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BRASIL COLÔNIA

Por: Carlos Guilherme Dornela Gonçalves


HISTÓRIA DA COLÔNIA
PRÉ-COLÔNIA

Desde o século XII o Estado Nacional português começou a se desenvolver. A expansão territorial se
deu porque:

- A pressão demográfica, incentivou-se a busca por novas terras e riquezas; Comentado [CG1]: Portugal já estava muito ocupado e
- A busca de uma rota alternativa para comércio com o Oriente, que por terra era monopólio tem um território pequeno.
dos árabes, estimulou a criação de campanhas de exploração naval;
- As políticas mercantilistas possibilitaram a exploração por comando e financiamento estatal;
- A nobreza queria aumentar seu poder e posse de terras, o que significou uma expansão da
burocracia portuguesa.

Estágios da expansão:

1. Projeção de feitorias na zona costeira africana


2. Contorno do continente africano e chegada ao Oriente
3. Chegada à América Portuguesa

*A Ilha da Madeira (noroeste atlântico da África) serviu de laboratório português para a produção de
bens coloniais (mineração e agroexportador) e para a formação de estruturas administrativas que,
posteriormente, foram copiadas para o Brasil.

Mesmo quando conquistou a América Portuguesa, a Coroa não se dispôs de imediato a fazer grandes
investimentos aqui, já que o comércio com o Oriente e a costa africana eram mais rentáveis. Portanto,
deixaram para o Brasil apenas feitorias que extraíam matérias-primas do litoral

Características do mercantilismo português:

- Monopólio de comércio com a colônia e controle da oferta (pressupõe participação militar)


- Priorização de certas estruturas na colônia
- Busca por bens de valor agregado: metais e conspícuos (açúcar, especiarias, etc.)

Estrutura colonial:

- Pilhagem
- Comércio/escambo (inclusive de escravos)
- *Produção de bens coloniais: extração mineral e produção agrícola Comentado [CG2]: Fator decisivo para caracterizar como
colônia.

COLÔNIA

A crise da pimenta e outras especiarias no Oriente fez com que Portugal desse atenção para a América
Portuguesa numa tentativa de obter riquezas por aqui.

A Coroa implantou um sistema de capitanias hereditárias (apossadas por capitães donatários - fidalgos
da baixa nobreza) e governos gerais para a centralização do poder e desenvolvimento.
Os capitães que recebiam a concessão das terras tinham obrigações: poder jurídico e administrativo,
divisão das sesmarias para povoamento do interior e produção, comando da produção agrícola
(algodão, açúcar e tabaco), prisão e venda de indígenas, fiscalização do comércio.

Pouco após o estabelecimento das capitanias, poucas foram as que sucederam: apenas Nova Lusitana
(Pernambuco) e São Vicente (São Paulo). A grande maioria estava ameaçada por má administração,
revoltas indígenas e invasões francesas.

Para retomar o controle, Portugal centralizou a administração do Brasil na figura de Tomé de Souza
(1549-1553), que dentre as atribuições combateu e exterminou muitos indígenas para dar exemplo
aos outros. Tomé tinha maior poder administrativo e fundou a primeira vila com caráter municipal
(administração estatal), que contava com colégios (ensino) e estruturas jurídicas. As câmaras
municipais tinham prerrogativas administrativas ilimitadas e eram a base do controle administrativo
português no Brasil, comandando construções, comércios e legislações.

Nesse período, os holandeses haviam financiado a produção de açúcar no Brasil até que, com a União
Ibérica (1580-1640), o comando da Coroa Portuguesa por parte de um rei espanhol, inimigo dos
holandeses, culminou da expulsão armada dos holandeses. Foi também durante a União que o
Tratado de Tordesilhas parou de ser seguido na prática, possibilitando uma expansão da América
Portuguesa para o oeste.

