poder e privilegiada. Os plebeus, por
sua vez, não faziam parte das gentes, estando, no entanto, sob a proteção do rei.

AS FASES DO DIREITO ROMANO

O Direito Romano na Realeza (753 a.C. a 509 a.C.). Principais eventos:

Sérvio Túlio, penúltimo rei dessa fase, ordenou o primeiro censo na história. Ele “mandou fazer
cadastro de todos, sendo que os censores vasculhavam todos os cantos da cidade à procura de
riqueza, para que se pudesse pagar impostos e ampliar as receitas” (TAVARES, 2003, p. 8). Vale
ressaltar que o fim da realeza (509 a.C.) teve como marco a expulsão do “último rex, Tarquínio, o
Soberbo, usurpador de poderes realmente imperiais” (ENGELS, 2006, p. 143).
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https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1526/Direito-Romano-Aspectos-mais-importantes-durante-a-Realeza-a-Republica-e-o-Imperio
O Direito Romano.

O Direito Romano na República (509 a.C. a 27 a.C.). Principais eventos:

No início da fase da república, logo após a expulsão de


Tarquínio, o Soberbo, houve a “substituição do rex por dois
comandantes militares (cônsules) dotados de iguais poderes”
(ENGELS, 2006, p. 143).
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O Direito Romano.
O Direito Romano na República (510 a.C. a 27 a.C.). Principais eventos:

Esses sucessores do rei eram eleitos anualmente, em número de dois, para que governassem
de forma alternada, cada mês um deles controlavam o imperium, enquanto o outro fazia uma
fiscalização, com direito de veto ou intercessio (Do latim intercessio - "intervenção“). E, “se
perigos gravíssimos ameaçam a república, o cônsul em exercício enfeixa (acaba) o poder dos
dois, tornando-se ditador, com os poderes absolutos, perdendo o colega o recurso da
intercessio (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 30).

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https://www.dicio.com.br/intercessao/
O Direito Romano.
O Direito Romano na República (509 a.C. a 27 a.C.). Principais eventos:

Foi nessa época que a diferença entre patrícios e


plebeus já não se justificava. Inclusive, por volta dos
séculos IV e III a.C., “a plebe já ocupava todos os
cargos da magistratura, antes reservados só aos
patrícios” (FIUZA, 2007, p. 54).
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O Direito Romano.
O Direito Romano no Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.), Principais eventos:

“Chama-se alto império (27 a.C. a 284 d.C.) ou principado (de


princeps) o período histórico que vai do reinado de Augusto até
a morte de Diocleciano” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38).
Nessa fase ocorreram revoltas de escravos e vários conflitos
entre as classes sociais. Esses acontecimentos levaram a uma
alteração política em Roma.
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O Direito Romano.
O Direito Romano no Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.). Principais eventos:

Dentre os acontecimentos importantes, destaca-se a reforma


no início da fase que deu poder aos generais de livremente
recrutarem soldados, que se tornaram fiéis à eles, e não a
Roma. Diante disso Silas, com o apoio de suas tropas,
tornou-se ditador, em 82 a.C, permanecendo até 79 a.C.
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O Direito Romano.

Em 66 a.C., formou-se, com a associação política entre Júlio César,


Pompeu e Crasso, o primeiro triunvirato. Por volta de 43 a.C., “formou-se
um segundo triunvirato, formado por Otávio (sobrinho e filho adotivo de
Júlio César), Marco Antônio e Lépido”. (FIUZA, 2007, p. 55).
Considera-se triunvirato “uma associação política entre três homens em pé
de igualdade. A palavra triunvirato originou-se a partir de dois radicais do
latim: trium (três) e vir (homem)” (TRIUNVIRATO, 2008).
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O Direito Romano.
Durante o segundo triunvirato, Lépido foi exilado e Marco Antônio
se suicidou. Então, conforme conta César Fiuza: “Otávio se tornou
ditador. Em 36 a.C., foi-lhe atribuída a tribunicia potestas
(poder de veto e inviolabilidade). Em 29 a.C., o título de
imperator (comandante-em-chefe das forças armadas). Em 28
a.C., recebeu o título de princeps senatus; em 27 a.C., o de
augusto (que merece respeito, reverência; venerável).
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O Direito Romano.
Otávio se tornou, então, o senhor absoluto, mas sem o
título de rei, do qual não fazia questão”. (FIUZA, 2007,
p. 56).Vale ressaltar ainda que, nesta fase, “O
imperador ou príncipe não governa sozinho: partilha o
poder com o senado, havendo, pois uma diarquia, (governo
de dois).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38).
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O Direito Romano.
O Direito Romano no Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.). Principais eventos

Essa fase é marcada pela monarquia absolutista, diante da concentração


dos poderes nas mãos do Imperador, sem repartição de poderes com o
Senado. Para alguns autores, esse período é chamado de Dominato.

