Você está na página 1de 36

FEB - Chegada dos portugueses à Colônia até o início dos anos 1960, quando a

economia brasileira deixou de estar sustentada nas atividades primárias, tornando-se uma
economia industrial.

AULA 1: Formação Econômica do Brasil Colonial


• Países menos desenvolvidos: Dependentes das atividades primárias (recursos
naturais). Ex: Agricultura.
• Países mais desenvolvidos: se sustentam mais nas atividades secundárias (indústria) e
terciárias (serviços).
Empresa (Colonial) Agrícola: Modelo econômico de colonização adotado por países
europeus nos séculos XV e XVI.
- Colônia era produtora de especiarias (açúcar, cacau, canela - que não podiam ser
obtidas na Europa) e toda a produção se destinava à metrópole, que a comprava a baixos
preços e a revendia na Europa, acumulando os lucros desta transação.
Idade média - Período Feudal (396-1453):
• Poder descentralizado, economia agropastoril e trabalho de servos.
• Isolamento econômico.
• Organização social: Clero, nobreza e servos.
Expansão comercial européia: No m da Idade Média o mar Mediterrâneo tornou-se a
mais importante rota de comércio.
• Os turcos tomaram Constantinopla (atualmente Istambul, Turquia) e passaram a
controlar o comércio e a rota (impedindo o acesso de portugueses), desestruturando o
comércio de longa distância.
• Os Portugueses aprimoraram a tecnologia de construção de navios e exploraram a rota
do oceano Atlântico para alcançar os fornecedores de especiarias nas Índias.
Grandes Navegações - Início da Era Moderna (1453-1789):
Expansão marítima que ampliou as rotas comerciais, unindo a Europa à África e Ásia.
• Consequências das grandes navegações:
- Conquista do Oceano Atlântico (expansão comercial e colonial europeia).
- Descoberta e ocupação do continente americano ("Novo Mundo")
- Descobrimento do Brasil
- Mediterrâneo perdeu a centralidade no comércio mundial
Portugal era uma Monarquia Absolutista:
- Concentração do poder nas mãos do Rei (Poder local fraco), grande importância da
Igreja, crescimento do nacionalismo e a uni cação territorial.
- Estrutura política que favorecia aos interesses da burguesia (mercantilismo) que
ascendia no cenário econômico.
- As grandes navegações foram nanciadas pelo governo absolutista (Visando o
mercantilismo)
• Burguesia: Aliada aos reis, ajudou a diminuir a in uência do clero e da nobreza na
sociedade.
• Mercantilismo: Modelo de comércio exterior protecionista -> Conquista de outros
territórios para acumular capital (ouro, prata, outros metais e pedras preciosas),
protecionismo alfandegário (reis absolutistas criavam barreiras alfandegárias,
aumentando os impostos de importação.) e manter sua balança comercial favorável
(forçando o monopólio e mantendo taxas elevadas de comércio para suas colônias).
Ocupação do Brasil no período colonial (1500-1822):
Pacto Colonial: Conjunto de relações econômicas e políticas que subordinavam a colônia
(territórios conquistados) à metrópole. -> Exclusividade comercial imposta pela metrópole.
• Objetivo da colonização brasileira:
- Produzir especiarias e produtos tropicais para comercialização na Europa (Empresa
Colonial Agrícola / Mercantilismo)
fi
fi
fi
fl
- Introdução do cultivo de cana-de-açúcar (não tinham encontrado metais). A garantia do
lucro se deu pelo monopólio comercial da metrópole sob o cultivo.
Características da Colonização Portuguesa no Brasil:
Lucratividade da empresa colonial agrícola: Desenvolvimento de uma atividade
agrícola que seria explorada para proporcionar o máximo de lucratividade possível aos
portugueses (custos baixos)
• Cultivavam apenas produtos tropicais de modo a não competir com as produtos de
clima temperado existentes na Europa. Os produtos seriam tropicais porque a produção
colonial deveria ser complementar, e nunca competitiva, à produção européia.
• Latifúndio: Grandes áreas para uso extensivo da terra. Permitia aumentar a producão
pela simples incorporação de territórios, em vez de tornar mais e ciente o uso dos
recursos. As terras atraíam colonos portugueses com a possibilidade de
enriquecimento.
• Monocultura: Única produção em larga escala. Era mais econômico mobilizar recursos
para o produto a ser exportado do que diversi car a produção considerando o mercado
interno (praticamente nulo, baixa circulação de dinheiro na economia colonial)
• Trabalho escravo: Di culdade de acesso à mão-de-obra barata diante da necessidade
de conter custos de produção levou à Introdução da escravidão na colônia.
- O recurso à escravidão decorria de:
a. Inexistência de excedentes populacionais em Portugal;
b. insu ciência de trabalhadores indígenas;
c. ambiente desfavorável na Colônia, fazendo com que os salários necessários para
atrair trabalhadores europeus fossem elevados demais, o que comprometeria a
lucratividade do empreendimento;
d. uma experiência lucrativa do trá co de escravos oriundos das colônias africanas, o
que levou à utilização dessa espécie de mão de obra como relação básica de
produção na empresa colonial agrícola.
Economia Canavieira (Cana-de-açúcar): - Diminuiu a extração de pau-brasil, cresceu a
cultura de cana-de-açúcar. Especiaria cultivada em clima tropical que contava com grande
mercado consumidor na Europa.
Rota comercial de navegação: As correntes marítimas favoreciam a navegação entre o
Nordeste Brasileiro e a Costa Africana. Essa rota comercial estimulou um novo uxo
comercial da colônia visando o exportação da cana e a importação de escravos da África.
Portugal X Holanda:
• Negociavam o açúcar em conjunto. Os Holandeses nanciavam a atividade
(implantação do engenho e adquirir escravos), recolhiam o produto em Lisboa,
re navam e o distribuíam pela Europa. Os gastos operacionais eram baixos visto que
as fazendas de cana-de-açúcar eram quase auto-su cientes.
• Parceria com a Holanda terminou com a anexação de Portugal pela Espanha. Lutando
contra a Espanha, que não reconhecia sua independência, a Holanda resistiu à perda
do negócio do açúcar e invadiu o Brasil em 1630, estabelecendo-se no Nordeste.
- A expulsão dos holandeses, em 1654, trouxe consequências econômicas graves e
duradouras. Com os conhecimentos adquiridos na cultura da cana, eles se tornaram
uma concorrência, acabando com o monopólio da oferta brasileira (levando ao declínio
do preço da cana pelo aumento da oferta).
- A lucratividade do negócio estava na comercialização, e não na produção da cana. O
comércio (e o transporte) da cana era controlado por comerciantes portugueses,
associados aos holandeses.
A crise canavieira: Como a economia canavieira era a principal fonte de renda de
exportações, a Colônia enfrentou uma crise, enfraquecendo também a economia da
metrópole. A di culdade de superar a crise estava associada à forma de circulação da
renda gerada pela atividade (centrada na esfera comercial e não na produtiva).
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fl
• Para manter a fazenda de cana o custo era baixo, era uma atividade com alta
resistência a crises. Era mantido um regime de subsistência e adquirido apenas
animais e madeira no mercado interno.
• A crise só foi superada com a descoberta de ouro e diamante em Minas Gerais.

AULA 2: Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o


povoamento do interior
Tratado de Tordesilhas: Em 1494, determinou que o recém-descoberto continente
americano fosse dividido entre Portugal e Espanha. As ilhas e terras rmes já descobertas
ou que viessem a descobrir-se no hemisfério oriental (direita) pertenceriam a Portugal; as
do hemisfério ocidental (esquerda) caberiam à Espanha.
• Não respeitamento do tratado:
- As potências européias excluídas daquela divisão nunca deixaram de lutar pela
conquista de territórios.
- As fronteiras entre a América portuguesa e a espanhola foram modi cadas devido ao
movimento de Bandeiras.
Bandeirantismo / Bandeira: Expedição armada que desbravava os sertões a m de
escravizar indígenas ou descobrir ouro, o que intensi cou a ocupação do interior do
continente sul-americano. Foram os principais agentes de ocupação no interior do país.
• Integrantes eram compostos de diversas etnias, podiam ser formadas por milhares de
homens, duravam de meses a anos para explorar uma região, veri cando a existência
de ouro, prata ou pedras preciosas, ou para preparar o ataque às tribos indígenas.
• Principal ponto de partida dessas expedições era a Capitania de São Vicente (SP),
ponto da costa mais avançado na direção do interior.
• Descobriram metais preciosos.
• Conquistaram mais territórios para o país, como a atual Região Centro-Oeste.
• Auxiliaram na expansão da fronteira da América portuguesa em direção à América
espanhola, rompendo o Tratado de Tordesilhas.
Ocupação do Sudeste: Produção da cana-de-açúcar não era favorável. O solo era
menos fértil (produtividade baixa), custos de transporte mais elevados (maior distância até
os mercados europeus).
• Os colonos logo perceberam que a existência de índios em grande número poderia
gerar outra atividade econômica: a escravização do trabalhador indígena.
- Os jesuítas também se xaram no interior, porém estavam mais interessados em
catequizar os índios.
Ocupação do Vale Amazônico:
• Espanhóis temiam uma invasão na região amazônica pelo grande número de rios e
a uentes que facilitavam invadir a região. Além de espanhóis, holandeses e ingleses
conseguiram se estabelecer no norte do continente.
• Desenvolveu-se o comércio com a produção extraída da oresta - como as madeiras e
o urucum utilizado para tingir tecidos - e o pescado.
• Portugal também passou a sofrer tentativas de invasão dos tradicionais inimigos do
império espanhol. Os portugueses conseguiram expulsar franceses, ingleses e
holandeses das margens do rio Amazonas e fundaram, com objetivos de defesa, a
cidade portuária de Belém e construíram o forte do Presépio localizado
estrategicamente para di cultar invasões e proteger a cidade.
- Portugal tentou fazer de Belém do Pará a base para a reconstituição do comércio de
especiarias, perdido pelos portugueses na Ásia (com a tomada de Constantinopla).
• Durante o governo do Marquês de Pombal, foi constituída uma companhia de
navegação para explorar as riquezas da região amazônica. O extrativismo seria, assim,
estimulado, e contribuiu fortemente para o avanço das fronteiras coloniais brasileiras.
As especiarias - cravo, canela, castanha e salsaparrilha - assim como o cacau, a
fl
fi
fi
fi
fl
fi
fi
fi
fi
madeira e a pesca sustentaram uma exploração econômica que tinha como base o
trabalho indígena.
Sul - As missões Jesuíticas: Favoreceram a exploração no interior do país.
• Em regiões de difícil acesso, mas com forte presença indígena, eles estabeleceram as
missões jesuíticas, visando à catequese de guaranis e demais tribos.
• As missões jesuíticas eram núcleos de povoação indígena que visavam a defender os
índios do aprisionamento pelos colonizadores brancos.
• Sua presença era maior em regiões de menor interesse dos colonos, o que, entretanto,
não signi cou a inexistência de con itos entre religiosos e colonos, resultando na
expulsão dos jesuítas pela Coroa portuguesa em 1759, durante o governo do Marquês
de Pombal.
• Diferentemente dos holandeses e ingleses, os portugueses justi cavam a colonização
não somente como instrumento de expansão comercial, mas também de disseminação
da fé cristã.
Sertão da pecuária - Criação de gado: Por ser uma atividade móvel pela própria
natureza, a pecuária contribuiu para a ocupação do território.
• Auxiliou na ocupação do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, por atender às
necessidades das fazendas produtoras de monocultura visando ao mercado externo.
• No consumo interno, a carne era destinada à alimentação, e o couro, à fabricação de
selas, casacos, calçados, correias e cantis.
• No início, era utilizado somente como força motriz dos engenhos, instrumento de tração
de carretas que transportavam lenha e açúcar nas fazendas de cana-de-açúcar.
• Mais tarde, a criação de gado tornou-se independente, ocupando terras cada vez mais
para o interior, pois o desenvolvimento dos rebanhos requeria grandes extensões de
terras para as pastagens.
Mão de obra: Constituída por trabalhadores livres que, sem acesso às terras mais férteis
do litoral, buscavam o trabalho como vaqueiros ou condutores de rebanho.
Criadores de gado X Proprietários de engenho: A expansão da cana-de-açúcar gerou
con itos com criadores de gado na disputa de terras.
• O con ito cresceu quando surgiu a economia mineira, aumentando a demanda por
couro e animais para corte e tração. Com o aumento da procura, os preços dessas
mercadorias logo subiram, provocando protesto dos senhores de engenho do Nordeste.
Atividades econômicas no Brasil no século XVII
Produção canavieira: Voltada para o mercado externo, com objetivo de produzir lucros
mercantis, rebaixar o máximo possível o custo de produção (trabalho escravo).
Pecuária: Voltada para o mercado interno, objetivo de complementar ou ser alternativa à
agroexportação, sendo muitas vezes uma atividade de subsistência, em que não se
justi cava o “investimento”em manutenção de escravos, tendo mão de obra livre.
A Mineração:
• A crise da economia açucareira levou os colonos portugueses a intensi car a busca por
metais preciosos até que as bandeiras os encontraram em Minas Gerais, Bahia, Goiás
e Mato Grosso.
• Iniciaram uxos emigratórios de Portugal para a colônia. As demais atividades
econômicas entraram em declínio, ocorrendo o empobrecimento e o despovoamento
das regiões onde se localizavam.
• Houve surgimento de muitas cidades devido ao dinamismo econômico da mineração.
- Surgimento de cidades para o abastecimento da população do interior, desenvolvendo
melhores condições para as atividades comerciais internas.
- Formação regiões econômicas distintas, em função da necessidade de abastecimento
de sua população com animais e alimentos. Atraiu fornecedores do sertão nordestino e
do sul do país, viabilizando a expansão de atividades.
fl
fi
fl
fi
fl
fl
fi
fi
• A descoberta do ouro permitiu que o Tratado de Methuen, entre Inglaterra e Portugal,
pudesse ser cumprido, visto que o tratado era nanceiramente prejudicial a Portugal.
Porém, graças ao tratado, Portugal conseguiu apoio militar e político da Inglaterra para
manter o que restava do seu império colonial.
- Tratado de Methuen: Estabelecia que Portugal passava a importar os produtos têxteis
ingleses, com taxas privilegiadas, enquanto a Inglaterra se comprometia a importar
vinhos portugueses taxando-os apenas em 2/3 dos tributos de importação. Além da
ampliação descontrolada da cultura de vinhos aos demais cultivos, o Tratado de
Methuen provocou a ruína da indústria têxtil de Portugal.
Regiões Norte e Centro-Oeste: quase 65% do território brasileiro e as menos
povoadas:
• Distantes do litoral, difícil acesso para povoamento. A atividade agroexportadora se
localizava na costa (o sentido da colonização) e o transporte interno era feito por tração
animal.
• Exceções:
- Vale Amazônico: Ocupação ocorreu pela necessidade da construção de forti cações
para proteger a região de invasões estrangeiras.
- Minas Gerais, apesar de situada no interior, foi invadida com a descoberta de ouro.
Mudança da capital colonial de Salvador para o Rio de Janeiro (transferência do
centro econômico da região nordeste para o centro-sul):
• A mineração foi a causa do deslocamento do centro econômico colonial.
• A necessidade da metrópole de controlar a produção e a exportação do metal levou à
mudança da capital colonial para o Rio de Janeiro, cidade mais próxima da região
mineira (situada no interior do país, longe da costa, em regiões de difícil acesso).
• O Brasil começava a ser percebido como uma entidade com unidade política,
favorecendo sua independência de Portugal.
Declínio da mineração: Após atingir o auge na década de 1750, houve um rápido
declínio na produção do ouro, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento da
economia colonial. Tal declínio não foi percebido, já que o ouro brasileiro era de aluvião e
não de mina, o que di cultava a estimativa de suas reservas.
Ocupação no interior do país: Resultado da pecuária extensiva (gado), do
aprisionamento do índio (bandeiras), das missões jesuíticas e da mineração.

