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Direito Romano

A importância do Corpus Juris Civilis e a codificação civil brasileira

Julieta Brenda Fernandes Morão

Crato/ CE

2021
Justiniano foi um imperador romano do oriente, que valorizava muito a
religião e o direito, e isso fez com que ele fizesse várias intervenções na doutrina
religiosa do cristianismo em sua época. Ele se via como um legatário da grande
tradição do império romano e também achava que tinha a missão de organizar
o direito romano. Uma de suas ambições era reconstruir a glória do império
romano, e para fazer isso ele acreditava que seria necessário reorganizar todo
o direito romano.

É válido ressaltar que Justiniano não foi o único que tentou fazer essa
organização, no Dominato, houveram sim tentativas de compilação do direito
romano existente até então, porém, como naquela época as fontes formais do
direito romano eram de difícil acesso, isso dificultava ainda mais que um código
resumido fosse feito, gerando assim um problema na uniformidade do direito e
uma instabilidade jurídica.

Alguns imperadores tentaram compilar o direito, como o imperador


Dioclesiano e o Thodoros, porém sem sucesso. Então, Justiniano, após um
tempo de seu governo começa a sentir uma necessidade de que o direito em
Roma seja organizado e começa a dar ordens para instruir alguns juristas a lhe
auxiliarem nisso, para que haja essa compilação das fontes do direito romano.

Os juristas então começam a acessar as fontes, doutrinas, livros, e vão


resumir, transcrever e organizar todas as obras daqueles juristas, formando
assim o chamado Digesto. Mas, pelos livros originais terem sido destruídos, será
que tudo que foi transcrito são fiéis às obras dos autores citados? Não se sabe,
e essa destruição da coleção só reforça mais ainda a autoridade que o imperador
tinha, para que a única fonte certa do conhecimento doutrinário seja essa que os
juristas a mando de Justiniano compilaram.

O Digesto está dividido em cerca de 50 livros, e o conteúdo desses livros


dizem respeito ao Direito Público, Direito Criminal, procedimentos de apelação,
Direito Municipal, mas noventa por cento do que tem no Digesto fala de Direito
Privado, que seria a noção de Contrato, casamento, testamento, por exemplo.
Na época de Justiniano as fontes do direito eram as Leis e o Digesto, que era a
Doutrina, essa era importante porque as opiniões dos juristas eram valiosas.
O Imperador Justiniano reconhece que estudar o Digesto era um desafio
para aqueles que estavam iniciando o estudo do direito, assim, ele ordena que
a comissão produza um livro didático para a melhor compreensão, estas ficam
conhecidas como Institutas de Justiniano.

Essas obras, como o Digesto e as Institutas, eram obras manuscritas, e


elas ajudaram e serviram para que fossem elaboradas compilações mais
modernas do direito. Historiadores iniciaram esse processo, e o primeiro que
consegue estabelecer uma versão impressa, Jacques Godefroy (1583), é que dá
o nome à obra de Justiniano de Corpus Juris Civilis.

Esses textos se tornam importantes porque um grupo que se forma na


Universidade de Bolonhas, conhecido como Glosadores, começam a estudar o
direito romano e a escrever comentários sobre eles. Na obra deles e de outros
autores que vem em seguida, são responsáveis pelo renascimento do Direito
Romano, nessa época as duas fontes do direito que haviam eram o direito da
igreja e o direito local, surgindo entre eles o Direito Romano então, como a
grande fonte do Direito, o grande local de resolução de problemas.

Durante toda a Idade Média, o direito Justiniano, junto ao direito feudal e


ao direito canônico, se torna o direito vigente na Europa, e quando nos séculos
XVIII e XIX começam as primeira codificações (código civil alemão, francês), elas
são fortemente baseadas no Corpus Juris Civilis e na tradição romanística.

Não é diferente do Código Civil Brasileiro, que apresenta uma estrutura e


uma distribuição parecida com os diversos códigos espalhados pelo mundo,
todos com uma origem no código-padrão, o Corpus Juris Civilis, código do Direito
Romano.

A partir do momento em que os códigos modernos são escritos e


baseados no direito romano, pode-se dizer que este começa a ser o último
suspiro do mesmo, pois a partir do momento que ele se torna a base dos códigos
contemporâneos, ele se torna também história, pois o Direito é mutável, e vai se
adaptando às novas necessidades da sociedade, porém sem deixar de lado suas
origens.

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