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Índice

Introdução...................................................................................................................................................4
Objectivos...................................................................................................................................................4
Metodologia................................................................................................................................................4
Crescimento Económico..............................................................................................................................5
Desenvolvimento Económico......................................................................................................................7
Factores do Crescimento e Desenvolvimento Economico...........................................................................8
Teorias de desenvolvimento......................................................................................................................14
O Desenvolvimento na Teoria Schumpeteriana.........................................................................................14
Teoria do Subdesenvolvimento.................................................................................................................16
Conclusão..................................................................................................................................................16
Bibliografia................................................................................................................................................18
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Introdução

O desenvolvimento económico de um país ou estados-nação é o processo de acumulação de


capital e incorporação de progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento da
produtividade, dos salários, e do padrão médio de vida da população. A medida mais geral de
desenvolvimento económico é a do aumento da renda por habitante porque esta mede
aproximadamente o aumento geral da produtividade; já os níveis comparativos de
desenvolvimento económico são geralmente medidos pela renda em termos de PPP (purchasing
power parity) por habitante porque a renda ou produto do país corrigido dessa maneira avalia
melhor a capacidade média de consumo da população do que a renda nominal.

Objectivos

Mostrar as diferentes visões acerca da relação crescimento económico e o Desenvolvimento


Económico.

Metodologia

Em termos metodológicos a nossa investigação assentou, primeiramente, na elaboração de uma


estrutura de trabalho, e com base nela, realizámos pesquisas e consultas de inúmeras obras de
referência, especialmente associadas ao crescimento e desenvolvimento económico e às relações
entre a dimensão. Esta fase foi efetuada com sentido crítico, de modo a podermos identificar as
lacunas existentes e assim definir melhor os nossos objectivos de pesquisa e a linha analítica a
seguir.
Além do estudo bibliográfico, a pesquisa teve como método de abordagem ao problema o
método dedutivo, pois a natureza do trabalho não permite generalizar seu resultado (GIL, 2002).
Quanto ao tipo de pesquisa, com base no objectivo proposto, trata-se de um estudo exploratório
(CRUZ; RIBEIRO, 2004; GIL, 2002)

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Crescimento Económico

Crescimento económico é caracterizado por uma elevação contínua do Produto Interno Bruto
(PIB), tanto em termos globais como em termos per capita, o PIB normalmente é considerado o
melhor indicador de desempenho de uma economia. Porém, a distribuição do crescimento
económico não é homogénea no espaço e nem entre as pessoas. Em função disso, os impactos
sobre a população divergem. Assim, ao analisar a melhoria dos padrões de vida de determinado
local somente sob a óptica do crescimento económico, pode revelar informações que são
superficiais e induzir a conclusões precipitadas.

Por isso, é de extrema importância analisar o crescimento económico sob a óptica da “qualidade”
e não somente em termos quantitativos, ou seja, avaliar se esse crescimento tem gerado
desenvolvimento. A literatura actual sobre desenvolvimento económico tem dado grande
importância ao fato de que qualquer conjunto de acções que visem o crescimento económico de
um país ou região deve vir acompanhado de uma melhora nas condições de vida.

O conceito de crescimento económico é entendido como uma elevação contínua do produto


interno bruto, tanto em termos globais como em termos per capita. Já para o termo
desenvolvimento económico não existe uma definição puramente aceita. Alguns autores
entendem desenvolvimento como um processo puramente económico, ou seja, uma elevação do
produto nacional resultaria em desenvolvimento. Outros, porém, assinalam que o crescimento
económico é uma condição necessária, mas não suficiente, para que haja desenvolvimento, pois
este deve ser entendido como um processo multidimensional, analisando as condições de vida e
não somente a renda.

