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TEXTO DE APOIO PARA OS ALUNOS

2º Ciclo- 11ª ou 12ª Classe

GEOGRAFIA II
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GEOGRAFIA II
TEXTO DE APOIO PARA OS ALUNOS
2º Ciclo – 11ª ou 12ª Classe

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ÍNDICE:

1. CONTRASTES DE DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................. 6


1.1. Desenvolvimento Vs Crescimento ................................................................................................................. 6
1.2. Noção de Desenvolvimento........................................................................................................................... 8
1.3. Indicadores de Desenvolvimento ................................................................................................................ 10
1.3.1. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ...................................................................................... 12
1.3.2. O Índice de Pobreza Humana (IPH) ...................................................................................................... 18
1.3.3. O Índice de Desenvolvimento humano associado ao Género (IDG) .................................................... 19
1.3.4. A Medida de Participação segundo o Género (MPG) .......................................................................... 20
1.4. O Desenvolvimento Sustentável.................................................................................................................. 21
1.5. Indicadores Demográficos Essenciais .......................................................................................................... 22
2. Obstáculos ao desenvolvimento..................................................................................................................... 30
3. Soluções para atenuar as desigualdades .................................................................................................... 42
3.1. Ajuda Pública ao desenvolvimento ..................................................................................................... 42
2. A MOBILIDADE DA POPULAÇÃO ......................................................................................................................... 52
2.1. A Mobilidade da População – As Migrações ............................................................................................... 52
2.2. Organização do Espaço Urbano ................................................................................................................... 57
2.2.1. Critérios de definição de Cidade ............................................................................................................... 57
2.2.2. A Evolução das Cidades ............................................................................................................................ 58
2.2.3. Plantas das Cidades .................................................................................................................................. 59
2.2.4. As grandes concentrações urbanas .......................................................................................................... 60
2.2.5. A utilização do solo nas cidades ............................................................................................................... 61
2.2.6. Tipos de Cidades ....................................................................................................................................... 61
2.2.7. Problemas e Soluções para as Cidades ..................................................................................................... 63
3. A INTERAÇÃO ENTRE O HOMEM E O AMBIENTE ................................................................................................ 65
3.1. Problemas Ambientais: a Litosfera .............................................................................................................. 68
A Contaminação dos Solos – Origem Antrópica............................................................................................. 69
A Desertificação dos Solos ............................................................................................................................. 70
O Abate de Árvores – A Desflorestação ......................................................................................................... 71
3.2. Problemas Ambientais: a Hidrosfera ........................................................................................................... 72
A Qualidade da Água Potável disponível no Planeta ..................................................................................... 74
Poluição da Água dos Mares/Oceanos ........................................................................................................... 76
As Catastróficas Marés Negras ....................................................................................................................... 79
O Problema da Sobreexploração dos Recursos Marinhos ............................................................................. 81
3.3. Problemas Ambientais: a Atmosfera ........................................................................................................... 82
O Problema do “Buraco do Ozono” ............................................................................................................... 82
O Problema do Smog Fotoquímico ou Poluição Troposférica ....................................................................... 84
O Problema do Efeito de Estufa ou Aquecimento Global .............................................................................. 85
O Problema das Chuvas Ácidas ...................................................................................................................... 86
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3.4. Problemas Ambientais: a perda de Biodiversidade ..................................................................................... 90
3.5. Repensar os modelos de desenvolvimento............................................................................................. 94
Soluções para os problemas ambientais ....................................................................................................... 95
ANEXO 1 - Conceitos ......................................................................................................................................... 100

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1. CONTRASTES DE DESENVOLVIMENTO
1.1. DESENVOLVIMENTO VS CRESCIMENTO

O mundo em que vivemos é feito de contrastes económicos. Todos os países são diferentes entre si e
apresentam níveis de desenvolvimento muito desiguais.
Durante décadas muitos países orientaram a sua
economia para modelos que tinham como principal objec-
tivo o aumento da produção nos diversos sectores de acti-
vidade, especialmente na indústria.
A este modelo dá-se o nome de crescimento eco-
nómico.

O crescimento económico é algo que deve ser


entendido como um processo mundial, em que as relações
de interdependência entre os países são cada vez maiores,
pelo que as economias dos Estados estão cada vez mais
dependentes umas das outras.

Este processo está, no entanto condicionado, por vários factores, como são:
 Crescimento demográfico;
 O dinamismo das relações comerciais;
 Os avanços científicos e tecnológicos;

Como estes factores variam muito, dão origem a fortes assimetrias Crescimento económico conduz a um
no crescimento económico dos vários países. É possível estabelecer aumento da riqueza e, simultaneamente,
a uma subida dos salários, com a conse-
dois grandes grupos de países separados pelo grau de crescimento quente melhoria do poder de compra das
económico: por um lado, os países desenvolvidos, que registam pessoas (subida do nível de vida).
elevados crescimentos, e por outro, os países menos desenvolvidos,
que continuam a revelar fracos ou nulos índices de crescimento económico.

O aumento da riqueza económica nem sempre


tem uma repartição justa pela população do
país. Em alguns casos, como são exemplos os
Estados Árabes produtores de petróleo, o
grande crescimento económico têm benefi-
ciado, essencialmente, as classes dirigentes e
uma minoria poderosa da sociedade, perma-
necendo a maior parte da população com
carências, por vezes, graves do domínio da
saúde e da educação.

O crescimento económico, apesar de


apresentar alguns resultados positivos, provo-
ca vários problemas, tal como se observa no
quadro.

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Os indicadores que melhor servem a análise do crescimento económico são o PIB (Produto Interno Bruto) e o
PNB (Produto Nacional Bruto) repartidos pelo número de habitantes.

PIB (Produto Interno Bruto) - É o valor total de bens produzidos pela economia de um país, num determinado
período.

PNB (Produto Nacional Bruto) – É o PIB somado aos rendimentos recebidos através de remessas de investimen-
tos feitos fora do país, subtraindo os rendimentos de estrangeiros.

No entanto, estes indicadores, como qualquer valor que represente uma média, não traduzem os reais
contrastes que, por vezes, existem em alguns países em crescimento económico.
A nível mundial, assistiu-se a um agravamento das desigualdades sociais. Enquanto alguns países enri-
queciam rapidamente, outros registavam uma subida do número de pobres, isto é, aumentava a população que
não tinha acesso a necessidades básicas como a alimentação, a habitação, a saúde e a educação.

O crescimento económico, apesar de apresentar alguns resultados positivos, provoca vários problemas,
tal como se observa no quadro.

Muitos países começaram a questionar a


necessidade de criar outro modelo que não se
baseasse somente na vertente económica mas
que valorizasse, também, outros aspectos como a
dimensão social e cultural, melhorando os níveis
de educação e saúde e promovendo uma melho-
ria na habitação no emprego e na segurança
social. A este modelo dá-se o nome de desenvol-
vimento.

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1.2. NOÇÃO DE DESENVOLVIMENTO

Conceito que exprime o nível de bem-estar de uma população e consequente qualidade de vida. É um
conceito complexo e dinâmico. Desenvolvimento não quer dizer riqueza monetária. Quando se fala em desen-
volvimento fala-se nas condições de vida das populações, na satisfação das suas necessidades básicas ou primá-
rias, como:
Crescimento económico – mede-se pela
 Alimentação, Vestuário, Habitação, Saúde; quantidade de bens e serviços produzi-
 Emprego, Educação, Segurança, Qualidade Ambiental, dos, não havendo grande preocupação
na forma como estão distribuídos pela
 Liberdade (movimento, expressão, etc.,), Dignidade, Respeito; população.
 Etc.
Desenvolvimento – mede-se pelo grau
de satisfação das necessidades básicas
de uma população (rendimentos, saúde,
educação, lazer, etc.) de forma a pro-
Quando o crescimento económico se reflete no nível de vida das popu- mover o seu bem-estar.
lações, ultrapassando a sua vertente meramente económica, e se alar-
ga à esfera social e cultural, melhorando os níveis de educação e for-
mação profissional, e garantindo à população cuidados de saúde essenciais e elevando os padrões de habitação,
emprego e segurança social.

A qualidade de vida constitui um conceito complexo e de definição variável, uma vez que não é enten-
dido da mesma forma por todos.
Uma das razões para que isso aconteça decorre do facto de as expectativas serem diferentes consoante o grau
de desenvolvimento e o nível social das populações.
Assim, se questionarmos alguém de um país menos desenvolvido sobre o que representa este conceito, talvez
se obtenha por resposta a alimentação suficiente, a água canalizada, o emprego e a habitação. Já numa socie-
dade desenvolvida, onde estes problemas se encontram quase resolvidos, os anseios colocam-se mais ao nível
da educação e formação, da saúde e assistência social (crianças e idosos), não esquecendo a vertente do lazer e
do consumo.
Com o pleno desenvolvimento e a satisfação das necessidades das populações, o conceito passa a incluir
preocupações que se relacionam mais com o ambiente, a segurança e o acesso à cultura.
O nível de vida e o bem-estar são, tal como a qualidade de vida, conceitos complexos.

A unanimidade destes con-


ceitos é muito difícil, variando con-
soante as características culturais da
sociedade e da região, onde a mes-
ma se encontra, já que as priorida-
des atribuídas às diferentes dimen-
sões da qualidade de vida são dife-
rentes entre os vários países.

Uma sociedade dificilmente


se pode considerar plenamente
desenvolvida se houver desrespeito por estes direitos dos cidadãos.
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Esta situação está normalmente associada a países menos desenvolvidos, embora não seja exclusiva dos
mesmos.

Apesar de existirem várias definições, a proposta de Maya em 1984 parece ser a mais adequada, pois
afirma que o conceito de qualidade de vida compreende uma série de variáveis, tais como: a satisfação ade-
quada das necessidades biológicas e a conservação de seu equilíbrio (saúde), a manutenção de um ambiente
propício à segurança pessoal, a possibilidade de desenvolvimento cultural e, em último lugar, o ambiente social
que propicia a comunicação entre os seres humanos, como base da estabilidade psicológica e da criatividade. É
normal confundir-se desenvolvimento ou limitar-se o conceito a questões meramente económicas (ex. poder de
compra; salários; PIB per Capita, etc), mas o desenvolvimento é bem mais que crescimento económico.
Crescimento Económico: conceito que se refere ao volume de bens e serviços numa determinada socie-
dade. É um conceito meramente económico que mede, no fundo, a riqueza evidenciada por determinada socie-
dade.

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1.3. INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO

Crescimento Económico não é o mesmo que desenvolvimento (estado evoluído de uma determinada
sociedade e economia que tem várias vertentes: crescimento económico, bem-estar, alterações socioculturais e
modernização tecnológica) implicando um conjunto de alterações sociais com grandes implicações no bem-
estar e na qualidade de vida das populações.
Como se pode ler no Relatório do Desenvolvimento Humano (2001) do PNUD (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento):
(…) O desenvolvimento humano é muito mais do que o aumento ou quebra dos rendimentos nacionais. Tem a ver
com a criação de um ambiente no qual as pessoas possam desenvolver o seu pleno potencial e levar vidas produtivas e
criativas, de acordo com as suas necessidades e interesses.
As pessoas são a verdadeira riqueza das nações. O desenvolvimento tem a ver, portanto, com o alargamento das
escolhas que as pessoas têm para levarem uma vida a que dêem valor.
Para alargarem as escolhas, é fundamental a criação de capacidades humanas – o conjunto de coisas que as pes-
soas podem ser ou fazer na vida.
As capacidades mais elementares para o desenvolvimento humano são: ter uma vida longa e saudável, ser instruí-
do, ter acesso aos recursos necessários para um bom nível de vida e ser capaz de participar na vida da comunidade.

Os países mais desenvolvidos da Europa, América do Norte e Japão, assentam o seu desenvolvimento
nas elevadas produtividades registadas ao nível dos seus sectores produtivos, no avanço científico e tecnológico
e nas exportações entre outros factores.

O desenvolvimento permitiu por isso uma melhoria das condições de vida que se traduziu em elevados
padrões de educação, habitação, saúde, segurança social e outras vertentes sociais tais como o lazer e a cultura.
No entanto, este processo regista ainda alguns problemas como a crise de emprego, a insegurança e os
problemas ambientais.

Para se conhecer melhor o fenómeno do desenvolvimento, utilizam-se indicadores estatísticos que


permitem melhorar o conhecimento da realidade em todas as suas vertentes (social, económica ou política).
Assim, é possível, conhecer-se a situação de um país ou região, em termos de desenvolvimento,
estabelecer comparações no espaço e no tempo, acompanhar a sua evolução ao longo dos anos e definir estra-
tégias para melhorar o seu desempenho.

Sendo o desenvolvimento um fenómeno multidimensional e plurifacetado, medi-lo não é tarefa


fácil, tornando-se necessário utilizar um conjunto diversificado de indicadores, quer de caracter quantitativo
quer qualitativo, para que a leitura seja a mais próxima da realidade.

Utilizam-se habitualmente dois tipos de indicadores:


 Simples; cobrindo aspectos económicos, sociais, políticos ou demográficos;
 Compostos; incluem um determinado conjunto de indicadores simples considerados representativos,
sendo atribuída a cada um deles uma certa ponderação na construção do indicador global.

Indicadores Simples:
 PIB (Produto Interno Bruto): riqueza produzida num país;
 PNB (Produto Nacional Bruto): riqueza produzida pelos naturais de um país que vivem nele e pelos seus
emigrantes;

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 EMV (Esperança Média de Vida): número de anos que em média uma pessoa, ao nascer, tem probabili-
dade de vir a viver);
 Número de Médicos por 1000 habitantes;
 Facilidade no acesso a Água Potável;
 Taxa de Alfabetização: percentagem de população com instrução escolar básica;
 Respeito pelos Direitos Humanos;
 Qualidade Ambiental;
 Etc.

Indicadores Compostos
 IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): mede o grau de desenvolvimento de um país, tendo por base
três componentes fundamentais da vida de uma pessoa (vida longa e saudável; nível de conhecimento;
padrão de vida digno);
 IDG (índice de Desenvolvimento Ajustado ao Género): mesmas variáveis do IDH, mas evidenciando as
desigualdades entre Homens e Mulheres;
 IPH (índice de Pobreza Humana): mede as privações das pessoas em três áreas fundamentais e referen-
ciadas no IDH. Subdivide-se em IDH1 (para os Países Desenvolvidos) e IDH2 (para Países Menos Desenvol-
vidos).

Índice Vida Longa e Saudável Nível de Conhecimento Padrão de Vida Digno


Taxa Alfabetização de Adultos
IDH Esperança de Vida à Nas- Taxa de Escolarização; PIB per Capita
cença
Taxa de Alfabetização Masculi- Rendimentos auferidos por
IDG na e Feminina; Mulheres e Homens,
EMV à Nascença (Feminina reflectindo o Poder de
e Masculina) Taxa de Escolarização Masculina Compra de uns e outros;
e Feminina;
-Percentagem de Pessoas
IPH1 Probabilidade de à nascen- Taxa de Alfabetização de Adul- sem acesso a Água;
(PMD) ça não Viver até aos 40 tos; -Percentagem de Crianças
anos; com défice de Peso;
Probabilidade de à nascen- - Percentagem de Pessoas
IPH2 ça não Viver até aos 60 Percentagem de Adultos Anal- Pobres;
(PD) anos; fabetos; - Taxa de Desemprego a
Longo Prazo

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PNB (Produto Nacional Bruto)

Um dos indicadores simples mais utilizado é o Produto Nacional Bruto (PNB) por habitante, utilizado para
medir o crescimento económico dos países e o nível médio de rendimento de cada indivíduo.

O PNB é a medida, em dólares, do valor de todos os bens e serviços produzidos ou prestados pelas empresas de
um país, o que permite analisar o nível de riqueza e o seu poder económico.

O PNB por habitante calcula, para cada individuo, o rendimento em dólares disponível, em função do valor total
dos bens e serviços produzidos no país, o que permite verificar a existência de desigualdades na distribuição do
rendimento à escala planetária.

Para que as análises comparativas sejam mais próximas da realidade, e tendo em conta que o poder de compra
de 1 dólar é diferente de país para país, utiliza-se muito o PNB per capita, corrigido em função das paridades do
poder de compra (PPC). O PNB por habitante em PPC reflecte, para cada país, o poder de compra de um indivi-
duo, tendo em conta a quantidade de bens e serviços que ele pode adquirir com 1 dólar convertido na moeda
nacional.

Através destes indicadores, é possível verificar que as desigualdades entre países têm vindo a aumentar. Na
actualidade, 75% da população mundial produz menos de 20% da riqueza do planeta. A diferença de rendimen-
to entre a população dos países mais ricos (20% da população mundial) e a que vive nos países mais pobres
(correspondendo também a 20% da população mundial) era de 74 para 1 em 1197, muito superior à de 30 para
1 em 1960 e de 3 para 1 em 1820. No plano mundial, os indicadores que medem os ritmos de crescimento e as
desigualdades na distribuição dos rendimentos reflectem apenas uma média para cada país e escondem as
assimetrias sociais e as desigualdades regionais internas.

1.3.1. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Para aferir o nível de desenvolvimento dos países


foi criado um indicador, o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) que resulta da combinação de três indica-
dores:
 A esperança média de vida;
 O produto interno bruto;
 A taxa de alfabetização.

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Este permite caracterizar, de uma forma integrada, o nível de desenvolvimento dos países. Este índice
varia entre 0 e 1, considerando-se elevado quando é maior ou igual a 0,8, médio quando varia entre 0,79 e 0,5 e
reduzido quando é inferior a 0,5.

Apesar de ser um conceito abstracto há alguns indicadores que permitem aferir do grau de desenvolvi-
mento das sociedades. Esses indicadores poderão ser simples ou complexos:
O mais importante destes indicadores é o IDH, cujo cálculo é efectuado todos os anos pelas ONU (Orga-
nização das Nações Unidas) através do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) que ela-
bora um relatório anual cobrindo todos os países do mundo. Esse relatório é publicado desde 1990, pretenden-
do ajudar a perceber de forma global, para todas as regiões e países do
mundo, o nível comparado de desenvolvimento humano e económico. O
valor do IDH varia entre “0” e “1”:
 IDH Baixo: regiões com desenvolvimento humano até 0,499;
 IDH Médio: regiões com desenvolvimento humano entre 0,500 e
0,799;
 IDH Alto: regiões com desenvolvimento humano superior a 0,800;

No ano 2000, como resultado do trabalho das Nações Unidas fez-se


um pacto entre 189 países, chamado “O Pacto do Milénio” que pretende
comprometer todos os países subscritores na redução da pobreza, na
melhoria da saúde, na igualdade de oportunidades entre homens e mulhe-
res, na melhoria das condições ambientais para que sejam sustentáveis e de
forma geral no aumento dos recursos para a cooperação e desenvolvimen-
to. Só será possível termos um mundo melhor se toda a humanidade se
comprometer nesta tarefa.
O propósito básico do desenvolvimento é alargar as oportunidades
de escolha das populações tendo em vista uma vida melhor. Esta passa
pelo/a:
 O acesso ao saber;
 Acesso à alimentação;
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 Acesso aos serviços de saúde;
 Acesso a uma vida segura protegida do crime e da violência;
 Acesso ao tempo livre;
 Liberdade cultural e política;
 Promoção da participação das actividades das comunidades;
 Entre outros factores…

O Objectivo final do desenvolvimento é possibilitar a qualquer pessoa ou comunidade, viver uma vida
longa, saudável e criativa, em todo o mundo, no respeito pelas diferenças de cada um.

Contrastes na distribuição do IDH a nível mundial


Tal como se observa na figura, são os países da Europa, os EUA, o Canadá, o Japão e a Austrália aqueles
que apresentam índices de IDH mais elevados. Contrariamente, os valores mais baixos do IDH situam-se na Áfri-
ca Subsariana e em alguns estados asiáticos.

O relatório do PNUD de 2007 salienta o aumento do “fosso entre países pobres e países ricos”, e desta-
ca também a estagnação da região da África Subsariana devida, em parte, ao retrocesso económico, mas princi-
palmente, às consequências catastróficas da SIDA na esperança média de vida.

A Islândia, a Noruega e a Austrália estão no topo da tabela do IDH e o Níger, a Guiné-Bissau, o Burkina
Faso e a Serra Leoa, na base.
Em média, um habitante da Islândia é 45 vezes mais rico do que um cidadão da Serra Leoa; vive quase duas
vezes mais e goza de uma taxa de escolaridade quase universal nos ensinos primários e secundário, em compa-
ração com uma taxa de escolaridade de 44% na Serra Leoa. Para os 22 países na
categoria de desenvolvimento humano baixo, a esperança média de vida à nas-
cença é de 48 anos, ou seja, menos 28 anos do que nos países de desenvolvimen-
to humano.

Alguns países têm um nível de IDH muito inferior ao seu nível de rendimento,
enquanto outros invertem esta relação. Os emirados Árabes Unidos, por exem-
plo, têm um rendimento médio muito superior ao da República Checa, mas têm
um nível de IDH inferior porque o seu desempenho é pior em termos de educa-
ção e alfabetização. Na África subsariana, a Tanzânia tem um rendimento médio
de um terço do de Angola, mas um nível de IDH praticamente igual.

Contrariamente, o Sudão e o Uzbequistão têm idêntico rendimento per capita


mas apresentam um índice de desenvolvimento humano bastante diferente.

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As várias dimensões do desenvolvimento Humano

Podemos utilizar as várias dimensões do desenvolvimento humano para avaliar a qualidade do


crescimento económico. Só pode ser considerado benéfico o crescimento económico que provoca o desenvol-
vimento humano em todas as suas dimensões:
- garantindo o pleno emprego e os meios de ganhar o sustento (segurança);
- distribuindo equitativamente os recursos (equidade);
- garantindo a liberdade das pessoas e valorizando as suas capacidades (poder);
- promovendo a coesão social e a colaboração (cooperação);
- salvaguardando o desenvolvimento futuro (sustentabilidade).

O crescimento económico, um meio importante para atingir o desenvolvimento, só se traduz em


desenvolvimento humano se o aumento do rendimento for distribuído equitativamente e se for canalizado de
uma forma significativa para investimentos na saúde e na educação, e não para armamento. Os países que
estão mais bem posicionados em termos de IDH do que no PIB per capita são os que conseguem converter o
crescimento económico em desenvolvimento de forma mais eficaz.

Só existe desenvolvimento humano se todos os indivíduos sem excepção forem beneficiados pela melhoria das
suas condições de vida e pela satisfação dos direitos fundamentais. O respeito pela dignidade humana, nomea-
damente aceitando a diferença, é condição indispensável para que os indivíduos possam usufruir do bem-estar
ao verem assegurada a segurança humana.

Criticas ao IDH

O IDH, ao ser um indicador socioeconómico mais completo do que o PIB per capita, é, actual-
mente, uma referência mundial. Cada vez mais, os governos consideram o IDH é um instrumento de avaliação
do seu desempenho, por comparação com o dos outros países. No entanto, é importante salientar algumas das
suas limitações:

 o IDH é calculado a partir d um reduzido número de indicadores simples, pelo que apenas traduz rela-
ção entre rendimento, saúde, educação e não inclui outros aspectos importantes do desenvolvimento,
como o respeito pelos direitos humanos, a democracia, a segurança, a degradação ambiental, o esgo-
tamento dos recursos naturais, etc.

 como a taxa de alfabetização de adultos é o indicador mais importante no cálculo do índice do grau de
instrução de um país, pode avaliar-se injustamente os países onde se está a realizar um forte investi-
mento na escolarização das suas crianças e jovens, o que só será visível no aumento da taxa de alfabeti-
zação de adultos daqui a alguns anos;

 nos países do topo da classificação, onde a esperança média de vida já atinge valores muito elevados, as
taxas de alfabetização e de escolarização rondam os 100% e o PIB per capita também é muito elevado, o
IDH começa a revelar-se pouco eficaz para diferenciar os desempenhos nacionais;

 como acontece com todos os indicadores, o IDH é uma média nacional, pelo que não reflecte as desi-
gualdades entre grupos sociais, sexos, regiões ou etnias, e enfrenta os problemas da disponibilidade,
actualização e fiabilidade dos dados estatísticos.

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Estudo de Caso

SERRA LEOA,
Um dos países com o Índice de IDH mais baixo em 2011

Situada na costa oeste de África, numa região dominada por planícies e com
um clima equatorial, a Serra Leoa tem chuvas torrenciais na maior parte do ano.

A principal actividade económica é a extracção de diamantes. A Serra Leoa é


um dos grandes produtores mundiais
de diamantes, símbolos de ostentação
e fortuna. Apesar disso, é um dos lugares
mais pobres da Terra, ocupando o último lugar
no Índice de Desenvolvimento Humano (0,336). Arrasada por
uma guerra civil que já dura à quase dez anos, mais de metade
de população deste país vive abaixo do limiar de pobreza. Em
cada dez adultos, sete são analfabetos e a esperança média de
vida não ultrapassa os 42 anos.

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Mergulhado no caos politico e económico, o país assiste ao crescimento das actividades de contrabando
de diamantes, as quais não trazem nenhum benefício à população em geral.