Com o fim da União Ibérica, Portugal não tinha forças militares para defender a América sozinho e,
por isso, aliou-se à Inglaterra por meio de benefícios comerciais durante os séculos XVII, XVIII e XIX às
custas de uma balança comercial desfavorável para Portugal e gerou um alto fluxo de ouro para a
Inglaterra.

Em meados do século XVIII (1750), o Tratado de Madri é assinado, permitindo oficialmente a expansão
portuguesa para o oeste da América. Nesse mesmo período, inicia-se a Era Pombalina com a morte
do rei João V e a ascensão de José I que escolheu o Marquês de Pombal como seu secretário de Estado.

Essa Era foi caracterizada por modernização. Num contexto de transição do feudalismo para o
capitalismo, Pombal era um déspota esclarecido (um absolutista com ideias liberais) que comandava
com duas correntes a priori contraditórias: o mercantilismo e o iluminismo. As capitanias hereditárias,
exceto São Vicente, são findadas e a sede do governo passa para o RJ. As ideias liberais, as motivações
econômicas, e a crescente rejeição ao domínio católico, fizeram com que Pombal rompesse o conflito
entre colonos e jesuítas ao expulsar o segundo grupo numa tentativa de laicização e assumir a tutela
indígena, proibindo sua escravização.

Com o fim do governo de Pombal em 1777, restou o último período até o fim da colônia em 1808, que
coincidiu com o período de maior expansão territorial para produção agrícola. As pressões dos
conflitos franceses na Europa estreitaram a aliança Portugal-Inglaterra e possibilitou os ingleses
comerciarem diretamente com a colônia em detrimento do monopólio da Coroa. A independência
dos EUA em 1776, a revolta dos escravos de 1791 em Saint Domingue (que culminou na independência
do Haiti em 1800) e a Revolução Francesa de 1789 (também influenciada pelo Iluminismo)
influenciaram o Brasil e promoveram revoltas liberais e separatistas como a Inconfidência Mineira
(1788-89) em Ouro Preto e a Revolta dos Alfaiates (1798) na Bahia.

*Apesar desses acontecimentos, as ideias libertárias estavam longe de serem o mais comum, o
conservadorismo e o catolicismo ainda representavam a maior força na sociedade colonial.
FIM DA COLÔNIA

Com a vinda da Coroa em 1808, o Brasil deixa o status de colônia. Ocorre a Abertura dos Portos para
a comercialização com o resto do mundo, mas os privilégios alfandegários ingleses e portugueses são
mantidos. Por motivações econômicas, os ingleses pressionam pelo fim da escravidão e avanços
começam a ser feitos até a efetiva abolição da escravidão em 1888.

Com a realeza portuguesa no Brasil, inicia-se a modernização da capital, Rio de Janeiro, com a
formação de um forte aparelho estatal e corpo diplomático (ministérios, secretarias, tribunais,
repartições públicas, Conselho de Estado, e outro de Fazenda). Também surge a primeira instituição
de ensino superior e várias outras obras marcantes como a escola de artilharia, a Biblioteca Real, a
Impressão Régia, a Academia (que deu origem à Escola de Belas-Artes). Acontece também o fim da
proibição da criação de manufaturas e fábricas no Brasil e surgem incentivos fiscais e alfandegários à
instalação de fábricas.

Em 1815, o Brasil é promovido a Reino Unido ao de Portugal e Algarve. Em 1818, a Rainha Maria morre
e o príncipe-regente foi aclamado rei João VI. Em 1820, acontece a Revolução Constitucionalista em
Porto que repercutiu no Brasil e incentivou um processo político que acabaria por levar à
independência brasileira em 1822.

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ECONOMIA DA COLÔNIA
*Em momento algum da colônia o Brasil foi abastecido por mercados externos (senão por insumos
como mão de obra escrava e bens não substituíveis), porque Portugal mal conseguia produzir para
sua própria população, e o comércio com outros países não era permitido.

