Você está na página 1de 365

Economia

SAMUELSON
NORDHAUS
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

© 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora
e Distribuidora Educacional S.A.

Diretor editorial e de conteúdo: Roger Trimer


Gerente de produção editorial: Kelly Tavares
Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso
Coordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento
Editor: Casa de Ideias
Editor assistente: Marcos Guimarães
Revisão: Renata Sangeon
Capa: Bruno Portezan Jorge e Sheila Ueda Piacentini Barison
Diagramação: Casa de Ideias

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Domingues Júnior, Jurandir


D671e Economia / Jurandir Domingues Júnior, Regina Lúcia
Sanches Malassise, José Alfredo Pareja Gómez de la
Torre, Wilson Salvalagio. – Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2014.
184 p.

ISBN 978-85-68075-32-6

1. Princípios. 2. Processo Produtivo. I. Malassise,


Regina Lúcia Sanches. II. La Torre, José Alfredo Pareja
Gómez de. III. Salvalagio, Wilson. IV. Título.

CDD 330
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

Sumário

Unidade 1 — Princípios de economia ............................1


Seção 1 O mundo moderno e a microeconomia ................................3
1.1 Divisão da teoria econômica ...............................................................4
1.2 Microeconomia versus gestão de empresas ..........................................5
Seção 2 Características do mercado: a demanda, a oferta
e a procura...................................................................................7
2.1 Funcionamento de uma economia de mercado com
dois agentes econômicos .....................................................................8
2.2 Fluxo circular de renda com dois agentes econômicos ........................8
2.3 Demanda por bens e serviços ............................................................10
2.4 Representação da demanda ...............................................................11
2.5 Oferta de bens e serviços ...................................................................15
2.6 Representação da oferta .....................................................................17
2.7 Equilíbrio de mercado ........................................................................20
2.8 Preço de equilíbrio ............................................................................20
Seção 3 Elasticidades, estruturas de mercado
e índices de mercado ..........................................................24
3.1 Elasticidade-preço da demanda .........................................................24
3.2 Elasticidade-preço cruzada da demanda ............................................26
3.3 Elasticidade-renda da demanda .........................................................27
3.4 Elasticidade-preço da oferta ...............................................................28
3.5 Estruturas de mercado .......................................................................29
3.6 Concorrência perfeita ou pura ...........................................................30
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

YL (&2120,$

Unidade 2 — Percepção da economia no processo


produtivo ...............................................43
Seção 1 A influência da economia nos processos de produção ........44
1.1 Os pressupostos básicos da análise microeconômica .........................45
1.2 A empresa e a produção ....................................................................50
1.3 A produção da firma ..........................................................................52
Seção 2 Custos produtivos ...............................................................60
2.1 Análise de custos de curto prazo ........................................................61
2.2 A receita da firma e a maximização dos lucros ..................................65
2.3 A análise de maximização de lucro em firmas concorrenciais ..........66
2.4 Custos no longo prazo .......................................................................71
Seção 3 Análise econômica dos custos de produção e seu
impacto no mercado...........................................................72
3.1 Externalidades....................................................................................72
3.2 Economia de escopo versus economia de escala ...............................73
3.3 Curva de aprendizagem .....................................................................74
3.4 Custos explícitos e custos implícitos ..................................................74
3.5 Elasticidade preço da oferta ...............................................................75
3.6 O planejamento como complemento à gestão de custos....................77

Unidade 3 — O ambiente e a economia ......................83


Seção 1 Introdução à macroeconomia e teoria política
econômica ..........................................................................85
1.1 Evolução da macroeconomia .............................................................85
1.2 Fluxo econômico ...............................................................................86
1.3 Vazamentos no fluxo monetário.........................................................89
1.4 O Estado como agente ativo na economia .........................................90
1.5 Política econômica ............................................................................92
1.6 Política fiscal......................................................................................93
Seção 2 Contabilidade nacional e aspectos monetários
da economia .......................................................................96
2.1 Contas nacionais................................................................................96
2.2 Análise das contas nacionais..............................................................97
2.3 O Produto Interno Bruto (PIB) ..........................................................100
2.4 Diferença entre Produto Nacional Bruto (PNB) e Produto
Interno Bruto (PIB) ...........................................................................102
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

6 X P i U L R  YLL

2.5 PIB real vs. PIB monetário ................................................................103


2.6 Política monetária ............................................................................104
2.7 As funções da moeda .......................................................................107
Seção 3 Política externa da economia e desenvolvimento
econômico........................................................................111
3.1 Política externa da economia ...........................................................111
3.2 O balanço de pagamentos ...............................................................114
3.3 Desenvolvimento econômico...........................................................118
3.4 O PIB como medida de bem-estar ...................................................118
3.5 Desenvolvimento e mudança de estrutura........................................120

Unidade 4 — Indicadores de análise econômica


e globalização......................................127
Seção 1 Mercado de trabalho e desemprego ..................................129
1.1 Mercado de trabalho ........................................................................130
1.2 Determinantes do emprego no capitalismo contemporâneo .............132
1.3 Desemprego ...................................................................................136
Seção 2 Déficit público e dívida interna e externa.........................138
2.1 Conceitos de déficit público.............................................................138
2.2 Formas de financiamento do déficit público .....................................138
2.3 Política fiscal....................................................................................139
2.4 Gastos públicos ou do governo ........................................................143
2.5 Superávit primário ...........................................................................143
2.6 Carga tributária ................................................................................144
2.7 Dívida interna pública .....................................................................145
2.8 Dívida externa .................................................................................145
2.9 Equilíbrio nas contas externas ..........................................................146
2.10 Estrutura do balanço de pagamentos ................................................146
2.11 Detalhamento do grupo de contas ...................................................147
2.12 Reservas cambiais ............................................................................150
Seção 3 A globalização e os Estados nacionais ..............................151
3.1 Globalização ...................................................................................151
3.2 Contextualização histórica do processo de globalização..................153
3.3 A dimensão econômica do processo de globalização ......................155
3.4 Relações econômicas entre países e os blocos econômicos ............158
3.5 Os BRICS .........................................................................................163
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

Unidade 1
3ULQFtSLRVGH
HFRQRPLD
Jurandir Domingues Júnior

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você irá estudar os


principais conceitos necessários ao entendimento do que é a eco-
nomia, em seus dois enfoques: microeconomia e macroeconomia,
e sua aplicabilidade na gestão de organizações. Ao final desta
primeira etapa de estudos você será capaz de: Diferenciar a micro-
economia da macroeconomia; identificar como a microeconomia
pode contribuir para o sucesso das empresas e nas atividades de
um administrador; compreender e interpretar o funcionamento
da lei da demanda; compreender e interpretar o funciona-
mento da lei da oferta; reconhecer e interpretar a situação de
equilíbrio e as interações entre oferta e demanda; reconhecer e
diferenciar as estruturas de mercado conforme suas características
básicas; e conhecer o conceito de elasticidade e sua aplicabilidade
na microeconomia.

Seção 1: O mundo moderno e a microeconomia


Aborda como o enfoque microeconômico pode con-
tribuir para o cotidiano dos gestores diante dos
desafios de uma economia altamente competitiva.

Seção 2: Características do mercado: a demanda, a


oferta e a procura
Tem como objetivo apresentar os conceitos introdutó-
rios das leis que regem os mercados, principalmente
na questão de preço.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

Seção 3: Elasticidades, estruturas de mercado e


índices de mercado
Destina-se a explorar, além da questão da sensibili-
dade dos mercados, a questão de preço e como as
estruturas que formam os mercados afetam a vida
das empresas e dos consumidores.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3ULQFtSLRVGHHFRQRPLD 

1V\ZWL]trWIWM[\]LW
Antes de tudo quero dar boas-vindas a todos e a todas no estudo da
Economia!
Você consegue definir claramente qual é o objetivo da Economia? Como
ela pode influenciar a vida das pessoas e os negócios de uma empresa?
Pois é exatamente isso que teremos a oportunidade de aprender no decorrer
desta unidade! Cada ciência tem uma forma própria de descrever o mundo real
como o objetivo de contribuir para o sucesso e o desenvolvimento da sociedade.
Por exemplo, a Geografia — na sua perspectiva tradicional — busca interpretar
a relação da sociedade com o mundo real através da conformação do meio
ambiente, notadamente dos aspectos físicos (clima, relevo, hidrografia, solo).
No caso da Economia, pode-se dizer que é uma ciência que busca interpretar
o mundo real através de uma visão econômica: trocas comerciais e financeiras.
De forma resumida, o sucesso de uma organização empresarial está diretamente
ligado à sua capacidade interagir com os mercados em que atua, fornecendo
aos seus clientes bens e serviços de qualidade e a um preço competitivo, que
tenham alguma utilidade, respeitando as leis, seus colaboradores, fornece-
dores e o meio ambiente. E é exatamente deste modo que a Economia pode
contribuir de forma muito importante para a formação de um administrador:
ajuda a entender como os agentes econômicos interagem em um determinado
mercado, às vezes sob a supervisão do governo, colaborando na idealização
de estratégias para o sucesso de uma empresa em termos econômicos.

Seção 1 7U]VLWUWLMZVWMI
UQKZWMKWVWUQI
A economia é um tema bastante complexo e extenso, cheio de conceitos
abstratos e que se utiliza normalmente de um linguajar próprio, que já foi clas-
sificado muitas vezes de “economês”, e que por esse motivo assusta quando
do primeiro contato. Diversos estudiosos, dentre eles Oliveira (2006, p. 153),
expõem que “[...] o termo economia é originário da palavra oikosnomos (oikos
= casa e nomos = lei) e significa a administração de uma casa”.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Para saber mais


Um dos mais importantes economistas de nossa história, Alfred Marshall (1842-1924), definiu
de forma bem clara e direta o que é Economia: “A economia é o estudo do homem nos negócios
diários da sua vida”.

Então, baseados nessa definição, estamos exercendo os princípios econômi-


cos quando administramos os recursos (salários, nossa força de trabalho, nossa
disponibilidade de tempo, utensílios domésticos, alimentos etc.) que estão à
nossa disposição para fazer frente às necessidades da nossa vida cotidiana.
Definição de Economia como ciência:
[...] uma ciência social que estuda como o indivíduo e
as sociedades decidem (escolhem) empregar recursos
produtivos escassos na produção de bens e serviços, de
modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da
sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas
da melhor maneira possível (PINHO; VASCONCELLOS,
2006, p. 2).

Uma conclusão que podemos tirar é que a principal contribuição da eco-


nomia como ciência é auxiliar as pessoas, as famílias, as empresas e o governo
em seu processo de tomar uma decisão: como alocar seus recursos que são
escassos em diferentes alternativas de como satisfazer suas necessidades que
são ilimitadas.

 ,Q^Q[rWLI\MWZQIMKWV€UQKI
Apesar de nem todos os autores concordarem com este método de abordar
a Economia, a grande maioria dos livros publicados costuma dividir o estudo
da economia em dois grandes blocos: microeconomia e macroeconomia. A
macroeconomia (macro = grande, em grego) trata de assuntos mais amplos
como, por exemplo, a soma do total de bens e serviços produzidos pela eco-
nomia de um determinado país — que conhecemos como PIB (produto interno
bruto) (BÊRNI, 2002; MENDES, 2004; OLIVEIRA, 2006).
O prefixo micro na palavra microeconomia deriva de uma palavra grega
micros, que significa pequeno (BROWNING; ZUPAN, 2004). Portanto, estudar
microeconomia significa estudar o comportamento dos componentes bási-
cos — chamados na teoria econômica de unidades econômicas individuais:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3ULQFtSLRVGHHFRQRPLD 

produtores, administradores, consumidores individuais, famílias, empresas —


que por sua vez formam um sistema maior, numa rede complexa de relações
econômicas. A microeconomia busca explicar como, quando e por que estas
unidades individuais tomam decisões econômicas — compra/venda/produção/
contratação operários/lançamento de novos produtos —, e que fatores (ne-
cessidades, utilidade, preço, disponibilidade de recursos financeiros ou não,
quantidade etc.) influenciam essas decisões. E, ainda, como estas unidades
individuais interagem entre si para formar redes de relacionamentos maiores:
mercados, indústrias, cooperativas etc. (PINDYCK; RUBINFELD, 2010).
Um exemplo básico do foco de estudo da microeconomia é entender como
um consumidor, ou um conjunto de consumidores, de uma determinada classe
social escolhe os produtos que irá consumir considerando sua utilidade e a
quantidade de dinheiro de que dispõe para comprar esse produto (todo traba-
lhador assalariado tem uma limitação de renda). Se uma empresa consegue
entender como se dá essa decisão de consumo por parte do consumidor ou
do conjunto de consumidores, poderá antecipar o volume de produção para
atender a essa demanda com um preço de venda que seja compatível com a
capacidade dos consumidores.

 5QKZWMKWVWUQI^MZ[][OM[\rWLMMUXZM[I[
No desenvolvimento de suas atividades profissionais o administrador tem
como objetivo primordial o sucesso da empresa onde atua como colaborador
ou em seu próprio negócio como empreendedor. Para Oliveira (2006, p. 181) a
grande aplicabilidade da microeconomia na tomada de decisões nas empresas
está ligada exatamente ao seu foco de estudo: “[...] buscar interpretar como as
empresas e os consumidores interagem na definição de preços e quantidades
dos bens, serviços e fatores de produção”.
Desta forma, a microeconomia fornece as bases para a operação eficiente
da empresa, na busca de lucros e contribuindo de forma importante para a
definição de estratégias e ações que permitirão à empresa obter sucesso en-
frentando, por exemplo, uma economia de mercado. Com base no pensamento
de Oliveira (2006), podem-se identificar alguns aspectos que mostram como
um gestor, empregando a visão microeconômica, ou seja, olhando para o fun-
cionamento de um mercado, pode tomar decisões empresariais: (a) traçar uma
política de preços para a empresa; (b) fazer uma previsão de faturamento, con-
siderando uma demanda; (c) decisões de produção: diante do comportamento
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

dos consumidores, ou seja, de como empregam a sua renda para atender às


suas necessidades; o que, como, para quem e quanto a empresa deve produzir;
(d) escolher qual é a melhor alternativa de produção, isto é, da melhor combi-
nação de fatores de produção; (e) avaliar a estrutura da empresa em termos de
capacidade produtiva e oportunidades de mercado; (f) escolher onde instalar
geograficamente a empresa, ou seja, se é mais vantajoso para a empresa estar
localizada próxima aos principais centros consumidores ou aos fornecedores
de seus principais insumos; (g) estratégias de marketing: como uma campanha
publicitária pode influenciar o comportamento dos consumidores de modo
que suas decisões de consumo beneficiem a empresa.

Questões para reflexão


Analisando o cotidiano das organizações empresariais, você consegue
imaginar como a microeconomia pode de contribuir para o sucesso de
uma empresa? Aponte alguns usos da microeconomia nos ambientes
de negócios de uma organização.

Atividades de aprendizagem
1. Qual é a diferença básica entre microeconomia e macroeconomia?
2. Em que campos da vida de um administrador a microeconomia pode
contribuir para o sucesso de uma empresa?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3ULQFtSLRVGHHFRQRPLD 

Seção 2 +IZIK\MZy[\QKI[LWUMZKILW"I
LMUIVLIIWNMZ\IMIXZWK]ZI
Quando pensamos na palavra mercado, logo imaginamos um lugar real
onde as pessoas têm a possibilidade de trocar, comprar ou vender produtos
e serviços. Contudo, este conceito de mercado, para a economia, está ligado
a períodos históricos anteriores ao surgimento da moeda, quando a principal
forma de comprar ou vender era a troca, também conhecida como escambo. Na
verdade, alguns mercados ainda são lugares reais onde os agentes econômicos
interagem, por exemplo, as pessoas vão comprar bens em um shopping. Com
o passar do tempo, o mercado foi evoluindo para um conceito de conjunto
de elementos envolvidos no comércio de determinado produto: produtores,
consumidores, intermediários, regulamentos, preços etc.
Vamos usar um exemplo! Quando falamos no mercado do feijão, por exem-
plo, estamos nos referindo às pessoas — produtores rurais — que produzem e
vendem o feijão, àquelas que apreciam e compram esse produto (consumidores
finais, incluindo os restaurantes), além de outros que participam de todas as
transações que envolvem: os atravessadores, as cooperativas, as indústrias, as
empresas de transporte, os fabricantes de embalagens etc. Além disso, por ser
um produto básico da alimentação do brasileiro, o feijão é um produto que
tem sua qualidade constantemente monitorada pelo governo através de uma
classificação instituída pelo Ministério da Agricultura. Hall e Lieberman (2003,
p. 56) definem o mercado como “[...] grupo de compradores e vendedores que
têm potencial para negociar uns com os outros”.
Nesta definição de Hall e Lieberman estão implícitos três fatores que
contribuíram para que a sociedade atual tenha à sua disposição os chamados
mercados virtuais, onde os processos de troca, compra ou a venda de produtos
e serviços não exigem a presença das pessoas: o fenômeno da globalização, o
desenvolvimento da informática e a evolução das telecomunicações — sendo
a evolução a de maior impacto o surgimento da Internet. Neste sentido, a
questão da proximidade foi substituída pela facilidade das transações feitas
por computadores, celulares, tablets e smartphones.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

 .]VKQWVIUMV\WLM]UIMKWVWUQILMUMZKILW
KWULWQ[IOMV\M[MKWV€UQKW[
Com o apoio de um modelo — o fluxo circular de renda — como represen-
tação da realidade, vamos interpretar como os agentes econômicos interagem
nesses ambientes chamados de mercado em busca de seus objetivos.

Para saber mais


Os agentes econômicos são pessoas de natureza física, jurídica ou ainda um conjunto de orga-
nizações que, através de suas ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico,
interagindo entre si. Comumente esses agentes são classificados em empresas, famílias, Estados
e o resto do mundo.

Utilizaremos uma versão inicial do fluxo circular de renda, que considera


apenas a presença das famílias como consumidores e as empresas como
produtores. Durante esse processo, em paralelo, teremos a oportunidade de
compreender e interpretar o funcionamento de importantes leis da economia:
lei da demanda, da lei da oferta e o equilíbrio de mercado.

 .T]`WKQZK]TIZLMZMVLIKWULWQ[IOMV\M[
MKWV€UQKW[
Nossa primeira abordagem do funcionamento de uma economia é baseada
em um sistema econômico onde só interagem dois agentes econômicos: familías
(unidades consumidoras) e empresas (unidades produtoras). A Figura 1.1 ilustra
essa situação.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3ULQFtSLRVGHHFRQRPLD 

Figura 1.1 Fluxo circular de renda de uma economia sem


a presença do Estado

Fonte: Troster e Mochón Morcillo (1994, p. 25).

Os principais aspectos desse modelo são descritos por Troster e Mochón


Morcillo (1994, p. 176) da seguinte forma:
As unidades familiares são proprietárias dos fatores de
produção — isto é, do trabalho, da terra e do capital — e
os oferecem às empresas, que os utilizam para produzir
bens e serviços. Em contraposição, pelo uso dos fatores
de produção, as empresas pagam às unidades familiares
certas quantias na forma de salários, lucros e rendas da
terra. [...] As unidades familiares gastam essas rendas em
bens e serviços produzidos e oferecidos pelas empresas.

Um aspecto muito claro nesse modelo é a percepção de que as empresas


e a famílias interagem livremente, sem a intervenção do Estado. Observando
com cuidado o esquema da Figura 1.1, fica claro que corresponde a um circuito
fechado, ou seja, o fluxo real (linha sólida) — representado pela troca de fatores
de produção e bens e serviços —, e o fluxo monetário (linha pontilhada) —
representado pelo fluxo de recursos financeiros entre os agentes econômicos
— têm ponto de partida e destino pré-determinados, sem perdas.
Na linha sólida na parte de cima da figura temos o fluxo real, ou seja, o
fluxo de bens e serviços (carros, geladeiras, roupas, alimentos, serviços
de saúde — médicos, dentistas —, serviços bancários, pacotes de viagens
etc.) das empresas para as famílias. Representa o consumo das famílias.
Na linha sólida na parte de baixo da figura temos o fluxo de fatores de
produção das famílias para as empresas.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Na linha pontilhada na parte de cima da figura temos a primeira parte do


fluxo monetário: as famílias pagam as empresas pelos produtos e serviços
consumidos;
Na linha pontilhada na parte de baixo da figura temos a segunda parte
do fluxo monetário: as empresas remuneram — pagamento de salários,
aluguéis, juros, dividendos — as famílias pelo fornecimento dos fatores
de produção.
Um segundo aspecto importante é que nos dias de hoje o fluxo financeiro
está muito bem organizado e conta com a atuação das instituições financeiras,
que se ocupam de oferecer à sociedade em geral produtos e serviços que faci-
litam a troca monetária, ou seja, o fluxo de dinheiro entre os agentes econômi-
cos. Krugman e Wells (2007, p. 26) apontam mais dois aspectos interessantes:
a) No mundo real, nem sempre é fácil diferenciar as
empresas das famílias. Se considerarmos um pequeno
negócio familiar: uma fazenda, uma loja, uma padaria.
É uma empresa ou uma família? Principalmente naqueles
estabelecimentos onde a família do proprietário mora no
mesmo prédio do negócio; b) Muitas vendas que as em-
presas fazem não são para os domicílios (famílias), mas
para outras empresas.

