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Plano de aula - 7º ano

Data: 09/10/2023
Conteúdo: Economia e Sociedade Colonial
Tema: A sociedade do açúcar
Duração: Dois tempos de cinquenta minutos (1:50hs).

Objetivos Gerais

Compreender os processos que deram origem ao sistema de monocultura que ainda


caracteriza o período colonial brasileiro, dando espaço para a diversidade de produção que
havia à época.

Mercantilismo e crédito

A economia colonial era administrada segundo os padrões mercantilistas. O Mercantilismo era


uma prática dos países europeus que previa o acúmulo de riquezas para os Estados, pelo
Metalismo (acúmulo de metais preciosos), balança comercial favorável (exportar mais que
importar) e, principalmente, o exclusivo colonial, que previa que as colônias deveriam
comerciar apenas com a sua metrópole.

Dentro dessa lógica, a produção escolhida para ser o “carro chefe” da ocupação do território
brasileiro foi o açúcar. O açúcar era um produto de valor elevado na Europa, e os portugueses
já haviam iniciado a produção de cana na Ilha da Madeira. O Nordeste do território brasileiro
possuía as condições ideais para a produção de açúcar:

 O clima quente
 A quantidade de chuvas
 O solo rico em nutrientes (massapé)
 E a já citada experiência no cultivo de cana.

Mas de onde tiraram o dinheiro? Como já falamos, a coroa portuguesa não dispunha de
dinheiro o suficiente para manter a empresa da colonização. Logo, para que se pudesse
instalar os primeiros engenhos, novamente se recorreu ao dinheiro de particulares, não
apenas portugueses, mas também holandeses e italianos, que em troca, participariam do
circuito da venda do açúcar.

Os engenhos de açúcar

Para produzir o açúcar, precisava-se de duas coisas: uma grande extensão de terra para se
plantar a cana de açúcar e o engenho. Esse esquema de grande propriedade era chamado de
plantation (plantação em inglês?). Ele era uma grande monocultura (plantação de apenas um
gênero) e que empregava a mão de obra escrava, sendo usado largamente em várias colônias
na América.
Nos primeiros momentos da colonização, quando ainda não havia um comércio interno forte
na colônia, os engenhos também possuíam suas plantações de alimentos para subsistência,
gado para carne e couro, e outras culturas menores, a maioria cultivada por escravos.

Um engenho era comandado pelo chamado Senhor de Engenho, que era dono das terras,
construções e escravos. Seu poder se estendia para fora da sua propriedade, visto que eles
participavam das câmaras municipais, ou seja, eles eram os homens bons.

Fisicamente, um engenho era constituído da seguinte forma:

 Casa-grande: casarão onde viviam o senhor de engenho e sua família, além dos
empregados de confiança, que cuidavam das tarefas da casa e da segurança. Era o
centro da administração do engenho.
 Senzala: Habitação construída para os escravos. Era um alojamento rústico e precário,
podendo ser também construído como um calabouço, embaixo da casa-grande.
 Capela: espaço onde um padre realizava as cerimônias religiosas e servia de espaço de
reunião da comunidade nos domingos, batizados, casamentos e funerais.
 Casa do engenho: local formado pela moenda, onde se moía a cana, e pelas fornalhas,
que serviam para ferver e purificar o caldo em tachos de cobre, transformando-o em
melaço (melado).
 Casa de purgar: local onde o melaço era resfriado, condensado (endurecido) e
branqueado
 Galpões: armazéns onde os blocos de açúcar eram quebrados e moídos.

Formas de trabalho na colônia

Para suprir a demanda de trabalho nos grandes engenhos, vilas e cidades, era necessário ter
uma oferta de mão de obra que fosse abundante e barata. Para isso, os colonizadores
lançaram mão do recurso da mão de obra escrava. Isso aconteceu por dois motivos: o
econômico, afinal um escravo (até certo ponto) era mais barato que um trabalhador
assalariado e pelo fator social: muitos dos que vieram para o Brasil colônia, tinham o objetivo
de enobrecer. Por esse motivo, repudiavam o trabalho manual, preferindo a mão de obra
escrava. Ainda assim havia espaço também para o trabalho livre e assalariado.

