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expressões populares

Tem caroço nesse angu


A expressão “Tem caroço nesse angu” significa que alguém está escondendo algo e se
originou a partir de um truque realizado pelos escravos para se alimentarem melhor. Se
muitas vezes o prato servido era composto exclusivamente de uma porção de angu de fubá, a
escravizada responsável pro servi-los às vezes conseguia esconder um pedaço de carne ou
alguns torresmos embaixo do angu. A expressão nasceu dos comentários de alguns
escravizados a respeito de um prato que lhes parecesse suspeito.

A dar com pau


“Pau” é um substantivo utilizado em algumas expressões brasileiras e tem sua origem nos
navios negreiros. Muitos negros capturados preferiam morrer a serem escravizados e, durante
a travessia do continente africano para o Brasil, faziam greve de fome. Para resolver a
situação, foi criado então o “pau de comer”, uma espécie de colher que era enfiada na boca
de pessoas aprisionadas por onde se jogava comida até alimentá-las. A população acabou
incorporando a expressão.

Disputar a nega
“Disputar a nega” significa disputar mais uma partida de qualquer jogo para desempatá-lo. A
expressão se originou durante o período escravocrata e ainda tem base na misoginia e no
estupro. Sua história é simples e intuitiva: quase sempre, quando os senhores de engenho
jogavam algum esporte ou jogo, o prêmio era uma mulher escravizada.

Nas coxas
“Nas coxas” é usada para descrever algo mal feito, realizado sem capricho. A expressão tem
origem imprecisa: não há consenso sobre ela ter nascido de fato durante o período da
escravidão. De todo modo, a vertente mais popular afirma que o termo viria do hábito dos
escravizados moldarem as telhas nas próprias coxas que, por possuírem tamanhos e formatos
diferentes, acabavam irregulares e mal encaixadas.

Espírito de porco
A origem inicial de “espírito de porco” vem da associação do animal a sujeira e a falta de
higiene. Mas essa má fama é oriunda de princípios religiosos. Durante o período
escravocrata, os escravizados eram obrigados a matar porcos para que eles servissem de
alimento, mas muitos se recusavam. O motivo? Acreditavam que o espírito do animal
abatido permaneceria no corpo de quem o matasse pelo resto da vida. Além disso, o choro do
porco é considerado semelhante ao lamento humano, o que tornava a prática ainda mais
assustadora.

Para inglês ver


“Para inglês ver” tem origem tanto na escravidão quanto no mal hábito brasileiro de aprovar
leis que as pessoas não cumprem e não são punidas por isso. Em 1830, a Inglaterra exigiu
que o Brasil criasse um esforço para acabar com o tráfico de escravos, e impusesse enfim leis
que coibissem tal prática. O país acatou a exigência inglesa, mas as autoridades daqui sabiam
que a lei simplesmente não seria respeitada — eram leis existentes somente no papel, “para
inglês ver”.

Bucho cheio ou Encher o bucho


As expressões “bucho cheio” e “encher o bucho” eram mais comuns no estado de Minas
Gerais e usadas tanto pelos escravos quanto por seus exploradores, mas com uma conotação
diferente da que se usa hoje. Se atualmente elas significam estar bem alimentado ou de
barriga cheia, na época, faziam referência a obrigação que os trabalhadores escravizados das
minas de ouro tinham de preencher com o metal precioso um buraco na parede, conhecido
como “bucho”, para só então receber uma tigela de comida.

Meia tigela
A partir da expressão anterior, a história seguiu e deu origem a expressão “meia tigela”. Ela
significa algo sem valor, medíocre, desimportante. Quando o escravizado não conseguia
preencher o “bucho” da mina com ouro, ele só recebia metade de uma tigela de comida.
Muitas vezes, aqueles que frequentemente não conseguia alcançar essa “meta” ganhava esse
apelido. Esses hábitos não eram, porém, restritos às minas e a punição era bastante comum
para a maioria das obrigações dos escravizados.

Lavei a égua
A expressão “lavar a égua” quer dizer aproveitar, se dar bem, se redimir em algo. Ela
também se origina da exploração do ouro, quando os escravizados mais corajosos tentavam
esconder algumas pepitas debaixo da crina do animal, ou esfregavam ouro em pó em sua
pele. Depois, pediam para lavar o animal para recuperar o ouro escondido e tentar comprar a
própria liberdade. Os que eram descobertos, porém, poderiam ser açoitados até a morte.

Bicho-de-sete-cabeças
Tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da Hidra de Lerna, monstro de
sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas
realizadas por Hércules. A expressão ficou popularmente conhecida, no entanto, por
representar a atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à
realização da tarefa, até mesmo por falta de disposição para enfrentá-la.

Com o rei na barriga


A expressão provém do tempo da monarquia em que as rainhas, quando grávidas do
soberano, passavam a ser tratadas com deferência especial, pois iriam aumentar a prole real
e, por vezes, dar herdeiros ao trono, mesmo quando bastardos. Em nossos dias refere-se a
uma pessoa que dá muita importância a si mesma.

Com a corda toda


Antigamente, os brinquedos que possuíam movimento eram acionados torcendo um
mecanismo em forma de mola ou um elástico, que ao ser distendido, fazia o brinquedo se
mexer. Ambos os mecanismos eram chamados de “corda”. Logo, quando se dava “corda”
totalmente num brinquedo, ele movia-se de forma mais agitada e frenética. Daí a origem da
expressão.
Santa do pau oco
Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século XVIII e XIX
os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos
ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para
Portugal.

Mais vale um pássaro na mão que dois voando


Significa que é melhor ter pouco que ambicionar muito e perder tudo. É tradição de antigos
caçadores. Eles achavam melhor apanhar logo a ave que tinham atingido de raspão, antes que
ela fugisse, do que tentar atirar nas que estavam voando e errar o alvo.

