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Instituto Superior de Ciências de Educação a Distância

Departamento de Economia e Gestão


Licenciatura em Administração pública

Crescimento ou Desenvolvimento Económico nos Países em Via de


Desenvolvimento. O caso de Moçambique (2015-2021)

Margarida Ricardo Johane

3° Ano

Maxixe, 2021
Índice

1. Introdução ........................................................................................................................... 3

1.2. Objetivos ..................................................................................................................... 3

1.3. Metodologias .............................................................................................................. 4

1.4. Fundamentação teórica ............................................................................................... 4


1.4.1. Crescimento e desenvolvimento económico ...................................................... 4
1.4.2. Teorias do crescimento econômico .................................................................... 7
a) Corrente clássica ......................................................................................................... 7
b) Corrente keynesiana ................................................................................................... 7
c) Corrente neoclássica ................................................................................................... 7
d) Crescimento endógeno ............................................................................................... 8
e) Path Dependecy, instituições e outras teorias ............................................................. 8

2. Fatores do desenvolvimento ............................................................................................... 8

3. Crescimento Económico nos Países em Via de Desenvolvimento..................................... 9

4. Crescimento Económico de Moçambique ........................................................................ 11

5. Conclusão ......................................................................................................................... 14

6. Bibliografia ....................................................................................................................... 15
1. Introdução

O crescimento e desenvolvimento económico é um assunto bastante pertinente e de importância


crescente.

O presente estudo, destinado a fazer uma abordagem relativa ao tema “Crescimento e


Desenvolvimento Económico”, constitui uma excelente oportunidade para pesquisar e
comparar a situação Moçambique com outros países e perceber em que medida o crescimento
gera desenvolvimento económico.

O estudo da teoria do crescimento económico tem sido um dos principais desafios para os
teóricos da ciência económica. Este ramo da ciência económica busca entender os principais
fatores e mecanismos que determinam o crescimento económico, procurando justificar o
desequilíbrio entre os países e as regiões. Até meados da década de 1950, vários estudos,
influenciados pela escola clássica, consideravam que o crescimento era uma função dos fatores
de produção tais como: recursos naturais, capital e trabalho, existentes em cada país ou região.
Porém, com a evolução dos estudos relacionados com a teoria do crescimento económico,
notou-se a existência de alguma incoerência, pois nem sempre o crescimento económico tem
permitido um aumento das condições de vida (desenvolvimento económico).

O desenvolvimento económico visa diretamente o objetivo político fundamental das sociedades


modernas - o bem-estar e, apenas indiretamente os quatro outros grandes objetivos que essas
sociedades buscam – a segurança, a liberdade, a justiça social e a proteção do ambiente.

1.2.Objetivos

Geral:

• Pesquisar e analisar o conhecimento teórico a respeito do desenvolvimento e crescimento


económico e o caso dos países em desenvolvimento em especial Moçambique.

Específicos:

• Apresentar a teoria do Desenvolvimento Económico;

• Perceber o crescimento ou desenvolvimento económico nos países em via de


desenvolvimento;

• Fazer uma analise ao crescimento Económico de Moçambique.


1.3.Metodologias

A elaboração do trabalho baseou-se na revisão bibliográfica dos aspectos mais relevantes sobre
o tema em pesquisa, análise de documentos escritos e pesquisa electrónica (internet), análise
dos planos quinquenais do Governo e informações sobre o desenvolvimento e crescimento
económico dos PVD’s e o caso de Moçambique com base nos relatórios do Banco de
Moçambique (BM).

A pesquisa realizada, segundo Gil (2002:42) caracteriza-se por ser descritiva pois obedece o
fundamento teórico de estabelecimento das relações e a identificação da existência de
associações entre as variáveis em estudo. O trabalho centra-se essencialmente na análise sobre
o desenvolvimento e crescimento económico.

Em relação aos procedimentos técnicos, a pesquisa caracteriza-se por ser bibliográfica. De


acordo com Gil (2002), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas”.