Com uma taxa de crescimento demográfico anual de 22%, a população da Serra Leoa aumentou mais
depressa do que o crescimento económico, contribuindo, deste modo, para uma diminuição do nível de vida
das pessoas.
Cerca de 40% das crianças com menos de 5 anos estão subnutridas e a taxa de escolaridade é muito fra-
ca, com valores abaixo dos 40%. A Serra Leoa é, actualmente, o país mais pobre do mundo, com PIB/hab. De
apenas 806 doláres.

Estudo de Caso

A NORUEGA,
País com o Índice de IDH mais alto em 2011

A Noruega apresentou em 2011 o valor mais elevado de IDH (0,943) a nível mundial. O modelo
económico e social adaptado levou à criação de um Estado de bem-estar ou Estado-Providência, onde a segu-
rança e a igualdade das pessoas são das mais altas no mundo.
Com 4,1 milhões de habitantes, a Noruega possui elevados recursos naturais, incluindo petróleo,
gás natural, minérios, pescado, madeira e energia hídrica. Estes recursos ajudaram a Noruega a tornar-se um
dos países com maior rendimento per capita. Os bons resultados económicos são aplicados pelo Estado nos
sectores da educação, da saúde e da segurança social. Os vários indicadores sociais revelam uma sociedade bem
organizada e justa com grande preocupação na qualidade de vida e no bem-estar da sua população.
A esperança média de vida ronda os 80 anos e a alfabetiza-
ção é quase de 100%.

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1.3.2. O Índice de Pobreza Humana (IPH)

Não existe desenvolvimento humano com pobreza. Se o desenvolvimento humano se traduz na


melhoria do bem-estar em todos os aspectos da vida humana, aumentando as suas possibilidades de escolha, a
pobreza nega todas essas possibilidades.
Ser pobre significa não ter opção nem poder escolher o seu projecto de vida. Inclusivamente, na
Carta das Nações Unidas e na Declaração dos Direitos Humanos, são reconhecidos os direitos económicos e
sociais, tais como o direito à saúde, habitação, trabalho, alimentação e a um nível de vida adequado. Nesse sen-
tido, a pobreza é entendida como a privação das necessidades mínimas, a negação da realização de um projecto
de vida e do exercício dos direitos políticos e também uma negação dos direitos humanos.

Contudo, a pobreza varia de acordo com as condições económicas e sociais de uma determinada
comunidade. Nos países em desenvolvimento, os temas de pobreza assumem a forma, entre outros aspectos,
de:
- fome;
- analfabetismo;
- epidemias;
- ausência de serviços de saúde;
- falta de acesso a água potável.

Nos países desenvolvidos, alguns destes aspectos foram de certa forma resolvidos, pois o ensino é
obrigatório e universal, existem serviços de saúde públicos, a água potável é fácil de canalizar e as epidemias
estão controladas.
A pobreza assume então a forma de exclusão social e está, muitas vezes escondida nas médias dos indicadores
estatísticos, revelando disparidades enormes dentro de cada país.
Para diminuir a pobreza humana, as Nações Unidas criaram em 1997 o Índice de Pobreza Humana (IPH). Recen-
temente, para distinguir as situações de pobreza existentes nos países industrializados, o IPH foi desdobrado,
respectivamente em IPH1 e IPH2.

O IPH1, calculado para os países em desenvolvimento, mede as privações das populações relati-
vamente à satisfação das necessidades básicas e revela a percentagem dos indivíduos que são afectados por
alguns aspectos da pobreza humana. O IPH1, sendo um indicador composto, integra três dimensões funda-
mentais da vida humana, já incluídas no IDH, mas ajustados à privação observada nas seguintes perspectivas:
- uma vida longa e saudável;
- conhecimento;
- um nível de vida digno.

Nos países desenvolvidos (industrializados), a pobreza humana é medida pelo IPH2 e integra uma
quarta dimensão do desenvolvimento humano, a exclusão social. Para medir as privações verificadas em quatro
dimensões do desenvolvimento humano, calcula-se a média ponderada dos seguintes indicadores:
- uma vida longa e saudável – probabilidade à nascença de não viver até aos 60 anos;
- conhecimento – percentagem de adultos que são analfabetos funcionais;

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- um nível de vida digno – percentagem de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.
- exclusão social – taxa de desemprego de longo prazo.

Uma em cada oito pessoas, nos países mais ricos do mundo, é afectada por alguns aspectos da pobreza huma-
na:
- desemprego de longa duração;
- tempo de vida inferior a 60 anos;
- rendimento abaixo da linha nacional da pobreza;
- falta de escolaridade necessária para enfrentar as exigências da sociedade.

Segundo estes critérios (desemprego, esperança média de vida, rendimento e analfabetismo), nos países indus-
trializados, cerca de 100 milhões de pessoas são pobres, aproximadamente 37 milhões estão no desemprego,
200 milhões têm uma esperança média de vida inferior a 60 anos e cerca de 100 milhões não têm abrigo.

1.3.3. O Índice de Desenvolvimento humano associado ao Género (IDG)

As desigualdades entre os sexos também continuam. Em grande parte dos países do mundo, o acesso das
mulheres à educação, à saúde ou ao emprego é menor. Em geral, as mulheres são excluídas da vida política.

Nos países em desenvolvimento, a percentagem de mulheres analfabetas é muito superior à dos homens e a
escolaridade feminina no ensino primário á ainda inferior à masculina. Nos países desenvolvidos as mulheres
são, por exemplo, as principais vítimas do desemprego, ficando numa situação de maior fragilidade.

Com o objectivo de captar estas desigualdades entre homens e mulheres, foi criado o Índice de Desenvolvimen-
to Associado ao Género (IDG). Enquanto, o IDH mede a realização média para reflectir as desigualdades entre
homens e mulheres nas seguintes dimensões e respectivos indicadores:

- uma vida longa e saudável, medida pela esperança média de vida à nascença;
- conhecimento, medido pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa de escolarização bruta
combinada do primário, secundário e superior;
- um nível de vida digno, medido pelo rendimento auferido estimado (dólares).

O IDG, utilizado conjuntamente com o IDH, constitui um importante instrumento de análise do desenvolvimen-
to humano, pois permite conhecer as desigualdades verificadas entre homens e mulheres.

Sendo o desenvolvimento humano um alargamento das escolhas de todos os cidadãos sem excepção, não há
desenvolvimento humano se as mulheres não tiverem as mesmas oportunidades.

19
1.3.4. A Medida de Participação segundo o Género (MPG)

A Medida de Participação segundo o Género (MPG) é um índice composto que utiliza variáveis
seleccionadas com o objectivo de medir o poder de acção relativo a mulheres e homens, no que diz respeito às
actividades políticas e económicas.

Deste modo, o MPG procura captar a desigualdade entre sexos em áreas fundamentais da partici-
pação económica e politica e da tomada de decisões.
Concentra-se, assim, nas oportunidades das mulheres, mais do que nas suas capacidades. Em qualquer país, o
valor do MPG é mais baixo do que o valor do IDH, o que mostra a desigualdade existente entre sexos em todas
as sociedades.
A nível mundial, assiste-se a um aumento da participação das mulheres na vida política em virtude
dos movimentos femininos e das campanhas em favor da igualdade, mas o que tem sido mais decisivo é a defi-
nição de quotas de participação.

20
1.4. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Nas últimas décadas, tem-se assistido a uma degradação ambiental acompanhada por uma dela-
pidação dos recursos naturais, o que constitui uma enorme ameaça para as futuras gerações e para o propósito
equilíbrio do planeta.
A satisfação das necessidades da população, na actualidade, só deve ser conseguida se não colocar
em perigo a satisfação das necessidades das novas gerações.
Assim, a partir do final da década de 80, sentiu-se a necessidade de integrar no conceito de desen-
volvimento uma nova dimensão que se relacionasse com a preservação dos ecossistemas, de modo a garantir o
futuro do nosso planeta e a continuidade da utilização dos recursos naturais pelas novas gerações. A este novo
modelo dá-se o nome de desenvolvimento sustentável.

Desenvolvimento sustentável visa a


satisfação das necessidades das gera-
ções presentes sem pôr em risco a
satisfação das necessidades das gera-
ções futuras.

O desenvolvimento sustentável assenta em três pilares essenciais:


 O desenvolvimento económico;
 A coesão social
 A protecção do ambiente

Em muitas regiões da Terra persistem ou agravam-se as questões como a pobreza e a exclusão social, exis-
tindo um elevado número de pessoas sem acesso às condições mínimas de subsistência. Por outro lado, surgi-
ram novas ameaças no domínio ambiental, tais como as alterações climáticas, a perda da biodiversidade, a des-
florestação e a intensificação dos processos de desertificação.
Para muitas regiões do mundo, o desenvolvimento sustentável está longe de ser atingido.

Doc 1 – POBREZA ZERO


Para atingir um verdadeiro desenvolvimento sustentável é necessária a erradicação da pobreza, a
promoção do desenvolvimento social e uma gestão racional dos recursos naturais.
Em 2000, os Estados-membros da ONU (Organização das Nações Unidas) assumiram cumprir 8 objecti-
vos de Desenvolvimento do Milénio, até 2015, onde a erradicação da pobreza é a primeira meta a atingir.
Reduzir para metade a proporção da população mundial que sofre de fome e que vive sem acesso a água potá-
vel são outros dos objectivos da Declaração do Milénio.
Neste momento, uma em cada seis pessoas no mundo vive em condições de extrema pobreza, não
tem acesso a medicamentos nem à educação básica.
A pobreza é a negação de todos os direitos humanos. Os governos e a sociedade têm de criar condições que
levem as pessoas a melhorar o seu nível de vida.

21
1.5. INDICADORES DEMOGRÁFICOS ESSENCIAIS

Para avaliar o grau de desenvolvimento de um país, recorre-se também a indicadores de natureza demográ-
fica e social, tais como: a taxa de mortalidade infantil, a esperança média de vida, a taxa de analfabetismo e o
número de médicos por cada 10 000 habitantes.
São também importantes para avaliar o grau de desenvolvimento de um país os indicadores de natureza política
e cultural, tais como: o respeito pelos Direitos Humanos, a igualdade nas oportunidades para ambos os sexos
e a existência de um regime político democrático.
A população evolui, sendo que essa evolução se pode dever a dois conjuntos de factores: relação entre os que
nascem e os que morrem e entre os que entram (imigrantes) e os que saem (emigrantes).
A. Natalidade: número de nascimentos que ocorre em determinada região durante determinado espaço
de tempo (normalmente, um ano);
B. Mortalidade: número de óbitos (mortes) que ocorre em determinada região durante determinado
espaço de tempo (normalmente, um ano);
C. Crescimento Natural: diferença entre a natalidade e a mortalidade. Indica o quanto a população evo-
luiu devido a questões naturais (nascimentos e mortos) em dado espaço de tempo numa região.

 O acesso à educação

Também no acesso à educação têm sido registados progressos à escala mundial:


 as taxas de alfabetização de adultos subiram em todas as regiões e grupos de
países, reduzindo-se em 100 milhões o número de pessoas analfabetas no mundo;
 as taxas de matricula no ensino básico aumentaram no conjunto dos países em desenvolvimento e a
desigualdade entre géneros está a diminuir.

Contudo, há ainda muito a melhorar:


 as mulheres representam cerca de dois terços do analfabetismo entre adultos, o que também acon-
tecia na década de 90;
 aproximadamente 115 milhões de crianças continuam a não frequentar a escola e quase 62 milhões
dessas crianças são raparigas;
 muitos países da Ásia Meridional e da África Subsariana ainda apresentam elevadas taxas de analfa-
betismo;

22
Estudo de Caso

Afastadas da Escola

“Toda a pessoa tem direito à educação.” A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente
ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu
mérito.”
(artigo 26º, da Declaração Universal dos Direitos Humanos)

Todos os estudos realizados à escala mundial sobre o acesso à educação contrariam o que é preconiza-
do na Declaração Universal dos Direitos Humanos: existem mais de 800 milhões de analfabetos e quase dois
terços são mulheres.

1. Descreve a evolução do número de analfabetos nas regiões e grupos de países considerados no Quadro
I.
2. Caracteriza o analfabetismo feminino, a partir dos dados do Quadro I.

Por outro lado, em todos os níveis de ensino verifica-se que as taxas de escolarização feminina são, em regra,
inferiores às masculinas, sendo particularmente baixas no secundário e superior.

3. Compara as taxas de escolarização feminina dos EUA com as dos países em desenvolvimento considera-
dos na Figura.

23
São várias as causas de discriminação da mulher na educação, das quais se
podem destacar:
 os custos da educação e a preferência pelos rapazes, devido ao predo-
mínio das sociedades patriarcais e a razões culturais ou religiosas;
 a menor valorização social da mulher, por continuar a ser vista como
mãe, doméstica e trabalhadora agrícola do que como profissional inte-
grada no mercado de trabalho e com autonomia financeira;
 o matrimónio precoce, muito comum em países como a Etiópia, onde
há raparigas casadas com apenas 7 e 8 anos, ou no Nepal, onde 40%
das raparigas se casam antes dos 15 anos;
 a gravidez na adolescência é outro motivo que leva um número signifi-
cativo de mulheres a não prosseguir os estudos;
 a maior vulnerabilidade da mulher ao HIV/SIDA, o que estará relaciona-
do com a maior incidência da prostituição feminina, os casos de viola-
ção e abuso sexual contra as mulheres, entre outros factores.

24
A Esperança média de Vida
Em termos gerais, a esperança média de vida tem vindo a aumentar e verifica-se uma gradual aproximação
entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos. No entanto, uma visão mais pormenorizada permite
destacar os seguintes contrastes:
 a esperança média de vida está quase a atingir os 80 anos nos países da OCDE de rendimento
elevado, mas, em contrapartida, ainda é inferior a 50 anos em muitos países da África Subsa-
riana;
 em alguns países da África Subsariana e da antiga União Soviética, tem-se assistido a uma
diminuição da esperança média de vida;

O Zimbabwe, o Botswana, a Suazilândia, o Lesoto e a Zâmbia são alguns países da África subsariana
onde o recuo da esperança de vida tem sido mais acentuada, sobretudo devido à propaganda do HIV/SIDA que
afecta uma parte significativa da população e, consequentemente, reduz as possibilidades de desenvolvimento.

25
Nos países da antiga União Soviética, o recuo da esperança média de vida deve-se, principalmente,
ao crescimento da mortalidade masculina, fenómeno muito marcante durante a década de 1990.

Doc. 2 - Faltam 7 milhões de homens na Rússia

A esperança média de vida à nascença na Rússia está entre as mais baixas dos países industrializados: 65 anos, em compara-
ção com 79 anos na Europa Ocidental. Desde o início da década de 90 que a mortalidade masculina tem vindo a sofrer um acentuado
crescimento. Consequentemente, em 2003, a esperança de vida era de 59 anos para os homens e de 72 anos para as mulheres, um
dos maiores desequilíbrios do mundo. Se as taxas normais de mortalidade não se tivessem alterado, estariam vivos mais de 7 milhões
de homens na Rússia.
Analisar as causas de morte directas dá parte da explicação. A Rússia sofre uma incidência elevada de doenças cardiovascula-
res entre os homens, que são o reflexo de erros alimentares e do estilo de vida. Seguem-se as doenças infecciosas, como a tuberculose
e o HIV/SIDA a constituírem ameaças crescentes.
Também as taxas de homicídio e suicídio masculinas são elevadas para os padrões dos países industrializados e aumentaram
nos anos 90, estando directamente relacionadas com o excessivo consumo de álcool, o aumento dos crimes violentos, a recessão
económica e a reestruturação do mercado de trabalho durante essa década.
Fonte: RDH, 2005 e 2006

1. Identifica, com base na figura 1, dez países onde a esperança de vida não atinge os 50 anos.
2. Refere a que regiões ou grupos de países pertencem os países considerados na figura 2.
3. Localiza os países mais afectados pelo HIV/SIDA, com base na figura 3.
4. Sugere uma explicação para a elevada propagação do HIV/SIDA nesses países.
5. Enumera, a partir do Doc. 1, três razões do aumento da mortalidade masculina na Rússia.

26
Estudo de Caso

SIDA atrasa desenvolvimento

A SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é a doença causada pelo vírus da imunodeficiência


humana (VIH, ou HIV, na língua inglesa) que ataca o sistema imunológico do nosso organismo, destruindo-lhe a
capacidade de defesa em relação a muitas doenças, vulgarmente conhecidas como “infecções oportunistas”.
Desde a década de 1980, a SIDA provocou a morte a mais de 22 milhões de pessoas, um valor com ten-
dência a aumentar todos os anos, atendendo às estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A SIDA afecta principalmente os países da África Subsariana, onde a utilização do preservativo e a cobertu-
ra dos tratamentos anti-retrovirais são relativamente baixos.
Nestes países, a SIDA tem múltiplos impactos, destacando-se:
 a redução dos rendimentos familiares, quando uma ou mais pessoas ficam impossibilitadas de tra-
balhar ou morrem e também devido ao aumento das despesas com a saúde;
 o colapso das infra-estruturas de saúde, pois médicos, medicamentos e camas são insuficientes para
toda a população infectada ou em estado terminal;
 o aumento do número de crianças órfãs, em situação de pobreza e abandono escolar.

27
O acesso à saúde
Desde 1990 que se verifica uma diminuição da taxa de mortalidade infantil em todas as regiões e grupos
de países, mas, ainda assim, continuam a ser registados valores muito altos na África Subsariana e mais de 10
milhões de crianças com menos de cinco anos morrem por ano nos países em desenvolvimento. A maioria,
devido a doenças que podiam ser evitadas, caso a assistência médica fosse mais eficaz.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima


que o número de profissionais de saúde em
serviço na Europa é dez vezes superior ao de
África.

28
Taxa de mortalidade infantil
- Número de óbitos de crianças com menos
de um ano, por mil nados-vivos, ocorridos
durante um ano, num determinado país ou
região.

Estudo de Caso

India Descrimina saúde das raparigas

Na Índia, como em outros países em desenvolvimento, a desigualdade de géneros também se faz sentir
no acesso à saúde.

Documento …. Faltam 130 000 raparigas….

Talvez a mais chocante desigualdade de género seja revelada por este simples facto: na Índia, as raparigas de 1 a 5 anos
têm mais probabilidade de morrer do que os rapazes. Este facto traduz-se na falta de 130 000 raparigas. As taxas de mortalidade
feminina continuam a ser mais elevadas do que as masculinas até à idade de 30 anos, contrariando o padrão demográfico típico.
Estas diferenças de género reflectem uma preferência generalizada pelos filhos. As raparigas, menos apreciadas do que os irmãos,
são muitas vezes levadas para os centros de saúde em estado mais avançado de doença, são consultadas por médicos menos qualifi-
cados e têm menos dinheiro para gastar nos cuidados de saúde. O baixo estatuto social e a desvantagem educativa das mulheres
reflectem-se na sua saúde e na dos seus filhos. Cerca de um terço das crianças da Índia nascem com falta de peso, o que está rela-
cionado com a má saúde materna.
Adaptado de RDH, 2005

1. Justifica o título do documento.


2. Explica porque são as raparigas discriminadas no acesso à saúde.

29
2. OBSTÁCULOS AO DESENVOLVIMENTO

Apesar de constituírem um conjunto cada vez mais heterogéneo, os países em desenvolvimento (PED) têm
em comum certo número de características que os distingue dos países desenvolvidos (PD) e que em conjunto
retardam o processo de desenvolvimento.
Para facilitar as análises multidimensionais (demográficas, económicas, sociais, políticas e culturais) e as
comparações internacionais, os países que se encontravam englobados numa única designação – Países em
Desenvolvimento (PED), anteriormente designados por Terceiro Mundo – são habitualmente agrupados em
categorias diversas de acordo com os seus níveis de desenvolvimento.

 Os novos países industrializados (NPI) do sudoeste asiático – que conheceram um crescimento econó-
mico elevado nas últimas três décadas do século XX, sendo, por vezes, incluídos no grupo dos países
desenvolvidos – sobretudo os NPI da 1ª geração -, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e Região Adminis-
trativa Especial de Hong Kong.

 Os países produtores e exportadores de petróleo (PPEP) – ricos devido ao crescimento económico que
resulta da venda do petróleo, mas com um nível de desenvolvimento ainda baixo – têm uma fraca
industrialização, uma mortalidade elevada e uma assistência médica e sanitária muito deficiente, reali-
dades que afectam, entre outros a Arábia saudita, o Irão e a Argélia;

 Os países menos desenvolvidos (PMD) ou países menos avançados (PMA) – apresentam rendimentos
muito baixos e fraquezas estruturais graves que impedem o crescimento económico, estando na sua
maioria parte localizados em África;

 Os semi-industrializados ou em vias de industrialização rápida – países como a China, a Índia, o México


ou o Brasil, que têm conhecido taxas de crescimento económico muito elevadas, mas que mantêm
níveis de desenvolvimento ainda fracos e desigualdades internas graves.

É através da análise comparativa com os países do Norte que os países do Sul ganham a sua identidade. Há
muito que nos habituámos a associar aos países do sul um conjunto de características que reflectem a situação
de desenvolvimento económico, social e politico em que se encontram.

O subdesenvolvimento em que se encontram os PED é consequência de um conjunto de factores muito


diversos:
 os naturais – a maioria dos PED localiza-se na zona intertropical, com climas quentes e húmidos
propícios ao desenvolvimento de certas doenças. Os longos períodos de seca são frequentes e a fra-
gilidade dos solos contribuiu para o seu rápido esgotamento. As catástrofes naturais associadas ao
clima (furações, inundações, secas) são frequentes e provocam elevados prejuízos que agravam
ainda mais as condições de sobrevivência;

30
Doc 1 – Dupla emergência atingiu Moçambique em 2007
O governo de Moçambique, a UNICEF, outras agências da ONU e parceiros não-governamentais (ONG) estavam preparados
para as inundações que destruíram as casas de pelo menos 160 000 pessoas, mas na sequência de uma segunda emergência
– o ciclone Favio – no espaço de poucas semanas, todos os envolvidos se viram ma braços com a necessidade de reforçar
substancialmente a resposta colectiva em termos de ajuda humanitária.
“É raro um país ser atingido por duas emergências de grande proporções em tão pouco tempo. Moçambique respondeu
depressa às cheias, mas não é possível uma reparação rápida, e todos os problemas em torno da água e saneamento, aloja-
mento, saúde e educação foram agravados pelo ciclone.” – afirmou a representante da UNICEF em Moçambique.
Fonte: UNCEF – Comunicado de imprensa

1. Descreve, com base na figura, a distribuição geográfica dos sismos mais mortíferos entre 1995 e 2005.
2. Justifica o elevado número de mortes provocadas por esses sismos nos países mais afectados.
3. Enumera, com base na figura, as catástrofes naturais com maior impacto económico na América Central
e Caraíbas.
4. Refere, com base no documento, os participantes na ajuda humanitária às vítimas das catástrofes natu-
rais que atingiram Moçambique no início de 2007.

 os demográficos - o crescimento demográfico explosivo tem contribuído para aumentar o número


de pessoas subalimentadas. As carências alimentares resultam da substituição de grande parte da
produção destinada ao mercado interno por culturas de exportação (café, cacau, soja) e da degra-
dação dos solos provocada pela sobreexploração agrícola.

Os países em desenvolvimento são os principais responsáveis pela explosão demográfica a nível mundial e, de
modo geral, ainda têm elevadas taxas de crescimento natural devido à influência de determinados factores
sobre a natalidade, tais como:
 o desconhecimento do planeamento familiar e dos métodos contraceptivos;
 a valorização social da mulher apenas como mãe e trabalhadora doméstica;
 a precocidade do casamento;
 a utilização dos filhos como fonte de rendimentos.

31
1. Compara, com base na figura, a evolução da população dos países desenvolvidos com a dos países em
desenvolvimento.
2. Identifica cinco países onde a taxa de crescimento natural é superior a 20%0.
3. Recorda três factores responsáveis pelas elevadas taxas de crescimento natural nos países em desen-
volvimento.
4. Indica o país (Portugal ou Angola) que corresponde às letras A e B do gráfico da figura 2. Justifica a res-
posta.

Nos países em desenvolvimento onde o ritmo de crescimento demográfico é mais acentuado e, simul-
taneamente, existe recessão ou estagnação económica, assiste-se ao agravamento de problemas como os
seguintes:
- a pobreza, o crescimento dos bairros de lata e o aumento da criminalidade, violência e instabilidade
social;
- a subnutrição, pois o crescimento da população agrava as carências alimentares;
- o difícil acesso à educação, devido à insuficiência de escolas e professores, mas também à necessidade
que os pais têm de os filhos trabalharem;
32
- a falta de cuidados de saúde, o que acaba por se reflectir na dificuldade em controlar o HIV/SIDA, a
malária, a tuberculose e outras doenças e ainda nas elevadas taxas de mortalidade infantil.

5. Enumera, as principais conclusões da figura 4.


6. Justifica os contrastes representados na Fig. 5.

 O défice democrático

A proporção de países com sistemas políticos democráticos tem vindo a A democracia pressupõe elei-
ções multipartidárias, um poder
aumentar; no entanto, ainda existem muitos com regime de partido único, judicial independente, limita-
militares ou ditatoriais, sendo comum o desrespeito pelos direitos humanos ções ao poder executivo, liber-
e pela liberdade de imprensa, a corrupção, o desvio de capitais e o favoreci- dade de imprensa e respeito
mento das classes dirigentes. Os protestos da população, desencadeiam, pelos direitos humanos.
normalmente, confrontos e instabilidade política e social, o que acaba por Nos regimes ditatoriais existe a
prejudicar o desenvolvimento desses países. concentração de todos os pode-
res do Estado num só individuo
ou partido político.