AULA 3: A Crise da economia colonial no Brasil (pelo pacto colonial; auxiliou a


independência)
O sentido da crise: O pacto colonial (monopólio comercial e produtivo) era uma barreira
para o capital industrial e para a produção em grande escala.
• Aspecto interno: Com o aumento da produção e o crescimento do mercado interno
(sobretudo após o início do ciclo do ouro), os interesses particulares da colônia foram
aumentando de maneira signi cativa. O pacto colonial passou a ser um empecilho à
expansão dos negócios e, portanto, ao potencial de ganhos dos colonos.
• Aspecto externo: Eram cada vez mais visíveis os efeitos da Revolução Industrial na
Europa. O processo industrial com novas técnicas produtivas que ampliavam seu
crescimento.
- A revolução industrial em conjunto com o Liberalismo (livre iniciativa e concorrência),
Iluminismo (política econômica mais livre) e Revolução Francesa (liberdade e
igualdade), ofereciam uma nova visão de mundo onde ocorria um processo de
acumulação de capital rápido com a produção em larga escala e existia a defesa da
livre iniciativa, livre concorrência, da liberdade, da igualdade e da democracia. Assim, a
necessidade de busca e incorporação de novos mercados pelas unidades industriais
em formação tornou-se um traço típico da dinâmica capitalista.
Mudanças na metrópole e consequências para o Brasil:
fi
fi
fi
fi
• No nal do século XVIII houveram muitas contradições de interesses entre colônia/
metrópole.
- Portugal continuava absolutista. No Brasil, o período foi marcado por di culdades
econômicas graves, resultantes da queda das exportações.
• Dona Maria "A louca" assumiu o trono e rede niu as estruturas do exclusivo comercial.
Essas mudanças re etiam a crescente dependência econômica de Portugal pela
colônia. A exploração da colônia era essencial para o desenvolvimento de Portugal,
portanto era vantajoso, para a metrópole, fazer concessões.
a) Acabar com as companhias de comércio, dando maior liberdade aos comerciantes;
b) Combate ao contrabando;
c) Permissão para o comércio intercolonial com a África e o Oriente;
d) Liberação do comércio e exploração do sal e da pesca da baleia, terminando o
monopólio metropolitano nesse setor;
e) Proibição da manufatura têxtil no Brasil.

Revoltas da população brasileira (exemplos da insatisfação da elite interna com os


limites do exclusivo comercial): Apesar da exibilização, o exclusivo comercial
continuava. A população começou a se revoltar. Porém as revoltas eram sufocadas na
origem, implicando severas punições aos rebeldes.
• Incon dência Mineira: Queriam a liberdade do Brasil e instaurar a República (queriam
continuar com a escravidão). Pretendiam incentivar as manufaturas, proibidas desde
1785, e fundar uma universidade em Vila Rica, atual Ouro Preto.
- Derrama: Momento escolhido para a eclosão da revolta é o da cobrança da derrama,
imposto adotado por Portugal no período de declínio da mineração do ouro. A Coroa
xa um teto mínimo de 100 arrobas para o valor do quinto. Se ele não é atingido, os
mineradores cam em dívida com o sco. Na derrama, a população das minas é
obrigada a entregar seus bens para integralizar o valor da dívida.
- Devassa: Processo para estabelecer a culpa dos conspiradores, que dura três anos. O
movimento é denunciado por devedores de grandes somas ao tesouro real, eles
entregam os parceiros em troca do perdão de suas dívidas.
• Conjuração baiana (Revolta dos Alfaiates): Inspira-se nas ideias da revolução
francesa e da incon dência mineira. Propõe a independência, a igualdade racial, o m
da escravidão e o livre comércio entre os povos.
Con itos de interesse e o processo de independência:
Vinda da corte portuguesa para o Brasil: No início do século XIX, teve um declínio nas
relações diplomáticas entre França e Inglaterra (Portugal era aliada). As tropas francesas
(Napoleão) invadiram Portugal, impondo uma transferência às pressas da corte
portuguesa para o Brasil, sua principal colônia. Esse processo determinou um
aprofundamento ainda maior dos laços políticos e econômicos de Portugal e Inglaterra.
Primeiras medidas tomadas com a chegada da corte ao Brasil:
a) abertura dos portos (1808), já que Portugal estava ocupado e não poderia exercer a
função de entreposto comercial para as mercadorias brasileiras.
b) fomento à agricultura e fundação do Horto Real (Jardim Botânico) no Rio de Janeiro;
c) incentivo ao desenvolvimento das manufaturas, concedendo isenção de impostos a
matérias-primas importadas;
d) permissão de acesso de estrangeiros às sesmarias, com o objetivo de garantir as
fronteiras com a expansão do povoamento;
e) criação do Banco do Brasil, com objetivo primordial de nanciar os gastos da coroa.
Tratados com a Inglaterra: No intuito de garantir vantagens sobre outros países nas
relações econômicas a partir do Brasil, a Inglaterra impôs a assinatura de tratados que lhe
a ançaram uma posição favorável nas relações econômicas, em troca de proteção e
fi
fi
fi
fl
fi
fi
fi
fl
fi
fi
fl
fi
fi
fi
apoio na estratégia expansionista. Para a Inglaterra, essa era uma questão fundamental,
pois o Bloqueio Continental (fechamento dos portos europeus para a Inglaterra) lhe
impunha a necessidade de buscar novos mercados.
• Principais tratados (Os acordos com a Inglaterra garantiram a esta uma relação
comercial claramente privilegiada com o Brasil):
1. Tratado de Aliança e Amizade: Defesa mútua e apoio ao ataque português à Guiana
Francesa. Em contrapartida, acordou-se o comprometimento de Portugal com redução
do trá co de escravos abaixo da linha do equador.
2. Tratado de Comércio e Navegação: Vantagens tarifárias para a Inglaterra, até mesmo
sobre Portugal, no comércio com o Brasil. A tarifa alfandegária aplicada sobre os
produtos Ingleses seria de 15%, contra 16% para os portugueses e 24% para os
demais países. Além disso, os cidadãos de origem inglesa no Brasil obtiveram o
privilégio da extraterritorialidade, de maneira que os atos cometidos por ingleses no
país seriam julgados por juízes da Inglaterra.
Elementos que levaram a intensi cação do processo de independência:
• Rompimento de nitivo do pacto colonial: Pela vinda da corte portuguesa e a maior
dependência da tutela inglesa (tratados assinados).
• Portugal, um entreposto desnecessário e caro: Manutenção estrutural do pacto colonial
e suas medidas associadas eram cada vez mais repelidas, sendo um entrave à
expansão da economia doméstica.
- Proibição do comércio entre as províncias.
- Monopólio de portugueses nos cargos públicos.
- Impostos abusivos cobrados pela Coroa.
• A abertura dos portos levou a liberalização da economia e a dinamização do comércio
criou um mercado interno mais signi cativo (formação de uma elite econômica cujos
interesses estavam mais focados na colônia).
• O processo de independência não era marcado por um forte sentimento nacionalista.
Os movimentos de revolta sempre foram localizados regionalmente, prevalecia,
portanto, uma espécie de "antiportuguesismo" caricaturado.
Independência do Brasil:
- Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I proclamou a independência do Brasil em
relação a Portugal, tornando-se nosso primeiro imperador (Autonomia política
conquistada).
- Portugal exigiu 2 milhões de libras para reconhecer a independência do Brasil. Como o
recém-formado império não dispunha de capital su ciente, D. Pedro decidiu pedir um
empréstimo à Inglaterra (Autonomia econômica não conquistada).
Independência do Brasil - um pacto de elite: o poder passou da Coroa Portuguesa
para a aristocracia criada por ela no Brasil.
• Cenário interno não mudou. A estrutura agrária permaneceu inalterada, com base na
escravidão, na monocultura e no latifúndio, e a distribuição de renda continuava
desigual, bene ciando, principalmente, a elite agrária.
• Povo foi ausente. Não houve uma guerra de independência. O processo não se
rompeu. A escravidão não acabou, o Brasil continuou dependente de Londres e
tecnologicamente atrasado.

AULA 4: Economia cafeeira escravista


Estagnação da economia após a Independência:
• Brasil obrigado a pagar indenização a Portugal para ter independência reconhecida.
• Vantagens comerciais dadas a Inglaterra e outros países.
- Queda das receitas alfandegárias pela adoção do Livre Cambismo (Liberação do
comércio internacional). Estendeu a outros países as vantagens comerciais concedidas
à Inglaterra quando da assinatura dos tratados comerciais.
fi
fi
fi
fi
fi
fi
• Culturas da cana-de-açúcar e algodão (principais fontes de exportação) sofriam
crescente concorrência no mercado internacional.
- Grande aumento da produção de algodão na Flórida fez despencar os preços
internacionais e reduzir drasticamente a receita de exportação brasileira do produto.
• Criação de um dé cit público pelo aumento das despesas militares para prevenir
con itos regionais e disputas territoriais que vinham se multiplicando
Cafeicultura para Exportação no Brasil:
Estímulo da produção do Café: Houve um rápido crescimento de sua cultura no país,
superando as receitas das culturas tradicionais de açúcar e algodão.
• O café já era cultivado mas era de subsistência. E a elevação dos preços internacionais
do produto (pelo colapso da produção haitiana) levou ao incentivo da sua produção
para exportação.
• A decadência de culturas tradicionais, avanço da indústria e da urbanização.
• Capital era praticamente nulo e mão-de-obra escassa (pouca receita reduzia a
capacidade de aquisição de escravos).
- Pouco investimento necessário para produção do café (bem mais reduzida que na
economia açucareira).
• Muita terra disponível e ociosa (Único recurso abundante)
Produção: Início da produção se deu no Vale do Paraíba. Região de condições climáticas
propícias para o cultivo desse produto, com terras abundantes para o plantio.
• Vale do Paraíba já vinha sendo ocupado, por ser caminho natural da área de mineração
para o Rio de Janeiro, que era a capital e principal porto de escoamento das
exportações. Desta forma, havia um claro interesse na ocupação e plantio dessa área
para abastecer a capital, principalmente após a vinda da corte portuguesa para o país
em 1808.
• A localização facilitava também o transporte da produção para a exportação.
• Quando a produção de café começou a ganhar peso e importância, elevando
substancialmente a capacidade de geração de renda e lucros no setor, os grandes
fazendeiros expulsaram os pequenos proprietários (sobretudo por meio da falsi cação
dos registros das Sesmarias). Isso obrigava os minifundiários a migrar para as cidades
ou a partir para regiões periféricas, formando cordões agregados aos grandes
latifúndios.
Características da produção de café
• Cultivado extensivamente em latifúndios monocultores de base escravista, utilizando
técnicas absolutamente precárias para a plantação.
• "Preparo" da terra para o plantio: Derrubada e queimada da Mata Atlântica que cobria a
região, utilizando o método vertical de plantação nas encostas.
• Não havia qualquer cuidado adicional com a terra, já bastante desgastada pelas
queimadas e exposta à ação erosiva das chuvas.
• Essa forma de utilização da terra impôs uma produção que ocupava áreas cada vez
mais extensas, pois a deterioração do solo tornava-se acelerada.
• Havia escravos ociosos da mineração e outros foram trazidos de outras regiões. Mas o
trá co negreiro vinha sendo cada vez mais combatido, o que determinava uma
elevação substancial dos preços dos escravos.
Transporte: O café era transportado por mulas, em estradas precárias, causando perdas
importantes de café e de escravos. Transporte possível pela proximidade entre as áreas
iniciais de plantio no Vale e o porto do Rio de Janeiro.
• Estrada de Ferro de D. Pedro II: À medida que a produção se expandia, e considerando
sua natureza extensiva, outra forma de transporte tornava-se necessária.
O declínio da produção de Café no Vale do Paraíba:
fi
fl
fi
fi
• A decadência da cultura do café no Vale é explicada diretamente pela má utilização das
terras e à mão-de-obra escrava insistentemente empregada ao longo da segunda
metade do século XIX, quando sua oferta tornou-se de nitivamente escassa.
• Redução da disponibilidade de crédito para a produção: A decadência da cafeicultura
implicou a inadimplência crescente dos produtores junto aos comissários, levando-os
também a uma situação nanceira complicada.
• Como resultado, a produção de café passou a se concentrar na região conhecida como
Oeste Paulista. Onde tinham grandes terras que ainda não tinham sido tão devastadas
por serem mais afastadas da capital.