1.4.Fundamentação teórica

1.4.1. Crescimento e desenvolvimento económico

Dado o fato de que o desenvolvimento económico implica mudanças estruturais, culturais e


institucionais, existe uma longa tradição que rejeita a identificação de desenvolvimento
económico com crescimento económico;

Se definirmos crescimento económico como simples aumento do rendimento per capita, os


dois termos não se confundem porque há casos em que a produção média por habitante
aumenta, mas mesmo no longo prazo não aumento generalizado dos salários e dos padrões de
consumo da sociedade. Schumpeter (1911) foi o primeiro economista a evidenciar esse fato,
quando afirmou que o desenvolvimento económico implica transformações estruturais do
sistema económico que o simples crescimento do rendimento per capita não assegura.

Embora fosse essa uma forma inteligente e sútil que o grande economista usou para se
desvincular parcialmente do pensamento neoclássico, ela é meramente teórica não fazendo
sentido do ponto de vista histórico. É verdade que podem existir circunstâncias nas quais o
crescimento do rendimento per capita não envolve essas transformações e não configuram,
portanto, desenvolvimento económico. É bem conhecido o caso de países cuja rendimento per
capita cresce devido à exploração de um recurso natural de que esse país é muito bem-dotado,
mas não há transformações estruturais na economia, referindo-se particularmente de Angola
que tem como maior fonte de renda o petróleo.

No meu parecer não vejo, razão para identificar aumento do rendimento per capita sem aumento
da produtividade como sendo ‘crescimento económico’. Verificando o uso corrente, observo
que desenvolvimento e crescimento económico são expressões geralmente utilizadas como
sinónimas; por outro lado, a medida usual do desenvolvimento económico continua sendo o
aumento do rendimento per capita. Quando há aumento do rendimento per capita, mas a
economia não se transforma porque não aumenta a produtividade de toda ela, mas apenas de
um enclave geralmente de baixo valor adicionado per capita, não ocorre nem desenvolvimento
nem crescimento económico.

Historicamente na maioria das vezes, é o crescimento do rendimento per capita implicar


mudanças estruturais na economia e na sociedade. Distinguir crescimento de desenvolvimento
económico no plano histórico só faz sentido a partir de uma perspetiva teórica que supõe
possível e frequente o aumento do rendimento per capita sem mudanças profundas na
sociedade, quando isso só pode ocorrer em situações muito particulares. Nas situações normais,
as mudanças tecnológicas e de divisão do trabalho que ocorrem com o aumento da
produtividade são acompanhadas por mudanças no plano das instituições, da cultura, e das
próprias estruturas básicas da sociedade.

Não há consenso que seja possível definir de forma definitiva qual dessas instâncias é a mais
estratégica, nem é possível prever quando a mudança em uma instância provocará mudança na
outra, mas sua interdependência é um fato social indiscutível que torna duvidosa a conveniência
de se distinguir crescimento de desenvolvimento económico.

Para muitos economistas não ortodoxos a identificação do desenvolvimento económico com


crescimento seria ideológica: ela ocultaria o fato de o desenvolvimento económico implicar
melhor distribuição de rendimento enquanto que crescimento, não. Sen (1999), cujo nome está
ligado à formulação do Índice de Desenvolvimento Humano, é talvez o mais radical nessa
matéria: para ele desenvolvimento económico implica expansão das capacidades humanas ou
aumento da liberdade.

Furtado (2004), por sua vez, afirma que o “crescimento económico, tal como o conhecemos,
vem se fundando na preservação de privilégios das elites que satisfazem seu afã de
modernização; já o desenvolvimento se caracteriza por seu projeto social subjacente”. Nesse
caso desenvolvimento económico implicaria distribuição. É impossível não ser simpático a
essas proposições. Elas supõem que o aumento dos padrões médios de vida, que sempre ocorre
com o aumento da produtividade ou o ‘desenvolvimento económico’, deva ser acompanhado
pela consecução de outros objetivos políticos: pelo ‘desenvolvimento social’ ou por uma
distribuição de rendimento menos desigual e portanto, mais justa do produto social; pelo
‘desenvolvimento político’ ou por mais liberdade política, por mais democracia; e pelo
‘desenvolvimento sustentável ou proteção mais efetiva do ambiente natural’. Existe, entretanto,
aqui, uma clara confusão de desenvolvimento económico enquanto fenómeno histórico com
desenvolvimento enquanto algo que normativamente aspirarmos. Entre aspas mencionei as
quatro formas de desenvolvimento.

