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PORTUGAL E AMÉRICA

PORTUGUESA NO SÉCULO
XVIII:
ASPECTOS GERAIS DO SÉCULO XVIII EM
PORTUGAL E NOS NÚCLEOS DE COLONIZAÇÃO
PORTUGUESA NA AMÉRICA DO SUL –
ECONOMIA, SOCIEDADE E DIREITO NO
IMPÉRIO PORTUGUÊS DOS SETECENTOS.
PARA ENTENDER O SÉCULO XVIII NO
IMPÉRIO PORTUGUÊS E EM SUA COLÔNIA
SUL-AMERICANA...
 Antes que tratemos do século XVIII
no Império Português, e mais
precisamente, nas áreas de
colonização portuguesa na América
do Sul, necessário se faz que
tracemos um panorama geral das
condições políticas, econômicas e
institucionais do Império durante o
século XVII, o que ajudará na
compreensão dos desafios que se
impuseram a Portugal e ao Brasil
ao longo do século XVIII.
PORTUGAL E AMÉRICA
PORTUGUESA NO SÉCULO
XVII:
UM PANORAMA DO IMPÉRIO PORTUGUÊS NA
AMÉRICA NOS SETECENTOS
O Império Português iniciou o século XVII incorporado aos domínios espanhóis, por força
da crise dinástica portuguesa que levou à União Ibérica em 1580, condição esta que se
estendeu até o ano de 1640, quando então recuperou a sua independência sob o comando
de uma nova dinastia (a dinastia de Bragança) – D. João IV, o primeiro rei da nova dinastia
governaria um reino enfraquecido politicamente e empobrecido economicamente e
financeiramente.

Durante o período da União Ibérica, a organização judicial e administrativa dos


domínios portugueses na América do Sul foi objeto de várias experiências
(repartições territoriais e administrativas), ao mesmo tempo em que uma nova “lei do
Reino” (as Ordenações Filipinas) passou a ter vigência no Império Português, a
partir de 1603, em lugar das Ordenações Manuelinas.

PORTUGAL E BRASIL AO Durante o século XVII, fosse durante o período da


LONGO DO SÉCULO XVII: União Ibérica, fosse após 1640, a ocupação
ASPECTOS GERAIS (I) portuguesa no continente sul-americano se
ampliou e se consolidou: ocupação da costa
A retomada da vida independente setentrional, ocupação da costa meridional e o
por parte de Portugal e de suas atingimento do estuário do Prata com a fundação
colônias, após 1640, se fez em da Colônia do Sacramento, conquista do vale
condições econômicas, financeiras e amazônico, ocupação dos sertões pela expansão
políticas muito difíceis – guerra bandeirante e pela expansão da pecuária.
contra a Espanha, luta contra os
holandeses no Nordeste brasileiro.
Em virtude das dificuldades no cenário internacional no período posterior a 1640 (guerra
contra a Espanha que se estendeu por mais de 20 anos, confronto com os holandeses no
Nordeste brasileiro que se iniciou em 1630 e se estendeu até 1654), Portugal firmou uma
série de tratados com o velho aliado inglês (tratados de 1642, 1654, 1661 e 1703) no sentido
de garantir a integridade do que restara de seu Império Colonial e de conseguir fazer
frente às guerras contra a Espanha e contra as Províncias Unidas (Holanda) – para isso,
Portugal teve que fazer concessões políticas, econômicas e territoriais.

As Ordenações Filipinas, diploma legal firmado no início do período da União Ibérica


(sob os auspícios de Filipe II de Espanha), foram confirmadas por D. João IV de
Bragança e tiveram longa vigência, tanto em Portugal, como no Brasil independente.

