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Resenha 2 – Grandes ciclos da economia colonial (açúcar e mineração)

Gabriel Pietro Siracusa

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A economia colonial caracterizou-se por dois principais complexos econômicos:


o açucareiro e o mineiro. Ambos apresentavam dinâmicas internas distintas, porém com
algumas similaridades, em particular seu papel na economia colonial: fornecimento de
produtos de alta procura internacional para a metrópole e ausência de desenvolvimento
interno autônomo (dependiam da procura externa para se desenvolver).

O complexo açucareiro foi introduzido no Brasil no século XVI, quando os


colonizadores portugueses trouxeram a cultura da cana-de-açúcar e a técnica de
produção de açúcar já testada nas ilhas do Atlântico. Estabelecida no Nordeste, em
particular na Bahia e em Pernambuco, a produção de açúcar rapidamente tornou-se a
principal atividade econômica da colônia. A atividade permitiu um incipiente
desenvolvimento urbano na região, mas permaneceu restrita à faixa litorânea – embora a
produção pecuária tenha permitido certa expansão para o sertão.

A produção de açúcar baseou-se na grande plantação e na utilização massiva do


trabalho escravo, resposta encontrada para lidar com a escassez de mão-de-obra. Os
engenhos de açúcar, unidade produtiva básica do complexo açucareiro, eram de
propriedade de grandes senhores de terra. O comércio era monopolizado pela Coroa
portuguesa, que controlava tanto a exportação do açúcar produzido na colônia quanto o
comércio de escravos africanos. A dinâmica do fluxo de renda era a seguinte: os
proprietários de terra tomavam empréstimos aos comerciantes de açúcar e importavam
equipamentos e escravos. O pagamento dos empréstimos e a aquisição de escravos e
equipamentos absorvia parte considerável das receitas do açúcar. A parte restante
constituía o lucro líquido do negócio, o qual era aplicado na importação de mercadorias
europeias ou na expansão dos negócios (o que significava aquisição de novos escravos e
equipamentos para o engenho). Nesse sentido, a maior parte da renda era direcionada
para o exterior e o dinheiro circulando no interior do território colonial era restrito.

A expansão da atividade econômica dependia fundamentalmente do dinamismo


externo da demanda por açúcar, ou seja, tratava-se de uma economia bastante
dependente do exterior. Quando da expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, os
quais instalaram um complexo açucareiro próprio nas Antilhas, o sistema brasileiro
entrou em declínio, dada a competição externa e a baixa dos preços.

O complexo mineiro, por sua vez, surgiu no século XVIII, quando foram
descobertas grandes reservas de ouro nas regiões de Minas Gerais e Goiás. A extração
de ouro tornou-se a principal atividade econômica da colônia e, embora sua base
também fosse o trabalho escravo, ela possibilitou uma estrutura demográfica diferente,
uma vez que o ouro de aluvião, por suas características intrínsecas, era mais barato para
explorar do que o açúcar, o que gerou ondas migratórias externas (particularmente de
portugueses) e internas (de outras regiões do país, como o nordeste, o sul e o sudeste).

A exploração do ouro gerou uma intensa atividade comercial, com a formação


de redes de transporte e comércio, o que permitiu unir diversas regiões do Brasil,
sobretudo a partir da demanda por alimentos e animais de transporte. Isso, porque a
elevada lucratividade do negócio fazia com que todos os recursos disponíveis na região
mineira fossem investidos na própria mineração. Essa concentração excessiva levava a
dificuldades de abastecimento, resultando na elevação dos preços de alimentos e gado
para transporte. A alta dos preços possibilitou a elevação da rentabilidade da atividade
pecuária já existente no sul do Brasil, o que possibilitou um ciclo de desenvolvimento
econômico e uma relativa articulação territorial.

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