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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO


LICENCIATURA EM ECONOMIA
DISCIPLINA: DESENVOVIMENTO ECONÓMICO I

DOCENTE - ALANO SICATO1

TEMA DA AULA – Modelo de Crescimento ENDOGENO: MODELO DE AK

Nos meados dos anos 80, um grupo de teóricos especialisados em crescimento económico liderados por
Paul Romer (1986) ficava cada vez mais insatisfeito com a explicação do crescimento da produtividade a
longo prazo com base em variaveis exógenas.
Essa insatisfação motivou a construção de uma classe de modelos de crescimento em que as principais
determinantes do crescimento eram endógenas ao modelo. A determinação do crescimento económico no
longo prazo, devia ser explicada por fatores como a taxa de poupança, e não por variáveis exógenamente
como o progresso tecnológico inexplicado, e esta constitui a razão para o nome de Modelo de
Crescimento Endógeno.

Podemos distinguir dois tipos principais de modelos de crescimento endógeno.

Os primeiros, enfatizam a importância da Pesquisa & Desenvolvimento (P & D) e da criação de


conhecimento como os principais determinantes do aumento da produtividade e da expansão contínua da
produção.

Os segundos enfatizam o impacto das externalidades na acumulação de capital físico e humano na


promoção do crescimento contínuo. No entanto, apesar de o Modelo explicar o crescimento económico
de diferentes maneiras, ambas as abordagens são capazes de gerar crescimento endógeno porque
tanto a abordagem relativa a P & D, bem como a externalidades impedem o surgimento do princípio dos
retornos decrescentes para a acumulação de capital. Assim, neste capítulo, vamos investigar a abordagem
relativa à "externalidade".

1. CRESCIMENTO ENDÓGENO VERSUS CRESCIMENTO EXÓGENO: O QUE ENTENDEMOS EXATAMENTE


COM OS TERMOS CRESCIMENTO ENDÓGENO E EXÓGENO?

 Crescimento Exógeno: Estudando o Modelo de Crescimento de Solow, concluímos que


no longo prazo, o crescimento económico é exógeno. Isto significava que o crescimento
da produção per capita era apenas impulsionado por mudanças tecnológicas que
fossem independentes da intervenção do Governo. Sendo que neste caso, as políticas
governamentais não tinham qualquer papel a desempenhar para influnciar a taxa de
crescimento da economia a longo prazo.

 Crescimento Endógeno: Segundo o dicionário, "endógeno" significa "causado por


factores dentro do organismo ou sistema". Nesse sentido, o "crescimento endógeno" é
utilizado para se referir a modelos de crescimento, em que as mudanças nas políticas
governamentais podem influenciar permanentemente a taxa de crescimento. Assim,
as diferenças nas taxas de crescimento entre os países podem ser pensadas para refletir
diferenças nas medidas de politicas económicas dos países.

2. A origem do crescimento endógeno: Paul Romer (1994) fornece uma explicação das
razões que levaram ao desenvolvimento da teoria do crescimento endógeno na década de
1980. Estas razões podem ser atribuídas ao debate da hipótese da convergência e à
análise de como os mercados operam.

1
Alano SICATO is an Economist, PhD Candidates in Development Studies at ISEG - Lisbon School of
Economics & Management | ULisboa; Research Areas: International Trade and Economic Development
(2019). alano.sicato@phd.iseg.ulisboa.pt ou alano.sicato@hotmail.com.
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 O debate sobre a Hipótese da Convergência: na década de 1980, as evidências disponíveis
apontavam para uma rejeição da hipótese de convergência e os estudos do economista
destacaram as fraquezas das previsões do modelo de crescimento de Solow e Romer
sugeriu uma teoria alternativa para explicar o crescimento e falta convergência entre os
países.