AULA 5: Economia cafeeira com trabalho livre


• O principal obstáculo para a continuidade do sucesso do processo produtivo estava na
mão-de-obra (escrava). A falta de integração entre as regiões do país di cultava o
trânsito dos escravos e a reduzida capacidade de adaptação dos escravos aos
métodos e à disciplina exigidos pela lavoura agrícola -> Levou a utilização da mão-de-
obra imigrante.
• A lavoura paulista do café inaugurou a inserção do imigrante na monocultura de
exportação, permitindo a continuidade do forte ritmo de crescimento da cafeicultura no
Brasil.
O Café e o Oeste Paulista:
Passagem da produção de café do Vale da Paraíba para o Oeste Paulista:
• Solos de melhor qualidade.
• Possibilidade de utilizar técnicas mais modernas e adequadas para o plantio e o
bene ciamento do café (processo que o café é colhido, seco, armazenado e
embalado).
• Aumento das restrições da mão-de-obra escrava (Ex: Conjuração baiana).
• Investimentos britânicos na construção de ferrovias (que reduziria os custos de
transporte dos produtos para exportação).
- Forma e ciente de escoamento da produção cafeeira (malha ferroviária) para zonas
portuárias.
• Aumento da exportação de café para a América do Norte (aumento da população norte-
americana pela grande imigração que teve).
Abolição da Escravatura (13/05/1888):
- Em 1810: Dom João VI promete à Inglaterra acabar com o comércio de escravos.
- 1850: Trá co de negros é extinto para o Brasil
- 1871: Promulgada a Lei do Ventre Livre
- 1885: Lei dos Sexagenários (Libertava todos os escravos com mais de 60 anos)
• As consequências econômicas deste ato logo afetaram a economia e política nacional.
• Embora não mais escravizados, nenhuma estrutura garantiu a ascensão social ou a
cidadania dos negros. Permanência dos negros à margem da sociedade frente à falta
de oportunidades (não possuíam instrução educacional ou a especialização
pro ssional).
Escravidão e Imigração no Brasil:
• Pressionado pela Inglaterra, a mão-de-obra assalariada se tornou a solução para evitar
uma crise econômica nas lavouras.
- No contexto da Revolução Industrial, o mundo precisava de mercados consumidores
então a produção só crescia em decorrência da qualidade do solo para o plantio.
• A Europa passava por uma série de crises. Foi neste contexto que o Brasil passou a
estimular a vinda de estrangeiros, para que trabalhassem nos grandes latifúndios
cafeeiros.
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
Utilização de mão-de-obra imigrante (crucial para o sucesso da produção cafeeira
no oeste paulista): Propiciou aos fazendeiros da região uma solução viável para o
problema da escassez de mão-de-obra.
1) Sistema de parceria (Oeste velho paulista): Momento inicial de inserção dos
imigrantes (1845) na fazenda Ibicaba, do Senador Nicolau Vergueiro.
Recrutamento dos imigrantes na Europa: Senador Vergueiro contratou agentes para
divulgar sua proposta de parceria prometendo o sonho de uma vida melhor.
• Visava contratar trabalhadores dispostos ao serviço na lavoura, que receberiam em
troca lotes de pés de café adultos (preparados para a produção);
• Metade do valor da colheita (cotas de pagamento) seria dos imigrantes (Após a
dedução dos custos de transporte, impostos e comissões);
• Ao trabalhador caberia ainda a exploração de lotes de subsistência (Os excedentes
também repartidos com o proprietário).
Condições desfavoráveis para os imigrantes (insustentáveis a longo prazo):
• Péssimo traslado: Muitos imigrantes morreram antes de chegar ao Brasil, devido à falta
de higiene, que proporcionava o desenvolvimento de uma série de doenças.
• Obrigação de pagamento de todo o custo de seu transporte, além do pagamento de
juros de 6% ao ano pelo adiantamento oferecido para a manutenção dos trabalhadores
durante o primeiro ano de sua chegada.
• Não encontraram, ao chegar, nada do que lhes havia sido prometido como, por
exemplo, terras para próprio cultivo, e sim muito trabalho na lavoura do fazendeiro.
• Família imigrante era a responsável legal por cada um de seus membros, de maneira
que, se algum morresse, os outros deveriam arcar com o pagamento de sua dívida.
• Utilizavam má-fé nos contratos, altamente desvantajosos para os imigrantes. Eram
obrigados a permanecer pelo menos quatro anos na fazenda, sob rigoroso controle e
supervisão dos fazendeiros (função dos capatazes na escravidão).
• Direitos do colono eram suprimidos: Proibição de sair da fazenda e receber visitas. A
moradia dos imigrantes era uma "adaptação" das antigas instalações das senzalas.
• Dívidas só aumentavam e o trabalho passava a ser um regime de semi-escravidão.
• Os imigrantes precisavam fazer compras no armazém da fazenda, onde os produtos
tinham preços a sabor da vontade do latifundiário.
• Todo o processo de comercialização e contabilidade cava a cargo do proprietário
(Apesar do conceito de parceria). Ocorrendo um endividamento eterno dos imigrantes
(manipulação desonesta dos livros de contabilidade da fazenda, práticas de
subfaturamento da produção e até aumento indiscriminado da dívida registrada).
Importação de mão-de-obra em larga escala:
• As safras foram abundantes.
• Considerando sua baixa produtividade média dos imigrantes que, em grande parte, não
tinham experiência prévia com a lavoura.
2) Sistema de colonato (Oeste novo paulista):
• A falta de mão-de-obra para a expansão da lavoura agrícola cafeeira persistia.
• A imagem do Brasil como um possível espaço para a realização de homens pobres
europeus vinha sendo desfeita a passos largos (Divulgação dos maus-tratos)
Novo formato do sistema de parceria:
• Mudanças signi cativas para garantir os uxos de imigração para a cafeicultura.
Favoreceu fortemente o aumento do uxo de imigrantes para o país.
• A industrialização brasileira é fortemente associada ao colonato. Com o aumento da
acumulação de capital no âmbito do café e a introdução do colonato como sistema de
imigração (pagamento de salários), o mercado interno cresceu e isso acarretou no
início da industrialização e aparecimento de fábricas.
• Sistema de Remuneração Misto: Pagamento direto ao colono. Recebiam uma parte do
pagamento sobre participação na venda do café e outra parte em salário xo anual.
fi
fl
fl
fi
fi
• Fazendeiro obrigado a arcar com despesas de viagens e do primeiro ano de trabalho
(utilização do governo da província de São Paulo para custear o transporte para o
Brasil, além da instalação dos estrangeiros).
• Concedida ao imigrante uma fatia de terra para o plantio de artigos para subsistência.
• Devido ao violento processo de uni cação da Itália, o contingente mais importante da
imigração era de italianos (cerca de 510.000, entre 1884 e 1893). Cerca de 800 mil
imigrantes entraram no Brasil para a produção de café, garantindo de nitivamente as
condições básicas do crescimento de sua produção.
Fatores de expulsão na Europa: Contribuíram para o processo de imigração para o
Brasil.
• Violento processo de uni cação na Itália e na Alemanha.
• Crise econômica que se iniciou nos Estados Unidos a partir de 1893.
Parceria X Colonato:
• Ao contrário do sistema de parceria, o colonato não impunha condições de vida tão
degradantes aos imigrantes.
• No sistema de parceria, o imigrante arcava com todos os custos da viagem e estadia,
acumulando uma dívida praticamente impagável, e sofria com condições de vida
extremamente precárias, o que determinou um m muito rápido para sua utilização.
• No colonato, com a participação do Estado no nanciamento do uxo migratório, aliada
a um processo mais geral de imigração européia para o resto do mundo, a imigração
encontrou condições bem mais favoráveis para deslanchar.
OBS: Desde que o Brasil foi descoberto, parte expressiva de seus recursos foi gerada a
partir da exportação de produtos do setor primário. Houve exploração do pau-brasil, cana-
de-açúcar, ouro, café.
- O esgotamento de um determinado produto levava à busca de um novo que rendesse o
sustento da economia (metropolitana ou nacional).
- A impossibilidade de produzir o café por falta de mão-de-obra numa época em que esta
mercadoria era tão valorizada no mercado internacional decerto promoveria uma
alteração muito grande nas trilhas seguidas pela nossa economia.

AULA 6: Políticas de sustentação da renda da cafeicultura na República Velha


Taxa de câmbio: Valor da moeda nacional em relação a moeda estrangeira.
• Desvalorização da taxa de câmbio: Aumento do preço da moeda estrangeira,
encarecendo a importação e aumentando receitas de exportações em moeda nacional.
• Valorização cambial: Reduz o preço da moeda estrangeira e o preço pago por produtos
importados. Também diminui as receitas de exportações em moeda nacional.
Mercado de câmbio: "Ambiente virtual" onde é determinada a taxa de câmbio, pelas
transações de compra e venda de moeda estrangeira. Os agentes envolvidos neste
mercado são demandantes e ofertantes de moeda estrangeira.
Fontes de demanda por moeda estrangeira:
• Gastos com importações e bens e serviços.
• Pagamentos de dívidas contraídas anteriormente com outros países.
• Remessas de lucros para matriz de empresa multinacional.
• Aplicações nanceiras no exterior.
Fontes de oferta de moeda estrangeira:
• Receitas de exportação de bens e serviços.
• Dívidas contraídas.
• Rendas recebidas.
• Aplicações nanceiras de estrangeiros no Brasil
Banco Central: Gestor da política cambial, aumenta ou diminui a oferta de moeda
estrangeira, podendo controlar as taxas de câmbio.
• Principais atribuições no mercado de câmbio são:
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fl
fi
- A regulamentação do mercado cambial.
- A aplicação de medidas relativas ao regime cambial (Fixo ou utuante) de nidas pela
política governamental.
Balanço de pagamentos: Onde são registradas todas as operações realizadas entre
empresas ou pessoas residentes em um país e aquelas não residentes.
- É uma razão entre as operações de bens e serviços (transações correntes) e as de
natureza nanceira (conta de capital e conta nanceira).
- Tem importância fundamental para a organização das transações de um país com o
resto do mundo, permitindo a análise da situação externa do país e um controle maior
dessas transações.
República Velha / Primeira República (1889-1930): Começou com a proclamação da
República e teve m na Revolução de 1930.
Mudanças expressivas:
• O povo passou a escolher os governantes, ainda que sujeito a grandes restrições.
• A Igreja foi legalmente separada do Estado, por meio de uma nova Constituição.
Política econômica da República Velha:
1° momento) Recorrente desvalorização da taxa de câmbio, o que garantia aos si
cafeicultores a manutenção de sua renda em moeda nacional. Isso implicava a ti
continuidade da expansão das lavouras e da oferta de café no mercado internacional,
determinando uma grande queda dos preços do produto.
2° momento) Início do Governo Campos Sales: Mudança na economia de nida pela
necessidade de renegociação da dívida externa levando a estabilização monetária da
economia brasileira.
Cafeicultura:
• Brasil continuou a ser o país do café e dos grandes latifúndios.
- Ampliação das terras disponíveis para o cultivo, decorrente da importante expansão da
malha ferroviária no espaço paulista. E a grande entrada de mão-de-obra imigrante
permitiram um relevante aumento da capacidade produtiva do café.
- Mão-de-obra aceitava salários mais baixos pela grande número de trabalhadores
disponíveis. A cafeicultura experimentou grande aumento na acumulação de capital,
persistindo o aumento sistemático da produção.
• Os donos destas propriedades, chamados coronéis, impunham seu poder sobre os ir
empregados, submetendo-os ao voto de cabresto. Isto fazia com que o poder político
da região também estivesse sob seu domínio.
- Período conhecido como República do Café-com-leite, pois o poder político se
concentrou nas mãos das oligarquias paulista (responsável por produzir o café) e
mineira (responsável pela produção de leite).
1889/1898 - Desvalorização cambial e sustentação da renda da cafeicultura
A desvalorização cambial e aumento da receita interna da cafeicultura fui fator chave para
a decadência da produção de café no vale do Paraíba.
• A produção brasileira representava 3/4 da oferta total de exportações de café no
mundo. Então, qualquer mudança no patamar produtivo brasileiro afetava
substancialmente a oferta internacional do produto.
• Pela prolongada crise econômica que assolou a economia note-americana, o Brasil
produzia mais café do que era exportado. O preço do café caiu, determinando uma
redução da receita de exportações.
• Início de um ciclo de desvalorização da taxa de câmbio: Em decorrência da queda de
preços do café, o Balanço de Pagamentos sofreu um impacto importante, promovendo
mudanças na condução da política econômica do Brasil.
Círculo vicioso da desvalorização cambial e suas consequências:
Desvalorização cambial ocorreu pela:
fi
fi
fi
fl
fi
fi
1. Redução da entrada de moeda estrangeira, pela queda do preço internacional do
café.
2. Pressão política exercida pelos cafeicultores, visando preservar seus ganhos em
moeda nacional.
Complicações do período:
• Sofreu efeitos de uma seca prolongada nas principais culturas agrícolas do país.
• Sofreu uma forte estagnação econômica, dada a desorganização da produção de
culturas tradicionais (como a açucareira e a do algodão) em decorrência da abolição da
escravatura, em 1888.
• O uso do imigrante substituindo o trabalho escravo estava cristalizado apenas na
produção de café, de maneira que as demais atividades produtivas necessitavam de
recursos para sua recuperação.
Encilhamento: Política nanceira de estímulo à indústria (de emissão monetária).
• Para conter a onda de falências que aconteceria caso essa queda fosse repassada
para os cafeicultores, o governo brasileiro adotou uma política de desvalorização
cambial (Encilhamento).
- Isso signi cou reduzir o valor da nossa moeda em relação à libra, a m de manter
elevada a renda dos cafeicultores em moeda local.
- O resultado foi uma espiral in acionária e de falências, causando uma profunda
desordem nanceira na economia brasileira.
• O ciclo:
1) Queda dos preços do café e desvalorização cambial (Aumento do preço do café em
moeda nacional): O encilhamento teve efeitos diretos sobre a taxa de câmbio e contribuiu
fortemente para uma desvalorização cambial mais intensa.
- Enquanto os preços internacionais do café caíam expressivamente, a desvalorização
do câmbio fazia os preços do café aumentarem em moeda nacional (mil-réis).
- Os cafeicultores recebiam uma remuneração maior (em mil-réis) pela venda do
produto, mesmo com a redução do preço no mercado internacional. Isso os estimulava
a aumentar ainda mais a produção.
- Isso elevava a oferta nacional que reduzia o preço internacional do café novamente,
aumentava os preços internos do café e por aí vai num ciclo vicioso diminuindo cada
vez a receita de exportações, a oferta de moeda estrangeira e desvalorizando a taxa
cambial.
2) Perda do poder de compra de produtos importados com moeda nacional: A
desvalorização cambial determinava uma elevação dos preços dos produtos importados,
base da cesta de consumo brasileira, uma vez que pouco era produzido para o mercado
interno.
3) Necessidade de aumento dos salários: A subsistência tornava-se mais cara em moeda
nacional, forçando o aumento dos salários, base dos custos de produção da cultura
cafeeira.
4) Aumento nos custos da produção de café e redução dos lucros dos cafeicultores: O
aumento dos custos (salários, etc) seria responsável pela redução da margem de lucro da
cafeicultura, reduzindo seu espaço para acumulação de capital em longo prazo.
• Desvalorização cambial afetando as nanças públicas: A redução nas importações
diminuía a receita do governo nas arrecadações de impostos sobre os produtos
importados.
- Fim da Tarifa-Ouro: Era o imposto cobrado pelo governo em ouro sobre as importações.
Este procedimento evitava que o governo perdesse dinheiro na troca de moeda,
aumentando as reservas do Estado.
- Fonte de nanciamento público: Endividamento externo (empréstimos), cujo pagamento
é efetivado em moeda estrangeira. A possibilidade de obter novos empréstimos
externos reduzia-se à medida que as receitas de exportações caíam. Quanto menor a