No que se refere à administração colonial, foi


PORTUGAL E BRASIL AO criado o Conselho Ultramarino em 1642, com
LONGO DO SÉCULO XVII: alçada sobre os negócios relativos ao Brasil, Índia,
ASPECTOS GERAIS (II) Guiné, ilhas S. Tomé e Cabo Verde e demais
partes ultramarinas da África – sua maior
Ao final deste século XVII, foram atribuição era o provimento de todos os cargos
encontrados os primeiros (exceto os eclesiásticos que ficavam a cargo da Mesa
jazimentos de ouro na região das de Consciência e Ordens), recebendo propinas de
Minas, o que iria representar um quase todos os contratos dos dízimos, da dízima das
alívio à combalida situação alfândegas, dos subsídios dos vinhos, sal, couros,
econômica e financeira de Portugal aguardentes, azeites, passagens dos rios, etc.
pós-Restauração.
 As dificuldades de natureza econômica, financeira e política
com que Portugal teve que se defrontar a partir da
Restauração (ou seja, a partir do fim da União Ibérica em
1640) resultaram em medidas de controle e de exploração da
colônia (no caso, o Brasil) mais severas, visando a
recuperação financeira do reino e de estímulos à expansão
da presença portuguesa no continente sul-americano.
 Os movimentos de interiorização e de expansão territoriais
da colonização portuguesa na América do Sul que se
intensificaram durante o período da União Ibérica
(especialmente no litoral setentrional e no vale amazônico),
prosseguiram, após 1640, por exemplo, com a expansão em
direção ao litoral meridional (ao sul de S. Vicente e de
Paranaguá) em busca de ouro (levado a cabo por
expedições paulistas).
 Com a descoberta de ouro nos leitos dos rios desta região,
várias vilas foram fundadas: S. Francisco do Sul (1658),
Desterro, atual Florianópolis(1675), Laguna (1688).
 Esta expansão em direção ao sul, revelava a preocupação da
metrópole portuguesa com sua colônia sul-americana, sobretudo
em uma região onde os conflitos com os espanhóis eram
frequentes.
 Em 1680, o governador do Rio de Janeiro, D. Manuel Lobo, foi
expressamente autorizado pelo governo português, a fundar uma
colônia fortificada na margem direita do Rio da Prata, em frente a
Buenos Aires (em terras do atual Uruguai), com o objetivo de
intensificar a presença portuguesa em uma região de grande
importância econômica, sobretudo em função da intensa atividade
de contrabando.
 A União Ibérica (de 1580 a 1640) havia favorecido a penetração
portuguesa em território que, por direito, definido pela linha do
Tratado de Tordesilhas, era espanhol, tendo os comerciantes
portugueses (os peruleiros) alcançado as minas de prata em
Potosi (atual Bolívia), canalizando, através de seus negócios
(contrabando), um importante fluxo de prata para os territórios de
colonização portuguesa na América do Sul.
A adoção de medidas de controle
administrativo e fiscal mais severas sobre a
colônia a partir da Restauração em 1640, assim
como as complexas relações entre colonos,
religiosos (destacando-se os jesuítas) e o
poder metropolitano nas diversas regiões que
compunham a colonização portuguesa na
América do Sul (como por exemplo a região do
Estado do Maranhão e Grão-Pará), produziram
reações que se traduziram em conflitos e
revoltas que exprimiam reivindicações e/ou
conflitos locais e conjunturais.
Revolta de Beckmam (1684) no Estado do “Guerra” dos Emboabas (de 1707 a 1709):
Maranhão e Grão-Pará: revolta que conflito civil travado entre paulistas e
decorreu das relações conflituosas entre grupos de forasteiros pelo controle da
colonos, jesuítas e o governo português em exploração de ouro na região das Minas
torno do problema do emprego do indígena Gerais.
como mão-de-obra escrava.

“Guerra” dos Mascates (ou “Fronda” dos


Mazombos, conforme designação do
ALGUNS DOS CONFLITOS E historiador pernambucano Evaldo Cabral
REVOLTAS QUE MARCARAM O – 1710/1711): conflito ocorrido em
MUNDO COLONIAL BRASILEIRO Pernambuco entre senhores de engenho de
NA SEGUNDA METADE DO Olinda e mercadores de Recife.
SÉCULO XVII E PRIMEIRAS
DÉCADAS DO SÉCULO XVIII Revoltas antifiscais: na maioria dos casos,
motins, sedições motivadas por oscilações
Revolta da Cachaça (Rio de circunstanciais de preços, de abastecimento
Janeiro, ocorrida entre ou por pressões fiscais advindas de
10/1660 e 04/1661. Portugal.

Revolta do Maneta (Salvador), Revolta de Felipe dos Santos


ocorrida em 10/1711. (Vila Rica), ocorrida em 1720.
Furores Sertanejos de Minas Gerais: mobilização
Revolta do Pitangui (Minas), ocorrida em vilas e fazendas das margens do rios
ocorrida em 1718. S. Francisco, das Velhas e no sul da Bahia, em
1736.
POLÍTICA, ECONOMIA,
SOCIEDADE E DIREITO NO
IMPÉRIO PORTUGUÊS DOS
OITOCENTOS

ABSOLUTISMO, “ILUSTRAÇÃO” E REFORMAS


O século XVIII, no Império Português, foi
marcado por três reinados que o marcaram de
maneira significativa:
 o de D. João V – de 1707 a 1750.

 o de D. José I – de 1750 a 1777.

 o de Dª Maria I – de 1777 a 1816.