33
1. Descreve, com base no documento1, a distribuição geográfica dos países “sem liberdade política”.
2. Explica a importância da democracia para o desenvolvimento.

 Os conflitos armados
Embora se assista a uma diminuição dos conflitos aramados no mundo desde 1990, os países em desenvolvi-
mento, sobretudo os da África Subsariana, Médio Oriente e Ásia Meridional, continuam a ser muito afectados.
Destruição de infra-estruturas, refugiados e vítimas mortais, despesas em armamento e recrutamento de crian-
ças como soldados são alguns dos principais custos associados aos conflitos armados.

34
1. Compara a despesa pública com a saúde e a despesa militar dos países na figura 1. O que concluis?
2. Critica, a existência de crianças-soldados no mundo.

Os países em desenvolvimento sujeitos a conflitos armados são, muitas vezes, extremamente ricos em
recursos naturais e, ao contrário do que devia acontecer, os rendimentos da exportação desses recursos
naturais são utilizados no financiamento da guerra ou criam tensões e instabilidade política. Embora tam-
bém exista na América Latina e na ásia, este problema é mais evidente na África subsariana.

35
Angola é um dos exemplos mais fortes da má utilização dos
recursos naturais. A riqueza das segundas maiores reservas
de petróleo de África e das quartas maiores reservas de dia-
mantes do mundo financiou uma guerra civil que matou, ou
estropiou, um milhão de pessoas entre 1975 e 2002 e provo-
cou mais de 4 milhões de desalojados internos.

Os diamantes, por serem muito valiosos, facilmente trans-


portáveis e contrabandeados, são dos recursos minerais que
mais têm contribuído para a violência na áfrica Subsariana. Por
este motivo, em 2003 foi assinado o Processo Kimberley, para
garantir a proveniência legítima dos diamantes.

1. Enumera cinco países da África Subsariana com exploração de:


- petróleo e gás natural;
- diamantes e/ou ouro.

2. Caracteriza a situação política de cada um desses países.

36
Um exemplo actual da relação entre os recursos e o aparecimento de tensões e instabilidade política é
dado pela Nigéria, o maior produtor e exportador africano de Petróleo.

 os económicos – incapacidade financeira e tecnológica e a dependência económica que tem provo-


cado o endividamento externo dos PED, os quais são totalmente dominados do exterior em múlti-
plos sectores.

- económico – grande dependência da variação da procura de produtos primários e dos preços nos
mercados externos, devido à especialização na exportação de um reduzido número de produtos
agrícolas e de matérias-primas.
- financeiro – grande dependência do investimento estrangeiro e de empréstimos para reequilibrar
a economia, que só têm contribuído para aumentar ainda mais a divida externa;
- tecnológico – necessidade de importação de patentes e de técnicos estrangeiros;

O comércio Internacional

A estrutura das exportações dos países em desenvolvimento mudou muito ao longo das últimas décadas
e, actualmente, são os produtos manufacturados que representam cerca de 70% do valor das suas exportações,
o que se deve em grande medida à industrialização da Ásia Oriental e Meridional. No entanto, a maioria dos
países da América Latina e Caraíbas, África e Médio Oriente ainda continua muito dependente da exportação de
produtos primários, de origem agrícola ou mineral.

Mais de metade do valor das exportações


realizadas por 86 países em desenvolvimento
ainda depende de produtos primários. Em 38
desses países, um único produto primário
assegura metade do valor das exportações.

37
A evolução dos preços dos produtos primários tem sido bastante irregular, destacando-se, no entanto,
uma descida generalizada de preços entre 1974 e 2004. Durante esse período, a economia de muitos países em
desenvolvimento foi afectada pela degradação dos termos de troca.

A participação dos países em desenvolvimento mais pobres do comércio internacional também tem sido
prejudicada pela:
 atribuição de subsídios agrícolas nos países desenvolvidos, sobretudo da EU e EUA, que contribuí-
ram para a descida do preço de alguns produtos (açúcar, algodão, arroz, entre outros) nos mer-
cados internacionais;
 cobrança de direitos aduaneiros sobre as exportações dos países em desenvolvimento mais
pobres, em média mais altos do que os aplicados no comércio entre países desenvolvidos.

A partir de 2004, o aumento da procura mundial de produtos primá- Em 2006, os preços dos produtos primários
rios, sobretudo devido ao crescimento económico na China e na atingiram níveis históricos. Aumentaram mais
Índia, e a instabilidade política no Iraque, com reflexos directos na de 30% entre 2005 e 2006 e cerca de 80%
entre 2000 e 2006. Esta subida foi provocada
subida dos preços do petróleo, têm desencadeado uma subida de fundamentalmente pela alta de preços do
preços da maioria dos produtos primários. A manter-se esta ten- petróleo, metais e minerais.
dência, alguns dos países em desenvolvimento mais dependentes da
exportação de produtos primários terão, finalmente, uma oportunidade para melhorarem a sua situação eco-
nómica.

Estudo de Caso

China, o crescimento instantâneo

Crescimento económico, investimentos nacionais e estrangeiros, dinamismo das exportações e exce-


dente comercial, atracção de transnacionais: a China, no início do século, bate todos os records. Porém, há o
outro lado do progresso: salários baixos, desigualdades regionais e sociais, tensões políticas, dependência ener-
gética, reacções protecionistas do mundo, aumento da poluição, etc.

Doc. 3
As cidades da província de Zhejiang, a mais rica do país, são o espelho do milagre económico chinês: Wenzhou fabrica um
quarto de todos os sapatos comprados no país e 70% dos isqueiros vendidos no mundo; Qiaotoutem 380 fábricas onde se
produzem mais de 770% dos botões para roupa fabricados na China; Datang produz um terço das peúgas fabricadas no
mundo; Songxia manufactura 350 milhões de guarda-chuvas por ano; Shengzhou fabrica 40% das gravatas de todo o mun-
do;…
“Cada pessoa trabalha por duas; o trabalho de dois dias é feito em apenas um” é o lema de Lishui, uma cidade de
Zhejiang em expansão acelerada. Entre 2000 e 2005, a população da cidade cresceu de 160 mil para 250 mil habitantes. Em
2002, Lishui começou a construir uma zona industrial com 14,5 km2, em 2006, já quase 200 fábricas tinham começado a
produzir, atraindo mais e mais trabalhadores migrantes. Anúncios manuscritos, com ofertas de emprego, são frequentes nos
portões das fábricas com as seguintes recomendações:
“Com 18 a 35 anos, escolaridade média completa. Boa saúde, boa qualidade”
“Atentos à higiene, dispostos a sacrifícios e a trabalhar no duro.”
“Homens trabalhadores, 35 yuan, mulheres trabalhadoras, 25 yuan.”
Na China, o salário mínimo varia consoante a região e em Lishui é cerca de 30 cêntimos por hora!
Adaptado de National Geographic, Junho de 2007

38
 históricos – a colonização é particularmente responsável pelo subdesenvolvimento, na medida em
que organizou as estruturas económicas de acordo com as necessidades das nações colonizadoras,
dinamizando as actividades orientadas para o comércio externo e levando à falência as actividades
locais.

Doc 4 – Efeitos da colonização em África


Milhões de africanos morreram durante e depois da ocupação, devido a conflitos, propagação de doenças, escrava-
tura e exploração da mão-de-obra.
As fronteiras territoriais, definidas por países da Europa na Conferência de Berlim (1884-1885), não respeitaram os
limites tribais e provocaram guerras étnicas, que continuam a ter reflexos na actualidade. Criaram-se vários Estados no inte-
rior do continente, sem quaisquer ligações ao mar, totalmente dependentes dos países vizinhos que possuem portos marí-
timos.
As melhores terras de cultivo e as riquezas do subsolo – ouro, diamantes, etc – foram monopolizadas pelos colonos
europeus e pelas grandes empresas europeias.
Promoveu-se a agricultura de plantação em detrimento da agricultura tradicional de subsistência. Linhas de cami-
nho-de-ferro foram construídas apenas para garantir o acesso ao interior e o transporte dos produtos até aos portos maríti-
mos e destes até aos países colonizadores.
A identidade cultural foi abalada pela imposição dos valores europeus. A luta pela independência originou muitos
conflitos, como o da guerra colonial portuguesa e outros.
Fonte: Adaptado de Atlas Universal Expresso

1. Indica, com base na figura, os anos da independência dos PALOP.


2. Descobre qual foi o último país a tornar-se independente.
3. Critica os efeitos da colonização em áfrica, tendo em conta do documento.

A descoberta recente e o início da produção de petróleo e de gás natural em algumas regiões de África pode vir
a alterar este cenário nos próximos anos, sobretudo no que diz respeito à dependência comercial.

39
Os reflexos da colonização

A colonização a que foram sujeitos os povos da América, África e Ásia, durante vários séculos, deixou diversas
consequências.

Nos planos político e cultural:


 fronteiras desenhadas arbitrariamente, sem qualquer respeito pelas culturas, línguas e etnias, passan-
do a constituir focos de instabilidade social e política geradores de conflitos fronteiriços e guerras civis
sangrentas;
 destruição das estruturas sociais e linguísticas dos países colonizadores;
 adopção de modelos políticos desenquadrados das tradições culturais.

Nos planos social e demográfico:


 migrações internas constantes e vagas de refugiados que assumem uma dimensão de catástrofe
humana e ambiental, com milhões de pessoas em fuga pela sobrevivência, em resultado dos conflitos
étnicos e da fome;
 urbanização acelerada e descontrolada;
 estrutura urbana e rede de transportes construída de forma a servir os interesses das antigas metró-
poles.

Nos planos económico e ambiental:


 destruição das economias tradicionais e especialização na exportação de produtos primários e de bens
manufacturados de baixo valor acrescentado e na importação de tecnologia de valor acrescentado;
 dualismo económico, face à existência de duas realidades económicas distintas, uma moderna e lucra-
tiva, controlada pelas grandes empresas estrangeiras e orientada para o exterior, outra tradicional e
pouco produtiva, voltada para o autoconsumo.
 endividamento externo excessivo, provocado pelas necessidades de financiamento resultantes de um
baixo nível de acumulação de capital.

40
1. Explica porque o endividamento externo dos países pobres é um problema
quase insolúvel?
2. Imagina o que as últimas personagens estão a dizer.

 desigualdades socioeconómicas profundas entre as elites dirigentes que se perpetuam no poder, bene-
ficiando do apoio das antigas potências colonizadoras, e uma vasta população que vive na pobreza;
 pilhagem de recursos naturais.

41
3. SOLUÇÕES PARA ATENUAR AS DESIGUALDADES

3.1. Ajuda Pública ao desenvolvimento

A ajuda pública ao desenvolvimento (APD) é uma das soluções para atenuar as desigualdades entre países
ricos e pobres, podendo assumir uma das seguintes formas:
 Transferências de dinheiro, através de donativos ou empréstimos;
 Apoio técnico a projectos ou programas de desenvolvimento;
 Fornecimento de bens e serviços em situações de ajuda humanitária e de emergência;
 Operações de alivio da divida externa;
 Contribuição para o financiamento de organizações não governamentais (ex: OIKOS, AMI, Cruz
Vermelha) ou organismos multilaterais (ex.: ONU, Banco Mundial, Comissão Europeia, etc.) que
actuam na área do desenvolvimento.

Doc. Relatos de uma boa ajuda Na Tanzânia, entre 1999 e 2003, No Afeganistão, mais de 4 milhões de
mais de 1,6 milhões de crianças crianças matricularam-se na escola,
A APD tem-se revelado muito importante para foram matriculadas na escola como resultado da campanha gover-
financiar os investimentos realizados por muitos devido ao apoio orçamental à namental “Regresso à Escola” e o
países em desenvolvimento na saúde, na educa- educação financiada pela ajuda. O governo pretende reestabelecer o
ção e na construção e modernização de vias de governo duplicou os investimentos sistema público de saúde.
comunicação e outras infra-estruturas. A Tanzâ- na educação e financiou a transi- Em ambos os casos, o financiamento
nia e o Afeganistão, este num esforço de recons- ção para um sistema de escolari- dos doadores foi e será decisivo para o
trução pós-guerra civil, são dois dos muitos bons dade primária gratuita. êxito.
exemplos que podiam ser dados.

Apesar da importância que a ajuda tem actualmente, o seu contributo para o desenvolvimento dos países
pobres pode ser muito maior se forem ultrapassados os problemas de financiamento e se também for garanti-
da uma utilização eficaz e sem contrapartida da ajuda.

Ao longo dos aos, a ajuda tem alcançado alguns sucessos em diversas áreas: na educação, na saúde, no
combate à fome, na melhoria da agricultura ou no lançamento de infra-estruturas. Contudo, também se tem
verificado um conjunto de insucessos cujas responsabilidades terão de ser atribuídas aos países doadores e
receptores:

Responsabilidades dos países doadores:


 A ajuda tem-se revelado insuficiente – a APD tem vindo, nas últimas décadas, a ser ultrapassada pela
ajuda privada, já que o objectivo fixado pelas Nações Unidas de os países desenvolvidos transferirem
anualmente cerca de 0,7% do seu PNB para a ajuda aos países menos desenvolvidos não se tem verifi-
cado, estabelecendo-se muito abaixo desse nível;
 A ajuda nem sempre se te mostrado desinteressada – os países doadores orientam a ajuda de acordo
com os seus interesses (comerciais ou políticos) impondo condições, e não segundo os interesses dos
países receptores;
 Os modelos de desenvolvimento impostos nem sempre são adequados à realidade dos países recepto-
res;
 A ajuda não tem sido isenta – nem sempre tem sido orientada para os países que dela mais necessitam,
mas sim para aqueles que oferecem mais garantias ou que servem os interesses dos países doadores.

42
Responsabilidade dos países receptores:
 A ajuda tem sido mal canalizada – não sendo aplicada no desenvolvimento e melhoria do nível de vida
das populações, mas sim em outras áreas como o sector militar;
 A ajuda tem sido alvo de apropriação indevida pelas elites do poder – não sendo aplicada em projectos
que melhorem a vida das populações, apenas enriquecendo alguns;
 A ajuda tem conduzido, por vezes, à instalação de um clima de inércia – levando à “mentalidade de
assistido” e desincentivando a produção interna;
 As desigualdades económico-sociais agravaram-se, pois a ajuda não é repartida equitativamente por
toda a população, sectores e regiões, criando ou aumentando as assimetrias.

DOADORES POUCO CUMPRIDORES

A ajuda ao desenvolvimento é fundamental para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do


Milénio (ODM) definidos na Declaração do Milénio.
Em 2000, a Cimeira do Milénio, realizada na sede da ONU em Nova Iorque, reuniu 189 líderes mundiais
que manifestaram uma determinação sem precedentes com a pobreza no mundo. Foi assinada a declaração do
milénio, na qual foram propostos os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) – um conjunto de oito
objectivos, com metas concretas para avançar no desenvolvimento e reduzir a pobreza até 2015 ou mais cedo.

1. Erradicar a pobreza 5. Melhorar a saúde materna


extrema e a fome

2. Alcançar a educação 6. Combater o HIV/SIDA, a malária e outras


primária universal doenças

3. Promover a igualdade do 7. Assegurar a sustentabilidade ambiental


género e capacitar as
mulheres

4. Reduzir a mortalidade 5. Desenvolver uma parceria global para


infantil o desenvolvimento

Foram ainda aí estabelecidos metas quantitativas para a maioria dos objectivos, com vista a possibilitar a medi-
ção e acompanhamento dos progressos efectuados na sua concretização, ao nível global e nacional.

Á Declaração do Milénio, sucederam-se um conjunto de conferências internacionais, nomeadamente a Confe-


rência sobre o Financiamento do Desenvolvimento que teve lugar, em Março de 2002, em Monterrev.
43
O chamado Consenso de Monterrev veio, por um lado, reafirmar o empenho da comunidade doadora e dos
países beneficiários da ajuda na procura de fontes de financiamento inovadoras e alternativas, na criação de um
novo espírito de parceria e de um novo conceito de cooperação para o desenvolvimento.

A Cimeira Mundial do Desenvolvimento Sustentável, realizada em Joanesburgo, em


Setembro de 2002, veio finalmente fornecer um impulso fundamental ao estabele-
cimento das parcerias (entre países do Norte e países do Sul e entre sectores públi-
co e privado), fechando, assim, um triângulo do qual faz parte também a conferên- Investiga…..
cia de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).  Sobre a conferência de
Doha
 Sobre a Organização Mun-
dial do Comércio
Se os países em desenvolvimento têm a responsabilidade de criar um ambiente
em que a ajuda possa produzir resultados óptimos, os países ricos, por sua vez, têm a obrigação de agir segundo
os seus compromissos. No entanto, embora tenham admitido publicamente a importância da ajuda como um
investimento na segurança e prosperidade do mundo, até agora as acções dos países ricos não têm correspon-
dido às suas palavras.

PERDAO ou ALIVIO DA DIVIDA EXTERNA

A dívida externa está presente em quase todos os países, sendo eles muito ou pouco desenvolvidos. Por
exemplo, os EUA, apesar de serem uma das maiores potências económicas, têm a maior divida externa do
mundo.
O grande problema surge quando os devedores são países em desenvolvimento e, como tal, necessitam de
realizar investimentos em vários sectores (educação, saúde, agricultura, etc.), mas não o podem fazer como
deviam porque uma parte significativa dos seus capitais se destina ao pagamento da divida externa.
A divida externa e o pagamento dos juros reduzem as possibilidades de os países mais pobres implementarem
estratégias para o seu desenvolvimento. É por isso que o perdão ou o alívio da dívida externa são outra solução
para atenuar as desigualdades entre países ricos e pobres.

A divida externa e o pagamento dos juros reduzem as possibilidades de os países mais pobres imple-
mentarem estratégias para o seu desenvolvimento. É por isso que o perdão ou o alívio da dívida externa são
outra solução para atenuar as desigualdades entre países ricos e pobres.

44
1. Distingue as iniciativas ADM e PPME, com base no documento 1.
2. Descreve a distribuição geográfica dos países benefeciários da iniciativa ADM.
3. Enumera vantagens do perdão ou o alívio da divida externa para os países mais pobres.

1. Identifica os cinco principais doadores da APD.


2. Enumera os países doadores que, em 2005, cumpriram a promessa de desembolsar 0,7% do seu
rendimento nacional para a ajuda.
3. Comenta a posição que os países doadores ocupam na previsão para 2010.
4. Justifica o título do Doc 1.

45
MELHORAR AS RELAÇÕES COMERCIAIS

O comércio internacional pode ser um meio para promover o desenvolvimento dos países mais pobres,
sobretudo se forem concretizadas medidas como as seguintes:
 Redução dos direitos aduaneiros cobrados pelos países ricos sobre as exportações dos países em desen-
volvimento;
 Diminuição do apoio governamental dos países ricos à agricultura, de modo a evitar a descida dos pre-
ços dos produtos agrícolas e a garantir mais rendimentos aos agricultores dos países mais pobres.

Comércio Justo: uma alternativa em expansão


O Comércio Justo é, cada vez mais, uma alternativa ao comércio convencional. Resulta da acção de
algumas Organizações Não Governamentais (ONG) que começaram a importar produtos agrícolas e artesanais
de países de África, da América Latina e da Ásia e a vendê-los na Europa, EUA, Japão, Canadá e Austrália, com a
designação de Comércio Justo.
Um dos princípios fundamentais do Comércio Justo defende a existência de boas condições de trabalho
e o pagamento de um preço justo aos produtores, que cubra os custos de produção, possibilite um rendimento
digno e permita a protecção ambiental e a segurança económica.

O contributo da ONU

A Organização das nações Unidas (ONU) foi criada em 1945, após a II Guerra Mundial, tendo como prin-
cipais objectivos:
 Garantir a paz e a segurança internacionais;
 Fomentar a cooperação na resolução, de problemas económicos, sociais e humanitários;
 Promover o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais; etc.

Na sua actuação, a ONU rege-se da igualdade de todos os Estados, boa-fé, solução pacífica dos conflitos,
através de sanções económicas ou políticas ou pelo uso de forças militares colectivas – os capacetes azuis -
renúncia à força sem prejuízo da legítima defesa contra ataques armados, não-intervenção em assuntos de
jurisdição essencialmente interna e solidariedade dos Estados entre si e com a Organização.
Embora os seus objectivos pacificadores e humanitários nem sempre tenham sido atingidos, a ONU e os
organismos, fundos e programas a ela associados têm contribuído de forma decisiva para o desenvolvimento a
nível mundial.

Embora a maioria das pessoas associe as Nações Unidas às questões de paz e segurança, a maioria dos
seus recursos está destinada ao desenvolvimento económico, ao desenvolvimento social e a desenvolvimento
sustentável.
Muitas das transformações sociais e económicas que ocorreram a nível mundial nas últimas cinco déca-
das tiveram forte influência do trabalho desenvolvido pelas Nações Unidas.

A ONU te estabelecido prioridades e metas para a cooperação internacional, para ajudar os países em
desenvolvimento e no fomento de um ambiente de suporte económico global.

Em 2000, as Nações Unidas promoveram a aprovação da Declaração do Milénio, adoptada por todos os
Estados-membros, que veio lançar um processo decisivo na cooperação global no seculo XXI para a irradicação
da pobreza.

46
Com esta iniciativa, foi dado um enorme impulso às questões do desenvolvimento, com a identificação
dos desafios contrais enfrentados pela humanidade, e foram aprovados os Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio pela comunidade internacional a serem atingidos em 2015.

Desde a adopção do documento que os Objectivos se tornaram uma referência para os países em desen-
volvimento e para os parceiros que com ele trabalhavam.

Algumas metas dos objectivos já foram atingidas, mas perspectiva-se muitas outras que não o sejam no
prazo estipulado. O continente africano é o que representa maior atraso, dado que mais de metades das metas
não registaram qualquer progresso ou estão em regressão.

47
1. Descobre, na sopa de letras, oito palavras e uma sigla associada à intervenção da ONU no mundo. As
palavras e as siglas estão escritas na horizontal ou na vertical.

2. Relaciona as palavras e a sigla que descobriste com os organismos, fundos e programas da ONU consi-
derados no Doc. 1.

3. Pesquisa, na internet, mais informações sobre um dos organismos, fundos e programas da ONU à tua
escolha.

48
O PAPEL DAS ONG
As Organizações Não Governamentais (ONG) são associações da sociedade civil, sem fins lucrativos, não
dependentes do poder estatal, que defendem o respeito pelos direitos humanos e contribuem para a resolução
de problemas económicos, sociais e ambientais. Contam com o apoio da opinião pública, a participação de
voluntários e a angariação de donativos para intervirem em três áreas:
 A ajuda humanitária e de emergência (envio de médicos, medicamentos, alimentos e outros bens
necessários para salvar vidas e minorar o sofrimento em situações de guerra, catástrofe natural ou epi-
demia);
 A cooperação para o desenvolvimento (reabilitação ou construção de escolas, hospitais, estradas e
outras infra-estruturas; formação de professores, técnicos de saúde e outros profissionais);
 A educação para o desenvolvimento (campanhas de sensibilização e mobilização da opinião pública para
a importância da ajuda humanitária e de emergência e da cooperação para o desenvolvimento).

As Organizações Não Governamentais (ONG) são associações que trabalham e agem em domínios diver-
sos, tentando resolver as dificuldades das instituições internacionais e as politicas dos governos.
Uma ONG é qualquer grupo considerado não lucrativo formado por cidadãos voluntários e organizado a
nível local, nacional ou internacional. Em muitos casos, as ONG superam as organizações formais em áreas
da sua responsabilidade, substituindo-as ou completando-as.
O movimento das ONG é bastante heterogéneo, estando a sua criação relacionada com diferentes cir-
cunstâncias refletindo diversas tradições e culturas. As ONG podem ser classificadas de diferentes maneiras,
segundo as suas actividades, a sua influência geográfica, etc
As ONG ligadas ao desenvolvimento (ONGD) têm como áreas fundamentais de intervenção: Cooperação
para o desenvolvimento, a Educação para o Desenvolvimento e a Ajuda Humanitária e de Emergência.

As ONG têm assumido um papel importante na diminuição da pobreza, actuando em duas vertentes –
na prevenção das causas e das consequências.

Intervenção nas causas – muitas ONG, a diferentes escalas, têm investido em sistemas de captação e
tratamento de águas, em campanhas de educação através da construção de escolas, formação de professo-
res, campanhas de educação sexual e campanhas de educação no âmbito da melhoria das práticas agrícolas,
entre outras.

Intervenção nas consequências – as ONG têm estruturas de ajuda de emergência que permitem respos-
ta rápida a situações pontuais, após acontecimentos que não são previsíveis e que colocam em causa as
necessidades mais imediatas como catástrofes e guerras.

Uma das áreas a que as ONG se têm dedicado está relacionada com a defesa dos princípios que contra-
riam as características da globalização liberal, constituindo movimentos de caracter multidimensional mobi-
lizadores das populações à escala global. Estas organizações ajudam os cidadãos a assumirem activamente
as causas que pretendem defender. O Fórum Social Mundial constitui um centro que aglutina alguns dos
movimentos que lutam contra a globalização e que põem em causa o desenvolvimento humano das popula-
ções.