O primeiro a experimentar esse “poder absoluto” foi Diocleciano (284 a


305), que dividiu o império romano em Império Romano do Oriente
(Constantinopla) e Império Romano do Ocidente (Roma).
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O Direito Romano.
O Direito Romano no Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.)

Todos os poderes, atribuições e órgãos públicos passaram a ser


submetidos à vontade do imperador. Como fatos importantes nessa
fase têm-se: “313 – Edito de Milão, de Constantino, dando liberdade
de culto aos cristãos (podemos afirmar que aqui identifica-se a
questão da “liberdade” de culto religioso?). O edito foi reforçado
posteriormente e aplicado em todo o império. Constantino se
converteu à fé cristã, atribuindo várias de suas vitórias a isso.”
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O Direito Romano.
O Direito Romano no Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.)

380 - Constituição Cunctos Populos (do latim – todas as pessoas), de


Teodósio I (379 a 395). Elevou o catolicismo a religião oficial. (a hegemonia
de uma religião imposta pelo Estado, ou seja, sem liberdade religiosa)

395 - Morte de Teodósio I e divisão do Império em Oriente e Ocidente,


com dois imperadores, seus filhos: Arcádio, no Oriente, e Honório, no
Ocidente. A unidade jurídica foi mantida por meio da legislação, que era a
mesma.
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O Direito Romano.
O Direito Romano no Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.)

476 - Queda do Império Romano do Ocidente. Rômulo Augusto é derrotado por Odoacro,
rei dos hérulos. Alguns reis bárbaros invasores passaram a ser tratados como delegados do
Imperador no Ocidente (ex.: Odoacro, Teodorico e outros).

527 a 565 - Reinado do Imperador Justiniano. Tenta reunificar o Império e promulga as


compilações de leis e doutrina, conhecidas hoje com o nome de Corpus Iuris Civilis (do
latim – Corpo das Leis Civis.” (FIUZA, 2007, p. 60/61). E o fim da fase do baixo império
é marcada pela morte do Imperador Justiniano (565 d.C.).

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O Direito Romano.
O Direito Romano no período Bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.), Principais eventos:

Chama-se período bizantino a fase histórica que vai desde a morte de


Justiniano ocorrida em 565 até a tomada da cidade de Constantinopla pelos
turcos, em 1453. Essa fase foi assim denominada em decorrência da
capital, que “era a cidade de Bizâncio, situada no Bósforo, estreito que
liga Europa e Ásia. No início do século IV, Constantino mudou seu nome
para Constantinopla. É hoje, a cidade de Istambul, na Turquia” (FIUZA,
2007, p. 63).
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O Bósforo
O Direito Romano.
O Direito Romano no período Bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.). Principais eventos:

Para alguns autores a civilização bizantina é considerada continuação da


civilização romana. “Os historiadores especializados em Bizâncio em geral
concordam que seu apogeu se deu com o grande imperador da dinastia
Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros), no início do século
IX.” (BIZANTINO, 2008).
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O Direito Romano.
O Direito Romano no período Bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.). Principais eventos:

Para Marcia Mallmann Lippert,

“No ano de 396 o Império Romano foi dividido, sendo Roma o centro do Império Romano
do Ocidente enquanto Constantinopla (Istambul) era o centro do Império Romano do
Oriente. Em 410 Roma foi pilhada por povos bárbaros, e 476 é o marco fim do Império
Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente manteve-se até 1453, ano em que
os turcos tomaram Constantinopla.” (LIPPERT, 2003, p. 41).