Dessas interações entre as unidades consumidoras e as unidades produtores


surgem importantes conceitos e leis que dominam o funcionamento dos merca-
dos: demanda e a lei da demanda; oferta e a lei da oferta; o equilíbrio.

 ,MUIVLIXWZJMV[M[MZ^QtW[
Vimos que o modelo do fluxo circular de renda, com dois agentes econômi-
cos, foi elaborado para simular o mundo real e que considerava as interações
econômicas entre dois agentes econômicos: as UNIDADES FAMILIARES ou
consumidores e as empresas ou produtores. Uma parte desse modelo mostrava
que as EMPRESAS produzem bens e serviços e os oferecem, através de merca-
dos, para que os consumidores os comprem com o objetivo de satisfazer suas
necessidades e/ou desejos.
É natural que as empresas produzam bens e serviços que tenham utilidade
e que sejam então procurados pelos consumidores. Esta busca é denominada
pela economia de demanda, também conhecida como procura. Para não haver
confusão: demanda = procura. Demanda significa estar disposto a comprar, isto
é, ter uma intenção de adquirir. Oliveira (2006, p. 187) define a demanda como:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

“[...] a quantidade de bens ou serviços que um consumidor deseja e está disposto


a consumir (adquirir) num determinado momento e a um determinado preço”.
Assim, a demanda é classificada como individual, quando considera “um
consumidor”. Se então somarmos a intenção de compra de diversos consumi-
dores teremos um conjunto maior que chamamos de demanda de mercado.
Observando a nossa própria realidade podemos concluir que um dos fatores
mais importantes que vai determinar a quantidade consumida de um determi-
nado bem e/ou serviço é o preço.

 :MXZM[MV\ItrWLILMUIVLI
Para representar a demanda, vamos fazer uma simplificação da realidade,
isto é, vamos considerar hipoteticamente que somente o preço do bem e/ou
serviço vai influenciar na decisão! Considere que um determinado consumidor
dispõe de uma renda de R$ 500,00 suficiente para consumir diversos bens de
consumo, como por exemplo: iogurte, pães, sucos, massas etc. Vamos escolher
o iogurte para entender a questão da demanda. O Gráfico 1.1 evidencia a in-
tenção do consumidor a de consumir este produto frente à variação do preço,
e é denominado curva da demanda individual.
Segundo Mochón Morcillo (2006, p. 24), a curva da demanda “[...] é a
representação gráfica da relação entre o preço de um bem e a quantidade
demandada. Ao desenhar a curva da demanda, supomos que sejam mantidos
constantes os demais fatores que possam afetar a quantidade demandada,
exceto o preço”.

Gráfico 1.1 Curva da demanda individual — consumidor A

Quantidade de Pontinhos de Iogurte Demandada pelo


Consumidor — unidades
$ 5,00

$ 4,00

$ 3,00
Quantidade de
$ 2,00 Pontinhos de
Iogurte Demandada
pelo Consumidor —
$ 1,00 unidade s

$ 0,00
01 23 45 67 89 10 11 12 13 14

Fonte: Do autor (2014).


(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

A leitura desse gráfico é simples: quanto maior o preço, menor é a quanti-


dade consumida. Esta relação é conhecida como lei da demanda. Que Mochón
Morcillo (2006, p. 23) define como:
A lei da demanda refere-se à relação inversa existente
entre o preço de um bem e a quantidade demandada, no
sentido de que ao aumentar o preço diminui a quantidade
demandada, ocorrendo o contrário quando se reduz o
preço.

Contudo, como podemos perceber em nosso cotidiano, o mercado é for-


mado por mais de um consumidor. Deste modo o Gráfico 1.2, também de de-
manda individual, representa a intenção de consumo de um outro consumidor,
que podemos chamar de consumidor B.

Gráfico 1.2 Curva da demanda individual — consumidor B

Quantidade de Pontinhos de Iogurte Demandada pelo


Consumidor B — unidades
$ 5,00

$ 4,00

$ 3,00
Quantidade de
$ 2,00 Pontinhos de
Iogurte Demandada
pelo Consumidor B
$ 1,00

$ 0,00
01 23 45 6 78 91 01 11 2

Fonte: Do autor (2014).

A leitura é a mesma do Gráfico 1.1: quanto maior o preço, menor é a quanti-


dade consumida. Se somarmos o conteúdo dos dois gráficos, teremos uma nova
representação (Gráfico 1.3) que combina as intenções dos dois consumidores.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

Gráfico 1.3 Curva da demanda de mercado

Demanda de Mercado = Consumidor A + Consumidor B, unidades.


$ 4,50
$ 4,00
$ 3,50
$ 3,50
$ 2,50
$ 2,00
Demanda de
$ 1,50 Mercado = A + B,
$ 1,00 unidades.

E 0,50
E 0,00
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 23 25 26

Fonte: Do autor (2014).

Então, podemos determinar a demanda de mercado a partir da soma das


demandas individuais.
Até agora consideramos apenas o fator preço. Mas sabemos de antemão
que existem outros fatores. Seguindo as indicações de Oliveira (2006, p. 192-3)
vamos listar os demais fatores que influenciam a demanda, considerando o
ambiente empresarial, e não somente a teoria econômica:
Gosto ou preferência do consumidor: uma mudança
na preferência do consumidor afetará o nível de de-
manda, caso haja renda para efetuá-la.
Renda dos consumidores: é o poder de compra relacio-
nado à restrição orçamentária de cada consumidor, que,
embora não afete sua preferência, com certeza afeta a
sua decisão de compra. Quanto maior a renda do con-
sumidor, maior é a sua demanda por bens e serviços.
Preços (relativos) dos bens ou serviços substitutos,
ou ainda complementares: haverá provavelmente a
troca daqueles que tiverem seus preços aumentados
pelos de menor valor. Exemplo: a gasolina pode ser
substituída pelo álcool combustível. Já no caso dos
complementares, o preço de um dos produtos pode
reduzir a venda do outro. Exemplo: se o preço dos
combustíveis aumentar muito, a comercialização de
automóveis pode sofrer uma redução.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Para saber mais


O efeito substituição é o fator mais significativo para explicar a inclinação decrescente da curva
da demanda. Ele nos diz que quando o preço de um bem ou serviço se eleva, os consumidores
tendem a substitui-lo por outros a fim de obter a satisfação desejada de forma mais barata
(MOCHÓN MORCILLO, 2006, p. 63).

Qualidade do bem: a baixa qualidade de um bem


ou serviço pode determinar sua exclusão da cesta de
produtos do consumidor, caso haja renda suficiente
para sua substituição, pois, muitas vezes, a questão da
aceitação de um bem ou serviço de baixa qualidade
está relacionada à baixa renda de um consumidor.
Exemplo: lojas de produtos vendidos a R$ 1,99.
Tributações: a carga tributária imposta pelo Estado
pesa sobre o bem e/ou serviço (quantidade vendida),
uma vez que reduz a capacidade de consumo do
consumidor por suprimir parte de sua renda. Exemplo:
Imposto de Renda descontado automaticamente na
folha de pagamento dos assalariados reduz o salário
bruto.
Inovação tecnológica: na expectativa de possíveis
avanços tecnológicos ou de uma nova linha de pro-
dutos, o consumidor pode retardar sua decisão de
consumo para adquirir produtos mais atualizados.
Esse fator também sofre com a restrição orçamentária
dos consumidores, isto é, produtos mais modernos e/
ou lançamentos tendem a ter um preço mais elevado
que seus antecessores. Equipamentos de informática
e celulares são ótimos exemplos.
Expectativa de renda futura do consumidor: bens e
serviços que dependem de renda futura para a sua
aquisição ou manutenção podem não ser adquiridos
em função de seu maior valor unitário (preço) repre-
sentar muitas vezes a renda mensal do consumidor.
Sua aquisição está muitas vezes ligada à contratação
de empréstimo ou financiamento. Exemplo: aquisição
de um imóvel ou um pacote turístico para países dis-
tantes, como Japão ou Rússia. Assim, o consumo só
se concretizará se a renda futura do consumidor for
compatível com a capacidade de pagamento de liqui-
dar essa obrigação (empréstimo ou financiamento).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

Expectativa de alteração futura de preço: aqui pode-


remos ter dois cenários bastante distintos: a) o consu-
midor antecipa sua decisão de consumo frente à pos-
sibilidade de incremento no preço, e b) o consumidor
pode deixar de adquirir um bem ou serviço depois de
analisar que a elevação de seus preços impediriam a
sua aquisição ou pagamento futuro. Exemplo: produtos
ou serviços ligados à variação de moeda estrangeira,
como, por exemplo, pacotes turísticos.
Fatores geográficos ou demográficos: estão relacio-
nados com as condições de clima e solo impostas
por fatores demográficos, como regiões desérticas, as
cordilheiras (cadeias de montanhas), geleiras etc., ou
a dispersão e tamanho da população; e determinam
tanto a quantidade vendida quanto o padrão da aqui-
sição dos bens e serviços. Exemplo: pessoas que vivem
em climas extremamente frios consomem alimentos
muito mais calóricos do que pessoas que moram em
climas quentes.
Despesas com publicidade ou propaganda: aumento
da demanda em função da informação passada ao
consumidor sobre os benefícios, características, qua-
lidades e vantagens de se adquirir determinados bens
e serviços. Isto se aplica tanto a bens e serviços já
existentes quanto aos lançamentos, nesse último caso,
despertando o interesse do consumidor.

 7NMZ\ILMJMV[M[MZ^QtW[
A oferta representa os planos das empresas em oferecer bens e serviços em
função dos preços de mercado. Rossetti (2002, p. 420) define assim a oferta: “A
oferta de determinado produto é determinada pelas várias quantidades que os
produtores estão dispostos e aptos a oferecer no mercado, em função de vários
níveis possíveis de preços, em dado período de tempo”. Atualmente, é notória a
contribuição das empresas (firmas) de todos os tipos, tamanhos, forma de cons-
tituição etc., para a difusão do bem-estar da sociedade em geral, pois elas são
os agentes econômicos encarregados de combinar os fatores de produção para
a geração de bens e serviços. No sistema econômico de livre mercado, também
conhecido como capitalismo, as empresas privadas são as organizações res-
ponsáveis por produzir e colocar à disposição dos consumidores a maior parte
dos bens e serviços necessários à sua satisfação. Se compararmos a variedade
de bens e serviços que a sociedade contemporânea tem à sua disposição com
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

a disponibilidade de 100 anos atrás, veremos que foi a produtividade que per-
mitiu o cenário atual. A produtividade pode ser entendida como a quantidade
de bens e serviços produzidos por um trabalhador em uma hora de atividade.
Vamos definir então o que se entende por produção:
Produção é a aquisição e transformação de bens e ser-
viços em outros bens e serviços, ou seja, é a forma pela
qual uma empresa adquire insumos de produção e os
transforma, via utilização de determinado processo pro-
dutivo — tecnologia —, criando assim determinados bens
e serviços que tenham valor para os consumidores finais
(indivíduos) ou intermediários (empresas) (OLIVEIRA,
2006, p. 225).

Com essa definição surgem dois conceitos que precisamos conhecer:


Processo produtivo: é a forma pela qual será concretizada a produção
dos bens e serviços. É um conjunto de etapas — uma sequência lógica —
previamente conhecidas pela empresa que emprega alguma tecnologia. A
escolha de determinado processo produtivo está ligada a dois princípios
de eficiência:
1) Eficiência tecnológica: surge quando entre dois ou mais processos de
produção permite-se produzir a mesma quantidade utilizando a menor quan-
tidade física de fatores de produção.
2) Eficiência econômica: surge quando a escolha recai sobre um processo
— considerando que temos diversas formas de produzir o mesmo bem
ou serviço — que permite produzir a mesma quantidade com o menor
custo de produção (OLIVEIRA, 2006).
Tecnologia: significa um método que envolve conhecimentos técnicos,
pelo qual os insumos são combinados para produzir um bem ou serviço.
Geralmente, existe mais de uma maneira — método — de se produzir
determinado bem/serviço. Esse método, inclusive, pode ser mecânico,
sem envolver equipamentos eletrônicos. O empresário irá optar por aquele
que considerar mais eficiente economicamente, ou seja, a obtenção do
mesmo nível de produção com o menor custo possível.
A Figura 1.2 apresenta o esquema de um processo de produção genérico.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

Figura 1.2 Representação esquemática de um processo produtivo genérico

Matéria-prima
Informações
Etapas do Bens
Recursos humanos
processo produtivo Serviços
Recursos financeiros
Energia

Entrada —
Processamento Saída
fatores de produção

Fonte: Do autor (2014).

 :MXZM[MV\ItrWLIWNMZ\I
Quando falamos em oferta estamos nos referindo à intenção das empresas
em produzir e comercializar seus produtos ou serviços, não à sua venda pro-
priamente dita. Vejamos o que diz a lei da oferta: expressa a relação direta que
existe entre o preço e a quantidade ofertada: ao aumentar o preço, eleva-se a
quantidade ofertada. Vamos resgatar nosso exemplo do iogurte para verificar
como a oferta é representada. O Gráfico 1.4 apresenta a intenção de uma
determinada empresa — que chamaremos de empresa A — de ofertar ao mer-
cado potes de iogurte considerada uma variação de preço. No eixo vertical
temos o preço de venda de cada potinho de iogurte. No eixo horizontal temos
a quantidade de potinhos de iogurte ofertada pela empresa A — em unidades.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Gráfico 1.4 Representação gráfica da intenção da empresa A — de ofertar ao mercado potes


de iogurte considerada uma variação positiva de preço.

Quantidade de Pontinhos de Iogurte ofertada pela


Empresa A — unidades

Fonte: Do autor (dados hipotéticos) (2014).

A leitura desse gráfico é simples: quanto maior o preço, maior é à disposição


da empresa A em ofertar seus produtos ao mercado consumidor, pois cresce
sua possibilidade de aumentar seus lucros. Este gráfico é a curva de oferta. Ela
tem uma inclinação positiva, ou seja, o sentido oposto da curva da demanda.
Mochón Morcillo (2006, p. 28) define a curva da oferta assim:
É a representação gráfica da relação entre o preço de um
bem e a quantidade ofertada. Ao traçar a curva de oferta,
supomos que se mantêm constantes todas as demais variá-
veis diferentes do preço do bem que possam afetar a quan-
tidade ofertada, como os preços dos fatores produtivos.

Sabemos que o mercado é composto por mais produtores de iogurte, então


vamos traçar um novo gráfico — Gráfico 1.5 — relativo à oferta da empresa B.

Gráfico 1.5 Representação gráfica da intenção da empresa B — de ofertar ao mercado


potes de iogurte considerada uma variação positiva de preço

Quantidade de Pontinhos de Iogurte Ofertados pela


Empresa B — em unidades

$ 5,00

$ 4,00

$ 3,00

$ 2,00

$ 1,00

$ 0,00
03 57 91 11 41 6

Fonte: Do autor (dados hipotéticos) (2014).


(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

A curva de oferta de mercado (ou da indústria) é obtida somando-se as


quantidades ofertadas por todas as empresas individuais a cada nível de preço
(Gráfico 1.6).

Gráfico 1.6 Representação gráfica da oferta de mercado

Oferta de Mercado = A + B, em unidades


$ 5,00

$ 4,00

$ 3,00

$ 2,00

$ 1,00

$ 0,00
0 5 9 13 17 21 26 30

Fonte: Do autor (dados hipotéticos) (2014).

No eixo vertical temos o preço de venda de cada potinho de iogurte. No


eixo horizontal temos a quantidade de potinhos de iogurte ofertados pela soma
das intenções das empresas A e B — em unidades.
Assim como a demanda a oferta pode ser influenciada por um conjunto de
fatores, além do preço que determina a quantidade ofertada. Rossetti (2002, p.
426-7) elenca uma série de fatores que podem influenciar a oferta:
Capacidade instalada: a capacidade instalada das empresas aptas a
produzir é um dos mais importantes fatores determinantes da oferta de
qualquer produto. Nesse caso, o deslocamento da curva de oferta para
mais ou para menos está diretamente ligado a investimentos (ampliação)
na capacidade produtiva das empresas já instaladas e da entrada de novos
fornecedores no mercado.
Preços dos insumos: os movimentos que se observam no mercado e no
preço dos insumos (bens e serviços intermediários empregados na produção
de bens finais. Exemplo: madeira tratada, porcas, parafusos, tintas etc. para
a indústria de móveis de madeira) redefinem a sensibilidade das empresas.
No caso do exemplo acima, uma redução no preço dos insumos pode
induzir as empresas a ampliar a oferta de produtos acabados de madeira.
Tecnologia: o surgimento de novas tecnologias modificam os padrões
de produtividade e de produção e podem transferir-se para as curvas da
oferta. Deste modo, o efeito mais expressivo das novas tecnologias é a
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

capacidade de aumentar a produção. Avanços na produção significam


que as empresas podem produzir mais bens e serviços a um custo mais
barato. Produzir mais barato significa para empresas e consumidores a
possibilidade de encontrar um preço de equilíbrio mais baixo.
Expectativas: as expectativas dos empresários em relação ao nível futuro
de preços transmitem-se para sua intenção de ofertar bens e serviços. Se
eles estimam que a demanda estará em expansão e os preços poderão
elevar-se em relação aos praticados na atualidade, sua decisão é de apro-
veitar o momento futuro antecipando-se com um aumento de produção.

 -Y]QTyJZQWLMUMZKILW
Considerando o que vimos até o momento, tivemos nosso foco voltado
para explicar como, através da atividade econômica, os agentes econômicos
interagem em determinados mercados. No lado da oferta, descobrimos que as
empresas tomarão decisões de ofertar bens e serviços ao mercado que satis-
façam aos desejos e necessidades dos consumidores. No lado da demanda,
descobrimos que os consumidores tomarão decisões de adquirir bens e ser-
viços, que satisfaçam aos seus desejos e necessidades. Fica claro, portanto,
um conflito de interesses entre esses dois agentes econômicos. Será que este
conflito tem solução?

  8ZMtWLMMY]QTyJZQW
Quando consumidores — com sua intenção de maximizar (satisfazer) suas
necessidades e desejos dentro de sua capacidade de pagamento (restrição
orçamentária) — e produtores — com sua intenção de maximizar seus lucros
minimizando seus custos — interagem em um determinado mercado, é prová-
vel que aconteça uma situação de conflito. Rossetti (2002) aponta que preços
baixos são pouco atraentes para os empresários e, portanto, eles se disporiam
a produzir menos, obviamente reduzindo a oferta. Já os consumidores estão
em posição oposta: os preços baixos é que os estimulam a adquirir maiores
quantidades de bens e serviços, aumentado assim a demanda.
Logicamente o inverso também é um cenário de conflito: preços mais
atrativos geram maior oferta de produtos por parte das empresas, contudo
desestimulam os consumidores a consumir quantidades maiores. Mas na
realidade a interação entre esses dois agentes econômicos acaba gerando
um cenário possível de equilíbrio. Se analisarmos as duas representações
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

gráficas, tanto da demanda — uma reta com a inclinação negativa — como


da oferta — uma reta com a inclinação positiva —, veremos que há um ponto
de intersecção, isto é, elas se cruzam. Nesse ponto onde elas se cruzam te-
mos o preço de equilíbrio. Rossetti (2002, p. 428) aponta que este nível de
preço “[...] ajusta os interesses dos que realizam a oferta e dos que exercem
a procura (demanda)”.
É preciso ressaltar que estamos tratando de um mercado, chamado pela eco-
nomia de competitivo, que tem como principal característica a interação entre
muitos compradores e vendedores; sendo assim, nenhum deles tem a capacidade
de influenciar sozinho o preço e a quantidade de mercado. Mochón Morcillo
(2006, p. 28) define preço de equilíbrio e quantidade de equilíbrio como:
O preço de equilíbrio ou o preço que esvazia o mercado
é aquele para o qual a quantidade demandada é igual à
ofertada. Essa quantidade é a quantidade de equilíbrio.
O equilíbrio encontra-se na intersecção das curvas da
oferta e da demanda. No equilíbrio, como a quantidade
ofertada e a demanda se igualam, não há nem escassez,
nem excedente.

Para compreender melhor esse cenário, vamos resgatar nossa curva de


demanda e combiná-la com a curva de oferta que traçamos anteriormente e
verificar uma possível situação de equilíbrio (Gráfico 1.7).

Gráfico 1.7 Obtenção do preço de equilíbrio

y^^K

^^^

Fonte: Do autor (2014).


(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Agora sim é possível visualizar com clareza o preço de equilíbrio: R$ 2,75


para uma quantidade de equilíbrio de 7 unidades, ou seja, ocorreu uma situação
na qual os interesses tanto das empresas como dos consumidores foram har-
monizados, ou seja, coincidiram. Assim, nesse mercado, nesse momento está
ocorrendo uma relação de troca equilibrada entre produtores e consumidores.
No equilíbrio não há nem excesso, nem escassez de mercadorias no mercado.
É importante também aprofundar nossa interpretação desse gráfico, conside-
rando o que acontece fora do preço de equilíbrio. As duas possibilidades são:
Escassez: abaixo do equilíbrio as quantidades procuradas (demandadas)
são maiores do que as quantidades ofertadas. Vamos ver a linha de preço
de R$ 2,00: a oferta é de 4 unidades, porém a demanda — linha ponti-
lhada — é de 10 unidades. Nesse cenário, haverá uma disputa natural
entre os consumidores para adquirir o produto, o que estimulará os pro-
dutores a aumentar a oferta, além de forçar a elevação do preço.
Excesso: acima do equilíbrio as quantidades procuradas são menores do
que as quantidades ofertadas. Vamos ver a linha de preço de R$ 3,50: a
oferta é de 10 unidades, porém a demanda — linha pontilhada — é de 4
unidades. Nesse cenário, haverá uma disputa natural entre os produtores
para ofertar o produto, o que estimulará os produtores a reduzir a oferta,
além de forçar a redução do preço.
Desses dois cenários surge a famosa Lei da Oferta e da Demanda: a Lei da
Oferta e da Demanda estabelece que o preço de um bem ou serviço se ajuste
para equilibrar a oferta e sua demanda. Em outras palavras: há uma tendência
ao nível de equilíbrio.