Farinha do mesmo saco


“Homines sunt ejusdem farinae” esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem
dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a farinha
boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os
bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.

Sangria desatada
Diz-se de qualquer coisa que requer uma solução ou realização imediata. Esta expressão teve
origem nas guerras, onde se verificava a necessidade de cuidados especiais com os soldados
feridos. É que, se por qualquer motivo, se desprendesse a atadura posta sobre as feridas, o
soldado morreria, por perder muito sangue.

Cor de burro quando foge


A frase original era “Corra do burro quando ele foge”. Tem sentido porque, o burro
enraivecido, é muito perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou
virando “cor”.

Pagar o pato
A expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um
poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do
poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a
empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem ter qualquer
benefício em troca.

Salvo pelo gongo


O ditado tem origem na na Inglaterra. Lá, antigamente, não havia espaço para enterrar todos
os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados para o ossário e
o túmulo era utilizado para outro infeliz.Só que, às vezes, ao abrir os caixões,os coveiros
percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele
morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum na época).
Assim, surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa
que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém
ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento
do braço faria o sino tocar. Desse modo, ele seria salvo pelo gongo. Atualmente, a expressão
significa escapar de se meter numa encrenca por uma fração de segundos.

Elefante branco
A expressão vem de um costume do antigo reino de Sião, situado na atual Tailândia, que
consistia no gesto do rei de dar um elefante branco aos cortesões que caíam em
desgraça. Sendo um animal sagrado, não podia ser posto a trabalhar. Como presente do
próprio rei, não podia ser vendido. Matá-lo, então, nem pensar. Não podendo também ser
recusado, restava ao infeliz agraciado alimentá-lo, acomodá-lo e criá-lo com luxo, sem nada
obter de todos esses cuidados e despesas. Daí o ditado significar algo que se tem ou que se
construiu, mas que não serva para nada.

Comer com os olhos


Soberanos da África Ocidental não consentiam testemunhas às suas refeições. Comiam
sozinhos. Na Roma Antiga, uma cerimônia religiosa fúnebre consistia num banquete
oferecido aos deuses em que ninguém tocava na comida. Apenas olhavam, “comendo com os
olhos”. A propósito, o pesquisador Câmara Cascudo diz que certos olhares absorvem a
substância vital dos alimentos. Hoje o ditado significa apreciar de longe, sem tocar.
Amigo da onça
Segundo estudiosos da língua portuguesa, este termo surgiu a partir de uma história
curiosa. Conta-se que um caçador mentiroso, ao ser surpreendido, sem armas, por uma onça,
deu um grito tão forte que o animal fugiu apavorado. Como quem o ouvia não acreditou,
dizendo que , se assim fosse, ele teria sido devorado, o caçador, indignado, perguntou se,
afinal, o interlocutor era seu amigo ou amigo da onça. Atualmente, o ditado significa amigo
falso, hipócrita.

Estar com a corda no pescoço


O enforcamento foi, e ainda é em alguns países, um meio de aplicação da pena de morte. A
metáfora nasceu de anistias ou comutações de pena chegadas à última hora, quando o
condenado já estava prestes a ser executado e o carrasco já lhe tinha posto a corda no
pescoço, situação que, de fato, é um sufoco. Hoje, o ditado significa estar ameaçado, sob
pressão ou com problemas financeiros.

Como sardinha em lata


A palavra sardinha vem do latim sardina. Designa o peixe abundante na Sardenha, conhecida
região da Itália. É um alimento apreciado e nutritivo, de sabor bem peculiar. As sardinhas,
quando enlatadas em óleo ou em outro molho, vêm coladas umas às outras. Por analogia,
usa-se a expressão popular sardinha em lata para designar a superlotação de veículos de
transporte público.

O pior cego é o que não quer ver


Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt
fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.
Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar
ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito
melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos.
O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a
história como o cego que não quis ver. Atualmente, o ditado se refere a a alguém que se nega
a admitir um fato verdadeiro.
Andar à toa
Toa é a corda com que uma embarcação remboca a outra. Um navio que está “à toa” é o que
não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Uma mulher à toa,
por exemplo, é aquela que é comandada pelos outros. Jorge Ferreira de Vasconcelos já
escrevia, em 1619: Cuidou de levar à toa sua dama. Hoje, o ditado significa andar sem
destino, despreocupado, passando o tempo.

Casa de mãe Joana


Este dito popular tem origem na Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença
(1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos
estatutos: “Que tenha uma porta por onde todos entrarão”.
O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao vir para o Brasil a
expressão virou “Casa da Mãe Joana”. A outra expressão envolvendo Mãe Joana, um tanto
chula, tem a mesma origem, naturalmente.

Onde judas perdeu as botas


Como todos sabem, depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão e
culpa, vindo a se suicidar enforcando-se numa árvore.
Acontece que ele se matou sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele.
Logo os soldados partiram em busca as botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o
dinheiro.
A história é omissa daí pra frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro.
Mas a expressão atravessou vinte séculos. Atualmente, o ditado significa lugar distante,
inacessível.

Quem não tem cão caça com gato


Se você não pode fazer algo de uma maneira, se vira e faz de outra. Na verdade, a expressão,
com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça como
gato”, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.
De pá virada
Um sujeito da pá virada pode tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio.
A origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando ela está virada para baixo, é
inútil não serve para nada. Hoje em dia, “pá virada” tem outro sentido. Refere-se a uma
pessoa de maus instintos e criadora de casos ou a um aventureiro.

Deixar de Nhenhenhém
Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga.
Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles não
entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer “nhen-nhen-
nhen”.