Então, a queda de Constantinopla, ocorrida em 1453, após batalha com os turcos, é


considerado o marco final da Idade Média. E, para alguns autores o período Bizantino
pode ser chamado de Império Romano do Oriente.
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O Direito Romano (Conclusão)
O Império Romano teve início com a fundação de Roma. O período
histórico em que essa cidade foi governada por reis foi chamado de
realeza (753 a.C. a 509 a.C.). Dentre os habitantes de Roma, existiam
quatro classes bem distintas: patrícios, clientes, escravos e plebeus. A
religião tinha duas classes de deuses: uma inspirada na alma humana e a
outra inspirada nos fenômenos naturais. Os poderes públicos eram
exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. A realeza teve como marco
final a expulsão do último rex, Tarquínio, o Soberbo.
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O Direito Romano (Conclusão).
Na fase da república (509 a.C. a 27 a.C.), houve a substituição
do rex por dois comandantes militares. As classes sociais eram
bem distintas: classe baixa e nobreza. A economia era baseada
na mão-de-obra escrava. Os poderes sacerdotais do rei
passaram ao rei das coisas sacras. A organização política era
composta por cônsules, pelo senado e pelo povo.

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O Direito Romano (Conclusão).
Já o período bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.) compreende a
fase histórica que vai desde a morte de Justiniano até a
tomada da cidade de Constantinopla, pelos turcos. A queda de
Constantinopla simboliza o marco final da Idade Média. Nesse
período os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de
um imperador e ocorreu intenso desenvolvimento comercial.
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O Direito Romano (Conclusão).
O Direito Bizantino trata-se do conjunto de regras
jurídicas justinianeias que continuaram em vigor de 565 a
1453, mas adaptadas à vida dos povos. Os imperadores
ordenaram a edição de outras compilações oficiais, para
que fossem plenamente aplicáveis diante das inéditas
situações. Essas adaptações perduram até os dias atuais.
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O Direito Romano (Conclusão).
A atualidade do direito romano é fato evidente e resta
comprovada pela sua presença em vários institutos jurídicos
atuais. É considerado a mais importante fonte histórica do
direito nos países do ocidente. Sendo assim, inegável que o nosso
direito atual deriva do Romano. Diante disso, ao estudá-lo,
ocorre a análise das origens do direito vigente.
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A Lei das XII Tábuas
·
A Lei das XII Tábuas ·

Originariamente, não existiam normas escritas a legitimar a


aplicação de sanções àqueles que causassem prejuízos a

terceiros. Era a tenebrosa fase da vingança privada.


Durante o longo período assim intitulado, a reação individual ou
coletiva era o meio utilizado pelos povos da antiguidade para
reprimirem os atos que lhes eram nocivos.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
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Muitas vezes a sanção era imposta não ao


sujeito que praticou a conduta ilícita,
mas à coletividade à sua volta. Além da não
individualização da pena, outro aspecto jurídico relevante,
constatado nesse período, era a desproporcionalidade com
que as sanções eram aplicadas.
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Com efeito, vivia-se a época da vendeta (é uma sequência de ações


e contra-ações motivadas por vingança) e, por isso, o ato ilícito,
independentemente de sua qualificação moderna, era reprimido por meio da

punição, em princípio, coletiva. Era comum que o indivíduo


ofensor condenasse toda sua tribo a submeter-se aos
procedimentos, em geral, cruéis, de retribuição do mal
com o mal (RODRIGUES JUNIOR, 2011, p. 1).
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
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A Lei das XII Tábuas, elaborada provavelmente


no ano 450 a.C., deixou vestígios da fase da
vingança privada, apresentando algumas regras
semelhantes à Lei de Talião, que, como se sabe, tinha
como principal característica sancionar o delito praticado,
afligindo o mesmo mal ao ofensor.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
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Nesse contexto, se alguém causasse a outrem lesão física injusta


(membrum ruptum – membro invalidado), a norma previa a aplicação da
pena de talião ao agressor (talio esto > se membrum rupsit, ni cum e o
pacit, talio esto – ser retaliado > cada membro rupsit, a menos que ele
se instala quando eles saem, ó. Observação: A frase aqui traduzida do
latim para o português fica um tanto sem sentido, mas a essência nos
remete a Lei do Talião, que marca tanto a legislação babilônica, a
hebraica e “influencia” também a cristã).
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas
·