Desenvolvimento sem adjetivos ou desenvolvimento humano seria o gênero que incluiria as


espécies: económico, social, político e ambiental. E seria também o desenvolvimento entendido
normativamente. Furtado (1967), não separa desenvolvimento de desenvolvimento económico,
e o distingue de crescimento, mas de forma limitada. Para ele, “o desenvolvimento compreende
a ideia de crescimento, superando-a”. Entretanto, observa Furtado, para que o crescimento não
acarretasse modificações na estrutura económica, seria preciso pensar em uma situação pouco
provável na qual ocorresse a expansão simultânea de todos os setores produtivos sem qualquer
aumento da produtividade. E conclui-se que o crescimento é o aumento da produção, ou seja,
do fluxo de rendimento, ao nível de um subconjunto especializado, e o desenvolvimento é o
mesmo fenómeno do ponto de vista de suas repercussões no conjunto económico de estrutura
complexa que inclui o anterior.

Pode haver crescimento do rendimento per capita sem desenvolvimento económico, mas esse
é um caso raro. Podemos tomar o como exemplo o caso de Angola um país que cresceu bastante,
mas não desenvolveu, esses casos na maioria das vezes têm acontecido com países africanos.
Excluídos esses casos, o desenvolvimento económico sempre se caracterizou por aumento do
rendimento per capita e por melhoria dos padrões de vida; em períodos relativamente curtos
isto pode não ter ocorrido porque o desenvolvimento económico era acompanhado por forte
concentração de rendimento, mas basta que se aumente um pouco o período estudado para que
os salários e o padrão de vida médio da população aumentem e a pobreza diminua.

Este fato não impede que a história económica apresente muitos exemplos de processos de
longo prazo de desenvolvimento económico que não são acompanhados pelo aumento dos
salários proporcional ao aumento da produtividade.
1.4.2. Teorias do crescimento econômico

Existem várias teorias de crescimento económico: a corrente clássica (Adam Smith, David
Ricardo, Thomas Malthus), a corrente Keynesiana (Damodar-Harrod, Kaldor), a corrente neo-
clássica (Solow), crescimento endógeno (Lucas e Romer), entre outras mais recentes.

a) Corrente clássica

A corrente clássica, do século XVIII e XIX defendia um limite máximo ao crescimento,


imposto pelos limites da terra arável. Thomas Malthus defendia que o crescimento das nações
se assemelhava às tribos: cresciam em população até um ponto onde se tornava insustentável
(por não haver comida, espaço, roupa para todos), onde a guerra, doença ou emigração
diminuíam a população, começando novamente o aumento da população. David
Ricardo defendia que a terra arável apresentava rendimentos marginais decrescentes, devido ao
desgaste dos nutrientes, e esse fator limitava o crescimento das nações até um ponto de "steady
state" (estado estacionário).

b) Corrente keynesiana

A corrente keynesiana, ilustrada pelo modelo de crescimento de Damodar-Harrod, baseia-se na


ideia que há uma relação direta entre o nível de investimentos (em capital físico, ou formação
bruta de capital fixo), poupança de um país e o ritmo de crescimento de seu PIB. Este modelo
assume que os principais decisores da taxa de crescimento dos países são os investidores. Aqui
os investidores decidem o seu nível de investimento conforme as suas expectativas (animal
spirits de Keynes) e essas expectativas vão ditar os níveis de investimento do longo prazo. Não
há equilíbrio neste modelo.

c) Corrente neoclássica

O Modelo de Solow cria uma relação entre o PIB per capita, também denominado como
Produto, ou Y nas fórmulas, e o capital físico. Existem duas versões principais deste
modelo: sem progresso técnico e com progresso técnico. Nesta corrente o crescimento é
explicado por uma variável exógena (o resíduo de Solow), e assume sempre que há um limite
máximo ao crescimento, denominado de "steady-state", onde o crescimento real do PIB é igual
ao crescimento da população (o que implica que o PIB per capita se mantenha constante). No
entanto, no modelo de Solow com progresso técnico quando o PIB está no ponto de "steady
state" está a crescer à taxa de crescimento da população somada da taxa de progresso técnico.
Já o PIB per capita cresce à taxa de progresso técnico.
d) Crescimento endógeno