Estar de paquete
Situação das mulheres quando estão menstruadas. Paquete, já nos ensina o Aurélio, é um das
denominações de navio. A partir de 1810, chegava um paquete mensalmente, no mesmo dia,
no Rio de Janeiro. E a bandeira vermelha da Inglaterra tremulava. Daí logo se vulgarizou a
expressão sobre o ciclo menstrual das mulheres. Foi até escrita uma “Convenção Sobre o
Estabelecimento dos Paquetes”, referindo-se, é claro, aos navios mensais.

Pensando na morte da bezerra


Estar distante, pensativo, alheio a tudo.
Esta é bíblica. Como vocês sabem, o bezerro era adorado pelos hebreus e sacrificados para
Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra,
seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra foi
oferecida aos céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar “pensando na
morte da bezerra”. Consta que meses depois veio a falecer.

Não entender patavina


Não saber nada sobre determinado assunto. Nada mesmo.
Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um latim horroroso, originário
de sua região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente
significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.

Jurar de pés junto


A expressão surgiu das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de
heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para confessar seus crimes.

Testa de ferro
O Duque Emanuele Filiberto di Savoia, conhecido como Testa di Ferro, foi rei de Chipre e
Jerusalém. Mas tinha somente o título e nenhum poder verdadeiro. Daí a expressão ser
atribuída a alguém que aparece como responsável por um negócio ou empresa sem que o seja
efetivamente.

Lágrimas de crocodilo
O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca,
comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima. Daí a
expressão significar choro fingido.

Fila indiana
Tem origem na forma de caminhar dos índios americanos, que, desse modo, encobriam as
pegadas dos que iam na frente.

Passar a mão pela cabeça


Significa perdoar, e vem do costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão
pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronuncia a bênção.

Queimar as pestanas
Antes do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para
iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando
se pretendia ler o que podia dar num momento de descuido queimar as pestanas. Por essa
razão, aplica-se àqueles que estudam muito.
Sem papas na língua
Significa ser franco, dizer o que sabe, sem rodeios. A expressão vem da frase castelhana “no
tener pepitas em la lengua”. Pepitas, diminutivo de papas, são partículas que surgem na
língua de algumas galinhas, é uma espécie de tumor que lhes obstrui o cacarejo. Quando não
há pepitas (papas), a língua fica livre.

A toque de caixa
A caixa é o corpo oco do tambor que foi levado para a a Europa pelos árabes. Como os
exercícios militares eram acompanhados pelo som de tambores, dizia-se que os soldados
marchavam a toque de caixa. Atualmente, refere-se a uma tarefa que se tem de fazer
rapidamente, eventualmente a mando de alguém ou mesmo à força.

Maria vai com as outras


Dona Maria I, mãe de D. João VI (avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II), enlouqueceu
de um dia para o outro . Declarada incapaz de governar, foi afastada do trono. Passou a viver
recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé, escoltada por numerosas damas de
companhia. Quando o povo via a rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava
comentar: “Lá vai D. Maria com as outras”. Atualmente aplica-se a expressão a uma pessoa
que não tem opinião e se deixa convencer com a maior facilidade.

ACABAR TUDO EM PIZZA


Uma das expressões mais comuns quando alguém quer criticar a política é: “tudo acabou em
pizza.” Trata-se de quando algo errado é resolvido sem que ninguém seja punido e sem
nenhuma solução adequada. O termo surgiu através do futebol. Na década de 60, alguns
cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e durante 14 horas
seguidas de brigas e discussões, estavam morrendo de fome. Então, todos foram a uma
pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas gigantes. Depois disso, foram para casa e
a paz reinou absolutamente. Depois desse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta
Esportiva, fez uma manchete: “Crise do Palmeiras termina em pizza”. Daí em diante o termo
pegou.
ACABOU-SE O QUE ERA DOCE
Como toda criança e alguns adultos gostam de doce, essa expressão é uma forma delicada de
negar aquilo que pediram, ou dizer que terminou, aquilo que a pessoa estava gostando tanto.
É uma maneira menos agressiva de dizer um retumbante NÃO. Exemplos: acabou-se as
férias, o carnaval, o namoro, o dinheiro, etc.

ADVOGADO DO DIABO
Essa expressão teve origem na Igreja Católica. Quando um processo de santificação tem
inicio, o Vaticano escolhe um de seus membros para investigar se os milagres atribuídos ao
candidato são de fato verdadeiros. Essa pessoa passou a ser chamada, então, de advogado do
diabo, pois iria trabalhar para comprovar algumas irregularidades e inverdades contra o
candidato a santo.

AFOGAR O GANSO
Significa relação sexual; masturbação. É que no passado, os chineses costumavam satisfazer
as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam
a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima.

AGORA É QUE A PORCA TORCE O RABO


Significa que se chegou a um ponto máximo da problemática de algum processo, seja qual
for. É o momento mais difícil, mais crucial de um problema, O berço da expressão vem do
comportamento instintivo dos suínos. Quando em estresse, na defesa de suas crias, eles
enrolam ou torcem o rabo como sinal de sua fúria e partem para cima do agressor.

ARCO DA VELHA
Uns dizem que a expressão tem origem no Antigo Testamento. Seria o sinal do pacto que
Deus fez com Noé. Arco da velha seria uma simplificação de Arco da Lei Velha. Mas há
também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da
existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas
provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a
água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere
(beber).

BAFO DE ONÇA
A onça é um animal carnívoro e se lambuza na hora de comer a caça, por isso fede muito e
sua presença é detectada à distância na mata. Devido a isso, o hálito fétido passou a se
chamar popularmente de bafo de onça. Também significa o hálito de quem está (ou esteve)
alcoolizado. (Autor: Hélio Consolaro).

BATATINHA QUANDO NASCE, ESPARRAMA PELO CHÃO


Trata-se de um conhecido ditado popular. Mas sua origem era “batatinha quando nasce,
espalha a rama pelo chão”.