Merece registro o fato de que, no exemplo citado,


a pena de talião somente seria aplicada
caso não houvesse a composição do dano
entre o agressor e a vítima.
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A Lei das XII Tábuas ·

Para melhor compreensão do contexto da elaboração da Lei das XII Tábuas e também de
sua importância para o direito moderno, vale conferir o magistério Cruz (1984, p. 182):

Segundo a tradição, referida por vários escritores


do tempo da república e do principiado, efetuou-se
em Roma, nos anos 451 a 449 a.C., uma obra
codificadora de grande envergadura.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

Foi elaborada por um organismo especialmente


constituído para esse fim, os decemviri legibus
scribundis (comissão de dez homens para redigir as
leis); depois, aprovada nos comícios das centúrias,
afixada publicamente no fórum e finalmente
publicada em 12 tábuas de madeira.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

Daí a sua designação – lex duodecim tabularum (Lei das XII


Tábuas). É o documento de maior relevo do Direito Antigo. Ainda
segundo o relato da tradição, esse extraordinário documento teve
origem nas reivindicações jurídicas dos plebeus. (...) As XII
tábuas foram destruídas no incêndio de Roma, quando da invasão
dos Gauleses em 390 a.C., duvida-se que tenham sido
reconstituídas em 397 a.C., como defendem vários autores.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
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As XII Tábuas eram assim distribuídas: as Tábuas de número um


e dois estabeleciam regras de natureza processual; a de número
três previa regras sobre a execução em caso de confissão ou
condenação; a de número quatro relacionava as regras de pátrio
poder e casamento; a quinta estabelecia regras de direito
sucessório e de tutela; a sexta e a oitava cuidavam da
propriedade, da posse e das terras;
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

A sétima enumerava os crimes e condutas ilícitas no Direito


Romano; a nona estabelecia regras de Direito Público, enquanto
a décima fazia referência aos funerais e aos mortos; a de
número onze apenas complementava as de números um a
quatro; por fim, a de número doze estabelecia regras sobre
penhor e também de Direito Penal.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

Merece registro o fato de que durante o período de vigência


da Lei das XII Tábuas não havia distinção entre
responsabilidade civil ou penal. Na verdade, existiam apenas
sanções pelas condutas consideradas ilícitas pela civilização
romana. Mas, não há dúvidas, um importante pilar para o
desenvolvimento da responsabilidade civil, que vigora nos dias
atuais, começava a ser construído.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

Dias (1997, p. 9), alertando sobre as diferenças entre responsabilidade


civil e penal, também assevera sobre sua equivalência em certos
aspectos:

[...] Reafirmamos, pois, que é quase o mesmo fundamento da


responsabilidade civil e penal. As condições em que surgem é que são
diferentes, porque uma é mais exigente do que a outra, quanto ao
aperfeiçoamento dos requisitos que devem coincidir para se efetivar. E
não pode deixar de ser assim.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas
Tratando-se de pena, atende-se ao princípio nulla poena sine lege
(nenhuma punição sem lei), diante do qual só exsurge (aparece,
levanta, ergue) a responsabilidade penal em sendo violada a norma
compendiada na lei; enquanto a responsabilidade civil emerge do
simples fato do prejuízo, que viola também o equilíbrio social, mas
que na exige as mesmas medidas no sentido de restabelecê-lo,
mesmo porque outra é a forma de consegui-lo.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas
A reparação civil reintegra, realmente, o prejudicado da
situação patrimonial anterior (pelo menos tanto quanto
possível, dada a falibilidade da avaliação; a sanção penal
não oferece nenhuma possibilidade de recuperação ao
prejudicado; sua finalidade é restituir a ordem social ao
estado anterior à turbação).
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

Durante a vigência da Lei das XII Tábuas, as condutas ilícitas eram


assim designadas: delito (delictum) era o ato ilícito sancionado com uma
pena. O delictum podia ser de natureza pública ou privada, conforme
ofendesse a comunidade romana ou um indivíduo isoladamente
considerado. O delictum público era denominado crimen (crime) e
sancionado por meio de pena corpórea (morte, exílio, trabalhos
forçados, mutilação, etc.) ou pecuniária Observação: Creio que a
crucificação de Pedro (de cabeça para baixo) e a decapitação de Paulo
podem ser enquadradas aqui.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