Segundo Bakof (2006) acrescenta ainda que uma das preocupações recentes é de que o
crescimento económico não ocorre de maneira homogénea, ou seja, países ou até mesmo regiões,
não crescem de maneira equilibrada ou igual, de modo que uns acabam por ter desempenhos
mais satisfatórios que outros. Além disso, uma parcela da população pode se beneficiar desse
crescimento mais que a outra, ou seja, os indivíduos captam os benefícios do crescimento
económico de maneira heterogénea. Isso demonstra que o crescimento, do ponto de vista da
distribuição de renda, não pode ser considerado neutro, pois o mesmo pode actuar a favor, contra

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ou até mesmo de forma neutra, sobre os indivíduos mais pobres. Esta última forma resultaria na
continuação da pobreza.

Estudar o modo como o crescimento económico afecta os diferentes locais ganhou importância
também porque pode auxiliar os governos a prepararem políticas públicas que reduzam as
desigualdades sociais e promovam melhoria na qualidade de vida, atendendo efectivamente a
uma demanda da população como um todo. Com isso, a análise da qualidade do crescimento não
pode estar desvinculada do crescimento da economia global e da forma de crescimento que tem
sido obtida, isso significa que cada país ou região deve adequar seu crescimento de acordo com
sua realidade.

Durante muito tempo, quando se falava em crescimento económico vinha automaticamente a


ideia de nações desenvolvidas. Assim conforme assinalou Jones (1979.p.12) “o crescimento
económico tem sido visto como solução para urna variedade de problemas, argumentando-se
frequentemente que ele se constitui na única esperança para a redução ou eliminação da
pobreza”. Contextualizando a citação acima, a partir do ano em que foi publicada, e
considerando a evolução desse conceito, é perfeitamente aceitável afirmar que o crescimento
quantitativo, isolado, tomou-se insuficiente para garantir o desenvolvimento das nações. O fato é
que na actualidade, o crescimento reivindica, além da riqueza material, o cuidado associado à
dimensão sócio - ambiental.
Em sua análise sobre o tema. Oliveira (2002, p.38) destacou que “o crescimento económico era
visto como meio e fim do desenvolvimento”. Para este autor, com o final da Segunda Guerra
Mundial, na década de 1940, os debates sobre o crescimento e desenvolvimento económico se
intensificaram, urna vez que se fazia necessário buscar o progresso social e o equilíbrio mundial
devido aos inales sociais que assolavam a comunidade no pós-guerra.
Troster e Mochôn (2002, p. 317) sintetizaram que “o crescimento económico é um processo
sustentado ao longo do tempo, no qual os níveis de actividade económica aumentam
constantemente”. Para eles, o crescimento económico ë apenas urna parte do processo de
desenvolvimento sócio - económico, onde este último é considerado um processo mais
abrangente.
De acordo com o que foi apresentado em O’Sullivan et al. (2004) no há outra maneira de elevar
o padrão de vida de uma nação que não seja pelo crescimento do PIB. São duas as principais

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medidas utilizadas para identificar o crescimento económico: a taxa de crescimento do PIB e o


PIB per capita. O primeiro se refere à evolução do PIB de um ano para o outro, já o segundo se
refere à divisão do PIB pela população total.
Entre os factores-chave para o crescimento económico, O’Sullivan et al. (2004) destacaram o
aumento no capital por trabalhador, o progresso da tecnologia e o capital humano. Entretanto,
como afirmaram estes mesmos autores, os economistas não têm tido um entendimento pleno dos
factores que são capazes de gerar o crescimento económico.

Desenvolvimento Económico

Segundo de Chenery (1981 apud SOUZA, 2007, p. 6), o desenvolvimento económico é um


conjunto de transformações intimamente associadas, que se produzem na estrutura de uma
economia, e que são necessárias à continuidade de seu crescimento. Essas mudanças concernem
à composição da demanda, da produção e dos empregos, assim como a estrutura do comércio
exterior e dos movimentos de capitais com o estrangeiro. Consideradas em conjunto essas
mudanças estruturais definem a passagem de um sistema económico tradicional a um sistema
económico moderno.

Milone (2004) considera o desenvolvimento económico como aumento na produção


acompanhado de modificações nas disposições técnicas e institucionais e, para que haja
desenvolvimento, é necessário crescimento. Para o autor é um processo de aperfeiçoamento em
relação a um conjunto de valores desejáveis pela sociedade e é um conceito normativo em que
diferentes pessoas de uma mesma sociedade podem medi-lo.