49
Ajudar a UNICEF

A UNICEF é a única organização mundial que se dedica especificamente às crianças, intervindo nas
situações de emergência com ajuda imediata – alimentos, medicamentos, pessoal especializado, etc. Ao fazê-
lo, procura também garantir a continuidade dos programas para a infância a longo prazo – por exemplo, no
campo da educação, com escolas de emergência e intervenções de reconstrução e recuperação das escolas
existentes.
Todo o dinheiro que a UNICEF utiliza é proveniente de contribuições voluntárias feitas por governos, empresas
e particulares. Qualquer pessoa pode ajudar fazendo donativos e/ ou a doação de bens a favor da organização
e/ou tornando-se sócio da UNICEF. Todos os donativos feitos à UNICEF são dedutíveis nos impostos.

A Responsabilidade de todos …..


Os países desenvolvidos podem e devem fazer muito mais pelo desenvolvimento dos países mais
pobres. Chegou o momento de provar que a Declaração do Milénio é um compromisso de mudança, capaz de
erradicar a pobreza. Deve haver vontade política para reforçar a cooperação internacional e, com isso, ultra-
passar as dificuldades existentes na ajuda ao desenvolvimento, no comércio internacional e no reforço da
segurança mundial.

A Declaração do Milénio não pode ser lembrada apenas como um conjunto de promessas vazias. Os
países ricos têm de cumprir a sua parte da parceria mundial para o desenvolvimento.
Três pilares da cooperação internacional precisam de ser renovados: a ajuda ao desenvolvimento, o comércio
internacional e a segurança. Para garantir a prossecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM),
é fundamental:
 Garantir o financiamento contínuo da ajuda pública ao desenvolvimento a longo prazo, incitar os países
em desenvolvimento a adoptar estratégias eficazes para aplicar a ajuda, suprimir progressivamente a
50
ajuda ligada e orientar a ajuda para os países que enfrentam maiores dificuldades, especialmente os da
África Subsariana, e para a melhoria dos serviços sociais básicos (educação, saúde, água e saneamento);
 Definir regras comerciais mais justas para permitir uma maior participação dos países em desenvolvi-
mento mais pobres no comércio internacional e uma valorização das suas exportações;
 Unir esforços para eliminar os conflitos armados que arruínam a vida a centenas de milhões de pes-
soas, são uma fonte de violações sistemáticas dos direitos humanos e um dos principais obstáculos ao
desenvolvimento.

O reforço da cooperação internacional a favor do


desenvolvimento não implica que os países em
desenvolvimento não tenham de tomar medidas
que lhes garantam um futuro melhor. A coopera-
ção internacional não consegue compensar as
acções de governos que não consideram como
prioridades o desenvolvimento humano, o res-
peito pelos direitos humanos, a promoção da
igualdade de género, o combate das desigualda-
des e o fim da corrupção.

51
2. A MOBILIDADE DA POPULAÇÃO
2.1. A MOBILIDADE DA POPULAÇÃO – AS MIGRAÇÕES
Antes de mais nada, torna-se útil fazer a distinção entre migração e movimento, uma vez que é comum
fazer-se alguma confusão entre os dois conceitos.

 Migração: deslocação de uma pessoa de uma área para outra com mudança de residência permanente
ou por alguns anos.
 Movimento: deslocação de uma pessoa de uma área para outra sem que implique mudança de residên-
cia.

Principais Causas das Migrações


 Causas Naturais: causas relacionadas com calamidades provocadas pela natureza, como as secas (ex.
África), sismos (ex. Indico), inundações (ex. Katrina - foto), vul-
cões (ex. Vesúvio), etc. e que levam a que as áreas de residência
das pessoas não ofereçam segurança nem condições de vida,
levando as pessoas a migrar.
 Causas Económicas: é, talvez, a principal razão para as migra-
ções. As pessoas migram em busca de empregos e de melhores
condições de vida (ex. são-tomenses que vão à procura de tra-
balho para Portugal e os nigerianos que vêm para São Tomé em
busca de melhores condições de vida).
 Causas Politicas: há muitas pessoas que deixam o seu país
por lá não existir liberdade o que leva a que
sejam perseguidos (ex. opositores do regi-
me de Rubert Mugabe no Zimbabwe - foto).
Mas a principal causa política causadora de
migrações é a guerra que provoca sempre
enormes vagas de refugiados que fogem è
guerra e se fixam em campos de refugiados
com condições de vida absolutamente miseráveis (na foto, campo
de refugiados no Darfur – Sudão).

 Causas Religiosas: em muitos países, ser de uma religião dife-


rente da religião dominante do país pode fazer com que as
pessoas sejam perseguidas, o que as leva, muitas vezes, a
abandonar esses países (na foto ao lado, ilustra-se a discrimi-
nação de que as mulheres são vitimas devido ao fundamenta-
lismo religioso).
 Causas Étnicas: da mesma forma que as pessoas podem ser
perseguidas por
terem uma religião
ou ideias politicas diferentes, também podem ser por serem de
raças diferentes das da maioria. Isto tem sido, ao longo da história,
um dos grandes motivos para a migração. Foi, por exemplo, o caso
dos judeus na II Guerra Mundial; Negros nos EUA; negros no Darfur
no Sudão, etc.). Na foto, a migração forçada de África dos negros
feitos escravos às mãos dos colonos.

52
Principais Tipos de Migrações

As migrações podem ser vistas sobre quatro perspectivas: duração, destino, legalidade e vontade do
migrante. Em função disso, surgem inúmeros tipos de migrações:
A. Quanto à Duração: a esse nível as migrações poderão ser Migrações Definitivas (mudança de resi-
dência de um sitio para outro de forma definitiva ou por muitos anos) ou Migrações Temporárias (quando os
migrantes permanecem, apenas, algum tempo no local de destino, por ex. migrações turísticas, professores).
Pode falar-se aqui em Migrações Sazonais (quando a deslocação tem uma certa rotatividade)

B. Quanto ao Destino: a esse nível as migrações poderão ser Migrações Internas: quando a migração se
realiza dentro do mesmo país de uma área para a outra. Dentro deste tipo de migração podemos encontrar o
Êxodo Rural (saída das pessoas dos campos para as cidades), embora hoje também se comece a verificar fenó-
menos de Êxodo Urbano (saída das cidades para os campos).
Outro tipo de migração interna é o Movimento Pen-
dular: forma de migração interna devida à deslocação diária
das populações entre o seu local de residência e o seu local de
trabalho (na foto, movimento pendular – trânsito diário de ida e
regresso a Lisboa). Quanto ao destino as migrações também
poderão ser Migrações Externas: quando a mudança se realiza
de um país para outro. Podem ser migrações intracontinentais
(se dentro do mesmo continente) ou intercontinentais (de um
continente para outro).

C. Quanto à Vontade: a esse nível as migrações podem ser feitas por


livre vontade das pessoas (migrações livres) ou podem ser impostas (migrações
forçadas), caso dos refugiados políticos (na foto, campo de refugiados no Dar-
fur – Sudão), religiosos (gente que é obrigada a fugir do seu país, por exemplo,
para fugir da guerra) e dos repatriados.

D. Quanto à Legalidade: a esse nível as migrações podem ser feitas de


forma legal, em conformidade com lei e portanto são consideradas migrações
legais, ou então de forma ilegal, quando os migrantes não estão autori-
zados a fazer essa migração. Uma das situações mais dramáticas de
migração ilegal é a dos imigrantes que todos os dias tentam, vindos de
África, entrar no continente europeu, pagando balúrdios para efectuar a
viagem em condições degradantes. É frequente que essas viagens ter-
minem em naufrágios dramáticos ou que sejam detectadas pelas auto-
ridades dos países europeus que depois retornam essas pessoas aos
seus países de origem (foto acima).

2.2. Emigração, Imigração, Saldo Migratório e Crescimento Efectivo da População


À entrada de uma pessoa num país, para nele viver durante um longo período de tempo chama-se Imi-
gração e à saída chama-se Emigração. A diferença entre Imigração e a Emigração dá o Saldo Migratório.
Saldo Migratório = Imigração – Emigração

Da soma do Saldo Migratório com o Saldo Fisiológico (natural) obtemos o Crescimento Efectivo da
População e dá-nos a real evolução da população num lugar durante um ano. Ou seja, o CEP apenas no diz o
quanto uma população aumentou ou diminuiu durante um ano.

53
Crescimento Efectivo = Crescimento Natural (N – M) + Saldo Migratório (I – E)

Esse valor do crescimento efectivo pode juntar-se ao da população total no inicio desse período de
tempo considerado e fica-se a saber a população total no final desse tempo.

2.3. Consequências das Migrações


As migrações, como não poderia deixar de si, acarretam uma série de consequências a vários níveis (ex.
demográfico, económico, social, cultural, etc.) quer para as regiões de partida quer para as regiões de chegada
dos migrantes. No quadro abaixo, ficam, sinteticamente resumidas, algumas dessas consequências.

Nas Áreas de Partida Nas Áreas de Chegada


- Diminuição da Pop. Absoluta - Aumento da Pop. Absoluta
- Diminuição da Densidade Demográfica - Aumento da Dens. Demográfica
Consequências - Diminuição das Taxas de Natalidade e Fecundi- - Aumento das Taxas de Natalidade e
Demográficas dade (migram os férteis) Fecundidades
- Envelhecimento da População - Rejuvenescimento da População
Consequências - Diminuição da Pop. Activa - Aumento da População Activa
Económicas - Decréscimo do Desemprego - Acréscimo do Desemprego
- Entrada de Divisas (remessas de dinheiro dos - Saída de Divisas (remessas de dinheiro
emigrantes) dos emigrantes)
- Afastamento das Famílias - Dificuldades de Integração que podem
Consequências - Introdução de novas ideias, culturas e estilos de causar conflitos sociais (ex. racismo, dis-
Sociais e Culturais vida (ex. moda) criminação, etc.)
- Grande mistura cultural e étnica

54
FICHA DE TRABALHO Geografia II
Nome: _________________________________________________________ N.º _______ Turma ________
Professor: __________________________________________________________ Avaliação: __________________

I. Estabelece a correspondência entre os elementos da coluna A e os da coluna B


Causa da Migração Tipo de Causa
- Procura de Trabalho/Emprego
- Causas Naturais
- Saída devido à ocorrência de um sismo que destruiu o local de residência
-Saída devido a perseguições políticas pelo governo (ex. nos países sem liber- - Causas Étnicas
dade de expressão)
- Migração devido a descriminações relacionadas com a raça das pessoas - Causas Políticas
- Campo de refugiados devido a uma situação de guerra - Causas Económicas
- Ida de estudantes são-tomenses para Portugal tirar o curso
II. A cada uma das frases abaixo atribui o conceito correspondente
1. Mudança definitiva de um sítio para outro: _________________
2. Mudança temporária de um sítio para outro: _______________________
3. Mudança temporária que ocorre, todos os anos, no mesma época: _____________________
4. Mudança de um sítio para outro dentro do mesmo país: ____________________
5. Saída das populações do campo para as cidades: __________________________
6. Saída das populações das cidades para os campos: ___________________________
7. Deslocação realizada todos os dias do local de residência ao de trabalho: _______________
8. Deslocação de um país para outro: ______________________. Podem ser dentro do mesmo continente:
____________________ ou entre continentes diferentes: __________________

III. Indica e explica para cada situação abaixo a causa que originou a migração.
A. Durante a II Guerra Mundial, muitos judeus foram obrigados a fugir da Europa porque países como a Alemanha
os consideravam uma “raça” inferior que devia desaparecer.
B. O tsunami no Indico em 2004 fez com que muita gente emigrasse para os países vizinhos.
C. Os imigrantes dos PALOP’ s (ex. Cabo Verde) saem dos seus países para Portugal, onde conseguem ganhar mais
dinheiro e melhorar as suas condições de vida.
D. Durante os séculos XV e XVI, na Europa, quem não fosse católico arriscava-se a ser “queimado vivo” na fogueira
da Inquisição. Por isso, muitos fugiam para outras áreas.
E. Muitos dos opositores ao regime de Rubert Mugabe no Zimbabwe são perseguidos e até mortos.
F. Durante séculos em que a escravatura foi permitida, milhões de africanos foram deslocados dos seus países em
direcção a locais de trabalhos forçados.
G. A guerra recente na Rep. Democrática do Congo tem gerado uma enorme vaga de refugiados.

IV. Para cada frase abaixo, indica os tipos de migração, tendo em conta, SEMPRE, as quatro perspectivas da migração:
duração, vontade do migrante, destino e legalidade.
a. Os pais do Miguel foram trabalhar e viver para os EUA.
b. Diariamente, muitos africanos tentam, ilegalmente entrar na Europa para fugir à miséria.
c. A guerra obriga muita gente a fugir para países vizinhos, para evitar uma morte quase certa.
d. O Paulo e a sua família deixaram a sua aldeia no Príncipe e foram viver para a cidade capital.
e. Mantorras foi viver para Lisboa onde, ainda hoje, trabalha e reside.
f. A Beatriz passa férias, todos os anos, no Brasil durante o Verão.
g. Há muitos angolanos a viver, sem estarem autorizados, em Portugal.

V. Indica o conceito que se aplica a cada uma das situações abaixo:


1. Saída definitiva de uma pessoa do campo (aldeia ou freguesia) para a cidade: _______________
2. Saída definitiva de uma pessoa de uma cidade para o campo (aldeia ou freguesia): ____________
3. Migração temporária que ocorre, anualmente, sempre na mesma época do ano (ex. Verão): __________
4. Movimento diários, por exemplo, entre casa e o local de trabalho: _______________________
5. Pessoa que sai do seu país para fugir à guerra ou a qualquer tipo de perseguição: _______________

55
A Diversidade Cultural
As pessoas não se distinguem apenas pela idade ou sexo que têm. A distinção entre os vários grupos humanos
pode fazer-se tendo em conta factores que permitem identificar cada elemento com o seu grupo e distinguir
vários grupos uns dos outros de acordo com a raça (grupo humano que apresenta as mês características heredi-
tárias físicas comuns – cor, traços físicos, etc.), língua, cultura, etnia (grupo que partilha a mesma tradição cul-
tural – língua, costumes, etc.), religião, etc. Tudo isto confere ao planeta uma vastíssima e extraordinária diver-
sidade cultural. A cultura corresponde aos hábitos e valores partilhados por um conjunto de pessoas.
Alguns destes aspectos são mais marcantes em determinadas áreas do globo o que faz com que elas
fiquem associadas a certas aspectos culturais:
- África é o continente mais associado ao predomínio da raça negra;
- A Índia está muito associada à religião Indu;
- Os países árabes são os mais conotados com a religião muçulmana;
- A América latina é muito ligada à língua espanhola;
Estas diferenças resultaram, por norma, de longos processos evolutivos ao longo
da história. No entanto, o Homem tomou em determinados momentos certas iniciativas que contribuíram para
que se criasse um certo isolamento entre estas diferentes realidades culturais. Foi disso exemplo a criação de
países e de fronteiras entre os diferentes povos.
Em São Tomé e príncipe, apesar de haver bastante diversidade cultural, grosso modo, a população tem alguns
traços comuns gerais: negros, cristãos, falam português, etc.
Noutras circunstâncias o Homem tratou de “derrubar” entre os povos, conferindo-lhes maior aproximação cul-
tural (ex. criação de organizações internacionais que aboliram as fronteiras entre os países à circulação de pes-
soas e bens; o desenvolvimento de tecnologias que aproximaram, culturalmente, as pessoas, etc.).
Se, na maior parte das vezes os diferentes grupos humanos convivem harmoniosa-
mente apesar das suas diferenças, por vezes há manifestações de intolerância relati-
vamente a quem é diferente, gerando problemas como, por exemplo, o racismo (dis-
criminação de pessoas de raça diferente), machismo (manifestação de superioridade
dos homens face às mulheres), xenofobia (aversão para com os estrangeiros), homo-
fobia (repugnância para com homossexuais/lésbicas) e a intolerância religiosa (►).
Entre os grupos que mais frequentemente são vítimas de discriminação contam-se:
negros, ciganos, muçulmanos, homossexuais, estrangeiros, deficientes, idosos e as
mulheres.
Apesar de todas estas diferenças e incompatibilidades, os nossos hábitos e os nossos gostos cada vez menos se
distinguem dos de todo o Mundo. “Hoje em dia, graças ao telefone, à internet, às telecomunicações, ao comér-
cio global, às viagens, à publicidade, etc., as influências culturais difundem-se no planeta a uma velocidade ver-
tiginosa.
Por exemplo: a Coca-Cola é uma marca consumida em todo mundo; música e os filmes de todos os
“cantos” do mundo são ouvidas e vistas em qualquer parte; certas marcas de automóveis, roupa, comida, etc.
são visíveis por todo o globo; sabemos rapidamente acerca do que se passa em qualquer recanto do planeta,
etc.
Estes fenómenos fazem com que haja uma menor diferenciação entre os diversos países e regiões do
mundo e que a população mundial tenha hábitos cada vez mais homogéneos – é o fenómeno de GLOBALIZA-
ÇÃO ou MUNDIALIZAÇÃO (difusão rápida de produtos, serviços, informações, modelos culturais e géneros de
vida à escala mundial) que faz com que o mundo seja encarado como uma “aldeia global”

56
2.2. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO

2.2.1. CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DE CIDADE


A cidade é um espaço onde se concentra um grande número de pessoas numa superfície reduzida; um
espaço que se destaca claramente da área envolvente pelo porte arquitectónico e pela densidade dos edifícios;
um espaço onde se localizam as actividades terciárias do comercio e serviços, etc.
Além disto reconhecem-se características comuns em grande número de cidades, o certo é que não
existem duas cidades iguais. Este facto tem colocado problemas na tentativa de encontrar uma definição mais
ou menos universal. Assim, surgiram vários critérios de definição de cidade:

I - Critérios Demográficos
A – A População absoluta
O critério da população absoluta baseia-se no número de habitantes da cidade. Partindo do princípio de
que na cidade vive um grande número de habitantes, cada país adopta um número mínimo de habitantes, a
partir do qual uma concentração humana é considerada cidade.
B – Densidade populacional
Baseia-se no pressuposto de que nas cidades se verifica uma grande concentração de pessoas num
espaço reduzido. Assim, os países estabelecem um número mínimo de habitantes por quilómetro quadrado
(hab. /km2). Por exemplo, no caso de Portugal as áreas urbanas devem ter um mínimo de 500 hab/Km2.
No caso de Portugal, é à Assembleia da República que cabe a elevação de um lugar à categoria de cida-
de. Nesse sentido, a lei portuguesa defende que:

Lei nº11/82 de 2 de Junho


ARTIGO 13º

"Uma vila só pode ser elevada à categoria de cidade quando conte com um número de eleitores, em
aglomerado populacional contínuo, superior a 8000 pessoas e possua, pelo menos, metade dos seguintes
equipamentos colectivos: instalações hospitalares com serviço de permanência; farmácias, corporações
de bombeiros; casa de espectáculos e centro cultural; museu e biblioteca; instalações de hotelaria; esta-
belecimento de ensino preparatório e secundário; estabelecimento de ensino pré-primário e infantários;
transportes públicos, urbanos e suburbanos; parques ou jardins públicos.”

ARTIGO 14º

“Importantes razões de natureza histórica, cultural e arquitectónica poderão justificar uma ponderação
diferente dos requisitos enumerados nos artigos 12º e 13º."

II- Critérios Funcionais


Baseia-se nas funções que dominam na cidade. Considera-se a cidade como um centro terciário por
excelência, onde a maior parte da população activa trabalha no comércio e nos serviços.
II- Critérios Sociológicos
Trata-se de um critério mais vago e impreciso que tem em conta cidade como um espaço suficiente-
mente grande para haver grande interacção entre pessoas e onde estas conseguem manter um certo anonima-
to.

57
Como se observa, qualquer dos critérios referidos é de aplicação relativamente arbitrária, ficando a
cargo de cada país escolher, entre os critérios possíveis, qual o mais adequado para a sua situação.
O facto de não haver uma definição universal de cidade levou a conferencia europeia de estatística, a
propor considerarem-se todos os centros urbanos com mais de 10 000 habitantes e/ou os centros com mais de
2 000 habitantes, que apresentassem um máximo de 25 % de população activa no sector primário. Por
outro lado, e embora não seja possível definir universalmente cidade, importa salientar que, na realidade, existe
um conjunto de traços característicos da “vida urbana” que se destaca, de forma clara e evidente, dos espaços
que a rodeiam.
A cidade, é pois, um lugar onde:
 Existe um elevado número de habitantes;

 Se verifica uma forte densidade populacional;


 Se concentram as actividades terciárias, que fornecem bens e serviços, não só à população local, mas
também a toda a área que a envolve;

 Se localiza a sede do poder politico e administrativo;


 Existe uma arquitectura dominante de prédios compactos e construídos em altura;

 Existe uma grande intensidade de circulação de pessoas e de veículos;


 Se concentra a função industrial;

 Se encontram as condições ideais para a distribuição/consumo de produtos das regiões rurais etc.

2.2.2. A EVOLUÇÃO DAS CIDADES


As cidades nunca surgem do nada, havendo sempre vários factores na explicação da génese de uma
cidade. Entre esses factores podem contar-se factores de natureza:
 Comercial – as feiras medievais estarão na origem de muitas cidades, principalmente na Europa.
 Industrial – depois da Revolução Industrial, regiões ricas em energia e matérias-primas deram origem a
dezenas de importantes cidades.
 Boas vias de comunicação – ao longo das costas, de rios navegáveis, de vias-férreas ou no cruzamento
de estradas onde a acessibilidade é forte, desenvolvem-se grandes centros urbanos.
 Defesa – antigos refúgios de populações rurais, os castelos, fortes ou simplesmente muralhas serviram
de atracção a populações que se foram fixando e progredindo.
 Cultural e religioso – conventos, abadias, mosteiros, universidades edificadas desde a Idade Média,
foram pólos atractivos que estão na origem de muitas cidades. Santuários, catedrais, uma aparição, fize-
ram de muitos lugares rurais grandes cidades da actualidade.
 Turismo, Saúde, Desporto, Férias – climas amenos e atractivos nas diferentes estações do ano, boas
aguas e ares de curas, desportos de Inverno, boas praias, continuam ainda hoje a elevar a cidades
pequenas aldeias de outrora.
 Politico – por vontade de governantas ou por imperativos do Estado, por desejo ou necessidade políti-
ca, muitas cidades se construíram em locais muito diversos por motivos políticos.

58
A cidade nasce com a
sedentarização do Homem,
evoluindo à medida que a vida
em grupo se organiza e hie-
rarquiza. As primeiras cidades
terão surgido ao longo dos
vales férteis dos rios Tigre,
Eufrates, Nilo e Indo, bem
como ao longo das costas do
Mar Mediterrâneo. Foi duran-
te a Idade Clássica que os
gregos e os romanos começa-
ram a edificar as primeiras
grandes cidades, que viriam a
regredir ao longo da Idade Medieval.
O senhor feudal constrói o seu castelo, e à volta das suas muralhas vão habitar os “servos”. Estes caste-
los, edificados em sítios altos, irão originar a maioria das cidades europeias que se vão adaptando às exigências
urbanas ao longo do tempo.
A partir do século XV os núcleos urbanos existentes são enriquecidos com grandes monumentos, palá-
cios e Igrejas, levando a cidade para fora das muralhas que são demolidas e dão lugar a avenidas concêntricas.
Com a revolução industrial, a cidade passa a ser um lugar de trabalho, tendo como principal função
albergar os milhares de operários das suas fábricas. Com o êxodo rural crescente, a cidade expande-se para o
campo, originando-se, deste modo, subúrbios semi-rurais que mais tarde dão lugar a “cidades jardim”.
Posteriormente, criam-se pólos de atracção nas periferias das grandes cidades, onde irão surgir novas
cidades, planeadas, geométricas, em que as industrias se localizam perifericamente e separadas das zonas resi-
denciais.

2.2.3. PLANTAS DAS CIDADES


Existem muitos tipos de plantas urbanas. Muitas delas resultam de processos ocasionais devidos ao
crescimento das cidades (plantas de cidades que não foram planeadas) e outras resultam de estudos e planea-
mentos prévios. Não sendo possível abordar todos os tipos de plantas urbanas que existem registam-se, aqui,
três das mais comuns plantas urbanas:

Irregulares – cidades que crescem de forma anárquica, sem planeamento, com ruas
estreitas, tortuosas, becos sem saída. São cidades características deste tipo as muçulma-
nas, as medievais e as que crescem rapidamente devido à explosão urbana da revolução
industrial.

Rádio-concêntricas – cidades que, na sua maioria,


foram crescendo a partir de um núcleo central
medieval, regra geral um castelo ou uma muralha.
Sucessivamente e à medida que a cidade crescia, as muralhas eram demo-
lidas, dando lugar a uma rua circundante; outras muralhas surgiam na peri-
feria e mais tarde voltavam a ser demolidas, dando lugar a outra via circun-
dante. Estas vias concêntricas eram ligadas ao centro por ruas radiais. É o
caso da cidade de Paris (França).

59
Ortogonais – são cidades planeadas com vias perpendiculares, que dividem o
espaço urbano em quarteirões geométricos. São típicas das cidades mais moder-
nas, como é o caso da maioria das cidades norte-americanas (ex. Chicago).
A cidade de São Tomé apresenta uma planta ortogonal, verificando ruas
paralelas umas às outras e ruas transversais a essas ruas, dando uma configura-
ção geométrica à cidade.

