Disciplina: História (Tempo de Aprender) Prof. Fernando Santos Ao longo dos séculos XVI e XVII, muitas teorias políticas tentaram justificar e regulamentar o poder absoluto dos reis. O filósofo francês Jean Bodin, TEMA Nº 05 – O ABSOLUTISMO E O em sua obra Seis livros da República, defendia o MERCANTILISMO poder máximo do monarca, que deveria ter autoridade para criar e anular leis civis, alegando O mercantilismo nos séculos XVII e XVIII que elas não poderiam ser feitas pelas mesmas pessoas que as cumpriam. Porém, o rei deveria Os princípios mercantilistas, criados pelos estar subordinado a acordos e contratos com a economistas Jean-Baptiste Colbert (França), sociedade. Na Inglaterra, o filósofo, historiador e Thomas Mun (Inglaterra) e Antonio Serra (Itália), cientista Thomas Hobbes, em sua obra Leviatã, foram adotados pelos Estados nacionais modernos afirmava que, para segurança da sociedade, o rei como modelo para o desenvolvimento econômico. deveria ser absoluto, uma vez que a liberdade individual levava à guerra do “homem contra o Entre suas principais características estavam: homem”. Por meio de um pacto social, as pessoas abriam mão de sua liberdade individual em troca o metalismo, que consistia em acumular da segurança de todos, garantida pelo rei absoluto. metais preciosos (ouro e prata) como fonte de Quase cem anos depois de Jean Bodin, Jacques riqueza para o país; Bossuet, bispo francês, foi tutor do filho do rei a balança comercial favorável, ou seja, as Luís XIV, o mais absolutista dos monarcas exportações deveriam ser maiores do que as franceses. Bossuet escreveu A política segundo a importações; Sagrada Escritura, em que defendeu a teoria do a posse de colônias, com as quais se instituía direito divino, justificando o poder absolutista o monopólio comercial (pacto colonial). como vontade de Deus expressa na Bíblia.
Ainda segundo as ideias mercantilistas, em A Inglaterra Tudor
uma nação não poderia faltar mão de obra para o trabalho (portanto, a população deveria ser Derrotada na Guerra dos Cem Anos numerosa), e era necessário que o exército fosse (1337-1453), a Inglaterra vivia, no século XV, um capaz de protege-la. Foram ainda instituídas as leis momento de crise econômica. A instabilidade suntuárias, que limitavam o consumo de artigos política também marcou esse período: um conflito importados de luxo (tecidos, adornos) a uma – conhecido como Guerra das Duas Rosas parcela da população, de modo a evitar a saída de (1455-1485) – instaurou-se pela disputa do trono metais preciosos. após a morte de Henrique VI, que não deixou O sistema colonial foi uma das facetas do herdeiros. As famílias Lancaster (rosa vermelha) e mercantilismo: a descoberta e a exploração de York (rosa branca) reivindicavam o poder. Quando outros continentes permitiram a alguns países Henrique Tudor, da família Lancaster, casou-se europeus a acumulação de riquezas. Isso porque, com Isabel, da família York, a guerra chegou ao lá, eles estabeleceram colônias, que, além de ricas fim. Tinha início a dinastia Tudor. em recursos naturais, só poderiam realizar Durante o reinado de Henrique Tudor, transações econômicas com suas metrópoles, coroado como Henrique VII, a Inglaterra teve um embora tenham ocorrido algumas exceções. grande desenvolvimento comercial e marítimo, O monopólio comercial garantia aos transformando-se em uma potência. Seu filho, empreendedores metropolitanos o direito exclusivo Henrique VIII, sucedeu-o e tornou-se o mais de venda de artigos manufaturados aos colonos, absoluto dos reis ingleses, acumulando ainda o que, por sua vez, podiam oferecer apenas produtos poder de chefe religioso da Igreja Anglicana pelo primários, para que não houvesse concorrência Ato de Supremacia (1534). Henrique VIII entre as partes. Em relação à exploração mineral confiscou os bens e extinguiu os monastérios da na colônia, por exemplo, os governos