Trabalho Escravo Indígena

A primeira forma de trabalho escravo instituído no Brasil foi o de natureza indígena. Embora o
primeiro contato com os indígenas tenha sido pacífico, logo os portugueses passaram a usar de
violência para com os nativos, apresando-os para a utilização do seu trabalho como mão de
obra escrava. A Coroa Portuguesa não viu isso com bons olhos, determinando que os índios
não poderiam ser escravizados, exceto pelo processo de guerra justa. A guerra justa era um
mecanismo presente nas leis portuguesas que previa que, quando um português fosse atacado
por uma nação nativa, ele poderia se defender e usar os vencidos como escravos. A partir
dessa determinação legal, os colonos portugueses passaram a fazer as “entradas” para que
pudesse capturar os indígenas. Isso perdurou até o ano de 1670, quando a Coroa instituiu o
Estatuto dos Índios, que determinava que todos os indígenas deveriam ser tratados como
súditos do rei, assim como os colonos portugueses.

Nos séculos XVI e XVII, os escravos indígenas trabalhavam nos engenhos de cana do litoral.
Entretanto, em outros locais, o trabalho indígena fora utilizado para a agricultura de mercado
interno e na extração das chamadas “drogas do sertão”, que eram produtos naturais usados
como condimentos, estimulantes e remédios.

Trabalho Escravo Africano

O trabalho do escravo africano fora largamente utilizado para substituir o trabalho escravo
indígena, visto que com as sucessivas guerras e doenças, a população indígena foi se reduzindo
drasticamente no decorrer dos anos. Era utilizado tanto no campo quanto na cidade, tendo
algumas diferenças entre esses dois espaços.

No campo, a mão de obra africana era utilizada na plantação de cana e produção de açúcar,
criação de gado e de outros gêneros de subsistência. Trabalhavam cerca de 12 a 14 horas por
dia na lavoura, submetidos a uma constante vigilância, pelo fato de que precisavam cumprir
“metas de produtividade”. Caso não atingissem essa meta eram duramente castigados, ou
tinham a meta do dia seguinte aumentada (o que já era castigo suficiente).

Trabalho Livre

Quando olhamos para o trabalho escravo indígena e africano, somos levados a achar que não
havia espaço para mão de obra livre e assalariada. Muito pelo contrário. Havia muitos ofícios
que eram executados por pessoas livres pobres, fosse na lavoura de subsistência, nas cidades
como artesãos, pedreiros, alfaiates, sapateiros etc. Havia também os Juízes, militares,
advogados e médicos, que faziam parte de algo que seria próximo a uma “classe média” de
hoje em dia.

Alguns desses trabalhadores livres estavam diretamente ligados à escravidão e ao engenho:


Eram os feitores, mestres de açúcar e purgadores. Havia também os capitães do mato, que
“caçavam” os escravos fugidos. Estes também poderiam ser escravos que executavam a
função em troca de privilégios.

Produção Colonial

Como já vimos, o açúcar era a maior produção do Brasil colônia e principal fonte de riqueza
por muito tempo. Mas não apenas o açúcar era um produto importante para exportação. A
produção de tabaco também fora muito importante para a exportação e para o consumo
interno e, durante algum tempo, a produção de pimenta rendeu bons lucros aos produtores. A
cachaça era também um produto muito importante e por vários motivos. Dentre eles, o fato
de ser trocado por escravos na costa da África e ser usada como soldo para as tropas militares
em solo brasileiro.

No litoral havia uma intensa atividade de pesca baleeira, principalmente para o uso da gordura
para a produção de óleos, a carne para consumo (?) e ossos para a produção de utensílios.
Havia também a pecuária para o mercado interno de carnes e couro para pequenas
manufaturas artesanais, que eram permitidas pela coroa. Fora isso havia outros gêneros
produzidos: Mandioca, milho feijão e arroz.
Exercícios
1. Por que o Nordeste possuía condições ideais para a produção de açúcar?
2. Por que o açúcar foi escolhido como principal produção da América
Portuguesa?
3. O que era o Engenho?
4. Quais eram as partes do engenho?
5. O que se produzia no engenho?
6. Quais eram as principais formas de trabalho na América Portuguesa?
7. Quais profissões figuravam entre os trabalhadores livres?
8. Quais outros tipos de mercadorias eram produzidos na América Portuguesa?