 Tecnologia, poupança e investimento em todos os países: O Modelo de Solow é


baseiado no pressuposto segundo o qual, a tecnologia disponível (A) é comum a todos os
países. Com base nesse pressuposto, as diferenças nas taxas de crescimento entre os
países só podem ser explicadas por diferentes taxas de poupança e por diferentes dotações
iniciais em capital per capita.
Romer usa o modelo de Solow para mostrar as previsões irrealistas deste modelo,
comparando as experiências reais de crescimento de dois países, designadamente,
Estudos Unidos da America (EUA) e as Filipinas. Estes dois países experimentaram a
mesma taxa média de crescimento nos últimos 40 anos, apesar de a produção por
trabalhador nas Filipinas em 1960 ser igual a 10% da produção por trabalhador nos EUA.
Romer estimou que para os EUA crescerem a mesma taxa que as Filipinas, era
necessária uma taxa de poupança correspondente a cerca de 30 vezes maior do que a
taxa de poupança nas Filipinas. As evidências mostraram que estas taxas de poupança
previstas para os EUA eram de magnitudes muito superiores.

 Diminuição dos retornos marginais para o capital e o rendimento: A única maneira de


conciliar o modelo de Solow com a evidência é assumir que os retornos decrescentes para a
acumulação de capital ocorrem lentamente, de modo que o hiato entre países ricos e
pobres se fecha muito lentamente.

 Retornos privados e sociais do investimento: Romer (1987) propôs um modelo em que a


tecnologia era determinada pelo efeito externalidade do conhecimento “knowledge
spillovers” e desta forma, levaria a divergência entre países, em lugar da convergência. Vamos
analisar esse modelo mais tarde.

 Educação e acumulação de Capital Humano: as diferenças no nível de educação entre os


países podem explicar o porquê que o hiato entre países em vias de desenvolvimento e os
paises desenvolvidos não tem estado a fechar. Os países com um nível mais elevado de
educação tendem a ter uma força de trabalho mais produtiva que pode envolver-se no
processo produtivo de forma mais eficiente, aumentando a produção com a mesma
quantidade de capital. Conquanto, a ligação entre educação e crescimento não é obvia e é
muito controversa entre os economistas.

o Relação positiva entre educação e crescimento: Mankiw, Romer e Weil


(1992) mostram que a inclusão do capital humano no modelo de Solow pode
explicar a razão pela qual os retornos decrescentes se estabelecem lentamente
e podem explicar a experiência de crescimento real entre os países.

o Obordagem cética sobre a relação entre o Crescimento e a Educação:


Barro e Lee (1992) investigaram a relação entre educação e crescimento e
encontraram apenas uma fraca relação entre os dois. Pritchett (1997) publicou
um artigo intitulado "para onde se foi toda educação", no qual ele construiu
uma série temporal de 25 ano sobre o crescimento do capital humano
(educação) e não conseguiu encontrar uma associação positiva entre o
crescimento da educação e o crescimento da produção por trabalhador.
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 Estrutura de Mercado, Investimento em Conhecimento e Ganhos Económicos: A
segunda razão que levou ao desenvolvimento do modelo de crescimento endógeno está
relacionada com os avanços teóricos na compreensão de como os mercados
imperfeitamente competitivos operam. O modelo de Solow, particularmente, baseia-se no
pressuposto de que as economias são caracterizadas por empresas perfeitamente
competitivas que têm acesso à mesma tecnologia de produção. No entanto, as evidências
apontam três questões específicas, importa discuttir:

 O conhecimento e as descobertas diferem de outros insumos no sentido em que


muitas pessoas podem usá-las ao mesmo tempo: A idéia por de trás do transistor,
os princípios por trás da combustão interna, a estrutura organizacional de uma
corporação moderna e assim por diante, são exemplos de informação que têm uma
propriedade específica: todo mundo e toda empresa pode fazer uso dessas
informações ao mesmo tempo. A informação é um bem não-rival.

 Muitas pessoas e empresas têm poder de mercado e ganham rendas


monopolistas pelas suas descobertas: mesmo que as informações provenientes de
descobertas sejam não-rivais, as descobertas economicamente importantes
normalmente não atendem a outros critérios de um bem público: elas tipicamente são
parcialmente excluívais ou exclusivas, por pelo menos algum período de tempo. Se
uma empresa detem o poder de acesso a uma descoberta e pode cobrar um preço que
é maior do que zero. Conseqüentemente ganham umas rendas monopolistas
porque a informação não tem nenhum custo de oportunidade.