Rebelo, um economista português, criou o primeiro modelo de crescimento endógeno, isto é,


um modelo onde o crescimento é explicado pelo próprio modelo, ao contrário do modelo
neoclássico, onde o crescimento é um dado exógeno. Este salto é dado com uma alteração de
perspectiva sobre o capital. Com o modelo AK, Rebelo assume que o capital da função
produção do país é a soma do Capital físico com o capital humano, havendo assim rendimentos
constantes à escala, e por consequência, crescimento económico.

Esta perspectiva despoletou a criação de outros modelos, onde se assume que o conhecimento
é o motor do crescimento endógeno, como o são os modelos de Romer e de Lucas. Estes
modelos foram formulados nos anos 80 e 90. Nestes modelos abre-se espaço à intervenção
estatal, pois o óptimo social é superior ao óptimo privado.

e) Path Dependecy, instituições e outras teorias

Vários economistas seguiram uma via alternativa para explicar o crescimento económico,
assumindo que o papel das instituições e o passado (path dependenceou dependência da
trajetória) são fundamentais para entender o crescimento e o desenvolvimento. Douglas
North, Nobel da Economia, produziu vários artigos que relacionavam crescimento e mudança
institucional, enquanto que Daron Acemoglu, professor do MIT, criou recentemente
modelos microeconómicos que relacionam o papel das instituições e a distribuição
do poder na sociedade com o crescimento económico. No entanto, esses modelos não são
universalmente aceitos.

O conceito de dependência da trajetóriasurge no âmbito da teoria econômica histórica.


Posteriormente, é incorporado ao debate da Ciência Política e então sofre mudanças. Ao se
tentar desvendar como, de fato, a história importa, divergências consideráveis surgiram "na
definição de mecanismos explicativos, na importância concedida ao tema da contingência e na
própria especificação dos tipos de sequências de eventos que poderiam ser consideradas como
'dependentes da trajetória'.

2. Fatores do desenvolvimento

O desenvolvimento económico de um país é o processo de acumulação de capital e


incorporação de progresso tecnológico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento da
produtividade, dos salários, e do padrão médio de vida da população.
A medida mais geral de desenvolvimento económico é a do aumento do rendimento por
habitante porque esta mede aproximadamente o aumento geral da produtividade; já os níveis
comparativos de desenvolvimento económico são geralmente medidos pelo

rendimento em termos de paridade de poder de compra por habitante porque a rendimento ou


produto do país corrigido dessa maneira avalia melhor a capacidade média de consumo da
população do que a rendimento nominal. Países produtores de petróleo, que rendimento per
capita não reflete em absoluto o nível de produtividade e de desenvolvimento económico de
um país.

Schumpeter (1911) foi o primeiro economista a assinalar esse fato, quando afirmou que o
desenvolvimento económico implica transformações estruturais do sistema económico que o
simples crescimento do rendimento per capita não assegura. Ele usou essa distinção para
salientar a ausência de lucro económico no fluxo circular onde no máximo ocorreria
crescimento, e para mostrar a importância da inovação – ou seja, de investimento com
incorporação do progresso tecnológico – no verdadeiro processo de desenvolvimento
económico.

O crescimento económico é um elemento fundamental para o desenvolvimento económico, mas


o desenvolvimento de um país não depende somente deste fator, mas também em como as
riquezas são distribuídas para o bem-estar de todos, bem como o nível de educação e saúde.
Uma coisa é ter uma taxa de crescimento, ou seja, ter um PIB elevado e a outra é o país
desenvolver.

3. Crescimento Económico nos Países em Via de Desenvolvimento

O termo países em via de desenvolvimento ou emergentes surgiu na primeira década do


século XXI, e se refere a um grupo de países considerados até então como subdesenvolvidos,
ou seja, com baixo desenvolvimento econômico, porém que tiveram um avanço de sua
economia, podendo assim ser considerados como países emergentes ou também chamados de
países em desenvolvimento, com uma economia em ascensão.