Questões para reflexão


Já que existe um conflito, em sua visão, quem teria mais força para
estabelecer sua vontade nos mercados: os consumidores ou as empre-
sas? Como cada um deles pode construir uma estratégia de atuação
nos mercados?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

Atividades de aprendizagem
1. Além do preço existem outros fatores que podem influenciar a demanda.
Cite e comente três deles, considerando um exemplo do seu dia a dia.
2. A escolha de determinado processo produtivo está ligada a dois im-
portantes princípios de eficiência. Quais são eles?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Seção 3 -TI[\QKQLILM[M[\Z]\]ZI[LM
UMZKILWMyVLQKM[LMUMZKILW
Nós vimos anteriormente que tanto a demanda por um determinado bem,
como sua oferta são sensíveis à variável preço. Vamos começar nossa análise
pela demanda. Na verdade nossa primeira aproximação da curva da demanda
considerava apenas a variação de preço como causa da variação das quanti-
dades procuradas, conforme afirma a lei da demanda. Contudo, nós não con-
sideramos que os diferentes tipos de bens e serviços apresentam sensibilidades
diferentes da variação de preço. Rossetti (2002) chama a nossa atenção para esta
questão argumentando que na realidade, cada produto, ou pelo menos cada
família de produto, tem uma curva da demanda que lhe é própria ou caracte-
rística, diferindo da curva de outros produtos em virtude de sua sensibilidade
da quantidade procurada em relação ao preço.
Ele adicionalmente expõe que para certos produtos uma pequena variação
no preço pode provocar alterações bastante acentuadas na demanda. Já para
outros produtos, segundo Rossetti, pode ocorrer exatamente o contrário, isto
é, mesmo que ocorram variações expressivas no preço não se registram mo-
dificações acentuadas nas quantidades procuradas. Além disso, é lógico que
ocorram variações diretamente proporcionais entre o preço e quantidade pro-
curada. Sendo assim, podemos entender a questão da elasticidade como um
grau de reação ou sensibilidade de um produto ou de uma família de produtos
a variação de seu preço. O conceito de elasticidade é de suma importância para
a previsão de faturamento e de resultados para as empresas, pois permite, sob
certas circunstâncias, estimar as prováveis reações dos consumidores frente à
variação de preço de bens e serviços.

 -TI[\QKQLILMXZMtWLILMUIVLI
A elasticidade-preço da demanda é a variação percentual de quantidade da
demanda de um determinado bem ou serviço, para cada unidade de variação
percentual no preço desse mesmo bem ou serviço. Vasconcellos e Garcia (2010)
argumentam que os economistas costumam classificar as curvas demanda de
acordo o grau de elasticidade, podendo ser basicamente de três tipos: demanda
elástica, demanda inelástica e elasticidade unitária. Matematicamente define-se
elasticidade-preço da demanda como:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

9DULDomRSHUFHQWXDOGDTXDQWLGDGHSURFXUDGD
‫ ڙ‬
9DULDomRSHUFHQWXDOGRSUHoR

Considerando essa fórmula matemática podemos ter alguns resultados


esperados:
Se o resultado da equação for ‫ۄ = ڙ‬1,0‫ۄ‬, ou seja, hipoteticamente, se a
redução do preço de um bem ou serviço for de 20% e o incremento da
quantidade procurada for de 20%, então se diz que este bem ou serviço
apresenta uma elasticidade-preço demanda unitária.
Se o resultado da equação for ‫ۄ < ڙ‬1,0‫ۄ‬, ou seja, hipoteticamente, se a
redução real do preço de um bem ou serviço for de 20% e o incremento
da quantidade procurada for de 15% — gerando um ‫ = ڙ‬0,5 —, então se
diz que este bem ou serviço apresenta uma demanda inelástica.
Se o resultado da equação for ‫ = ڙ‬0, a alteração de preço não provoca
nenhuma alteração na quantidade demandada. Neste caso, a curva da
demanda está na vertical: não importa o preço, a quantidade demandada
é a mesma. Dificilmente temos exemplos práticos deste cenário. Neste
caso temos uma demanda perfeitamente inelástica. O Gráfico 1.7 nos
traz a representação deste caso particular.
Por último, se o resultado da equação for ‫ۄ > ڙ‬1,0‫ۄ‬, ou seja, hipotetica-
mente, se a redução real do preço de um bem ou serviço for de 20% e
o incremento da quantidade procurada for de 35% — gerando um ‫= ڙ‬
1,5 —, então se diz que este bem ou serviço apresenta uma demanda
elástica.

 .I\WZM[Y]MQVNT]MVKQIUIMTI[\QKQLILMXZMtWLILMUIVLI
Segundo Rossetti (2002) e Oliveira (2006), os principais fatores que influen-
ciam o comportamento da elasticidade-preço da demanda são:
Essencialidade do bem ou serviço: Refere-se ao grau de necessidade do
bem ou serviço, isto é, quanto mais essencial for este bem ou serviço,
menor é sua sensibilidade às alterações dos preços. Exemplo: medica-
mentos de uso contínuo para cardíacos. Mesmo que o preço do remédio
aumente, sua demanda deve se manter estável. Procura inelástica.
Disponibilidade de bens ou serviços substitutos: quanto maior a dispo-
nibilidade de bens ou serviços substitutos em relação aos bens e serviços
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

analisados, mais elástica se tornará sua demanda. Isto se deve ao fato de


que variações positivas no preço dos produtos analisados farão que os
consumidores os substituam por outros bens e serviços de menor preço,
provocando então uma redução, mais que proporcional, da sua procura.
Não havendo substitutos, a demanda tende a ser mais inelástica. Exemplo
de produtos com substitutos: carnes — a bovina pode ser substituída por
carne de frango, peixe ou suíno, ou ainda por cortes de carne bovina mais
baratos (carne de primeira pode ser substituída por carne de segunda).
A manteiga pode ser substituída por margarina, requeijão ou geleias.
Exemplos de bens sem substitutos: sal de cozinha e óleo diesel. O sal de
cozinha, além de não possuir substitutos, é também essencial.

Para saber mais


De um modo geral, quanto mais consideramos um bem ou serviço necessário, mais difícil é
para encontramos um substituto e menos elástica é a demanda por este bem ou serviço.

Importância participativa do bem ou serviço no orçamento do consumi-


dor: quanto maior for a participação de um bem ou serviço no total do
orçamento do consumidor, mais sensível ele será às alterações de preço,
portanto, mais elástica ela será. Exemplo: a elasticidade-preço demanda
para a carne é maior que a do sal, pois o gasto em termos financeiros com
a aquisição de carne é muito maior do que com o sal. Baixa importância
torna a procura inelástica.
Segundo Rossetti (2002, p. 416) pode-se considerar o hábito como um
fator também significativo, pois “[...] a rigidez ou a flexibilidade de hábitos de
consumo é também forte fator determinante da elasticidade-preço da demanda.
No limite, a sustentação de hábitos que se transformam em vícios praticamente
independe do preço dos bens que os satisfazem. Ex.: cigarro, hábito de leitura
(inelástica)”.

 -TI[\QKQLILMXZMtWKZ]bILILILMUIVLI
A elasticidade-preço cruzada da demanda mede a sensibilidade do consumo
de um bem a uma variação do preço de outro bem relacionado. Em outras
palavras, mede a variação percentual na quantidade demandada de um bem
dada uma variação percentual no preço de outro bem substituto. Por exemplo,
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

de quanto seria o aumento na quantidade demandada de carne suína se hipote-


ticamente houvesse um aumento no preço da carne bovina? Matematicamente
define-se elasticidade-preço cruzada da demanda como:
Variação percentual na quantidade procurada do bem X
‫ڙ‬xy = ------------------------------------------------------------------------------------
Variação percentual no preço do bem Y
Com base nos possíveis resultados da relação matemática exposta acima,
pode-se classificar os bens por sua relação:
Se ‫ڙ‬xy> 0 (positiva), a quantidade demandada de X acompanha a mesma
direção que uma variação no preço de Y. Então X e Y são bens substitutos.
Exemplo: carne bovina e carne de frango.
Se ‫ڙ‬xy < 0 (negativa), o aumento no preço de um produto diminui a de-
manda pelo outro, ou seja, X e Y “se movem juntos”. Os bens são com-
plementares. Exemplo: impressoras e folhas de papel.
Se ‫ڙ‬xy = 0 (próximo de zero), os dois produtos são não relacionados. Os
bens são independentes. Exemplo: automóveis e computadores.
Vamos ver um exemplo?
Suponha que a quantidade demandada de um determinado bem X aumento
de 2 para 4, isto é, 100%. Paralelamente, o preço de um determinado bem Y
sofreu uma variação de R$ 10,00 para R$ 15,00, ou seja, 50%.
Aplicando na fórmula:
Variação percentual na quantidade procurada do bem X 100%
‫ڙ‬xy = ------------------------------------------------------------------------- = ------------- = 2
Variação percentual no preço do bem Y 50%

Portanto, os bens X e Y são substitutos.

 -TI[\QKQLILMZMVLILILMUIVLI
Segundo Besanko e Braeutigam (2004), a elasticidade-renda da demanda
mede a taxa de variação percentual da quantidade demandada com respeito à
renda, mantendo-se constantes todos os demais determinantes da demanda. De
uma forma bem prática ela mede quanto a demanda de um bem é afetada por
mudanças na renda dos consumidores. Através dela pode-se também determinar
se um bem é normal — cuja demanda aumenta quando a renda aumenta —, ou
inferior — cuja demanda cai quando a renda aumenta.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Sua representação matemática é dada pela fórmula:


Variação percentual na quantidade demandada
‫ڙ‬r = ------------------------------------------------------------------------------------
Variação percentual da renda

Para Krugman e Wells (2007), temos:


‫ڙ‬r> 1 e positiva => Bem superior (ou bem de luxo): considerando uma
variação da renda, o consumo varia mais que proporcionalmente. Exem-
plo: joias, casacos de pele.
‫ڙ‬r < 1 e positiva => Bem normal: o consumo aumenta quando a renda
aumenta. Exemplos: alimentos em geral, eletroeletrônicos, vestuário.
‫ڙ‬r< 0 e negativa => Bem inferior: a demanda cai quando a renda aumenta.
Exemplos: Feijão e queijos.
‫ڙ‬r = 0 => Bem de consumo saciado: variações na renda não alteram o
consumo do bem. Exemplos: insulina e medicamentos de uso contínuo.
Ainda segundo esses mesmos autores, Krugman e Wells (2007, p. 105), uma
das aplicações da elasticidade-renda da procura (demanda) é quando os eco-
nomistas, empregado estimativas desta elasticidade, buscam identificar quais
indústrias crescerão mais rapidamente à medida que a renda dos consumidores
aumentar com o passar do tempo.

 -TI[\QKQLILMXZMtWLIWNMZ\I
O conceito de elasticidade-preço que estudamos anteriormente se
aplica à oferta. Só para relembrar, a elasticidade é o conceito que está
ligado à sensibilidade, isto é, a diversos graus de sensibilidade. Elastici-
dade no sentido mais amplo é a alteração percentual em uma determinada
variável (como o preço), dada uma variação percentual em outra (como a
quantidade), mantendo-se as demais variáveis estáveis. No caso da oferta,
esta sensibilidade está ligada à intenção dos produtores em ofertar bens e
serviços no mercado em função dos preços. Matematicamente, define-se
elasticidade-preço da oferta como:

Variação percentual na quantidade ofertada


‫ = ڦ‬----------------------------------------------------------------------------------------
Variação percentual do preço

Considerando esta fórmula matemática, podemos ter alguns resultados


esperados:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

Ș = 1: Oferta de elasticidade unitária => as variações das quantidades


ofertadas são rigorosamente proporcionais às variações nos preços;
0 < Ș < 1: Oferta inelástica => as quantidades ofertadas são basicamente
insensíveis à alteração nos preços.
Ș > 1: Oferta elástica => as quantidades ofertadas são basicamente sen-
síveis à alteração nos preços.
Ș = 0: Oferta anelástica => as quantidades ofertadas são dadas e não
reagem às variações de preço.
Podemos notar que o resultado é sempre positivo, pois existe uma relação
direta entre o preço e a quantidade, isto é, quanto maior o preço maior será a
disposição das empresas em contribuir para a oferta, mantendo-se as outras
condições inalteradas.
Na visão de Rossetti (2002) e Oliveira (2006), os dois principais fatores que
determinam a elasticidade-preço da oferta são:
Disponibilidade dos fatores de produção: Um exemplo clássico apontado
por Rossetti (2002) é a disponibilidade de energia elétrica: se a geração
de energia for por meio de usinas hidroelétricas, a disponibilidade está
intimamente ligada à quantidade de água nos reservatórios.
Tempo: Refere-se ao tempo necessário para a produção de certos bens
que pode frear a elasticidade. Um exemplo muito interessante é o das
proteínas animais, produtos de origem animal como as carnes, vejamos:
a carne bovina => 18 meses do nascimento do terneiro até o abate; carne
suína => 120 dias do nascimento do leitão até o abate; carne de frango
=> 45 dias do nascimento do frango até o abate.

 -[\Z]\]ZI[LMUMZKILW
Todos os dias um número praticamente incontável de empresas, no mundo
todo, oferta a um número ainda maior de consumidores seus bens e serviços
para consumo, ou seja, atendem a uma demanda de um determinado mercado.
As empresas buscam maximizar seus lucros frente aos seus custos e os consu-
midores buscam maximizar a sua satisfação frente à sua restrição orçamentária.
Esta interação em um determinado mercado entre consumidores e produtores,
entre demanda e oferta, resulta na determinação do preço dos bens e serviços e
pode ser abordada através de diferentes estruturas de mercado (MENDES, 2004).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Para Mendes (2004, p. 124) “[...] o termo estrutura de mercado refere-se


às características organizacionais de um mercado, as quais determinam as re-
lações entre: vendedores no mercado; compradores no mercado; vendedores
e compradores; vendedores estabelecidos e novos vendedores”.
Riani (1998, p. 147) acrescenta que “[...] dependendo das características
dos bens e serviços que serão produzidos, as firmas irão atuar num sistema de
mercado cujas características irão influenciar significativamente as decisões
dos produtores sobre quantidade, qualidade, variedade, preço de venda etc.”
Riani (1998) lista ainda uma série de fatores que dimensionam e dão forma às
estruturas de mercado: (a) Número de empresas que atuam no mercado; (b) A
capacidade de produção das instalações das empresas; (c) Quantidade e tipo
de consumidor a ser atingido; (d) As diferenciações ou as similaridades entre as
empresas e os bens e serviços que as empresas produzem; (e) Facilidade ou não
de acesso às tecnologias de produção; (f) Emprego de estratégias de marketing
para a comercialização dos bens e serviços produzidos; (g) Informações tanto
dos compradores quanto dos vendedores quanto às condições de mercado;
e (h) Renda dos consumidores e o segmento de mercado (idade, sexo, classe
social, pessoa física ou jurídica etc.) a ser atingido pela produção.
A grande maioria dos autores que abordam a questão da estrutura de mer-
cado aponta que o critério mais frequente para classificar as diferentes estruturas
de mercado é o que faz referência ao número de participantes que interagem
neste mercado. Desta forma podemos reconhecer três estruturas: (a) Muitos
compradores e muitos vendedores: => concorrência perfeita; (b) Número re-
duzido de vendedores diante de muitos compradores => oligopólio; e (c) Um
só vendedor frente a muitos compradores =>monopólio.

 +WVKWZZwVKQIXMZNMQ\IW]X]ZI
A primeira estrutura a ser analisada denomina-se concorrência perfeita ou
pura.
É uma estrutura idealizada — um modelo, como a economia denomina —
do mercado de bens e serviços, isto é, visa descrever o funcionamento ideal
de uma economia, servindo de parâmetro para o estudo das outras estruturas
de mercado. Apesar disso, algumas aproximações dessa situação de mercado
poderão ser encontradas no mundo real, como é o caso dos mercados de vá-
rios produtos agrícolas. Nessa estrutura a interação da oferta e da demanda
determina o preço.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

Troster e Mochón Morcillo (1994), Hall e Lieberman (2003) e Mansfield


e Yohe (2006) apontam que a definição de concorrência perfeita se dá pela
união simultânea de quatro condições:
1. Homogeneidade do produto ou padronização: requer que o produto
de um determinado vendedor seja o mesmo que o produto de qualquer
outro vendedor: esta condição garante que os compradores não se
importem de comprar o produto de qualquer um dos dois vendedores,
desde que o preço seja o mesmo.
2. Atomicidade: requer que cada participante de um determinado mercado
seja um comprador ou um vendedor e seja tão pequeno em relação a
este mercado como um todo que não possa afetar o preço do produto.
Em outras palavras: nenhum comprador pode ser grande o bastante para
que, com seu poder de barganha, possa conseguir um melhor preço dos
vendedores; e da mesma forma, nenhum vendedor pode ser tão grande
a ponto de influenciar o preço.
3. Liberdade de entrada e saída (mobilidade): requer que todos os recursos
tenham completa mobilidade: que cada recurso utilizado na produção
de bens e serviços possa entrar e sair do mercado com facilidade e
também ser empregado em outro uso sem complicações. Um exemplo
seria a mão de obra, os colaboradores de uma empresa, que tenham
liberdade para, além de trocar de emprego, poderem se mudar de uma
região para outra buscando melhores remunerações. Outro exemplo
seria o trigo, que pode ser empregado tanto para fazer macarrão, como
para fazer pão, como para fazer bolachas.
4. Transparência do mercado: requer que os consumidores, empresas e
proprietários de recursos tenham conhecimento perfeito dos dados eco-
nômicos e tecnológicos relevantes. Os consumidores precisam conhecer
os preços dos bens e serviços desejados. As empresas devem conhecer
os preços dos insumos utilizados na produção de seus produtos e a tec-
nologia empregada no processo produtivo. Os proprietários de recursos,
como, por exemplo, os bancos (capital financeiro), devem saber quanto
seus recursos irão render e todos os seus possíveis usos — no exemplo
dos bancos: financiamento da casa própria, financiamento de carros,
empréstimos pessoais, crédito consignado etc.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Como exemplo de um mercado que se encaixa nessa estrutura temos os


mercados de produtos agrícolas, onde há uma série de pequenos e médios
produtores espalhados por uma grande área geográfica e, no caso do Brasil,
mais de 200 milhões de consumidores.

 5WVWX~TQW
Podemos considerar o monopólio como o oposto da concorrência per-
feita. Em alguns mercados, principalmente locais, o consumidor não tem
escolha: alguns casos bem típicos são o fornecimento de energia elétrica e o
fornecimento de água. Existem outros casos: em cidades médias o serviço de
televisão a cabo está ao encargo de uma única empresa. O mesmo acontece
com os jornais impressos. Em cidades menores, pode haver um único posto
de gasolina, um único supermercado, apenas uma farmácia. Todos esses são
exemplos de monopólios.
Resumidamente, uma determinada empresa é a única fornecedora (ofer-
tante) de bens e serviços no mercado e obviamente é ela que estabelece o
preço de venda desses produtos. Sendo assim, fica caracterizada pela total
ausência de competição (RIANI, 1998). Oliveira (2006, p. 272-3) descreve as
três hipóteses a serem cumpridas para um monopólio ser definido:
Unicidade: quando o setor ou segmento é constituído por uma única
empresa produtora.
Imobilidade: quando são criadas barreiras para inibir a entrada de outras
empresas, sendo que essas barreiras podem ser empregadas isoladamente
ou em conjunto.
Insubstituibilidade: quando não existem substitutos próximos para os
bens e serviços produzidos pela empresa monopolista.

Para saber mais


Um exemplo claro de monopólio para nós brasileiros é o serviço prestado pelos Correios. Leia
este pequeno texto que fala sobre o assunto: <http://www.estadao.com.br/noticias/
economia,decisao-garante-rentabilidade-dos-correios-diz-custodio,414156,0.htm>.

Oliveira (2006), Troster e Mochón Morcillo (1994), Mansfield e Yohe (2006)


e Mochón Morcillo (2006) destacam os seguintes fatores, comumente chamados
de barreiras naturais e/ou legais, para o surgimento de monopólios:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

O controle exclusivo de um fator produtivo: determinada empresa possui


o domínio das fontes mais importantes de matéria-prima indispensáveis
para a produção de um determinado bem.
Barreiras por patentes e direitos autorais: a concessão de uma patente,
seja ela de um novo produto ou de um novo processo de fabricação,
faz surgir um direito de exploração exclusivo para seu inventor por um
determinado tempo.
Barreiras legais: o controle estatal da oferta de determinados serviços
origina monopólios estatais, como são parte dos serviços de correio,
captação e distribuição de água etc. A ocorrência desta situação está
comumente vinculada a setores ou atividades estratégicas.
Economias de escala ou monopólios naturais: um monopólio natural
surge porque, sendo a única empresa, pode oferecer um bem ou serviço
a todo um mercado com menos custos do que duas ou mais empresas.
Ocorre nas operações com elevada escala de produção, onde uma nova
empresa deve despender uma elevada quantia de capital, enquanto um
monopólio já estabelecido leva a vantagem de possuir um custo menor
de operação. Exemplo: investimento em uma nova fábrica de produção
de aço.
Tradição de mercado: ocorre quando uma determinada empresa está há
muito tempo em um determinado mercado e por esse motivo, domina-o
de forma monopolista.