Segundo FONSECA (2006, p.14), O desenvolvimento económico consiste fundamentalmente


em um processo de enriquecimento dos países e dos seus habitantes, ou seja, em uma
acumulação de recursos económicos, sejam eles activos individuais ou de infra-estrutura social, e
também em um crescimento da produção nacional e das remunerações obtidas pelos que
participam da actividade económica. Evidentemente, o fenómeno do desenvolvimento não se
limita ao campo da Economia, mas os elementos económicos estão no centro desse processo.

Segundo FURTADO (2000), as primeiras ideias sobre desenvolvimento económico que definiam
este como um mero aumento do fluxo de bens e serviços, foram progressivamente substituídas

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por ideias que faziam referência as transformações do conjunto de uma sociedade, ligando este
fluxo de bens e serviços à satisfação das necessidades humanas.

Para Sachs (2004) a nova forma de definir o desenvolvimento torna o crescimento económico
uma condição necessária, porém, de forma alguma suficiente. Além do mais, “(...) o crescimento
económico, mesmo que acelerado, não é sinónimo de desenvolvimento se ele não amplia o
emprego, se não reduz a pobreza e se não atenua as desigualdades”. (SACHS, 2004, p.14).

Dado o fato de que o desenvolvimento económico implica mudanças estruturais, culturais e


institucionais, existe uma longa tradição que rejeita a identificação de desenvolvimento
económico com crescimento da renda per capita ou simplesmente crescimento económico; eu,
entretanto, entenderei as duas expressões como sinónimas.

De fato, se definirmos crescimento económico como simples aumento da renda per capita, os
dois termos não se confundem porque há casos em que a produção média por habitante aumenta
mas mesmo no longo prazo não aumento generalizado dos salários e dos padrões de consumo da
sociedade.

A noção de “desenvolvimento” como sinónimo de crescimento económico, progresso,


industrialização e uso intensivo de tecnologia foi, durante muito tempo, concebida como o único
caminho para a garantia da qualidade de vida e de um desejável e ilimitado aperfeiçoamento da
humanidade.

Essa ideia é concebida na modernidade a partir da Teoria do Liberalismo Clássico, de Adam


Smith (1996), sendo enfocada na categoria do acúmulo de excedente de capital, que se
aprofundou no século 19 pelas teorias de David Ricardo (1996) e Karl Marx (1946).

Factores do Crescimento e Desenvolvimento Economico

Capital Físico

O capital físico é considerado como sendo as estruturas (residenciais ou não), equipamentos de


transporte, maquinarias e equipamentos industriais que uma economia detém [Stern (1991);
Guisán e Cancelo (1997); Aguayo et al. (2000); Jiménez (2003); Mas e Quesada (2005); Prados
de la Escosura e Rosés (2007 e 2008) e Martínez, Rodríguez e Torres (2008)].

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O capital físico tem efeitos sobre a produtividade, uma vez que providencia os equipamentos
necessários às empresas para as suas actividades e, existindo melhores infra-estruturas, estas
permitem às empresas criarem economias de escala e terem mais e melhores mercados
(AGUAYO et al., 2000).

Capital Humano

A variável capital humano foi considerada pela primeira vez como um factor da função de
produção macroeconómica por Lucas (1988) que a adicionou às variáveis já consideradas pelo
modelo de Solow.

Segundo Teixeira (1999) o conceito de capital humano é um conceito de difícil definição, na


medida em que, em certos contextos, pode englobar apenas o nível de escolaridade (como o
enunciado por Burda e Wyplosz, 2005), enquanto noutros contextos passa a ser definido por um
conjunto mais abrangente de investimentos que influenciam o bem-estar e a produtividade dos
indivíduos, empresas e nações, podendo estes ser investimentos em saúde e nutrição, bem como
investimentos em formação profissional adquirida fora do sistema formal de ensino.