BATER NA MADEIRA
Historicamente, a árvore a ser tocada era o carvalho, venerado por sua força, altura
imponente e poderes sobrenaturais. O culto surgiu há cerca de 4 mil anos entre os gregos e
depois entre algumas tribos indígenas da América. Eles observaram que o carvalho era
freqüentemente atingido por raios e pressupuseram que a árvore fosse a moradia do deus-céu
(índios) e deus dos relâmpagos (gregos). E acreditavam que qualquer pensamento ou palavra
de mau-agouro poderia ser neutralizada batendo-se na base do carvalho, pois a pessoa estaria
se contatando com o deus e pedindo ajuda. Atualmente dá-se uma pequena batida em
qualquer madeira para afastar um pensamento ou presságio ruim.

CAIR A FICHA
A expressão ainda é bastante popular, mas já não faz sentido, pela simples razão de que não
se usa mais ficha para falar em telefone público. Agora é cartão. Desde 1930, os telefones
públicos funcionavam com moedas de 400 réis. Veio a inflação, e galopante, o que fez com
que, a partir dos anos 70, o governo preferisse a utilização de fichas. Só com elas seria
possível acionar os chamados orelhões, equipamento urbano muito conhecido nas cidades
brasileiras. Esse tipo de ficha só caía após ser completada a ligação, o que fez nascer a
expressão cair a ficha, ou seja, o momento em que conseguimos entender alguma coisa. As
fichas desapareceram em 1992 e deram lugar aos cartões, até hoje em vigor, mas a expressão
continua sendo lugar comum em nosso quotidiano.

CALCANHAR DE AQUILES
Vem da mitologia. A mãe de Aquiles, Tétis, com o objetivo de tornar seu filho invulnerável,
mergulhou-o, ainda bebê, num lago mágico, segurando o filho pelos calcanhares, que tendo
ficado fora da água, foi a única parte de seu corpo a não se beneficiar com a magia. Páris
feriu Aquiles, na Guerra de Tróia, justamente nesse calcanhar, matando-o. Portanto, o ponto
fraco ou vulnerável de um indivíduo, por metáfora, é o calcanhar de Aquiles.

CANTO DO CISNE
Dizia-se antigamente que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A
expressão canto do cisne representa então as últimas realizações de alguém.

CHÁ DE CADEIRA
Tem a ver com atraso; com muito atraso. Historicamente, os nobres e fidalgos consideravam-
se superiores às outras pessoas. Quando seus súditos queriam alguma audiência, eles eram
acomodados em cadeiras e esperavam muito até serem atendidos, pois seus senhores
atrasavam bastante para salientar o privilégio de poder fazê-lo. Os empregados, então,
serviam chá para essas pessoas, que “mofavam” nas salas de espera, como uma forma de
amenizar os longos atrasos. Daí surgiu essa expressão.

CHATO DE GALOCHA
Significa pessoas muito chatas, resistente e insistente. A galocha era um tipo de calçado de
borracha colocado por cima dos sapatos para reforçá-los e protegê-los da chuva e da lama.
Por isso, há uma hipótese de que a expressão tenha vindo da habilidade de reforçar o calçado.
Ou seja, o chato de galocha seria um chato resistente e insistente.

CHEGAR DE MÃOS ABANANDO


Os imigrantes, no século passado, deveriam trazer as ferramentas para o trabalho na terra.
Aqueles que chegassem sem elas, ou seja, de mãos abanando, davam um indicativo de que
não vinham dispostos ao trabalho árduo da terra virgem. Portanto, chegar de mãos abanando
é não carregar nada. Ele chegou de mãos abanando ao aniversário, significa que não trouxe
presente para o aniversariante, que terá de se satisfazer apenas com a presença do amigo.

COLOCAR NO PREGO
A origem dessa expressão vem do fato de que nas antigas casas comerciais – tabernas,
empórios, farmácias – existia um prego onde o comerciante espetava as contas de quem
pedia para pagar depois. Quando o freguês retornava para quitar a dívida, o dono tirava os
papéis do prego, somava os valores e cobrava. Colocar no prego é colocar no pendura,
comprar fiado, pagar depois. Ainda hoje alguns comerciantes, que não gostam disso, exibem
um cartaz bem visível que avisa: “Fiado só amanhã”.

CONTO DO VIGÁRIO
Duas igrejas de Ouro Preto receberam, como presente, uma única imagem de determinada
santa, e, para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários apelaram à decisão de
um burrico. Colocaram-no entre as duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até
uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E o burrico caminhou direto
para uma delas... Só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o
burrico, e conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.

DAR COM OS BURROS N`ÁGUA


A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção
de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era
que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos
muito difíceis e regiões alagadas, onde alguns dos burros morriam afogados. Daí em diante o
termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir
algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.

DE CABO A RABO
Total conhecedor. Conhecer algo do começo ao fim. Histórico: Durante o período das
grandes navegações portuguesas, era comum se dizer total conhecedor de algo, quando se
conhecia este algo de "cabo a rabah", ou seja, como de fato conhecer todo o continente
africano, da Cidade do Cabo ao Sul, até a cidade de Rabah no Marrocos (rota de circulação
total da África com destino às Índias).

DOR DE COTOVELO
A expressão, usada para se referir a alguém que sofreu uma decepção amorosa, causando
tristeza ou ciúmes, tem sua origem na figura de uma pessoa sentada em um bar, com os
cotovelos em cima do balcão enquanto toma uma bebida e lamenta a má sorte no amor. De
tanto o apaixonado ficar com os cotovelos apoiados no balcão, eles iriam doer. A partir daí
que surgiu a expressão “dor-de-cotovelo”.

DOSE PARA ELEFANTE (OU PARA CAVALO, OU PARA LEÃO)


Significa quantidade excessiva; demasiada. Essas variantes circulam com o mesmo
significado e atendem às preferências individuais dos falantes. Supõe-se que o cavalo, por ser
forte; o elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses exageradas de
remédio para que este possa produzir o efeito desejado. Com a ampliação do sentido, dose
para cavalo e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou
mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.