 Ao longo destes três reinados, foram


implementadas várias reformas de natureza
administrativa, fiscal e judicial e que se
constituíram em tentativas de adaptação do
Império Português aos novos tempos do século
XVIII, o século do Iluminismo.
O REINADO DE D. JOÃO V (DE
1707 A 1750)
 D. João V subiu ao trono português no momento em que a
descoberta das minas de ouro e de diamantes caminhava para o
seu apogeu.
 A riqueza proveniente do ouro e dos diamantes brasileiros,
durante seu reinado, proporcionou importantes mudanças em
todos os aspectos da vida do reino português (político,
econômico, administrativo, cultural).
 Dando continuidade ao processo de centralização do poder
político desenvolvido no reinado de seu pai, esvaziou o poder
dos conselhos de nobres que haviam sido fortalecidos depois
da Restauração em 1640, implementou novos impostos e
reformou a administração política do governo, que ficou
reduzido, a partir de 1736, a três secretários:
 Secretário de Estado do Reino (que dirigia o gabinete, atuando
como primeiro ministro).
 Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra.
 Secretário de Estado da Marinha e do Ultramar.
 D. João V estimulou várias reformas no campo cultural, já
que era um admirador da Ilustração. Em tais reformas
contou com o apoio de portugueses que haviam estudado
ou vivido fora de Portugal (os estrangeirados).
 Por outro lado, mostrou-se bastante pródigo em relação à
Igreja Católica o que provocou um forte endividamento no
final de seu reinado.
 Com relação ao Império Colonial, Portugal sofreu reveses
definitivos na Ásia e teve sua posição muito reduzida na
África, ao mesmo tempo em que definiu seu eixo de
dominação imperial no Atlântico Sul.
 No que se refere ao Brasil, verificou-se, durante o reinado
de D. João V, um reforço e uma reestruturação do controle
com medidas que intensificavam o monopólio comercial e
com uma vasta legislação fiscal sobre as regiões
mineradoras.
 Em 1702, foi criado o Regimento dos Superintendentes,
Guardas-Mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro,
substituindo todas as cartas-régias anteriores, mantendo-se,
porém, os princípios gerais do livre comércio e o do quinto do
ouro extraído para o Tesouro Real.
 Como inovação trazida pelo Regimento de 1702, tem-se a
implantação da Intendência das Minas em todas as capitanias
onde houvesse a extração do ouro – tal instituição era dotada
de múltiplas funções, dentre elas, a manutenção da ordem fiscal
e a repressão ao contrabando e encontrava-se subordinada
diretamente à Metrópole.
 Abaixo das Intendências encontravam-se as Casas de Fundição
onde se deveria recolher, fundir e “quintar” todo o ouro
extraído.
 No que se referia ao Distrito Diamantino (os diamantes foram
encontrados em Minas em 1729), sua administração seria
realizada por um Regimento que procuraria isolar o distrito do
resto da colônia, permitindo-se a entrada e a saída de pessoas
somente com autorização escrita do intendente.
O SÉCULO XVIII E A MUDANÇA DO
EIXO DA DOMINAÇÃO IMPERIAL
PORTUGUESA

A PRIMEIRA METADE DOS


OITOCENTOS
A mudança do eixo do poder imperial
português em direção ao Atlântico Sul em
virtude da deterioração de suas posições
coloniais na Ásia e na África, representou
também uma mudança no eixo do poder
político e econômico na América Lusitana.
Este “deslocamento” que já começava a se
prenunciar nas últimas décadas do século
XVII, tornou-se efetivo ao longo do século
XVIII e marcou a ascensão do Rio de Janeiro
à condição de centro político-administrativo
da América Portuguesa.
A situação estratégica do Rio de Janeiro no contexto do Império Português, ao longo
do século XVIII, continuou dependeu fundamentalmente da própria dinâmica
colonial e dos conflitos entre as potências européias;

Ao longo do século XVIII, o centro de gravidade


O Rio de Janeiro na político e econômico da América Lusitana foi se
primeira metade do deslocando do Nordeste para o Sudeste – e o Rio
século XVIII (I) de Janeiro, por decisão real, tornou-se a principal
cidade dos domínios portugueses na América do
Sul;

A elevação do status político e estratégico do Rio de Janeiro no âmbito da América


portuguesa se deveu em grande parte:
-à sua função militar, pois a partir do Rio de Janeiro os portugueses se voltaram para a
colonização do sul e para o encetamento das hostilidades contra os espanhóis da região do Rio
da Prata;
-à descoberta do ouro em Minas Gerais.
 Nos primeiros tempos imediatamente posteriores à
descoberta do ouro na região das minas, que somente
seria separada da capitania de S.Paulo em 1720, o Rio
de Janeiro que, geograficamente, encontrava-se
deslocado da área de produção deste metal precioso,
sofreu os inconvenientes desta descoberta.
 A cidade sofreu com a atração exercida pela exploração
do ouro sobre a mão-de-obra, uma vez que uma parcela
considerável daqueles que trabalhavam nas lavouras
nas regiões do entorno do recôncavo da Guanabara,
abandonou suas atividades, para tentar a sorte na lavra
do ouro.
 Por outro lado, o boom da exploração aurífera
provocou uma elevação significativa dos preços dos
gêneros alimentícios e dos escravos, o que onerou
bastante o custo de vida para os habitantes da cidade.
 Nos primeiros anos da exploração aurífera, o Rio de Janeiro
ficou afastado dos dois caminhos que levavam à região das
minas:
Entre as costas e a região do ouro, o caminho mais curto era o
Caminho Velho, que podia ser alcançado a partir do pequeno
porto de Parati;
O outro caminho, mais longo, era o que ligava Minas a Salvador
através do vale do rio S. Francisco – era um caminho mais
longo, porém a viagem era bem mais confortável, além do que,
o porto de Salvador encontrava-se mais perto da Europa do que
o Rio de Janeiro;
Os rebanhos de bois e os comboios de mulas que circulavam
entre Minas e as cidades portuárias se valiam destes dois
caminhos – a partir de 1705, a Coroa portuguesa mandou abrir
o Caminho Novo, e preocupada com o contrabando,
desenvolveu esforços em concentrar no Rio de Janeiro o
escoamento do ouro, fechando os outros caminhos.
O Caminho Novo “ampliou” o interior do Rio de Janeiro, que até a descoberta deste,
limitava-se grandemente ao recôncavo (ao entorno da baía), acrescentando a seu
perfil marítimo/atlântico uma função continental, o que deu ao Rio de Janeiro uma
condição de vantagem definitiva sobre S.Paulo e Salvador nas relações com a região
das minas.