 A mudança tecnológica vem de coisas que as pessoas fazem: quando um único


indivíduo está procura de fazer os seus descobrimentos ela é endogéna. Contudo, a
descoberta pode parecer ser um evento exógeno no sentido de que forças fora do
controle do indivíduo parecem determinar se ela ocorrerá ou não.

 Tipos de Modelos de Crescimento Endógeno: A literatura relativa ao crescimento


endógeno pode ser dividida em modelos de externalidades do conhecimento “knowledge
spillovers” e Modelo Schumpeteriano.

3. A FONTE DO CRESCIMENTO ENDÓGENO: como podemos explicar ou modelar o surgimento


do crescimento endógeno?

 Retornos decrescentes para a acumulação de capital: no modelo de Solow, o processo de


crescimento económico eventualmente cessa com o passar do tempo, porque a acumulação
de capital físico acaba por se transformar em retornos decrescentes, de modo que unidades
adicionais de capital resultam em aumentos menores na produção.

 Será que os retornos decrescentes existem realmente? Não, se as pessoas acumularem


capital tecnológico: O conhecimento das novas tecnologias e a aposta por parte das empresas
em novas tecnologias tende a evitar os retornos decrescentes e contornar a restrição do
trabalho.

 As características do Capital Tecnológico: para que a tecnologia permita o crescimento


contínuo e sustentado da produção deve ter algumas características que a tornam valiosa
para a sociedade como um todo.

 A tecnologia é um bem não-rival e se espalha por toda sociedade: uma nova idéia pode
ser usada por muitas pessoas ao mesmo tempo e o conhecimento introduzido por um
indivíduo rapidamente escapa para o resto da economia.
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 Conhecimento e Complementariedade: novos conhecimentos complementam o
conhecimento existente. Quanto mais conhecimentos uma sociedade tiver mais ela
valoriza novas ideias.

 Retornos crescentes ao investimento no conhecimento: se o conhecimento


aumenta com mais investimento, isso implica que emergem retornos crescentes.
Por sua vez, isso implica que os retornos ao capital (incluindo capital de
conhecimento) aumentam à medida que o capital aumenta! Os retornos ao
capital são altos onde o capital já é abundante; os retornos ao capital são baixos
onde o capital é escasso. Isso é o oposto ao que se observa com princípio
dos retornos decrescentes, onde o retorno é maior quando o capital é escasso.

 À medida que uma sociedade adquire idéias cada vez mais produtivas, cada idéia
adicional contribui com mais e mais produção adicional. Se o este investimento
em conhecimento transferir-se para todo mundo, então este investimento no
conhecimento aumentará a produtividade de toda economia. Se a dessiminação
deste conhecimento criado for suficientemente forte, isto anulará o
processo normal da tendencia de retornos decrescentes. Isto reforça a
Ideia de que quanto mais conhecimento existir, maior será o retorno a cada
nova “unidade” de conhecimento. Quanto maior o retorno a cada cada nova
“unidade” conhecimento, mais forte é o incentivo para investir mais ainda
no conhecimento.

 Acumulação do Conhecimento e o Fluxo de Capital: se os retornos ao


conhecimento são mais elevados onde o conhecimento já é alto, então podemos
compreender o porquê o capital humano e físico tende a se deslocar para aqueles
países onde o nível de conhecimento já é alto.

 A Dessiminação da Tecnologia, os Retornos Sociais e Privados do


Investimento: A dessiminação de conhecimento na sociedade permite distinguir
os retornos sociais dos retornos privados. A dessiminação leva a retornos sociais
crescentes, sem que haja retornos decrescentes privados, ou seja, a sociedade sai
mais beneficiada do que o indivíduo.

 Círculos Virtuosos e Viciosos: O facto de o conhecimento se dessiminar pela


economia como um todo, implica que um círculo virtuoso de acumulação contínua
de conhecimento pode ocorrer permitindo que economia se desloque para um
processo de crescimento contínuo e sustentado. No entanto, se o estoque inicial
de conhecimento for baixo, o seu retorno também será baixo, e assim os
indivíduos não terão incentivos para participar do processo de acumulação
do conhecimento. então não ocorrerá o processo de acumulação de
conhecimento e a economia ficará presa numa armadilha da pobreza.