ENTRAR COM PÉ DIREITO


A tradição de dar sorte ao entrar em algum lugar com o pé direito é de origem romana. Nas
grandes celebrações romanas, os donos das festas acreditavam que entrando com o esse pé,
evitariam agouros na ocasião da festa. A palavra “esquerda”, no latim, significa sinistro, daí
já fica óbvia a crença do lado obscuro dos inocentes pés esquerdos. A partir daí, a tradição se
espalhou pelo mundo inteiro.

ESTAR COM A MACACA


O berço da expressão significava que a pessoa estava possuída pelo demo. Em algumas
culturas, palavras tipo demônio, capeta ou diabo são sinais de má sorte. Para atenuá-los,
esses vocábulos têm sido substituídos por cão e macaca. Atualmente, a expressão caracteriza
a pessoa nervosa, estressada, irritada.

ESTÔMAGO DE AVESTRUZ
O estômago do avestruz é dotado de um suco gástrico capaz de dissolver facilmente da
espécie de comida ingerida por esse animal. A expressão, então, define aquele que come de
tudo.

FALAR PELOS COTOVELOS


A frase, que significa “falar demais”, surgiu do costume que as pessoas muito falantes têm de
tocar o interlocutor no cotovelo a fim de chamar mais a sua atenção. O folclorista brasileiro
Câmara Cascudo fazia referência às mulheres do sertão nordestino, que à noite, na cama com
os maridos, tocavam-nos para pedir reconciliação depois de alguma briga.

FAZER A SESTA
A expressão significa descansar ou repousar depois do almoço e é um hábito que remonta
aos antigos romanos. Chama-se sesta porque é a sexta hora do dia romano, iniciado às seis
horas da manhã. O costume ocorre até hoje em alguns países, que fecham o comércio na hora
da sesta, só reabrindo-o no meio da tarde. Estudos dizem que fazer a sesta reduz o risco de
morte por doenças cardíacas.

FAZER BOCA-DE-SIRI
A expressão é empregada para designar aqueles que se mantêm discretos e reservados em
relação a determinado assunto, que conseguem guardar segredo. Gente conhecida como
moita. Mas por que se diz que essa pessoa tão prudente faz boca-de-siri? É porque a boca do
bicho dificilmente se abre, ele fica no mocó.

FAZER UMA VAQUINHA


A expressão “fazer vaquinha” surgiu na década de 20 e tem sua relação de origem com o
jogo do bicho e o futebol. Nessa época, já que a maioria dos jogadores de futebol não tinha
salário, a torcida do time se reunia e arrecadava entre si, um prêmio para ser dado aos
jogadores. Esses prêmios eram relacionados popularmente com o jogo do bicho. Assim,
quando iam arrecadar cinco mil réis, chamavam a bolada de “cachorro”, pois o número cinco
representava o cachorro no jogo do bicho. Como o prêmio máximo do jogo do bicho era
vinte e cinco mil réis, e isso representava a vaca, surgiu o termo popular “fazer uma
vaquinha”, ou seja, tentar reunir o máximo de dinheiro possível para um fim específico.
FICAR A VER NAVIOS
Dom Sebastião, jovem e querido rei de Portugal (sec XVI), desapareceu na batalha de
Alcácer-Quibir, no Marrocos. Provavelmente morreu, mas seu corpo nunca foi encontrado.
Por isso o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca, e era comum que
pessoas subirem ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa, na esperança de ver o Rei
regressando à Pátria. Como ele não regressou, o povo ficava a ver navios.

FULANO, BELTRANO E SICRANO


Fulano vem do árabe fulân ("tal"). No espanhol do século XIII, fulano era usado como
adjetivo, mas depois tornou-se esse substantivo que designa algo que não sabemos o nome.
Beltrano veio do nome próprio Beltrão, muito popular na Península Ibérica por causa das
novelas de cavalaria. A terminação em ano veio por analogia com fulano. E Sicrano tem
origem misteriosa.

GATOS PINGADOS
Seu significado tem sentido depreciativo, usando-se para referir uma suposta inferioridade
(numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância. Esta expressão remonta a uma
tortura procedente do Japão, que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou
animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram
pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma
assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão "gatos pingados" passou a denominar
pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.

GUARDADO A SETE CHEVES


No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de jóias e
documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo
que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro
chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a
época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo “guardar a sete
chaves” para designar algo muito bem guardado.
HOJE É DOMINGO PÉ DE CACHIMBO
É uma das rimas infantis mais conhecidas de nossa língua portuguesa e cultura. Mas o
correto é Hoje é domingo pede cachimbo. O domingo é um dia especial para descansar e
relaxar, fumando um bom cachimbo (para aqueles que fumam, naturalmente), num
verdadeiro ócio.

IDÉIA DE JERICO
Essa é de fácil dedução. Na região Nordeste, Jerico é o mesmo que mula. A expressão, então,
designa alguma idéia tola, já que, figurativamente, jumento é o mesmo que indivíduo
imbecil.

LEVAR (OU COMER) GATO POR LEBRE


Uma lei do século XIII fixava o preço da pele de vários animais, como cordeiro, cabrito,
raposa, lontra, marta e muitos outros bichos. A do gato fazia parte dessa lista e era muito
barata (cerca de um terço da de raposa, sem falar nas peles de luxo como a de lontra ou a de
marta). Em termos culinários, a carne de gato, depois de receber temperos que lhe fazem
absorver melhor os condimentos, torna praticamente imperceptível a diferença entre ela e a
de lebre. Por isso, a expressão significa ser enganado, ludibriado por algum vigarista.