Assim, a descoberta do ouro em Minas criou


novas circunstâncias para a cidade – nesta etapa
O Rio de Janeiro na o Rio se tornou a porta de entrada para os sertões
primeira metade do das minas, tornando-se seu porto freqüentado
século XVIII (II) progressiva e intensamente por frotas de
embarcações destinadas ao abastecimento dos
mercados gerados pela nova área econômica.

Além do comércio gerado e estimulado pelas necessidades de abastecimento da região


das minas, uma outra atividade econômica marcou o incremento econômico do Rio de
Janeiro: o contrabando.
 Em virtude da novas circunstâncias que foram criadas para a cidade
do Rio de Janeiro, tornou-se também uma presa atraente para as
potências adversárias de Portugal.
 O século XVIII iniciou-se para a Europa e para o continente americano
sob a égide do confronto entre França e Inglaterra, confronto este, que
apreendido no longo prazo, estendeu-se até o fim das Guerras
Napoleônicas na primeira década do século XIX.
 Logo no início do século XVIII, o Rio de Janeiro experimentou a
repercussão deste conflito maior a que nos referimos acima, uma vez
que a Guerra de Sucessão Espanhola (1701/1713), opôs Portugal à
França, já que, em 1703, D.Pedro II, rei de Portugal, aliou-se à
Inglaterra, através de um tratado político e de um tratado comercial (o
tratado de Methuen) pelo qual os tecidos ingleses seriam isentos de
imposto para entrarem em Portugal, enquanto que os vinhos
portugueses teriam preferência em sua entrada no mercado inglês.
 Por força do apoio da monarquia portuguesa às pretensões dos
Habsburgos ao trono espanhol contra o neto de Luis XIV, as
possessões portuguesas se tornaram alvos interessantes de ataque
por parte dos corsários franceses.
 Em setembro de 1710, ocorreu o primeiro ataque por parte do corsário
francês Duclerc, que à frente de seis navios, desembarcou na enseada
de Guaratiba (11/09) à frente de 1.500 homens, intentando ocupar a
cidade, visando saqueá-la – em 18/09 se apossaram da fazenda dos
jesuítas em Santa Cruz e, no dia seguinte, alcançaram a rua da Vala,
que marcava o limite entre a cidade e o sertão;
 Depois de encarniçados combates e de inúmeras vítimas, os franceses
são cercados e se rendem – Duclerc e o que sobrou de seus são
presos e em março de 1711, Duclerc foi assassinado em seu cativeiro;
 O ataque de Duclerc não serviu de lição aos habitantes, sobretudo, às
autoridades da cidade no sentido de promover o reforço de suas
defesas – em 1711, outro corsário francês, o capitão René Duguay-
Troin, de Saint-Malo, comandando uma frota de dezoito navios, atacou
o Rio de Janeiro em setembro de 1711, de onde partiu, após alguns
dias com um butim de 610.000 cruzados, 100 caixas de açúcar e
duzentas cabeças de gado;
 Apesar dos dois ataques e das ameaças que se sucederam ao longo
do século XVIII, o projeto de construção de uma muralha entre os
quatro morros da cidade (chegou a ser iniciada a construção), jamais
foi concluída e acabou por desaparecer da paisagem do Rio na
segunda metade do século XVIII.
O REINADO DE D. JOSÉ I (DE
1750 A 1777) E AS REFORMAS
DO MARQUÊS DE POMBAL
 O reinado de D. José I se confunde com a atuação de seu
ministro, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de
Pombal.
 Durante o reinado de D. José I, a Coroa Portuguesa buscou