 Conhecimento e interligações: outra característica do conhecimento é que ele cria


incentivos para que as pessoas com conhecimento se juntem e trabalhem em
conjunto. Se pensarmos na produção como uma série de tarefas, o valor dos
esforços de cada trabalhador depende da qualidade de todos os esforços
realizados pelos outros trabalhadores. Nesta lógica, os trabalhadores produtivos
geralmente querem trabalhar com trabalhadores produtivos, para que os resultados
alcançados representem minimamente os forço médio de todos colegas.

 Complementos: A produtividade de um trabalhador é maior, quanto maior for o


nível de habilidade dos colegas de trabalho. Isso nos leva de novo à questão de
retornos crescentes: os retornos para as habilidades de um undivíduo acaba por
ser maior quando o nível médio de produtividade da sociedade aumenta.
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 Correspondência, Habilidades e Fuga de Cerebros: O desejo de trabalhadores


qualificados de se equipararem aos seus colegas de trabalho pode explicar a fuga
de cérebros de alguns trabalhadores qualificados dos países pobres para os
países ricos. Com base na explicação dos rendimentos decrescentes, a mão-
de-obra não qualificada pretenderá migrar para países ricos com a abundância
em capital, sendo que os trabalhadores qualificados tendem a querer ficar em
países pobres onde são escassos. Com a história da correspondencia, Romer
observa o contrario, referindo que a mão-de-obra qualificada dos países
pobres tende a querer mudar para o país rico com o objectivo de igualar-se ao
trabalho qualificado la existente.

 Correspondência e Círculo Vicioso da Pobreza: A abordagem da


correspondência sugere que um indivíduo terá apenas incentivos para investir
na sua educação se o nível médio de educação na economia já for alto. Se
este não for o caso, o indivíduo não deve investir em educação, uma vez que o
retorno será baixo. Embora esta decisão seja racioanal para um único
indivíduo, ela é desastrosa para a nação como um todo. Em média, os países
com baixo stock de habilidades/conhecimentos ficam estagnadas, porque em
princípio, nenhum indivíduo vai achar que vale a pena ir para a escola.

 Correspondência, Especialização e Comércio: A abordagem da


correspondência sugere que os países mais pobres com stock de
habilidades/conhecimentos mais baixos, serão a base para a produção de
matérias-primas; os países mais ricos, com as mais altas taxas de stock de
habilidades/conhecimentos, se especializarão na produção de bens
manufaturados.

 Armadilhas: Correspondência e Convergência – A abordagem da correspondência


oferece uma explicação para as diferenças de rendimento entre os países. Um país em
que todos os trabalhadores são qualificados apresentará salários médios muito mais
elevados do que aquele em que os trabalhadores não são qualificados. A diferença de
rendimento será muito maior do que a diferença no stock de habilidades
/conhecimentos para cada trabalhador. Num país rico, os trabalhadores qualificados
aumentam a produtividade uns dos outros; enquanto que num país pobre, os
trabalhadores não qualificados diminuem a produtividade uns dos outros. A
abordagem da correspondência fornece uma possível explicação da diferença de
quarenta vezes superior o rendimento entre os países, mesmo quando a diferença na
educação por trabalhador é muito menor do que quarenta vezes. Isso ajudaria a
explicar por que as diferenças de renda entre as nações são tão persistentes: os
indivíduos das nações pobres enfrentam fracos incentivos, enquanto os indivíduos
das nações ricas enfrentam fortes incentivos

 Conhecimento, retornos crescentes e políticas governamentais: O facto de que a


acumulação de conhecimento gera retornos crescentes e, o inverso, por sua vez, pode
determinar o surgimento de armadilhas de pobreza cria espaço para a intervenção do
governo. Que políticas o governo pode introduzir?