MACACO VELHO NÃO PÕE A MÃO EM CUMBUCA


Existe uma árvore chamada sapucaia que dá um fruto em forma de cumbuca. Quando
amadurece, a cumbuca desprende pequenas castanhas. Os filhotes de macacos enfiam a mão
na abertura da fruta e ficam presos. Eles só conseguem sair quando fecham a mão e
abandonam o fruto. O macaco velho, já experiente, não passa mais por isso.

MÃE (OU PAI, AVÔ OU AVÓ) CORUJA


A expressão nasceu da fábula “A Coruja e a Águia”, divulgada no Brasil por Monteiro
Lobato. Ela conta que as duas aves fizeram as pazes e prometeram não comer mais os filhos
da outra. E para que fossem reconhecidos pela águia e não mais devorados, a coruja
orgulhosa estufou o peito e disse que seus filhos eram as criaturas mais bonitas da floresta,
com penas lindas, olhar marcante e esperteza descomunal. Como todo mundo sabe, a águia
não reconheceu os filhotes da coruja pela descrição que foi dada pela sua mãe e acabou
devorando alguns monstrengos que piavam de bico aberto num ninho e que nem tinham
forças para abrir os olhos. A expressão designa aquela pessoa que, além de se esmerar nos
cuidados com os filhos, não vê defeito algum neles.

MATANDO CACHORRO A GRITO


A expressão significa estar desesperado, estar sem saída, estar passando grandes
necessidades. Explicando toscamente: quando precisamos nos defender de um cachorro, mas
não temos nada à sua mão, então o jeito é gritar tão alto até que o bicho morra de susto e
fuja. É um ato de desespero de quem não tem outro recurso.

MEMÓRIA DE ELEFANTE
Diz-se que o elefante lembra de tudo que aprende. Então, quando as pessoas têm boa
memória e se recordam de tudo, dizemos que elas tem memória de elefante.

MOTORISTA BARBEIRO
No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas
também, tiravam dentes, cortavam calos, etc. E por não serem profissionais, seus serviços
mal feitos geravam marcas. A partir daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era
atribuído ao barbeiro, pela expressão “coisa de barbeiro”. Esse termo veio de Portugal,
contudo a associação de “motorista barbeiro”, ou seja, um mau motorista, é tipicamente
brasileira.

NÃO É FLOR QUE SE CHEIRE


Por incrível que pareça, há uma flor repulsiva ao olfato. É a flor-cadáver, que apesar de linda,
fede. Originária das florestas tropicais da Sumatra, é a flor mais malcheirosa do mundo.
Antes de desabrochar, praticamente não tem cheiro, mas quando floresce libera um odor
fétido, parecido com um cadáver exposto depois de vários dias. E assim, essa expressão
popular lembra a pessoa pouco recomendável, que não merece confiança e, portanto, deve
ser evitada.

NECA DE PITIBIRIBAS
O termo neca equivale a nada e vem do latim nec, que significa não. De acordo com o
dicionário Houaiss, o termo pitibiriba (ou pitibiribas) é tipicamente brasileiro. Ele quer dizer
nada ou coisa alguma. Então foi só juntar os dois termos, apenas para reforçar.

NOVINHO EM FOLHA
De acordo com Flávio Vespasiano Di Giorgi, professor de Lingüística da PUC, a expressão
“novinho em folha” surgiu em alusão a livros recém-impressos, que estariam com as folhas
limpinhas, sem dobras, riscos ou diferenças na coloração. Eram livros, portanto, “novinhos
em folha”.

OVO DE COLOMBO
Expressão muito conhecida. É aquilo que parece não ser possível fazer, mas se revela muito
simples e fácil, depois de feito. Seu berço está no nome de Cristóvão Colombo, o descobridor
da América. A historinha, que nem todos conhecem, é a seguinte: de volta à Espanha como
herói por haver descoberto o Novo Mundo, foi homenageado pelo cardeal Pedro Gonzalo de
Mendonza com um lauto jantar. Nele, um fidalgo, ciumento e despeitado, menosprezou o
feito de Colombo, garantindo que qualquer um poderia ter feito a descoberta, pois já era
sabido que existiam terras a oeste. A essa crítica, Colombo evidentemente não poderia dar
resposta imediata. Optou então por uma brincadeira cheia de significação: tomou um ovo,
convidou todos os presentes a pô-lo de pé. Cada um tentou, mas em vão. Aí, Colombo
quebrou a casca de uma extremidade do ovo e, pondo-o de pé, demonstrou com simplicidade
como era fácil descobrir o caminho do Novo Mundo – depois que alguém já o tivesse
feito. . .

POSIÇÃO QUE NAPOLEÃO PERDEU A GUERRA


Tem duas versões. A primeira diz que teria surgido depois da batalha de Waterloo. Atingido
de raspão, Napoleão caiu ao solo e não conseguiu levantar-se. Arrastou-se então, como
cobra, com as nádegas para cima, até que, cercado pelos inimigos, entregou-se nessa posição.
Mas há quem discorde, afirmando que a expressão estaria relacionada à trágica retirada do
exército de Napoleão, dizimado na Rússia pelo "general inverno". Os solados, vencidos por
um frio desumano e vergados ao peso das mochilas e materiais transportados, caíam em
plena marcha e muitos morriam de hipotermia, ali mesmo, de cócoras, com a cara no chão
gelado.

QUEM TEM BOCA VAI A ROMA


Antiga expressão, que vem da antiguidade. Sua origem era “quem tem boca vaia (verbo
vaiar) Roma”, de uso corrente na população antiga de Roma, revoltada com a cobrança dos
altos impostos.

QUINTOS DOS INFERNOS


Reinaldo Pimenta, na obra A Casa da Mãe Joana, conta que durante o século 18 os
portugueses coletavam diversos impostos na colônia, entre eles, a quinta parte (20%) de todo
ouro extraído. Depois da coleta, enviavam estes impostos – chamados de "quinto" – para
Portugal. O povo da metrópole, que achava que o Brasil ficava muito longe, no fim do
mundo, dizia: "Lá vem a nau dos quintos do inferno".