2.2.4. AS GRANDES CONCENTRAÇÕES URBANAS


As grandes cidades do mundo coincidem com as regiões da Terra mais densamente povoadas. São
metrópoles de grandes dimensões que se vão aglutinando, dando origem a conurbações1 e mais tarde a mega-
lópolis2.
Lista das Maiores Cidades3 do Mundo
1ª Bombaim (Índia) 13 922 125 8ª Seul (Coreia Sul) 10 421 782 15ª Kinshasa (RD Congo) 7 843 000
2ª Xangai (China) 13 481 600 9ª Pequim (China) 10 123 000 17ª Londres (R. Unido) 7 683 316
3ª Carachi (Índia) 12 991 000 10ª México (México) 8 836 045 19ª Bogotá (Colômbia) 7 155 052
4ª Istambul (Turquia) 11 372 613 11ª Tóquio (Japão) 8 731 000 20ª Hong Kong (China) 6 985 200
5ª Nova Deli (Índia) 11 325 124 12ª Jacarta (Indonésia) 8 489 910 22ª Cairo (Egipto) 6 758 581
6ª São Paulo (Brasil) 10 990 249 13ª N. York (EUA) 8 274 527 26ª Rio de Janeiro (Brasil) 6 161 047
7ª Moscovo (Rússia) 10 452 000 14ª Lagos (Nigéria) 7 937 932 29ª Bagdad (Iraque) 5 337 684

Inicialmente a força atractiva das cidades chamava a si milhares de pessoas dos meios rurais. Com o evoluir dos
transportes e o desejo de
uma vida mais livre e tran-
quila, as pessoas afastam-
se da cidade para os subúr-
bios. Esta força centrífu-
ga do centro para a perife-
ria da cidade vai estar na
origem do aparecimento de
manchas urbanas que, cada
vez mais, vão invadindo o
campo de cidades satélites
que se vão multiplicando
ao longo das vias de comu-
nicação. Assim aparecem as
grandes concentrações
urbanas do Nordeste dos Estados Unidos da América, da Europa Ocidental, do Japão etc

1
Conurbação: união de uma ou mais cidades em consequência do seu crescimento geográfico.
2
Megalópolis: grande cidade que se expande e atinge uma dimensão geográfica enorme.
3
Os dados referem-se ao ano de 2008 e só contabilizam a população da cidade e não de toda a área metropolitana.
60
2.2.5. A UTILIZAÇÃO DO SOLO NAS CIDADES

Quando percorremos a cidade, podemos observar que, de um modo geral, as diferentes actividades
tendem a concentrar-se em áreas distintas:
 Comercio e serviços;
 Residenciais;
 Parques e jardins;
 Industriais;
Apesar das dificuldades que sempre se colocam, é possível elaborar um esboço que demonstre muito
esquematicamente a organização do espaço no interior da cidade. Na realidade, em quase todas as cidades se
torna mais ou menos evidente a existência de áreas onde predominam determinadas funções:
 O centro de negócios, “Baixa” ou C.B.D. – Central Business District, aplicado inicialmente ao “centro”
das cidades norte-americanas, posteriormente foi generalizado às cidades, como forma de designar o
“centro” da cidade que é a principal área de comércio e serviços da cidade;
 As áreas residenciais: Bairros degradados no centro; Bairros degradados na periferia; Novos bairros
residenciais;
 As áreas industriais;

Fig.29

2.2.6. TIPOS DE CIDADES


Cidade Europeia – factores físicos e humanos favoráveis,
riqueza dos solos e subsolos, fazem da Europa o continente mais
urbanizado. Na cidade europeia distinguem-se quatro partes distin-
tas:
 Núcleo antigo (sitio) – centro histórico medieval, monumen-
tal, de ruas estreitas e edifícios antigos;
 Quarteirões dos séculos XVII a XIX, com grandes monumen-
tos renascentistas e os bairros operários industriais. Ainda é
o centro económico e financeiro e onde ainda se albergam as

61
classes médias; no decorrer do século XIX a cidade invade o campo e os antigos subúrbios vão fazendo
parte da cidade em expansão.
 Quarteirões e subúrbios industriais, nos subúrbios e no interior da cidade do século XIX, localizam-se os
quarteirões que albergavam os operários das indústrias. Com o posterior recuo destas, o terreno é ocu-
pado com imóveis que se destinam a albergar a classe média.
 Subúrbios residenciais, com o grande crescimento urbano verificado no século XX, as cidades aglutinam
alguns centros considerados rurais, que apesar de manterem algumas características disso passam a
pertencer à grande metrópole. Surgem assim as cidades dormitório, longe do centro da antiga cidade,
mas servidas por boas vias de comunicação. (Na foto – Lisboa)

Cidade Norte-americana – cidades novas, sem história, contemporâneas da revolução industrial e que
se expandiram posteriormente; cidades industriais servidas de uma
complexa rede viária. Cidade ortogonal, onde elevados arranha-céus
definem o centro urbano. Seguem-se quarteirões residenciais degra-
dados dos finais do século XIX e início do século XX, já ultrapassados,
albergando os menos favorecidos. O automóvel e os meios rápidos de
deslocação atiram para a periferia os subúrbios residenciais, levando
a cidade a crescer não em altura mas em superfície até à cidade vizi-
nha. (Foto: N. York (EUA)

Cidade Latino-americana – cidades da época colonial que se espalham ao longo da costa, essencialmen-
te viradas para o comercio. Devido ao enorme crescimento
natural e ao êxodo rural, a cidade cresce assustadoramente, de
forma anárquica, preenchendo todos os espaços de favelas ou
barriadas, contrastando com os luxuosos subúrbios das classes
privilegiadas. Velhas mansões deram lugar a elevados edifícios,
onde se instala o centro financeiro da cidade: bancos, seguros,
escritórios, hotéis. Os antigos centros ainda albergam as classes
médias, mas a sua reestruturação e uma necessidade que se
impõe à sociedade. (Foto: Bairro de Lata na Cidade de Caracas – Venezuela)

Cidade Africana – tal como a cidade latino-americana,


também esta teve origem na colonização. Na África do Norte, a
cidade muçulmana, de planta irregular com ruas estreitas, becos e
casas cúbicas, é a mais característica.
À cidade antiga – Medina – segue-se a cidade de tipo
europeu, com bairros de lata, seguidos pelos barros modernos
rodeados de zonas verdes e por fim a zona industrial. Na África a sul
do Sahara a antiga colonização ainda está patente. Foi a partir do porto que se desenvolveu a actual cidade e
onde ainda se encontram velhos edifícios coloniais, armazéns, antigas fabricas, bem como bairros pobres de
pescadores e trabalhadores portuários. É visível ainda a existência dos antigos bairros do tipo europeu que vão
dando lugar à cidade nova que avança para a periferia, penetrando nos bairros negros que rodeiam a cidade.
(Foto: Kinshasa – RD Congo)

62
Cidade Socialista – ao longo dos rios, no cruzamento de estradas ou em lugares fortificados localizam-se
a maioria das cidades construídas até ao princípio do século XX.
A navegação e o caminho-de-ferro também contribuíram para a expansão da rede urbana até à revolu-
ção socialista. Depois de 1917, assiste-se a um grande afluxo das
gentes do campo para os meios urbanos, a ponto da taxa de
urbanização duplicar ou até triplicar. No século XX, as cidades
novas, ou as reconstruídas devido aos bombardeamentos da 2ª
grande guerra, são alteradas profundamente.
As cidades antigas mantiveram o seu centro histórico e
monumental; à sua volta, edifícios recentes servem as classes
privilegiadas, rodeando-se de zonas verdes. Ao longo das vias de
comunicação, à volta de um complexo industrial constroem-se bairros residenciais para os operários fabris,
também eles cercados por zonas verdes; amplas avenidas, descongestionadas de trânsito, ligam a periferia ao
centro. (Foto – Moscovo na Rússia)

Cidade Asiática – clima, natureza e morfologia dos solos, civilizações e modos de vida muito diversos,
além da extensão do continente, originaram
muitos tipos de cidades de onde é difícil extrair
um modelo único capaz de satisfazer todo o
continente asiático.
Núcleos antigos com os seus velhos
templos e palácios são a zona comercial por
excelência. Construções recentes e algumas
zonas verdes rodeiam esta parte antiga, seguindo-se os bairros pobres e degradados que recebem diariamente
milhares de pessoas oriundas de meios rurais à procura de emprego. No entanto, a cidade mostra, de uma
maneira geral, um ambiente rural, pois os sectores secundário e terciário são muito reduzidos. (Foto: Hong-
Kong na China)
O grande contraste urbano é o Japão, onde o fenómeno urbano é um dos maiores do mundo. Apenas
cerca de 10% do seu território oferece condições para a cons-
trução de cidades e por isso elas concentram-se nas planícies
litorais, originando imensas conurbações como a Megalópolis
de Tóquio. O Japão actual, predominantemente industrial,
grande centro comercial e financeiro, virou-se para a conquista
do espaço aéreo, rivalizando com os Estados Unidos em relação
na construção de enormes arranha-céus. Uma boa rede de
transportes modernos e rápidos, contribuem para as grandes
concentrações urbanas. (Foto: Cidade de Tóquio – Japão)

2.2.7. PROBLEMAS E SOLUÇÕES PARA AS CIDADES


Entre os problemas que mais afectam as áreas urbanas contam-se:
Esgotos e lixo – recolher e tratar, dia-a-dia, os lixos da cidade de forma a
mantê-la limpa, dotar completamente uma cidade de uma rede de esgotos satisfa-
tória, são dois problemas que crescem de ano para ano e que, apesar da maioria
das pessoas não se aperceberem deles, cada vez se tornam mais difíceis de solu-
cionar.

63
Transito – o aumento da circulação automóvel, da população e as ruas
estreitas, desajustadas ao tráfego actual, tornam a cidade num quebra-
cabeças para os utentes e para as autoridades. Engarrafamentos e estacio-
namento anárquico são hoje uma característica da cidade.
Abastecimento – a cidade, grande centro de consumo, enfrenta
grandes problemas de abastecimento diário de produtos essenciais, como
alimentos, agua e energia.
Poluição – Não é só a poluição do ar mas também a poluição sonora que estão a transformar o ambien-
te urbano numa catástrofe de vencer.
Marginalidade/Criminalidade, delinquência – Desemprego, droga,
alcoolismo, prostituição, falta de habitação
condigna, estão na origem de todos estes pro-
blemas e serão tanto maiores quanto maior for
a cidade.
Saturação, stress – a agitação da moderna vida urbana, o homem trans-
formado numa máquina, o isolamento no seio da multidão, estão a saturar dia
após dia, o habitante da cidade, causando-lhe problemas psicológicos.

As possíveis soluções para os problemas urbanos


A resolução de alguns destes problemas assenta em propostas de:
 Planeamento urbanístico, que estabeleça regras no crescimento da cidade e defina localizações de
espaços verdes e outros espaços de lazer.
 Soluções que contribuam para a substituição dos bairros de lata por habitações adequadas.
 Definição de estratégias de combate à poluição através do tratamento de lixos, construção de estações
de tratamento de esgotos, tecnologias limpas e utilização de energias alternativas.
 Alternativas ao transito, passando pela construção de vias em volta das cidades.
 Melhoria dos transportes públicos e construção de parques de estacionamento na entrada das cidades
para reduzir a circulação de automóveis no centro da cidade.
 Incentivo ao desenvolvimento de cidades de dimensão intermédia, evitando a concentração de pessoas
em grandes cidades.

64
3. A INTERAÇÃO ENTRE O HOMEM E O AMBIENTE
3.1. As questões ambientais globais e internacionais

A Revolução Industrial iniciada no séc. XVIII desencadeou um conjunto de reacções em cadeia, cujo impacto
sobre o ambiente da Terra originou desequilíbrios bioclimáticos graves.
O processo de industrialização e o consequente crescimento explosivo da população fizeram aumentar de
forma acentuada:
- a poluição;
- o consumo dos recursos do nosso planeta (água-energia-minerais);
- a produção alimentar.

O crescimento económico ilimitado determinou níveis de consumo de recursos insustentáveis. A produção


alimentar aumenta todos os anos, para satisfazer uma população em crescimento. A prática da agricultura
intensiva e o aumento das áreas cultivadas têm reflexos negativos no ambiente, acelerando o esgotamento dos
solos e a desflorestação.
A explosão demográfica e o crescimento urbano que a acompanhou dinamizaram e aumentaram ainda mais
o desenvolvimento das actividades humanas, constituindo-se como as principais causas da degradação ambien-
tal.
Com as catástrofes de amplas consequências (SEveso, Bhopal, Three, Mile Island, Chernobyl, a redução das
dimensões do mar Aral, o ar asfixiante de Atenas e da Cidade do México, a poluição do Reno..), percebemos que
os problemas ambientais ignoram as fronteiras nacionais, afectando vastas regiões do planeta.

Principais problemas ambientais

Países desenvolvidos Países desenvolvimento

- Contaminação das águas e inquinação dos - Desertificação.


aquiferos.
- Desflorestação.
- Saturação dos solos por excesso de utilização de
fertilizantes e pesticidas. - Erosão e salinização dos solos.
- Urbanização intensa. - Inundações.
- Degradação das zonas costeiras. - A urbanização selvagem das áreas
periféricas das megacidades envolvidas por
- Chuvas ácidas resultanttes das emissões do CO2, uma atmosfera irrespirável constituida por
metano ou ácido sulfúrico para a atemosfera. dioxido de enxofre, monóxido de carbono e
- A produção de resíduos e o seu lançamento no dióxido de azoto (causadoras de doenças
solo, no ar e na água. respiratórias, cardiacas, cerebrais e
depressivas)

A consciencialização da globalização dos fenómenos é fundamental. O perigo da ruptura definitiva dos


equilíbrios é real e os problemas globais que afectam o planeta Terra mostram-nos a precariedade desses dese-
quilíbrios, pela complexidade e generalização dos fenómenos que hoje afectam o nosso planeta.

65
O Homem é mais um animal na Terra que busca o êxito da sua espécie. As suas necessidades básicas
(ex. alimentação) podem ser satisfeitas com o recurso à natureza. Daí, que use e transforme o meio em função
das suas necessidades.

Que “armas” permitem, ao Homem, usar/modificar o Meio Natural para seu conforto?

O Homem faz parte do ambiente e para


sobreviver tem de recorrer ao meio natural em fun-
ção das suas necessidades. Até há uns séculos atrás,
a exploração que o Homem fazia do meio não lhe
acarretava grandes danos. Ou seja, o ritmo de
exploração do meio pelo Homem permitia que este
se reajustasse rapidamente, verificando-se um equi-
líbrio entre a preservação da qualidade do Ambiente
e a acção da Sociedade.

A descoberta do fogo, a domesticação de


animais, o pastoreio, a agricultura com consequente
sedentarização, a Revolução Industrial e mais recen-
temente, a manipulação genética, são tudo “novi-
dades” que resultam da necessidade sentida pelo
Homem em explorar a natureza para seu bem-estar.
Todos os animais procuram, com os meios que têm
a seu dispor, ser bem sucedidos na natureza. O
sucesso do Homem foi sendo conseguido, progressi-
vamente, graças à sua principal arma: a inteligência.
A Sociedade recorre ao Ambiente porque este pos-
sui os recursos que ela necessita. A palavra recurso
significa algo a que se possa recorrer para a obten-
ção de alguma coisa.

Numa primeira fase, o Homem apenas usufruía das matérias-primas necessárias à sua subsistência,
começando por praticar a recolecção e a caça e desenvolvendo depois a agricultura e o pastoreio. Quando se
passa para uma sociedade cada vez mais consumista, a partir da Revolução Industrial (século XVIII), caminha-se
de uma economia de subsistência para uma economia de mercado (cujo principal objectivo é o lucro), o ritmo
de exploração dos recursos naturais passa a ser mais acelerado do que a capacidade que a natureza tem para
repô-los.
Tudo isto se deveu à valorização, pela Sociedade, do aspecto económico. Essa busca incessante por
fazer aumentar a produção levou a que a Sociedade fosse, progressivamente, ignorando a importância de
garantir a sustentabilidade do meio. Foi-se perdendo o equilíbrio entre o meio natural e a acção do Homem. O
Ambiente começava a não conseguir responder à investida da Sociedade sobre ele, sentindo negativamente
esses impactos.
Repare-se que desde a Revolução Industrial (século XVIII) até à actualidade, o Homem reforçou a explo-
ração face ao Meio Natural, devido: explosão demográfica; exploração insustentável dos recursos; expansão
industrial e dos transportes, etc.
A rapidez com que se deram, e dão, estas alterações, não permite ao meio reajustar-se a elas, gerando-
se um enorme desequilíbrio em desfavor do Ambiente. O Ambiente continua, em regra, a ser visto como meio
para atingir o crescimento económico: algo a dominar sem que se respeitem os seus mecanismos de funciona-

66
mento. Ex. Os incêndios que assolam muitos países resultam, em grande parte, da alteração das características
originais dessas florestas (ex. substituição das plantas originais por outras economicamente mais rentáveis).
Estes desequilíbrios vão gerar problemas ambientais sobre a Litosfera, a Hidrosfera, a Atmosfera e con-
sequentemente, sobre a Biosfera. Como estas esferas funcionam em sistema e como estes sistemas são globais
(abrangem o globo todo), um problema em dada esfera num determinado local torna-se um problema de
todas as esferas e de dimensão global.
Nestes casos, fica claramente comprometido o Desenvolvimento Sustentável, isto é, o processo que
procura a melhoria das condições de vida das pessoas para que elas tenham bem-estar e qualidade de vida
(saúde, alimentação, habitação, educação, direitos humanos, etc.) e que não pode esquecer a preservação do
ambiente, para que as futuras gerações também possam utilizar o planeta e satisfazer as suas necessidades.
Se é verdade que muitos destes problemas derivam da acção da Sociedade, em muitos outros é difícil
discernir se resultam apenas da acção antrópica (acção humana) ou também de processos naturais (ex. o supos-
to aquecimento global, a extinção de algumas espécies animais, etc.).
Óbvio é que essa acção do Homem no Ambiente nem sempre é má. O Homem muitas vezes explora o
meio de forma sustentada ou em respeito para com os processos naturais. Ex. Quando, à medida que vai aba-
tendo uma floresta procura reflorestá-la; quando pratica uma agricultura ajustada às características dos solos
em causa; quando na indústria usa sistemas de filtragem de poluentes; protecção de animais em vias de extin-
ção (ex. felinos e baleias), etc.
Ambiente e Sociedade continuam de costas voltadas. A Sociedade não respeita o Ambiente e este não
se consegue reajustar às características da Sociedade porque funciona por leis físicas e não por leis sócio-
económicas. Um diálogo entre os dois só será possível quando o Homem passar a encarar o meio como um alia-
do, observando-o e respeitando-o.

De tudo isto surgem graves problemas ao nível da:


 Atmosfera: “Buraco do Ozono”, Aquecimento Global; Smog e Chuvas Ácidas
 Litosfera: Poluição; Degradação dos Solos; Desflorestação
 Hidrosfera: Esgotamento da Água Potável; Poluição; Marés Negras
 Biosfera: Animais em Vias de Extinção; Redução dos Espaços Naturais; etc.

Texto Informativo: O Homem e o Ecossistema ▼

O Homem e o Ecossistema
Desde sempre, o Homem recorreu aos sistemas naturais para satisfazer as suas necessidades. Desde há poucos
milénios atrás o Homem adquiriu a capacidade, não só de usar, como de modificar o meio em que vive, no sentido de
melhorar o seu próprio conforto. Marcos desta evolução foram a utilização do fogo, a domesticação de animais e o pasto-
reio, a descoberta da agricultura com consequente sedentarização, a Revolução Industrial e mais recentemente, a manipu-
lação genética.
Cada um destes saltos evolutivos na sociedade corresponde a alterações mais ou menos drásticas nos padrões
sociais e no modo de exploração dos recursos. Progressivamente, o território humanizou-se e o ritmo de exploração de
recursos naturais tornou-se, em muitos domínios, mais acelerado do que a capacidade da Natureza para os repor. (…) A
incapacidade de auto-recuperação dos ecossistemas prende-se com o aumento da poluição, a destruição de espécies e
habitats, etc.
Fonte: Melo, João Joanaz e Pimenta, Carlos, O Que é a Ecologia, Lisboa, Difusão Cultural - 1993

Guião de Orientação da Leitura do Texto

1. Indica algumas necessidades humanas que podem ser satisfeitas pelo Meio Natural.
2. Que “armas” usa o “animal” Homem para modificar o Meio Natural para seu conforto?
3. Em termos gerais, como se caracterizava a relação entre Ambiente e Sociedade: antes da Revolução Industrial
e depois da Revolução Industrial?
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4. Explica a expressão: “o território humanizou-se e o ritmo de exploração dos recursos naturais tornou-se (…)
mais acelerado que a capacidade da Natureza para os repor”.
5. Refere alguns impactos ambientais que afectam, actualmente, os Ecossistemas em STP.
………………………………………………………………………

3.1. PROBLEMAS AMBIENTAIS: A LITOSFERA

Os solos são o revestimento da superfície terrestre. Eles cobram as rochas das quais são originários. São
uma finíssima película da superfície, na qual se processam inúmeras transformações muito complexas, através
das quais se dá a meteorização física e química da rocha-mãe. A estas transformações é indispensável, na for-
mação do solo, matéria orgânica que é descomposta em húmus.
Obviamente que, deste modo, as características dos solos vão variar em função da rocha-mãe presente,
entre outros factores (ex. topografia do solo, clima existente, etc.).
Os solos possuem uma textura (argilosa, lodosa ou arenosa), estrutura (relaciona-se com a presença de
moléculas minerais, as argilas e orgânicas – húmus), composição química, relacionada com o teor de elementos
nutritivos (azoto, potássio, cálcio, ferro, alumínio, cobre, etc.), acidez (solos básicos, neutros ou ácidos) e um
perfil (horizontes que apresenta).
Pode dizer-se que de todos os recursos natu-
rais existentes no planeta, o solo é um dos mais ins-
táveis quando modificado, ou seja, quando a sua
camada protectora é retirada. A sua importância
relaciona-se, acima de tudo, com o facto de ele ser o
suporte da vida vegetal, portanto, de toda a flora que
alimenta a fauna e da própria agricultura que alimen-
ta o Homem.

A Erosão Natural dos Solos


Processos erosivos naturais sobre o solo
ocorrem de forma moderada, mas, uma vez modifi-
cado (ex. para cultivo) ou desprovido de sua vegeta-
ção originária, aceleram-se os processos que condu-
zem à sua erosão. O arraste de partículas constituin-
tes do solo (erosão) dá-se por elementos naturais
como a água e o vento:

- Erosão pela Água: Também chamada erosão


hídrica, é o tipo de erosão mais importante, pois
desagrega e transporta o material erodido com gran-
de facilidade, principalmente em regiões de maior
pluviosidade. As gotas da chuva ao “chocarem” com
um solo desprovido de vegetação desagregam partí-
culas que, conforme o seu tamanho, o declive e a permeabilidade do terreno são facilmente levadas na enxur-
rada. Há uma clara relação entre o declive e a perda de solo por erosão: quanto maior for o declive, maior será
a velocidade com que a água irá escorrer e consequentemente maior será o volume carregado. A capacidade de
erosão depende, em razão inversa, da permeabilidade patenteada pelo solo.

- Erosão pelo Vento: Consiste no transporte aéreo ou por rolamento das partículas erodidas do solo. A sua
importância é grande em áreas de ventos fortes. Um dos principais danos causados pela erosão eólica é o soter-
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ramento de solos férteis (os materiais transportados, mesmo de longas distâncias, sedimentam-se e cobrem
camadas de solo férteis).

- Erosão pelas Ondas: as ondas são formadas pela acção conjunta de vento e água e os seus efeitos são
notados em ambientes lacustres, litorais e nas margens de rios. O embate da água (fluxo e refluxo) nas margens
provoca a desagregação do material, permanecendo este suspenso e depois depositado no fundo dos rios,
lagos, mares etc.
É maior a eficiência dos solos contra a erosão, quando estes estão cobertos de vegetação. A sua presen-
ça permite uma melhor absorção das águas, reduzindo tanto as enxurradas como a possibilidade de erosão.
O comportamento dos solos é determinado, em parte, pela sua textura. Solos argilosos são mais agre-
gados que, por exemplo, os de textura mais grosseira. Por outro lado, os solos arenosos são mais permeáveis,
estando menos sujeitos à erosão. Há ainda a questão da matéria orgânica que incorporada no solo, favorece o
desenvolvimento de plantas, reduzindo assim, o risco de erosão (as raízes ajudam a integrar as partículas do
solo).