 +WUXM\QtrWUWVWXWTy[\QKI
Até o momento vimos duas estruturas que podemos considerar extremas no
mercado: concorrência perfeita e monopólio. A concorrência monopolística
guarda certa semelhança com a concorrência perfeita em dois aspectos básicos:
presença no mercado de muitos compradores e vendedores, alta mobilidade.
A principal diferença está no fato de que na concorrência perfeita os produtos
são iguais, enquanto na monopolística os produtos são diferenciados. Oliveira
(2006, p. 286-7) descreve as quatro hipóteses a serem cumpridas para que uma
estrutura do tipo concorrência monopolística seja caracterizada:
Heterogeneidade/Diferenciação: acontece quando os produtos, apesar
de diferentes e heterogêneos, guardam uma importante relação entre seus
“similares” de mercado. Essa característica confere um determinado grau
de monopólio à empresa, o que lhe proporcionará alguma liberdade para
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

fixar o preço de seu produto. Essa diferenciação na maioria das vezes é


fruto da alteração de elementos dos produtos como embalagem, design,
cor, textura ou reputação da empresa.
Mobilidade: trata-se da elevada mobilidade das empresas dentro de cada
grupo de produto, em função do lucro econômico auferido. Essa é, sem
dúvida, uma das características que separa a concorrência monopolista
da estrutura de oligopólio, já que no oligopólio não há mobilidade em
função das barreiras limitando a entrada de outras empresas em um de-
terminado setor.
Numerosidade: cada grupo de produtos terá um grande número de em-
presas que concorrem entre si e, portanto, dividem o poder de monopólio
amplo, ou seja, cada uma tem um poder limitado para determinar tanto
o preço quanto a sua curva de demanda individual.
Exclusividade: cada empresa produz sua própria marca, apesar das se-
melhanças entre os produtos.

 7TQOWX~TQW
O oligopólio é uma estrutura de mercado que se situa entre concorrência
perfeita e os monopólios. Em alguns setores da economia verifica-se uma
alta concentração do capital, ou seja, são caracterizados por grandes cor-
porações que atendem os desejos e necessidades de um grande número de
consumidores e têm a capacidade de controlar o preço dos bens e serviços
ofertados.
Troster e Mochón Mocillo (1994, p. 164) apontam que um mercado está
configurado como oligopólio quando “ [...] existe um número reduzido de
vendedores ofertantes, diante de uma grande quantidade de compradores, de
forma que os vendedores podem exercer algum tipo de controle sobre o preço”.
Alguns exemplos dessa estrutura são os bancos, montadoras de automóveis,
companhias aéreas, serviços de telecomunicação, comércio varejista, empresas
de comunicação, petroquímicas, produtos de higiene e limpeza, e indústria
de cimento.
Na visão de Rossetti (2002), Mendes (2004), Browning e Zupan (2004) e
Oliveira (2006), as principais características dessa estrutura são: (a) o mercado
é dominado por um número reduzido de grandes corporações; (b) na maioria
dos casos, muito embora possa haver diferenciação entre os produtos das
diversas empresas, eles são perfeitos substitutos entre si, como é o caso do
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

sabão em pó, do cimento etc.; (c) o pequeno número de empresas favorece


um relativo controle de preços por estas firmas, através de acordos ou con-
luios — conhecidos como cartéis; (d) as empresas do setor tentam ganhar
mercado através de uma massiva publicidade, e nunca através de redução
de preços; (e) a ação de uma firma afeta as demais, tornando-as interdepen-
dentes, apresentando, geralmente, uma firma maior que se comporta como
líder das demais.
Oliveira (2006) destaca os seguintes fatores, comumente chamados de bar-
reiras naturais e/ou legais, para o surgimento dos oligopólios:
Barreiras por patentes e direitos autorais: nos dois casos, elas protegem a
propriedade intelectual, seja da tecnologia desenvolvida, seja de conheci-
mento em determinada área. Exemplo: as patentes são muito empregadas
para medicamentos e máquinas e equipamentos, e os direitos autorais,
para softwares de computadores e livros.
Economias de escala ou monopólios naturais: nas operações com ele-
vada escala de produção, um novo investidor deve despender um mon-
tante muito alto de capital, enquanto o oligopólio já estabelecido leva a
vantagem de possuir um menor custo médio de operação. Exemplo: no
mercado de telefonia celular: uma nova empresa terá de instalar uma rede
completamente nova de antenas ou pagar elevados preços para utilizar
a estrutura das outras firmas já estabelecidas nesse mercado.
Tradição de mercado: ocorre quando existem empresas que já estão há
muito tempo explorando o mesmo mercado e, por esse motivo, têm amplo
domínio do mesmo.
Controle de fonte de matéria-prima: se somente algumas empresas pos-
suírem significativo volume de um determinado recurso, então apenas
elas poderão fornecer o produto ou seus derivados.
No entendimento de Rossetti (2002, p. 529) com relação aos oligopólios:
Os oligopólios são, de longe, a estrutura de mercado do-
minante nas modernas economias industriais. São raras
as atividades não sujeitas a algum tipo de oligopólio e
são ainda mais raros os setores não oligopolizados. As
grandes empresas dominam a maior parte dos mercados.

Por fim, para ajudar a fixar os conceitos, temos o Quadro 1.1 com o resumo
das características das estruturas de mercado.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Quadro 1.1 Resumo das estruturas de mercado

Estrutura de Número de Diferenciação de Barreiras de Influência sobre o


mercado empresas produto entrada e saída preço
Concorrência
Elevado Homogêneo Não há barreiras Não há
perfeita
Produto único sem Barreiras ao acesso
Monopólio Unitário Forte influência
substituto próximo de novas empresas
Concorrência
Elevado Diferenciado Não há barreiras Limitada
monopolística
Homogêneo ou Barreiras ao acesso
Oligopólio Reduzido Forte influência
diferenciado de novas empresas
Fonte: Do autor (2014).

Para saber mais


No Brasil temos uma entidade governamental, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
— Cade, que tem como missão zelar pela livre concorrência no mercado, sendo a entidade
responsável, no âmbito do Poder Executivo, não só por investigar e decidir, em última instância,
sobre a matéria concorrencial, como também fomentar e disseminar a cultura da livre concor-
rência. Acesse: <http://www.cade.gov.br/>.

Questões para reflexão


Analisando o cotidiano dos diversos mercados brasileiros, você conse-
guiria identificar alguns oligopólios? Caso positivo: indique, pelo nome,
as empresas que compõe esses oligopólios. Dica: pense naqueles
serviços que exigem alta tecnologia, grande quantidade de recursos
financeiros para seu funcionamento!
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

Atividades de aprendizagem
1. Considerando a fórmula matemática que representa a elasticidade-
-preço da oferta — representado por Ș —, quais são seus possíveis
comportamentos?
2. A estrutura de mercado que se caracteriza pela presença de apenas
um único fornecedor de bens e/ou serviços é:
( ) Concorrência perfeita.
( ) Oligopólio.
( ) Monopólio.
( ) Reserva de mercado.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Fique ligado!
Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer os principais conceitos
necessários à compreensão da economia e sua relação com o ambiente
de negócios das organizações. Entre os assuntos abordados tivemos: o
entendimento dos enfoques — microeconomia e macroeconomia; o que
são e como funcionam os mercados; como se dão as interações entre
consumidores e produtores, principalmente na questão de preços; como
a sensibilidade dos preços (elasticidade) pode afetar o preço de equilíbrio;
e, finalmente, como se organizam os mercados.

Para concluir o estudo da unidade


Caro(a) acadêmico(a), como você pôde perceber, a economia é um tema
complexo! Contudo, fazendo parte do cotidiano tanto das pessoas como
das empresas, requer que sempre estejamos atentos a ela. Por isso, é muito
importante que você continue a aprimorar e aprofundar seus conhecimen-
tos através de muito estudo e empenho, utilizando para isso as referências
bibliográficas disponíveis nesta unidade. Empregando situações reais do
seu dia a dia e também das organizações, será mais fácil compreender
os principais conceitos desta ciência. Nesse sentido, busque sempre re-
lacionar os conceitos estudados com os acontecimentos do mundo real.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Para Mendes (2004, p. 124), “[...] o termo estrutura de mercado
refere-se às características organizacionais de um mercado, as quais
determinam as relações entre: vendedores no mercado; compradores
no mercado; vendedores e compradores; vendedores estabelecidos
e novos vendedores”. Considerando essa definição, assinale a alter-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

nativa CORRETA que apresenta a estrutura de mercado que se carac-


teriza pela presença de grandes corporações como fornecedoras de
bens e/ou serviços:
( ) Concorrência perfeita.
( ) Oligopólio.
( ) Monopólio.
( ) Reserva de mercado.
2. Considere a seguinte tabela com informações de preço, oferta e de-
manda de um determinado produto X em seu mercado de consumo.
Preço do Quantidade de produto X ofertada Quantidade de produto X demandada
produto X em R$ pela empresa A — em unidades pelo consumidor A — em unidades
1,00 2 14
2,00 4 12
3,00 6 10
4,00 8 8
5,00 10 6
6,00 12 4
7,00 14 2

Agora, com base nos dados da tabela, analise das sentenças a seguir:
I. O preço de equilíbrio é de R$ 4,00.
II. A quantidade de equilíbrio é de 10 unidades do produto X.
III. Na tabela, a linha onde o preço é igual a R$ 2,00, a oferta é de 4
unidades e a demanda é de 12 unidades do produto X, temos uma
situação de escassez.
IV. Na tabela, a linha onde o preço é igual a R$ 3,00, a oferta é de 6
unidades e a demanda é de 10 unidades do produto X, temos uma
situação de excesso.
Agora assinale a alternativa CORRETA:
( ) Apenas a sentença II está correta.
( ) As sentenças II e IV estão corretas.
( ) As sentenças I e III estão corretas.
( ) Somente a sentença IV está correta.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

3. Conforme os preços dos produtos e serviços vão mudando, a procura


destes no mercado vai aumentando ou diminuindo, mas nem todos
os produtos reagem de igual maneira às variações nos preços, pois
se têm vários coeficientes de elasticidade, ou seja, intensidade na
vontade de comprá-los. Considerando esse cenário, analise as alter-
nativas abaixo:
I. Na procura elástica, o aumento relativo das quantidades procuradas
é mais do que proporcional à redução relativa dos preços.
II. Na procura inelástica, o aumento relativo das quantidades procu-
radas é proporcional à redução relativa dos preços.
III. Na procura de elasticidade unitária, o aumento relativo das quan-
tidades procuradas é menos do que proporcional à redução relativa
dos preços.
IV. Na procura inelástica, o aumento relativo das quantidades pro-
curadas é menos do que proporcional à redução relativa dos preços.
Agora assinale a alternativa CORRETA:
( ) Apenas a sentença II está correta.
( ) As sentenças I e IV estão corretas.
( ) As sentenças I e III estão corretas.
( ) Somente a sentença IV está correta.
4. Um dos fatores que incentiva um determinado empresário a produzir
mais de um tipo de produtos ou serviços é a sua expectativa com
relação ao preço destes no mercado. Contudo, cada tipo de bem e/ou
serviço tem uma reação diferente à variação de seus preços; portanto,
existem vários tipos de elasticidade-preço da oferta. Considerando
esse cenário, analise as alternativas abaixo:
I. Na oferta elástica, um aumento de 30% no preço de um produto
implica um incremento de 30% em sua oferta.
II. Na oferta elástica, um aumento de 10% no preço de uma merca-
doria implica um incremento de 20% na sua oferta.
III. Na oferta de elasticidade unitária, um aumento de 30% no preço
de um produto implica um incremento de 30% em sua oferta.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 U L Q F t S L R V  G H  H F R Q R P L D  

IV. Na oferta inelástica, um aumento de 10% no preço de uma mer-


cadoria implica um incremento de 30% na sua oferta.

Agora assinale a alternativa CORRETA:


( ) Somente a sentença II está correta.
( ) As sentenças II e III estão corretas.
( ) As sentenças I e III estão corretas.
( ) Somente a sentença IV está correta.
5. Para Mendes (2004, p. 124) “[...] o termo estrutura de mercado
refere-se às características organizacionais de um mercado, as quais
determinam as relações entre: vendedores no mercado; compradores
no mercado; vendedores e compradores; vendedores estabelecidos
e novos vendedores”. Considerando essa definição, assinale a al-
ternativa CORRETA que apresenta a estrutura de mercado onde a
determinação de preço se dá pela interação da oferta e da demanda.
( ) Concorrência perfeita.
( ) Oligopólio.
( ) Monopólio.
( ) Reserva de mercado.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

:MNMZwVKQI[
BÊRNI, Duilio de Ávila. Técnicas de pesquisa em economia: transformando curiosidade em
conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2002. 408 p.
BESANKO, David; BRAEUTIGAM, Ronald. Microeconomia: uma abordagem completa. Rio
de Janeiro: LTC, 2004. 584 p.
BROWNING, Edgar K. ZUPAN, Mark A. Microeconomia: teoria e aplicações. 7. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2004. 430 p.
HALL, Robert Ernest; LIEBERMAN, Marc. Microeconomia: princípios e aplicações. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 603 p.
KRUGMAN, Paul R. WELLS, Robin. Introdução à economia. Rio de Janeiro: Elsevier:
Campus, 2007. 823 p.
MANSFIELD, Edwin; YOHE, Gary Wynn. Microeconomia: teoria e aplicações. São Paulo:
Saraiva, 2006. 640 p.
MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson:
Prentice Hall, 2004. 309.
MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Economia: teoria e política. São Paulo: McGraw-Hill,
2006. 592 p.
OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de (Org.). Economia para administradores. São Paulo: Saraiva,
2006. 432 p.
PINDYCK, Robert S. RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 7. ed. São Paulo: Pearson,
2010. 647 p.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; GREMAUD,
Amaury Patrick. Manual de economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, 606 p.
RIANI, Flavio. Economia: princípios básicos e introdução a microeconomia. São Paulo:
Pioneira, 1998. 178 p.
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 922 p.
TROSTER, Roberto Luís; MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Introdução à economia. 2. ed.
São Paulo: Makron Books, 1994. 391 p.
VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos
de economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 292 p.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

Unidade 2
3HUFHSomRGD
HFRQRPLDQRSURFHVVR
SURGXWLYR
Regina Lúcia Sanches Malassise

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, o aluno poderá com-


preender o funcionamento da economia de mercado, bem como a
interação entre os agentes econômicos e as unidades de produção.
Será levado a entender o funcionamento das diferentes estruturas
de mercado em termos de caracterização das empresas que atuam
em cada uma delas.

Seção 1: A influência da economia nos processos


de produção
Nesta seção, abordaremos os elementos necessários
para a compreensão dos processos econômicos que
ocorrem no momento em que se realiza a produção.

Seção 2: Custos produtivos


Nesta seção, vamos estudar como as empresas bus-
cam maximizar seu lucro do ponto de vista econô-
mico. Abordaremos a produção da firma, os custos
de produção, a receita da firma e a maximização de
lucro.

Seção 3: Análise econômica dos custos de


produção e seu impacto no mercado
Nesta seção, veremos que as empresas em diferentes
estruturas de mercado agem no mercado formulando
suas estratégias e tomando decisões.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

1V\ZWL]trWIWM[\]LW
Caro aluno, normalmente, quando estudamos Macroeconomia, percebemos
que a inflação, taxas de juros ou a taxa de câmbio têm pouco efeito direto sobre
as empresas. Então, você pode estar se perguntado: por que as alterações nestas
variáveis macroeconômicas têm pouco efeito imediato sobre você ou sobre a
empresa em que você trabalha?
O motivo pelo qual os efeitos da variável câmbio não os afeta diretamente
é, exatamente, por causa do mercado do qual você participa. Neste mercado,
a formação de preços é pouco influenciada pela variação da taxa de câmbio.
Por exemplo, quem trabalha no ramo de alimentos hortifrutigranjeiros geral-
mente atua em mercados específicos ou locais, por causa da perecibilidade
dos produtos, então seus preços e suas vendas serão pouco influenciados pela
taxa de câmbio.
Em mercados específicos, os preços e as vendas podem ser afetados por
outras variáveis mais próximas, como os custos de produção, a concorrência, as
preferências dos consumidores, por exemplo. Assim, a microeconomia estuda
a empresa e o mercado no qual ela interage com as demais empresas e com
os consumidores.
Nesta unidade, vamos abordar o estudo das unidades de produção. Assim,
abordaremos a produção, os custos de produção e chegaremos a maximização
de lucro. Para melhor compreensão do conteúdo, esta unidade está dividida
em 3 seções.
Vamos iniciar nossos estudos fazendo uma explanação sobre a importância
da economia nos processos produtivos.

Seção 1 )QVNT]wVKQILIMKWVWUQIVW[
XZWKM[[W[LMXZWL]trW
Podemos dizer que o primeiro processo econômico que deve ser levado
em consideração no processo produtivo é a formação dos preços. Em espe-
cial, deve-se entender que os preços têm duas dimensões: uma interna, na qual
consideram-se os custos incorridos na produção, e outra externa, na qual o preço
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

interno é submetido à avaliação do mercado, sendo comparado com os preços


da concorrência. No processo produtivo os preços relativos, isto é, o preço de
uma mercadoria em termos de quanto ela consegue comprar de outras merca-
dorias, é relevante para mostrar quanto uma empresa é competitiva, pois todo
processo de produção leva a produzir mercadorias que serão vendidas para
comprar matérias-primas e insumos e recomeçar o processo produtivo. Por
isso, o preço deve ser suficiente para garantir que após a venda seja possível
recomeçar o processo de produção.
Toda empresa tem como um de seus objetivos a geração de lucro, e sua
busca é o motor principal para sua expansão. Assim, um bom desempenho nas
escolhas aumenta a possibilidade de lucros, que incentiva as empresas tanto
a crescerem como a aumentarem sua produtividade. Com mais produtividade
criam-se condições favoráveis para vender produtos melhores, com melhores
preços que viabilizam tanto o aumento dos lucros como também dos salários
dos colaboradores. Este efeito ocorre de forma cíclica, em cadeia, afetando e
alterando de forma positiva, ou não, a economia de um país, gerando mais
renda, trabalho e condições sociais.
Por outro lado, a expansão dos negócios e, consequentemente, o cresci-
mento econômico apoiam-se no aumento da produtividade do trabalho e na
tecnologia empregada nos modelos industriais. É importante que esses fatores
permitam a identificação do papel das empresas na economia e que reflitam
de forma positiva na sociedade.
É devido à necessidade de se manter competitiva, isto é, ter preço e qua-
lidade igual a qualquer concorrente no mercado interno ou externo, que a
empresa deve estar atenta a seu processo de produção. Vamos entender como
a microeconomia analisa o processo de produção pela abordagem da Teoria
da Produção, isto é, o que vamos fazer no próximo item.

 7[XZM[[]XW[\W[Jn[QKW[LIIVnTQ[M
UQKZWMKWV€UQKI
Neste ponto, vamos delimitar, nas próximas linhas, as hipóteses ou pressu-
postos que norteiam o comportamento dos agentes no mercado.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Para saber mais


A microeconomia pode ter duas abordagens: a neoclássica, que utilizaremos ao longo deste
capítulo, e a Teoria da Organização Industrial. Nesta última, a análise do comportamento da
firma a considera enquanto uma organização dotada de recurso financeiros, físicos, humanos
e trajetória histórica a habilita a vencer ou lhe concede a derrota. Assim, a microeconomia da
organização industrial serve para analisar o comportamento das firmas, identificar falhas e
prover soluções estratégicas.

Eles é que vão informar sobre as atitudes da empresa, da concorrência e o


comportamento dos consumidores no momento da interação no mercado, isto
é, no momento em que negociam a compra ou venda de outro. Toda análise
aqui desenvolvida segue estes pressupostos, que são apresentados na sequência.
a) A hipótese coeteris paribus: é uma expressão derivada do latim, cujo
significado é “tudo o mais permanece constante”. Quando utilizamos
este termo na análise, queremos dar foco ao estudo, ou seja, fazer a
análise apenas de um mercado de cada vez. Por exemplo, quando dize-
mos que o preço de uma mercadoria determina sua demanda, coeteris
paribus, estamos dizendo que esta afirmação é válida para olhar o preço
e quantidade consumida de uma dada mercadoria, considerando que as
únicas variáveis que irão mudar são preço e quantidade. Deixamos de
lado outras variáveis, como a renda do consumidor, a preferência pela
mercadoria, e observamos a interação entre oferta e a demanda, supondo
que outras variáveis não mudam no momento da análise.
b) O papel dos preços relativos: na análise microeconômica, são mais
relevantes os preços relativos, isto é, o preço de um bem em termos do
quanto ele compra de outros bens. Ex.: 1 kg de açúcar = R$ 3,50 = 1
kg de feijão. Sem o dinheiro, 1kg de feijão pode ser trocado por 1 kg
de açúcar. Esta relação de equivalência de preço entre os produtos e
quantidades é chamada de preços relativos. O conceito de preço relativo
é o preço de uma mercadoria em termos de quanto ela compra de outra
mercadoria. Conceitualmente é entendido como:
Relação estabelecida entre diversos pares de preços im-
portantes de uma economia com a finalidade de obser-
var sua variação no tempo. Por exemplo, os preços dos
produtos agrícolas comparados com os industriais, os
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

preços das exportações comparados com os das impor-


tações (relações de troca), os salários com os preços da
cesta básica de consumo do trabalhador etc. O resultado
dessa comparação é geralmente apresentado em números
índices, tomando-se como referência um ano-base igual
a 100. Assim, por exemplo, se os preços dos produtos
agrícolas aumentam de 100 (ano-base) para 110 no ano
seguinte, isto é, aumentam 10%, e os preços dos produtos
industriais de 100 para 105 no mesmo período, os preços
relativos entre a agricultura e a indústria aumentarão
de 100 para 110 / 105 x 100 = 104,8, isto é, em termos
reais, os preços agrícolas aumentarão 4,8% no período,
se comparados com os preços industriais (SANDRONI,
1999, p. 490).