A sociedade colonial

As matrizes do povo

Como nós já pudemos observar, o povo que vivia no Brasil colônia era formado por três
grandes matrizes étnicas: os indígenas (ou ameríndios) que aqui estavam antes da chegada dos
europeus, os próprios europeus (principalmente portugueses), que “descobriram” a terra e
iniciaram a colonização e ocupação da mesma e, por fim, os africanos, que vieram para cá pela
via da escravidão, sendo submetidos a intensos maus tratos e preconceitos, mas também se
adaptando, na medida do possível, às novas condições para que pudessem continuar com os
seus costumes nativos, língua e tradições religiosas. Essas três matrizes étnicas se cruzaram de
diversas formas, dando origem a uma sociedade complexa e que até hoje nos provê de
profundas marcas. E a partir disso, poderemos delinear de forma resumida, como as
interações entre as pessoas aconteciam nessa sociedade tão rica, injusta e diferente.

(Re) Construindo um conceito

Até algumas décadas atrás, a sociedade colonial brasileira era vista como sendo formada por
dois blocos de pessoas, que se relacionavam exclusivamente por uma relação de dominação e
força. Na parte de cima, estariam os senhores de engenho, uma pequena elite de portugueses
e seus descendentes, que controlavam a produção de açúcar e seu comércio, bem como as
câmaras municipais e o controle das vilas. Na parte de baixo estavam os escravos, que eram os
africanos, passivos, maltratados, que trabalhavam de 12 a 14 horas por dia, mas que não
possuíam nenhuma perspectiva de melhoria de condições. Nesse momento já nem em índios
se falava, visto que, quando muito, ele estava inserido na massa de indivíduos que integravam
a escravidão.

Entretanto, com o avanço das pesquisas, pode-se perceber que essa era uma visão muito
simples e limitada da população brasileira da época. A verdade é que, embora houvesse
realmente essas duas partes na população colonial, havia também uma quantidade expressiva
de indivíduos livres pobres, que estavam posicionados entre a condição de escravidão, visto
que ou possuíam terras pequenas, ou trabalhavam de forma assalariada para os senhores de
engenho e comerciantes nas cidades, mesmo assim eram indivíduos livres de nascimento, algo
que era uma posição bem diferente da do escravo.

Não apenas isso, mas os próprios escravos não eram apenas indivíduos desumanizados e
passivos, que serviam apenas para trabalhar e apanhar. Eles possuíam suas vontades e
desejos, trabalhavam para comprar sua liberdade, constituíam famílias e comunidades
(quilombolas ou não), conservavam sua expressão religiosa, influenciando até aqueles que
seguiam de forma oficial o catolicismo.

Outra coisa que se deve observar, e muito bem, é o fato de que na colônia, as vilas e
principalmente as cidades, possuíam uma vivacidade considerável. Nelas ocorriam as trocas
comerciais, contratava-se serviços diversos, obtia-se produtos oriundos da metrópole,
comerciava-se escravos e outras coisas mais. Assim, embora os engenhos fossem o que
chamamos de microcosmo, um mundo em si mesmo, ele ainda precisava se comunicar com a
cidade, e a cidade com ele. Assim, se construía uma relação viva entre essas duas partes da
colônia. E aí entra o livre, visto que, muitas vezes ele era contratado para executar uma função
em uma propriedade rural, bem como o chamado caixeiro viajante, vendedores que saiam de
lugar em lugar para vender de tudo um pouco, acumulando fortunas ou dívidas por onde
passasse.

A família no Brasil Colônia


A família na sociedade colonial assumia tantas formas quanto hoje ainda assume. Havia as
famílias nucleares, constituídas por homem, mulher e filhos, as que tinham apenas a mulher
por chefe de família, cônjuges vivendo juntamente com concubinas, filhos legítimos e
ilegítimos vivendo sob o mesmo teto, uniões tanto oficiais quanto não oficiais eram
estabelecidas e perpetuadas nas diversas instâncias da colônia.

Mesmo assim, o casamento oficializado pela Igreja, era muito importante para aquela
sociedade, pois acrescentava um fator de segurança àquelas pessoas. Como já dissemos antes,
a lógica daquela sociedade era regida pela religião, portanto, “estar em dia” com sua
confissão, e com seus pecados devidamente justificados, era muito importante para as pessoas
da época.

