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ESTUDO DIRIGIDO HISTÓRIA MODERNA 1

ADRIEL MARTINS SILVA


CEZAR HENRIQUE PORTO QUEIROZ

Questão 1- Disserte sobre a emergência do estado absolutista no ocidente


destacando sua natureza, bem como suas principais estruturas

Resposta: O absolutismo foi essencialmente um aparelho de dominação feudal


recolocado e reforçado com objetivo principal de conter as revoltas camponesas e manter
os camponeses na sua posição, tornando o estado útil para aristocracia. Ou seja, o
feudalismo como modo de produção definia-se como unidade orgânica de economia e
dominação política a nível da aldeia, mas que com a mutação generalizada das obrigações,
transformadas em rendas montearias debilitou o sistema feudal que estava em risco de
desaparecimento.
Torna-se então necessário um deslocamento dessa máquina de dominação política para
uma cúpula centralizada e militarizada. Nasce então o estado absolutista com esse
objetivo, influenciado também pelo surgimento da burguesia (mesmo que não seja como
classe dominante), da manufatura, da ascensão das cidades e mercantilismo. Suas
principais estruturas são uso do exercito para controle das revoltas e guerras externas, o
mercantilismo com o nascimento do direito comercial e a volta da propriedade privada, e
o uso do casamento como instrumento politico de centralização do poder, ou seja, os
principais cargos do estado eram ocupados por nobres.

Questão 2- Discuta o papel do direito romano para o absolutismo

Resposta- O direito romano teve papel fundamental no surgimento do absolutismo. Do


ponto de vista econômico, a introdução (e recuperação) do direito civil clássico foram
fundamentais na expansão do livre capital na cidade e no campo e da volta da propriedade
privada que favorecia burguesia e aristocracia (camponeses têm posse definitiva sem
poder vender). No mercantilismo o direito romano vai se adaptar a nova realidade urbana
de trocas e comércios e instaurar o direito comercial, com a criação de garantias e
promissórias por exemplo. Do ponto de vista politico o direito romano dá a vontade do
rei a força de uma lei, reis e príncipes se tornam isentos de restrições legais anteriores.
Portanto, vai-se tornar o instrumento de centralização de poder reforçando a aristocracia.

Questão 3- Durante o processo de formação do Estado Absolutista Francês


ocorreram três grandes rupturas de ordem política. Identifique e comente essas
rupturas relacionando as suas consequências para a afirmação da monarquia
absolutista na França.

Resposta- As três grandes rupturas foram: Guerra dos 100 anos, Guerras religiosas
causadas pela reforma (Guerra dos 30 anos), e as Frondas.
Antes de durante as guerras dos 100 anos a família que reinava na França era a
dos Capetos com três grandes reis em destaque, Felipe Augusto que organizou a
administração na França no Oeste; Luís IX que combateu as guerras privadas e instituiu
inquisidores, ou seja, para supervisionar a população e conter as revoltas, características
do início do absolutismo e Felipe IV, o belo, que vai contar com vários legistas para
utilizar o direito romano como validação do poder do rei. Começa então a primeira
ruptura, a guerra dos 100 anos, onde com o declínio da cavalaria feudal e a introdução da
talha, imposto nacional, a França vai passara a utilizar um exército nacional, centralizando
mais ainda o poder. Após a guerra dos 100 anos a centralização da França vai avançar
mais mas com a entrada dos Valois vai ocorrer uma “freada” no processo de centralização,
pois seria distribuído privilégios para nobres e criado parlamentos e cortes provinciais,
ocorrendo então uma centralização do estado pelos nobres mas uma descentralização do
estado pelo rei (característica principal do absolutismo), uma característica importante de
ressaltar no período dos Valois é o reforço da imagem do rei acima da igreja quando a
própria é obrigada a aceitar o poder de Francisco I. Começa então a segunda ruptura, as
guerras religiosas onde essa descentralização citada anteriormente vai começar a dar
resultados negativos para o rei, com uma guerra de casas feudais e o questionamento da
Aristocracia com relação aos Valois. Mas Henrique IV aceita o catolicismo ao fim da
guerra e une a Aristocracia e Burguesia de novo. Começa o período dos Burbons, a
descentralização continua até certo ponto, pois havia nesse momento no meio da França
a venda de cargos, que enfraqueciam a nobreza colocando no meio deles burgueses sem
sangue real. Mas isso muda quando Richelieu funda um sistema de intendentes para
governar sobre a nobreza e dessa forma arquiteta de fato o absolutismo na França, além
de reformar o clero Francês que restauraria a autoridade absoluta pois para o cardeal o rei
estava a serviço de Deus. Com a terceira ruptura, a Fronda, e com a morte de Richelieu,
Luis XIII escolhe Mazarino para o lugar dele que finalmente vai esboçar e finalizar a ideia
do direito divino que consolidaria de vez o Absolutismo completo na França.

Questão 4- Perry Anderson afirma que “O paradoxo do absolutismo Frances


consistiu em que o ápice do seu florescimento interno não coincidiu com a ápice de
sua supremacia internacional (...)”. Explique essa afirmativa dentro da conjuntura
europeia da época.

Resposta- Quando Perry Anderson afirma que o ápice do florescimento interno do


absolutismo francês não coincidiu com o ápice de sua supremacia internacional, ele está
argumentando que o momento em que a França estava mais forte e mais estável
internamente não foi necessariamente o mesmo em que a França estava mais poderosa e
influente no cenário internacional. Por exemplo

O florescimento interno do absolutismo francês se refere ao período em que o Estado


francês consolidou seu poder e estabeleceu um sistema político centralizado e altamente
burocrático sob o controle direto do monarca. Isso ocorreu durante o reinado de Luís XIV,
conhecido como o "Rei Sol". Durante esse período, a França se tornou o modelo de um
Estado absolutista, com um grande exército, uma economia forte e uma cultura rica. O
primeiro ministro francês anterior a Luís XIV, Richelieu, que foi responsável pela
duplicação da coleta de impostos durante a guerra de 30 anos, O tratado de Vestfália que
ampliou as fronteiras do reino e a reestruturação do clero que daria resultado com o
cardeal consolidando a hegemonia e grandeza francesa. Já Mazzarino, primeiro ministro
que assumiria, pois, Luís XIV ainda não tinha alcançado a idade, conseguiria a aquisição
da Alsácia e sufocaria as revoltas da Fronda permitindo assim que a França continuasse
segura. Esse foi o ápice do florescimento interno da França.
No entanto, apesar de ter alcançado um alto nível de estabilidade interna e poder
centralizado, a França não conseguiu traduzir completamente esse poder em uma
supremacia internacional duradoura. Embora tenha conseguido conquistas militares
significativas durante as guerras do século XVII, como a Guerra dos Trinta Anos e a
Guerra da Sucessão Espanhola, a França não conseguiu manter sua hegemonia sobre a
Europa. Em vez disso, o poder se deslocou para outras potências europeias, como a Grã-
Bretanha e a Prússia. Pois mesmo com o exército aumentado, riqueza centralizada,
autoridade estável e absoluta. Luiz XIV fracassaria em se impor na Europa ou realizar
conquistas territoriais notáveis após a morte de Mazzarino. Por isso Perry Anderson vai
afirmar que o absolutismo francês é constituído como um paradoxo onde o apogeu do
florescimento interno do absolutismo francês não foi suficiente para garantir a supremacia
internacional duradoura da França. Embora a França tenha alcançado um alto nível de
poder interno sob o absolutismo, ela enfrentou desafios externos que a impediram de
manter sua posição como a principal potência europeia.

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