concediam o Igreja católica. O divórcio do seu primeiro monopólio a comerciantes e traficantes de casamento (com Catarina de Aragão, que não escravizados e, em troca, colhiam deles elevados gerara um herdeiro masculino), negado pelo papa impostos. Clemente VII, foi o grande desencadeador das contendas com a Igreja católica, que terminaram poderosos reis da França. Durante seu reinado, a em rompimento entre as duas partes e levaram ao nobreza provincial submeteu-se ao rei, que surgimento da Igreja anglicana. Com Ana Bolena, concentrou os poderes da Justiça, da Polícia e da sua segunda esposa, Henrique VIII teve uma filha, Fazenda. Externamente, a França combateu a Elizabeth; e com Jane Seymour, terceira esposa, Espanha e a Áustria (Guerra dos Trinta Anos, um menino, Eduardo. 1618-1648). Luís XIII morreu em 1643, cinco Seus filhos o sucederam: Eduardo VI meses depois da morte de seu ministro Richelieu. reinou por cinco anos e morreu; Maria I, filha do Seu filho, Luís XIV, conhecido como Rei Sol, primeiro casamento e católica, teve um curto assumiu o trono aos 13 anos de idade, sob a tutela reinado marcado por perseguições aos protestantes do cardeal Mazzarino, que se tornou seu ministro. e pela restauração do catolicismo; por fim, Mazzarino propôs o aumento dos impostos para a Elizabeth I, sua segunda filha, governou por 45 população e a cobrança de impostos da nobreza – anos, tornando-se absolutista e reafirmando a que, até então, era isenta. Essa medida deflagrou religião anglicana. Durante seu reinado, houve um uma guerra civil, a Fronda, que durou cerca de grande incentivo ao comércio, à atividade cinco anos e arruinou a economia francesa. Após a manufatureira e à navegação. morte de Mazzarino, Luís XIV anunciou que A marinha inglesa tornou-se a grande governaria sem um primeiro-ministro, apenas com senhora dos mares, vencendo a Armada da conselheiros, afirmando seu poder absoluto e “de Espanha e saqueando navios espanhóis vindos da direito divino” ao longo de 54 anos de reinado. A América (pirataria). Elizabeth não deixou nobreza francesa tornou-se fiel ao rei, por causa herdeiros, e seu primo Jaime, rei da Escócia, dos altos cargos e salários que recebeu, além de assumiu o trono após sua morte. uma vida de luxo e privilégios na Corte; o palácio de Versalhes transformou-se no símbolo A França dos Bourbon do poder real. Todas as questões do país (religiosas, sociais, econômicas) passavam pelo O apogeu do absolutismo francês ocorreu conhecimento de Luís XIV. Colbert, burguês de sob a dinastia Bourbon, entre fins do século XVI e confiança do rei, foi seu ministro das finanças. fins do século XVIII. Os reis anteriores, Carlos IX e Henrique III, da dinastia Valois, enfrentaram muitos conflitos entre católicos e protestantes (huguenotes). Na Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, um ataque organizado pelo rei Carlos IX e sua mãe, Catarina de Médicis, contra os protestantes, em Paris, levou à morte de aproximadamente 3 mil huguenotes. Em 1589, Henrique III, irmão e sucessor de Carlos IX, foi assassinado por um católico fanático. Henrique IV subiu ao trono em 1589 e deu início à dinastia Bourbon. Para conter os conflitos religiosos, assinou o Édito de Nantes, que, embora afirmasse o catolicismo como religião oficial da França, conferia liberdade de culto aos protestantes. Investimentos na área da agricultura e da manufatura possibilitaram melhorias para a economia francesa, assim como o incentivo à colonização do Canadá. Paris foi reformada; o exército, reorganizado; estradas e canais de navegação, construídos. Apesar da sua popularidade, Henrique IV foi assassinado por um católico em 1610. Luís XIII sucedeu seu pai, Henrique IV, com apenas 9 anos de idade. Sua mãe, Maria de Médicis, tornou-se a regente e escolheu o bispo Richelieu como ministro do rei. Richelieu reforçou o absolutismo, tornando Luís XIII um dos mais