fi
fi
fi
fi
fl
fi
fi
entrada de moeda estrangeira no país, maior o risco de não pagar as dívidas e,
obviamente, menor a oferta de novos empréstimos. A desvalorização cambial
implicava, portanto, aumento das necessidades de gasto do governo.
O governo Campos Sales (1898-1902) e o "Saneamento monetário" de Joaquim
Murtinho:
Presidente Campos Sales: Substituiu Prudente de Moraes. Era representante da
oligarquia cafeeira paulista.
• Apoiada em um discurso de base liberal, que valorizava o papel do mercado e os
efeitos negativos da intervenção governamental;
• A política econômica do governo Campos Sales citava a ine ciência produtiva no Brasil
(tanto no campo quanto na indústria nascente) como justi cativa para uma mudança
radical nos rumos do país;
• A meta primordial do presidente era a obtenção de novos recursos externos para
resolver o problema de solvência das nanças públicas. Logo ao tomar posse foi à
Europa em busca desses recursos.
• A desvalorização do café no cenário Internacional exigiu uma desvalorização cambial, a
m de manter alta a renda dos cafeicultores em moeda nacional. Por causa dessa
medida econômica, o poder de compra de produtos importados cou prejudicado,
gerando uma crise econômica.
II Funding Loan: Na tentativa de resolver a dívida o presidente Campos Sales assinou o
Funding Loan, um empréstimo feito com credores internacionais com novas condições
(mais favoráveis) de pagamento.
• Objetivo da nova política econômica: De nir uma trajetória de saneamento monetário
capaz de impor uma inversão dos movimentos da taxa cambial, permitindo a
valorização da moeda nacional. Por trás disso estava o rme propósito de garantir
condições para o pagamento da dívida externa consolidada no início do governo.
• Ações para estabilizar as taxas de câmbio
- Aumentou as tarifas sobre os produtos importados com o objetivo de aumentar a
receita do governo em moeda estrangeira e arcar com os custos da dívida externa e
dos juros gerados por ela (Tarifa-Ouro).
- A política de saneamento monetário implementada por Joaquim Murtinho no governo
Campos Sales implicou em forte valorização do mil-réis e um rápido processo de
de ação no país.
- Retirou moeda nacional de circulação, com o intuito de cumprir os termos do pacto
assinado com credores internacionais.
Pânico Bancário no Rio de Janeiro em 1900:
- A forte retração da oferta de moeda e crédito de circulação em conjunto com a De ação
(Queda do índice geral de preços de um país) levou a uma pesada diminuição do nível
de atividade econômica. Foi bastante sentido pela população e acabou afetando os
negócios em geral e, particularmente, os cafeicultores, que pressionavam para uma
mudança nos rumos da política adotada.
- O Funding Loan solicitava que parte da dívida fosse depositada em bancos
Internacionais como garantia. A retirada de dinheiro de circulação causou uma enorme
crise econômica. Diante da impossibilidade de uma nova política de emissão
(considerando a perturbação econômica gerada pelo Encilhamento), o governo resolveu
utilizar o dinheiro do principal banco brasileiro dessa época, o Banco Republicano
Brasileiro (BRB). Este fato gerou muita preocupação na sociedade. O BRB foi liquidado e
reestruturado, agora sob controle do governo, que se responsabilizou pelas dívidas e
gerou títulos que poderiam ser resgatados no futuro. Isso, de certa forma, apaziguou a
eminente crise da sociedade.
O convênio de Taubaté (1906): A nova forma de valorização do Café (autonomia das
províncias sobre o governo central). Resposta à queda dos preços do café no mercado
fi
fl
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fl
internacional, para manter o preço internacional e evitar o aumento da oferta
internacional.
• Formalizou uma nova prática de proteção da renda da cafeicultura.
- O novo cenário de política econômica desfavorecia a receita de exportações dos
produtores de café.
- Os produtores pressionaram o governo a implementar medidas protecionistas para
garantir o lucro.
• O aumento da população urbana e a necessidade de investimentos em infraestrutura
(saneamento, urbanização, portos e estradas de ferro) garantiram uma oferta
importante retomada do nível de atividade da economia brasileira.
• A estabilidade monetária e a constante pressão para valorização cambial deixavam
insatisfeitos os cafeicultores, que viam suas receitas recorrentemente reduzidas ou
ameaçadas.
- Em 1906, a safra de café passava de 20 milhões de sacas para uma demanda
internacional de aproximadamente 16 milhões.
- Ameaçando mais uma crise de superprodução: A previsão de uma grande safra de café
e a consequente expectativa de queda signi cativa dos preços internacionais, em um
cenário de câmbio estável, fariam despencar os rendimentos da atividade cafeeira.
- A manutenção das taxas de câmbio estáveis, parte do processo chamado de
saneamento nanceiro de Campos Sales, preocupava os cafeicultores, pois, naquele
momento de nossa economia, nada asseguraria a renda que os grandes senhores do
café estavam acostumados a manter.
Convênio de Taubaté: Conter a oferta internacional do café para diminuir a pressão da
queda do preço internacional.
Convênio de Taubaté: Os cafeicultores, exercendo sua enorme capacidade de
interferência no poder, conseguiram negociar uma vantajosa solução para o problema.
Firmada em 1906 pelos presidentes das 3 províncias produtoras de café (São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro).
• O Convênio de Taubaté determinou a prática de controle de estoques para regular o
preço internacional, artifício permitido pela enorme parcela do mercado internacional
ocupada pela produção brasileira.
• A oferta de café seria reduzida no mercado internacional, mantendo o preço constante.
• Foi estabelecido que:
a) Haveria a compra de excedentes de produção pelos governos estaduais envolvidos;
b) A compra seria viabilizada por meio de um nanciamento de 15 milhões de libras
esterlinas;
c) O gasto com a compra do excedente de café seria coberto pela criação de um imposto
em ouro aplicado a cada saca exportada de café;
d) Um fundo seria criado para estabilizar a taxa de câmbio, impedindo constante
valorização.
- Funcionaria na forma de uma Caixa de Conversão -> Utilizada para a estabilização da
taxa cambial. Foi criada no governo Campos Sales exatamente para impedir uma maior
valorização do mil-réis.
e) Seriam tomadas medidas para desencorajar a expansão das lavouras no longo prazo,
como a de nição de taxas proibitivas.
• Apesar do sucesso alcançado na estabilização dos preços internacionais, a prática
acabou induzindo uma forte concentração na atividade cafeeira.
- Os maiores lucros acabaram direcionados para os operadores do mercado nanceiro,
com destaque para os banqueiros internacionais e as casas comissárias, que
compravam o produto na baixa e vendiam na alta (passaram a dominar o comércio do
café).
fi
fi
fi
fi
fi
- A manutenção de altos preços e da receita de exportação inviabilizava qualquer
tentativa de desestimular o crescimento das lavouras, tornando o problema insolúvel no
longo prazo.

AULA 7: Desequilíbrios regionais no Brasil - Uma marca da economia brasileira:


• Países desenvolvidos: Possuem equilíbrio econômico entre as regiões.
• Países subdesenvolvidos: Possuem desequilíbrios internos e discrepância no
desenvolvimento dos estados. A economia brasileira é espacialmente muito
desequilibrada. São Paulo é onde se concentra a maior parcela do PIB nacional.
- Outros estados e regiões experimentaram dinamismo em alguma etapa do
desenvolvimento de atividades agroexportadoras, mas não conseguiram superar as
crises que surgiram. A economia cafeeira, com base na mão-de-obra livre, foi a única
que conseguiu transformar-se, fazendo surgir atividades mais dinâmicas: a indústria.
Indicadores de desequilíbrios regionais:
• Peso econômico de um estado muito superior aos demais.
• Distribuição da população no território.
• Distribuição do PIB por regiões.
- Produto Interno Bruto: É o valor agregado de todos os bens e serviços nais produzidos
dentro de um país. É uma medida da riqueza do país em um período de tempo
determinado.
Raízes históricas dos desequilíbrios regionais no Brasil: Até meados do século XIX,
as regiões eram caracterizadas como ilhas regionais, sem guardar relações econômicas
entre si. De 1850 a 1930, a expansão cafeeira e a industrialização romperam este
isolamento regional, fazendo surgir uma economia centrada em São Paulo. Isso tornou as
demais regiões dependentes do dinamismo paulista.
Nordeste: Do auge açucareiro à estagnação
• Onde se desenvolveu a primeira atividade econômica importante do País: a
agroexportação canavieira. Além da pecuária e cultura do algodão (cotonicultura).
- Porém, nenhuma dessa atividades trouxe as condições para a superação da crise.
- Até que o Nordeste atravessou um processo secular de estagnação, tornando-se uma
área de emigração.
• O IDH Nordestino é o mais baixo entre todas as regiões, re etindo a incapacidade da
região para superar a crise na economia canavieira e encontrar alternativas
economicamente mais dinâmicas para a sua economia.
- O alto percentual de pessoas com renda inferior a meio salário mínimo é um indicador
da fraca circulação de renda na região, di cultando o surgimento de novas atividades
econômicas.
• Região contribuiu para formação de "reservatório de mão-de-obra".
- Mesmo com a economia nordestina estagnada, a região participava com 40% da
população brasileira, tendo se tornado, depois, a maior região de emigração.
Economia canavieira:
• Ocupação extensiva da terra
• Utilização da mão-de-obra escrava
• Visava mercado consumidor europeu
• O engenho de açúcar tinha elevado grau de auto-subsistência, implicando na baixa
circulação interna de dinheiro, tornando a economia local pouco afetada pelas
oscilações na renda das exportações da cana-de-açúcar.
• No meio do século XVII, a renda das exportações caiu devido ao declínio dos preços
internacionais do açúcar. Levando a uma crise que impediu o seu desenvolvimento.
Pecuária:
• Pouca contribuição à economia colonial
• Importante para a ocupação do território interior do país
fi
fl
fi
• Serviu como "amortecedor" das crises da cana-de-açúcar, ao abrigar trabalhadores que
se tornaram desnecessários para a economia canavieira, durante a crise.
• Atividade resistente a crises: Não demandava investimento inicial elevado e gastos
operacionais (Diferente das demais atividades voltadas para o mercado externo).
Algodão (cotonicultura): Uma alternativa para a cana-de-açúcar
• Considerada como uma alternativa à crise da economia canavieira, pela identi cação
da Revolução Industrial com a indústria têxtil.
• O algodão nordestino se sobressaiu apenas quando os produtores tradicionais
entraram em crise (Como na Guerra Civil norte-americana).
• Com o tempo, a cotonicultura paulista, tecnologicamente mais moderna, limitou o
crescimento dessa atividade e seu dinamismo como fonte de renda da economia
nordestina.
A região de Minas: A ilusão do ouro
• A descoberta de ouro na região gerou um grande movimento migratório para o interior,
inclusive de portugueses.
• Por ser uma atividade que não dependia da propriedade de terras, o garimpo atraiu
todo tipo de trabalhadores, até mesmo os ex-escravos.
• A grande concentração da população nas cidades mineiras em conjunto com a
inexistência da agricultura nas áreas de garimpo, impulsionou a economia do interior da
Colônia. O abastecimento da população garimpeira gerou um comércio de longa
distância (desde os produtores primários do Sul do país até os criadores do Nordeste).
• O Sul: Latifúndio e Indústria Regional
• A ocupação do Sul se deu com o imigrante europeu estabelecendo-se como pequeno
proprietário sem trabalhadores escravos.
• A principal atividade econômica era a pecuária (que exerceu papel fundamental no
abastecimento da região mineira na época do ouro) além da produção agrícola,
voltadas para o mercado interno.
• No Rio Grande do Sul, o território foi dividido segundo a utilização em distintas
atividades.
- Ao sul, predominava a pecuária, baseada no latifúndio e empregando poucos
trabalhadores (o que levou a atividade a não se desenvolver).
- Ao norte, predominava a agricultura, com base no trabalho extensivo que a imigração
européia propiciou (devido à agricultura, produziu-se um amplo mercado consumidor,
ainda que de baixa renda).
• Assim, surgiram cidades que geravam mercado para a agricultura mercantil, cuja renda
estimulava as atividades manufatureiras urbanas. Criou-se assim, um círculo virtuoso
que sustentou o dinamismo da economia local, articulando agricultura, pecuária e
indústria (Alcance apenas na região do extremo-sul).
• A economia do extremo sul encontrou seu desenvolvimento no mercado interno
(Diferente do café e açúcar). Inseriu-se na economia brasileira pela oferta de alimentos,
tornando-se o primeiro celeiro do país (grande produtor de alimentos).
Amazônia: O "Ciclo"da borracha (1870 - 1920):
• Exportações de látex atingiram enormes proporções.
- A riqueza gerada permitiu a construção do monumental Teatro Amazonas (Patrimônio
Histórico).
• Houve expansão da indústria que demandava borracha
• Atividade de regime extrativista, somente encontrada na Amazônia.
- Atividade nômade, xava pouco o trabalhador à terra.
- Trabalhador era contratado sob o esquema do aviamento, recebendo em espécie, com
pequena parcela em dinheiro, e levado a adentrar o território em busca de novas
seringueiras, árvores de onde o látex era extraído.
fi
fi
- Pouca circulação de dinheiro, não favorecendo o surgimento de cidades (exceto as
portuárias, para onde a borracha era transportada para ser exportada).
• Transporte: Não houve investimento em malha ferroviária (limitando o ciclo econômico
da borracha). Infra-estrutura de transportes era constituída por rios e canais uviais,
abundantes na Região Norte. 10
• Crise da borracha: Entrada de outros países produtores de borracha (declínio do preço
da borracha) sem que o dinamismo tivesse se instalado em bases sustentáveis. A
economia amazônica voltou a se isolar.
- Apesar da riqueza que gerou, o ciclo da borracha não proporcionou o surgimento de
outras atividades que poderiam superar a crise na produção.
- A economia regional regrediu e, até os nossos dias, as condições de vida de parte
signi cativa da população são consequências deste retrocesso.
São Paulo - Do café à industrialização: A "locomotiva" do PIB brasileiro.
• O café transformou a economia paulista e forneceu as bases para que sua crise fosse
superada -> Investindo os recursos na atividade industrial
• São Paulo foi a única região em que uma atividade agroexportadora teve sua crise
superada pelo surgimento de uma atividade mais dinâmica: a indústria.
• A partir de 1880, São Paulo se tornou o maior produtor de café do país pelas:
- Técnicas de produção que sustentavam a fertilidade do solo por mais tempo do que no
cultivo da província uminense.
- A disponibilidade de terras planas e de maior fertilidade.
- Implantação da malha ferroviária: Aproveitando o território mais distante do litoral e
tendo maior disponibilidade de recursos naturais. A ferrovia foi infra-estrutura de apoio à
atividade industrial sucedeu a cultura do café.
- Mão-de-obra livre: A proibição do trá co negreiro elevou os preços dos escravos, o que
estimulou a emigração de trabalhadores europeus, interessados em se tornar
pequenos proprietários. A necessidade de poupar fez do emigrante um trabalhador
muito mais produtivo do que o escravo.
A cultura do café e o surgimento de cidades:
• Por ser uma atividade muito dependente de mão-de-obra (agora livre), houve estímulo
ao surgimento de muitas cidades.
• Ao receber permissão para cultivar alimentos paralelamente ao café, os trabalhadores
produziram uma agricultura mercantil que permitiu o abastecimento das cidades,
contribuindo para sua consolidação, e conseqüente não-reversão.
Crise de superprodução cafeeira (1894): Foi estabelecida uma política de sustentação
da renda dos cafeicultores.
• 1894: Se deu através das desvalorizações cambiais, que permitiam a manutenção da
receita das exportações, sustentando-lhe a lucratividade e encarecendo as
importações. Criando estímulo à industrialização substitutiva de importações.
• 1906: A política de sustentação da renda da cafeicultura passou a ter como base a
compra dos excedentes de produção, o que continuava a assegurar a renda do negócio
e, portanto, o nível de emprego nessa atividade.
• A manutenção do nível de emprego e o encarecimento das importações levaram à
migração dos lucros da atividade cafeeira para nanciar os empreendimentos
industriais. Café criou as bases para a indústria (forte complementaridade entre o
capital cafeeiro e o industrial).
Superação da crise cafeeira pela indústria: Atividade mais dinâmica, geradora de maior
produtividade, transformou não só a economia paulista, mas a do país.
• As indústrias das demais regiões tornaram-se zonas de complementação da indústria
paulista, especializando-se em fornecer insumos a serem processados por ela.
- O mercado regional conseguiu ampliar seu alcance para o mercado nacional.
Processo de industrialização no país (São Paulo x Rio de Janeiro):
fi
fl
fi
fi
fl
• Rio de Janeiro: Cafeicultura era realizada por trabalho escravo.
• São Paulo:
- Mão-de-obra livre (imigrantes europeus) o que melhorou sua produtividade.
- Aumento do investimento em infra-estrutura de apoio (malha ferroviária).
- Grande nanciamento das atividades manufatureiras. Atraindo investimentos.
industriais, ampliando o mercado e consolidando SP como o local preferencial da indústria
no País.