 Reconhecer que a intervenção do governo pode ser necessária para tirar uma
economia de uma armadilha.
 O sector público poderia tirar a economia da armadilha da pobreza subsidiando
o investimento para novos conhecimentos para aumentar o retorno ao
investimento em conhecimento.
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 A intervenção do governo não deve criar incentivos negativos: no caso a
tributação do conhecimento.

 Eliminar as más políticas governamentais e subsidiar todas as formas de


conhecimento e acumulação de capital.

 Lidar com o problema de coordenação e fiscalização, convencendo os


investidores a realizarem grandes investimentos no sector da educação/
conhecimento.

3. EXTERNALIDADES E O MODELO AK DE CRESCIMENTO ENDÓGENO

Vamos investigar o papel das externalidades em explicar o crescimento endógeno. Esta


análise é referida na literatura do crescimento económico como o "Modelo de Crescimento
AK".

 A Estrutura do Modelo AK: A estrutura do modelo AK é muito simples e reflete a do


modelo de Solow. A principal diferença entre os dois modelos é dada pelo pressuposto
relativo à função de produção.

 Função de produção para uma única empresa: assume-se que cada empresa
individualmente na economia produz de acordo com a função de produção de Cobb-
Douglas padrão:

Y  BK  L1 (1)

Onde K é capital, L é trabalhador, B é o termo que capta representando a


produtividade total dos fatores e (0< <1) é o parâmetro que denota a participação
do capital na produção. Podemos facilmente notar que esta função de produção (no
nível de empresa única) exibe rendimentos decrescentes para a acumulação de
capital e mão-de-obra. A empresa individual não consegue influenciar o nível de
produtividade B da economia, e é uma variavel dada.

 Produtividade Total da Fábrica: no entanto, supondo que, na realidade, a


acumulação de capital gera novos conhecimentos sobre a produção na economia
como um todo. Em particular, suponha que esse novo conhecimento seja capturado
pelo termo de produtividade de fator total de acordo com a seguinte expressão:

1
B  A K  (2)
 L 
Esta expressão simplesmente capta a idéia de que um subproduto acidental da
acumulação de capital per capita por cada empresa individual na economia é a
melhoria da tecnologia que todas as empresas usam para produzir. Uma empresa
individualmente não reconhece esse efeito quando acumula capital porque é pequena
em relação à economia. Este é o sentido em que o progresso tecnológico é externo à
empresa. O termo A nesta expressão é simplesmente um parâmetro constante.

 O Processo Aprender Fazendo: Essa externalidade também é às vezes


referida ou chamada de "aprender fazendo". As empresas aprendem maneiras
melhores de produzir como um subproduto acidental do processo de. O
economista Kenneth Arrow (1962) formalizou esse processo em um modelo de
crescimento. Seu interesse foi estimulado pelas evidências resultantes da
produção de aviões pela Boeing. Ele observou que quando uma nova aeronave vai
para a produção, os trabalhadores são inicialmente lentos na montagem da nova
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aeronave. No entanto, a sua produtividade aumentou com a produção, uma vez
que os trabalhadores foram capazes de aprender da experiência o caminho mais
rápido para a montagem da aeronave. Isso significava que eles poderiam
aumentar o número de aeronaves produzidas num determinado período de tempo.

 Função de Produção da Economia: substituindo a expressão (2) na função de produção da


empresa (1), obtemos a função global de produção da economia:
1
Y  A K  K  L1  AK
 L 
Esta expressão explica por que o modelo é chamado de AK.

 Retornos constantes para a acumulação de capital: observando a função de


produção da economia pode-se notar que o nível de toda a produção da economia
não experimenta rendimentos decrescentes para a acumulação de capital físico.
Na verdade, podemos facilmente observer que a produção Y aumenta no mesmo
montante que aumento do capital

 Outros pressupostos do modelo: como já se fez referência acima o modelo é muito


semelhante ao modelo de crescimento de Solow e os pressupostos principais
introduzidos nesse modelo são mantidos aqui.

 População constante e força de trabalho: continuamos assumindo que a


população é constante e que toda a população está envolvida no processo de
produção.