a realização de algumas reformas econômicas,
administrativas e jurídicas que permitissem a adaptação do
império colonial à nova realidade que se impunha, na
segunda metade do século XVIII, às monarquias européias
nos campos político, econômico e social.
 Tais reformas implementadas pelo Marquês de Pombal,
foram estimulados os monopólios comerciais e as
manufaturas dentro da lógica das práticas mercantilistas e
do “exclusivo colonial”, procedeu-se a expulsão dos
jesuítas e o confisco dos bens da ordem religiosa,
proibição da escravidão dos indígenas e uma reforma
educacional que se mostrou de pouca efetividade.
 A administração do Marquês de Pombal buscou tornar a administração
portuguesa mais eficiente e procurou introduzir modificações no
relacionamento entre a Metrópole e a Colônia.
 As reformas promovidas ao longo do reinado de D.José I combinavam um
“absolutismo ilustrado” com a aplicação conseqüente de doutrinas
mercantilistas – foram criadas companhias de comércio privilegiadas
visando o desenvolvimento do Norte (a Companhia Geral do Comércio do
Grão-Pará e Maranhão – 1755 - e Companhia Geral de Pernambuco e
Paraíba – 1759).
 Buscou-se também coibir o contrabando do ouro e diamantes e melhorar a
arrecadação tributária – ao mesmo tempo, a administração pombalina
procurou tornar a Metrópole menos dependente das importações de
produtos industrializados, incentivando a instalação de manufaturas em
Portugal e no Brasil.
 O programa econômico de Pombal foi parcialmente frustrado pela
depressão de alguns dos principais produtos coloniais - a crise do açúcar
do início da segunda metade do século XVIII e a queda da produção de
ouro a partir de 1760, juntamente com o crescimento das despesas do
governo (reconstrução de Lisboa destruída por um terremoto e as guerras
contra a Espanha pelo controle da região que se estende de S.Paulo ao Rio
da Prata).
 Do ponto de vista da organização judicial na Colônia, foi criado por
decisão régia de 16 de fevereiro de 1751, o Tribunal da Relação do
Rio de Janeiro, formado por dez desembargadores e presidido pelo
Governador da Capitania do Rio de Janeiro.
 Em virtude das dificuldades das províncias mais distantes do Norte
em fazerem chegar seus recursos à Relação da Bahia, foi criada, em
1758, a Junta de Justiça do Pará, órgão recursal colegiado (presidido
pelo governador da província e formada pelo ouvidor, intendente e
três vereadores), inferior às Relações e que adotava forma
processual sumária – a partir de 1765, foram criadas Juntas de
Justiça para os lugares mais distantes da colônia, onde houvesse
ouvidores (tais juntas seriam compostas por um ouvidor que seria
presidente e relator e dois “letrados” adjuntos).
 Do ponto de vista da legislação, a promulgação da “lei da boa razão”
em 1769, visando à submissão de todas as leis e costumes vigentes
em Portugal e nas colônias ao crivo da “boa razão” (interpretação
dos juristas leais ao regime), a reforma dos Estatutos da
Universidade de Coimbra em 1772 e a constituição de uma Junta do
Novo Código, prenunciavam, para Portugal, o fim da tradição jurídica
do Antigo Regime e o advento da “era das codificações” sob a égide
da nacionalização e da “razão natural” moderna.
O REINADO DE Dª MARIA I (DE 1777 A
1816) E A REGÊNCIA DE D. JOÃO