Já o delictum (transgressão) privado, denominado delictum ou


maleficium (transgressão), era punido com pena privada
pecuniária (JUSTO, 2008, p. 119). O delictum (transgressão)
privado, como se pode inferir, assemelha-se à ideia de ato
ilícito, que é conduta antijurídica que faz emergir a
responsabilidade civil no direito contemporâneo.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

Importante registrar que a Lei das XII Tábuas, embora tenha


definido os delicta (públicos e privados) e estabelecido as
respectivas penas, não considerou relevante a valoração do
elemento subjetivo em todas as condutas ilícitas. Assim, mesmo
ausente o dolo ou a culpa, era possível a aplicação de sanção a
alguém, caso restasse comprovada a prática de conduta ilícita
causadora de dano.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

Evidentemente que a desconsideração do elemento subjetivo da


conduta gerava situações injustas e desproporcionais. Além dos
delicta tutelados pelo ius civile (direito civil) e referidos por Gaius
(foi um jurisconsulto romano do século II, tendo redigido seus
principais trabalhos entre 130 e 180 d.C.. Seu nome completo é
desconhecido nos dias atuais, sendo Gaio seu prenome.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
A Lei das XII Tábuas ·

A única obra de sua autoria que chegou até os dias atuais intacta
foi as Institutas) e pelas Institutiones (Instituições) de Justiniano
(furtum < roubo, rapina, iniuria e damnum iniuria datum < prejuízo
causado em seu direito ou foi dada a partir do dano ilegal, lesão),
que serão examinados adiante, Justo (2008, p. 122-123) destaca
a existência de vários outros atos ilícitos previstos na Lei das XII
Tábuas, que eram punidos com penas pecuniárias:
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
O jurista Gaius (ou Gaio)

(120 – 180 d. C.)


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a) O corte de árvores em terreno alheio: o autor podia ser demandado com a actio
arborum furtim caesarum (árvores ação por discrição) que impunha uma pena de
25 asses (asse ou ás - as, em latim, plural asses - era uma moeda romana de
bronze e, posteriormente, de cobre, em circulação durante a república e o
império) por árvore;

b) A pastagem em terreno alheio: o dominus (proprietário) do fundus (fazenda)


gozava da actio (atividade) de pastu (pastar – pastavam) pecoris (gado) contra o
proprietário dos animais;

c) O dano causado por animais: o lesado podia instaurar a actio (atividade) de


pauperie (pobre) para ser ressarcido pelo prejuízo sofrido;
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d) A construção de um edifício com materiais roubados: o proprietário dos materiais


gozava da actio de tigno iuncto (traduzindo ao pé da letra: actividade das pranchas
juntas) que implicava a condenação do dono da casa no dobro do valor dos objetos
incorporados;

e) A subtração de uma rês (qualquer animal quadrúpede que se abate para a


alimentação do homem) do pupilo, pelo tutor legítimo: este podia ser demandado pela
actio rationibus distrahendis (traduzindo ao pé da letra: atividade responde por
distrahendis – sem tradução) , ação esta que mais tarde foi estendida a outros
tutores, e que permitia a condenação no dobro do valor da res e ainda era acumulável
com outras actiones (ações).
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Embora não tenham sido identificados princípios específicos de


responsabilidade civil na Lei das XII Tábuas, mas apenas a
previsão de casos concretos, é fácil perceber que as regras
romanísticas em muito contribuíram para o atual estágio de
evolução desse instituto, sobretudo pela divisão já referenciada
dos atos ilícitos em delitos públicos e privados.
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1.1 DELITOS PRIVADOS

Conforme já mencionado, há na Lei das XII Tábuas


referências a vários ilícitos de natureza privada. Não
obstante, alguns desses delicta (transgressão) mereceram
especial atenção da referida Lei: o furtum (roubo), a rapina, a
iniuria (errado) e o damnum iniuria datum (traduzindo ao pé da
letra: foi dada pelo dano material ilegal, lesão e o) .
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1.1.1 Furtum