Esta relação entre preços das diversas mercadorias é que dá suporte às


vendas das empresas. Toda venda das empresas é realizada para efetuar novas
compras de mercadorias, tais como: insumos, matéria-prima, pagar trabalhado-
res etc., para manter seu ciclo de produção. Chamaremos estas mercadorias de
fatores de produção. Na prática, é como se cada real de um produto vendido
pode ser distribuído percentualmente entre os gastos que a empresa incorre
nas compras dos fatores de produção.
Por exemplo, vamos imaginar que uma empresa produz uma mercadoria
vendida a R$ 1,00. A este preço a empresa cobre os fornecedores, paga traba-
lhadores, paga os impostos e ainda tem uma margem de lucro, que é a remu-
neração do seu capital investido. Suponhamos que os percentuais referentes a
estas operações sejam:
fornecedores = 25% = R$ 0,25;
trabalhadores = 30% = R$ 0,30;
impostos = 35% = R$ 0,35;
lucro = 10% = R$ 0,10.
Para o empresário, será importante manter esta relação do preços de sua
mercadoria versus os custos de aquisição dos fatores de produção, pois disto
depende o sucesso de sua empresa. Ele pode trabalhar visando melhorar a
produtividade e, assim, aumentar seu percentual de lucro na medida em que
utilizar menores quantidades de fatores de produção. Por outro lado, se qualquer
um dos fatores de produção tiver alta de preço e ele não conseguir repassar seu
aumento de custo para os preços, terá redução de seu lucro.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

c) O princípio da racionalidade: por esse princípio, todos os agentes do


mercado utilizam a razão para fazer suas escolhas, que são movidas pela
maximização. Os empresários tentam sempre maximizar lucros (limita-
dos pelo custo de produção), e os consumidores procuram maximizar
sua satisfação no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda
e pelos preços das mercadorias).
d) Análise de economia em mercado concorrencial: uma observação im-
portante para entender as análises microeconômicas é observar para qual
estrutura de mercado esta análise funciona. Nossa proposta é começar a
análise pela forma mais simples de estrutura de mercado; considerare-
mos uma economia concorrencial, isto é, que reflete o funcionamento
de um mercado livre, sem barreiras à entrada e totalmente transparente.
As hipóteses específicas deste mercado são:

O mercado é autorregulado pelas leis da oferta e da demanda


do mercado.
Isto ocorre porque cada vendedor e comprador são tão pequenos
que a ação de um deles sozinho não consegue afetar o preço e as
quantidades do produto no mercado. Se uma empresa deixa de
produzir, não faz falta nem impede o funcionamento do mercado;
se um consumidor deixa de comprar, também não faz diferença
para as vendas do mercado.
Por isso, cada empresa deve estabelecer seu preço igual ao preço
de mercado; por exemplo, se um produto está sendo vendido a
R$ 10,00 no mercado, qualquer empresa que quiser vendê-lo
deverá ter preço de R$ 10,00. Isto ocorre porque, como existe
um grande número de empresas no mercado, se ela tentar vender
acima deste preço, os consumidores comprarão nas empresas
que vendem ao preço de mercado. E, pelo princípio da racio-
nalidade, ele não venderá abaixo deste peço porque seu lucro
seria menor. Por isso, as empresas são chamadas de tomadoras
de preços, ou seja, devem praticar o preço de mercado.
Trabalha com a noção de produtos homogêneos: isto significa
que não existe grande diferenciação entre os produtos oferta-
dos pelas empresas concorrentes, isto é, produtos que servem
para atender uma mesma necessidade são iguais. Por exemplo:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

sapato protege os pés, todos os sapatos são feitos para isto, não
interessa a marca; por isso, qualquer sapato venderá desde que
tenha preço de mercado. Não são consideradas diferenças de
qualidade, marca embalagem etc.
Não existem barreiras à entrada, pois como as empresas são
pequenas e o capital investido também é pequeno, existe a livre
entrada e saída de firmas no mercado. Também existe a livre en-
trada de compradores no mercado.
Supõe a transparência no mercado, isto é, os preços expressam o
grau de eficiência de mercado. Esta afirmação considera que os
consumidores e vendedores têm acesso a todas as informações
sem custos, isto é, conhecem o preço, qualidade, custo, receitas
e lucros de seus concorrentes.
Supõe-se a livre mobilidade de fatores: isto significa que os in-
sumos podem ser convertidos rapidamente de um uso para outro
para atender outras necessidades. Então, a cana de açúcar tanto
serve para produzir açúcar quanto álcool, e os trabalhadores
têm as mesmas habilidades. Além disto, as empresas dominam
as técnicas de produção; elas podem se localizar em qualquer
lugar, utilizar qualquer fator de produção, sair de um lugar e ir
para outro. Enfim, caso verifiquem que não conseguirão ter o
preço de seu produto igual ao preço de mercado, elas podem
escolher produzir outro produto no qual tenham eficiência e
consigam produzir ao preço que prevalece naquele mercado.
Supõe-se que não existem externalidades, isto é, qualquer evento
que aconteça fora de sua empresa, prejudicando ou beneficiando
sua produção, não é considerado na análise.
Agora que finalizamos os estudos dos pressupostos e hipóteses necessárias
para entender a análise de mercado, podemos iniciar o estudo do mercado.
Começaremos analisando os determinantes da demanda.

Atividades de aprendizagem
1. Explique o que é preço relativo.
2. O que você entendeu por livre mobilidade de fatores?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

 )MUXZM[IMIXZWL]trW
Desde o advento da Revolução Industrial na Europa nos séculos XVIII e
XIX, as empresas tornaram-se entidades de grande projeção nas sociedades,
principalmente nas que organizam seu sistema econômico com base no livre
mercado. A Revolução Industrial marcou a transição do sistema de produção
artesanal para um sistema produtivo que empregava máquinas e mão de obra
assalariada.
Atualmente, é notória a contribuição das empresas (firmas) de todos os tipos,
tamanhos, forma de constituição etc. para a difusão do bem-estar da sociedade
em geral, pois elas são os agentes econômicos que são encarregados de com-
binar os fatores de produção para a geração de bens e serviços.
No sistema econômico de livre mercado, também conhecido como capi-
talismo, as empresas privadas são as organizações responsáveis por produzir
e colocar à disposição dos consumidores a maior parte dos bens e serviços
necessários à sua satisfação.
Se compararmos a variedade de bens e serviços que a sociedade contempo-
rânea tem à sua disposição com a disponibilidade de 100 anos atrás, veremos
que foi a produtividade que permitiu o cenário atual. A produtividade pode ser
entendida como a quantidade de bens e serviços produzidos por um trabalhador
em uma hora de atividade.
Vamos definir então o que se entende por produção:
Produção é a aquisição e transformação de bens e ser-
viços em outros bens e serviços, ou seja, é a forma pela
qual uma empresa adquire insumos de produção e os
transforma, via utilização de determinado processo pro-
dutivo — tecnologia —, criando assim determinados bens
e serviços que tenham valor para os consumidores finais
(indivíduos) ou intermediários (empresas) (OLIVEIRA,
2006, p. 225).

Com essa definição, surgem dois conceitos que precisamos conhecer:


Processo produtivo: é a forma pela qual será concretizada a produção
dos bens e serviços. É um conjunto de etapas — uma sequência lógica
— previamente conhecidas pela empresa que emprega alguma tecno-
logia. A escolha de determinado processo produtivo está ligada a dois
princípios de eficiência: 1) eficiência tecnológica: surge quando entre
dois ou mais processos de produção permite-se produzir a mesma quan-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

tidade utilizando a menor quantidade física de fatores de produção; e 2)


eficiência econômica: surge quando a escolha recai sobre um processo
— considerando que temos diversas formas de produzir o mesmo bem
ou serviço — que permite produzir a mesma quantidade com o menor
custo de produção (OLIVEIRA, 2006).
Tecnologia: atualmente, este conceito é confundido com a questão de
automação ou informatização. Em economia, tecnologia tem um conceito
mais amplo e significa um método que envolve conhecimentos técnicos,
pelo qual os insumos são combinados para produzir um bem ou serviço.
Geralmente, existe mais de uma maneira — método — de se produzir
determinado bem/serviço. Esse método, inclusive, pode ser mecânico, sem
envolver equipamentos eletrônicos. Envolve sim o uso de computadores,
mas não é somente isso!
O empresário irá optar por aquele que considerar mais eficiente econo-
micamente, ou seja, a obtenção do mesmo nível de produção com o menor
custo possível.
Uma forma de classificar o processo produtivo é considerar o nível de mão
de obra empregado nas diversas etapas do processo produtivo:
Intensivos de mão de obra: quando se utiliza uma quantidade maior de
trabalhadores que de máquinas, equipamentos ou insumos nas diversas
etapas do processo produtivo. Exemplos: construção civil, indústria de
calçados e propriedades agrícolas familiares.
Extensivos: quando se utiliza mais máquina, equipamentos e insumos do
que mão de obra nas diversas etapas do processo produtivo. Exemplos:
indústria de artefatos de plástico e indústria de parafusos. Este mesmo
conceito de classificação pode ser estendido ao uso dos outros fatores de
produção, isto é, os processos produtivos podem ser classificados como
intensivo ou extensivo em capital — financeiro ou não — exemplos: ins-
tituições financeiras com capital financeiro e montadoras de automóveis
com grande quantidade de máquinas e equipamentos; em terra: pequenos
produtores ou grandes latifundiários de soja.
Nós já conhecemos os fatores de produção da Unidade 1. Vamos apenas
acrescentar que eles podem ser:
Fatores primários: são encontrados na natureza, não dependem de um
processo de produção anterior. Exemplos: água e frutos do mar.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Fatores secundários: são derivados da produção — transformação — ou


da atividade produtiva anterior. Exemplo: fios de algodão para fazer peças
de vestuário.

Para saber mais


Fatores de produção são elementos indispensáveis ao processo produtivo de bens materiais.
Tradicionalmente, desde Say, são considerados fatores de produção a terra (terras cultiváveis,
florestas, minas), o homem (trabalho) e o capital (máquinas, equipamentos, instalações, matérias-
-primas). Atualmente, costuma-se incluir mais dois fatores: organização empresarial e o conjunto
ciência/técnica (pesquisa).

Em termos de fatores de produção há ainda os que consideram cada insumo


um tipo particular de fator de produção. De modo geral, os fatores de produ-
ção são limitados e, por isso, eles se combinam de forma diferente conforme
o local e a situação histórica.

 )XZWL]trWLINQZUI
Na análise microeconômica, o estudo da produção só foi possível graças
ao desenvolvimento do aparato teórico chamado de Teoria da Produção. Ela
aborda o processo de produção, ou seja, o processo de conversão dos fatores
de produção nos produtos finais.
Os recursos ou fatores de produção são bens cuja utilidade é derivada da
sua capacidade de serem convertidos em bens finais. Eles são classificados, em
linhas gerais, em três grupos: recursos naturais, capital e trabalho.
Por recursos naturais são entendidos todos os fatores que vêm da natureza,
como o uso da terra, extração de recursos minerais e não minerais, uso do solo
e da água, que fornecem matéria-prima. Com a recente preocupação ambien-
tal, as empresas devem se preocupar em produzir com sustentabilidade, o que
requer planejamento.
O capital normalmente é expresso no uso do dinheiro no processo de pro-
dução que é empregado em máquinas, equipamentos, prédios, instalações etc.
O trabalho representa o emprego das forças e habilidades humanas necessá-
rias para que os outros dois fatores sejam acionados e intercambiados, gerando
produção. Atualmente, é muito comum, no debate, levantar questões sobre a
qualidade do capital humano das empresas: quanto mais qualificado, maior
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

a produtividade. Outro destaque em termos de recursos humanos é o empre-


endedorismo associado a pessoas que têm boas ideias e que criam produtos e
serviços: quanto mais empreendedor for o empresário, maiores as chances de
sucesso da empresa.
Os recursos de produção têm três importantes características: são escassos,
são versáteis e podem ser combinados em diferentes proporções.
A escassez deriva dos mesmos preceitos do conceito de economia: se os
bens são abundantes, não há com o que se preocupar. Assim, por exemplo,
podemos pensar que a água é um recurso abundante no Brasil, porém, para
que ela gere energia, deverá ser construída uma hidroelétrica. Somente a água
canalizada para a hidroelétrica servirá para este fim, e, como já verificamos,
em 2001, no Brasil, mesmo com excesso de água, tivemos o apagão, pois não
tínhamos hidroelétricas com a capacidade de geração de energia necessária
para aquele momento.
Quanto à versatilidade, geralmente um mesmo fator de produção se presta à
produção de mais de um bem. Por exemplo, a energia elétrica tanto é utilizada
para fazer funcionar máquinas e equipamentos quanto para gerar luz ou, ainda,
aquecer. Numa mesma empresa, ela pode ser utilizada de diferentes maneiras.
O mesmo acontece com insumos que podem gerar diferentes produtos e sub-
produtos, como a soja, por exemplo.

Questões para reflexão


Pesquisa e responda: na economia brasileira, podemos dizer que a soja
tem as três características dos recursos de produção?

Podemos descrever a produção através de uma função. A função de pro-


dução mostra a produção máxima que uma empresa pode obter para cada
combinação específica de insumos. É a relação técnica entre a quantidade
física de fatores de produção e a quantidade física do produto em determinado
período de tempo. Matematicamente, temos:
PT =f(xi,...,xn), em que PT é a quantidade produzida e xi é a quantidade
utilizada do fator de produção i, e xn representa dos demais fatores.
A função de produção “[...] é a relação que mostra a quantidade física ob-
tida do produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção
em determinado período de tempo” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004, p. 59).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

É necessário entender a diferença entre produto, insumos e função de pro-


dução. Produto é o resultado do processo de transformação dos fatores adqui-
ridos pela firma para criar bens e serviços a serem vendidos no mercado. Os
insumos são os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), capital,
terra, utilizados neste processo, segundo uma dada tecnologia expressa pela
função de produção, a qual nada mais é que a relação que mostra a quantidade
física obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de
produção num dado período de tempo.
Quando estudamos produção, verificamos que existem fatores que são fixos
(FF) ou variáveis (FV). Por fatores fixos (FF), entendemos aqueles que existem
na empresa e que independem da quantidade produzida, por exemplo: o es-
paço físico utilizado pela empresa. Por fatores variáveis (FV),entendemos os
que variam conforme o volume produzido, por exemplo, as horas trabalhadas,
número de trabalhadores empregados, energia, matéria-prima etc.
A existência de fatores fixos e variáveis permite diferenciar o curto do longo
prazo. Entende-se por curto prazo o período de tempo em que há pelo menos
um fator fixo envolvido na produção de uma firma.

Para saber mais


O curto prazo é período no qual existe pelo menos um fator de produção fixo. No longo prazo
todos os fatores se alteram. O curto prazo para uma metalúrgica é maior do que o de uma
fábrica de biscoitos (as alterações de equipamentos ou instalações daquela demandam mais
tempo que a desta). Na teoria microeconômica, a questão de prazo está definida em termos
da existência ou não de fatores fixos de produção

Assim, o longo prazo é o período de tempo em que todos os fatores podem


variar, isto é, não existem fatores fixos. Na prática das empresas, o longo prazo
é uma série de curtos prazos agrupados, pois as mudanças na capacidade de
produção da empresa vão ocorrer ao longo do tempo. Portanto, nas próximas
linhas, descreveremos o processo de produção no curto prazo (VASCON-
CELLOS; GARCIA, 2004).

 )VnTQ[MLIXZWL]trWVWK]Z\WXZIbW
No curto prazo, precisamos determinar quais são os fatores fixos e variá-
veis e, então, proceder aos cálculos da produtividade média e produtividade
marginal dos fatores.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

Produtividade média
Partindo da função de produção genérica, temos que: PT = f (N,K). Esta
função representa que o produto total (PT) é função (f) do fator variável mão
de obra (N) e do fator fixo capital (K). Como vamos fazer a análise de curto
prazo, podemos reescrever a função para deixar somente o fator variável, assim,
temos: PT = f(N).
O primeiro passo é encontrar a produtividade média (PMe) do fator N.
A (PMe) é obtida dividindo-se o produto total (Q) pela quantidade empregada
e mão de obra (N). Algebricamente, temos:
PMe = PT / N

O resultado indica quanto cada trabalhador produziu em média. Veja que


por ser uma média, se observarmos cada trabalhador individualmente, uns
podem produzir mais e outros menos, mas a média expressa a quantidade pro-
duzida individualmente pela maioria dos trabalhadores. No setor industrial, por
exemplo, as empresas utilizam esta média para realizar testes e verificar se irá
contratar um candidato à vaga ou não. Geralmente, quando ele produz como
a média ou mais, será um forte candidato à contratação. O produto médio do
trabalho ou produto por trabalhador inicialmente aumenta e depois diminui.

A produtividade marginal ou adicional


A produtividade marginal (PMg) é a variação da produção à medida que
acrescentamos o fator variável à produção. Neste caso, ele mede quanto a
produção cresce quando acrescentamos mais trabalhadores na produção. Al-
gebricamente, pode ser expresso por:
PMg = Variação na produção / Variação em N

A variação na produção é medida pela diferença entre a produção em um


período inicial e o período após acrescentarmos mais N na produção. A produ-
tividade marginal inicial é crescente até o ponto em que PMg = PMe, depois ela
começa a decrescer, indicando que cada novo trabalhador acrescenta menos
produto à produção total. Isto é explicado pela Microeconomia pela Lei dos
Rendimentos Decrescentes. Conceitualmente é definida por:
LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES. Também co-
nhecida por Lei das Proporções Variáveis ou Lei da Pro-
dutividade Marginal Decrescente. Pode ser conceituada
da seguinte maneira: ampliando-se a quantidade de um
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos de-


mais fatores, a produção, de início, aumentará a taxas
crescentes; a seguir, após certa quantidade utilizada do
fator variável, passará a aumentar a taxas decrescentes;
continuando o aumento da utilização do fator variável,
a produção decrescerá. Um exemplo clássico é o do
aumento do número de trabalhadores em certa extensão
de terra a ser cultivada. Numa primeira fase, a produção
aumenta, mas logo se chega a um estado de nenhum
crescimento na produção, devido ao excesso de trabalha-
dores em relação à extensão de terra (que não aumentou)
(SANDRONI, 1999, p. 340).

Mais à frente teremos um exercício numérico resolvido, e você entenderá


melhor este conceito. Agora vamos estudar um pouco dos efeito da produção
no longo prazo.

 8ZWL]trWITWVOWXZIbW
No longo prazo, a tomada de decisão para ampliar a capacidade de produ-
ção deve levar em conta os rendimentos de escala. Estes referem-se à análise
das vantagens e desvantagens que a empresa tem, a longo prazo, em aumentar
sua dimensão, seu tamanho, demandando mais fatores de produção é concei-
tuado como:
RENDIMENTOS DE ESCALA. Relação entre a produção de
mercadorias e a utilização de fatores de produção, como
mão de obra, capital, matéria-prima etc. O rendimento
de escala é utilizado para estudos a longo prazo e em
função da alteração de todos os fatores de produção, que
se mantêm proporcionalmente iguais entre si. É medido
pela quantidade de produto obtido por unidade de fator
de produção empregado. Em produções de pequena es-
cala, pode-se aumentar o rendimento até com o simples
aumento da produção. No entanto, esse aumento de
produção só pode ir até certo nível, pois pode diminuir
o rendimento, decrescendo a eficiência produtiva. De
maneira geral, os aumentos de rendimento de escala são
conseguidos pela especialização da mão de obra e do
trabalho realizado. Os trabalhadores concentram-se em
menor número de processos e tarefas, criando-se equi-
pes especializadas. É o que acontece em produções de
grande escala, como nas fábricas de automóveis, onde
há equipes especializadas de funcionários para cada fase
de produção. Em produções em pequena escala, isso não
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

pode ser aplicado da mesma forma, tanto pela indivisibi-


lidade dos fatores de produção como também porque as
equipes especializadas apresentam custos unitários mais
altos. Ao mesmo tempo, a especialização aumenta os
problemas e custos na área de direção e comercialização
(SANDRONI, 1999, p. 525).