*Recôncavo baiano é a região agrícola mais importante em todo o período colonial (algodão, tabaco
e açúcar), ajudado pela presença de portos e por abrigar a maior cidade por muito tempo (Salvador).

ECONOMIA DO AÇÚCAR

Setor econômico com maior importância, em média, durante toda a colônia.

Os espaços agro manufatureiros/canavieiros mais importantes ficavam no Nordeste.

Os bens produzidos eram:

- Açúcar branco;
- Açúcar mascavo;
- Rapadura;
- Destilados (água ardente);
- Caldo da cana;
- Melado.

A produção era tanto para o mercado interno (menos significante) quanto para exportação
(proeminente).

• Nordeste
Zona da Mata / Mata Atlântica (zona costeira)

- Relativamente mais urbanizado;


- Maior presença de agricultura canavieira e tabaco;
- Há em menor quantidade produção de subsistência de mandioca, farinha, milho, feijão;
- Predomina trabalho escravo;

Zona de transição / Agreste

- Algodão e outros produtos de autoabastecimento;


- Pecuária;
- Menos trabalho escravo, mais livre;
- Equilíbrio de mercado interno e externo;

Sertão / Semiárido

- Maior produção pecuária extensiva/sertaneja;


- Largamente trabalho livre;
- Quase nada de centros urbanos.

Características da unidade produtiva (plantation)

- Latifúndio;
- Trabalho escravo;
- Monocultura (não absoluta);
- Exportação;
- Hegemonia (comando português sobre capital) = maior parte do lucro remetido para a
Metrópole.

O engenho era uma unidade de produção agrícola e manufatureira, dado que a cana precisa passar
pelo processo de transformação logo depois da colheita.

A experiência portuguesa com a cana

Originária do extremo oriente e difundida pelo mediterrâneo e África, Portugal faz experimentos
econômicos com a planta em áreas de domínio como a ilha da Madeira no norte atlântico africano.

Com o sucesso da experiência, Portugal passa a produção para o Brasil.

- Base técnica constantemente aprimorada;


- Açúcar era um bem conspícuo na Europa e continua assim até a 2ª metade do séc. XIX.

Periodização da economia açucareira

Como o açúcar era o principal bem da pauta de exportações brasileiras, as flutuações de preços do
produto marcam os períodos da economia brasileira colonial.

 1550-1650:
Maior expansão, implantação, incentivos estatais, monopólio. No fim do período os holandeses
ocupam as áreas de produção do açúcar.

 1650-1690:

Com a expulsão dos holandeses após as guerras de reconquista, eles decidem começar a produção de Comentado [CG3]: Destruição de engenhos.
açúcar em outras regiões do mundo, como as Antilhas, o que quebra o monopólio português e
aumenta a competitividade, reduzindo o preço do açúcar.

 1690-1710:

Aumento dos preços por conflitos internos na Europa.

 1710-1770:

Com o crescimento das economias de mineração, há uma maior demanda por escravos. Com isso, há Comentado [CG4]: Economias de mineração conseguiam
uma elevação dos custos de produção do açúcar e consequente estagnação do setor açucareiro. pagar mais por cada escravo porque a produção de minério
gera uma maior lucratividade por escravo.
A expansão da concorrência antilhana e a ineficácia das reformas pombalinas prejudicam o setor do
açúcar.

 1770-1820:

Expansão da produção para o RJ e SP, viabilizado pela estrada que transpõe o mar de morros. Essa
expansão é favorecida pela crise da atividade mineira.