O furto ou roubo (furtum) é definido, num texto de Paulus, como o “apoderamento fraudulento, com
vista à obtenção dum lucro, ou duma coisa ou do seu uso ou da sua posse”. O furto era constituído
pelos seguintes elementos: a) a contrectatio rei (a partir da propriedade) – subtração da coisa −
(elemento objetivo), que poderia consistir na subtração de coisa ou mesmo na detenção duma pessoa;
no furtum usus (roubo-uso), que era o uso ilícito de uma rês alheia; ou no furtum possessionis
(roubo-apropriação), que consistia na tomada de posse indevida de uma rês; e b) o animus (ou
affectio) furandi (traduzindo ao pé da letra: a minha (afeição) por roubar)

(elemento subjetivo), que se traduzia na realização da contrectatio (provavelmente contratação) com


a intenção de lesar outra pessoa (JUSTO, 2008, p. 123-124).

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1.1.1 Furtum (Roubo)

A ação penal posta à disposição da vítima do furtum (roubo) era a actio furti
(atividade de roubar), de natureza imprescritível. Além disso, poderia ainda a vítima
intentar outra ação, denominada ad rem persequendam (traduzindo ao pé da letra: à
perseguição) , com vistas a promover a retomada da coisa subtraída. As sanções
aplicadas ao ofensor sofreram alterações ao longo da história romana, sendo comuns
a restituição da coisa e a imposição de multa, que variava conforme a natureza do
delito (RODRIGUES JUNIOR, 2009, p. 12).
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Tábuas
1.1.2 Rapina
A rapina (rapina, bona vi rapta – traduzindo ao pé da letra: as
mercadorias foram violados ) é o delictum (falha) que consiste na
subtração violenta de coisa alheia. Segundo Gaius (foi um
jurisconsulto romano do século II, tendo redigido seus principais
trabalhos entre 130 e 180 d.C.. Seu nome completo é
desconhecido nos dias atuais, sendo Gaio seu prenome.
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1.1.2 Rapina

A única obra de sua autoria que chegou até os dias atuais intacta foi as
Institutas), essa prática foi considerada, durante muito tempo, um
furto qualificado (JUSTO, 2008, p. 128). Não obstante, em razão do
aumento vertiginoso de saques e assaltos à mão armada, praticados por
ex-escravos, renegados e piratas, esse delito ganhou autonomia
(RODRIGUES JUNIOR, 2009, p. 12).
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1.1.2 Rapina

Contra o delito de rapina era posta à disposição da vítima a actio bonorum vi


raptorum (ação relativa aos bens obtidos por violência), que podia ser
intentada também pelos seus herdeiros. Por meio da actio (ação), a vítima
podia obter do autor da rapina valor quatro vezes maior que o prejuízo
sofrido, caso a ação fosse proposta no prazo de um ano, ou simplesmente o
valor equivalente ao prejuízo sofrido, caso a demanda fosse proposta após o
prazo de um ano.
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1.1.2 Rapina

Embora na origem tenha havido discussão acerca da natureza jurídica da actio


bonorum vi raptorum, o direito justinianeu (Justiniano) passou a admiti-la
como uma ação de natureza mista, isto é, penal e também reipersecutória
(JUSTO, 2008, p. 128-129).

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1.1.3 Iniuria (Errado)

Conforme explica Fattori, lexicamente o termo iniuria significa “ato realizado


sem ter direito a ele” (quod non iure fit – traduzindo ao pé da letra: que não
é feito corretamente), para, em seguida, complementar dizendo que com tal
expressão se designavam atos de diversas naturezas cometidos contra a
integridade física e moral de um ser humano, tendentes a restringir o
exercício de sua atividade (FATTORI
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/ revistaspge/revista3/rev9.htm).
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
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1.1.3 Iniuria (Errado)