A TRANSMIGRAÇÃO DA FAMÍLIA REAL


PARA O BRASIL E O IMPÉRIO LUSO-
BRASILEIRO (DE 1808 A 1821)
A subida ao trono português de Dª Maria I, ficou
conhecida como a VIRADEIRA, o que teria
representado uma reversão das diretrizes
administrativas e judiciais implantadas no
reinado de seu pai, D. José I, sob a direção do
Marquês de Pombal.
 A partir de estudos mais recentes, tem-se
verificado que a administração de Dª Maria I
representou na verdade uma continuidade
fundamental em relação à maioria dos princípios
e orientações firmadas no reinado de D. José I,
ainda que algumas medidas tomadas tenham se
mostrado contrárias àquelas tomadas durante a
administração pombalina.
 Com a morte de D. José I e a demissão de Pombal, a
rainha de D. Maria I, reafirmou, por meio de uma
ordenação de 05/01/1785, a proibição da instalação de
manufaturas no Brasil – tal proibição atendeu as
demandas de comerciantes portugueses e do Conselho
Ultramarino, permitindo-se na área têxtil tão somente a
produção de panos grosseiros de algodão para vestimenta
dos escravos e para o ensacamento das colheitas.

 A proibição da instalação de manufaturas na América


portuguesa a partir da ordenação de 1785, coincidiu com
uma situação econômica internacional favorável à
reativação das atividades agrícolas, sobretudo da
produção do açúcar (por força da revolta escrava em
S.Domingos) e do algodão (pela desorganização da
produção das colônias inglesas da América do Norte
motivada pela guerra de independência).
 No reinado de Dª Maria I ocorreu o movimento que ficou
conhecido como Inconfidência Mineira e que está inserido
na ambiência característica da CRISE DO SISTEMA
COLONIAL DA ERA MODERNA.
 Um conjunto de eventos e de processos sociais, políticos e
econômicos desenvolvidos na segunda metade do século
XVIII e nas primeiras décadas do século XIX acabaram por
produzir uma nova “ambiência” que geraria uma “vasta
onda revolucionária” e que atingiria as colônias ibéricas da
América.
 No Brasil, de um modo geral, a historiografia toma a
Inconfidência Mineira como o caso clássico de “tomada de
consciência revolucionária” na contestação à dominação
portuguesa – deve-se levar em consideração, todavia, que
tal consciência revolucionária encontra seus limites nas
condições objetivas que marcavam o “viver em colônias”
no final do século XVIII e início do século XIX.
 A repressão à Inconfidência Mineira, por parte das
autoridades portuguesas, se fez nos quadros legais e mentais
fixados no livro V das Ordenações Filipinas que previa uma
série de penas: perda e confisco dos bens e multas, prisão
simples e prisão com trabalhos forçados, galés temporárias
ou perpétuas, desterro (condenação de deixar o local do
crime) e o degredo (condenação de residência obrigatória em
certo lugar), banimento ou exílio (degredo perpétuo), os
açoites, a decepação do membro e as várias formas de pena
de morte – morte simples (sem tortura), morte natural (forca),
morte para sempre (com exposição do cadáver na forca),
morte atroz (com cadáver esquartejado) e morte cruel (com
tortura prévia).
 Aqueles que gozassem de determinados privilégios
(privilégios de fidalguia, de cavalaria, de doutorado em
cânones ou leis, ou medicina, os juízes e vereadores) não
poderiam ser submetidos a penas infamantes.
A morte por enforcamento era destinada
normalmente às pessoas dos estratos sociais
inferiores, já que este tipo de morte era considerada
infame.
 Havia as penas de morte que envolviam o
esquartejamento (antes ou depois da execução) e
outros suplícios (açoites, tenazes ardentes) que
podiam ser facilmente combinados conforme o
juízo feito sobre a condição do criminoso, a
natureza de seu crime e a condição da vítima.
 Assim, podia-se ter a morte cruel (com suplícios) e
a morte atroz (seguida de confisco dos bens,
proscrição da memória, queima do cadáver etc).
 Dentre os casos que o Livro V das Ordenações Filipinas
fixava como crimes e determinava que o processo devia ser
recebido, podemos citar: os que praticassem crime de Lesa
Majestade, os que assaltassem em estradas, os que
cometessem incesto, os que fossem sodomitas (ou
sodomitigos), alcoviteiros, falsários, os que ferissem pai e
mãe, os que fossem bígamos, os que vivessem em barregice
(viver maritalmente sem ser casado) e fossem casados, os
que fossem rufiões, os que sendo degredados não
cumprissem o degredo, quem tivesse praticado cárcere
privado, quem tivesse moeda falsa ou tivesse cerceado a
circulação de moeda verdadeira, quem levasse coisas
defesas (objetos que, por lei, estavam defendidos,
protegidos) para as terras dos Infiéis, quem resistisse ou
desobedecesse à Justiça, quem fosse sorteiro, feiticeiro e
advinhador, quem praticasse o aborto (o aborto era um crime
contra a vida e aquela que o praticasse poderia ser açoitada e
considerada em pecado mortal) ...
 A famosa execução de Tiradentes (Joaquim José da Silva
Xavier), único acusado de participação na Inconfidência
Mineira do final do século XVIII a ser condenado à pena de
morte, sem o indulto da Coroa Portuguesa, se deu sob a
égide das Ordenações Filipinas. Estabelecendo-se uma
comparação entre a legislação penal à época do período
colonial brasileiro e o ordenamento constitucional e penal
vigente no Brasil contemporâneo, seria possível a aplicação
deste tipo de pena? O artigo 5º da CF, em seu inciso XLVII
prevê a impossibilidade da aplicação da pena de morte (a não
ser nas condições previstas pelo artigo 84, inciso XIX) e
também de penas cruéis. Além disso, o inciso XLIX, do
mesmo artigo 5º, garante a integridade física e moral dos
presos. Por fim, pela afirmação do PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA presente no inciso III, do
artigo 1º da CF, torna-se impossível a aplicação do tipo de
pena imposta a Tiradentes no final do século XVIII.
A TRANSMIGRAÇÃO DA CORTE
PORTUGUESA PARA O BRASIL