No período pós Segunda Guerra Mundial, havia uma classificação de países denominados como
países de primeiro mundo (desenvolvidos ou também chamados de ricos), países de segundo
mundo (socialistas) e países de terceiro mundo (subdesenvolvidos ou chamados também de
pobres). Após o fim da Guerra Fria, resultado pela dissolução da União Soviética (URSS),
houve a ascensão do sistema capitalista por quase todo o globo terrestre no final do século XX,
nesse sentido os países foram reclassificados entre desenvolvidos e subdesenvolvidos. Os
chamados países desenvolvidos eram aqueles com maiores índices econômicos, taxas
qualitativas mais avançadas, com desenvolvimento industrial e tecnológico de alto porte e uma
economia

com maior participação dos setores econômicos secundário (indústrias e construção civil) e
terciário (prestação de serviços). Por outro lado os países com economias menores, aqueles que
tinham uma produção mais envolvida ao setor primário da economia (agropecuária e
mineração), foram considerados como subdesenvolvidos.

Em geral os países chamados de subdesenvolvidos foram aqueles que tiveram um histórico


como colônia de exploração durante os períodos coloniais das Grandes Navegações (século
XV) e no neocolonialismo (séculos XIX e XX), tendo por consequência uma industrialização
tardia, o que acabou por resultar em uma economia de mercado voltada a produção agropecuária
e a exploração mineral e vegetal, em sua maior parte, seus produtos sendo de ordem primária
possuem valor mais baixo no mercado internacional, auxiliando na manutenção capitalista de
permanecerem subdesenvolvidos e comprarem produtos manufaturados dos mais
desenvolvidos.

Na segunda metade do século XX alguns desses países subdesenvolvidos tiveram uma


implementação de indústrias, que começaram a se deslocar a esses países em busca de mão de
obra barata e acesso próximo a matéria- prima, isso pôde auxiliar em um avanço econômico e
tecnológico nesses países para que pudessem começar a se destacar dentre os subdesenvolvidos.
A partir dessa industrialização ocorrendo mesmo que tardiamente, há um avanço para suas
economias e condições sociais, podendo assim ser considerados com um desenvolvimento
maior, assim chamados de países em desenvolvimento ou países emergentes, com suas
economias ascendendo.

Os países emergentes são responsáveis por aproximadamente 50% do PIB (Produto Interno
Bruto) do mundo, ou seja, metade da produção econômica gerada no globo é responsabilidade
desses países que estão em constante crescimento econômico.

Existem alguns grupos de importância mundial que consideram esses países

emergentes para tomadas de decisões econômicas, como o G20, Grupo dos 20 países com maior
economia, que é formado por países desenvolvidos e emergentes. Desde 2008 depois da crise
imobiliária que eclodiu nos Estados Unidos e se alastrou a diversos países do mundo, tem como
intuito a estabilidade econômica de seus membros, contando com a participação de ministros
de finanças, presidentes de bancos e chefes de estados nacionais,que se reúnem para discutir
principalmente assuntos de caráter econômico.

4. Crescimento Económico de Moçambique

Moçambique está a transitar para uma trajectória de crescimento reduzido. Ao contrário de


2017 ser um ano em que o país começou a recuperar de um abrandamento económico
impulsionado pela dívida oculta, recessão económica, o crescimento do produto abrandou ainda
mais, agravando o desvio de Moçambique da sua trajectória de crescimento elevado. Em 2017,
projecta-se que o crescimento do produto interno bruto (PIB) diminua para 3,1%, abaixo do
valor de 3,8% registado em 2016. Esta desaceleração contínua assinala a profundidade do
abrandamento económico em curso e a transmissão constante da crise da dívida aos vários
sectores da economia real.

A industria transformadora, que representa 13% do PIB, contraiu-se pela primeira vez desde
1994. A contracção foi sentida em todos os três subsectores: manufactura, construção e energia.
Outrora um catalisador-chave da economia, com um crescimento anual médio de 8% desde

o início da década, o sector da construção tem vindo a vacilar, à medida que os investimentos
públicos e privados foram diminuindo. A geração de energia hidroeléctrica também sofreu uma
queda, tendo sido afectada pelos baixos níveis dos reservatórios de água. Por último, as
indústrias de manufacturaessenciais,entreasquaisseincluemas de processamento de alimentos,
debatem-se para manterem os seus níveis de produção, considerando o custo elevado do crédito,
a diminuição da procura e o baixo nível de competitividade relativamente às importações,
enquanto a taxa de câmbio real tem vindo a aumentar.