AULA 8: A Revolução de 1930: Marco político que separou os modelos de


desenvolvimento econômico
1) Primário-exportador: Voltado "para fora", para o mercado externo. Enquanto a política
econômica privilegiava a cafeicultura, a industrialização avançava no país.
2) De Industrialização substitutiva de importações (urbano-industrial): Voltado "para
dentro", para o mercado interno.
- Caracterizado pela intervenção do Estado na economia, visando diminuir a
vulnerabilidade externa por meio da industrialização interna, disponibilizando recursos
para a indústria nacional.
- Objetivo de conquistar a auto-su ciência na produção de matérias-primas (ferro,
petróleo) e produtos essenciais que tinham preços altos no mercado externo.
- Iniciado a partir da década de 1930, teve seu auge com a indústria automobilística nos
anos 1950.
Os antecedentes da Revolução de 1930
• Interesses econômicos identi cados com a cafeicultura (mercado externo) foram
dominantes e prevaleceram junto ao poder público.
• Grupos insatisfeitos que buscavam novos interesses a partir da urbanização e dos
novos interesses econômicos.
• Café não era mais um produto seguro economicamente e o governo já não podia mais
subsidiar seus custos (Levando a insatisfação das elites cafeeiras, cujos interesses até
aquele momento coincidiam com os do governo).
• Formação da Aliança liberal: Acordo entre estados criado pelas elites que não estavam
diretamente ligadas ao café e que não participavam das decisões políticas como
gostariam. Consequência de disputas regionais pela conquista do poder central.
- Movimento viabilizou a ruptura institucional (queda do governo), potencializada pela
crise social que se seguiu à depressão de 1929.
• Depressão de 29 provocou:
a) diminuição dos uxos comercial nos mercados externos;
b) redução dos preços internacionais dos produtos comercializados;
c) paralisação dos uxos nanceiros internacionais utilizados no nanciamento da
compra dos estoques excedentes de café.
- A impossibilidade de sustentar a defesa da cafeicultura tornou explícita a necessidade de
mudança do papel do Estado e o apoio que ele dava à economia cafeeira.
Transformações políticas e econômicas ocasionadas pela Revolução de 1930:
• Liderado por Getúlio Vargas -> 1º governo de Getúlio Vargas.
• Mudança do modelo de desenvolvimento de primário-exportador para Industrialização
substitutiva de importações.
• Estado se tornou um importante fator econômico nesse novo modelo (fortalecimento do
poder central)
Transformações políticas:
• Governo Vargas (1930-1945):
- 30 a 37: Governo Provisório (1930-34) e ao triênio seguinte, apesar de estar em vigor a
Constituição de 1934, o país viveria em situação de exceção;
fi
fl
fl
fi
fi
fi
fi
- 37 a 45: Estabelecimento do Governo Autoritário, com nova Constituição, que instituiu o
Estado Novo.
• Estado Novo: Centralização do poder do governo central diante dos governos estaduais
(que perderam muito de sua autonomia, por terem se tornado atores coadjuvantes do
governo federal).
Transformações demográ cas e econômicas:
• Transferência de capital e mão-de-obra da agroexportação cafeeira para a indústria
manufatureira.
• Alteração na composição do PIB.
• Operariado: Nova classe que se organizou pelo aumento o uxo migratório para as
cidades que cresciam cada vez mais por conta do desenvolvimento da indústria.
- A crescente concentração de trabalhadores nas cidades facilitou seu contato e
propiciou a organização de sindicatos e partidos políticos.
- Organizaram o Partido Comunista Brasileiro (PCB): Operários das fábricas passaram a
organizar-se para reivindicar seus direitos ganhando importância, participação e força
na sociedade brasileira, como por ex os militares e a classe média (Mudanças no
modelo social).
Governo Provisório 1930-1937: Marcado pela acomodação de novos interesses
econômicos no interior das classes dominantes.
• Politicamente: Caracterizou-se pela disputa entre o Tenentismo e os quadros políticos
tradicionais. Ambos seriam derrotados pelo Governo Vargas.
- Tenentismo: Movimento político desencadeado por jovens tenentes, em oposição ao
governo e à alta o cialidade, que defendia os interesses da oligarquia. Reivindicavam
maior centralização do governo (menor autonomia dos estados), uniformização da
legislação e do sistema tributário e a implantação do voto secreto.
• A crise econômica foi enfrentada mediante a declaração de moratória da dívida externa
e a política de queima de parte da produção cafeeira
• A crise evoluiu para Revolução Constitucionalista, contra o governo provisório e em
defesa de um marco legal para o pais.
- Revolução Constitucionalista: Revolta contra o presidente Getúlio Vargas, organizada
por latifundiários e empresários em São Paulo. Reunidos em comício, os manifestantes
pediam uma nova Constituição para o Brasil. O governo enviou tropas federais para
conter essa rebelião, que durou três meses.
• Ainda que militarmente derrotado, São Paulo teve suas principais demandas atendidas,
como a criação de um órgão regulador da produção de café, o IBC, e convocar uma
Assembléia Constituinte que elaborou a nova Constituição Federal de 1934.
Novas leis trabalhistas: O principal destaque do Governo Provisório foi a adoção de
uma legislação trabalhista e previdenciária que bene ciava um contingente crescente da
classe trabalhadora urbana.
• O objetivo do governo era um ajuste das relações entre patrões e empregados, na área
do trabalho, que anulasse, no campo sindical, a velha in uência anarquista e a
in uência comunista nascente, transformando os sindicatos em organismos
o cializados.
• A regulação nas relações capital-trabalho favoreceu o desenvolvimento de uma
sociedade de base urbano-industrial;
• Alguns dos direitos recém-adquiridos pelo proletariado e pelos trabalhadores no
comércio:
- Jornada de trabalho de 8 horas;
- Férias remuneradas;
- Estabilidade no emprego;
- Indenização por dispensa sem justa causa;
- Convenção coletiva de trabalho;
fi
fl
fi
fi
fi
fl
fl
- Regulamentação do trabalho das mulheres e de menores;
- Institutos de aposentadoria e pensões, que garantiam assistência àqueles grupos.
Estado Novo (1937 - 1945): Regime autoritário (ditadura).
• Getúlio Vargas, líder do Governo Provisório, deu um golpe de Estado para manter-se
na presidência (com o apoio de importantes lideranças políticas e militares).
• Intentona Comunista: "Ameaça comunista". Tentativa de tomada do poder pelo Partido
Comunista Brasileiro (PCB) em 1935, logo dominada pelo governo Vargas.
• Graças à instabilidade política e econômica em que se encontravam os grupos
dominantes antes da Instituição do Estado Novo que o Estado pôde prevalecer,
assumindo o papel de instrumento de realização de interesses diferenciados, mas
sobretudo proporcionando condições de avanço industrial.
Reelaboração das relações entre sociedade e Estado:
• Criação de instrumentos para acelerar a transformação do eixo econômico do país
rumo à industrialização.
• Governo assumiu maior participação na economia e institucionalizou o autoritarismo do
governo central. Sua criação deveu-se ao interesse do governo em agir sem os limites
da lei, visando à realização de reformas administrativas, políticas e econômicas.
• A ausência de uma ordem econômica internacional contribuiu muito para essa grande
autonomia do Estado.
• Poder público tomou a frente nos projetos de desenvolvimento econômico
• Reestruturação interna do Estado, com os governos subnacionais submetendo-se às
de nições de políticas adotadas pelo governo central.
• O fortalecimento do Estado Nacional Incluiu a criação de um corpo burocrático
pro ssional estabelecido segundo critério meritocrático (Concurso público);
• A Constituição de 1937 deu ao presidente plenos poderes, legislativos e executivos,
permitindo-lhe consolidar de nitivamente o poder do governo central, o que já vinha se
manifestando desde a fase do governo provisório.
- Apesar da evidente hipertro a do Estado, a reforma administrativa contribuía para
proporcionar condições ao poder público de superar o seu per l patrimonialista e
tornar-se um aparelho impessoal de administração pública.
"Industrialização restringida":
• Avanço industrial era limitado pela capacidade do país em importar os bens de capital
que permitissem ampliar a capacidade produtiva interna.
• A superação dessa limitação se deu pela maior participação dos interesses industriais
no poder central, seja para receber nanciamento para produzir internamente os bens
de produção de que necessitava, seja para receber algum benefício scal ou cambial
para importar esses bens.
Governo lIberal da República Velha X Governo após revolução de 30:
A Revolução de 1930 rompeu com a visão liberal do Estado. Inicialmente, Vargas
enfrentou o estrangulamento externo, dando uma solução drástica para o acúmulo dos
estoques excedentes de café e o aumento da dívida externa (em grande parte para
nanciar a política de manutenção dos estoques de café), mas também interveio na
estrutura econômica do país, seja organizando as relações capital-trabalho (via legislação
trabalhista), seja pela regulação das principais atividades agrícolas, por meio da criação
do Instituto Brasileiro do Café (IBC) e do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA).
Mudanças estruturais do Estado Novo:
• Submissão dos estados à União: Perda da autonomia dos governos estaduais frente ao
governo central (centralização do poder público)
• Avanço da legislação trabalhista e previdenciária (criação da Justiça do Trabalho).
• Ao mesmo tempo que criava ou ampliava direitos, o Estado Novo tratava de liquidar a
autonomia da organização dos trabalhadores. O Estado Novo liquidaria de vez com a
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
autonomia sindical em 1939, proibindo a existência das associações não integradas ao
sistema o cial.
Mudanças econômicas:
• Abolição das taxas interestaduais de exportações, contribuindo decisivamente para o
desenvolvimento do mercado interno.
• Plano quinquenal: Previa a atuação direta do Estado na criação de empresas estatais.
- Companhia Vale do Rio Doce: Formada por vários acordos internacionais, após o Brasil
receber a Itabira Iron Company e a estrada de ferro que ligava as Minas à Vitória.
- Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda: A estrada de ferro
forneceu um novo investimento ao Estado no plano da infra-estrutura, garantindo o
controle nacional de matéria-prima (ferro) para a indústria pesada.
- Superintendência de Moeda e Crédito (Sumoc): instituição responsável pela regulação
da oferta monetária no país.
• Com a criação dessas grandes empresas estatais o Estado nacional brasileiro iria se
transformar em um agente do desenvolvimento nacional superando a condição de
subdesenvolvimento da economia brasileira.
• O Brasil havia se transformado em um país de base urbano-industrial, para o qual foi
necessária a intervenção do Estado no domínio econômico.
Iniciativas intervencionistas do Estado no Governo Vargas:
- Criação da superintendência de moeda e crédito: Função exclusiva de regulação
econômica.
- Legislação trabalhista: Apesar de regular as relações capital-trabalho, é considerada
uma intervenção indevida, pois não protege adequadamente o trabalhador no mundo
atual, onde prevalecem relações exíveis de produção. Isto resultaria em crescente
informalidade no mercado de trabalho.
- Criação de empresas públicas: a criação de empresas estatais somente se justi caria
em um contexto em que a iniciativa privada se mostrasse incapaz de empreender em
setores necessários ao processo de desenvolvimento econômico, sendo o processo de
privatizações uma evidência de que isso não acontece mais.

