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A ECONOMIA COLONIAL ENTRE FINS DO SÉCULO XVIII E INICIO DE XIX

BRASIL IMPÉRIO I- JONICE REIS PROCOPIO


ALUNO: ADRIEL MARTINS SILVA 4° PERÍODO DE HISTÓRIA

A economia colonial brasileira entre o fim do século XVIII e o início do século XIX passou
por várias transformações importantes. Durante esse período, o Brasil ainda era uma colônia de
Portugal e a economia estava voltada principalmente para a produção e exportação de produtos
agrícolas, com base na exploração de recursos naturais e na mão de obra escrava. Mas logo
região por região começaria a se desenvolver a partir dos seus recursos e geografia expandindo
assim de forma potencial o mercado interno Brasileiro terminando com a enfim colocação do
Brasil em um cenário mundial dominado pelo modo de produção capitalista.
O estatuto da colônia de Portugal era um conjunto de leis, regulamentos e políticas que
governavam a colônia no Brasil, estruturadas em torno dos interesses econômicos e políticos
da metrópole portuguesa. As chamadas ordenações que eram um conjunto de leis compiladas
em Portugal e que eram aplicadas na colônia e os Regimentos que eram os regulamentos criados
especificamente para governar a colônia do Brasil era os principais instrumentos legais que
governavam a colônia Brasileira. Mas mesmo com esse estatuto o Brasil ainda conseguiu criar
um mercado interno integrado que poderemos analisar olhando região por região, a começar da
zona meridional do Rio Grande do Sul, onde a economia se centrava na criação de gado e
muares que eram trocados por escravos, farinha e aguardente. De acordo com Corcino Santos
(1948) a produção girava em torno de 10 a 12 mil cabeças de gado vacum, 12 mil a 15 mil de
muares e 4 a 5 mil cavalos.
Em 1770 outro circuito de produção começaria a ser instalada, e em vez de utilizar rotas
terrestres essa utilizaria rotas marítimas, saindo do Rio Grande do Sul começaria uma
exportação de trigo, charque, couros, graxas, navios, sebos e velas. Em 1810 os principais
portos de exportação eram o do Rio de Janeiro e Salvador que passaram então a ser os principais
fornecedores na capitania de tecidos e escravos. Santa Catarina e Paraná viveriam algo
semelhante, a região do planalto de Santa Catarina se enquadrava no circuito tradicional, o
mesmo da zona meridional do Rio Grande do Sul, ou seja, produziam a mesma coisa, gado e
muares. Já a região litorânea de Floripa assim como no Rio Grande do Sul passou a utilizar
rotas marítimas para o mercado carioca na mesma época, mas tendo o óleo de baleia como seu
principal produto. No paraná a mesma semelhança na organização, com a diferença que a erva
mate era o principal produto.
Já na região de São Paulo apesar da grande mudança também acontecendo na economia
ela se deslocava de uma forma diferente. Apesar de em Sorocaba ser negociado mulas e gados
dos sulistas crescia também em paralelo a produção de açúcar com Itu (98 engenhos) e
Campinas (93) como suas principais cidades de produção. As mulas negociadas em Sorocaba
eram o principal transporte pelo qual se fazia o comercio interno no Brasil. Ao longo de todo
século XVIII os indicadores da economia interna da colônia cresceram sem parar de forma
segura. Os tropeiros e suas mulas chegaram a alcançar o extremo oeste do Brasil, no atual Mato
Grosso. As boiadas então tomaram total controle da transportação interna fazendo do Goiás
uma fortaleza de negócios tropeiros, mas com a dificuldade de manter a duração de uma mina
de ouro na região (por causa da deslocação de resíduos auríferos e a erosão sofrida no planalto
central) causaram um nomadismo constante entre os tropeiros que atrás das riquezas do ouro
não se firmavam em local algum, no meio desse deslocamento constante atrás dos mineradores
e da venda de produtos os tropeiros começariam uma serie de guerras com índios da região.
Com a decadência do ouro o Goiás se transformaria em uma zona pecuária ligada ao sul e ao
vale amazônico.
Sobre a região amazônica o circuito comercial utilizava transporte diferente dos
tropeiros. Por ser uma região com onde estima-se que haja mais de 1100 rios com mais de 100