No seu conceito mais abrangente o capital humano é, então, a educação, o treino e experiência de
trabalho adquiridos pelos indivíduos, dentro e fora do sistema formal de ensino, e que lhes
permite absorverem conceitos e tecnologias que poderão usar mais tarde para contribuir para a
sua produtividade e para o seu bem-estar (Teixeira, 1999).

Os stocks de capital humano são considerados um factor de produção fundamental quer para as
empresas quer para a economia como um todo, pois a acumulação de capital humano leva a uma
maior eficiência e produtividade, bem como a invenções, contribuindo, por isso, para o
crescimento quer a nível microeconómico quer a nível macroeconómico (Simeonova-Ganeva,
2010).

Tal como o capital físico, este tipo de capital requer um investimento, o que representa um
grande custo para a economia que apenas vê esse gasto compensado pela capacidade de inovação
que adquire ao formar a sua população, pois esta fica mais receptiva às novas tecnologias e
conhecimentos, conseguindo, então, evoluir o país [Nelson e Phelps (1966) e Thrilwall (1999)].

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Trabalho

Como o crescimento da produtividade de um país é geralmente medido através de uma média


ponderada do crescimento da produtividade de todos os fatores de produção, importa também
falar de um fator que contribui para a produtividade de um país – o fator trabalho [Domar
(1962); Serrano (1998); Andersson (2001); Llopis (2005); Massón Guerra (2007); Escribano e
Stucchi (2008) e Martínez, Rodríguez e Torres (2008)].

Sendo mesmo considerado que a produtividade do factor trabalho é o índice mais antigo de
crescimento da produtividade (Maddison, 1987).

Para além de ser um factor explicativo do crescimento da produtividade e do crescimento


económico de um país, o factor trabalho está ainda directamente relacionado com o factor capital
humano, uma vez que o capital humano exerce influência sobre a qualidade do factor trabalho,
pois o conhecimento da força de trabalho tem impactos na produtividade do trabalho, que depois
terá efeitos indirectos nos retornos do capital físico e tecnológico [Martin (1997), citado por
AGUAYO et al. (2000)].

Inovação
O progresso tecnológico tem um papel fundamental no crescimento económico desde a
Revolução Industrial [Romer (1990), Zeira (1998), Andersson (2001), Teixeira e Fortuna (2003)
e Teixeira (2007)]. Com o passar dos anos é possível ver mais países a adoptar novas tecnologias
do que a criá-las, no entanto, a adoção de novas tecnologias cria diferenças na produtividade
entre países, que explicam algumas das grandes diferenças existente ao nível do Produto Interno
Bruto per capita (Zeira, 1998).
Existem diversos tipos de inovações: as inovações que permitem aos produtores produzirem mais
com menos recursos, as inovações como máquinas que vieram substituir o trabalho humano na
produção e as que vieram substituir o trabalho não-especializado por trabalho especializado
(Zeira, 1998).

Por todo o mundo foi possível observar a passagem de uma produtividade centrada na
manufactura e na produção de bens, para uma produtividade centrada nos mercados de serviços
como comércio, transporte, financeiros e de negócios, entre outros. Então, os mercados de

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serviços e novas tecnologias têm sido a principal fonte de crescimento das economias de rápido
crescimento.

No entanto, as inovações nos serviços são mais difíceis de imitar do que as inovações em
produção de bens físicos, pelo que é necessário criar novas formas de tirar proveito das
inovações nos sectores dos serviços (van Ark, O’Mahony eTimmer, 2008).

Assim, torna-se fácil perceber que progresso tecnológico e o capital humano estão relacionados,
na medida em que para haver mais progresso tecnológico é necessário que haja investimento em
capital humano, mas para se aumentar os stocks de capital humano é também necessário que se
invista mais em tecnologias e inovações [Nelson e Phelps (1966); Martín e Herranz (2004)].

Então, uma grande oferta de trabalho qualificado torna-se um pré-requisito para promover
mudanças estruturais, como a adopção e criação de tecnologias e o estímulo à inovação, pois
existe um círculo vicioso entre baixa educação e uma estrutura de indústrias de baixa-tecnologia
(Silva, 2011).
População

A relação entre população e crescimento económico tem dado origem a vários estudos empíricos
com resultados diversos.