RODAR A BAIANA
Quando alguém recorre a essa expressão, é sinal que fai fazer um escândalo público, reagir
com estardalhaço ou soltar tudo que vier à cabeça. Mas essa expressão não tem origem na
Bahia, e sim no Rio de Janeiro. É que no inicio do século 20, os integrantes dos blocos de
carnaval saiam fantasiados pelas ruas, cantando e dançando. Alguns espectadores,
aproveitando a euforia geral, passavam a mão nas bundas das moças que desfilavam. Para
acabar com isso, alguns capoeiristas passaram a se fantasiar de baiana e a amarrar lâminas de
navalha na barra de suas saias. E, quando eles viam coisas do tipo, rodavam a baiana,
levantando as saias e retalhando quem estivesse por perto. As pessoas só viam a baiana rodar
e começar a confusão.

SAIR (OU FICAR) COM O RABO ENTRE AS PERNAS


Quando um cachorro é enxotado de um lugar, ele sai cabisbaixo, com o rabo entre as pernas.
A expressão, então, ficou sendo usada para aquela pessoa que, depois de humilhada, sai
envergonhada e sem esboçar nenhuma reação.

SEGURAR A VELA
No período correspondente à Idade Antiga e Média, as pessoas acendiam velas para fazer
suas atividades noturnas como, por exemplo, jantar, tomar banho, entre outras. Na Idade
Média, as pessoas que eram designadas ao trabalho braçal seguravam as velas para que seu
senhor enxergasse o que fazia. Em eventos e estabelecimentos que só funcionavam à noite,
colocavam garotos para acender e segurar velas. Esse também era o trabalho desempenhado
por alguns criados que seguravam candeeiros para que seus patrões pudessem ter relações
sexuais com luz, porém durante todo o ato sexual eles deveriam manter-se de costas, de
forma a não invadir a privacidade do casal. Ao longo do tempo o termo “segurar vela”
ganhou diferentes definições e a mais recente é a utilizada para designar o papel de um
amigo solteiro que acompanha um casal de namorados, ficando esse ‘sobrando e/ou
atrapalhando’ o clima romântico do casal.

SEM EIRA NEM BEIRA


Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do
imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Estar sem eira nem beira
significa que a pessoa é pobre e não tem sustentáculo no raciocínio.

SOLTAR A FRANGA
A galinha é um dos animais com mais longo período de cio, praticamente incessante. Como
as galinhas domésticas geralmente ficam presas em cercados, soltá-las seria a forma
metafórica de liberá-las para a prática do desejo sexual. Assim, a expressão significa assumir
a posição homossexual, ou adotar o comportamento do sexo oposto. Mas também tem
conotação mais ampla, como momentos de explosiva liberação pessoal (fazer ou dizer o que
quiser, por exemplo), não necessariamente homossexual.

SORRISO AMARELO
É o riso forçado, meio sem jeito, constrangido. O sentido da expressão tem, evidentemente, a
ver com a origem da cor amarela, que vem do latim amarus, amargo, acre, difícil, com
derivação para o hispânico amarellu, pálido. Em tempos idos e vividos, o vocábulo se
aplicava aos doentes de icterícia, que ficam amarelos devido a alterações na bílis, secreção
amarga produzida pelo fígado. Quem exibe um riso amarelo quase sempre só abre a boca
num meio sorriso por questão de educação porque no fundo, no fundo, está é pensando em
chupar a carótida de seu interlocutor . . .

TEMPO É DINHEIRO
O físico Benjamin Franklin (1706-1790) teria chegado a ela depois de ler obras do filósofo
grego Teofrasto (372-288 a.C). O pensador grego, a quem é atribuída a autoria de cerca de
200 trabalhos em 500 volumes, teria mencionado a frase: tempo custa muito caro. Isso
porque ele escrevia, em média, um livro a cada dois meses.

TER DENTE DE COELHO


Quando um problema é muito intrincado, exige habilidade para ser solucionado e parece
esconder alguma artimanha. Diz-se, então, que ali tem dente de coelho. Lembra o que
acontece com os dentes desse animal: por mais que tente, não os consegue esconder.
Aparecem, mesmo estando o bicho de boca fechada e lábios cerrados. Esperteza e espírito
arguto também caracterizam esse animal. Diante disso, a expressão “ter dente de coelho”
acabou traduzindo a idéia da existência de algum problema confuso criado pela intenção
humana, e que vai exigir certa habilidade para ser resolvido. Dessa forma, em todos os casos
onde existem armadilhas, dificuldades ou artimanhas ocultas, mas que podem ser percebidas
com o uso de um pouco de atenção, a frase é cabível e perfeitamente aplicável.

TER SANGUE DE BARATA


Tem gente que pensa que as baratas não têm sangue. Elas têm sim, mas não é como o nosso.
No caso delas, é um líquido quase pastoso e frio, como uma gosma, que transmite suas
sensações. Ela não sente dor como nós sentimos, por isso resiste tanto. Daí dizer-se que uma
pessoa tem sangue de barata quando não se altera facilmente, mesmo diante de situações
difíceis. É o caso de alguém de temperamento frio e de extrema paciência.

TIRAR O CAVALO DA CHUVA


No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à
casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar
protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia deixar o animal assim
protegido se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da
chuva”. Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.

UM É POUCO, DOIS É BOM, TRES É DEMAIS


De acordo com o escritor Deonísio da Silva, esta frase foi popularizada no século XX, em
uma canção do compositor brasileiro Heckel Tavares (1896-1969). “Os versos dizem ‘numa
casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais’ ”, explica o escritor. Embora a
expressão seja relativamente recente, Deonísio afirma que seu sentido já aparecia na Bíblia.
Segundo o Velho Testamento, três pessoas formavam um grupo grande demais para discutir
assuntos íntimos.

