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Ciências Econômicas

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL

Aula: Ciclo agroexportador do açúcar; A Geografia econômica


da colonização

Aulas 2 e 3 do Plano de Ensino


Economia Açucareira (+ 1530 – auge 1646-54)

Quando os Cruzados e árabes tornaram o açúcar conhecido na Europa,


essa especiaria passa a ser vendida em farmácias como uso medicinal no
século 15.
Para Portugal o açúcar passa a ser o ponto de interesse para o comércio,
iniciando o cultivo da cana-de-açúcar na ilha de madeira e outras ilhas
portuguesas.

Super interessante 4 jul 2018

Assim, quando os portugueses decidem plantar cana-de-açúcar no “Brasil” conhecem todas as suas técnicas de
produção inclusive sabem que o terreno na nova colônia é propício para o plantio.

Como conhecimento técnico para a produção do açúcar, Portugal só estava preocupado com a N.
Como não havia imigração portuguesa para o trabalho no campo, o que encareceria o custo de produção por ser
um trabalhador assalariado, a coroa viabiliza a utilização da mão de obra escravizada.
Antes de utilizar mão de obra totalmente escravizada, utiliza-se da mão de obra indígena pagando com as mesmas
quinquilharias. Entretanto, em pouco tempo o indígena apresenta desinteresse pelos produtos com os quais eram
pagos o que passa a comprometer a margem de lucro do produtor de açúcar. Além do que, havia forte conflito da
estrutura social indígena com as exigências de uma atividade agrícola organizada.

Portugueses escravizam a população indígena. Entretanto, a


escravização indígena não foi eficiente destacando-se 4 motivos:

Adoeciam não só apenas pelo


Muitos indígenas fugiram para
contato estreito com os
o mato abandonando a
europeus e suas doenças mas
família que gerava grande
também pela mudança de
mortalidade infantil-
seus costumes (como uso de
desagregação familiar
roupas e tornozeleiras)

Em alguns territórios era


A igreja era contrária a necessário aliança com os
escravização indígena pois indígenas para auxiliar na
eles deveriam ser servos dada proteção contra estrangeiros e
a sua natureza inocente na captura pela escravização
de outras tribos
Casa Grande e Senzala-Gilberto Freyre
Em 1570 uma carta Régia determinou que a população indígena só deveria ser escravizada se fosse
aprisionada em “guerra suja”.
A partir de 1549 desembarca no “Brasil” os primeiros escravizados vindos do continente Africano.

A escravização de africanos foi facilitada quando portugueses residentes no “Brasil” foram transferidos para
Angola com o intuito de caçar e vender a população escravizada destas regiões.

Casa Grande e Senzala-Gilberto Freyre

Gilberto Freyre
1900-87
Para o senhor de engenho o escravo negro apresenta
melhor disposição para o trabalho brasileiro além de
serem mais espertos. Gilberto Freyre

A preocupação para o senhor de engenho passa a ser


o custo da população negra escravizada, não tanto
pelo preço pago na África mas em consequência da
Projeto: Em torno de Zumbi. USP 1996.

grande mortalidade a bordo dos navios Negreiros.


Como os poucos que chegavam com vida estavam
doentes, deveriam ser recuperados o que aumentava
seu preço, e só as regiões muito ricas poderiam pagar.
Os “comerciantes” da população escravizada passam a ter rentabilidade expressiva durante todo o período
colonial principalmente porque a duração média do escravizado era de mais ou menos 20 anos e cerca de 20%
sempre estava incapacitado devido aos castigos.
Com esse custo, as fábricas para a produção do açúcar necessitavam de grandes I não sendo possível a
existência de engenhos em todas as propriedades.
O financiamento destas empreitadas era externo (batavos/flamengos). Tais linhas de crédito permitiram trazer
os primeiros equipamentos para a moenda do açúcar: animais de tração e gado, além de plantas alimentícias.
Os holandeses além de financiar o engenho eram os controladores das rotas comerciais na Europa criando
novos mercados para o açúcar.