Os rendimentos de escala classificam-se em:


Rendimentos crescentes de escala: se todos os fatores de produção
crescerem numa mesma proporção, a produção cresce numa proporção
maior. Por exemplo, se amplia o uso de capital e mão de obra em 10% e
a produção cresce 15%, logo verifica-se que a produção cresceu acima
da expansão da capacidade produtiva. Isto ocorre devido à existência de
economia de escala técnica, pois há aumento da eficiência dos fatores
utilizados, da indivisibilidade na produção, da divisão do trabalho.
Rendimentos decrescentes de escala: ocorre quando todos os fatores de
produção crescem numa mesma proporção, e a produção cresce numa
proporção menor. Por exemplo, se amplia o uso de capital e mão de obra
em 10% e a produção cresce 5%, logo verifica-se que a produção cres-
ceu abaixo da expansão da capacidade produtiva. Um motivo provável
para que isto ocorra deve-se ao gigantismo da empresa de tal forma que
a expansão da empresa provoca uma dificuldade de comunicação entre
a direção e as linhas de montagem, levando a ampliações desnecessárias
dos investimentos.
Rendimentos constantes de escala: se todos os fatores de produção cres-
cerem numa mesma proporção, a produção cresce na mesma proporção.
A produtividade média dos fatores de produção são constantes.
Passos e Nogami (2003) e Oliveira (2006) apontam os seguintes aspectos
que contribuem para o surgimento de economias de escala:
Divisão e especialização do trabalho: programas de treinamento constante
para os colaboradores resultam no aumento da destreza, permitindo a
redução de tempo necessário à execução de cada atividade e também a
eliminação da perda de tempo decorrente da mudança de uma atividade
para outra. A redução de tempo se reflete no aumento da produtividade.
Preços dos fatores de produção: é possível obter economia por meio
da aquisição de grandes lotes de matérias-primas e de outros fatores
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

produtivos, uma vez que encomendas maiores propiciam a obtenção de


descontos financeiros mais atrativos.
Indivisibilidade de operações financeiras: empresas de maior porte têm
melhores condições de acesso a empréstimos e financiamentos, com
juros mais baratos.
Indivisibilidade de equipamentos: certos tipos de máquinas e equipa-
mentos só são economicamente viáveis após determinados tamanhos
mínimos.
Vantagens ligadas ao marketing e à promoção de vendas: é muito comum
que grandes empresas possuam seu próprio pessoal e até mesmo o próprio
veículo de divulgação para seus produtos.
Economia de escopo: benefícios de menores custos ao se produzir dois
ou mais produtos em conjunto, em virtude da tecnologia empregada, em
vez de separados. Exemplos: a empresa produzir smartphones e tablets.
Vantagens de produção e distribuição: quando a empresa possui diversas
unidades produtivas, são vários os benefícios relacionados à logística da
produção e distribuição, originados por essas múltiplas operações.
Vantagens provenientes de inovações tecnológicas: é natural que
grandes empresas tenham mais recursos disponíveis para investir na
criação de novos produtos e/ou processos produtivos do que empresas
menores.
A título de curiosidade, Pindyck e Rubinfeld fazem o seguinte questionamento:
Para um único insumo, rendimentos decrescentes de
escala e rendimentos constantes de escala não são in-
consistentes? Em qualquer processo produtivo, é possível
observar, para algum nível de insumo, a ocorrência de
rendimentos decrescentes para um único fator de produ-
ção. Este fenômeno é tão difuso que os economistas lhe
deram o nome de “lei da produtividade marginal decres-
cente”. Por definição, o produto marginal de um insumo
é a produção adicional obtida através do emprego de
uma unidade adicional do insumo, supondo constantes as
quantidades dos demais insumos. A produção adicional,
ou rendimento, de um único insumo diminui justamente
pelo fato de todos os demais insumos serem fixos. Por
exemplo, mantendo-se constante o nível de capital, cada
unidade adicional de trabalho dispõe de menos capital
com o qual trabalhar. Os rendimentos de escala, por sua
vez, são aumentos proporcionais em todos os insumos.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

Ainda que cada fator isoladamente apresente rendimentos


decrescentes, a produção pode aumentar em proporção
igual, maior ou menor que o aumento nos insumos. A
diferença entre os dois conceitos refere-se ao fato de
que, no caso dos rendimentos de escala, aumentam-se as
quantidades de todos os insumos na mesma proporção,
não sendo mantido fixo nenhum insumo (PINDYCK; RU-
BINFELD, 2002a, p. 69).

Para saber mais


Você pode aprofundar seu estudos sobre Custos de Produção lendo o capítulo 6, Produção, da
7a ed. do livro Microeconomia, do autor Robert S. Pindyck, publicada em 2010.

Partindo da leitura de Pindyck e Rubinfeld (2002), podemos acrescentar al-


gumas observações importantes sobre a teoria da produção. Vimos que a função
de produção representa a forma pela qual os insumos são transformados em
produtos por uma empresa. Em geral, considera-se o caso de uma empresa que
produz apenas um tipo de produto e agregam-se todos os insumos ou fatores de
produção em algumas categorias, tais como: trabalho, capital e matérias-primas.
No curto prazo, um ou mais fatores de produção são fixos. Com o passar
do tempo, a empresa torna-se capaz de alterar os níveis de todos os insumos.
No longo prazo, todos os insumos são variáveis.
O produto marginal do trabalho tende a apresentar uma elevação seguida
de uma diminuição a curto prazo. Isso ocorre porque, à medida que unidades
adicionais de trabalho são adicionadas a uma quantidade fixa de capital, o pro-
duto marginal do trabalho aumenta, atinge um máximo e, em seguida, diminui.
O aumento inicial do produto marginal do trabalho se deve ao fato de que os
primeiros trabalhadores contratados pela empresa podem se especializar nas
tarefas em que são mais produtivos. Inevitavelmente, dada uma quantidade fixa
de capital, a contratação de trabalhadores além de certo nível torna o ambiente
de trabalho excessivamente congestionado e causa a redução da produtividade
dos trabalhadores adicionais.
Agora que você conhece um pouco sobre a produção podemos avançar em
nossos estudos para entender a abordagem de custo, vamos lá.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Seção 2 +][\W[XZWL]\Q^W[

Na análise da firma, podemos dizer que seu objetivo é a maximização de


lucros, porque é isto que permite à firma continuar existindo. Uma das formas
de ela obter isto é produzir o máximo, utilizando de maneira eficiente seus
fatores de produção, ou seja, ela deve aumentar sua produtividade.
A empresa pode ter mais eficiência na produção quando consegue produzir
mais com o menor custo possível ou produzir um montante fixo com o menor
custo possível. Desta forma, a firma estará maximizando seus resultados e uti-
lizando seus recursos de maneira eficiente.
Sabemos que o objetivo básico de qualquer empresa é o lucro, isto é, a
maximização dos resultados oriundos de sua atividade econômica. E todo o
esforço de gestão dos administradores de empresas que atuam no livre mercado
está focado nisso. Este cenário se dará de duas formas:
Maximização da produção diante de um patamar de custos.
Minimização dos custos totais para um determinado volume de produção.
Em termos de gestão de empresas, a questão dos custos recebe uma im-
portante contribuição de Porter com seu conceito de estratégias competitivas.
Segundo Porter (1992), de forma genérica, as empresas podem adotar três
estratégias competitivas:
Estratégia de liderança em custos: visa obter vantagens competitivas pela
oferta de produtos e serviços (em geral padronizados) a custos mais baixos
do que os concorrentes.
Estratégia de diferenciação: busca alcançar vantagens pela introdução
de um ou mais elementos de diferenciação nos produtos e serviços, que
justifiquem preços mais elevados.
Estratégia de foco: objetiva obter vantagens competitivas ou pela oferta
de produtos e serviços com menores custos, ou pela diferenciação dos
mesmos, mas em um segmento de mercado mais localizado ou restrito.
Porter (1992, p. 11) argumenta ainda que:
[...] a liderança no custo é a mais clara das três estratégias
genéricas. Se uma empresa pode alcançar e sustentar a
liderança no custo total, então ela será um competidor
acima da média de seu mercado. [...] Com preços equiva-
lentes ou mais baixos que seus rivais, a posição de baixo
custo de um líder no custo traduz-se em retornos (lucros)
mais altos. Portanto, é de suma importância para o admi-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

nistrador reconhecer e interpretar os custos envolvidos


no seu negócio visando à sustentabilidade da empresa
em longo prazo.

 )VnTQ[MLMK][\W[LMK]Z\WXZIbW
Conhecidos os preços dos fatores, é sempre possível determinar um custo
total de produção ótimo para cada nível de produção. Assim, define-se custo total
de produção como o total das despesas realizadas pela firma com a utilização
da combinação mais econômica dos fatores, por meio da qual é obtida uma
determinada quantidade do produto. Os custos totais de produção (CT) são
divididos em custos variáveis totais (CVT) e custos fixos totais (CFT):
a) Custos fixos totais (CFT) são decorrentes dos gastos com os fatores fixos
de produção e correspondem a uma parte dos custos totais que tem de
ser paga de qualquer forma, independentemente da produção realizada.
b) Custos variáveis totais (CVT) são parte dos custos totais que dependem
da quantidade produzida. Identificam as despesas realizadas com os
fatores variáveis de produção (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006).
Também os custos fixos e totais podem ter seus cálculos desmembrados em
custo médio, de tal forma que:
CTMe = CT / PT => Esta é a fórmula do custo total médio (CTMe).
CFMe = CFT / PT => Esta é a fórmula do custo fixo médio (CFMe).
CVMe = CVMe / PT => Esta e a fórmula do Custo Variável Médio (CVMe).
E a evolução do custo total de produção (CT) pode ainda ser observada
pela ótica do custo marginal ou adicional (CMg). Este custo é medido pela
seguinte fórmula:
CMg = Variação no Custo Total de Produção / Variação na Produção

Enquanto os custos médios permitem ver qual o desembolso médio da


empresa para produzir uma unidade de produto, o custo marginal permite à
empresa visualizar o custo da última unidade produzida.
Graficamente, a curva de CTMe, CVMe e CMg tem o formato de U, isto é,
inicialmente eles decrescem e depois voltam a crescer. Isto ocorre porque no
começo da firma a produção tende a ser pequena, e os custos influenciados
pelo custo variável (que varia de acordo com a produção) tende a cair, porém,
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

à medida que a produção cresce, os custos influenciados pelo custo variável


começam a crescer, conforme você pode visualizar na Figura 2.1.

Figura 2.1 Relação entre as curvas de custos de produção

Fonte: Do autor (2014).

Como complemento à compreensão da relação entre os diferentes custos,


apresentamos o seguinte questionamento:
Você é um empregador interessado em preencher uma
posição vaga em uma linha de montagem. Você estaria
mais preocupado com o produto médio ou com o pro-
duto marginal do trabalho em relação à última pessoa
contratada? Caso observe que seu produto médio está
começando a diminuir, você deveria contratar mais fun-
cionários? O que tal situação significaria em termos de
produto marginal do último funcionário contratado?
Ao preencher uma posição vaga, você deveria estar preocu-
pado com o produto marginal do último funcionário contra-
tado, que mede o efeito dessa contratação sobre a produção
total e, portanto, permite calcular e comparar a receita gerada
pela contratação e com o seu custo. O ponto a partir do qual
o produto médio começa a diminuir é o ponto onde o pro-
duto médio é igual ao produto marginal. Apesar do aumento
do número de trabalhadores causar a redução do produto
médio, o produto total continua a aumentar, de modo que a
contratação de um empregado adicional pode ser vantajosa.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

Quando o produto médio está diminuindo, o produto marginal


do último funcionário contratado é menor que o produto mé-
dio dos trabalhadores contratados anteriormente (PINDYCK;
RUBINFELD, 2002a, p. 70).

A teoria dos custos de produção também é dividida em curto e longo prazo:


a) Custos totais de curto prazo: são caracterizados pelo fato de serem com-
postos por parcelas de custos fixos e de custos variáveis.
b) Custos totais de longo prazo: são formados unicamente por custos vari-
áveis. Ou seja, em longo prazo não existem fatores fixos.
Partindo da leitura de Pindyck e Rubinfeld (2002), podemos acrescentar
algumas observações importantes sobre a teoria dos custos de produção: de-
vemos observar que em economia temos três tipos de custos diferentes no que
se refere ao significado econômico do termo: custo de oportunidade, custo
irreversível e custo fixo.
O custo de oportunidade é o custo associado às oportunidades deixadas
de lado, quando a empresa utiliza seus recursos na melhor alternativa possível,
ou quando os recursos não são utilizados da forma que produza maior valor
possível (maior retorno possível) por recurso empregado.
Custo irreversível é um gasto feito que não pode ser diretamente recuperado,
isso porque não pode ser retomado caso apareça uma melhor oportunidade de
negócio. Por isso, depois de incorrido deve ser ignorado nas futuras tomadas
de decisão.
Custo fixo é o custo que incorre a firma que não depende do quanto é pro-
duzido. O custo fixo inclui gastos com insumos que a firma não pode variar no
curto prazo. A relação entre o custo marginal e o custo variável de produção
ocorre porque o aumento de custo marginal da empresa deriva do aumento em
uma unidade adicional à produção. Por isso, no curto prazo o custo fixo não
varia, e o custo marginal de uma empresa pode ser medido apenas observando-
-se o aumento do custo variável à medida que cada nova unidade de produção
é acrescentada ao produto total da empresa.
Os fatores estão sujeitos a rendimentos marginais decrescentes, isso signi-
fica que o produto marginal do trabalho declina conforme a quantidade
de trabalho empregada aumenta. Como consequência, quando houver
retornos marginais decrescentes, os custos marginais aumentarão à me-
dida que o produto aumentar.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Utilizamos o termo custo de uso do capital como referência ao custo que


se tem por possuir e usar um ativo de capital, o qual é igual ao custo da
depreciação mais os juros não recebidos.
Utilizamos o termo taxa de locação para fazer referência ao custo do
arrendamento anual de uma unidade de bem capital.
A linha de isocusto é uma representação gráfica que mostra todas as
combinações possíveis de insumos (por exemplo: de trabalho e capital)
que podem ser adquiridas a um mesmo custo.
O caminho de expansão corresponde às combinações de insumos (por
exemplo: trabalho e capital), que minimizam os custos de produção (re-
presentados pelas linhas de isocusto) em cada nível de produção (repre-
sentado pelas isoquantas). O caminho de expansão é a curva que passa
pelos pontos de tangência entre as linhas de isocustos e as isoquantas
de uma empresa, demonstra o caminho pelos quais a empresa pode ex-
pandir a produção com menores custos possíveis em virtude da melhor
combinação dos fatores de produção associada a cada nível de produção
pretendida.
Existem economias e deseconomias de escala. Elas se verificam quando
se modifica a proporção dos insumos à medida que o nível de produção
se altera. Assim, a empresa apresenta economias de escala quando ela e
capaz de duplicar sua produção com menos do que o dobro dos custos.
Da mesma forma, existem deseconomias de escala quando a duplicação
da produção corresponde a mais do que o dobro dos custos.
Existem economias e deseconomias de escopo. Elas representam as
vantagens (economias) ou desvantagens (deseconomias) advindas da di-
versificação da produção. Surgem da utilização das mesmas instalações,
utilização das mesmas unidades administrativas ou marketing. Quando
ocorrem economias de escopo, a produção conjunta de diversos bens
por uma mesma empresa é maior do que a que seria obtida por produção
em empresas diferentes. As deseconomias ocorrem quando o volume de
produção de uma empresa produzindo diversos itens é menor do que o
que seria obtido caso os bens fossem produzidos por empresas diferentes.
O termo curva de aprendizagem refere-se à curva que relaciona as quan-
tidades de insumos necessários para produzir uma unidade de produto à
medida que aumenta a produção cumulativa da empresa. Tem tendência
declinante ao longo do tempo, pois, à medida que os trabalhadores ad-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

quirem mais experiência (tempo de trabalho), tornam-se mais eficientes


na operação dos processos ligados à atividade da empresa e, assim, as
horas de trabalho necessárias para produzir os produtos dessa empresa
diminuem, reduzindo também os custos de produção.
Como complemento ao estudado, podemos apresentar o seguinte
questionamento:
Defrontando-se com condições que mudam constante-
mente, por que uma empresa teria algum interesse em
manter algum insumo fixo? o que determina se um insumo
é fixo ou variável?
O fato de um insumo ser fixo ou variável depende do horizonte
temporal de interesse: todos os insumos são fixos no curtíssimo
prazo e variáveis no longo prazo. Conforme afirma o texto:
“Todos os insumos fixos no curto prazo correspondem aos
resultados de decisões anteriores de longo prazo, baseadas
em estimativas das empresas daquilo que poderiam produzir
e vender com lucro”. Alguns insumos são fixos no curto prazo,
independente da vontade da empresa, simplesmente porque
mudar o nível das variáveis requer tempo. Por exemplo, a
empresa pode estar legalmente presa a um edifício por um
contrato de aluguel, alguns empregados podem ter contratos
que precisam ser cumpridos, ou a construção de uma nova
instalação pode levar alguns meses. Lembre que o curto prazo
não é definido em termos de um número específico de meses
ou anos, mas em termos do período de tempo durante o qual
a quantidade de alguns insumos não pode ser modificada por
razões como as apontadas acima (PINDYCK; RUBINFELD,
2002a, p. 70).

Atividades de aprendizagem
1. Diferencie custo fixo de custo variável.
2. Diferencie custo médio de custo marginal.

 )ZMKMQ\ILINQZUIMIUI`QUQbItrWLW[T]KZW[
Todo o processo de produção de bens e serviços por parte dos empresários
se dá porque eles buscam alguma compensação, que é o lucro. Porém, a ob-
tenção de lucro por parte da empresa é um processo. Num primeiro momento,
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

eles planejam a produção, levantamos custos, computam um lucro e projetam


as vendas. Porém, neste processo, ele controla os elementos internos, como
seus custos e lucro; as vendas são o fator externo que ele procura conhecer e
dominar, pois delas dependem as receitas da firma.
As receitas das firmas podem ser classificadas como:
Receitas totais (RT) ou faturamento bruto: resulta da multiplicação do
preço de venda pela quantidade vendida de um bem.
Receita média (RMe) ou faturamento médio ou ainda receita unitária:
resulta da divisão da receita total pela quantidade vendida do produto ou
do serviço. A receita média confunde-se com o próprio preço de venda
do produto.
Receita marginal (RMg): é a variação da receita total dividida pela variação
no produto total.
Agora que estudamos a receita da firma, precisamos fazer a ligação entre
produção, custos e receitas para poder entender o ponto de lucro máximo. A
partir deste ponto, podemos fazer a interligação entre estes três aspectos da
maximização de lucro das empresas.

 )IVnTQ[MLMUI`QUQbItrWLMT]KZWMUNQZUI[
KWVKWZZMVKQIQ[
A maximização de lucro é um dos pontos mais importantes na teoria da
firma, ele pode ser definido como
MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS (ou Lucro Ótimo). Nível de
produção em que a diferença entre os custos e as receitas
obtidas com a venda dessa produção é a maior possível.
Pode-se localizar o ponto de lucro ótimo a partir de uma
tabela na qual constem os custos para cada nível de pro-
dução e o faturamento total conseguido com a produção
naquele nível. A maximização dos lucros será conseguida,
em teoria, quando houver a maior distância entre os cus-
tos e as receitas. Outro método consiste em determinar
o retorno obtido com a venda de uma unidade adicional
de produção. Se o retorno for superior ao custo daquela
unidade, a produção deverá ser aumentada, e repete-se
o cálculo para outras unidades adicionais, enquanto as
condições prevalecerem; se os custos se equilibrarem
com as receitas, então a produção deverá ser reduzida
(SANDRONI, 1999, p. 373).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

Normalmente, as análises de lucro da firma são feitas de maneira muito


teórica, nas quais os autores apenas apresentam os conceitos, e em outras
apresentam exemplos numéricos desconectados. Utilizam um exemplo na
produção, depois mudam para outro quando vão explanar custos e resumem-
-se a definir os conceitos de receita.
Tendo em vista esta lacuna na interligação dos conceitos e dos exemplos
numéricos, aqui desenvolveremos um exemplo passo a passo com o objetivo
de levá-lo a entender como se dá a análise econômica da firma no curto prazo.
Nossa empresa hipotética atua na atividade de gravação de softwares em
CDs. Começaremos definindo os fatores de produção: nesta empresa, máqui-
nas e instalações foram consideradas como fatores fixos (FF), e, como estamos
fazendo uma análise de curto prazo, não haverá aquisição de novas máquinas
ou espaço físico neste momento. Agora observe a Tabela 2.1:

Tabela 2.1 Análise da produção

Máquinas
MDO (FV) PT PMe PMg
(FF)
Unidades Unidades Unid/dia Trab/dia
10 1 6 6
10 2 14 7 8
10 3 24 8 10
10 4 32 8 8
10 5 38 8 6
10 6 42 7 4
10 7 44 6 2
10 8 44 6 0
10 9 42 5 -2
Fonte: Do autor (2014).