Se não tivesse ocorrido uma escalada nas exportações de carvão, o abrandamento do


crescimento teria sido ainda mais acentuado. A tendência mais marcante do ano tem sido uma
taxa de crescimento de 40% nos produtos extractivos, em grande parte impulsionado pelo
aumento do volume das exportações de carvão. Consequentemente, os produtos extractivos
poderão representar 2,3% do valor total de 3,1% de crescimento esperado para 2017. Os
serviços, o maior sector da economia, terá o segundo maior contributo para o crescimento. A
procura por serviços de transporte aumentou, comparativamente a 2016, estimulada pelo
aumento da segurança no centro do país e pela procura de logística ferroviária e portuária, em
consequência da escalada das exportações de carvão. A actual estabilidade da moeda e o
abrandamento da inflação reduziram as pressões sobre o poder de compra, mas isso não foi
suficiente para restaurar a procura de serviços por parte dos consumidores, ao mesmo tempo
em que a actividade do sector público continua a ser reduzida. A agricultura também contribuiu
para o crescimento, devido ao aumento das culturas de cereais e produtos para exportação,3
sendo que a produção de milho (o principal produto agrícola de Moçambique) deverá aumentar
11%, comparativamente a 2016.4

A economia Moçambicana enfrenta os sintomas de uma economia em debt- overhang, na qual


os actuais níveis elevados de endividamento estão a submeter as empresas fora do sector
extractivo a um efeito de “crowding-out” e a impedir o crescimento futuro. O conceito de debt-
overhang ocorre quando os níveis de dívida são suficientemente elevados para dissuadir o
investimento em actividades que, de outra forma, poderiam contribuir para o crescimento
futuro. Nestas condições, as empresas já estão a contar que os aumentos de produção que
acompanham o investimento sejam consumidos pelos custos do serviço de dívida ou por
impostos elevados porque os níveis de dívida são altos, dissuadindo a realização de quaisquer
investimentos.5 Isto representa um eco da situação enfrentada na actualidade pelas empresas
de manufactura e outras empresas do sector formal, as quais se ressentem com o aumento
substancial no custo do crédito e com a redução dos níveis de investimento. Por conseguinte, é
notório que grande parte do sector privado de Moçambique está a ficar sobrecarregado, uma
vez que as empresas se debatem para obter financiamento economicamente acessível ao mesmo
tempo em que crescem as necessidades de financiamento do sector público interno e que os
níveis de procura, tanto pública como privada, se fixam num novo nível baixo.

As tendências recentes também mantêm Moçambique no caminho de uma economia a duas


velocidades,6 com crescimento limitado no que se refere a empregos produtivos, num contexto
demográfico de uma população cada vez mais jovem e com falta de emprego. Com os padrões
de crescimento actuais a serem impulsionados por megaprojectos com actividades de capital
intensivo na indústria extractiva, a economia de Moçambique gera cada vez menos empregos
produtivos para uma população crescente de candidatos a emprego, tanto a nível rural como
urbano. Em vez de capitalizar as suas perspectivas demográficas, é provável que a economia
abdique dos potenciais dividendos nessa área, se a criação de emprego em sectores importantes,
tais como o da manufactura, estiver estagnada (consultar a segunda parte da presente edição
para aceder a uma discussão sobre a demografia e o crescimento em Moçambique).

A auditoria internacional aos empréstimos concedidos a Moçambique, previamente não


divulgados, não tem restaurado a confiança necessária para a recuperação económica.