UNHA DE FOME
Dá-se o nome de unha-de-fome ao sujeito mesquinho, pão-duro, sovina, avarento.
Historicamente, a expressão sugere uma imagem negativa: a dos cristãos em relação aos
judeus, que conseguiam obter rendimentos dos bens que acumulavam. Como as unhas
simbolizam as garras de alguns animais, eram aqueles que se apegavam ao dinheiro ou aos
bens materiais de maneira exagerada, como os animais para não perder a sua presa.

VÁ SE QUEIXAR AO BISPO
No tempo do Brasil colônia, por causa da necessidade de povoar as novas terras, a fertilidade
na mulher era um predicado fundamental. Em função disso, elas eram autorizadas pela igreja
a transar antes do casamento, única maneira de o noivo verificar se elas eram realmente
férteis. Ocorre que muitos noivinhos fugiam depois do negócio feito. As mulheres iam
queixar-se ao bispo, que mandava homens atrás do fujão.

VAI DAR ZEBRA


A zebra não figura entre os 25 bichos do jogo do bicho. Mas em 1964, um treinador de
futebol muito galhofeiro garantiu a todos os repórteres que, naquele ano, a Portuguesa seria a
campeã carioca de futebol. “Vai dar zebra”, dia ele. Os repórteres adoraram a brincadeira e o
termo, passando a divulgá-lo, tanto no esporte quanto na política ou em qualquer
acontecimento inesperado.
VOTO DE MINERVA
Na Mitologia Grega, Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado de tê-la assassinado. No
julgamento havia empate entre os jurados, cabendo à deusa Minerva, da Sabedoria, o voto
decisivo. O réu foi absolvido, e Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo.

OK
A expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida pra significar algo que está
tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA. Durante a guerra, quando os
soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0
killed" (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo "OK".

VAI TOMAR BANHO


Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios
versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos
comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e
desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não
conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de
árvore pra limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado
pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com freqüência e
raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então os índios,
quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar
banho".

ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM


Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato,
capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu
superior, um oficial português. O capitão reivindicava a punição do soldado que o
desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos,
que se entendam". O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de
dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos
fatos, dom Luís mandou prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas,
dom Luís se explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos.
ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA
Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino Ovídio (43 a.C.-18 d.C),
autor de célebres livros como "A arte de amar "e "Metamorfoses" , que foi exilado sem que
soubesse o motivo. Escreveu o poeta: "A água mole cava a pedra dura". É tradição das
culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase
pra que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio, portugueses e
brasileiros.

Fazer ouvidos de mercador


Orlando Neves, autor do Dicionário das Origens das Frases Feitas, diz que a palavra
mercador é uma corruptela de marcador, nome que se dava ao carrasco que marcava os
ladrões com ferro em brasa, indiferente aos seus gritos de dor. No caso, fazer ouvidos de
mercador é uma alusão a atitude desse algoz, sempre surdo às súplicas de suas vítimas.

A voz do povo, a voz de Deus


Essa tá obvia. Quem realmente sabe das coisas é o povo.
As pessoas consultavam o deus Hermes, na cidade grega de Acaia, e faziam uma pergunta ao
ouvido do ídolo. Depois o crente cobria a cabeça com um manto e saía à rua. As primeiras
palavras que ele ouvisse eram a resposta a sua dúvida.

Tirar o pai da forca


A expressão se refere a um milagre de Santo Antônio. Quando ele fazia seu sermão no
convento de Acella, em Pádua, Itália, foi sobrenaturalmente avisado da condenação de seu
pai, já a caminho da forca. Santo Antônio, então um frade, pôs a mão na fronte, transportou-
se espiritualmente para Lisboa, defendeu o pai perante um tribunal e absolveu-o. Seus
ouvintes em Pádua tiveram apenas a impressão de um instante de silêncio em que o pregador
parecia buscar palavras e ideias.

Negócio da China
É um negócio muuuuito lucrativo.
A expressão se originou das viagens de Marco Polo ao Oriente, no século XIII. A divulgação
de sua narrativa deu à China a reputação de uma terra de coisas exóticas, que seduziam os
comerciantes e lhe traziam grandes lucros.

Puxar a brasa para sua sardinha


É levar vantagem exclusivamente em proveito próprio. Veio do espanhol arrimar el ascua a
su sardina.
Antigamente trabalhadores que moravam em cortiços ganhavam sardinhas, que eles assavam
no fogo que iluminava o ambiente. Quando os homens pegavam as brasas para suas
sardinhas e o fogo se apagava, era muita briga e bate-boca no escuro. As discussões foram
tantas que ficou proibido o ingresso de sardinhas nos cortiços.

Puxa-saco
A expressão veio da gíria militar. Puxa-saco era o ordenança que submissamente carregava
os sacos de roupas dos oficiais em viagem.

Quebrar o galho
A expressão veio da umbanda. Exu é uma entidade espiritual, que ajuda, ora para o bem, ora
para o mal. Existem vários tipos de Exu, como o Exu-Caveira, que protege os cemitérios.
Se o objetivo é unir ou separar casais, o trabalho é feito com bonecos de madeira e a
evocação do Exu adequado: o Exu quebra galho, assim denominado por ser o dominador das
matas.

Vá plantar batatas!
A expressão apareceu em Portugal, na segunda metade do século XIX. Ser operário numa
fábrica era trabalho digno, moderno, motivo de orgulho para o trabalhador. A agricultura era
tida como atividade secundária, braçal, para gente desqualificada, pouco inteligente. Dessa
forma, mandar alguém plantar batatas era expedir o ofendido para o campo a fim de cuidar
de trabalhos rudimentares.

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