A Contaminação dos Solos – Origem Antrópica

A poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, descarga, infiltração, acumulação, injecção ou


enterro no solo de substâncias ou produtos poluentes, em estado líquido, sólido ou gasoso. O solo é um recurso
natural básico, constituindo um componente fundamental dos ecossistemas, um reservatório de água, um
suporte essencial do sistema agrícola e um suporte para a actividade humana.
Há contaminação de solos quando se adicionam compostos que alterem as suas características naturais,
produzindo efeitos negativos através da libertação de todo um manancial de resíduos provenientes das activi-
dades humanas que alteram os seus nutrientes e portanto, a “saúde” das plantas que nele se desenvolvem.
Obviamente que se trata de uma alteração negativa das propriedades dos solos. Há vários produtos susceptíveis
de poluir o solo, uns mais maléficos que outros:
- Matéria Orgânica (restos de comida, papel, etc.) que facilmente se decompõem por serem biodegra-
dáveis, não ocasionando graves problemas;
- Materiais Não Biodegradáveis são objectos que podem ser reciclados ou reutilizados (ex. vidro, plásti-
co, metais, etc.) e que por não serem biodegradáveis, permanecem por períodos de tempo muito longos no
solo;
- Resíduos Perigosos: óleos, medicamentos, lixívias, detergentes, tintas, diluentes, etc.

Todos estes produtos levantam um grande problema: Onde


armazená-los?
Das soluções de armazenamento/tratamento surgem
várias opções: as lixeiras a céu aberto, cada vez menos frequen-
tes, por acarretarem impactos ambientais negativo s (ex. cheiro,
contaminação do ar, atracção de aves e outros animais que
podem vir a propagar contaminação e doenças, etc.), os aterros
sanitários (►), cada vez mais frequentes, etc.
A questão é mais grave quanto aos resíduos perigosos,
pois poderão degenerar graves problemas ambientais sobre o solo, caso sejam enterrados ou sobre o mar, caso
sejam “guardados” no fundo destes. Tudo isto porque são resíduos tóxicos, muitas vezes radioactivos com for-
tes implicações negativas para a saúde humana. É disso exemplo, o caso dos polémicos resíduos industriais
perigosos e da vantagem ou não da co-incineração.

69
Existem numerosas “fontes” de produção de resíduos sobre o solo. As mais comuns são os efluentes,
isto é, as descargas domésticas, industriais e pecuárias que, quando não são devidamente tratadas, são lançadas
sobre cursos de água ou sobre os solos, contaminando-os.
As plantas aí cultivadas vão alimentar-se desses tóxicos, sendo que vão entrar numa rede complexa de
cadeias tróficas nas quais, indiscutivelmente, o Homem marca presença. Por aqui se percebe como o problema
afecta, não só os solos, mas plantas, animais e o Homem que deles depende.
Entre as principais fontes poluidoras dos solos contam-se os insecticidas, pesticidas e herbicidas muito
utilizados na agricultura e ainda produtos como os plásticos, tintas, gasolina/petróleo e detergentes que advêm
da actividade doméstica e industrial.
Embora ainda haja muito por desvendar neste domínio é garantido que estes produtos podem causar,
em termos de saúde humana e animal, sérios problemas como: cancro; irritações/problemas de pele; afectação
de vários sistemas (ex. neurológico, respiratório, digestivo, etc.), entre outros.
A solução para este problema passa, necessariamente, por uma redução das emissões de resíduos sobre
os solos. Isto poderá ser feito, por exemplo, pela prática da “Politica dos 3 R”: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Só
assim se poupam matérias-primas, se economiza energia (haveria menos necessidade de produzir industrial-
mente), se aumenta o número de anos de vida dos aterros sanitários e se diminui a contaminação/poluição dos
solos.

A Desertificação dos Solos


A desertificação consiste na perda da produtividade biológica e económica das terras agrícolas, das pas-
tagens e das áreas de matas nativas, devido às variabilidades climáticas e às actividades humanas.
Na origem do problema está o crescimento da população mundial (a da sua voraz veia consumidora)
que contribui para a exploração dos recursos naturais para além de sua capacidade de suporte. A crescente
necessidade de alimentos, energia e outros recursos, provoca gravíssimas práticas (ex. inadequados sistemas
produtivos) que culminam na degradação dos solos, vegetação e biodiversidade. As principais causas da deserti-
ficação são:
 Uso intensivo dos solos na agricultura e pastoreio (ex. utilização de adubos, pesticidas e herbicidas;
abate de florestas para obtenção de pastagens, etc.);

 Cultivo de terras inapropriadas (ex. pântanos, matas, florestas, áreas de grande declive que não são
espaços “talhados” para a prática agrícola, donde surgem sérias alterações ao equilíbrio natural dessas
áreas);

 Substituição de espécies arbóreas nativas por


outras, economicamente, mais rentáveis (ex. euca-
lipto e pinheiro que são mais exigentes em termos
de água e por serem muito competitivas são nefas-
tas para as espécies autóctones);

 Extracção ou desvio de Água que naturalmente


abasteceria o solo, mas que é desviada para outros
fins (ex. agrícola, doméstico e industrial) como no
caso do Mar Aral na ex - URSS.

 Destruição da Cobertura Vegetal: esta pode dever-se a causas naturais (ex. incêndios naturais), mas
sobretudo a causas antrópicas como as queimadas/incêndios e o “abate” de árvores (ex. para venda da
madeira ou conquista de áreas para a agricultura/pastoreio). Havendo a destruição do coberto vegetal,
o solo fica mais vulnerável aos agentes erosivos (água e vento).
70
Obviamente que tudo isto resulta da necessidade das pessoas, sobretudo em áreas densamente povoa-
das, satisfazerem as suas necessidades de subsistência. O problema da desertificação é maior em áreas que,
naturalmente, são mais propícias à aridez (climas secos), afectando em desmesuradas proporções as regiões
áridas ou subáridas do planeta.
Entre as consequências deste fenómeno contam-se sérios problemas económicos, principalmente, no
sector agrícola, com o comprometimento da produção de alimentos. Além da quebra da produção, existe o
custo incalculável de recuperação da capacidade produtiva dos solos e da extinção de espécies nativas, algumas
com alto valor económico.
Surgem também problemas sociais, sendo o mais preocupante a dificuldade em alimentar uma popula-
ção mundial em crescendo do que se constata um agravamento significativo da subnutrição (fome) associada à
desertificação, sobretudo nos PMD.

Portanto, entre as principais consequências do fenómeno contam-se:


- Abandono das terras quando estas deixam de satisfazer as necessidades das pessoas que as exploram.
O problema é particularmente grave nos PMD, uma vez que essas pessoas vão habitar as cidades, extremamen-
te deficitárias em saneamento, alojamento e qualidade de vida, o que agrava problemas como a miséria, a vio-
lência e o desordenamento do território.

- Desorganização das economias locais/regionais, pois as pessoas perdem o suporte da sua actividade
(solo), aumentando ainda mais a pobreza e miséria humana.

- Perca de Biodiversidade, uma vez que ficam “comprometidas” espécies vegetais e por inerência, as
animais, sustentadas pelo solo.

- Assoreamento de Cursos de Água, já que a desertificação dos solos deixa-os mais expostos aos agen-
tes erosivos. Multiplica-se o arrastamento dos solos (ex. enxurradas ou vento) até cursos de água/bacias de
recepção, assoreando-os (ex. albufeiras de barragens).

O Abate de Árvores – A Desflorestação


As florestas cobrem cerca de
30% da sua superfície da Terra, mas
desde 1990, segundo a FAO, já se per-
deu cerca de 3% dessa área. Esses valo-
res são alarmantes, considerando que
desde 1960 o planeta perdeu 1/5 das
suas florestas tropicais. A perda traduz-
se na diminuição das fontes de sustento
de animais e do próprio Homem.
Mais de dois terços do total de
florestas mundiais localiza-se em apenas
dez países: Rússia, Brasil, Canadá, EUA,
China, Austrália, RD do Congo, Indoné-
sia, Angola e Peru.

Entre as principais causas da desflorestação contam-se: pragas de insectos e doenças; incêndios; pasto-
reio intensivo; exploração de madeira; poluição atmosférica; conquista de áreas para a urbanização; etc. Por

71
detrás deste cenário há um quadro social que convém realçar: a pobreza, o crescimento demográfico e as políti-
cas económicas dos governos/empresas que exploram as florestas.
Este quadro social crítico é muito comum em áreas do globo onde existem densas florestas e densa
concentração demográfica, onde abundam problemas como a pobreza (ex. sudeste asiático, América do Sul e
centro de África).

Entre uma das mais graves consequências


que podem advir da desflorestação encontra-se o
“Aquecimento Global” do planeta, dado que, as
florestas são reservatórios naturais de Dióxido de
Carbono, absorvendo-o e “reciclando-o” por oxigé-
nio. Uma redução da área florestada do globo pres-
supõe um aumento da concentração de CO2 na
atmosfera, sendo este o gás que mais contribui
para o “Aquecimento Global”.
Para além disso, a desflorestação leva, em
muitos casos, à expansão das áreas de deserto
árido, o que seria ainda mais agravado, caso a tem-
peratura do planeta subisse consideravelmente.
Mais mediática é a extinção de muitas espécies
animais associada à redução das áreas de floresta que constituem os seus habitats naturais.
O combate a este problema passa, acima de tudo, pela consciencialização pública e por uma efectiva
política de preservação dos recursos florestais (ex. equilibrar o abate de árvores com a sua reflorestação; reabi-
litar áreas florestais “degradadas”; proceder à limpeza/ordenamento de espaços florestais, etc.).

3.2. PROBLEMAS AMBIENTAIS: A HIDROSFERA

O Planeta Terra é maioritariamente constituído por água (70 % da superfície do globo). A água efectua
um ciclo na atmosfera através do qual se renova e sustenta toda uma cadeia de vida à sua volta: o Ciclo da
Água. Através dele a água em estado líquido evapora (passa a vapor), sobe à atmosfera, condensa (torna ao
estado liquido ou sólido), precipita-se sobre a terra, podendo ficar à sua superfície (ex. nos lagos, rios, mares,
oceanos) ou infiltrar-se até aos lençóis freáticos.
A água está presente por toda a parte: na constituição dos seres vivos; na atmosfera (ex. vapor de
água); nos oceanos, mares, rios, lagos, etc., em processos biológicos como a respiração dos seres vivos e a
fotossíntese; em práticas como a agricultura, indústria e actividades domésticas; na produção de energia; nos
transportes, etc.

No entanto essa é uma abundância aparente dado que 97% do total de água do planeta é salgada
(oceanos) e dos 3% de água doce, mais de 77% é água presente sob a forma de gelo (ex. Antárctica, Glaciares,
etc.), 22% são águas subterrâneas (nem sempre fáceis de capturar) e menos de 1% são águas superficiais (rios,
lagos, lagoas, etc.) - mesmo assim, grande parte dela não é consumida por ser poluída ou inacessível.

72
A distribuição global da água é extremamente irregular, variando em função das características climáticas das
diferentes áreas do globo:
- Bastante abundante: latitudes equatoriais e tropicais húmidas (onde há grande evaporação e precipi-
tação), caso da área da Amazónia e de STP;

- Bastante reduzida: latitudes tropicais (onde há reduzida precipitação e são mais propicias as caracte-
rísticas áridas e desérticas), caso do norte de África e Médio Oriente;

- Variável: caso das latitudes temperadas, em que a disponibilidade de água depende, fundamental-
mente, de padrões sazonais. É o caso das áreas mediterrâneas que, em regra, apresenta, abundância de água
durante o Inverno e escassez no Verão.

Na verdade, o problema da escassez de água potável é uma triste realidade que afecta grande parte do
globo, pois cerca de 18% da população mundial não tem acesso a água potável (Países Árabes: 21%; África Sub-
saariana: 48%; Sudeste asiático e Pacífico: 35%; Ásia Oriental: 32%; América Latina e Caraíbas: 23%) e cerca de
33% do mundo vive em stress hídrico. As dificuldades no acesso à água potável devem-se, entre outras causas:

73
- Aos custos da sua captação, tratamento
e transporte (sobretudo em PMD);
- Dificuldades em evitar a sua poluição
(ex. rios da China);
- À sua escassez em determinadas áreas
do planeta (norte de África e Médio Oriente).

O problema da escassez da água potável é consideravelmente maior nos PMD, onde a captação e tratamento
de água são dificultadas pelas difíceis condições económicas. Em certas áreas de África, em média, uma pessoa
gasta 3 horas por dia para ir “angariar” água.
A disputa pelo controlo da água tem, frequentemente, gerado situações de conflito ou guerras entre
países. Em parte, a disputa entre Israel e os países árabes tem como fundamento o domínio dos Montes Golã,
donde provêm as principais fontes de abastecimento de água potável da região. Crê-se que o século XXI venha a
ser marcado por guerras, não pela posse do petróleo (ex. Iraque), mas da água.
Cerca de 45% dos recursos de água são transfronteiriços, gerando desavenças entre os estados que os
gerem (ex. Portugal/Espanha; países à volta dos lagos Chade e Vitória; etc.). Daí a necessidade de uma coopera-
ção entre estados na gestão e partilha deste recurso, o que nem sempre se consegue.

A Qualidade da Água Potável disponível no Planeta


Ao problema da escassez de água potável junta-se o do défice de qualidade de muita da água disponí-
vel. Isto acarreta sérios problemas, uma vez que:
- A água é um meio fortemente propício à propagação de doenças e epidemias (ex. diarreia, hepatite, den-
gue, Peste Negra). Diariamente, morrem cerca de 10 000 pessoas devido à ingestão de água poluí-
da/contaminada;
- A qualidade e quantidade de água potável tende a diminuir dado que: a população mundial não para de
aumentar; a melhoria das condições de vida das pessoas está associada a um consumo extravagante de água;
tendem a multiplicar-se as actividades antrópicas que requerem o consumo exagerado de água (ex. piscinas,
banhos “exóticos”, etc.); a verificar-se um “aquecimento global” com a subida do nível médio do mar, verificar-
se-ão situações de salinização de águas doces e aquíferos por invasão de água salgada dos oceanos.

Na origem do problema da poluição/contaminação da água encontram-se uma série de actividades antrópicas,


das quais se destacam:
- Efluentes lançados pela indústria, pecuária, agricultura e actividades domésticas para linhas de água
(rios, ribeiras, lagos, lagoas, etc.). O problema deve-se ao facto destes efluentes não serem tratados antes de
serem enviados para as linhas de água;
- Nutrientes adicionadas à Água e que alteram as suas características naturais, caso dos pesticidas e
fertilizantes, responsáveis, por exemplo, pela eutrofização.
- Exploração Mineira que por vezes deixa a céu aberto minas que vão contaminar da água que por ali
passe, podendo depois essa água infiltrar-se até aquíferos subterrâneos ou mesmo juntar-se a linhas de água
superficiais.

74
Refira-se que, por sectores de actividade, a agricultura é a actividade que acarreta maior consumo de
água (cerca de 69% do total de água utilizada), seguindo-se a indústria com 21% e depois as actividades domés-
ticas com 10%).
Outrora grandes lagos como o Lago Chade em África e o Mar Aral na Rússia perderam mais de 2/3 das
áreas lacustres que possuíam face a 1960, devido sobretudo, à exploração irracional de água para práticas agrí-
colas inadequadas. Com elas diminuiu a humidade atmosférica, a florestação e as perspectivas de subsistência
das pessoas, animais e plantas daquelas áreas. Por exemplo, os Grandes Lagos da América do Norte estão hoje,
fortemente poluídos e eutrofizados.
São várias as soluções capazes de garantir uma maior disponibilidade, em quantidade e qualidade, de
água potável, entre elas:

- Tratamento de Água imprópria para Consumo: fervura, filtração, adição de compostos químicos;
construção de ETAR, ou seja, Estações de Tratamento de Águas Residuais que procedem à limpeza de águas
residuais; dessanilização de água salgada, com a transformação de água salgada em água doce potável - proces-
so muito comum em áreas de forte escassez de água potável, caso do Médio Oriente, mas que exige avultados
custos;

- Racionalização do Consumo de Água: desde simples tarefas (ex. no duche, lavar dentes, lavar o carro,
etc.), até grandes questões como os processos de rega na agricultura (utilização de sistemas de rega gota a
gota); combate ao desperdício, por exemplo, através de um aumento do preço do consumo de água (medida
polémica);
- Construção de Barragens, o que garante reservas de água extraordinárias e proporciona ainda a pro-
dução de energia hidroeléctrica. No entanto acarretam alguns impactos negativos, pois aumentam a evapora-
ção na área, interrompem a migração de espécies de peixes (ex. salmão), levam à submersão de vastas áreas,
reduzem a fertilização das terras a jusante da barragem por sedimentos naturais, levam ao défice de areias e
sedimentos ao longo das costas, etc.

75
Poluição da Água dos Mares/Oceanos
Os mares e oceanos são vitais para o equilíbrio do planeta. Entre outros aspectos, eles proporcionam
recursos (ex. peixe e sal), regulam a temperatura do globo (são os principais armazenadores de CO2 do globo),
impulsionam o ciclo da água, são fundamentais à regeneração de toda a água que circula entre as três esferas
do planeta, fornecem uma imensa biodiversidade em flora e fauna (espécies de peixes e plantas marinhas), etc.

Os mares e os oceanos também estão sujeitos à poluição e contaminação das suas águas. Entre as actividades
que mais contribuem para isso estão: os esgotos directamente canalizados para os mares/oceanos, sem que
sejam alvo de qualquer tratamento; o lixo deitado de forma directa sobre o mar, como se este fosse um caixote
de lixo; os poluentes que atingem os mares, provenientes das linhas de água (ribeiras, rios, etc.), o impacto do
turismo balnear (ex. embarcações de recreio, lixo, etc.); o impacto da pressão urbanística sobre o litoral e a
libertação de hidrocarbonetos sobre as águas marinhas, através, por exemplo, da lavagem de tanques dos
navios ou por acidente - marés negras.

76
Estudo de Caso

Lagos que encolhem

A pressão sobre os recursos hídricos leva à descida das toalhas freáticas e também afecta os rios e lagos.
O lago Chade e o Mar Aral exemplificam algumas das consequências da construção de barragens para abaste-
cimento de projectos de irrigação.

Doc 1 – Lago Chade em extinção


Quando estava cheio, o lago Chade era o sexto maior do mundo, estendendo-se entre as frontei-
ras do Chade, Nigéria, Camarões e Níger. Actualmente, o lago Chade tem um décimo da dimensão que
tinha há 40 anos.
A escassez de chuvas e a seca foram factores importantes, mas a intervenção humana também.
Estre 1966 e 1975, quando o lago encolheu um terço, a culpa coube quase exclusivamente à ausência de
precipitação. Mas entre 1983 e 1994, a procura da irrigação quadruplicou, reduzindo rapidamente um
recurso já de si diminuído e provocando uma rápida quebra dos caudais dos principais rios que abastecem
o lago, através da construção de barragens e diques.
À medida que o lago foi encolhendo, intensificou-se a competição entre pastores nómadas e os
agricultores sedentários, pela posse da água e do peixe. Novas disputas territoriais começaram a surgir à
medida que as comunidades ribeirinhas, pela posse da água e do peixe. Novas disputas territoriais come-
çaram a surgir à medida que as comunidades ribeirinhas se foram transferindo para zonas mais próximas
da água, tendo atravessado e ocupado áreas antes cobertas pelo lago e onde não existiam fronteiras ter-
restres estabelecidas.

Adaptado de
RDH, 2006

1. Compara a dimensão do lago Chade em 1963 e 2006.


2. Refere as causas apontadas para a dimensão da área do lago Chade.
3. Indica as principais consequências deste problema ambiental.

77
Doc 2– A morte de um mar
Há meio século, os dirigentes da união Soviética consideraram que o Sirdária e o Amudária, os
grandes rios da Ásia Central, estavam a ser desperdiçados. Estes rios transportavam as águas das neves
derretidas provenientes das montanhas mais altas da região até à bacia fechada do mar Aral, então o
quarto maior lago do mundo. O desvio das águas para o sector produtivo era encarado como uma via
para a criação de mais riqueza, sendo a perda do mar Aral um pequeno preço a pagar pelo facto.
O desvio de águas destinadas à plantação de algodão, através de um sistema de irrigação inefi-
caz, acabou por estrangular o mar Aral. Noas anos 90, ele recebia menos de um décimo do seu caudal
anterior – e, por vezes, nem isso. No final da década, o seu valor encontrava-se 15 metros abaixo dos
valores registados em 1960 e acabou por se transformar em dois mares pequenos e altamente salinos,
separados por uma ponte de areia.
A morte deste mar constituiu uma catástrofe social e ambiental que a independência dos Estados
da Ásia central não evitou. A ausência de cooperação acabou por levar a uma deterioração gradual dos
indicadores de subsistência, saúde e bem-estar. A produção de algodão caiu em cerca de um quinto, des-
de o início dos anos 90, mas o consumo excessivo de água mantém-se. A perda de quatro quintos de
todas as espécies de peixe arruinou uma indústria pesqueira outrora florescente nas províncias pesquei-
ras. As consequências para a saúde foram igualmente negativas – parte da população dos três países
recebe água contaminada com agroquímicos, imprópria para consumo humano; as taxas de mortalidade
infantil são elevadas; uma percentagem significativa da população sofre doenças crónicas.

Adaptado de Relatório de
Desenvolvimento Humano, 2006

Quando estava cheio, o lago Chade era o sexto maior do mundo, estendendo-se entre as fronteiras do
Chade, Nigéria, Camarões e Níger. Actualmente, o lago Chade tem um décimo da dimensão que tinha há
40 anos.
A escassez de chuvas e a seca foram factores importantes, mas a intervenção humana também. Estre 1966
e 1975, quando o lago encolheu um terço, a culpa coube quase exclusivamente à ausência de precipita-
ção. Mas entre 1983 e 1994, a procura da irrigação quadruplicou, reduzindo rapidamente um recurso já de
si diminuído e provocando uma rápida quebra dos caudais dos principais rios que abastecem o lago, atra-
vés da construção de barragens e diques.
À medida que o lago foi encolhendo, intensificou-se a competição entre pastores nómadas e os agriculto-
res sedentários, pela posse da água e do peixe. Novas disputas territoriais começaram a surgir à medida
que as comunidades ribeirinhas se foram transferindo para zonas mais próximas da água, tendo atraves-
sado e ocupado áreas antes cobertas pelo lago e onde não existiam fronteiras terrestres estabelecidas.

4. Identifica os países afectados pela “morte” do mar Aral.


5. Enumera as principais causas e consequências desta catástrofe social e ambiental.

78
As Catastróficas Marés Negras

As marés negras podem gerar-se por rupturas, fugas ou acidentes no transporte de combustíveis por
petroleiros (risco maior em embarcações velhas ou de casco simples), mas também em plataformas de explora-
ção de petróleo ou devido a lavagens de tanques dos navios em alto mar.
Essas substâncias não se misturam na água e permanecem à sua superfície com um ritmo de dispersão
muito lento. As marés negras são manchas enormes (vários km de diâmetro) de combustível extremamente
prejudiciais à fauna e flora marinhas, provocando gravíssimas catástrofes ecológicas.
Entre as muitas consequências podem citar-se: a afectação da fotossíntese da flora aquática (não permite a
penetração de radiação solar até às plantas aquáticas); a degradação das áreas costeiras, contaminando praias,
arribas, dunas; a morte de espécies de fauna e flora aquática, caso dos peixes, anfíbios (ex. tartarugas), aves
marinhas e mamíferos (ex. lontras); enormes prejuízos económicos, nomeadamente para a pesca, turismo,
ambiente, etc.
Entre as mais devastadoras catástrofes ecológicas destas: a do petroleiro Exxon Valdez no Alasca em
1989 (morte de recifes de coral e de milhares de aves, lontras, etc.); o Torrey Canyon em 1967 e a do Prestige
na Galiza em 2002 (poluição do litoral; morte de aves, peixes, marisco, etc.).▼

O problema é acrescido pela dificuldade em identificar o país a que pertencem as embarcações envolvi-
das (problema das bandeiras ou “pavilhões” de conveniência), assim como pelo facto de existirem as correntes
marinhas que deslocam as manchas poluentes para longe dos locais de origem. Pior, a interligação entre as
várias esferas terrestres através do “ciclo da água” encarrega-se de dispersar ainda mais a onda de poluição.
Entre as muitas soluções possíveis para reduzir estas ocorrências poderia contar-se uma maior preven-
ção e vigilância com legislação mais rígida sobre situações destas e maior. Cooperação internacional no controlo
do transporte desses produtos.
Entre as áreas mais afectadas por este flagelo estão: Mar Mediterrâneo (transporte de combustível
entre Médio Oriente e Europa), Oceano Atlântico (grande circulação de navios) e o Mar do Norte (área de forte
produção e extracção de petróleo).

79
Estudo de Caso

Prestige, o último grande derramel?

A maior maré negra registada no início do século XXI foi a do navio Prestige, ao largo da costa espanhola
da Galiza, muito próximo de Portugal Continental.

1. Refere as causas que contribuíram para que o derrame do Prestige fosse considerado a pior catástro-
fe ecológica registada na Galiza, com base no documento.
2. Comenta a actuação das autoridades espanholas nos dias anteriores ao do naufrágio do navio.

80
Doc 2 – As Marés Negras
O tráfego de petróleo por via marítima está na origem de uma poluição mais graves dos oceanos e mares – as
marés negras. Estas devem-se a derrames acidentais, durante as operações de carga e descarga ou devido a
colisões, a rombos nos cascos dos navios e a naufrágios, mas também a lavagens ilegais dos depósitos em
mar alto e ao largo da costa. Por vezes, as marés negras têm origem em fugas de plataformas petrolíferas.