AULA 9: Origens da indústria no Brasil


• Industrialização de deu, à princípio, pelo declínio dos preços do café no cenário
internacional e pela necessidade de obter produtos importados que estavam cada vez
mais caros (devido à desvalorização de nossa moeda).
- Assim, foram criadas as primeiras manufaturas para atender à demanda do mercado
interno.
Correntes interpretativas - Explicação da origem e desenvolvimento da indústria:
1) Teoria dos Choque Adversos:
• Relação entre as crises internacionais e os surtos de industrialização em uma
economia dependente das exportações. Brasil dependia diretamente do setor externo
para crescer e acumular capital, sendo um país caracteristicamente agroexportador.
• Ponto positivo: Qualquer crise externa levaria a um Desequilíbrio Externo, gerando um
mercado interno propício para o desenvolvimento da indústria doméstica/Indústria de
transformação (transforma matéria-prima em bens de consumo prontos para serem
adquiridos)
- Desequilíbrio Externo: Queda de receita pela diminuição das exportações.
Encarecimento das Importações pela desvalorização da moeda nacional em relação às
estrangeiras.
• Ponto negativo: A crise externa e o aumento do preço das importações afetam a
aquisição/investimento em Bens de capital (máquinas, instalações).
fi
fl
fi
• No Início o crescimento industrial foi induzido pela expansão da renda interna das
exportações de café. Já na crise externa, o aumento da produção industrial se deu pelo
uso mais intensivo da capacidade produtiva anteriormente instalada.
- Embora as indústrias estivessem ganhando espaço, as exportações de café e de
outros produtos primários continuaram a ser fundamentais para garantir a capacidade
de importar bens de capital.
2) Industrialização liderada pela expansão das exportações
• Defensores dessa teoria: Warren Dean (1976), Robert Nicol (1974) e Nataniel Leff
(1982), importantes estudiosos da história da economia brasileira.
• Relação direta entre o avanço da exportação de café e o surgimento da indústria
(especialmente em São Paulo, onde se concentrava a atividade cafeeira).
- A circulação de moeda na economia e o crescimento da renda interna criou um cenário
favorável para o desenvolvimento industrial: oferta de mão-de-obra a assalariada
disponível (imigração), geração de recursos e construção de um sistema de transporte
distribuição de produtos manufaturados (estradas de ferro).
• A indústria desenvolvia-se nos períodos de bom desempenho da atividade cafeeira,
reduzindo sua capacidade de expansão nos momentos de crise da cafeicultura.
3) Capitalismo tardio: Conceito que envolve desindustrialização (ou industrialização
incipiente), dívidas interna e externa e, por isso, adiamento de uma crise de recessão.
• Defendida por Maria da Conceição Tavares (1974).
• Assim como as duas teorias anteriores, diz que o setor cafeeiro foi o responsável pela
criação das condições favoráveis ao surgimento do capital industrial.
- Setor cafeeiro é identi cado como a origem da industrialização, por possibilitar a
acumulação prévia de capital, a emergência do mercado de trabalho livre e o aumento
da capacidade de importação do Brasil.
• Exportação de café como a origem do processo de industrialização que se a
consolidaria somente na década de 1950, com a implantação da indústria pesada.
• A consolidação do capital industrial no Brasil passou a ser mais dependente do
crescimento da renda do setor industrial urbano (Com a crise do café e a Grande
Depressão de 29).
- Industrialização era restringida, pois, as exportações concentravam-se nos produtos
primários (mais baratos do que os que contavam com tecnologia) tendo pouca
diversi cação dos produtores de bens de capital e insumos básicos.
4) Industrialização como resultado de políticas governamentais:
• Processo de industrialização induzido por elementos de políticas governamentais.
• Essas políticas intencionais se referem principalmente às políticas de proteção tarifária
e à concessão de incentivos e subsídios.
• Políticas de câmbio (moeda nacional) que alternam períodos de investimento com
períodos de produção.
- Desvalorização cambial: Produção doméstica era estimulada pelo encarecimento dos
produtos importados.
- Valorização cambial: Mais compra de bens de capital importados (barateados pela taxa
cambial).
• Apesar de serem observados episódios de aplicação de subsídios e/ou incentivos
governamentais que acabaram favorecendo a industrialização, não foi percebida uma
política sistemática do governo para incentivar o processo de industrialização.
O processo de substituição de importações: Industrialização foi implantada para
substituir importações (industrialização tardia). Estimulada pelo crescimento do mercado
interno em um contexto de desvalorização cambial recorrente.
• Industrialização tardia: Primeiras Indústrias são as que requerem menos capital e
tecnologia, geralmente ligadas aos setores têxtil e de alimentos.
fi
fi
• Os produtos fabricados aqui disputavam mercados com os importados, que tinham
seus preços menos competitivos devido às variações da taxa de câmbio e às tarifas
alfandegárias. Assim, a produção nacional começava a saciar parcela crescente da
demanda interna, reduzindo a quantidade de importações.
• Volume de importações: Embora diminuíssem em alguns setores, elevavam-se em
setores mais complexos na medida em que a produção industrial avançava.
Fase fácil da dinâmica do processo de substituição de importações
• Principal característica da fase fácil: Caráter espontâneo da industrialização.
- O crescimento do mercado interno se deu pela expansão do mercado interno
(exportação do café) e desvalorização cambial (determinada pelo desequilíbrio
externo).
Indústria cresceu usando a capacidade produtiva já instalada, gerando novos setores de
produção. A continuidade do processo dependia de crescimento da capacidade de
produção da indústria (importação de mais bens de capital e de Bens intermediários).
• A indústria: o novo centro dinâmico de acumulação de capital. A Crise de 1929 reduziu
signi cativamente as exportações. A relação oferta/demanda do café fez com que os
preços do produto caíssem muito. A Grande Depressão trouxe à tona a necessidade de
tirar da cafeicultura o eixo da economia (economia baseada em exportações) e colocá-
lo na atividade industrial.
• A centralização das operações cambiais (compras e vendas de moeda estrangeira)
junto ao Banco do Brasil deu ao governo possibilidade de controlar essas operações de
maneira favorável à importação de bens associados à indústria.
Fase difícil do processo de substituição de importações:
• Contradição básica do modelo de substituição de importações: Evitando importações
por produzir internamente, o país acabava necessitando importar máquinas e materiais
necessários para atender à sua crescente produção industrial.
- Necessidade de mais investimentos na indústria e nos setores relacionados a ela,
como energia e transporte.
• Fase difícil, quando o caráter espontâneo do processo de substituição não garante a
efetivação dos novos blocos de investimento na indústria. Era necessário induzir a
continuidade da industrialização.
A fase difícil foi representada/superada pelo Plano de Metas.
• 3 grandes obstáculos da fase difícil:
a) Crescimento do desequilíbrio externo, distanciando a capacidade de importação
(máquinas, equipamentos e bens intermediários mais so sticados).
b) Demanda de um novo bloco de investimentos na indústria, gerado pela grande
so sticação tecnológica;
c) Necessária adequação da infra-estrutura, nos setores de energia e transporte.
• Diante deste quadro de di culdades, o papel do Estado se tornou fundamental na
continuidade da Industrialização.
- Politicamente: "Populismo". Com o aumento da parcela da população que votava (o
voto feminino foi regulamentado em 1932), os partidos políticos que nasceram
precisavam de legitimação popular. Isso só seria conseguido conquistando as massas
que, agora, situavam-se na área urbana e não mais no campo. Um programa que
aludisse a um forte crescimento da economia e do emprego possuía grande apelo.
Assim, apoiar o desenvolvimento industrial se tornava mais do que justi cável.
- Argumentos econômicos: Para superar a fase difícil, "Deteriorização dos termos de
troca" era a tendência histórica de transferência de renda dos países periféricos
(exportadores de bens primários) para os países centrais (detentores da tecnologia).
Essa transferência de renda eleva continuamente os níveis de subdesenvolvimento
periférico, resultado dos diferentes graus de especialização produtiva dos países
centrais e periféricos.
fi
fi
fi
fi
fi
AULA 10: A Importância do desenvolvimento na formação econômica do Brasil
- Durante o período de 1930 a 1980, a economia brasileira cresceu a taxas médias
anuais equivalentes a 7%. Um dos principais fatores que in uíram na elaboração das
políticas públicas foi o desenvolvimentismo, uma ideologia que, por meio da Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), alimentou o pensamento
econômico na América Latina durante décadas.
O desenvolvimento na agenda econômica: Criação das duas maiores instituições
nanceiras do mundo moderno, órgãos que, por meio de suas políticas e de suas metas,
ajudam a de nir a agenda econômica de governos ao redor de todo o mundo.
• Conferência de Bretton-Woods (1944): Foram estabelecidos acordos, válidos para
todos os países capitalistas, que resultaram na criação do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BIRD).
- Instituição de um novo ordenamento econômico internacional: Direcionaria os impasses
criados entre países para a esfera diplomática, com o objetivo de evitar o surgimento
de novos con itos armados. Ex: Organização das Nações Unidas (ONU) e a
Organização Mundial do Comércio (OMC).
• A criação dessas instituições multilaterais indicava a intenção de que fosse
estabelecida uma governança mundial que diminuísse con itos e promovesse o
desenvolvimento econômico no planeta.
Reformulação do sistema capitalista: O desenvolvimento de regiões atrasadas passou
a ser um dos objetivos da política voltada para a manutenção da paz e do sistema
capitalista em um mundo dividido.
• Estado de bem-estar social: Adoção de um sistema de proteção trabalhista e
previdenciária nos países desenvolvidos.
• Estado Desenvolvimentista: Mediante intervenção estatal, o per l econômico de países
não-desenvolvidos (atrasados) poderia alcançar o caminho para o desenvolvimento
(industrialização).
• Teoria convencional capitalista: Considerava que o crescimento econômico se
distribuía no espaço igualmente a partir de um ponto central, sugerindo que o
desenvolvimento alcançado pelos países desenvolvidos também seria experimentado
pelos países subdesenvolvidos com o passar do tempo.
• Mas o desenvolvimento capitalista bene cia muito mais algumas regiões do que outras,
o que faz com que aumente a defasagem entre áreas avançadas e atrasadas.
• Teoria do desenvolvimento econômico: Estudos sobre a possibilidade de intensi car
o ritmo de desenvolvimento nas regiões mais atrasadas do mundo.
• Teoria dos Pólos de Desenvolvimento: Identi ca um crescimento desequilibrado,
difundido a partir da criação de um "pólo de desenvolvimento". Sua teoria era baseada
na ação de uma empresa dominante, que ele chamou de "empresa motriz", que atrairia
muitas "empresas movidas" para serem suas fornecedoras de insumos.
• Teoria dos Círculos Viciosos da pobreza: O círculo vicioso do atraso e da pobreza
pode ser rompido pela aplicação planejada de reformas econômicas, o que permitiria
ao Estado cumprir um papel importante no processo de desenvolvimento econômico.
• Teoria Cepalina do Desenvolvimento: A Cepal identi cou o subdesenvolvimento
como um tipo de desenvolvimento, os estudos sobre o tema passaram a confrontar
países desenvolvidos (centrais) com países subdesenvolvidos (periféricos). A partir de
80, passou a identi car os países como ricos, pobres ou emergentes. Economias
emergentes, atrairiam capitais estrangeiros, dado o nível de desenvolvimento
alcançado, ainda que estivessem num desenvolvimento bem inferior.
A Cepal e a ideia do desenvolvimento:
• A Cepal reinterpretou a formação econômica dos países latino-americanos, e defendeu
a industrialização como instrumento de combate à pobreza.
fi
fi
fl
fi
fi
fi
fi
fl
fl
fi
fi
• A industrialização tornou-se objeto de política e planejamento econômicos nos Estados
latino-americanos, que passaram a ser identi cados como Estados
Desenvolvimentistas.
• A Cepal reuniu um grupo de economistas latino-americanos com o objetivo de explicar
o atraso na América Latina e no Caribe em relação aos países desenvolvidos,
sugerindo estratégias para superar as disparidades.
A teoria do livre-comércio internacional: Por meio dessa que as economias latino-
americanas participavam do desenvolvimento capitalista como "periferias", enquanto os
países industrializados correspondiam ao "centro".
• Lei das vantagens comparativas: Todos os países ganhariam caso se especializassem
na produção daqueles bens para os quais contam com vantagens comparativas (custos
de produção menores), desde que não existissem barreiras ao livre-comércio mundial.
- A exploração das vantagens comparativas asseguraria maior e ciência produtiva e
menores preços de mercado, dada a perfeita uidez das mercadorias através do
comércio internacional, se este estivesse livre de barreiras Institucionais.
• As economias latino-americanas apresentavam uma dinâmica distinta daquela das
economias centrais, eram caracterizadas como economias duais (2 setores):
1. Um moderno, articulado à economia capitalista por meio do comércio internacional
2. Um setor de subsistência, baixa produtividade, pela grande oferta de mão-de-obra.
- Essa dualidade atrasaria o aumento da produtividade na economia como um todo e
favoreceria a sustentação do baixo nível da renda dos trabalhadores, o que
comprometeria a expansão do mercado interno.
- Assim, o desenvolvimento econômico dos países latino-americanos mantinha-se muito
dependente do comércio internacional, o que não era uma perspectiva muito
promissora, já que os produtos agrícolas apresentam baixa Elasticidade-Renda da
Demanda (Um aumento repentino na renda dos consumidores não vai se re etir em um
aumento proporcional na procura do mercado por esses bens).
• As relações centro-periferia tendem a reproduzir as condições de subdesenvolvimento
e a aumentar a distância que separa países desenvolvidos daqueles não-
desenvolvidos.
- Isso ocorre em função da tendência de deteriorização dos Termos de intercâmbio
(Relação entre os preços de exportação e os preços de importação de um país),
desfavorável aos países periféricos. Os produtos comercializados pelos países
periféricos tendem a perder valor em relação aos produtos Industrializados
comercializados pelos países centrais.
• Causas mais importantes da deteriorização dos termos de intercâmbio entre países
centrais e periféricos:
a) A diferença de comportamento da demanda por produtos primários em relação à
demanda por bens industrializados (à medida que cresce a renda dos consumidores,
estes tendem a gastar mais com produtos manufaturados do que com produtos
agrícolas);
b) A diferença entre a situação do mercado de trabalho e a organização sindical no
centro e na periferia (nos países periféricos, há oferta abundante de trabalhadores
pouco organizados, enquanto nos países centrais a oferta de mão-de-obra é menor e
estes estão mais organizados em sindicatos, o que favorece sua luta pela retenção de
ganhos de produtividade mediante aumentos salariais).
Cepal: Os países latino-americanos eram pobres porque eram subdesenvolvidos, isto é,
sua economia estava baseada nas atividades primárias. Os países ricos, por outro lado,
tinham sua riqueza relacionada à industrialização, que lhes permitia auferir aumentos de
produtividade superiores aos das economias que se baseavam na agricultura.
fl
fi
fi
fl
• Países mais pobres contam com maior participação da agricultura na estrutura do seu
PIB. Mas a medida que vão se industrializando, a participação desse setor em sua
economia vai diminuindo.
O desenvolvimentismo e a política econômica do Brasil:
Desenvolvimentismo: Identi cado como a ideologia econômica do projeto de
industrialização e superação da pobreza.
• Os desenvolvimentistas que in uenciaram a política econômica brasileira eram:
a) Do setor público, os considerados economistas não-nacionalistas, que preconizavam
soluções de mercado, seja de capital nacional ou estrangeiro, para o desenvolvimento
industrial, com o Estado intervindo apenas em caso de interesse do setor privado;
- Roberto Campos: Defensor da industrialização pela via da internacionalização de
capitais e do apoio do Estado.
b) Do setor público, considerados economistas nacionalistas, que preconizavam a
estatização dos setores de mineração, transportes, energia, serviços públicos de modo
geral, e alguns segmentos da indústria de base;
- Apresentava uma decidida Inclinação pela ampliação da intervenção do Estado na
economia, através de políticas de apoio à industrialização, integradas, na medida do
possível, num sistema de planejamento abrangente e incluindo investimentos estatais
em setores básicos.
- Principal economista dessa corrente: Celso Furtado.
c) Do setor privado, divididos entre os que apoiavam os economistas nacionalistas do
setor público e aqueles que apoiavam os não-nacionalistas.
- Os desenvolvimentistas do setor privado têm sua origem na luta iniciada nos anos
1940, liderada pelo empresário Roberto Simonsen. Para Simonsen a industrialização
era o instrumento para a superação da pobreza no país. A estratégia para eliminá-la
envolvia a intervenção estatal por meio do protecionismo e do planejamento.
O Desenvolvimentismo de Celso Furtado (público / nacionalista):
• Utilizou-se do Estruturalismo para analisar a história da economia brasileira e escreveu
o livro "Formação econômica do Brasil".
- Obra faz uma análise inédita e muito abrangente da dinâmica de nossa economia,
historicamente dependente da agroexportação, voltada para fora e que, a partir da
introdução do trabalho assalariado, muda seu eixo dinâmico para o mercado interno.
- Estruturalismo: Analisa o desenvolvimento econômico pelos obstáculos estruturais que
impedem seu crescimento. Para superar esses obstáculos, são necessárias mudanças
na estrutura de funcionamento dessas economias (reforma agrária).
• Era o mais representativo economista do grupo dos nacional-desenvolvimentistas pelo
seu trabalho conter, de forma elaborada 3 características que marcam o conteúdo
político do pensamento econômico desse grupo:
a) uma defesa da liderança do Estado na promoção do desenvolvimento, dado que
somente através da coordenação estatal seria possível manter no país os centros de
decisão sobre os destinos da economia brasileira e reverter a estagnação;
- Esta intervenção estatal foi uma das principais características do período durante o
qual a economia brasileira experimentou taxas de crescimento mais elevadas.
b) uma defesa estruturalista da submissão da política monetária e cambial à política de
desenvolvimento, opondo-se aos programas de estabilização monetária que
sacri cariam o desenvolvimento;
c) um compromisso com reformas de cunho social.
• O mercado não era o único determinante do desenvolvimento industrial. O
desenvolvimento industrial seria uma condição fundamental para a melhoria das
condições socioeconômicas (aumento da produtividade e emprego quali cado).
• Defendeu uma política governamental de xação de capitais no Nordeste, através da
ampliação do crédito e da criação de Economias externas.
fi
fl
fi
fi
fi
- Economias externas: Benefícios que são proporcionados às empresas por sua
localização em área já dotada de infra-estrutura, em geral provida pelo poder público,
como a malha viária. A existência de economias externas permite reduzir os custos
diretos para as empresas e representa uma fonte de desenvolvimento econômico.
• Para Furtado, o atraso da economia nordestina podia ser identi cado pelo:
a) Arcaísmo da estrutura fundiária e a apropriação e o uso improdutivo do excedente o
rural pelos grandes proprietários do campo impediam a introdução do progresso
técnico e a elevação da produtividade na região;
b) consequentemente, impediam que o mundo rural se incorporasse ao desenvolvimento
e o fortalecesse; obstruíam a ampliação do excedente e, pela queda dos preços,
impediam sua transferência aos outros setores; mantinham os salários reais baixos e
a renda concentrada; e di cultavam a ampliação do mercado interno para produtos
industriais;
c) Representavam uma forma de preservação do consumo essencial, orientando o
processo de formação da estrutura industrial num sentido perverso.
• Furtado contribuiu para disseminar políticas de desenvolvimento que iam além de
questões de simples crescimento do PIB e que enxergavam o desenvolvimento
humano como estratégia para o crescimento econômico.
• A partir da década de 1980 houve uma reversão tanto do crescimento econômico
quanto da intervenção do Estado na economia. Isso se deveu à mudança na ordem
econômica internacional, bem como à gravidade da crise do Estado brasileiro, que
enfrentava di culdades em administrar uma dívida pública que crescera muito desde a
década de 1970. Desde então, o nacional-desenvolvimentismo deixou de ser a
ideologia de sustentação da economia brasileira.
Defesa das políticas X Economistas
• Fortalecimento da indústria nacional - Todos (Celso Furtado, Roberto Campos, Roberto
Simonsen), menos Eugênio Gudin, defenderam o fortalecimento da indústria nacional.
• Concentração de investimentos na infra-estrutura produtiva -> Roberto Campos
defendia a participação do Estado mediante o uso do BNDE para fortalecer a infra
estrutura necessária ao desenvolvimento industrial.
• Desenvolvimento industrial associado à justiça social -› Celso Furtado foi o economista
mais preocupado em pensar no desenvolvimento industrial como medida que
conduziria à justiça social, mediante a ampliação do emprego num setor que poderia
aumentar a produtividade na economia brasileira.
• Fortalecimento da vocação agrícola do país -› Eugênio Gudin considerava que o país
deveria se concentrar no fortalecimento da agricultura, setor para o qual a economia
brasileira contava com vantagens comparativas, garantindo uma vocação agrícola.
• Organização de fóruns empresariais - Roberto Simonsen foi líder empresarial, um dos
fundadores do Centro de Indústrias de São Paulo, muito preocupado em organizar e
defender os interesses dos empresários numa etapa ainda incipiente da indústria
brasileira.
• Defesa do planejamento setorial -› Roberto Campos defendia o planejamento setorial
como o mais viável de ser realizado, pois concentrava esforços naqueles setores
considerados prioritários.
• Defesa do planejamento regional - Celso Furtado defendia o planejamento regional
com base no estudo da dinâmica da economia nordestina, estagnada, enquanto a
economia da Região Sudeste intensi cava seu desenvolvimento.