 Rácio de Poupança: continuamos a assumir que as familias poupam uma parte


constante do seu nível de Rendimento s (0<s<1)

 Depreciação constante do capital: assumisse que o Capital depreciasse


anualmente a uma taxa constante

 Economia fechada sem governo: também continuamos a assumir que a


economia é fechada ao comércio externo, pelo que não existe exportações e nem
importações e que não ha governo.

 Crescimento de Equilíbrio no 'Modelo AK': Para se perceber o processo de crescimento


na economia precisamos formalizar a equação de acumulação de capital:

 Poupança e investimento: Na economia fechada, a poupança é utilizada para realizar


investimentos em capital

I
t  sYt
Investmentin new Capital Savings

 Acumulação de capital ao longo do tempo: A evolução do capital ao longo do tempo


pode ser descrita pela seguinte expressão:

K t 1  K t  sY t  K t
New Stockof Capital ExistingStockof Capital Investmentin New Capital Depreciatoi nof Capital
8
Sabemos que a produção Yt é dada pela função de produção da economia Yt  AK t .
Se substituirmos esta função de produção por Yt na expressão de acumulação de
capital acima obteremos:
K t 1  K t  sAK t  K t
New Stockof Capital ExistingStockof Capital Investmentin New Capital Depreciatoi nof Capital

Esta expressão descreve a acumulação do capital ao longo do tempo. A análise desta


expressão revela o processo de crescimento da economia. Como provavelmente já
notou esta equação não é expressa em termos per capita (ou por trabalhador) .
A equação poderia ser facilmente transformada em termos per capita, dividindo cada
termo pelo número constante de trabalhodor L. No entanto, isso não mudaria a nossa
análise nem as nossas conclusões. Então podemos fazer a análise com referência ao
capital total na economia.

 A Taxa de Crescimento do Capital: podemos usar a equação de acumulação de


capital acima para calcular a taxa de crescimento do capital na economia. Por um
simples rearranjo da equação de acumulação de capital e obtemos:
Kt 1  Kt sAKt  Kt
gK    sA  
Kt Kt
Se assumirmos que o produto da taxa de poupança s e o termo A (sA) é maior que a
taxa de depreciação (sA> ), que na verdade é uma suposição razoável de se fazer,
podemos concluir que o 'Modelo AK' prevê crescimento contínuo e sustentado do
capital ao longo do tempo.

 Crescimento Endógeno: O modelo mostra que a taxa de crescimento do capital é


sempre positiva e depende de variáveis económicas como a taxa de poupança s e
a taxa de depreciação . Assim, a taxa de crescimento é agora endógena:
Depende de variáveis econômicas que podem ser influenciadas pela política
económica do governo.

Exemplo: assumamos que a taxa de poupança na economia é s=0.3, que a taxa de


depreciação é =0.05 e a A=1. Neste caso, o modelo prevê que a taxa de crescimento do
capital é g K  sA    0.31 0.05  0.25. Se o governo introduzir políticas que aumentem a
taxa de poupança para s = 0,35 a taxa de crescimento irá aumentar permanentemente
para

gK  sA    0.351 0.05  0.3

 A taxa de crescimento da produção: sabendo que a produção é determinada pela


função de produção Yt  AK t . A Produção Yt depende do capital Kt and e muda ao
longo do tempo de acordo com comportamento do capital. Sabemos que o capital
cresce à taxa gK  sA   . Portanto, isso implica que a produção crescerá na mesma
taxa:
g K  g y  sA  

5. IMPLICAÇÕES DO MODELO DE CRESCIMENTO DE AK: as implicações do "Modelo de
Crescimento AK" podem ser resumidas da seguinte forma:

 Crescimento endógeno sustentado: O modelo mostra que, ao assumir a existência de


do processo "aprender fazendo" e considerando os efeitos de externalidade, os retornos
decrescentes para o capital podem ser evitados e a economia experimenta um
crescimento positivo continuamente. (Ver figura 1)
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 Crescimento Endógeno e Política Económica: O crescimento é endógeno, uma vez
que a política económica do governo pode alterar a taxa de crescimento da economia.
Se o governo é capaz de estimular um aumento permanente da taxa (s) de poupança
da economia, a taxa de crescimento irá aumentar permanentemente.

