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Engenhos no Brasil Colônia

Introdução
O engenho de açúcar foi a primeira atividade econômica de grande escala realizada pelos
portugueses no Brasil Colônia. Mesmo tendo os primeiros engenhos construídos por volta de 1530
através do transporte de mudas de cana-de-açúcar por Martim Afonso de Souza, o cultivo de açúcar
só foi se tornar o principal ramo da economia colonial no século XVI, permanecendo assim até
meados do século XVIII. Os principais motivos para a preferência dos portugueses ao cultivo de
açúcar foram: o conhecimento prévio da cultura de açúcar em outras colônias e o escasseamento do
Pau-brasil devido à sua exploração desenfreada.
Desenvolvimento
Os engenhos representavam um grande complexo, sendo muitas vezes comparados a pequenas
cidades. Na imagem a seguir, podemos observar os diferentes setores de um engenho:

A produção de açúcar refinado nos engenhos acontecia da seguinte maneira:


Primeiramente, a cana era cultivada nos canaviais (grandes áreas preparadas para a agricultura), e
depois de colhidas eram levadas para as moendas, onde era moída. Esta podia ser movia por uma
roda d’água, como na imagem, ou por tração animal (bovinos e equinos) ou humana (escravos).
Após isso, o caldo era levado às caldeiras, que ferviam o caldo em buracos feitos no chão e em
seguida para a fornalha, formando um melaço de açúcar que era colocado em formas e que, quando
cristalizado, era conhecido como pão de açúcar. Logo após, era refinado na casa de purgar, ficando
ali aproximadamente uma semana até ser ensacado e comercializado.
A maior parte do açúcar era destinada para abastecer o mercado europeu, vendendo apenas à
Portugal (pois este obrigava suas colônias a vender apenas para seu país), geralmente por um preço
abaixo do padrão estrangeiro. Contudo, o açúcar mascavo, que não passava pelo processo de refino,
tinha sua maior parte destinada ao comércio interno.
Também é possível observar na imagem os setores do engenho não necessariamente dedicados à
produção de açúcar. A casa-grande, como era chamada, correspondia a moradia do proprietário do
engenho e de sua família. A senzala abrigava os escravos, que não possuíam nenhum tipo de
conforto. A morada dos trabalhadores livres, como o nome já diz, era a moradia dos trabalhadores
não escravos do engenho, que geralmente eram funcionários especializados como carpinteiros e
pescadores. Além disso, os engenhos geralmente possuíam capelas, locais onde são realizados ritos
religiosos católicos como missas, casamentos e batismos.
A maior parcela da mão de obra dos engenhos era de escravizados (cerca de 80%). A grande
maioria vinha da África, através da comercialização de escravos e transporte por navios negreiros.
No início da colonização, os portugueses almejavam ter os indígenas como maior parte dos
escravos, mas por não conhecer tanto a região e estar em um menor número, percebeu-se que esse
desejo não seria atingido. Com o avanço da colonização, entretanto, era cada vez mais comum ver
índios serem escravizados por europeus.
A condição de vida para os escravizados era, obviamente, péssima; não recebiam remuneração,
eram constantemente açoitados pelos seus senhores e empregados, além de terem uma alimentação
deplorável. Os escravos geralmente eram os responsáveis pelo trabalho pesado: ocupavam tanto a
produção de cana, onde realizavam o plantio, a colheita, o fervimento e o refinamento do açúcar,
quanto ao zelo da casa-grande, onde preparavam a comida, limpavam a moradia e até criavam os
filhos de seus senhores.
Contudo, como demonstrado anteriormente, nem todos os trabalhadores de engenhos eram
escravos. Geralmente, esses trabalhadores livres tinham funções mais especializadas e prestigiosas
do que os não livres. Os feitores mor, por exemplo, tinham a tarefa de observar e administrar o
engenho. Os mestres de açúcar controlavam o beneficiamento (produção) do açúcar e os feitores
tinham a função de vigiar e açoitar os escravos que não trabalhavam o suficiente ou que planejavam
uma fuga. Também haviam muito mais profissões empregadas nos engenhos, como pescadores,
carpinteiros, sapateiros, ferreiros, alfaiates, pedreiros etc.
Mesmo sendo a principal atividade econômica no Brasil Colônia, a produção de açúcar não foi o
único serviço feito no domínio português. Devido ao interesse de Portugal e dos próprios colonos,
foram surgindo atividades secundárias, que possibilitaram a dinamização da economia e a
ampliação dos territórios coloniais (o que culminou na invalidação do Tratado de Tordesilhas). As
primeiras atividades complementares que surgiram foram o cultivo de mandioca e a pecuária. A
mandioca era a base da alimentação entre os colonos e tinha tamanha importância que a Coroa
Portuguesa chegou a exigir o cultivo dela em partes das terras dos senhores de engenho, que não
aprovaram a decisão pelo açúcar ser mais rentável.
A pecuária era responsável por abastecer as populações coloniais e representava o principal
instrumento de mobilidade da época. Outra atividade importante foi o cultivo de algodão, que era
usado para a confecção das roupas dos escravos e logo se tornou um importante produto no
mercado internacional devido ao advento das manufaturas e da consolidação da indústria têxtil
europeia. A extração das drogas do sertão foi outro ramo relevante da economia na época.
Bandeirantes e padres jesuítas eram os principais extrativistas, que procuravam por ervas
aromáticas, plantas medicinais, cacau, canela, baunilha, cravo, castanhas e guaraná.
Conclusão
A partir do estudo para esse trabalho, foi possível compreender detalhadamente a grande maioria
dos aspectos da economia colonial, que se baseava, principalmente, nos engenhos de açúcar. Aqui
foi exposto o extenso processo da produção do açúcar, qual era a estrutura de um engenho, a mão de
obra usada, que era de maioria escrava, os serviços feitos dentro do engenho e as outras atividades
realizadas no Brasil Colônia, como a pecuária e o cultivo do algodão.

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