AULA 11: Plano de Metas - Completando o ciclo da industrialização substitutiva de


importações no Brasil
Ambicioso programa de industrialização garantindo a continuidade da substituição de
importações.
fi
fi
fi
fi
Plano de Metas (1956-1961):
• Plano econômico implementado por Juscelino Kubitscheck.
Entre os principais constituintes da elaboração do Plano de Metas no governo Jk estão os
conceitos de pontos de estrangulamento e pontos de germinação.
• Completado o processo de industrialização nacional (substituição de importações).
• Novo papel do Estado = Estado Desenvolvimentista: Agente promotor do
desenvolvimento econômico direta (investimentos das empresas públicas) e
indiretamente (Políticas cambiais e de crédito que favoreciam o investidor privado).
Antecedentes do Plano de Metas:
1945 - Fim da 2ª Guerra Mundial, queda do nazismo, deposição de Getúlio Vargas e
surgimento do Estado Novo.
Anos Dutra: Governo Presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1950):
• Tentou implementar o liberalismo econômico e eliminar o intervencionismo estatal.
- A liberalização dos controles sobre o câmbio, baseada no livre-comércio e na
valorização da moeda brasileira, logo implicaria a liquidação das reservas e o país
sofreu uma crise externa.
- Isso levou o governo a reinstituir o controle sobre a moeda e retomar a política
intervencionista.
• O insucesso da tentativa de liberalização econômica de Dutra constituiu um dos fatores
que favoreceram o retorno de Vargas ao poder.
Segundo Governo Vargas: Auge da ideologia desenvolvimentista.
• Vargas enfrentou problemas relacionados ao amadurecimento da industrialização
brasileira que comprometiam o crescimento econômico nacional:
- In ação, desequilíbrio no balanço de pagamentos (a crise externa), necessidade de
importar máquinas e equipamentos e insu ciência de energia, transportes e gêneros
alimentícios que atendessem à demanda da crescente população urbana.
- A solução desses problemas seria por investimentos nanciados com a ajuda externa,
principalmente do governo dos Estados Unidos.
• Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico (Plano qüinqüenal): Vargas elaborou
um plano de investimentos em indústrias de base, transportes, energia, frigorí cos e na
modernização da agricultura.
- No ano seguinte foi criado o Fundo de Reaparelhamento Econômico, a ser
administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE).
• O objetivo de Vargas era equilibrar o balanço de pagamentos e as nanças públicas no
primeiro biênio de seu governo para, no segundo, realizar os investimentos que iriam
permitir o crescimento sustentado.
- Tal objetivo fracassou diante da evolução negativa da situação cambial e da crise nas
relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
• A crise nas relações Brasil-Estados Unidos foi motivada por uma drástica mudança na
política externa dos EUA, após a posse do governo republicano do general Eisenhower
(1952-1960), sucessor do democrata Harry Truman.
- Truman propunha-se a ajudar os governos latino-americanos a nanciar seu
desenvolvimento a m de que conseguissem diminuir a intensidade de sua pobreza
(era visto como uma estratégia para disseminar a ideologia socialista).
- Eisenhower considerava que a ajuda dos EUA deveria se restringir a nanciar
empresas americanas que se instalassem no Brasil.
• Como reação à crise cambial e em face do não-cumprimento do auxilio ao
desenvolvimento econômico do Brasil por parte do governo norte-americano foi criada
a Comissão Mista BNDE-Cepal, responsável pela elaboração de um novo plano de
investimentos e pela guinada nacional-desenvolvimentista do Governo Vargas.
- Foi criada a Petrobras, uma manifestação do nacional-desenvolvimentismo no país,
pois instituiu-se a partir daí o monopólio estatal da pesquisa, do re no e do transporte o
fl
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
do petróleo. Tal monopólio aumentou o con ito de interesses entre os governos
brasileiro e norte-americano.
As metas de JK:
- Sucessivos governos tentaram encontrar soluções domésticas para elevar o status
nacional dentro do sistema mundial.
- Brasil quer ganhar autonomia, sem se afastar do cenário que integrava as diversas
nações ao redor do mundo.
Pano de Metas: Com 30 metas nas áreas do energia, transporte, indústria de base,
alimentação e educação e Brasília como a meta 31, o objetivo era garantir condições para
continuidade da indústria no processo de substituição de importações.
"Cinquenta anos em cinco": Juscelino Kubitscheck pretendeu acelerar o processo de
modernização brasileiro, completando seu parque industrial com a criação de produtoras
de máquinas e equipamentos, de infra-estrutura de transporte e energia, além da
produção de bens de consumo duráveis. A partir desses investimentos, a economia
brasileira desenvolveria uma dinâmica típica de economias industrializadas.
• O Plano de Metas reelaborou e aprofundou as relações entre Estado e economia pelas
tendências combinadas das:
- Exigências estabelecidas pelas relações de Interdependência e complementaridade
inerentes à estrutura econômica brasileira da época;
- Exigências estabelecidas pela reprodução capitalista mundial, que então vivia um
processo de internacionalização do capital.
Plano de Metas: Objetivava rever toda a estrutura industrial brasileira e alterar o status
brasileiro na economia global. O crescimento da industrialização brasileira se deu através
do crescimento da participação dos setores intermediários e de bens de capital, e não
mais no setor de bens de consumo (metas de industrialização pesada).
• Era constituído de 30 metas, organizadas em: Energia, Transportes, Alimentação,
Educação e Indústrias de base (aço, alumínio, metais, papel, celulose, maquinaria
pesada, equipamento elétrico, construção naval, veículos motorizados).
- Foram concedidos mais investimento em bens de capital e intermediários (máquinas e
equipamentos), duráveis (como automóveis e eletrodomésticos).
Brasília, a meta-síntese (31ª meta): A construção de Brasília e a criação da indústria
automobilística se transformaram no símbolo do "novo Brasil" que JK fez emergir. A
implantação da indústria automobilística foi crucial no âmbito do plano de metas, devido
sua capacidade de estimular outros setores da economia.
- Manifestou da criação de um novo país, moderno e industrial.
• Ampliação da fronteira econômica em direção à fronteira geográ ca: Início da
incorporação das regiões Centro-Oeste e Norte à economia nacional.
Criação do novo Distrito Federal: Estratégia geopolítica de a rmação da posse sobre o
território, com possibilidade de apropriação desse espaço para novos usos e abertura de
novas oportunidades de negócios (criação de cidades, mercantilização da terra com
introdução de novas culturas agrícolas, como foi o caso da soja, entre outras).
• Prós: Importância do início da ocupação do interior do Brasil, ampliando-se o espaço
geoeconômico nacional mediante a ocupação da fronteira econômica do país (regiões
Centro-Oeste e Norte).
• Contras: Construção cara que contribuiu para a aceleração do processo in acionário.
- Transporte de material de construção por via aérea, dada a inexistência de malha
rodoviária, grande desperdício de recursos públicos em face dos investimentos
realizados para implementação do Plano de Metas.
Introdução da indústria automobilística pelas liais das montadoras de automóveis
européias e norte-americanas
• Movimento de expansão das corporações internacionais e o Brasil estava receptivo.
fl
fi
fi
fi
fl
• O crescimento do setor automobilístico trouxe um efeito multiplicador do emprego,
favorecendo a economia paulista (favorecendo os desequilíbrios regionais no país).
Os instrumentos de Política econômica que viabilizaram o plano de metas:
Principal instrumento para a realização do plano de metas foi a:
- Manipulação do câmbio (taxas múltiplas)
- Reserva de mercado
- Intensi cação do processo de internacionalização da economia brasileira
1) A política cambial: A manipulação da taxa de cambio era o principal instrumento de
política econômica com que contava o governo.
• Ex: O aumento da taxa de câmbio manteve o equilíbrio da renda dos exportadores de
café, mantendo o nível de emprego, mas tornou mais caras as importações, o que
bene ciou a indústria que então emergia no cenário econômico nacional.
Sistema de câmbio múltiplo: Consistia em estabelecer diferentes taxas de câmbio para
exportações e importações, além de taxas diferentes também entre as importações,
segundo o grau de essencialidade do produto importado. Visava estimular a importação
de bens e a transferência de tecnologias.
• Existiam 5 categorias de grau de essencialidade do bem.
• Hoje, existe apenas uma taxa de câmbio para todas as operações de câmbio.
Con sco Cambial: Transferência de renda de exportadores de café para importadores de
bens essenciais à industrialização. Os cafeicultores contribuíam muito para as
exportações brasileiras e recebiam um valor menor pelas divisas que recebiam de suas
vendas ao exterior. O governo se apropriava do valor que eles deixavam de receber e o
transferia aos Importadores de bens mais essenciais.
2) Os fundos compulsórios setoriais: Financiou a participação direta do Estado, que si
nanciou os investimentos em energia e transportes.
Poupança forçada: Estratégia de nanciamento de política de gasto governamental
(política scal) por meio da emissão de moeda num ritmo superior ao do crescimento do
PIB. O desequilíbrio entre emissão e demanda por moeda gera desvalorização monetária
(in ação) no momento em que a moeda emitida pelo governo começa a circular entre os
agentes econômicos.
- A diferença entre o valor da moeda no momento que o governo a emite e o valor, mais
baixo, quando passa a ser utilizada pela população é a poupança forçada. Isto foi um
valor que se perdeu rapidamente com a in ação, mas que permitiu que o governo
arrecadasse mais e, assim, aumentasse seus gastos.
O SUMOC e o capital estrangeiro: Esse instrumento permitia que empresas
estrangeiras pudessem realizar no país investimentos sem cobertura cambial. O SUMOC
desestimulou a importação de itens considerados não essenciais para a industrialização
substitutiva de importações.
• O governo concedia essas licenças de importação para conjuntos de equipamentos ou
para equipamentos destinados à complementação ou aperfeiçoamento de conjuntos já
existentes.
Reforma no sistema cambial: Redução de cinco para apenas duas categorias de
importações submetidas aos leilões cambiais.
- Categoria Geral: Inclui as matérias-primas, os equipamentos e os bens genéricos que
não contassem com su ciente suprimento interno.
- Categoria Especial: Inclui os bens de consumo restrito e os bens cujo suprimento fosse
satisfeito pelo mercado interno.
• Instituiu a proibição de importar produtos com similares produzidos nacionalmente
dando um forte estímulo para o produtor interno ("reserva de mercado") que não tinha
mais concorrências (Acelerou o processo de substituição de bens de capital).
Plano de Metas também ajudou o setor privado com:
• A citada reserva de mercado.
fi
fl
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fl
• Créditos concedidos pelo BNDE e Banco do Brasil, o suprimento de recursos de longo
prazo a juros baixos;
• Os avais concedidos pelo BNDE para contratação de empréstimos no exterior.
Peças da política econômica - Plano de Metas:
• Tratamento preferencial para o capital estrangeiro.
• Financiamento dos gastos públicos e provados através da expansão dos meios de
pagamento e do crédito bancário, respectivamente, tendo como consequência fortes
pressões in acionárias.
• Ampliação da participação do setor público na forma de capital.
• Estímulo à iniciativa privada.
- O plano de metas não foi e caz no combate à in ação.
- O Estado Desenvolvimentista surge da compreensão de que a intervenção estatal
assumiria papel chave na superação do subdesenvolvimento.
O estilo do desenvolvimentismo de JK: O nacionalismo econômico se revelou uma
manifestação da ideia de desenvolvimento, industrialização e independência face aos
interesses dos países dominantes.
• Os momentos de desenvolvimento econômico pelos quais passou o Brasil ocorreram
como re exo do funcionamento e das utuações do capitalismo mundial;
- Os surtos de desenvolvimento econômico estavam sempre relacionados às rupturas
provocadas pelas crises do capitalismo mundial;
- As épocas de transformação do sistema econômico e político estavam associadas a
nacionalização de decisões sobre as políticas econômicas.
Internacionalização da Indústria na economia brasileira: A solução estatal não foi
su ciente para sustentar os novos investimentos associados à industrialização, muito por
incapacidade nanceira do governo. Na impossibilidade de realizar uma reforma tributária
que ampliasse as condições nanceiras do Estado, o presidente JK considerou que o
auxílio do capital estrangeiro era o mecanismo capaz de garantir a realização dos
investimentos de seu Plano de Metas.
• O capital estrangeiro passou a controlar as empresas do setor mais dinâmico da
economia brasileira: o setor produtor de bens de consumo duráveis. Ex: indústria
automobilística.
- Movimento expansivo das grandes corporações internacionais, que estavam
interessadas em disputar novos mercados.
- Estímulos oferecidos pelo governo JK (investimentos sem cobertura cambial e reserva
nas economias de mercado).
• O surto de industrialização criou uma base de sustentação da economia brasileira
constituída pelo tripé empresa pública + empresa privada nacional + empresa
estrangeira ("desenvolvimento dependente associado"). Com o plano de metas, a
economia passou a ter uma dinâmica produtiva semelhante àquela encontrada nas
economias centrais (importância de bens duráveis).
- Empresas públicas: Responsável pelas áreas de infra-estrutura (energia, siderurgia),
nas quais a relação capital/produto é elevada e onde a taxa de lucro é baixa,
constituindo-se em investimentos necessários para o aprofundamento da
Industrialização.
- Empresas privadas nacionais: Responsáveis pelas áreas de bens de capital,
construção civil e bancos.
- Empresas estrangeiras: Responsáveis pelos setores tecnologicamente mais modernos
e também mais lucrativos, representados pelo setor de bens duráveis de consumo.
• A Industrialização ampliou signi cativamente o mercado de trabalho no país, g
promoveu intensa migração da população brasileira no sentido rural-urbano, mas não
foi capaz de enfrentar o crescimento da pobreza, alimentando, ao mesmo tempo, o
aumento das desigualdades sociais e regionais no Brasil.
fi
fl
fl
fi
fi
fi
fi
fl
fl
AULA 12: Década de 1960: Debate acerca da estagnação econômica
- De 1961 a 1963 houve uma forte queda do percentual do PIB de 8,6 para 0,6%.
- A economia brasileira apresentava uma estrutura técnico-produtiva que inviabilizava o
crescimento futuro, determinando uma clara tendência à estagnação. Para supera-la,
seriam necessárias mudanças estruturais radicais. A CEPAL anunciava a tendência a
estagnação pela recorrente concentração de renda e do baixo dinamismo do mercado
consumidor.
A ideia de Heterogeneidade (diferença) estrutural e suas consequências:
Heterogeneidade estrutural: Forte concentração de renda e de propriedade, deixando
uma grande parte populacional à margem do processo de crescimento econômico.
• O subdesenvolvimento é marcado por um enorme desemprego estrutural e pela criação
de mercados informais, caracterizados por subemprego da mão-de-obra.
Consequências da estrutura concentrada e excludente:
• Manutenção da taxa salarial em níveis muito reduzidos dada a signi cativa oferta
potencial de mão-de-obra em um contexto de pouca absorção de trabalhadores.
• Poucos trabalhadores formais, ganhando pouco, muito desemprego e subemprego.
• Mercado consumidor cresce lentamente tendendo a estagnação.
A tendência à estagnação: Plano de Metas contribuiu, pois criou um per l de oferta
industrial de grande concentração de capitais e na produção dos bens de alto valor.
• Esse padrão de investimentos implica menor demanda por mão-de-obra e, com
salários estáveis (ou estagnados), a massa salarial (total de salários pagos na
economia) é reduzida, determinando um crescimento lento do mercado consumidor.
• Preços não diminuem (mesmo podendo, pelo aumento da produtividade). As decisões
de investimento são tomadas em função do lucro esperado pelo empresário.
• Precárias condições de nanciamento de bens de capital.
• Tendência ao baixo crescimento da economia.
Além da estagnação: Discussão sobre o estilo do desenvolvimento recente no
Brasil
• No início dos anos 70, o Brasil já apresentava taxas recordes de crescimento
econômico (o chamado milagre econômico).
• O crescimento, ainda que em um contexto perverso, não dependia de reformas
estruturais que melhorassem a distribuição de renda do País.
• A concentração de renda "criou" um mercado consumidor adequado para os produtos
que compunham os setores dinâmicos da economia, como automóveis e
eletrodomésticos.
- A renda mais concentrada de ne um subgrupo da população apto a essa compra, ou
seja, permite a adequação do per l de demanda ao per l de oferta resultante do Plano
de Metas.
- Uma pequena parcela da população participa desse setor mais moderno, e um grande
contingente é excluído, piorando sistematicamente a distribuição da renda.