 Ausência do Retorno Decrescentes ao Capital: É importante que percerber que o


crescimento sustentado na economia ocorre tendo em atenção as "externalidades" e o
efeito "aprender fazendo" impedem que a acumulação de capital, eventualmente tenha
retornos decrescentes. Este é o ponto principal da análise: qualquer "factor" que possa
impedir o surgimento de retornos decrescentes à acumulação de capital, dá lugar ao
crescimento endógeno.

 Não há dinâmica transitória: Outra implicação do "Modelo AK" é a ausência de dinâmica


transitória another implication of the ‘AK Model’ is the absence of transitional dynamics. O
que isto significa? Isso simplesmente significa que a economia começa a crescer à taxa
dada pela expressão gK e sempre cresce na mesma taxa. O rácio de crescimento nunca
muda ao longo do tempo. Esta implicação é contrafactual, uma vez que as evidências
mostram que os países tendem a experimentar um crescimento elevado nos seus estádios
iniciais de desenvolvimento e taxas de crescimento mais baixas mais tarde. Esta
implicação do modelo nos leva a próxima implicação.

 Não há Convergência entre os países: ao contrário do modelo de Solow, a formulação


de AK não prevê a convergência absoluta ou condicional. Na verdade, considera um grupo
de economias que são estruturalmente semelhantes na medida em que os parâmetros A, s
e são iguais. Assume que as economias diferem apenas em termos de seu estoque de
capital inicial per capita. Uma vez que o modelo diz que cada economia cresce na mesma
taxa gK, independentemente da sua posição inicial, a previsão é que todas as economias
cresçam à mesma taxa per capita, de modo que a convergência nunca ocorra
 regardless of their initial position, the prediction is that all the economies grow at the same
per capita rate so that convergence never takes place. Esta previsão é uma falha
substancial do modelo, porque a convergência condicional parece ser uma regularidade
empírica.
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BIBLIOGRAFIA
WEIL D., (2005), Economic Growth, Chapters 8 and 9
Van den Berg H., Lewer J.J., (2007), International Trade and Economic Growth, Chapter 4,
sections 4.1-4.4
JONES C., (2002), Introduction to Economic Growth, Chapter 8
BARRO R., SALA-I-MARTIN X., (1995), Economic Growth, Chapter 1, section 1.3
EASTERLY W., (2002), The Elusive Quest For Growth, Chapters 4 and 8
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ARTICLES
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3-22
ROMER P., (1986), “Increasing Returns and Long-Run Growth”, Journal of Political Economy, 96,
pp. 1002-1037
ARROW K., (1962), “The Economic Implications of Learning by Doing”, Review of Economic
Studies, 29, pp. 153-173
LUCAS R., (1988), “On the Mechanics of Economic Development”, Journal of Monetary Economics,
22, pp. 3-42
PRITCHETT L., (1997), “Where Has All the Education Gone?”, World Bank Policy Research Working
Paper n. 1581
MANKIW G., ROMER D., WEIL D., (1992), “A Contribution to the Empirics of Economic Growth”,
Quarterly Journal of Economics, 107, 2:407-437

Figure 1. - The Diagram for the AK Model


This diagram resembles that of the Solow model. The
sAK is total investment as a function of the capital
sAK stock. Because output is linear in K, the curve is
actually a straight line (this was not the case in the
Solow model, do you remember why?)The K line
reflects the amount investment that has to occur just
to replace the depreciation of the capital stock.
Consider an economy that starts at point K0. In this
economy, because total investment is larger than
depreciation, the capital stock grows. Over time, this
K growth continues: at every point to the right of K0,
total investment is larger than depreciation.
Therefore, the capital stock is always growing, and
growth in the model never stops.
The diagram is also helpful in understanding why
convergence never takes place in the ‘AK model’. In
fact, if two similar countries start with a different
initial level of capital, by growing at the same rate
K0 K their level of output and capital will always differ
because of their different initial capital endowment.

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