DISCIPLINA: Fundamentos do Direito Civil PROFESSOR: Bernardo Moraes
Dissertação - “O estudo do Corpus Iuris Civilis”
O Direito Romano é visto como um dos pilares que ajudaram a construir o
direito contemporâneo. Logo, é dificílimo tentar compreender a maioria das produções jurídicas dos últimos 500 anos, sem ter nenhum conhecimento prévio sobre ele. Isto acontece por não existir somente um direito romano, mas sim vários direitos romanos, visto que ao longo da história da humanidade, a interpretação da experiência jurídica romana variou de acordo com a época e o contexto em que foi estudada. Até o século XX, o direito romano era visto como um “fio que conduz” todo o avanço do pensamento jurídico e por isso, o Corpus Iuris Civilis é visto como o texto mais relevante, seja de maneira boa ou ruim, para a composição do direito contemporâneo. O CIC (Corpus Iuris Civilis) é o suprassumo do direito escrito romano. A sua tradução pode ser feita da seguinte forma: “Compilado do direito dos cidadãos”, porém, a palavra “cidadão” se refere somente aos cidadãos romanos e não a todos os cidadãos do mundo. Em outras palavras, o CIC é um compilado, feito pelo imperador romano Justiniano, no final do qual se entende como direito romano, dos direitos criados e empregados por romanos naquela época. O CIC é um conjunto de quatro textos jurídicos romanos que são separados em Institutas, Digesto, Código e Novelas. As Institutas, que foram promulgadas em 533 d.C., tiveram o objetivo de servirem um manual para os estudantes de direito da época e foram inspiradas na Institutas de Gaio. O Digesto, que foi promulgado em 533 d.C., é uma compilação de fragmentos, escolhidos por Justiniano, das obras dos juristas Gaio, Modestino, Papiniano, Paulo e Ulpiano, famosos juristas do período clássico indicados da Lei das Citações. O Código que é uma coletânea de normas criadas por todos os imperadores romanos desde o século II até a sua promulgação em 534 d.C. E por fim, as Novelas que são as normas criadas por Justiniano, mas nunca foram promulgadas oficialmente. A partir de descobertas recentes, foi possível perceber que os textos presentes no Corpus Iuris Civilis foram muito utilizados nos cursos de direito e pelos aplicadores de direito da época justinianeia, principalmente em lugares como Constantinopla e Beirute. Do mesmo modo, durante o século XI, a sua leitura continuou tendo uma grande importância para os estudiosos do direito; porém, por conta dos custos elevados dos materiais de suporte de escrita para fazer as cópias, as abreviaturas, que dificilmente possuíam um padrão, foram a melhor alternativa para economizar. No entanto, isto acabou gerando um obstáculo para os futuros leitores. A melhor alternativa para combater esse problema foi a proibição das abreviaturas, principalmente nos códigos. Além disso, também foi criado um livro cujas principais funções eram decodificar essas abreviaturas e buscar formas simplificadas de se referir a cada trecho legal. Durante vários séculos, se criaram diversas regras para a formatação das copias do Corpus Iuris Civilis, e até os dias atuais não se pode decidir qual estilo de formatação é visto como o mais correto. Contudo, é possível afirmar que o modelo atual é um dos mais simples entre todos os que já foram aplicados, pois ele conjuga abreviaturas - que indicam a parte do CIC – com números, facilitando a sua leitura, interpretação e localização dos textos.