Vários estudos consideram que o crescimento da população impede tanto o crescimento como o
desenvolvimento económico, pois consideram que os crescimentos da população mais rápidos
criam mais dependentes que consomem mas não contribuem nem estimulam a criação de
produto (KELLEY, 1974), outros consideram que o crescimento da população estimula o
crescimento económico, e outros ainda concluem que não existe qualquer relação entre
crescimento da população e crescimento económico (DARRAT e AL-YOUSIF, 1999).

Assim sendo, existem três escolas de pensamento sobre a relação entre população e crescimento
económico (DARRAT e AL-YOUSIF, 1999):

 Ortodox ou Malthusian, onde o crescimento da população de um país leva ao aumento


da pobreza e onde o planeamento familiar para controlar a fertilidade é a melhor política
a implementar para promover o crescimento económico;

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 Revisionism, onde aumentos de população conduzem ao aumento de stocks de capital


humano e, então, contribuirão positivamente para o desenvolvimento e crescimento
económico e, neste caso, políticas de controlo de natalidade são consideradas
desnecessárias ou prejudiciais para a economia;
 Transition Theory, onde se considera que o crescimento da população deriva das
alterações de rendimento, nestes casos é considerado que os países tendem a ter grandes
populações como resultado de ser economicamente mais pobres e que os países em
desenvolvimento com grandes populações ou em crescimento deveriam concentrar-se em
melhorar as capacidades da sua força de trabalho e em aumentar o seu stock de capital
humano para terem prosperidade económica.

Política

A instabilidade política é considerada pelos economistas como prejudicial para o desempenho


das economias, pois leva à mudança frequente de políticas, o que cria volatilidade e pode afectar
negativamente o desempenho macroeconómico (AISEN e VEIGA, 2011).

ALESINA et al. (1992) e JONG-A-PIN (2006) concluíram também nos seus estudos que países
com elevado grau de instabilidade política ou onde existe eminência de colapso do Governo, têm
menor crescimento do Produto Interno Bruto e menos crescimento económico.

AISEN e VEIGA (2011) concluem ainda que a instabilidade política tem efeitos negativos no
crescimento da produtividade total de factores e na acumulação de capital físico e humano, o que
afecta negativamente o crescimento económico.

Por instabilidade política os autores mencionados referem-se à mudança de executivo do


Governo quer este mude para um executivo do mesmo partido político quer para um executivo
de um partido político diferente daquele que estava em funções.

Rostow e os Estágios de Desenvolvimento

O conceito de desenvolvimento, segundo Rostow, é vinculado ao crescimento económico, o qual


se daria com a industrialização, significando, portanto, modernização.

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Nesse sentido, sua perspectiva vai ao encontro da de outros autores clássicos que, como Ragnar
Nurse e Gunnar Myrdal, construíram, no mesmo período, teorias sobre o subdesenvolvimento
nitidamente marcadas pelas lentes políticas dos países capitalistas centrais. Inserido nas
discussões de sua época, e reproduzindo um referencial amplamente aceito entre os economistas
mais ortodoxos, Rostow acreditava que o desenvolvimento económico teria suas bases
consolidadas através da intervenção sectorial na economia, de modo que o crescimento industrial
se traduziria em modernização.

Ao mesmo tempo, Rostow parte do pressuposto de que, para se obter uma nova ordem capitalista
em nível internacional, o desenvolvimento deve ser visto ideologicamente, de forma que os
países considerados desenvolvidos tivessem nele seu principal foco. Assim, a teoria rostowiana
aponta que, ao se impulsionar o desenvolvimento para os demais países, as economias
consideradas desenvolvidas, além de expandir ideais capitalistas, poderiam auxiliar as demais
com empréstimos e auxílio técnico (SANTOS SILVA, 2004).

As cinco etapas do desenvolvimento de Rostow são:

1. Sociedade tradicional (traditional society);


2. As precondições para o arranco ou a decolagem (transitional stage);
3. O arranco (take-off);
4. A marcha para a maturidade (drive to maturity);
5. A era do consumo em massa (high mass consumption).