Assim o conjunto de fatores:

Técnicas de produção
Criação de mercado Êxito da empresa

Financiamento agrícola

N escravizada
Economia Açucareira - produção e distribuição (auge a partir de 1646)

O açúcar mantêm-se em destaque na pauta de exportação até o


século XIX no qual é superado pelo café.
Em 1526 Portugal já recebe açúcar de Pernambuco.

O primeiro engenho se instalou em 1532 em São Vicente. e até o final


do século 16 (1580) há cerca de 120 engenhos fazendo com que a
colônia se torne o principal exportador mundial de açúcar.

Os engenhos representavam grandes plantações, uma vez que a coroa portuguesa evitava o estabelecimento da
população, apenas incentiva a produção para X.

Fica estabelecido o sistema de plantation:


grandes propriedades agrícolas mono culturais que por meio da mão
de obra escravizada, destinava sua produção durante a era colonial a
metrópole.
A organização social produtiva dessa nova economia apresentava os seguintes aspectos:

Alguns colonos que recebiam as sesmarias


não tinham capital suficiente para
implementar engenho, portanto só
plantavam e vendiam a produção aos
engenhos

Imagem Internet
Economia Açucareira (+ 1530 – auge 1646-54)

A atividade do açúcar foi a mais complexa e mecanizada conhecida pelos europeus, e toda a necessidade
da produção em larga escala acabou por organizar a divisão do trabalho.

O número de trabalhadores nos


engenhos era de 80 ou 100 e, devido
à grande complexidade da produção
havia necessidade de mão de obra
assalariada.

Engenho de Itamaracá
(Frans Post, 1647).

Todos os fatores de produção também criavam novos meios econômicos, uma vez que os senhores de
engenho preferiam não mobilizar todo o sistema. Portanto, as cidades e vilas se formam próximos ao próprio
sistema econômico.
O rápido desenvolvimento da economia açucareira se deve ao esforço da coroa portuguesa ao criar subsídios
(deduções, isenções, títulos,...) para a construção de novos engenhos - protecionismo do mercantilismo.
No início do século 17, houve a produção de tabaco que teve aceitação na Europa e, além de ser produzido
para X, era utilizado como escambo na África para a compra de escravizados.
No fim do século 16, a produção de açúcar superava em 20 vezes a cota de produção que o governo português
havia estabelecido ao instalar e optar pela economia açucareira.
O P D P
O Produto exportado pela colônia era vendido pela coroa com 285% “preço FOB”.
A renda gerada pela produção açucareira fortemente concentrada nas mãos dos
senhores de engenho, era invertida em :
• M de N
• M de equipamentos
• M da maior parte de bens de consumo (vinho, alimentos, vestuário)
Funcionário a passeio com sua família
Esse consumo de luxo se deve à necessidade da nobreza portuguesa (que (Jean-Baptiste Debret, 1831)

Assim, a Y permanecia fora


administrava as capitanias hereditárias), manter seu vínculo cultural com a Europa.
da colônia – Pacto Colonial.
O processo de expansão da cana-de-açúcar se dava por aumento na produção e não na produtividade. Assim,
mais terras eram destinadas à produção de cana o que significa maior interiorização das terras.

Entretanto, a expansão da produção ocorria sem a formação formal de um fluxo monetário.

Em uma economia industrial o I faz crescer a Y da


coletividade em quantidade idêntica a ela mesma. Isso não
é válido para uma economia escravocrata.

A apropriação pelo excedente de produção do escravizado


representa lucro para o senhor do engenho.
O custo de manutenção dos escravizados era zero para os senhores de engenho. No máximo eram gastos em
vestimentas principalmente para os escravizados da casa grande.
A alimentação dos escravizados provinha diretamente de suas mãos pois uma parte da terra era destinada à
produção de seus alimentos.