Há, na Lei das XII Tábuas, a menção de vários atos que caracterizavam a
iniuria (o erro) e as respectivas penas a que se submetiam os ofensores: a)
mutilação de um membro, punida com a pena de talião se as partes não
acordassem uma composição pecuniária; b) fratura de osso, punida com a pena
de 300 ou 150 asses (asse ou ás - as, em latim, plural asses - era uma
moeda romana de bronze e, posteriormente, de cobre, em circulação durante
a república e o império) se a vítima fosse, respectivamente, livre ou escravo;
c) lesões menores, punidas com a pena de 25 asses (JUSTO, 2008, p. 130).
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
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Ensina Justo (2008, p. 130) que com o passar do tempo as penas previstas
na Lei tornaram-se irrisórias, fazendo com que o pretor (era um dos
títulos concedidos pelo governo da Roma Antiga a homens que atuavam em
duas diferentes funções oficiais: comandante de um exército ou um
magistrado eleito para realizar diversas funções) criasse a actio iniuriarum
(ação por danos), que permitia combater qualquer ofensa à integridade
física ou moral de uma pessoa.
Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RDA/article/view/5082/3229
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Além da actio iniuriarum (ação por danos), que possuía caráter


geral, foram criadas outras ações particulares com que o pretor
protegia os casos de convicium (vociferação dirigida a alguém
adversos bonos mores – contrário às boas maneiras), de infamatio
(afirmação ofensiva da dignidade duma pessoa) e de adtemptata
pudicitia (ultraje ao pudor de certas pessoas, sobretudo mulheres
e crianças).
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1.1.4 Damnum iniuria datum

O damnum iniuria datum (dano produzido pela injúria), por sua vez,
consistia na produção culposa de um dano em coisa alheia. A Lei
das XII Tábuas estabelecia algumas ações em casos isolados de
damnum iniuria datum: a) a actio de pauperie (ação em razão do
prejuízo ou dano causado): punia o dominus (proprietário) de um
animal que causasse dano em coisa alheia.
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1.1.4 Damnum iniuria datum

Podia a vítima optar entre o ressarcimento do dano ou a entrega do


animal ao lesado; b) a actio de pastu pecoris (traduzindo ao pé da
letra: pela ação de alimentação de gado) : responsabilizava o
dominus (proprietário) de um animal pelo dano resultante de ter
pastado num fundus (fazenda) alheio. Igualmente era possível ao
lesado optar entre o ressarcimento do dano ou a entrega do animal;
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1.1.4 Damnum iniuria datum

E c) a actio de arboribus succisis (ação relativa às


árvores cortadas): concedida contra quem cortasse
busivamente árvores alheias, incorrendo na indenização
de 25 asses (asse ou ás - as, em latim, plural asses - era uma moeda romana

de bronze e, posteriormente, de cobre, em circulação durante a república e o

império) por árvore (JUSTO, 2008, p. 130).


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1.1.4 Damnum iniuria datum

Posteriormente, a lex Aquilia (A lex Aquilia era uma lei romana que
dava compensação aos proprietários de bens feridos por culpa de
alguém, estabelecidos no século III a.C., na República Romana. Esta
lei protegia os cidadãos romanos de algumas formas de roubo,
vandalismo e destruição de propriedade) também fez referência ao
damnum iniuria datum (danos ilícitos).
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1.1.4 Damnum iniuria datum

Segundo o magistério de José Carlos Moreira Alves,


o damnum iniuria datum (danos ilícitos) somente
estaria configurado se presentes os seguintes
requisitos: a) a iniuria (o erro), ou seja, que o dano
decorresse de ato contrário ao direito;
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1.1.4 Damnum iniuria datum

Segundo o magistério de José Carlos Moreira Alves, o damnum iniuria datum


(danos ilícitos) somente estaria configurado se presentes os seguintes
requisitos: a) a iniuria (o erro), ou seja, que o dano decorresse de ato
contrário ao direito; b) a culpa: que o dano resultasse de uma conduta
positiva praticada com dolo ou culpa em sentido restrito; e c) o damnum
(perda): que a coisa sofresse lesão em virtude de ação direta do agressor
exercida material e diretamente contra ela (ALVES, 1997, p. 280).
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1.1.4 Damnum iniuria datum

Os atos ilícitos privados antes examinados, especialmente a iniuria (o erro) e o


damnum iniuria datum (danos ilícitos), apresentam grande relevância para a evolução
do instituto que hoje conhecemos como responsabilidade civil, pois evidenciam, já
àquela época, a busca pela recomposição de um dano injusto provocado a alguém. É
certo que ainda não existia uma composição legal imposta às partes, mas apenas a
possibilidade de uma composição voluntária dos danos sofridos, pois cabia à vítima
optar por satisfazer-se através da vingança ou do recebimento de uma quantia em
dinheiro.

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