No que tange à primeira etapa, esta se refere à sociedade tradicional, a qual é definida em relação
à sociedade moderna e se identifica liminarmente pela insuficiência de recursos. Nesse sentido,
Rostow entende tratar-se de uma economia baseada na produção rudimentar e tradicional, que
busca a subsistência e prioriza o trabalho, cujos principais recursos provêm da agricultura e que
não obtém senão limitada quantidade de capital.

Na segunda etapa, encontra-se uma sociedade em processo de transição, na qual surgem os


primeiros sintomas do que o autor considera “o princípio do arranco ou decolagem”.
Diferentemente da primeira fase, onde a produtividade é limitada, nesta etapa busca-se romper
com os factores que determinam rendimentos decrescentes, sobretudo mediante o aumento da
especialização do trabalho e a modernização tecnológica.

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Saliente-se que esta é considerada a etapa mais importante entre as descritas por Rostow, pois ela
sinaliza um marco para todas as demais, as quais passam a ter suas características balizadas pelas
configurações definidas nesse processo de transição. No entanto, como esta sociedade em
transição ainda mantém características da sociedade tradicional, a economia continua bastante
limitada.

Na terceira fase, que o autor chama de “arranco”, o desenvolvimento sobrepõe-se às resistências


e bloqueios que limitavam as mudanças económicas e sociais já ocorridas na segunda fase. Já
não há amarras – tecnológicas, políticas, institucionais, morais, etc. – que impeçam o
desenvolvimento, o qual é definido como uma revolução industrial. Nesta etapa, fomenta-se a
industrialização e ocorre a migração de mão de obra predominantemente rural para o sector
industrial. Constroem-se as bases da “sociedade moderna”, não apenas do ponto de vista
económico, mas também como alavanca para o surgimento de um novo sistema político,
institucional e social (SARMENTO, 2012).

Da mesma forma, também a quarta etapa, que o autor chama de “marcha para a maturidade”,
agrega o aumento da tecnologia moderna, o incentivo à produção e a busca pela diversificação de
produtos. A mão de obra reduz-se ainda mais no campo, em contraponto ao aumento da mão de
obra especializada nos centros urbanos. Assim, graças a vários incentivos, sobretudo por parte do
Estado, alguns bens anteriormente importados passam a ser produzidos internamente. Consolida-
se aqui a ideia de que, por meio da inovação técnica, pode-se produzir tudo ou quase tudo; e isso
redunda no afloramento de novas áreas produtivas, bem como na possibilidade de importação de
novos produtos para o mercado (SANTOS SILVA, 2004).

Na quinta e última etapa, compreendida como “era do consumo em massa”, Rostow completa
seu modelo focando o consumo de uma sociedade industrial massificada, que, a partir do
aumento da renda per capita, estimula um sistema económico centrado no consumo intensivo,
tanto de alimentos e vestuário quanto de bens duráveis. Verifica-se, por consequência, além
disso, um aumento na busca por uma melhor distribuição de renda (SANTOS SILVA, 2004).

Teorias de desenvolvimento

O Desenvolvimento na Teoria Schumpeteriana

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Na sequência, será exposta a configuração de uma teoria do desenvolvimento segundo a


formulação schumpeteriana. Impõem-se duas considerações preliminares para situar
adequadamente essa análise. Em primeiro lugar, está claro que, para Schumpeter, o aspecto
fundamental do desenvolvimento económico diz respeito ao processo de inovação e às suas
consequências na organização dos sistemas produtivos (SOUZA, 2012).

Assim, enquanto novos produtos e processos forem gerados, a economia estará em crescimento.
Os investimentos em inovação dinamizam o crescimento, gerando efeitos em cadeia sobre a
produção, o emprego, a renda e os salários.