“Renascimento Agrícola” → relativo às atividades de mercado externo. Também há aumento da


produção de algodão graças à Rev. Industrial

Transição do trabalho indígena para africano

- Fim do escambo
- Encarecimento do custo
- Epidemias
- Dificuldade de adaptação
- Oposição jesuítica
- Facilidade do controle da Coroa sobre o comércio de africanos
- Rentabilidade do tráfico negreiro para os portugueses

ECONOMIA DO OURO

Com a crise do açúcar após a expulsão dos holandeses e consequente aumento da concorrência
internacional, a Coroa buscou alternativas comerciais, promovendo bandeiras até que os paulistas Comentado [CG5]: Expedições de exploração para
bandeirantes descobrem ouro em MG. A ocupação do estado mineiro, antes povoada por nativos, captura de indígenas e busca de metais preciosos.
promoveu a escravização, aculturação, migração e guerras de extermínio dos indígenas.

A economia do ouro possibilitou uma grande mobilidade social, tanto pelo comércio quanto pela
atividade mineira, para livres e escravos! Por isso, surgem correntes migratórias internas e externas
para a região de MG. Internas: São Paulo, Nordeste e Rio de Janeiro. Externas: Portugal e África
(escravos forçados). A Coroa tenta regular a migração de nordestinos e portugueses, já que ela se
tornou um revés à economia açucareira, promovendo a perda de trabalhadores agrícolas e o aumento
do preço de escravos.

*A economia do ouro significou a verdadeira implantação do Estado português no Brasil: necessidade


de maior controle, fiscalização e cobrança de impostos. Formam-se, assim, estruturas administrativas
mais novas e complexas (forte fiscalismo). Tais estruturas também servem para assegurar o
funcionamento das atividades de mineração, incluindo a regulação dos mercados de abastecimento
que tendem a aumentar os preços e monopolizar visando extrair maior lucro da lucrativa atividade
mineira. A estrutura tributária evolui de complexidade, sendo a cobrança do quinto e do imposto por
cabeça de escravo as mais relevantes taxações, mas também há a taxação sobre o comércio de
abastecimento.

• Minas Gerais
- Relevo acidentado e partes “campistas”
- Hidrografia capilarizada
- Vegetação serrana e mata atlântica
- Relativo isolamento que dificulta a integração de mineração e agricultura. Logo, Minas era
quase que exclusivamente focada na atividade mineira

Atividades condicionadas pelos fatores naturais: transportes caros

- Animais de carga, carros de tração e a pé


- Circulação fluvial: uso de barcos, as vezes dos próprios indígenas

Urbanização de Minas Gerais

O período entre XVIII-XIX é o de maior urbanização e adensamento populacional em Minas Gerais. A


atividade mineira foi responsável pela urbanização sem precedentes de MG com a descoberta de
campos auríferos no fim do séc. XVII que promoveu uma forte corrida/migração para a região.

Exclusivamente nas regiões de mineração, o urbano precedeu o rural. O rural segue o urbano na
formação de grandes redes de abastecimento para sustentabilidade das regiões urbanas:
mercados de abastecimento europeus, orientais, de escravos, do Nordeste...

A formação da economia do ouro estimulou a efetiva colonização do sul do Brasil, que se tornou o
principal fornecedor de animais para MG (animais de carga, tropas de muares).

O desenvolvimento da economia também estimula o desenvolvimento do mercado de crédito (para


grandes mineradores e crédito popular), e das elites mercantil, do transporte, agrícola e mineira.

Há o desenvolvimento das artes, e a maior presença de estudantes de mineradores que foram para
Coimbra e voltaram para MG.

Mineração do ouro

- Ouro aluvial: leito dos cursos d’água (pó e pequenas pepitas);


- Serviço de encosta: busca-se a rocha matriz pela destruição das formações rochosas (atividade
Comentado [CG6]: No séc. XVIII era pouco expressivo. Só
mais complexa); posteriormente, com o investimento do capital estrangeiro
- Ouro subterrâneo/de mina: acessado por escavação/mineração. (majoritariamente inglês), que novas técnicas de mineração
tornaram a atividade mais segura e expandiram a extração
de ouro.
A curva de produção é ascensional até 1750-1760, depois é decrescente. Em 1830, já no Brasil Império,
o investimento estrangeiro (inglês) promove o renascimento da economia do ouro.