A queda de confiança ocorrida em consequência da revelação de empréstimos no valor de 1,4


mil milhões de USD, previamente desconhecidos, tem tido consequências graves na economia
de Moçambique, estendendo-se para além do encargo nominal decorrente das dívidas
adicionais. A dívida provocou uma perda de confiança por parte dos investidores e doadores, e
tem sido um dos principais elementos a contribuir para a queda significativa da produção
nacional nos últimos 18 meses. Igualmente, a dívida assinalou as fragilidades dos quadros
institucionais de gestão da dívida e dos investimentos públicos. Em Novembro de 2016, com o
apoio dos parceiros de desenvolvimento, as autoridades moçambicanas solicitaram a realização
de uma auditoria externa independente no que se refere às dívidas ocultas, como medida para
restaurar a confiança e dar resposta às exigências do público relativamente à responsabilização
e transparência no tratamento deste assunto.

Apesar de a auditoria ter criado uma oportunidade para Moçambique restaurar a confiança e
apoiar a recuperação económica através de um maior nível de transparência e
responsabilização, o país ficou aquém desta meta, devido à existência de lacunas no relatório
associadas a informações importantes. Após a sua conclusão, em Maio de 2017, uma
constatação-chave do relatório foi a de que as três empresas (EMATUM, Proindicus e MAM)
nunca estiveram plenamente operacionais e não geraram nenhumas receitas significativas.

O relatório de auditoria também constatou que os montantes emprestados nunca foram pagos
directamente às empresas, tendo sido, em vez disso, pagos por transferência directa para várias
contas pertencentes aos principais empreiteiros das mesmas. Foram fornecidas informações
incompletas às entidades responsáveis pela investigação por parte de vários intervenientes
envolvidos, o que resultou em questões pendentes quanto à utilização dos valores emprestados,
entre outras. Consequentemente, o sentimento de confiança por parte dos doadores e
investidores continua a ser reduzido, e Moçambique não tem sido capaz de chegar a acordo
com o Fundo Monetário Internacional quanto à elaboração de um programa. O resultado
inadequado da auditoria traduziu-se na estagnação das negociações de reestruturação da dívida
com os credores, bem como da recuperação económica, contribuindo para a sequência de
eventos que estão agora a posicionar Moçambique num caminho de crescimento mais reduzido.
5. Conclusão

Concluo que o debate acerca do desenvolvimento é bastante rico no meio acadêmico,


principalmente quanto a distinção entre desenvolvimento e crescimento económico, pois
muitos autores atribuem apenas os incrementos constantes no nível de rendimento como
condição para se chegar ao desenvolvimento, sem, no entanto, se preocupar como tais
incrementos são distribuídos. Realçar que sem capital humano qualificado e tecnologia de ponta
não há desenvolvimento nem crescimento económico, conforme explicam os modelos de Solow
(1956), Romer (1990), entre outros.

Em suma, Moçambique é um país em via de desenvolvimento que apresenta uma economia


ainda no estado de “emergente”. Portanto, Moçambique, aposta menos na tecnologia por falta
de quadros capacitados e maior parte das vezes têm de recorrer a mão de obra estrangeira. É de
salientar também que a forma como o Estado tem implementado as políticas de governação,
não são muito adequadas para promover a capacitação do capital humano. Enquanto, um país
com nível elevado de desenvolvimento tende a ser produtor e exportador o que faz com existam
muitos postos de trabalho e invistindo mais no capital humano, no caso de Moçambique, é um
país importador e de menos indústrias, isso faz com que haja menos postos de trabalho e haja
menos incentivo em investir no capital humano.
6. Bibliografia

Banco Mundial (vários anos), "World Development Indicators", Banco Mundial: Washington
DC.

Banco Mundial, (2017), "Commodity Markets Outlook – October 2017", Banco Mundial:
Washington DC.

GIL, António Carlos, Como Elaborar Projectos de Pesquisa Social, 4ª ed., Editora Atlas, São
Paulo, 2002.

República de Moçambique, Ministério da Economia e Finanças, (vários anos), "Orçamento de


Estado", Maputo, Moçambique.

Romer, P. (1990). “Endogenous Technological Change”. Journal of Political Economy: 98(5),


71-102.

SALVATORE, Dominick e DIULIO, Eugénio, Introdução à Economia, McGraw-Hill, São


Paulo, 1981.

Solow, R. M. (1956). “A contribution to the theory of economic growth”. The quarterly journal
of.

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