 Pela manhã de 07 de março de 1808, a população da


cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro foi alertada
da entrada de navios da esquadra real portuguesa
pelas fortalezas que defendiam a Baía de Guanabara.
Estes navios traziam a rainha Da Maria I e o príncipe
regente D. João. Uma tempestade ocorrida durante a
viagem de Lisboa para o Brasil dividiu a frota em dois
grupos: uma parte da frota veio para o Rio de Janeiro,
tendo adentrado a Baía de Guanabara em 17 de
Janeiro de 1808, enquanto a outra parte da esquadra
que conduzia a rainha e o príncipe regente aportou em
Salvador em 21 de Janeiro, onde ficou por mais de um
mês.
 A transferência da Corte portuguesa para sua colônia sul-
americana não significou simplesmente a vinda da família
real para o Brasil. Esta transferência, na verdade,
representou:
 A instalação do governo do Império Português no Brasil
(mais precisamente, no Rio de Janeiro).
 O fim do período colonial brasileiro.
 Concebida desde o século XVII, como solução emergencial
para períodos de crise, a transferência da Corte para o
Brasil começou a ganhar contornos mais definidos nos
primeiros anos do século XIX, quando as conquistas
napoleônicas no continente europeu e o confronto do
imperador francês com a Inglaterra tornaram insustentável
a permanência da Casa de Bragança (a qual pertenciam Da
Maria I e o regente, seu filho, D. João) no comando do
Império Português a partir de Lisboa.
 Com a instalação da Corte no Rio de Janeiro,
o príncipe regente D. João tratou de, através
de uma série de atos administrativos, adequar
a cidade à condição de sede da monarquia,
promovendo a construção dos “pilares
institucionais” do governo;
 Além disso, a própria cidade do Rio de Janeiro
se transformou em um espaço de um
“processo civilizatório” e de difusão dos
“modos civilizados” da Europa ilustrada para
todo o território da antiga colônia.
A ABERTURA DOS PORTOS
BRASILEIROS E OS TRATADOS DE
1810
 Na carta régia de 28 de janeiro de 1808, o príncipe
regente ordenava, EM CARÁTER PROVISÓRIO, que
fossem admissíveis nas alfândegas do Brasil todos
e quaisquer gêneros, fazendas ou mercadorias,
transportadas ou em navios da real coroa ou em
navios dos vassalos, pagando um imposto de
importação de 24%.
 Determinava também que, não somente os vassalos
portugueses, mas também os estrangeiros
pudessem exportar para quaisquer portos em
benefício do comércio e da agricultura, excetuando-
se o pau-brasil e outros produtos “estancados” (ou
seja, sob monopólio do Estado).
 A abertura dos portos deve ser entendida como
uma etapa fundamental do processo pelo qual o
Brasil passou do antigo monopólio português para
uma nova modalidade de inserção na economia
mundial.
 Ainda que Inglaterra tivesse sido a grande
beneficiária da medida que determinou a
abertura dos portos brasileiros, a reivindicação
britânica, desde 1807, era de que um porto fosse
aberto exclusivamente para o comércio inglês (o
porto de Santa Catarina) – isto significa dizer que
no início do século XIX a Inglaterra ainda não era
a grande defensora de um “irrestrito livre
comércio internacional”.
 Esta medida favoreceu também os proprietários rurais
produtores de bens destinados à exportação (algodão, açúcar)
que se livraram do monopólio comercial da Metrópole
portuguesa.
 A abertura dos portos contrariou, todavia, os interesses de
grandes comerciantes provocando protestos no Rio de Janeiro e
em Lisboa, o que levou o príncipe regente a fazer algumas
concessões dentre as quais podemos destacar:
 Por meio de um decreto de junho de 1808, o comércio livre ficou
limitado aos portos de Belém, S. Luís, Recife, Salvador e Rio de
Janeiro.
 O comércio de cabotagem na costa brasileira ficou reservado a
navios portugueses.
 O imposto sobre produtos de importação que havia sido fixado
em 24% “ad valorem”, foi reduzido para 16% quando se tratasse
de importação feita em embarcações portuguesas.
 Outra medida significativa que contribuiu para o fim do
“estatuto colonial” do Brasil foi a determinação da abertura de
fábricas e manufaturas no Brasil pelo alvará de 1º de maio de
1808.
OS TRATADOS DE 1810:
 Os tratados de 1810 representaram o ápice da
preeminência britânica sobre o Império Português;
 Diante das medidas tomadas pelo príncipe regente
D. João no sentido de atenuar as vantagens e as
ambições britânicas resultantes da abertura dos
portos, intensas negociações se desenvolveram entre
Londres e Rio de Janeiro visando a garantia do
predomínio dos interesses britânicos sobre o
mercado luso-brasileiro;
 Depois de quase dois anos de negociações, os
tratados foram assinados em 19 de fevereiro de 1810.
Estes tratados foram o de ALIANÇA E AMIZADE (11