Assim segundo Furtado:

Trabalho escravizado Trabalho escravizado N escravizada líquida


para a produção para própria manutenção

No fim do século 16 e na primeira metade do século 17, há elevação do P do açúcar o que ampliou
significativamente a capacidade produtiva.
Ao mesmo tempo em que há elevação dos preços, auxiliando ao enriquecimento dos engenhos, há uma
fragilização do sistema pois, esta economia cresce conforme o mercado externo absorva quantidades maiores
de açúcar.
A economia açucareira depende assim da procura externa.

Ainda que os engenhos e a população nas cidades conseguissem de certa maneira prover sua subsistência,
havia falta de alimentos, necessitando de medidas obrigando aos proprietários a plantarem mandioca e outros
alimentos para evitar a escassez de alimentos.

Entretanto, a grande margem de lucro do açúcar não levou


ninguém a dar importância aos gêneros alimentícios embora
pagassem mais caro pelos bens que consumiam do exterior.

Assim a população colonial viverá um crônico estado de


subnutrição, exceto a classe alta.

Casa Grande e Senzala-Gilberto Freyre


Crise Açucareira + 1660

O êxito da colonização agrícola portuguesa teve como base a produção de um


artigo cujo mercado se expandiu extraordinariamente, auxiliado também pela vasta
rede bancária dos holandeses.
Além disso, a poderosa frota mercantil auxiliou a ampliar o mercado consumidor.

A chegada na Europa dos militares das colônias espanholas fez com que houvesse
uma revolução nos preços possibilitada pela grande circulação de moedas
incentivando a compra de produtos caros como açúcar.

Problemas políticos acabaram por incentivar a crise no


setor açucareiro principalmente com a invasão dos
holandeses no “Brasil”. Neste sentido, pode ser discutido
que tal reviravolta política se inicia com o
Sebastião I – “O desaparecimento de D. Sebastião o Desejado na Batalha
Desejado”
1557-78 em Marrocos em uma espécie de nova cruzada.
Holanda cria a companhia das Índias Ocidentais e, em 1630, conquistam Pernambuco durante 24 anos.

Durante sua permanência no “Brasil” os holandeses dominaram metade da produção açucareira “brasileira”, além
de adquirirem aspectos organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos técnicos adquiridos pelos
holandeses, e o significativo financiamento próprio para compra de equipamentos, escravizados e terras; se
constituem a base para implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente.
A partir deste momento se perde o monopólio dos produtos portugueses.

Com a expulsão dos holandeses do nordeste brasileiro em 1654 a


economia nas Antilhas se transforma significativamente.
O P do fumo, principal produto do Caribe, reduziu significativamente o
que facilitou o início de qualquer negócio.
Em pouco tempo se constituem nas Antilhas poderosos grupos
financeiros que controlavam grandes quantidades de terras e em menos
de 10 anos as Antilhas tornam-se uma economia açucareira considerável

Imagem internet
com novos equipamentos que se beneficia de sua ótima posição
geográfica.
Quando Portugal passou pela restauração já estava com sua economia
desestruturada e, por isso, foi necessário se alinhar com a principal potência,
realizando vários acordos comerciais com a Inglaterra.
A partir deste momento se perde o monopólio dos produtos portugueses.
Esses acordos beneficiaram principalmente os ingleses:
• proteção para as colônias portuguesas;
Coroação de D. João IV
Veloso Salgado (1908) • liberdade de comércio com as colônias;
• controle de tarifas que Inglaterra deveria pagar pela M de produtos
portugueses.

Entretanto Portugal ainda tinha problemas na sua “balança de pagamentos” e por isso manteve por cerca de 2
decênios uma estrutura econômica fechada reduzindo suas M.

O golpe final para a economia da Coroa Portuguesa ocorreu a partir da superprodução do açúcar; resultado
principalmente da produção holandesa nas Antilhas.

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