Podemos verificar que a empresa dispõe de máquinas para gravação (FF)


dos CDs; estas máquinas somam um total de 10, pois a empresa espera que
esta capacidade instalada seja suficiente para obter uma produção máxima (PT)
de 44 unidades/dia de CDs.
Porém, para operar com as dez máquinas, a empresa deverá contratar traba-
lhadores; aqui eles são considerados o fator variável (FV), isto é, este é o fator
que será acrescentado de acordo com a quantidade de CDs que a empresa
deseja produzir. A empresa espera obter PT máximo com os 8 trabalhadores e
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

um PT mínimo utilizando apenas 1 trabalhador. Relacionando a produção e o


número de trabalhadores, estamos estabelecendo a relação técnica entre eles.
Se utilizarmos apenas este critério para que a empresa escolha seu nível
de produção, ela optará por produzir o máximo empregando 8 trabalhadores.
Aqui estaríamos utilizando somente a eficiência técnica. A combinação técnica
dos fatores de produção não é suficiente para saber se a empresa terá alguma
rentabilidade; por isto, analisaremos os custos de produção.
Os custos totais de produção (CT) representam todos os desembolsos que a
empresa realiza a fim de obter uma determinada produção. O CT é composto
pelo custo fixo (CF) e custo variável (CV). O CF tem origem nos fatores fixos de
produção e são aqueles custos que permanecem constantes quando a produção
aumenta. Vejamos a Tabela 2.2.

Tabela 2.2 Análise dos custos de produção

PT FV CF CV CT CFMe CVMe CTMe CMg


6 1 3500,00 240,00 3740,00 583,33 40,00 623,33
14 2 3500,00 480,00 3980,00 250,00 34,29 284,29 30,00
24 3 3500,00 720,00 4220,00 145,83 30,00 175,83 24,00
32 4 3500,00 960,00 4460,00 109,38 30,00 139,38 30,00
38 5 3500,00 1200,00 4700,00 92,11 31,58 123,68 40,00
42 6 3500,00 1440,00 4940,00 83,33 34,29 117,62 60,00
44 7 3500,00 1680,00 5180,00 79,55 38,18 117,73 120,00
44 8 3500,00 1920,00 5420,00 79,55 43,64 123,18 0,00
42 9 3500,00 2160,00 5660,00 83,33 51,43 134,76 -120,00
Fonte: Do autor (2014).

No exemplo, o CF é de R$ 3.500,00. À medida que a produção aumenta,


o CF por unidade reduz-se, isto é, representado pelo custo fixo médio (CFMe)
caindo. O menor CFMe é R$ 79,55, quando o PT é igual a 44 unidades, e o
maior CFMe será de R$ 583,33, quando o PT é igual a 6 unidades. Desta forma,
a empresa deverá observar a eficiência econômica de sua capacidade instalada
para produção, isto é, produzir o máximo com menor CTMe. Isto só é possível
se ela analisar também o custo variável (CV).
Prosseguindo a análise para o custo variável, podemos ver que o CV tem
origem nos fatores variáveis de produção. No curto prazo, à medida que a
produção cresce, eles irão crescer também. Existem muitos fatores variá-
veis de produção, porém, no exemplo, consideramos apenas o fator MDO.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

O menor número de trabalhadores é 1 e tem um custo (CV) de R$ 240,00 para


a empresa; o maior número é de 9 trabalhadores e tem um custo (CV) de R$
2.160,00para empresa.
Para considerar os dois custos, a empresa, de modo geral, decide qual a
opção que representa maior eficiência econômica observando o menor custo
total médio (CTMe), que, no exemplo, é representado por R$ 117,23, o que
corresponde a uma contratação de 6 trabalhadores e uma produção (PT) de
42 unidades. Porém, este não seria o ponto econômico, pois ainda existe a
possibilidade de aumentar a produção para 44 unidades, e isto fará diferença
na receita e lucro da empresa. Assim, do ponto de vista econômico, ela ainda
poderia produzir mais. Então, veremos agora uma análise do ponto de vista da
receita da empresa. Acompanhe na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 Análise de maximização de lucro

MDO PT PMg Preço RT RMg CT CTMe CMg LT


1 6 - 121,00 726,00 3740,00 623,33 -3014,00
2 14 8 121,00 1694,00 121,00 3980,00 284,29 30,00 -2286,00
3 24 10 121,00 2904,00 121,00 4220,00 175,83 24,00 -1316,00
4 32 8 121,00 3872,00 121,00 4460,00 139,38 30,00 -588,00
5 38 6 121,00 4598,00 121,00 4700,00 123,68 40,00 -102,00
6 42 4 121,00 5082,00 121,00 4940,00 117,62 60,00 142,00
7 44 2 121,00 5324,00 121,00 5180,00 117,73 120,00 144,00
8 44 0 121,00 5324,00 121,00 5420,00 123,18 0,00 -96,00
9 42 -2 121,00 5082,00 121,00 5660,00 134,76 -120,00 -578,00
Fonte: Do autor (2014).

Agora, faremos a análise do ponto de vista da maximização do lucro.


Em primeiro lugar, precisamos lembrar que o lucro total (LT) é resultado da
diferença entre a receita total (RT) e os custos totais de produção (CT). Logo,
quanto maior esta diferença, maior o lucro. Assim, o lucro total (LT) da empresa
é representado pela expressão LT = RT-CT.
Como já analisamos o custo anteriormente, agora vamos proceder à aná-
lise da receita. A receita total (RT) é o resultado do preço do produto (P) e de
sua quantidade vendida (QV); logo, temos RT = P x QV. Observamos que, na
prática, a quantidade vendida pela empresa difere da quantidade produzida,
pois, muitas vezes, as empresas podem ter estoques de produtos não vendidos.
Para simplificar a análise, vamos supor que QV = PT. Então, observando a
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Tabela 2.3, verificamos que a maior RT é de R$ 5.324,00, quando o PT é igual


a 44 unidades de CDs.
Da análise do custo, verificamos que o menor custo unitário de produção
é representado pelo CTMe de R$ 117,62; neste ponto, o PT é 42 unidades de
CDs, e a MDO é 6 trabalhadores. Então, ao preço de R$ 121,00 por unidade
de CD, a empresa obteria uma RT = R$ 121,00 x 42 = R$ 5.082,00 e teria
um custo de CT= R$ 117,62 x 42 = R$ 4.940,00. O lucro total é de LT = R$
5.082,00 – R$ 4.940,00 = R$ 142,00. Esta é forma como a maioria das em-
presas estabelece o ponto de produção. Porém, do ponto de vista econômico,
podemos continuar produzindo enquanto os acréscimos de FV contribuírem
para o crescimento da produção ou enquanto a PMg for positiva e aumentar a
produção, aumentando a receita de vendas.
Assim, observando a Tabela 2.3, verificamos que a produção que maxi-
miza o LT é quando PT = 44, com um MDO = 7 trabalhadores, com um CT
= R$ 5.180,00, uma RT = R$ 5.324,00 e LT = R$ 144,00. Podemos observar
que este lucro é maior do que o lucro que encontramos quando utilizamos o
CTMe como indicador do ponto ideal de produção. De maneira simplificada
e observando a tabela, você perceberá que, toda vez que a RMg > CMg, será
interessante para o empresário aumentar a produção, pois a RMg informa que
a RT está crescendo. E se a RMg é maior que o CMg, ainda compensa ampliar
a produção e ganhar com os acréscimos de receita das unidades adicionais
produzidas.
Até aqui você pôde entender um pouco mais sobre a análise econômica de
maximização do lucro da firma concorrencial. Verificamos que produção pode
seguir tanto o critério de custo médio quanto o de custo marginal. Economi-
camente, como se empresa tivesse pleno controle de seus custos, ela poderá
produzir considerando os custos marginais, isto é, observando quanto custa a
produção do último item. Caso o custo de produção deste seja menor que seu
preço, ele deverá aumentar a produção porque ganhará com o acréscimo de
receita total.

Para saber mais


Você pode aprofundar seu estudos sobre Custos de Produção lendo o capítulo 8, Maximização
de Lucro e Oferta Competitiva, da 7a ed. do livro Microeconomia, do autor Robert S. Pindyck,
publicada em 2010.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

 +][\W[VWTWVOWXZIbW
No longo prazo não existem custos fixos e todos os custos passam a ser va-
riáveis. Os empresários têm um elenco de possibilidades de produção de curto
prazo, com diferentes escalas de produção (tamanho) que podem escolher. No
longo prazo, a empresa pode ter:
Retornos constantes de escala: se a quantidade de insumos dobra, a pro-
dução também dobra; o custo médio é constante para todos os níveis de
produção.
Retornos crescentes de escala: se a quantidade de insumos dobra, a
produção mais do que dobra; o custo médio diminui com o aumento da
produção.
Retornos decrescentes de escala: se a quantidade de insumos dobra, a
produção aumenta menos do que o dobro; o custo médio se eleva com
o aumento da produção.
No longo prazo, as empresas se caracterizam, inicialmente, por retornos
crescentes de escala e, mais tarde, por retornos decrescentes, de modo que as
curvas de custo apresentam formato de U.

Para saber mais


Você pode aprofundar seu estudos sobre Custos de Produção lendo o capítulo 7, Custos de
Produção, da 7a ed. do livro Microeconomia, do autor Robert S. Pindyck, publicada em 2010.

Questões para reflexão


Caro aluno, reflita se, ao observar a produção de uma indústria, é
possível afirmar se ela aplica o princípio do CMg ou do CTMe.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Seção 3 )VnTQ[MMKWV€UQKILW[K][\W[LM
XZWL]trWM[M]QUXIK\WVWUMZKILW
Até aqui estudamos a teoria da firma, que é composta pela teoria da pro-
dução, teoria dos custos de produção e da maximização dos lucros. Toda a
explicação desenvolvida tomou por base a firma concorrencial, isto é, uma
pequena empresa com um produto homogêneo num mercado no qual o custo
de capital é baixo e comporta a entrada e saída de empresas.
Porém, observamos que no mercado existem outras estruturas de mercado
diferenciadas. Você já ouviu falar em oligopólios e monopólios, estruturas de
mercado nas quais predominam grandes empresas? Elas estão presentes na
economia brasileira, e, para entender melhor o funcionamento das empresas
que atuam nestas estruturas de mercado, conforme você viu na Unidade 1
deste livro, vamos estudar mais alguns pontos relevantes da análise de custo.

 -`\MZVITQLILM[
Uma empresa nunca está sozinha no espaço, à sua volta existem concorren-
tes, outras empresas de outros segmentos, uma infraestrutura física da região etc.
Pois bem, o entorno da empresa pode ter impactos sobre ela, e estes aspectos
externos recebem o nome de externalidade:
ECONOMIAS EXTERNAS (Externalidades). Benefícios
obtidos por empresas que se formam (ou já existentes)
em decorrência da implantação de um serviço público
(por exemplo, energia elétrica) ou de uma indústria, pro-
porcionando à primeira vantagens antes inexistentes. Por
exemplo, a construção de uma rodovia pode permitir aos
produtores agrícolas próximos custos de transporte mais
baixos e acesso mais rápido aos mercados consumidores.
A existência de economias externas permite em geral
uma redução de custos para as empresas e significa uma
importante alavanca do desenvolvimento econômico.
Muitas empresas, antes de tomar a decisão de se instalar
em determinados locais, avaliam seu potencial presente
e futuro de economias externas. O contrário acontece
quando a instalação de certas atividades traz aumentos
de custos para as empresas ou afugenta clientes ou, ainda,
desestimula a demanda de certos produtos. Nesse caso,
ocorrem as “deseconomias externas”, como, por exemplo,
quando indústrias contaminam com chumbo as pastagens
e águas adjacentes: o leite produzido na região pode ter
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

sua demanda em queda não apenas por constatar-se que


o produto contém aquele metal, como pelo simples fato
de que os consumidores, sabendo da origem do leite, se
recusam a comprá-lo, por precaução (SANDRONI, 1999,
p. 193).

Podemos ter externalidades positivas quando a empresa consegue se bene-


ficiar do entorno (vizinhança, região próxima) obtendo redução de custos ou
ampliando suas vendas. Um exemplo de externalidade positiva pode ocorrer
quando ao lado de uma loja de confecções instala-se uma casa lotérica; para o
dono da loja isto poderá ser positivo, pois o movimento diário na lotérica tornará
sua loja mais visível por causa do fluxo diário de pessoas que vão à lotérica.
Podemos ter também externalidades negativas, que ocorrem quando o
entorno da empresa implica que ela tenha aumento de custos ou queda nas
vendas. Ainda tomando como exemplo a loja de confecções, imagine que ao
lado da mesma, ao invés de uma lotérica, instala-se uma casa funerária; como
é uma atividade que as pessoas só procuram obrigadas e por um motivo triste,
neste caso o movimento próximo à loja de confecções irá diminuir e ela terá
que aumentar seu esforço de vendas para poder atrair a clientela ou mudar de
localização.
Outro aspecto importante na análise de custo é considerar a diferença entre
custo contábil que refere-se às despesas efetivas mais despesas com depreciação
de equipamentos, e custo econômico, que são os custos incorridos pela firma
ao usar recursos econômicos na produção (inclusive custos de oportunidade).
Economicamente, a empresa deve tomar decisões desconsiderando os cus-
tos irreversíveis. Os custos irreversíveis são despesas que já ocorreram e não
podem ser recuperadas, esses custos não deveriam afetar as decisões da firma.
Por exemplo, uma firma paga R$ 500.000 por uma opção de compra de um
edifício que custa R$ 5 milhões; logo, o custo total é R$ 5,5 milhões, porém
após isto a firma encontra um segundo edifício pelo preço de R$ 5,25 milhões.
Qual edifício a firma deveria comprar? Ela deverá comprar o segundo edifício
tendo em vista que o primeiro ficará mais caro em seu custo total quando
comparado ao segundo edifício, que terá um custo de R$ 5,25 bilhões.

 -KWVWUQILMM[KWXW^MZ[][MKWVWUQILMM[KITI
Pode ocorrer de uma empresa ter economia de escopo. Verificam-se eco-
nomias de escopo quando a produção conjunta de dois produtos por parte
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

de uma única empresa é maior do que a produção que seria obtida por duas
empresas diferentes, cada uma produzindo um único produto. As vantagens
surgem porque ambos os produtos compartilham o uso de capital e trabalho, na
fabricação de dois produtos a empresa compartilha recursos administrativos e
a fabricação dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento e mão de
obra com qualificação semelhante. Existe diferença entre economia de escala
e economia de escopo.
As economias de escala se referem à produção de um bem e ocorrem
quando aumentos proporcionais nas quantidades de todos os insumos levam
a um aumento mais do que proporcional na produção.
As economias de escopo se referem à produção de mais de um bem e ocor-
rem quando o custo da produção conjunta dos bens é menor do que a soma
dos custos de produzir cada bem separadamente.
Não há relação direta entre rendimentos crescentes de escala e economias
de escopo, de modo que a produção pode apresentar uma característica inde-
pendentemente da outra.

 +]Z^ILMIXZMVLQbIOMU
Os trabalhadores aprendem e tornam-se experientes ao longo do tempo; isto
pode ser expresso pelo curva de aprendizagem. De fato, a curva de aprendiza-
gem mede o efeito da experiência dos trabalhadores nos custos de produção.
Essa curva descreve a relação entre a produção acumulada da empresa e a
quantidade de insumos necessária à produção de uma unidade do produto.
No caso de empresas novas, é provável que a curva de aprendizagem seja
mais relevante que as economias de escala. Os ganhos da aprendizagem são
relativamente pequenos para empresas mais antigas. A curva de aprendizagem
implica que: a quantidade de trabalho por unidade de produto diminui; os cus-
tos são inicialmente altos, mas depois caem com o processo de aprendizagem.

 +][\W[M`XTyKQ\W[MK][\W[QUXTyKQ\W[
Para Passos e Nogami (2005), o custo de oportunidade também é definido
pelos economistas como o resultado da soma dos custos explícitos e dos custos
implícitos.
Custos explícitos: consistem nos pagamentos explícitos realizados pela
firma para adquirir ou contratar fatores de produção. Como exemplos
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

práticos desses custos, podemos citar os salários pagos aos colabora-


dores pelos seus serviços (fator de produção: trabalho); os pagamentos
realizados pela utilização de energia elétrica, água, telefone, aluguel das
instalações industriais; juros pela captação de empréstimos bancários
destinados à aquisição de máquinas e equipamentos. Pagamentos como
esses fazem parte do custo de oportunidade da empresa, já que poderiam
estar sendo empregados pelo empresário em outras coisas de valor, como,
por exemplo, aplicações no mercado financeiro.
Custos implícitos: correspondem ao custo de oportunidade pela utiliza-
ção dos recursos de propriedade da própria empresa. O fato é que, por
pertencerem à empresa, nenhum pagamento monetário é feito pela utili-
zação desses recursos. Na verdade, tais custos são estimados a partir do
que poderia ser ganho no seu melhor emprego alternativo. Um exemplo
prático: imagine que o proprietário do restaurante do nosso exemplo
inicial, além de ser dono do restaurante, é também dono do prédio onde
ele está instalado. Sendo assim, a princípio ele não cobraria aluguel de
si mesmo! Porém, em termos econômicos o proprietário do restaurante
está incorrendo em um custo, pois poderia ter locado o imóvel para outra
pessoa e cobrado aluguel pela utilização. O valor do aluguel é um custo
implícito e faz parte do custo de produção do restaurante, da mesma forma
que se ele não fosse dono do imóvel e tivesse de pagar pela utilização
do espaço.
Devemos considerar que trabalhar com uma análise detalhada de custos
conforme requer a teoria da firma envolve certas dificuldades, tais como: os
dados de produção podem corresponder a um agregado de diferentes tipos de
produto; os dados sobre o custo podem não incluir os custos de oportunidade
e a alocação de custos para um determinado produto torna-se difícil quando
há mais do que uma linha de produtos.

 -TI[\QKQLILMXZMtWLIWNMZ\I
Esta também é conhecida apenas como elasticidade da oferta. Esta medida
de sensibilidade da oferta em relação ao preço de um bem resulta do fato de
que, para alguns bens, uma pequena variação no preço causa uma grande varia-
ção na oferta e para outros pode ocorrer exatamente o contrário. A elasticidade
do preço da oferta é medida ao longo de uma curva de oferta.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Para saber mais


A curva de oferta mostra a quantidade de uma mercadoria que os produtores estão dispostos
a vender a um determinado preço, considerando constantes outros fatores que possam afetar
a quantidade ofertada.

Conceitualmente ela é entendida como: variação percentual na quantidade


ofertada que resulta da variação do 1% no preço do bem. Matematicamente,
ela é expressa por:
Epo = variação percentual na quantidade ofertada / variação percentual no
preço do bem, em que Epo é a elasticidade preço da oferta. Os produtos
podem ser classificados em:
Epo > 1 produtos de oferta elástica;
Epo < 1 produtos de oferta inelástica.
Também temos os casos extremos de elasticidade de oferta caso a Epo =
∞ (elasticidade tendendo ao infinito); a oferta do bem será classificada como
perfeitamente elástica, indicando que mudanças muito pequenas no preço
provocam grandes variações na quantidade ofertada. Epo = 0 representa oferta
perfeitamente inelástica indicando, que mesmo que, o preço do bem varie, a
oferta permanece constante. Epd = 1 representa a elasticidade de oferta unitária,
isto é, variações de preço são acompanhadas proporcionalmente por aumento
nas quantidades ofertadas.
Em termos gerais, a elasticidade da oferta pode ser entendida como uma
medida da capacidade de resposta da quantidade oferecida, dadas as alterações
no preço do próprio bem.

 7[LM\MZUQVIV\M[LIMTI[\QKQLILMLIWNMZ\I
Pode-se dizer que o grande determinante da elasticidade da oferta é deter-
minada pela possibilidade de a empresa, de forma relativamente fácil, alterar
a produção em resposta a alteração das condições de mercado.
Para algumas produções agrícolas, considera-se que há uma relativa facili-
dade de ajustamento às variações de preços (culturas anuais como o milho e
a beterraba; algumas produções animais, como a produção de aves). Porém,
quando isto não ocorre os aumentos de preços podem representar apenas au-
mento da inflação, pois a oferta não acompanha o preço.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

Em especial, a elasticidade de oferta também pode mudar de acordo com o


período de ajustamento considerado: quanto maior o tempo, maior a facilidade
de ajustamento e aumento da oferta, por isto a elasticidade é maior.

