O Governo Geral (1549) e a Cultura de Cana de Açúcar
A Coroa portuguesa resolver instalar o Governo Geral para auxiliar na
colonização e administração do território colonial. O Governador Geral era diretamente nomeado pelo Rei e era a autoridade máxima na Colônia. O primeiro Governador Geral chamava-se Tomé de Sousa e junto dele foram enviados de Portugal 120 funcionários da Coroa para auxiliá-lo. A primeira capital política brasileira instalou-se em Salvador/BA.
A) As Câmaras Municipais: Representavam localmente o poder metropolitano,
funcionando como uma espécie de prefeitura (cuidando de obras públicas, da organização das vilas etc). Somente participavam das Câmaras membros das elites locais (“homens bons”)
B) Instalação da Empresa de cana de açúcar: Desafio de Portugal de
transformar o território do Brasil em um produtor de riquezas para a metrópole. A instalação das lavouras de cana para a produção de açúcar surge da união de interesses do Estado Português em conjunto com as burguesias europeias, em especial os holandeses.
A empresa açucareira foi montada com base no tripé:
- Monocultura - Latifúndio -Trabalho escravo
DETALHANDO: A Economia e Sociedade Açucareira
A colonização do Brasil foi economicamente baseada no cultivo da cana-de-
açúcar. O açúcar, originário da Ásia, foi trazido para a Europa pelos árabes e pelos participantes das Cruzadas. Durante a Idade Média, o açúcar era considerado um bem de luxo e seu preço era, consequentemente, bastante alto.
Em razão de suas grandes navegações, Portugal povoou algumas ilhas do
Atlântico e iniciou, nas ilhas de Madeira, Açores e Cabo Verde, a cultura da cana-de- açúcar. Portugal tinha o objetivo de comercializar a cana em grande escala. Já no século XV, a produção de açúcar no arquipélago da Madeira tornara-se bastante lucrativa para Portugal e para seus sócios - os comerciantes e banqueiros de Flandres.
A experiência nessas ilhas levou os portugueses a tomar a decisão de criar uma
lavoura canavieira no Brasil. Existiam, porém, outras e mais importantes razões para os portugueses fazerem do açúcar o ponto-chave de sua colonização do Brasil. Uma dessas razões era o clima quente e úmido e o solo de massapé do litoral nordestino que era ideal para o plantio da cana-de-açúcar. Outra razão era que os portugueses estavam interessados apenas em cultivar um produto que fosse bastante consumido na Europa. O açúcar estava em grande demanda na Europa. Isso foi o fator decisivo que levou os portugueses a implantarem a cultura de cana-de-açúcar no Brasil.
A instalação das lavouras de cana para a produção de açúcar surge da união de
interesses do Estado Português em conjunto com as burguesias européias, em especial os holandeses. E essa lógica impôs a “plantation” como modo de produção típico das áreas periféricas submetidas aos ditames do antigo sistema colonial.
As características da plantation
Objetivo explorador - a produção colonial, voltada para os mercados europeus,
buscava complementar as economias metropolitanas e acelerar a acumulação primitiva de capital em mãos da burguesia mercantil europeia. Carência do mercado interno - a lógica mercantilista e os entraves jurídicos à pequena propriedade impediram o desenvolvimento da produção e do comércio internos. Produção latifundiária - como a meta básica da produção colonial era suprir a demanda externa, só interessava ao capital comercial a exploração agrícola em grande escala. Monocultura - as zonas produtoras coloniais dedicavam-se à elaboração de um só produto. Como o capital comercial se interessava, no Brasil, apenas pela venda de açúcar em grandes quantidades, os investimentos realizados na colônia não podiam fomentar, de maneira dispersiva, várias atividades agrícolas. Dessa forma, o mercantilismo, no início dos Tempos Modernos, criou uma verdadeira divisão mundial do trabalho, reservando a cada área periférica a exclusividade na produção de um determinado gênero. Produção em dois eixos - um eixo dinâmico gerador de renda – o exportador (no caso do Brasil, o açucareiro) – e um outro voltado à produção básica de subsistência (em nosso país, fundamentalmente a pecuária). Mão de obra escrava - a adoção do trabalho escravo impedia a formação de um mercado interno e, consequentemente, o surgimento de um setor da população colonial voltado para a produção de artigos de consumo estritamente local. Assim, o escravismo vedava a possibilidade de as rendas geradas pelo aparelho produtor periférico permanecerem na própria colônia. Impedindo o processo de acumulação de capital no interior das regiões coloniais, as burguesias metropolitanas asseguraram-se a exclusividade dos lucros. Além disso, também se optou pela implantação do escravismo negro na América, devido à existência do tráfico de africanos, empreendimento comercial de alta rentabilidade. Os setores da camada mercantil europeia, ligados ao comércio escravista, pressionavam para que se impusessem formas compulsórias de trabalho em todas as áreas coloniais: assim, eles continuariam desfrutando dos lucros exorbitantes proporcionados pelo tráfico negreiro. Os altos preços que o produtor colonial pagava pela “mercadoria” africana sangravam ainda mais os parcos capitais retidos na colônia, desviando-os para a Europa. O tráfico negreiro estava, assim, inserido na própria lógica do mercantilismo, que preconizava o fortalecimento das economias metropolitanas. Transferência de capital gerado pela produção para a esfera da circulação - durante o capitalismo mercantil, todo e qualquer sistema produtor, quer europeu, quer colonial, tinha função precípua de se inserir na órbita da circulação de mercadorias. Nessa fase inicial do capitalismo, a circulação comandava a produção. Funções tripartites - no Brasil colônia, o capital comercial holandês investiu na produção e cuidou da circulação; o latifúndio se especializou na produção açucareira e a Metrópole Lusitana se ocupou da administração, da tributação e, em termos econômicos, do tráfico negreiro, com relativo apoio flamengo. Sociedade colonial - basicamente bipolarizada: senhores de engenho e latifundiários, de um lado, e escravos, na base da sociedade. A lógica mercantilista de colonização praticamente excluiu camadas médias, que dependeriam da eventual existência de um mercado interno colonial.