Em segundo lugar, cumpre estabelecer uma distinção entre crescimento e desenvolvimento,


embora ela tenha, para Schumpeter (1982), um efeito mais didáctico do que teórico. Embora o
autor defina crescimento como o resultado de incrementos cumulativos e quantitativos que
ocorrem em determinado sistema económico, ele vê no desenvolvimento um processo de outra
natureza, a saber, uma mudança qualitativa mais ou menos radical na forma de organização desse
sistema, gerada em decorrência de uma inovação suficientemente original para romper com o seu
movimento regular e ordenado.
O modelo schumpeteriano de “economia estacionária” (sem desenvolvimento, mas com
crescimento) organiza-se em fluxo circular, o que constitui uma espécie de sistema de equilíbrio
geral – tal qual preconizado por Walras –, onde as relações entre as variáveis produtivas se
encontram em condições de crescimento equilibrado, determinadas pelo ritmo do crescimento
demográfico, ou por mudanças políticas.

Isso significa que, nessas condições, há um ajuste equilibrado entre oferta e demanda, assim
como entre poupança e investimento, de modo que o crescimento da economia acompanha o
ritmo de acumulação do capital, mas sem criar diferenças expressivas nos níveis de distribuição,
havendo uma expansão da renda determinada por pequenas variações na força de trabalho
engajada no processo produtivo.

Por seu turno, as receitas provenientes do processo de produção reingressam no sistema fechado
para financiar novas etapas de produção, de modo que aqui o crédito não tem nenhum papel. As
mudanças que ocorrem no sistema são marginais e não alteram substancialmente o equilíbrio
geral; há apenas processos de adaptação (SOUZA, 2012).

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Teoria do Subdesenvolvimento

Contrariando a teoria-padrão que embasou a economia do desenvolvimento – a qual advogava a


existência de benefícios mútuos para países envolvidos em relações comerciais conjuntas –, o
constructo económico-político formulado na década de 1940 pelo então director da CEPAL,
Raúl Prebisch, acerca das relações centro-periferia marca o princípio de uma teoria original para
explicar o subdesenvolvimento latino-americano.

Prebisch (1982) demonstra a inconsistência da formulação ortodoxa, atacando um dos preceitos


fundamentais da economia clássica, a “lei das vantagens comparativas”, de David Ricardo, a
qual buscava dar sustentação teórica à argumentação em favor da ...... liberalização comercial.

Essa formulação, segundo Prebisch, desconsiderava o fenómeno da “deterioração dos termos de


intercâmbio” que alicerçava as relações desiguais entre países centrais e periféricos,
desigualdade essa proveniente da natureza dos bens que compunham a pauta de importações e
exportações. Os países periféricos haviam-se tornado produtores de bens primários – produtos
agrícolas e minerais –, que detinham demanda internacional pouco dinâmica, e importadores de
bens manufacturados, com demanda doméstica em rápida expansão. A consequência disso era
um desequilíbrio estrutural na balança de pagamentos (“a diferença entre o total de dinheiro que
entra e que sai de um país”). A saída dessa condição passava necessariamente pela capacidade de
industrialização dos países periféricos, invertendo a pauta de importações e exportações
(BIELSCHOWSKY, 2000; 2008).

Assim, na formulação original, a industrialização nasce como sinónimo de desenvolvimento.

Conclusão

A relação entre o crescimento económico e desenvolvimento do sistema financeiro tem recebido


muita atenção na literatura económica nos últimos anos. Apesar da relação ser controversa, em
geral, a maior parte da literatura considera que o desenvolvimento do sistema financeiro tem um
efeito positivo sobre o crescimento económico. Para os países em desenvolvimento, estudos
empíricos têm fornecido resultados mistos, enquanto nos países desenvolvidos o efeito do
desenvolvimento do sistema financeiro no crescimento económico, é positivo e inferior.

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A teoria do crescimento e do desenvolvimento discute estratégias de longo prazo, nela a oferta


ou produção agregada joga um papel importante na trajectória de crescimento de longo prazo.

Crescimento económico: crescimento contínuo da renda per capita ao longo do tempo.

Desenvolvimento económico: alterações de composição do produto e alocação dos recursos


pelos diferentes sectores da economia de forma a melhorar os indicadores de bem-estar
económico e social.

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Bibliografia

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