Mineração de diamantes

*Diamantina é a região mais expressiva. A produção é monopólio régio.

- Regime de capitação;
- Contratos: concessão privada;
- Administração direta.

Periodização do processo de substituição de importações associadas ao abastecimento Comentado [CG7]: De início, MG importava todos os
bens de comércio. Mas progressivamente, com o
Fim séc. XVII: desenvolvimento da economia do ouro e das redes de
abastecimento, foi se tornando autossuficiente.
Não há restrições ao abastecimento e o incipiente povoamento requer provimento exclusivamente
externo.

1700-1725

Abastecimento externo vindo de todas as partes (Nordeste, Sul, Portugal, África - escravos)

1725-1750

Equilíbrio entre abastecimento externo e provimento interno; bens e serviços artesanais e agricultura.

1750-1775

Abastecimento interno > externo

1775-1800 (declínio aurífero)

Ápice da substituição de importações, só não substitui aquilo que não tinha como (escravos, sal, vinho,
bacalhau, pólvora).

Há uma inversão: Minas que começa a abastecer os outros locais porque a produção excede a
demanda interna.

ECONOMIA DO NORTE DA AMÉRICA PORTUGUESA

- Região Amazônica, Norte e Nordeste


- Presença quase que restrita às costas
- Na Amazônia: navegação fluvial, nada de estradas
- A interiorização da região Norte (macrorregião colonial) é feita pela pecuária extensiva.
- O sertão tem muitas adversidades: doenças, hostilidade (resistência de povos originários),
escassez de água e comida.
- Não há adensamento populacional (nem a formação de economias pecuárias);
- O Norte só é apossado pelos portugueses após o final da União Ibérica. Antes era ocupado
por espanhóis, franceses e holandeses. No início do séc. XVII, Portugal se consolida na região
e vai além do Tratado de Tordesilhas.
- O litoral é branco, negro, baseado na plantation. O interior é indígena ou baseado na pecuária
sertaneja (de extensão).
- Nos cursos de rios da Amazônia, é feita a economia de especiarias (drogas do sertão).

ECONOMIA DO TABACO

A produção do tabaco ganha espaço no Nordeste e no RJ. Baseia-se no plantation e não necessita de
tratamento após a colheita, como o açúcar. Mas o trabalho ainda assim era extensivo pois necessita-
se de cuidado especial na plantação.

Juntas ou contratos do tabaco eram as regulamentações da atividade. No início do séc. XVIII, já é uma
atividade expressiva. Há uma migração de fatores produtivos para a produção de tabaco que trazia
bons retornos, o que esvaziou a produção de alimentos internos (de abastecimento).

Vetores de comércio do tabaco

- BR → Oriente: tabaco e especiarias


- BR → África: tabaco e cachaça
- BR → Rio da Prata: mercados da América Espanhola
- BR → Mercado interno
- BR → Portugal

ECONOMIA DO ALGODÃO

Só no fim do séc. XVIII se torna um bem colonial e integra vários mercados. Durante a Guerra de
Independência dos EUA, que interrompe a produção de algodão desse grande produtor, a produção
no Brasil ganha vantagem com a janela de oportunidade.

As regiões de produção são o agreste do Nordeste e o noroeste de Minas Gerais (Jequitinhonha).

PECUÁRIA

- Exclusivamente de mercado interno (abastecimento); exportam só couro;


- Fornece força motriz (moimento de cana), carne e tração para carros;
- Uso extensivo de terra, mão de obra livre (poucos escravos), mão de obra indígena
livre/cooperação;
- Matrizes de produção e expansão: 3 no Nordeste, 1 no Sudeste, 1 no Sul;
- No sul de MG a pecuária não é só para corte, mas leiteira;
- No Sul, a carne de charque é a mais importante.