O petróleo não se dissolve na água – flutua à superfície ou próximo desta. Por isso, impede o desenvolvimen-
to do fitoplâncton e afecta moluscos, crustáceos, peixes, aves e mamíferos marinhos. Estes dois últimos gru-
pos de seres vivos são muito afectados – as aves ficam impregnadas e as suas penas ganham permeabilidade,
o mesmo acontecendo com o pelo dos mamíferos marinhos. Como resultado, os animais ficam mais pesados
e afogam-se. Também ocorrem mortes por envenenamento, devido à ingestão directa de petróleo ou por
inalação dos compostos que contaminam a atmosfera.
Quando as marés negras atingem as zonas costeiras, os seus efeitos tornam-se ainda mais catastróficos. Além
de destruírem a flora e a fauna, provocam enormes prejuízos à pesca e têm um forte efeito negativo na acti-
vidade turística, já que os detritos petrolíferos, de remoção difícil, impedem durante muito tempo a utilização
das praias.

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O Problema da Sobreexploração dos Recursos Marinhos
Este é um problema que diz respeito à pesca intensiva, muito para além da capacidade de renovação
das espécies, pondo em risco a sua regeneração (ex. espécies como a sardinha, bacalhau, peixe-espada, baleia,
etc.). A pesca hoje assume, não raras vezes, características industriais, havendo navios - fábrica de conserva de
peixe onde este é capturado e enlatado em alto mar), não se respeitando os limites necessários à protecção das
espécies.
Mais uma vez aqui se exigem medidas (legislação) de protecção das espécies, entre elas o controlo do
tamanho das malhas de pesca, a proibição ou definição de cotas para a captura de espécies ameaçadas de
extinção (ex. baleia) e uma maior vigilância das ZEE (Zona Económica Exclusiva) dos países, de modo a evitar a
pesca ilegal.

81
3.3. PROBLEMAS AMBIENTAIS: A ATMOSFERA

As actividades humanas estão a provocar alterações na atmosfera a um ritmo sem precedentes como con-
sequência do aumento da poluição. Essas alterações estão a pôr em risco o equilíbrio bioclimático do planeta.

Os problemas que afectam a atmosfera terrestre podem CONCEITOS


ser específicos de certas áreas. Por exemplo, o problema do
Atmosfera – é a camada gasosa que
“Buraco do Ozono” é evidenciado ao nível da Estratosfera, ao invés, o
envolve a Terra e na qual estão concen-
Smog é característico da Troposfera. Questões como o “Aquecimento
trados gases indispensáveis à vida que o
Global” e as Chuvas Ácidas são fenómenos que, dependendo de cer-
planeta suporta. Apresenta quatro cama-
tas características específicas (ex. áreas onde se formam; forma como das distintas: Troposfera (da superfície até
ocorrem), afectam diferentes áreas da atmosfera. aos cerca dos 12 Km); Estratosfera (dos 12
Porém e porque a concentração de gases e poeiras na origem aos 50 Km); a Mesosfera (dos 50 aos 80
dos fenómenos atmosféricos se encontra, quase na sua totalidade, Km); Termosfera (acima dos 80 Km).
nas camadas mais superficiais da atmosfera, é nestas que os proble-
mas são mais comuns.
Muitos cientistas confirmam: as emissões de gases perturbadores do efeito de estufa (gás carbónico, metano,
óxido de azoto) continuam a aumentar. As concentrações destes gases na atmosfera são cada vez maiores, con-
tribuindo para a alteração do equilíbrio térmico do planeta, cuja principal consequência será o aumento médio
da temperatura do planeta entre 1,40C e 5,80C até ao ano 2100.

Para estabilizar imediatamente a concentração destes gases aos níveis actuais, o que não impedirá uma altera-
ção ao clima da Terra, é necessário reduzir sem demora as emissões mundiais em 50 a 70%, o que não é realis-
ta, como ficou demonstrado nos sucessivos fracassos das conferências mundiais sobre o clima (Rio 92 ou Quioto
97).

Desde o início da Revolução Industrial, a concentração do CO2 na atmosfera aumentou 25%, verificando-se
também aumentos significativos de metano (CH4), de clorofluorcarbonetos (CFC), de óxido nítrico (NO2), de
azoto troposférico e de outros gases de poluição. O CO2 é responsável por grande parte das perturbações verifi-
cadas no efeito de estufa, assim denominado porque estes gases absorvem o calor, impedindo a dispersão das
radiações infravermelhas emitidas pela superfície terrestre e deste modo aumentando a temperatura na cama-
da inferior da atmosfera acima do que seria normal.

O Problema do “Buraco do Ozono”


O Ozono é um gás que se forma na atmosfera quando se combinam 3 átomos de oxigénio. Entende-se
por “Camada de Ozono” a extensão da atmosfera entre os 15 e os 40 Km de altitude, em plena Estratosfera
(camada desde os 12 Km de altitude até cerca de 50 Km), em especial, num sector entre os 20 e os 25 km de
altitude, na designada Ozonosfera.
Considera-se como “buraco” as áreas, cuja concentração de ozono está abaixo do normal. Áreas deste
tipo foram descobertas no início da década de 1980 sobre a Antárctica e em 1998 já se estendiam por uma
superfície de milhões de km2. Ao longo dos anos 80, foi-se confirmando a redução progressiva da concentração
de ozono na Estratosfera, o que facilita a entrada das radiações UV até à superfície terrestre.
Sabe-se que a acção do Homem hoje conduz a efeitos a longo prazo (décadas), pelo que o “buraco de
hoje” é o resultado da acção do Homem à décadas atrás. Quando os cientistas detectaram o problema, desde
logo procuraram as suas causas e as associaram à libertação de CFC’S (Clorofluorcarbonetos). Isto porque, com-
postos de cloro e bromo foram, desde cedo, detectados em excesso na Estratosfera.

82
O problema resulta da reacção, na Estratosfera, de moléculas de ozono com radicais de bromo ou cloro
(existentes nos CFC’s). Outros gases como o óxido de azoto
(NO) libertado pelos aviões na estratosfera, também con-
tribuem para essa destruição. As moléculas desses poluen-
tes sobem até à Estratosfera, onde os raios UV do sol são
mais frequentes. Esses raios quebram as partículas dos
CFC’s e libertam os átomos de cloro e bromo que vão des-
truir o ozono. Não há percas de ozono sem a presença de
radiação solar.
As percas de ozono foram inicialmente verificadas
sobre a Antárctica, detectando-se também danos, embora
menores, nas latitudes médias e no Pólo Norte. Em todo o
mundo as massas de ar circulam, pelo que os poluentes
viajam transportados pelas massas de ar. Isto explica porque, apesar dos gases que prejudicam a camada de
ozono serem emitidos em cer-
ca de 90% no hemisfério norte
(resultantes da actividade
humana) é na Antárctica ▼
(hemisfério sul) que a perca de
ozono na Ozonosfera é maior.
Na Antárctica, devido ao imen-
so frio, essa circulação de ar
não ocorre e os poluentes
ficam aprisionados.
O ozono funciona
como filtro da radiação ultra-
violeta, havendo naturalmente
raios destes que ainda assim
atingem a superfície terrestre.
Ao absorve-los o ozono destrói-
se. A constante redução de O3
na Ozonosfera faz aumentar,
significativamente, a percenta-
gem de raios ultravioletas (UV)
que, não sendo destruídos pelo
O3, atingem a superfície.
Esses raios ao atingi-
rem a Terra vão promover a
destruição das proteínas e do
ADN, provocando cancro de
pele, cataratas, alterações no
sistema imunitário, danos nas
colheitas, nos peixes e no
plâncton de que se alimentam.
O único método conhecido de protecção da camada do ozono é limitar a emissão dos produtos que o
danificam, sobretudo CFC’s e substitui-los por outros menos nocivos. Assim sendo, mais de 60 países assinaram,
em 1987, o Protocolo de Montreal, comprometendo-se a reduzir em 50% o uso de CFC’s até finais de 1999.
O Protocolo de Montreal tem dado bons resultados, registando-se uma diminuição dos CFC’s na Estra-
tosfera após um máximo registado entre 1992/94. Alguns cientistas dizem que o “buraco” sobre a Antárctica

83
poderá “fechar” em 2050, resultado das reduções na emissão. Antevê-se que uma reconstituição total da espes-
sura da “camada” possa demorar décadas.

O Problema do Smog Fotoquímico ou Poluição Troposférica

O problema do smog fotoquímico ►(concentração de poluen-


tes nas baixas camadas da atmosfera, sendo o ozono o mais grave
deles) é uma realidade em muitas áreas do globo e está intimamente
relacionado com as actividades antrópicas. Em muitas cidades de hoje
(ex. México, Los Angeles, Londres, etc.) são registados índices muito
significativos de poluentes, tais como ozono, dióxido de enxofre e de
azoto, monóxido de carbono e óxidos de azoto.
A combustão de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás
natural) é culpada por grande parte destes poluentes. Outras grandes fontes de poluição incluem siderurgias,
incineradoras, refinarias de petróleo, industrias, veículos a motor (sobretudo automóveis), as chaminés domés-
ticas e os incêndios florestais.
A poluição, quando concentrada, acaba por misturar-se com a atmosfera. O grau de mistura depende,
para além da natureza do poluente, de
uma série de factores, entre eles a
movimentação das massas de ar (trans-
porta os poluentes), o vento fraco ou
ausente (dificulta a dispersão desse
poluente) e os fenómenos de inversão
térmica (reduzem a dispersão da polui-
ção e podem, em casos extremos, causar
mortes – 4 000 em Londres em 1952).

As consequências do smog podem dar-se ao nível da saúde humana e do meio ambiente. Sobre a saúde do
Homem podem contar-se: tumores malignos na laringe, traqueia, brônquios e pulmões; infecções nas vias respi-
ratórias; asma; insuficiência cardíaca; bronquite crónica; etc. (os mais sujeitos são as crianças, asmáticos e doen-
tes).
No meio natural os efeitos podem estimular a formação de chuvas ácidas, gerar consequências sobre
espécies vegetais (ex. impedem a realização da fotossíntese). Por último, o smog contribui para a absorção da
radiação terrestre, sendo considerado um gás que contribui para o “efeito de estufa”.
Pela sua nocividade, têm vindo a ser estabelecidas pelas entidades, normas de qualidade do ar associa-
das a este problema, cabendo às autoridades esclarecer a população sobre as outras causas (poluição atmosfé-
rica, circulação automóvel combustões industriais, fogos florestais). As soluções passam pela redução da emis-
são desses gases (ex. filtros nos carros e chaminés de fábricas) ou pela aposta em energias limpas.

84
O Problema do Efeito de Estufa ou Aquecimento Global

O Efeito de Estufa é a forma que a Terra tem para manter constante a temperatura propícia à vida. Cer-
ca de 35% da radiação que recebemos do Sol vai ser reflectida de novo para o espaço, ficando os outros 65%
retidos na atmosfera. Isto deve-se ao efeito de certos gases que absorvem essa radiação, caso do dióxido de
carbono (CO2), metano (CH4), óxidos de azoto (NO) e do ozono (O3).
Esta absorção permite que, durante a noite (ausência de radiação solar) a Troposfera mantenha uma
temperatura equilibrada que permita a vida na Terra. Doutro modo, o Planeta sufocaria durante o dia (toda a
radiação solar atingia a superfície do planeta) e gelaria durante a noite (não haveria acumulação de calor que
pudesse contrapor a ausência de radiação solar).
O aquecimento global é o aumento da temperatura do planeta e tem vindo a preocupar, cada vez mais
a comunidade científica. Pensa-se que é devido ao uso de combustíveis fósseis e outros processos a nível indus-
trial, que levam à acumulação na atmosfera de gases que são responsáveis por um exacerbado processo de
“efeito de estufa”.
Na realidade, desde 1850 temos vindo a assistir a um aumento gradual da temperatura global, algo que
pode também ser causado por uma flutuação natural (ex. erupções vulcânicas; as idades do gelo foram geradas
por alterações na intensidade da radiação solar e a variações na distância entre a Terra e o Sol, etc.). Tais flutua-
ções naturais sempre ocorreram ao longo da história da Terra. Mas também é possível (e talvez mais provável)
que as mudanças actuais se devam à actividade humana.
Na origem deste problema está, obviamente, a libertação de certos gases pelas actividades antrópicas.
Os principais gases responsáveis por este problema são: metano, óxidos de azoto/nitrogénio e, principalmente,
o dióxido de carbono. Esses gases são libertos de actividades naturais como os vulcões, a decomposição de
matéria vegetal, o estrume de certos animais, etc. Contudo, são as actividades do Homem à superfície que pro-
movem uma libertação excessiva. Entre as actividades responsáveis contam-se: a queima de combustíveis fós-
seis (ex. nas industrias, veículos a motor, certas práticas agrícolas (ex. produção de arroz); certas actividades
domésticas (ex. lareiras), fogos florestais, etc.
Tal como no processo natural do “efeito de estufa”, estes gases vão promover a retenção da radiação
solar na atmosfera. Uma vez que estes gases se encontram na atmosfera em proporções muito superiores às
que seria de esperar, vão aumentar o processo de retenção da radiação solar. Como tal, dá-se um excesso de
calor acumulado na atmosfera, o que obviamente, conduz a várias alterações sobre o equilíbrio natural do pla-
neta.
A concentração de dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado anualmente devido, sobretudo, à
utilização dos combustíveis fósseis a partir da R.I. e incrementada,
de forma incrível, com o decorrer do século XX. Até a destruição
das florestas (reservatórios naturais de CO2) leva ao excesso de
CO2 na atmosfera. Os países que mais poluem são: EUA, China,
Europa, Rússia, etc.
A emissão de gases de efeito de estufa parece estar a pro-
duzir um aumento da temperatura global, com efeitos piores que
quaisquer efeitos provocados por flutuações naturais. Tem-se
assistido a um incrementar “catástrofes naturais”, indirectamente
causadas pelo Homem: secas; chuvas intensas em áreas inespera-
das; furacões (►); tornados; etc. Na sequência disto, deslizamentos
de terras, erosão/lixiviação dos solos, danos irreversíveis sofre a fauna e flora; etc.

Uma das consequências mais temidas relaciona-se com o suposto degelo das calotes polares (►) que
faria subir o nível médio das águas do mar. Isto poderia trazer consequências desastrosas sobre muitas áreas

85
litorais do planeta. Contudo, refira-se que muitas vezes esta questão é tratada, em demasia, à luz dos funda-
mentalismos ou sensacionalismos jornalísticos.

O problema só pode ser resolvido com a diminuição das emissões destes gases para a atmosfera. Foi
com esse intuito que em 1997 a comunidade internacional assinou o Protocolo de Quioto que estabelece objec-
tivos para a redução das emissões. Este acordo continua a ser muito falado, uma vez que países como os EUA e
a Austrália (dois dos maiores poluidores) se recusam a assiná-lo, para não prejudicarem as suas economias.
Recentemente (Dezembro de 2009) reuniram-se em Copenhaga os líderes de quase 200 países com
objectivo de firmar um acordo global de limitação das emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE). Infelizmen-
te, o acordo saldou-se por novo fracasso, pois os maiores poluidores não querem prejudicar as suas economias
à conta de preocupações ambientais.

O Problema das Chuvas Ácidas


A partir de 1860, começaram a ser observadas, na Inglaterra e na Escócia, as chuvas "negras", escureci-
das pelas substâncias poluidoras. Refira-se que a chuva já é, por si só, ligeiramente ácida, devido à dissolução do
dióxido de carbono atmosférico na água, mas só se considera chuva ácida quando o seu PH (índice que indica a
acidez) é menor que 5.
Este valor de pH é devido à mistura com a água de gases como o CO2, o dióxido de enxofre e de azoto.
Quando a chuva se torna ácida, ela adquire um efeito corrosivo para a maioria dos metais, para o calcário e
outras substâncias.
A chuva ácida é provocada, principalmente, pela indústria e pela circulação automóvel que queimam
combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Parte desta poluição circula na atmosfera e mistura-se com o
vapor da água e forma as ditas chuvas ácidas. Em contacto com o vapor de água da atmosfera esses poluentes
podem produzir outras substâncias: o dióxido de enxofre, reagindo com a água gera ácido sulfúrico; o dióxido
de azoto/nitrogénio, pode produzir o ácido nítrico. As
duas substâncias são tóxicas e muito prejudiciais (►).
São os PD que mais poluem e que mais contri-
buem para a formação dessas chuvas. Mas e porque os
ventos varrem o globo e transportarem poluentes que
provocam a acidificação, por vezes não são os poluidores
os afectados, mas aqueles que a grandes distâncias nada
contribuíram para isso.
As chuvas ácidas são um grave problema com
sérias consequências: modificação das propriedades
químicas dos solos e das águas (devido à sua composi-
ção, estas chuvas alteram a composição química do solo,
envenenam os cursos de água, fauna e flora, atingindo a
cadeia alimentar, sendo ainda responsáveis pela corro-
são de metais e edifícios) e destruição das florestas (queimando as folhas das árvores – ex. Florestas Negras da
Alemanha).
Quando a precipitação atinge rios e lagos, pode tornar fontes de água potável imprópria para consumo
e matar peixes e outros organismos. Na Suécia, milhares de lagos ficaram ácidos e em grande parte deles os
peixes desapareceram. A água contaminada, se consumida por pessoas, provoca problemas de saúde. Os impac-
tos estendem-se à agricultura.

86
A nível de saúde humana, para além de todos os danos que advêm
dos impactos sobre o ambiente, causam e agravam muitas doenças do
foro respiratório, hipertensão, problemas renais e sobretudo nas crianças,
danos cerebrais. Podem até, conduzir à morte.
A chuva ácida também ajuda a corroer os materiais usados nas
construções, destruindo, por exemplo, monumentos históricos, sobretudo
os que são constituídos por materiais como o calcário ou o mármore (ex.
Acrópole de Atenas e o Coliseu de Roma).

Actualmente é muito difícil acabar completamente com esse


fenómeno, pois significaria enfrentar interesses industriais e políticos. A
solução seria controlar a emissão de poluentes que as provocam – sobre-
tudo, o dióxido de enxofre e de azoto. Essa meta foi adoptada por vários
países através do “Clube dos Trinta por Cento” em 1984, que procurou
diminuir as emissões desses poluentes em 30%. Para reduzir a queima de
combustíveis é necessário mudar as fontes de energia utilizadas nas activi-
dades antrópicas, ou seja, é fulcral apostar em energias alternativas, reno-
váveis e “limpas”.

Outras medidas, menos radicais, passariam pela utilização obrigatória


de filtros catalisadores nos escapes dos automóveis, pelo reforço da utilização
dos transportes públicos e pela maior fiscalização dos emissores de poluentes
(veículos, industrias, etc.).

87
Estudo de Caso

Bancos de água a derreter

Actualmente, quase todos os glaciares de montanha estão a derreter rapidamente. O fenómeno tem
sido observado em muitas regiões e cordilheiras – Alasca, Montanhas Rochosas, Andes, Patagónia, Pirenéus,
Alpes, Cáucaso, Himalaias, etc – e pode ter consequências graves.

1. Explica a importância dos glaciares do Tibete e dos Himalaias.


2. Identifica os rios cuja nascente se localiza no Tibete ou nos Himalaias.
3. Refere os principais efeitos do degelo dos glaciares previstos para o Paquistão.

88
Estudo de Caso

Tuvalu, o primeiro condenado


Tuvalu é um país insular da Oceânia, formado por nove pequenas ilhas distribuídas de noroeste para
sudeste, numa extensão de quase 700 km, a sul do Equador, entre a Austrália e o Havai. No total são cerca de
26 km2, cuja elevação máxima é de apenas 5 metros. Esta circunstância faz temer que Tuvalu seja o primeiro
país a desaparecer, devido à subida das águas do Pacifico.

1. Refere as principais características do território de Tuvalu.


2. Indica as consequências da subida das águas do Pacifico que já se fazem sentir em Tuvalu.
3. Comenta a atitude do governo da Nova Zelândia perante o acolhimento dos refugiados tuvaluanos.
4. Debate, na turma, o último parágrafo do documento.
89
3.4. PROBLEMAS AMBIENTAIS: A PERDA DE BIODIVERSIDADE

Apesar de vivermos o período mais rico em termos de biodiversidade, prevê-se que o mundo perca 2 a 7% das
suas espécies nos próximos 20 anos, ao ritmo de 20 a 75 espécies por dia (atendendo apenas às espécies identi-
ficadas).

De qualquer modo, é difícil calcular a dimensão das perdas, se atendermos ao número de espécies que estão
identificadas e que se calcula que representem apenas 4% do total estimado.

As causas da degradação incessante dos ecossistemas naturais CONCEITOS


do planeta que atentam contra a biodiversidade são: Biodiversidade – designa a variabili-
- a desflorestação da floresta tropical, onde vivem 2/3 das dade dos organismos vivos nas suas
espécies da fauna e da flora do mundo; relações com o meio onde vivem.
- a pressão agrícola, com a criação de ecossistemas artificiais Admite-se que esta variabilidade
diminua por causa da destruição pro-
protegidos dos seres indesejáveis;
gressiva dos meios onde habitam
- a caça e a pesca não regulamentadas, que têm dizimado
esses organismos (oceanos e mares,
espécies; florestas, regiões costeiras).
- a poluição da água, do ar e dos solos;
- a destruição do habitat de muitas espécies (ex. florestas);
- a sobreexploração de outras (ex. pesca, caça, abate de árvores);
- a substituição de espécies vegetais por outras economicamente mais rentáveis (ex. florestas de carva-
lhos e sobreiros por eucaliptos e pinheiros), a caça e pesca ilegais (ex. baleia, elefantes, etc.), as alterações cli-
máticas (ex. urso polar), etc.

As consequências deste processo são imprevisíveis, embora os cientistas alertem para o facto de que, com as
rápidas mudanças climáticas em curso e com a menor diversidade biológica, a capacidade de adaptação será
menor, comprometendo a evolução da vida no planeta e a sobrevivência dos seres humanos. Os ecossistemas
funcionam e têm vitalidade com base numa cadeia de interacções que, se forem interrompidas, põem em
causa o seu equilíbrio.

A conjugação de todos os problemas que afectam o meio ambiente acaba por acarretar consequências
ao nível da perda de biodiversidade, isto é, de espécies de animais e plantas que irreversivelmente tendem a
desaparecer.

A verdade é que actualmente são milhares as espécies de


plantas e animais em risco de extinção. E se é verdade que algumas
gozam de grande atenção e carinho pela sociedade em geral (ex. pan-
das) outras há que incognitamente caminham rumo ao inevitável fim.

As áreas que comportam maior perda de biodiversidade são


as florestas intertropicais actualmente desbastadas a um ritmo aluci-
nante. Nelas se conta 91% das plantas, 90% das aves e 83% dos mamí-
feros ameaçados de extinção. Alguns exemplos de espécies em risco:

- Os territórios de caça e o próprio habitat do urso polar estão a desaparecer com


o degelo das áreas subpolares. Estima-se que este animal desapareça em 2030.

90
- Os gorilas da montanha que outrora eram muito abundantes nas florestas altas do
Uganda e Ruanda estão reduzidos a cerca de 700 animais devido à caça furtiva, à desflo-
restação e às doenças propagadas até eles pelos humanos.

- Os tigres que eram bastante abundantes no inicio do século XX nas áreas de savana
de África e da Ásia viram os seus habitats serem reduzidos em mais de 95%, além de serem
vitimas de caça desmesurada. Hoje estão severamente ameaçados.

Desflorestação da Amazónia
Amazónia: o Estudo de um Caso
A Floresta da Amazónia distribui-se, em mais de 60% pelo Brasil e os restantes 40% pela Bolívia, Colôm-
bia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Possui grande importância para a estabili-
dade ambiental do Planeta. Esta floresta liberta, por ano cerca de sete triliões de toneladas de água para a
atmosfera por evapotranspiração. Os seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce despejada nos
oceanos pelos rios do mundo. Ela é o “Pulmão do Planeta” pois é o maior transformador natural de CO2 em O2.
A região é, ainda, o berço de inúmeros povos indígenas e constitui uma riquíssima fonte de matéria-
prima (alimentos, florestas, bens medicinais, energéticos e minerais). (…)
Ultimamente este território regista, além da agricultura tradicional, a expansão da pecuária extensiva
que tem causado mudanças na floresta nativa, nomeadamente, a sua des-
truição. A partir da década de 70, dá-se uma grande expansão da activida-
de agropecuária, assente em práticas como o derrube e queima da flo-
resta, resultando graves con- sequências ambientais: redução fertilidade
do solo; perda da biodiversi- dade; etc. A exploração de madeira para
imobiliário e produção de papel (sobretudo para exportação) também
causa tais problemas. Os solos são utilizadas até ao esgotamento e poste-
riormente abandonadas.
Ou seja, por utilização inadequada, muitos dos solos da região
tornaram-se improdutivos (degradação dos solos), contribuindo para o assoreamento dos rios. (…)
Na década de 80 e na tentativa de inverter esta situação foram apresentados os Sistemas Agro-
florestais (SAF’s) como alternativa de uso da terra para a agropecuária. Os SAF’s associam, na mesma área,
árvores e arbustos com o cultivo agrícola ou com animais. O objectivo é conceder benefícios ao solo e ao meio
ambiente, tais como: protecção contra a erosão; deposição de folhas e aumento da matéria orgânica; conserva-
ção da água no lençol freático; conservação da biodiversidade (fauna e flora); protecção da área contra as
queimadas; manutenção das condições climáticas da região, etc. Entretanto, alguns agricultores resistem à
adopção desta medida devido ao seu retorno económico demorado.
Adaptado: SANTOS, Mário Jorge C. (2004) – Tese de Doutoramento

1. Indica e assinala no teu Mapa, os Países pelos quais se estende a Floresta da Amazónia.
2. Refere 4 aspectos que demonstram a importância da Amazónia no Ambiente Global do Planeta.
3. Enuncia e explica 2 causas na origem da “destruição” da Floresta Amazónia.
4. Que medidas (no âmbito do projecto SAF’s) poderiam atenuar a desflorestação da Amazónia?
5. Explica o principal motivo, pelo qual, este Projecto não seja seguido pelos Agricultores.
6.