Da mesma forma, o conceito de família estendida se aplica bem à família colonial. Entende-se
por família estendida uma comunidade, ou casa que é composta por pessoas que tem laços
que se estendem para além dos sanguíneos, podendo englobar agregados (compadres,
comadres e afilhados) nos na organização familiar.

E o escravo? Será que ele conseguia constituir família mesmo estando em uma situação tão
difícil? A resposta é sim! A família era muito importante para o escravo, visto que se constituía
em um meio de “aliviar” a escravidão, também, em uma rede de solidariedade, onde os
escravos “melhor posicionados” dentro daquela sociedade, ajudavam a partir do compadrio,
outros que estavam ligados apenas à lavoura e que não tinham maiores possibilidades de
juntar o pecúlio (bens ou dinheiro) para comprar sua liberdade.

Divisão do trabalho

Em relação aos escravos, nós já vimos que na lavoura de cana de açúcar e na produção dele,
havia pouca ou nenhuma diferenciação do trabalho, mas isso não quer dizer que as coisas
fossem assim em todos os lugares. Nas cidades, casas e até grandes propriedades havia
funções específicas que homens e mulheres executavam.

Tratando em primeiro lugar das mulheres, elas estavam ligadas a atividades relacionadas à
tecelagem. Fiavam, teciam e faziam rendas, produzindo tecidos que em primeiro lugar eram
utilizados nas próprias propriedades nas quais moravam e com o tempo passou a ser utilizado
no comércio também. Não apenas isso, mas estavam ligadas a atividades culinárias, seja nas
casas e grandes propriedades e para fora delas. Nas cidades, as chamadas negras quitandeiras,
utilizavam de sua habilidade culinária para fazer doces e outros quitutes que vendiam para
angariar recursos para comprar sua alforria. Em algumas cidades coloniais, as maiores fortunas
registradas em testamentos e inventários eram dessas mulheres.

Já as atividades ligadas as ao sexo masculino eram voltadas também ao trabalho artesanal,


tecendo redes de pesca e para dormir, bem como a curtição do couro, a fabricação de sapatos,
construção de casas, pesca e ferraria (fundição de utensílios de ferro).

Práticas religiosas

A religião oficial do império português era o catolicismo, logo, assim também era aqui no Brasil
colônia. A prática religiosa por essas bandas se caracterizou, a exemplo da Europa, em uma
forma bem alegórica e exterior, onde a forma como as pessoas apareciam e o que faziam em
prol da religião era levado muito em conta. Algo que podemos destacar como de muita
importância na prática religiosa desse período era a organização de leigos chamadas confrarias
e irmandades. Essas associações eram formadas nas diversas camadas da sociedade e existiam
confrarias e irmandades tanto de pessoas ricas, quanto de pobres, onde o objetivo principal
era a ajuda mútua dos seus integrantes.

Essas confrarias e, principalmente, as irmandades, tinham um santo padroeiro e construíam


capelas para que as missas, casamentos e enterros dos associados pudessem ser celebrados.
Como já falamos, a ajuda se configurava a partir da doação de valores para a confraria, ou
irmandade, que assim poderiam amparar algum associado em caso de viuvez, para pagar os
custos de um enterro e, no caso das irmandades de negros (ou de homens pretos), poderiam
ajudar na negociação e compra das alforrias, bem como em relação a algum assunto judicial
ligado a questão.

Essas confrarias bancavam as diversas procissões que ocorriam em dias festivos, fossem
feriados por algum acontecimento na família real, fosse pela comemoração de algum dia
santo. E nessas procissões havia muitas representações de cultura dos negros escravos, que
traziam seus hábitos e costumes consigo, de suas terras natais.

Algo muito interessante de se observar também é o fato de que em diversas das irmandades e
confrarias dos negros, havia espaço para a realização de cerimônias de suas religiões nativas,
escondidas sob a estrutura da irmandade. Isso fazia com que os negros pudessem continuar
com suas identidades, mas levou também ao processo de sincretismo religioso, que já
mencionamos anteriormente.

Exercícios
1. Quais as três matrizes étnicas que formam o povo brasileiro?
2. Como podemos dizer que era dividida a sociedade na América Portuguesa?
3. Qual a importância da família no contexto colonial?
4. Como era a divisão do trabalho durante o período colonial?
5. Qual a importância das confrarias e irmandades para os escravos, pretos
livres e pardos na América Portuguesa?

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