AULA 13: Reformas monetária e nanceira de 1964


Cruciais para garantir maior funcionalidade aos bancos para a gestão da política
monetária e creditícia. Ganhou maior capacidade de utilizar instrumentos de
nanciamento das atividades econômicas.
• 60 foi marcada por uma queda na economia brasileira e aumento in acionário.
• Para combater a in ação e criar um ambiente favorável à expansão dos investimentos
e da acumulação de capital, foram:
- Criados planos de estabilização do processo in acionário.
- De nidos uma nova con guração monetário- nanceira para a economia brasileira.
fi
fi
fl
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fl
fi
fl
fi
fi
Plano Trienal (1962): Caracterizou-se pela adoção de medidas ortodoxas de combate à
in ação, o que potencializou ainda mais a recessão brasileira. O plano foi abandonado em
63 em função do acirramento da crise política que levaria ao Golpe Militar de 1964.
Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG): Programa implementado após o golpe
militar para combater a in ação e oferecer um amplo conjunto de reformas de fundo
nanceiro e monetário a m de criar uma estrutura adequada às necessidades da nova
con guração dos investimentos (mais pesados e carentes de linhas de nanciamento
mais sólidas) e do consumo (sobretudo de bens duráveis de consumo). Houve forte
concentração de renda que levou à redução da taxa de in ação.
As reformas monetária e nanceira: A solução proposta foi a correção monetária,
mesmo que um objetivo da política econômica fosse a redução dos índices de in ação.
- Principal determinante da reforma: Necessidade de construir uma institucionalidade
mais adequada às novas condições de acumulação de capital (pelo grande avanço da
indústria).
Objetivo: Era necessário dada a incapacidade da economia brasileira de funcionar com
taxas crescentes de in ação sem haver garantia de valorização real dos ativos nanceiro.
• Com a alta in ação, era impossível garantir uma remuneração real para os detentores
de títulos, ainda mais com os limites impostos pela Lei da Usura (Limitava a cobrança
de juros nominais a 12% ao ano para qualquer atividade de crédito no Brasil) e da Lei
do Inquilinato.
• A correção monetária seria a forma mais rápida e segura de permitir ganhos reais
positivos, abrindo espaço para uma ampliação dos negócios com títulos da dívida
pública.
A instituição da correção monetária: Desenvolvidos mecanismos e instituições que
permitiriam uma maior capacidade de controle da política monetária.
• Introdução das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), buscando
garantir a existência de juros reais positivos. Os títulos seriam remunerados por uma
taxa nominal de juros acrescida da variação do índice de preços. Com isso, haveria
maior estímulo para as aquisições dos títulos da dívida interna, aspecto fundamental
para a condução da política monetária.
• Dívida interna: Principal forma de nanciamento do governo. É constituída pela venda
de títulos do Tesouro Nacional, formando uma carteira especializada de relacionamento
com instituições nanceiras autorizadas. A formação dessa carteira cria um mercado
especí co (direto e e ciente) de compra e venda dos títulos e assim o governo passa a
dispor de um mecanismo importante de controle parcial da oferta de moeda, pois
quando vende títulos tira a moeda de circulação.
Mudanças institucionais introduzidas:
a) Criação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central do Brasil (Bacen),
visando à con guração de uma política monetária mais articulada e de nida de maneira
mais independente;
• BACEN: Processo de reordenamento nanceiro governamental, transferindo as
funções de autoridade monetária para o Bacen. Antes esse papel era desempenhado
pela Superintendência da moeda e do Crédito (Sumoc), pelo BB e pelo Tesouro
Nacional (Antigo emissor de papel-moeda).
b) Criação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Banco Nacional da Habitação,
o que constituía uma tentativa de reduzir o dé cit habitacional brasileiro e as de ciências
na infra-estrutura de saneamento. A ideia central era dotar o sistema de linhas contínuas
de nanciamento - O BNH seria, nesse caso, o banco dos bancos do sistema criado,
garantindo liquidez e regulando seu funcionamento. As fontes principais de recursos eram
as cadernetas de poupança e as letras imobiliárias, além do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS);
fi
fl
fi
fi
fi
fl
fi
fi
fi
fl
fi
fl
fi
fi
fi
fi
fl
fi
fi
fi
fl
fi
c) Reforma do mercado de capitais, baseado no modelo norte-americano, caracterizado
pela especialização das instituições nanceiras, com destaque para a divisão das
atividades de operação no mercado, além de nanciamento entre os bancos comerciais,
nanceiras, bancos de investimento e bancos de desenvolvimento.
Resultados esperados:
Expectativa: Constituição de um ambiente econômico favorável ao processo de
acumulação de capital.
• Ter maior controle das operações monetárias (Criação do Bacen).
• Garantir melhor organização das funções de autoridade monetária, antes dividida entre
a Sumo e o Banco do Brasil, através da criação do Banco Central.
• Garantir uma maior capacidade de transferência de recursos entre os agentes
econômicos, com participação central das instituições nanceiras.
• Ampliar as oportunidades de investimento e do crescimento econômico, por exemplo
com a constituição do Sistema Financeiro da Habitação.
Reforma nanceira intensi cou as relações nanceiras na economia brasileira:
Com a criação de instituições nanceiras especializadas, assumia-se que as relações
nanceiras poderiam encontrar um ambiente institucional mais transparente, facilitando as
almejadas transferências de recursos.
Principais medidas da reforma monetária e nanceira:
- Mudança da moeda.
- Criação da correção monetária (permitiu a operacionalidade do open market como
mecanismo central de política monetária).
- Especialização das instituições nanceiras.
- Lei do Mercado de Capitais.
- Criação do Banco Central

AULA 14: Brasil, 1930 a 1964: Impactos da industrialização na urbanização e


transformações sociais, políticas e econômicas
- Revolução de 30: Divisor de águas econômico e social.
- 40: Economia brasileira tornou-se cada vez mais dependente da circulação interna da
riqueza (Mudança do eixo dinâmico da agroexportação para a produção industrial
voltada para o consumo interno).
- Alteração do per l demográ co e ocupação regional pela migração em direção aos
centros urbanos (por causa da industrialização).
Industrialização e Migração rural-urbana no Brasil (1940-1970):
Apesar do grande crescimento da indústria a partir do primeiro governo Vargas, a
estrutura de exportações não foi alterada substancialmente até o nal dos anos 70.
• Grande aumento populacional em São Paulo:
- O processo de industrialização no Brasil foi provocado pela desestruturação da
economia rural (produção de bens alimentares voltada ao mercado externo).
- Com a crise de 29 reduziu-se a participação do café na renda do país.
- A partir da revolução de 30, aumentou a intervenção estatal da economia, com
incentivos à indústria nacional.
- Os migrantes abandonavam as áreas onde predominavam as atividades primárias e se
estabeleciam nas áreas mais urbanizadas e industrializadas, onde havia mais
oportunidades de trabalho (onde estavam as indústrias e o comércio se desenvolvia).
• Grande aumento populacional na região Centro-Oeste:
- Crescimento relacionado à decisão de transferir o Distrito Federal do Rio de Janeiro
para Brasília.
- Construção da rodovia Belém-Brasília. Estrada que permitia acesso a regiões que eram
consideradas Fronteiras Econômicas pela baixa densidade demográ ca (população
dedicava-se às atividades econômicas de subsistência).
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
O PIB brasileiro deixou de se basear na agricultura:
• Com a industrialização, a economia brasileira passou a ter taxas de crescimento mais
elevadas. O crescimento do PIB per capita é ainda mais signi cativo, dado que a taxa
de crescimento demográ co também aumentou.
- PIB: Produto Interno Bruto per capita - Estatística criada para ter uma ideia de quanto
ganharia cada trabalhador em determinado país ou região (porém no Brasil a
concentração de renda é uma das maiores).
• O início da industrialização brasileira foi marcado pela espontaneidade, o que levou à
implantação, na economia nacional, dos setores tecnologicamente mais simples e de
investimento inicial baixo, como são os casos das indústrias alimentícia e de bebidas.
• A partir de 30, a crescente intervenção do Estado no domínio econômico levou ao
aprofundamento desse processo de industrialização. Houve introdução de setores
industriais de tecnologia mais complexa e dependentes de crédito (valores maiores dos
investimentos).
- Diminuição da participação dos bens de consumo não-duráveis na estrutura industrial.
- Aumento dos bens intermediários, dos bens de consumo duráveis e os bens de capital.
Variação do PIB Industrial: Variou com o aumento ou o declínio da participação na
população brasileira diretamente relacionado aos uxos migratórios.
Trabalhadores urbanos: Importantes atores políticos no Brasil que se
industrializava
• A expansão industrial ampliou a classe trabalhadora urbana, resultando em uma
reforma da representação política (Importância política crescente).
• De 1930 em diante, cresceu a representatividade dos trabalhadores urbanos, somente
contida com o golpe militar de 1964.
• O regime militar (1964-1985) reformou a estrutura econômica estruturando um modelo
de desenvolvimento industrial voltado para o mercado interno, mas houve maior
preocupação com a legitimidade do regime político, com avanços nos direitos
previdenciários e nos setores de educação e saúde (melhor qualidade de vida).
- Política Nacional de Habitação.
- Criação do Banco Nacional da Habitação (BNH): agente nanceiro responsável pelo
nanciamento da moradia popular. Preocupação em planejar o crescimento das
cidades.
Industrialização X Pobreza
- Nos anos 60 o Brasil já era uma economia industrialmente madura.
- Nesse período tornaram-se ainda mais graves as disparidades de renda interpessoal e
inter-regional no país. A modernização provocou o maior empobrecimento, passou a
concentrar-se nas cidades (urbanização) e car mais visível (mais concentrada
espacialmente).
- Atingiram altos níveis de desemprego, intensi cação da violência urbana e problemas
de infra-estrutura urbana (habitação, saneamento e malha viária intra-urbana).
fi
fi
fi
fi
fl
fi
fi

Você também pode gostar