91
Estudo de Caso

Tigres em Extinção

Ao longo do século XX, o tigre tornou-se numa das


espécies mais ameaçadas: na década de 1950, foram extin-
tos os tigres da região do mar Cáspio e da Ásia Central;
entre 1937 e 1972, desapareceram os tigres das ilhas de
Bali e Java, na Indonésia; há mais de 25 anos que o tigre do
Sul da China não é visto em estado selvagem…
Admirado pela sua grande ferocidade e beleza, o
tigre enfrenta agora um futuro incerto. Em todo o mundo,
estima-se que já só existam 5 000 a 7 000 tigres em estado
selvagem, sendo a Índia o país que possui, actualmente, a
maior população de tigres, aproximadamente 2500 a 3750
exemplares. Mas os poucos exemplares que restam conti-
nuam em risco devido a vários factores, incluindo o elevado crescimento demográfico e a perda de habitats, a
caça ilegal e, também, o comércio de peles e ossos de tigre, os últimos muito usados na medicina tradicional,
na China e no Sudeste Asiático.

Ilustração 1 - Distribuição regional do tigre no inicio do sec. XX e na actualidade

1. Indica duas regiões onde o tigre já foi extinto.


2. Refere o número total de tigres em estado selvagem.
3. Enumera três causas que ameaçam a preservação do tigre.
4. Identifica, na figura, cinco países onde ainda existem tigres em estado selvagem.
92
Estudo de Caso

O último lugar do orangotando

Os orangotangos são nativos da Indoné-


sia e Malásia. Vivem nas ilhas de Bornéu e
Samatra, mas a sua sobrevivência está actual-
mente muito ameaçada pela desflorestação
ilegal, que lhe reduz as possibilidades de encon-
trarem alimento e refúgio nas árvores e obriga-
os a aproximarem-se dos grupos humanos, sen-
do, por isso, mais facilmente capturados para o
comércio ilegal ou caçados devido à carne, ou
simplesmente, mortos para evitar que destruam
as culturas. Também os incêndios florestais,
sobretudo associados à rápida expansão das
plantações para a produção de óleo-de-palma, têm contribuído para a diminuição do número de orangotangos.

Doc. 1 Bornéu, o principal refúgio do Orangotango


Actualmente, existem cerca de 45 000 a 69 000 orangotangos selvagens em Bornéu e apenas 7 500 em Samatra.
Segundo previsões do
Programa das Nações
Unidas para o
Ambiente, os orango-
tangos estarão extin-
tos dentro de duas
décadas, se não
forem tomadas medi-
das que garantam a
sua preservação
perante o avanço da
desflorestação.

1. Refere as principais causas que ameaçam a sobrevivência dos orangotangos.


2. Estabele areação entre os mapas da figura.

93
3.5. REPENSAR OS MODELOS DE DESENVOLVIMENTO

A população, o capital, a exploração dos recursos e a poluição aumentam, rompendo os limites da sustenta-
bilidade do planeta.
Sabendo-se à partida que a população continuará a crescer nas próximas décadas, a grande questão à qual os
modelos / estratégias de desenvolvimento deverão dar resposta será a do modo como se restabelecerá o equi-
líbrio entre ambiente, população e desenvolvimento.

Surge como inevitável a adopção de estratégias de medidas locais, regionais, nacionais e supranacio-
nais, tais como:
- o investimento em indústrias e actividades menos intensivas em recursos naturais e menos poluentes;
- a aplicação dos princípios do “utilizador-pagador” e do “poluidor-pagador”, de modo a contabilizar os
custos ambientais nos custos de produção;
- o apoio crescente a actividades industriais que reduzam a produção de resíduos e desenvolvam pro-
cessos de reciclagem e reutilização de materiais;
- abandono da politicas exclusivamente baseadas no crescimento económico;
- cumprimento dos acordos internacionais e a integração das questões ambientais nos debates no seio
da Organização Mundial de Comércio (OMC). Esta medida revela-se fundamental, se atendermos a que um
grande número de tensões ambientais resultam dos desequilíbrios socioeconómicos Norte-Sul.

Ao longo das últimas décadas, a consciência dos perigos que corremos multiplicou o número de organi-
zações e programas cujo grande objectivo é alterar o nosso sistema de valores, os nossos estilos de vida, intro-
duzindo a componente ecológica.

Surgiram um pouco por todo o mundo associações e partidos ecologistas; Ministérios do Ambiente
foram criados em mais de 70 países; organizaram-se conferências internacionais; foram criados o PNUA e
outros programas de pesquisa e acção.

Em 1992, a Conferência do Rio de Janeiro acentuou a necessidade de um desenvolvimento sustentável e


adoptou um conjunto de declarações/ convenções sobre as florestas, o clima e a salvaguarda da biodiversidade.
Em 2002, na Cimeira de Joanesburgo (oi Rio + 10), reforçou a necessidade de se promover o desenvolvimento
sustentável.

Contudo, terão sido apenas meras declarações de princípios, pois o ritmo de degradação continua a ser
superior ao de regeneração. A de teorização da biosfera continua, a desertificação e a desflorestação acen-
tuam-se e a diversidade biológica diminui.

As estruturas do sistema mundial terão de se adaptar rumo à CONCEITOS


sustentabilidade. Pegada Ecológica – soma das várias parcelas
Para atingirem esse objectivo deverão: de terreno produtivo (terra e mar) necessá-
- melhorar a informação (mais e melhor informação sobre as condi- rias para produzir os recursos utilizados e
assimilar os resíduos produzidos por uma
ções sociais, ambientais e económicas dos populações, incluir os
unidade de produção. Para comparar a utili-
custos reais da utilização do ambiente – por exemplo, a pegada zação dos ureza em os fornecer, a pegada
ecológica fornece informação sobre a sustentabilidade ambiental); ecológica serve como indicador de sustenta-
bilidade ou de insustentabilidade, no caso de
haver défice ecológico.
- acelerar os tempos de reacção (decidir antecipadamente sobre o
futuro);
- minimizar a utilização dos recursos não renováveis;

94
- prevenir a erosão dos recursos renováveis;
- utilizar todos os recursos com a máxima eficiência;
- abrandar ou mesmo parar o crescimento exponencial da população e a ocupação do espaço pelas actividades
humanas;
- intensificar a cooperação internacional;

Promover estas alterações num rumo ao desenvolvimento revela-se fundamental, sem esquecer que a aplica-
ção de estratégias de desenvolvimento ecologicamente correctas depende:
 da acção individual e colectiva de cada individuo;
 do papel das empresas e de todos os agentes económicos;
do papel do Estado e das politicas do ambiente;
 do respeito pelos tratados e acordos internacionais;
 do cumprimento dos caminhos traçados pelas Conferências de Estocolmo (1972), do Rio de
Janeiro (1992), de Quioto (1997) e de Joanesburgo (2002);
 da acção das organizações nacionais e internacionais.

Finalmente, é preciso reafirmar a incapacidade dos actuais modelos de desenvolvimento para resolver o pro-
blema da pobreza, do desemprego e da insatisfação das necessidades não materiais.

A solução passará, com certeza, pela redistribuição mais equilibrada dos custos/benefícios e pelo modo como
as populações acedem aos recursos.

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Soluções para os problemas ambientais


É cada vez maior a consciência de que a cooperação internacional é essencial, quer na análise das situa-
ções mais preocupantes, quer na procura de soluções para a resolução de problemas que são da responsabili-
dade de todos, uma vez que a atmosfera, os rios e os oceanos não têm fronteiras. Na origem da resolução dos
problemas ambientais está a diminuição da poluição atmosférica, através do respeito por normas definidas
internacionalmente, como sucede com o Protocolo de Quioto, no qual estão estabelecidas metas para a dimi-
nuição da emissão de gases de efeito de estufa, o que originará uma diminuição do aquecimento global.
De acordo com o referido protocolo, os 150 países que o assinaram comprometem-se a reduzir a emissão des-
tes gases em cerca de 5% até 2010, relativamente aos níveis de 1990. Os EUA, o Canadá e a Austrália não ratifi-
caram o protocolo, que foi aprovado em Haia, em 2001. Contudo, estes países assinaram o documento que
resultou da recente Conferência sobre Alterações Climáticas que decorreu em Bali, na Indonésia, em Dezembro
de 2007. Os países envolvidos devem reformar os sectores da energia e transportes, fomentar o uso das ener-
gias renováveis, gerir as emissões de metano e proteger as florestas.

Assim, é determinante instalar filtros para retenção de fumos e cinzas nas fábricas e centrais termoeléc-
tricas, tal como adaptar os automóveis de forma a diminuir as emissões de gases através da adaptação de tec-
nologias alternativas, como, por exemplo. Utilizar combustíveis menos poluentes.

Durante muito tempo, a facilidade do acesso aos combustíveis fósseis não nos levou a ponderar opções
alternativas, como as energias renováveis. Por isso mesmo, continuamos muito dependentes das fontes de
energia tradicionais, o que se reflecte na nossa saúde e na "saúde" do nosso planeta.
A aposta nas energias renováveis, como a eólica, solar, geotérmica e hídrica, é um passo importante na produ-
ção e consumo de energia não poluente, não só a nível doméstico, mas também em áreas como a indústria e os

95
transportes. Para tal, será necessário adaptar aparelhos e encontrar formas mais eficientes de armazenamento,
de modo a viabilizar a sua utilização, do ponto de vista económico.

Cada um de nós tem um papel determinante na procura de soluções para os problemas ambientais,
nomeadamente através de mudanças nos padrões de consumo, como, por exemplo, diminuir o consumo de
produtos desnecessários e consumir de forma diferente e mais eficaz - Consumo sustentável.
Este procura atenuar os desequilíbrios, sociais e ambientais, através de um comportamento mais responsável
por parte de cada habitante do planeta. O seu objectivo é garantir que a comunidade global veja satisfeitas as
suas necessidades básicas, diminuindo o consumo e evitando, assim, problemas de ordem ambiental.

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e o PNUMA DTIE (Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente - Divisão de Tecnologia, indústria e Economia) são duas agências das
Nações Unidas que pretendem consciencializar os jovens para a necessidade de aderir a estilos de vida mais
sustentáveis, procurando mantê-los, e responsabilizando-os por iniciar mudanças no seu dia-a-dia:
 Utilizar transportes públicos;
 Poupar energia em casa;

 Separar os resíduos;
 Poupar água;

 Comprar embalagens recicláveis;


 Comprar produtos sem CFCs.
Para evitar o esgotamento de recursos materiais, há que reutilizar bens e apostar na reciclagem de materiais,
pois isso ajudará a minimizar muitos danos ambientais, conservar energia e reduzir os níveis de poluição. Em
média, por cada tonelada de papel reciclado são poupadas 17 árvores e 21 000 litros de água, enquanto a polui-
ção do ar é reduzida em 30 kg.
Neste contexto, destaca-se a importância da educação ambiental, enquanto meio de promover uma consciência
crítica em cada cidadão, pondo em prática a máxima "Pensar Globalmente, Agir Localmente".

Actividades
1. Qual a importância do Protocolo de Quioto na resolução dos problemas ambientais?
2. Em que consiste o consumo sustentável?
3. Que alterações pode cada pessoa realizar no seu quotidiano, de modo a ter um estilo de vida mais sus-
tentável?

As perspectivas futuras são pouco animadoras se atendermos aos seguintes aspectos:


 a população mundial continua a crescer;
 a expansão industrial só agora se verifica em muitos países;
 a reduzida capacidade dos oceanos e das plantas para absorver a grande quantidade de CO2 lançado
para a atmosfera;
 a contribuição cada vez mais intensa por parte dos países em desenvolvimento para a poluição, em
que a incapacidade financeira e tecnológica não permitirá controlar, num futuro próximo, o lançamen-
to de gases resultantes do consumo de energia, da desflorestação e até da queima de gás natural
excedentário.

96
O ritmo de concentração de gases de efeito de estufa é superior à capacidade humana para impor restrições às
suas actividades. No entanto, os desequilíbrios verificados na atmosfera, em resultado destas concentrações,
necessitarão de décadas para resolver as suas dramáticas consequências na saúde das populações e no ambien-
te bioclimático do planeta Terra, das quais se destacam algumas mais gerais:
- aumento do nível médio das águas do mar, em resultado da expansão térmica doa oceanos e da fusão
dos glaciares e das calotes de gelo polares;
- desertificação de vastas áreas em resultado do aumento da temperatura, sobretudo em regiões inter-
tropicais. Este fenómeno é ampliado pela agricultura intensiva, desflorestação, queimadas, etc;
- alterações do ciclo hidrológico, com profundas consequências nos ecossistemas naturais e na agricul-
tura, em resultado das mudanças no regime de precipitações a nível mundial (distribuição e frequência);
- diminuição da neve em muitas áreas;
- redução das dimensões/ desaparecimento dos glaciares;
- diminuição drástica da calota polar árctica: o arrefecimento das águas marinhas, devido ao desconge-
lamento da calota polar árctica, poderá conduzir ao desvio para sul da Corrente do Golfo, produzindo na Europa
um “Inverno do tipo canadiano”, segundo alguns especialistas.

Ficha de Trabalho Nº 1

I. Lê atentamente todas as questões e organiza as tuas respostas de forma clara e objectiva.

Fig. 1. A Cimeira da Terra (2002)


►Na Cimeira da Terra realizada em Joanesburgo (África do Sul) em 2002 e
na qual participaram 190 países, discutiram-se os grandes problemas
ambientais que afectam o Globo. A realização de uma cimeira sobre as
questões ambientais resulta dos enormes desequilíbrios entre a Socieda-
de e o Ambiente.

Fonte: Anuário do Expresso, Portugal e o Mundo em 2002

1. Justifica a importância da realização de uma “Cimeira da Terra” nos dias que correm.
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_________________________________________________________________________________________

2. Relaciona a dimensão planetária de muitos problemas ambientais com o facto da natureza funcionar em
esferas dinâmicas.
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___________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

3. Indica duas situações que demonstrem harmonia entre ambiente e sociedade e duas em que tal não se
verifique.
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____________________________________________________________________________________

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Doc. 2: “ O ozono (…) é um grave poluente quando se encontra próximo da superfície da Terra, mas um
salva-vidas quando se encontra longe, bem alto. O ozono filtra os perigosos raios ultravioletas do sol. Sem
ele, nenhuma vida terrestre seria possível (…)”.

Fonte: Relatório do Desenvolvimento Humano, 1998

1. Explica, resumidamente, em que consiste o problema do “Buraco do Ozono”.

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___________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

2. Nos espaços que seguem cada uma das expressões abaixo, coloca um A nos que se referem ao problema do
“Buraco do Ozono”, um B nos do Smog ou AB nos ligados aos dois problemas.

Gases Respon- Actividades Antrópicas Consequências Áreas mais


sáveis Responsáveis Afectadas
Monóxido de Uso de sprays, ar condi- Infecções nas vias res- Pólo Norte
Carbono (CO) cionados, etc. piratórias
CFC’s Fogos florestais Contributo para o can- Grandes
cro da pele Cidades
Óxidos de Aviação estratosférica Estimulo às chuvas Áreas indus-
Azoto (NOx) (aviões) ácidas triais
Ozono (O3) Circulação automóvel Perturbações no siste- Antárctica
ma imunitário

◄Fig. 3. As Chuvas Ácidas

3.1. Explica a formação das chuvas ácidas.


R:
_______________________________________________
______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
________________________________________________
_______________________________________________

3.2. Indica duas Consequências destas chuvas


_________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________

Fonte: Manual de IDES, Porto Editora

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4. Lê com atenção o Documento abaixo

O “Aquecimento Global”
“ (…) As previsões dos cientistas são bem claras: Portugal será um dos países mais afectados – o Alentejo
será transformado num deserto; as doenças tropicais vão aumentar; os solos ficarão estéreis; vai faltar água,
mas haverá mais cheias no Inverno; o risco de incêndios florestais será maior; a erosão do litoral será maior e
muitas praias vão desaparecer; o número de dias com temperatura acima de 35º C vai aumentar, problema que
será mais grave por volta de 2050. (…)
(…) Um dos principais responsáveis por tudo isto é o dióxido de carbono que lançamos para o ar, que é
responsável pelo efeito de estufa (…).
(…) Até ao ano 2080, os rios portugueses perderão, pelo menos, metade do actual caudal. No mesmo
período, o nível médio das águas do mar subirá 50 centímetros. Em Portugal, até ao ano de 2100, este valor
chegará aos 95 cm, o que agravará os problemas de erosão sobre a costa. Por outro lado, regiões costeiras com
elevada densidade populacional – como é o caso do Vale do Sado ou de Santarém – ficarão completamente
submersas (…).”

4.1. Indica algumas actividades antrópicas que contribuem para agravar o “efeito de estufa”/”Aquecimento
Global”.
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___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

4.2. O Problema do “Aquecimento Global” será apenas devido a causas antrópicas? Explica.
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___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________

4.3. Relaciona o “sensacionalismo” revelado pelo texto com a necessidade que a imprensa tem em fazer aumen-
tar as suas vendas.
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___________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

99
ANEXO 1 - CONCEITOS

 Água Potável: água própria para consumo humano.


 Ambiente: o meio em que se vive. Geralmente quando se fala em Ambiente está-se a referir ao Ambiente
Natural. Ou seja, ao conjunto de características físicas ou naturais (clima, solos, mares, montanhas, seres
vivos, etc.) onde se desenvolvem as vidas dos seres. Entre os seres vivos e o ambiente efectuam-se, perma-
nentemente, trocas de energia e de matéria, pelo que, os próprios seres vivos fazem parte do ambiente. A
palavra “Ambiente” pode também significar outros sistemas que rodeiam o Homem, caso do ambiente
social, económico, cultural, etc.
 Aquíferos: formação geológica (rocha) permeável, cujo limite inferior é constituído por rochas impermeá-
veis, permitindo a acumulação de água.
 Aterro Sanitário: depósito de resíduos de várias origens (doméstica, industrial, etc.), aos quais se dá um
tratamento específico. É feito em solo que não deixa passar água, isolado com uma tela/plástico e coberto
de terra, dando a ideia de uma zona verde.
 Atmosfera: designa a camada de ar que envolve a Terra. Nela estão presentes gases indispensáveis à vida
na Terra (ex. oxigénio).
 Biosfera: espaço povoado pelos seres vivos. Engloba, a parte superior do solo, a hidrosfera e a atmosfera,
ou seja, áreas onde habitam os seres vivos.
 Ciclo da Água: A água é a única substância que existe nos três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso)
na Natureza. Isso significa que existem transferências contínuas de água de um estado para outro: este
movimento da superfície para a atmosfera e vice-versa é o ciclo da água, englobando processos como a
evaporação, condensação, precipitação, escorrência e infiltração.
 Clorofluorcarbonetos (CFC): principal destruidor do ozono. São usados em sprays, sistemas de arrefecimen-
to, plásticos e solventes utilizados na indústria electrónica. Também está na génese da destruição da
“camada de ozono”. É responsável por cerca de 10% do efeito estufa e tem um tempo de duração é de 50 a
1700 anos.
 Contaminação dos Solos: consiste na deposição, infiltração, acumulação, injecção ou enterro no solo ou
subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado líquido, sólido ou gasoso. O solo é um recurso
natural básico, constituindo um componente fundamental dos ecossistemas, um reservatório de água e um
suporte essencial do sistema agrícola. Ocorre contaminação dos solos sempre que são adicionados compos-
tos que alterem as suas características naturais, produzindo efeitos negativos.

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 Co-Incineração: processo de tratamento de lixo que tem como objectivo diminuir o seu volume e peso e
transformá-los em resíduos não prejudiciais para o meio ambiente. Consiste na queima de resíduos perigo-
sos (ex. resíduos industriais) em centrais (ex. nas cimenteiras). Os gases libertados são filtrados.
 Desertificação: expansão de características desérticas resultantes de um empobrecimento do solo. É no
fundo, a perca de produtividade biológica e económica das terras agrícolas, das pastagens e das áreas de
matas nativas, devido a alterações climáticas e às actividades humanas (ex. pastoreio e cultivo excessivo).
 Desflorestação: destruição massiva de floresta com o objectivo de produzir madeira, combustível, etc. ou
para criação de áreas para a agricultura, sem que ocorra a plantação de novas árvores (reflorestação) que
“compensam” as árvores abatidas.
 Dessanilização: Acção de separar o cloreto de sódio (sal) dissolvido na água salgada da água, de modo a
obter-se água doce. É uma prática comum em áreas onde a escassez de água potável é uma realidade (ex.
no Porto Santo, no arquipélago da Madeira).
 Dióxido de Carbono (CO2): libertado a partir de qualquer tipo de queima de combustíveis fosseis, portanto,
a partir de qualquer utilização de petróleo, carvão e gás natural. É o principal responsável pelo “aquecimen-
to global”. O CO2 é responsável por cerca de 64% do efeito estufa. Diariamente são enviados cerca de 6 mil
milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera. Tem um tempo de duração de 50 a 200 anos.
 Ecossistema: conjunto de organismos vivos que habitam determinada área, o seu meio ambien-
te/envolvente e as interacções que se estabelecem entre estes elementos (entre seres vivos e/ou entre
estes e o seu meio envolvente).
 Efluentes: líquidos residuais oriundos de várias actividades humanas (ex. esgotos industriais, domésticos,
etc.) e que contribuem para a poluição das águas e/ou dos solos.
 Erosão: conjunto de processos (desgastes, transporte e acumulação) que modelam (alteram as formas) a
superfície da Terra, resultantes da acção dos agentes naturais (ex. vento, chuva, rios, etc.).
 ETAR: Estação de Tratamento de Águas Residuais. São estações que procedem à limpeza de águas residuais,
através de processos físico-químicos.
 Eutrofização: crescimento excessivo de matéria orgânica (ex. algas) em rios e lagos devido à acumulação de
fósforo e azoto provenientes das actividades antrópicas (ex. agricultura, industria). Essa matéria orgânica
em excesso vai consumir o oxigénio existente na água, conduzindo assim, à morte da restante flora e fauna
aquática.
 Hidrosfera: designação dada à camada de água que cobre a superfície da Terra. Engloba, entre outros, os
Oceanos, mares, rios, lagos, lagoas, etc.
 Húmus: compostos orgânicos que fazem parte do solo, e que resultam da transformação de detritos de
seres vivos, por uma série de reacções desencadeadas por microorganismos.
 Litosfera: parte sólida da Terra. Inclui basicamente, as massas continentais e as ilhas.
 Marés Negras: desastre ecológico que ocorre quando são libertas para os mares/oceanos manchas de
hidrocarbonetos (ex. petróleo; fuelóleo; crude; etc.) por acidente ou por lavagem de tanques dos navios.
Ficaram tristemente célebres “marés negras” como as do Exxon Valdez em 1989 no Alasca e o Prestige na
Galiza em 2002.
 Metano (CH4): originado, por exemplo, através da combustão de gás natural, da decomposição de plantas e
das fezes de certos animais (ex. vacas), dos campos de arroz, das lixeiras, etc. É um dos gases que mais
retêm a radiação solar. É responsável por cerca de 19% do efeito estufa e tem um tempo de duração de 15
anos.
 Natureza: o mundo físico. Conjunto de fenómenos físicos e das causas que os determinam. São, no fundo,
as manifestações das forças naturais numa dada região.
 Óxidos de Azoto (NO, NO2): advém dos escapes dos veículos motorizados, de centrais termoeléctricas, de
certas fábricas, de explosivos, etc. É um GEE e um dos principais causadores do smog.

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 Recurso: significa algo a que se possa recorrer para a obtenção de alguma coisa. O Homem recorre aos
recursos naturais, isto é, àqueles que estão na Natureza, para satisfazer suas necessidades (combustíveis
fosseis, minerais, água, espécies animais e vegetais, etc.).
 Sociedade: estado dos homens ou animais que vivem sob a acção de leis comuns. É o “agregado organizado
de indivíduos que seguem certa maneira de viver”. Nesta definição supõe-se certa homogeneidade cultural.
Engloba todo o conjunto de actividades desenvolvidas pelo Homem sobre o Meio com o objectivo de o
dominar.
 Solo: pequena película da superfície da Terra que cobre as rochas (com cerca de um metro de espessura),
constituída por material não consolidado, que contém matéria orgânica e onde as plantas se podem desen-
volver.
 Zona Económica Exclusiva: faixa marítima, relativamente à qual um país exerce o direito de soberania para
fins de exploração, conservação e gestão dos recursos. Geralmente estende-se por 200 milhas marítimas a
partir da linha de costa dos países.

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