km de extensão e 17 que são considerados rios principais o principal meio de transporte eram
incursões fluviais que negociavam com índios que saiam geralmente de Manaus ou Belém e
voltavam com os resultados das incursões para os portos de Belém no ponto extremo sul onde
os rios chegavam os navegadores fluviais negociavam com os tropeiros e assim integravam
toda a região oeste do Brasil.
Na região Nordeste, principal centro exportador do Brasil o comercio não era restringido
a negociações externas, o Maranhão por exemplo que faz fronteira com o vale amazônico viva
em função da exportação de algodão e arroz, mas a região sul e o interior do Piauí giravam suas
economias em torno do gado. Transportavam o gado pelo interior por uma serie de trilhas e no
Ceará essas trilhas eram desviadas para charqueadas que transportavam a carne pelo mar de
volta para Recife e Salvador. O circuito de produção nordeste sempre se convergia para Recife,
a produção de açúcar em Recife ainda era o maior negocio da região e da colônia, e os escravos
de Pernambuco mantinham tanto a produção da capital Recife quanto produções diversas do
interior do nordeste e do norte do país.
O vale do São Francisco era a principal ligação da Bahia (capital Salvador) a Minas
Gerais. Só no caminho haviam quatro regiões de mineração de ouro e duas de diamantes. E
além da negociação com mineradores na região do vale se criava gado e se cultivavam gêneros
que abasteciam Minas Gerais e Goiás, além da exportação de algodão produzida na região.
Além do Vale do São Francisco, Minas Gerais tinha uma das principais rotas terrestres do Brasil
que ligava o estado diretamente ao Rio de Janeiro, onde se transportava de Minas ao Rio para
exportação, tecido, fumo, produtos pecuários e agrícolas e vinha no sentido inverso dos portos
do Rio de Janeiro os mais diversos produtos importados e principalmente escravos. Por ser
relativamente longe do Mar e fazer fronteira com diversas regiões do Brasil, Minas Gerais
(mesmo após a queda do ouro) continuou sendo a maior economia regional Brasileira na virada
do século XIX, economia essa que praticamente só produzia para o mercado interno.
Depois de destrinchar as regiões Brasileiras, voltamos a olhar para os principais
mercados com ligação com a metrópole (Litorâneas), Salvador e Rio de Janeiro. A ligação que
faziam Recife e a cidade do Rio de Janeiro (capitais de seus respectivos estados) com o interior
do País era baseado no trafico de escravos, como vimos anteriormente. Mas o trabalho de
traficante de escravos era para poucas pessoas que tinham essas condições, já que nessa época
o traficante de escravos era mais rico até que os agricultores que exportavam produtos. Então
se criou nesses locais uma enorme concentração de riqueza em torno desses traficantes de
escravos. Que ainda por cima estavam presentes nos maiores polos de produção para
exportação. Ou seja, percebemos que havia uma certa organização de pirâmide no mercado
interno brasileiro e na burguesia comercial. Com tropeiros formando a base, atacadistas locais
como intermediários e os grandes traficantes de escravos no topo. E a soma dessas partes era
tão forte que fazia a economia metropolitana do império português parecer um simples apêndice
da economia colonial. Enquanto na via inversa o Brasil consumia 78,4% dos produtos enviados
por Portugal a todas as suas colônias e 59,1% dos produtos importados pelo reino. O Brasil
necessitava apenas de 15% da sua produção para suprir o mercado de exportação, usando assim
85% para o mercado interno. Oque criou no cenário econômico notáveis transformações
capitalistas e a criação de um Estado Nacional Brasileiro. Com a chegada de d.João em 1808 a
onda burguesa da colônia Brasileira que era até então desconhecida do mundo econômico ganha
forma física. Com a revolução do porto em 1820 os atores que formavam a “pirâmide” citada
anteriormente tornam-se construtores do Estado nacional Brasileiro e com a independência em
1822 dá inicio a construção da nação propriamente dita que inseriria o Brasil no mercado
mundial com formas e contornos plenamente capitalistas.

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