artigos públicos e dois decretos), o de COMÉRCIO E
NAVEGAÇÃO (32 artigos) e uma CONVENÇÃO (13
artigos);
ALGUMAS DISPOSIÇÕES DO TRATADO DE
ALIANÇA E AMIZADE:
 O tratado dispunha sobre questões de natureza política,
estabelecendo-se a garantia da união perpétua entre os dois países e
a obrigação de preservação da paz;
 A Inglaterra comprometia-se a reconhecer como soberano de
Portugal o legítimo herdeiro da casa de Bragança;
 Pelo artigo 6º, os ingleses foram autorizados a cortar e comprar
madeiras nos bosques e florestas brasileiros para a construção de
navios de guerra, excetuando-se as florestas reais, cuja madeira
destinava-se à marinha portuguesa – ao mesmo tempo, o príncipe
regente se comprometia a não estender este privilégio a outras
nações;
 Pelos artigos 7º e 8º, as esquadras enviadas em socorro por qualquer
dos reinos receberiam provisões da parte socorrida e os navios de
guerra poderiam entrar livremente nos portos das nações aliadas;
 Pelo artigo 9º, o príncipe regente se comprometia a não permitir o
estabelecimento da Inquisição nos Estados da América Meridional;
 Pelo artigo 10º, consentia-se na abolição gradual da escravidão, ao
mesmo tempo em que eram delimitadas as possessões portuguesas
que poderiam permanecer com o tráfico negreiro;
ALGUMAS DISPOSIÇÕES DO TRATADO DE
COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO:
 Os primeiros nove artigos definiam reciprocidade de direitos
de ambas as partes sob a égide do sistema de livre-comércio e
navegação.
 Pelo artigo 2º, os súditos de ambos os países poderiam
negociar, viajar, residir ou se estabelecer nos portos, nas
vilas, nas cidades dos respectivos Estados, exceto naqueles em
que fossem proibidos estrangeiros.
 Pelos artigos 3º, 4º, 5º e 7º, determinavam que haveria
reciprocidade no tratamento dos súditos, produtos e navios
das duas nações, no que se referia a impostos, tributos,
direitos alfandegários e despesas nos portos.
 Pelo artigo 8º, Portugal conservaria os monopólios sobre a
venda de determinados produtos, tais como: marfim, madeira
tintorial, diamantes, ouro em pó, pólvora e tabaco
manufaturado.
 Pelo artigo 10º, permitia-se aos ingleses a implantação de
um tribunal privativo em cada um dos portos brasileiros,
que seriam regidos por magistrados especiais (JUÍZES
CONSERVADORES DA NAÇÃO BRITÂNICA), eleitos pelos
ingleses residentes e confirmados pelo príncipe regente.
Nos domínios ingleses, todavia, os portugueses seriam
tratados como qualquer estrangeiro;
 Pelo artigo 12º, era assegurada aos ingleses residentes
liberdade de consciência e de culto religioso, devendo seus
locais de culto assemelhar-se a domicílios particulares;
 Pelo artigo 19º, estipulavam-se as seguintes taxas de
importação: 15% “ad valorem” para produtos ingleses, 16%
para artigos portugueses e 24% para produtos de outras
nações;
 Pelo artigo 22º, o porto de Santa Catarina tornava-se um
porto franco, o que visava facilitar o comércio britânico
com Buenos Aires;
ALGUNS ASPECTOS DA ORGANIZAÇÃO
JUDICIÁRIA E ADMINISTRATIVA DO IMPÉRIO
PORTUGUÊS DURANTE A PERMANÊNCIA DA
FAMÍLIA REAL NO BRASIL
 Implantação, no Brasil, de todos os órgãos do Estado
Português (secretarias do Reino, da Guerra e Estrangeiros,
da Marinha e Ultramar, do Real Erário).
 No nível dos tribunais superiores, a administração de D.João
criou a MESA DO DESEMBARGO DO PAÇO, DA
CONSCIÊNCIA E ORDENS, pela fusão do DESEMBARGO DO
PAÇO com a MESA DE CONSCIÊNCIA E ORDENS, pelo
alvará de 22/04/1808 .
 Transformação do TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO RIO DE
JANEIRO em CASA DE SUPLICAÇÃO para todo o Reino, pelo
Alvará de 10/05/1808.
 Criação das RELAÇÕES DO MARANHÃO (1812) e de
PERNAMBUCO (1821).
 Foram criados também neste período, órgãos superiores de
jurisdições especializadas:
 Conselho Supremo Militar (Alvará de 1 de abril de 1808);
 Intendência Geral da Polícia: criada pelo alvará de 05 de abril
de 1808, com a finalidade de controlar as obras públicas e
organizar as tropas na Corte.
 - O primeiro intendente geral de polícia nomeado foi o
desembargador Paulo Fernandes Viana que já havia ocupado
vários cargos públicos, inclusive o de OUVIDOR GERAL DO
CRIME.
 - Mesmo com escassos recursos, o intendente organizou a
GUARDA REAL DA POLÍCIA e iniciou o patrulhamento da
cidade.
 - O intendente possuía ilimitada jurisdição para manter a ordem
na cidade (possuía jurisdição sobre juízes criminais), ao mesmo
tempo em que a Intendência assumia várias atribuições que,
ordinariamente, caberiam ao Senado da Câmara, o que gerou
desavenças entre as duas instâncias, uma vez que os camaristas
perderam certas prerrogativas sobre o espaço urbano com a
criação da Intendência.

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