COLONOS X JESUÍTAS

Os colonos queriam explorar o trabalho indígena sem restrições, enquanto os jesuítas queriam
catequizar os índios e usar o trabalho para produção de açúcar (de forma cooperativa, não
escravizada).
A Coroa tem uma ação ambígua, ora favorável com jesuítas ora com colonos. No séc. XVIII, a questão
é resolvida pela expulsão dos jesuítas (tanto da América Portuguesa como da Espanhola) por
interesses dos reis contra a Igreja (lembrar da ascensão das ideias liberais na Europa).

MODELOS COLONIAIS

• Escola do Sentido da Colonização

Caio Prado

Funda a escola e influencia os outros pensadores.

- Entende o processo de colonização como parte da expansão do capital/economia europeia.


- Subordinação da colônia à Coroa pelo Pacto Colonial que forçava o fornecimento do
excedente para os europeus.
- Foca na estrutura da colônia: fortemente hierarquizada, majoritariamente agrária e
latifundiária (plantation), comandada pelo capital mercantil metropolitano e o trabalho
escravo era funcional.

Celso Furtado - Formação Econômica do Brasil

- Foca na adaptabilidade da colônia às mudanças cíclicas da economia.


- Havia uma flexibilidade de alocação dos fatores produtivos entre a produção de bens internos
e bens de exportação. Por exemplo, em crises de produção internacional, internalizaram-se a
produção dos bens.
- O mercado interno estava condicionado às flutuações do mercado externo (não havia
autonomia local), além de estar sujeito aos monopólios da Coroa.
- A produção para o mercado interno era dividida em mercantil (comércio) e camponesa
(subsistência), ambas predominavam o trabalho livre (o trabalho escravo era usado nas
plantations, produções de exportação).
- Oscilações na Europa refletem no BR

Fernando Antônio Novais – Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial

- Foca na centralidade do mercado externo dentro da dinâmica da Acumulação Primitiva de


Capitais (Pacto Colonial/Exclusivo Colonial).
- Salienta subordinação de Portugal à Inglaterra que promoveu grande fluxo de recursos para
esta, posicionando-o como semiperiferia. Expansão do capitalismo comercial.
- O mecanismo mais importante para Antônio é o Tráfico Internacional de Escravos que integra
mercados. O tráfico indígena era insuficiente, pois seria uma atividade apenas local/colonial.
O tráfico atlântico permitiu maior controle e ganhos da Coroa que intermediava as operações.

• Escola do Modo de Produção Escravista Colonial

Cardoso e Gorender

*Criticam a sobrevalorização que a Escola do Sentido da Colonização dá ao setor externo, e ressaltam


o grau significativo de autonomia da colônia.
- Expõe a divisão entre o trabalho negreiro em plantation e o trabalho negreiro camponês
(atividades autônomas concedidas ou conquistadas pelos escravos com seus senhores) o que
permitiu aos escravos um certo acúmulo e até a possibilidade de obter a liberdade.
- Foca na possibilidade de acumulação endógena, além da subsistência e reprodução
econômica.
- Fala da necessidade constante de fluxos de africanos para manter (substituir escravos) e
expandir o trabalho.

*Ambas as escolas concordam com

- A simetria entre níveis de exportação de commodities e importação de escravos.


- Flutuações nas exportações que impactam as importações.
- Tráfico controlado pela Coroa.

• Escola do Rio ou Antigo Regime dos Trópicos

João Fragoso e Manolo

- Focam no fato de a burguesia Portuguesa ter tentado enobrecer, indo contra o avanço
capitalista.
- No Brasil, acontece o mesmo, com comerciantes tentando se “afidalgar”.
- Isso prejudicou o desenvolvimento brasileiro, que por muito tempo resistiu aos avanços do
resto do mundo, permanecendo em relações tradicionais de trabalho (escravismo),
prejudicando o desenvolvimento industrial e beneficiando o desenvolvimento agrário
(conflito agrarismo x industrialismo).

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