 7XTIVMRIUMV\WKWUWKWUXTMUMV\WoOM[\rWLM
K][\W[
A empresa precisa planejar, pois o longo prazo é o período que ela tem
para crescer. E o longo prazo se constitui numa série encadeada de decisões
que a empresa toma no curto prazo.
Em primeiro lugar, a empresa precisa buscar organizar todas as informações
de que dispõe, começando pelas informações internas da empresa. Depois ela
poderá expandir sua busca pesquisando na internet, em revista especializadas
do setor, procurando ela mesma, a partir deste conjunto de informações, traçar
um caminho, uma rota que a empresa deverá seguir para crescer.
Apenas para ilustrar vamos observar o caso da economia chinesa; neste país
já se sabe que o grande problema do futuro será prover a alimentação do povo.
Então, os chineses começaram a investir no Brasil, vindo para cá tanto como
empreendedores individuais, quanto em grupo de investidores, em especial
adquirindo terras e fazendo parcerias com produtores visando garantir a longo
prazo que terão condições de suprir sua demanda por alimento. Esta estratégia
está atrelada ao fato de que ao estabelecer contratos prévios com produtores
brasileiros, ela garante que pagará preços previamente estabelecidos evitando
ficar à mercê de uma escassez futura de alimentos.
Pois bem, você tem alguma ideia de qual é a perspectiva de crescimento
da empresa em que você trabalha? Atualmente discute-se ou se apresenta aos
funcionários algum planejamento no qual fiquem claros quais são os próximos
passos da empresa?
De fato, na cultura brasileira o planejamento nas pequenas empresas é
muitas vezes deixado de lado, pois os empresários envolvidos na rotina do
dia a dia não param para planejar. Muitos acreditam que o planejamento se
expressa apenas pelo controle de custos e uma boa política de preços, mas o
planejamento envolve muito mais que isto.
É necessário incorporar nas rotinas da empresa um tempo para pensar o
planejamento estratégico cujo melhor entendimento é que ele é um processo
administrativo que visa estabelecer a melhor direção a ser seguida pela em-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

presa, visando otimizar grau de interação com o ambiente e atuando de forma


inovadora e diferenciada, muitas vezes antecipando-se ao que está por vir.
Em linhas gerais, um planejamento deve:
Fazer a análise do ambiente externo, no qual se busca uma definição do por
que se faz e do como se faz (diretrizes para a execução), e uma avaliação.
Estabelecer uma diretriz organizacional na qual se define a missão da
empresa e apresentam-se os objetivos organizacionais em termos do que
são, sua importância, tipos de áreas para os quais são estabelecidos e
suas características.
Formula-se uma estratégia buscando dados para análise de ambiente:
escolhendo por área de abrangência, ou por redução de despesa, ou
combinadas. Formular estratégias é determinar caminhos apropriados
para uma empresa alcançar seus objetivos; a formulação e seleção de
estratégias aumentam as chances da empresa alcançar seus objetivos.
Uma forma eficaz para formular uma estratégia de negócios se baseia na
análise das cinco forças competitiva de Porter, quais sejam: risco de novos
concorrentes, poder de barganha dos fornecedores, poder de barganha dos
compradores, risco de produtos substitutos e rivalidade entre concorrentes. A
chave para a formação da estratégia é analisar as oportunidades e restrições
particulares no setor. Porter sugere três estratégias que devem ser consideradas
para ultrapassar o desempenho de outras empresas: liderança de custo, dife-
renciação e estoque.
A liderança de custos permite a uma empresa ganhos acima da média,
apesar da concorrência; a diferenciação é criar ou comercializar produtos
exclusivos no mercado; enfoque é segmentar o mercado e dar enfoque a um
grupo específico. Na hora de escolher e de colocar em prática a estratégia
escolhida, alguns itens devem ser levados em consideração: a relação entre
formulação e concepção ao escolher uma das estratégias genéricas de Porter;
quanto à mudança organizacional necessária (gastos x retornos; expectativas
x realidade etc.) para que a implementação seja bem-sucedida; quanto aos
tipos de estrutura organizacional, existentes dentro de uma empresa (a formal
e a informal); quanto à cultura organizacional como um conjunto de valores
e crenças compartilhados que influencia o comportamento dos funcionários e
a forma como vamos motivá-los a fim de atingir os objetivos a efetividade de
formulação de estratégia; quanto ao tipo de abordagem utilizada para a imple-
mentação da estratégia, sejam elas a abordagem do comandante, a abordagem
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

da mudança organizacional, abordagem colaborativa, abordagem cultural,


abordagem de base ao topo.
Visualizam-se e analisam-se as mudanças provocadas pelas estratégias
de acordo com o tipo: continuação, mudanças de rotina, mudanças li-
mitadas, mudanças radical e redirecionamento organizacional.
E cria-se mecanismos de controle: controlar significa monitorar, avaliar
e melhorar as diversas atividades que ocorrem dentro de uma organiza-
ção. Exercer controle é a principal função do administrador, fazer mo-
dificações, se necessário, para garantir que o lucro líquido aumente. É
formulado para garantir que os resultados planejados sejam alcançados.
Para controlar os administradores, devem-se conhecer com clareza os
resultados esperados de uma ação em particular. Nós controlamos os
planos para que se tornem realidade. Os administradores controlam de
acordo com três etapas: medição do desempenho da organização; com-
paração do desempenho medido com as metas e os padrões previamente
estabelecidos; determinação da ação corretiva necessária para garantir
que os eventos planejados realmente ocorram.

Questões para reflexão


Caro aluno, reflita se na empresa em que você trabalha existe uma
estratégia para análise de ambiente. Procure conhecer e identificar
detalhes desta estratégia.

Atividades de aprendizagem
1. Explique o que é externalidade.
2 Diferencie economia de escala de economia de escopo.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Fique ligado!
Nesta unidade, estudamos especificamente a produção e os custos de
produção. Verificamos que a economia verifica os processos de produção
enquanto busca melhor alocação ou alocação eficiente de fatores escassos.
Neste sentido, a teoria microeconômica dos custos de produção informa
que o dimensionamento da capacidade produtiva da empresa deve atentar
para a existência de custos fixos e custos variáveis de produção. E, por
fim, a análise econômica dos custos de produção destaca os impactos
destes sobre o mercado de tal forma que as estratégias de diversificação
de custos das empresas podem se alterar ao longo do tempo.

Para concluir o estudo da unidade


Chegamos ao fim de mais uma unidade. Nela você pôde estudar e com-
preender um pouco mais sobre a abordagem microeconômica da firma,
estudando a teoria da produção e a teoria dos custos de produção. Per-
cebemos que a empresa deve estar atenta ao dimensionamento de sua
capacidade produtiva, observando a produtividade dos fatores, e que
também deve observar os custos de produção em todos os seus detalhes.
Então, caro aluno, você sempre pode aprender mais sobre este tema pes-
quisando; alertamos que em cada setor e em cada atividade específica
tanto a estrutura de produção quanto os custos se modificam, cabendo ao
empresário buscar as alternativas que permitam ter mais eficiência tanto
técnica, isto é, produtiva, quanto econômica, tendo estrutura de custo
eficiente. Então, para aprender mais continue estudando. Desejo a você
bons estudos!
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

3 H U F H S o m R  G D  H F R Q R P L D  Q R  S U R F H V V R  S U R G X W L Y R  

Atividades de aprendizagem da unidade


Nas questões abaixo, assinale a alternativa correta:
1. Os custos totais de produção referem-se aos gastos que a empresa
realiza para poder produzir suas mercadorias. Com relação aos custos
variáveis de produção, podemos afirmar que:
a) Esses custos variam de acordo com o volume de produção.
b) Esses custos não variam conforme a produção aumenta.
c) Esses são os custos de oportunidade da empresa.
d) Esses são os menores custos das empresas.
e) Esses custos cobrem somente o pagamento dos impostos.
2. Um importante componente do preço dos produtos são os custos,
mas os custos são resultados de uma determinada organização da
produção. Portanto, o tamanho dos custos depende da escala de
produção; neste caso estamos falando da:
a) Eficiência técnica da produção.
b) Formação do preço de venda.
c) Estratégia de marketing.
d) Política de vendas.
e) Política de custos.
3. No estudo de mercado é importante considerar as hipóteses ou pressu-
postos que norteiam o comportamento dos agentes. Um destas hipóteses
é sobre o papel dos preços relativos; o conceito deste termo é:
a) Tudo mais permanece constante.
b) Os empresários maximizam o lucro.
c) O preço de uma mercadoria em termos de quanto ela compra de outra.
d) Os consumidores maximizam satisfação com cada real gasto.
e) Que a concorrência entre empresas ocorre apenas numa estrutura
concorrencial monopolística.
4. Diferencie custo de oportunidade de custo fixo e custo irreversível.
5. Explique economia de escopo e economia de escala.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

:MNMZwVKQI[
OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de (Org.). Economia para administradores. São Paulo: Saraiva,
2006. 432 p.
PASSOS, Carlos Roberto M.; NOGAMI, Otto. Princípios de economia. 4. ed. rev. e ampl.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 632 p.
PASSOS, Carlos Roberto M.; NOGAMI, Otto. Princípios de economia. 5. ed. rev. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. 658 p.
PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Makron Books,
2002.
PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. Caderno de exercícios do
Mestre. São Paulo: Makron Books, 2002a.
PORTER, Michael E. Vantagem competitiva. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. 512 p.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
Disponível em: <http://introducaoaeconomia.files.wordpress.com/2010/03/dicionario-de-
economia-sandroni.pdf>. Acesso em: 24 out. 2012.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; GARCIA, Manoel Enriquez. Fundamentos
de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; GARCIA, Manoel Enriquez. Fundamentos
de economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

Unidade 3
2DPELHQWHHD
HFRQRPLD
José Alfredo Pareja Gómez de la Torre

Objetivos de aprendizagem:
Compreender a dinâmica macroeconômica nas atividades
econômicas de uma sociedade.
Conhecer como o papel do Estado apoia e interatua nas
atividades econômicas.
Saber como a análise dos agregados econômicos é impor-
tante para a gestão macroeconômica.
Discernir e saber interpretar como as políticas econômicas
podem estabilizar e nortear o desenvolvimento da dinâmica
econômica.
Descobrir como a política externa apoia as atividades comer-
ciais e produtivas da economia como um todo.
Aprender como as relações internacionais junto com as po-
líticas econômicas ajudam a dinâmica de desenvolvimento
econômico.

Seção 1: Introdução à macroeconomia e teoria


política econômica
Nesta seção vamos conhecer o que é macroecono-
mia e o seu complemento com a microeconomia.
Também vamos abordar a partir de quando a macro-
economia começou ser analisada como uma parte
importante da ciência econômica.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

Seção 2: Contabilidade nacional e aspectos


monetários da economia
Na Seção 1 estudamos o porquê é necessária a
Macroeconomia para manter a estabilidade de um
sistema econômico. Na Seção 2 estudaremos as
ferramentas disponíveis da macroeconomia para
poder atingir essa estabilidade e inclusive melhorar
as condições econômicas de uma sociedade.

Seção 3: Política externa da economia e


desenvolvimento econômico
Nesta última seção de estudos abordaremos as im-
plicações da macroeconomia nas relações comerciais
e econômicas de um país com o resto do mundo.
Assim como também estudaremos a importância
das políticas de longo prazo em vistas de incentivar
o desenvolvimento econômico.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

1V\ZWL]trWIWM[\]LW
Estamos iniciando mais uma unidade de estudos, em que abordaremos concei-
tos focados ao clima geral da economia. Nesta unidade, você terá a oportunidade
de conhecer sobre o ambiente econômico de sociedade e sobre os agregados
econômicos que ajudam a atividade comercial e produtiva, conhecimentos que
complementam seus estudos de microeconomia abordados nas outras unidades.

Seção 1 1V\ZWL]trWoUIKZWMKWVWUQIM
\MWZQIXWTy\QKIMKWV€UQKI
Nesta seção, vamos entrar em contato com a macroeconomia. Em termos
comparativos, o que aconteceria com o ecossistema de uma grande floresta sem
a flora e fauna de cada m² que faz parte dela? Pois bem, sem a flora e fauna
de cada canto da floresta o grande ecossistema florestal pararia de existir; por
outro lado, sem a dinâmica do ecossistema como um todo cada cantinho não
poderia se desenvolver. O mesmo acontece na economia: sem a dinâmica da
microeconomia a macroeconomia não poderia atuar.
Assim, para ter uma visão sistêmica (global) da dinâmica econômica do
Brasil e do mundo, é necessário compreender os conceitos macroeconômicos
a serem estudados nesta unidade. Mas será que isso vai agregar valor a suas
competências como profissional? Sim e muito, pois para se ter uma boa pers-
pectiva do entorno de uma empresa é fundamental compreender as tendências
econômicas que possam impactar nas suas atividades, tais como: inflação, taxa
de juros, desemprego, crescimento econômico, perspectivas de desvalorização
ou valorização da moeda etc. Nesta unidade você irá abordar alguns conceitos
e definições bem interessantes da macroeconomia.

 -^WT]trWLIUIKZWMKWVWUQI
Até finais do século XIX a ciência econômica focava a sua análise, majorita-
riamente, nos processos microeconômicos, ou seja, analisava a inter-relação dos
interesses econômicos dos consumidores e dos produtores no mercado. Mas nessa
época começaram a existir severas críticas ao sistema capitalista, situação que
levou a ciência econômica para novos horizontes de análise, especialmente no
referente a desigualdades sociais, extrema pobreza e crises econômicas contínuas.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Essa análise crítica abriu a discussão para novos sistemas econômicos com
mais sentido social. Dessa crítica bem-argumentada ao capitalismo nasceram
os conceitos econômicos da teoria marxista-socialista de Karl Marx e de outros
economistas da época, levando para novos patamares a análise dos questio-
namentos econômicos. Essas novas teorias de uma economia mais focada ao
social abordaram a falta de ação do Estado nas questões econômicas, das
desigualdades sociais e lutas de classe, e das imperfeições em si do mercado.
Nessa época, século XIX, especialmente os economistas clássicos e neoclás-
sicos relegavam ao Estado apenas as funções básicas de: segurança nacional,
ordem jurídica e controle dos direitos da propriedade privada, principalmente.
Assim, o Estado deveria deixar o setor privado se preocupar com a produção,
distribuição e comércio dos produtos e serviços, pois, segundo a teoria eco-
nômica clássica, o mercado é a mão invisível perfeita que norteia a dinâmica
dos agentes econômicos.
Esse argumento é válido até os dias de hoje, mas, com o aumento acelerado
da riqueza nas nações europeias do século XIX, as diferenças sociais e as crises
econômicas só aumentavam, gerando um desconforto constante na sociedade.
Ficando ao descoberto que a mão invisível do mercado não era 100% perfeita,
precisava-se de um apoio, ou seja, a ajuda do Estado para nortear e corrigir as
imperfeições econômicas. Aos poucos, o Estado foi participando da dinâmica
econômica, com objetivo de analisar os agregados econômicos, dar estabilidade
social e nortear as perspectivas econômicas de uma sociedade. Desta maneira,
o Estado começou direta e indiretamente a tentar melhorar os indicadores
sociais e fazer gestão de manter uma estabilidade nas atividades econômicas.
Caro acadêmico, essa foi uma breve análise de como nasceu a macroeco-
nomia e quais são alguns de seus principais objetivos na atividade econômica
de uma sociedade. Agora, vamos abordar a questão da dinâmica do fluxo
econômico e onde é que a macroeconomia consegue apoiar na estabilidade
desse fluxo.

 .T]`WMKWV€UQKW
Como você viu nas outras unidades, na análise econômica existem os agen-
tes econômicos que atuam no mercado, os quais são classificados como as
famílias, os consumidores, satisfazendo às suas necessidades, através da renda
disponível para consumir os produtos processados pelas empresas. As empresas
oferecem produtos e serviços às famílias, produzindo e comercializando os
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

bens e serviços a serem distribuídos às famílias. O Estado corrige e interfere


no mercado, regulando e interatuando na atividade econômica.
O ponto de encontro entre esses agentes é o mercado, onde o Estado faz
gestão macroeconômica regulando e interatuando nele. Esses três agentes eco-
nômicos interagem entre eles por meio do mercado. Assim, essa inter-relação
é interpretada na dinâmica do fluxo real econômico, da seguinte maneira:

m Oferta de bens e serviços m


Unidades familiares Unidades produtivas
o Oferta de Recursos Produtivos o

Neste fluxo você pode observar que as famílias fornecem mão de obra em
junção aos outros recursos produtivos. Em contrapartida, as empresas fornecem
produtos e serviços necessários para que as famílias possam satisfazer às suas
necessidades.
Nesse contexto do fluxo, em troca de que as famílias vão fornecer seu recurso
humano às empresas? E as empresas, em troca de que vão oferecer seus produtos
e serviços às famílias? As pessoas vão oferecer seu recurso humano em troca de
salário e as empresas vão oferecer seus produtos e serviços aos consumidores
em troca de dinheiro no mercado. Assim, o fator dinheiro nos leva a adicionar
mais um elemento nesse fluxo econômico, o fluxo monetário, ou seja, a troca no
mercado de recursos produtivos e produtos terminados em função do dinheiro.
Desse fluxo monetário nasce o fluxo monetário e econômico.
Deste modo, os recursos produtivos são fornecidos por meio de renume-
rações. Logo esses recursos, entre eles o recurso humano, entram no valor da
cadeia produtiva das empresas, para logo ofertar produtos e serviços às unidades
familiares em troca de dinheiro. Os recursos produtivos são remunerados sobre
a seguinte ótica (Tabela 3.1).

Tabela 3.1 Recursos produtivos em troca de renumeração

Recursos em troca de Renumerações / Incentivos Monetários


Recursos Naturais o Moeda o Aluguel
Recurso Humano o Moeda o Salário
Recursos de Capital: o Moeda o Lucro e Juros
Recurso Tecnológico o Moeda o Royalties / Regalias
Recurso Empresarial o Moeda o Lucro
Fonte: Do autor (2014).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Com esse fornecimento de recursos renumerados e oferta de bens e serviços


no mercado, o fluxo monetário pode ser visto da seguinte maneira (Figura 3.1).

Figura 3.1 Fluxo econômico e monetário entre as famílias e as empresas

Fonte: Lopes (2013).

A Figura 3.1 mostra a dinâmica do fluxo real e monetário, onde:


Os fluxos real e monetário que interligam esses dois agen-
tes econômicos complementam-se e se realimentam. No
lado real se dá o emprego de recursos e o suprimento de
bens e serviços. No lado monetário se dá a remuneração
dos recursos empregados e o pagamento pelos bens e
serviços adquiridos (ROSSETI, 2003, p. 185).

Porém, nem sempre a dinâmica do fluxo monetário funciona 100%; o que


aconteceria se as famílias, por diversos motivos, decidissem poupar além do
normal e não gastar seu dinheiro nos produtos e serviços fornecidos pelas em-
presas? O fluxo monetário reduziria sua dinâmica, e possíveis crises econômicas
poderiam acontecer, atrapalhando o ciclo econômico. Eis o papel do Estado
na economia e da análise macroeconômica.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

 >IbIUMV\W[VWNT]`WUWVM\nZQW
Segundo a teoria macroeconômica de Keynes, toda renda recebida pelas
famílias deveria ser gasta no consumo, do contrário as empresas poderiam
acumular estoques e reduzir a produção. E com essa diminuição da produção
as empresas contratam menos funcionários, assim, haverá menor renda para
gastar por parte das famílias; e procuram menores quantidades de recursos
produtivos, assim, as empresas fornecedoras diminuirão suas vendas e também
reduzirão o número de funcionários. Nessa condição, a economia entra em
um ciclo econômico negativo, diminuindo o volume de consumo das famílias
e empresas diminuindo contratações, ou seja, vai-se diminuindo a demanda
agregada da economia com um todo.
Em condições normais, existe sempre uma porcentagem da renda das famí-
lias que não é gasta, o problema em si acontece quando as famílias começam
aumentar além do “normal” e essa renda não é gasta. Mas qual será essa renda
não gasta pelas famílias? Em economia essa renda não gasta no consumo é
conhecida como: vazamentos do fluxo circular da renda, que acontece por
três grandes motivos: Poupança: toda família tenta poupar parte de sua renda
para garantir o futuro. Impostos: parte da renda é retida como impostos. Impor-
tações: parte do gasto das famílias vai para o consumo de produtos e serviços
importados; como essas mercadorias não são produzidas nacionalmente, esse
gasto vai para as empresas de outros países, incentivando assim as indústrias
desses países e desmotivando a indústria nacional.
Mas será que esses vazamentos não voltam ao fluxo circular da renda?
Voltam sim, através de recursos reinjetados no sistema econômico, mas como?
Para responder a essa pergunta, vamos analisar cada um dos vazamentos e suas
respectivas injeções ao sistema.
Poupança: o dinheiro poupado pelas famílias vai para o sistema financeiro,
logo, por meio dos bancos comerciais e demais entidades financeiras,
esse dinheiro poupado volta à economia através de empréstimos. Logo,
esse vazamento volta ao fluxo circular da renda.
Impostos: os impostos retidos às famílias vão ao Estado para cobrir gastos,
entre eles salários e investimentos, assim, esse vazamento volta ao fluxo
circular da renda.
Importações: assim como o Brasil importa produtos e serviços de outros
países, o Brasil também exporta, logo, esse vazamento volta ao fluxo
circular da renda.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Nesse contexto, se o comportamento do consumidor consegue se manter


estável, logo, os vazamentos e a dinâmica das reinjeções se mantêm também
estáveis. Deste modo, o fluxo circular da renda poderá se manter sem grandes
flutuações, mas o que acontece se as famílias decidissem poupar além do pa-
tamar normal? O fluxo circular da renda poderia ser diminuído e a economia
poderia entrar em crise. Se o governo aumentar a carga tributária e esse dinheiro
não voltar à sociedade em melhores serviços e gasto geral do Estado? O fluxo
circular da renda será diminuído e a economia poderia entrar em crise. Se as
famílias começassem a consumir além do patamar normal bens importados?
Maior quantidade de dinheiro estará saindo do país, portanto, o fluxo circular
da renda será diminuído.
Crises econômicas poderiam começar a partir de uma variação desses
vazamentos e da capacidade reinjeção ao fluxo circular da renda, condição
que nos leva a refletir sobre o papel da Macroeconomia nesse fluxo circular
da renda. Assim, um bom desempenho macroeconômico pode, inclusive,
melhorar a qualidade desses vazamentos e reinjeções em si. O que pode
acontecer se melhorar a qualidade dos empréstimos? A economia poderá
ter maior potencial. Se melhorar a qualidade de gasto dos impostos retidos
pelo Estado? As famílias poderão ter melhor retorno dos impostos pagos e,
portanto, haverá um maior potencial de crescimento econômico. Se aumentar
o nível das exportações? As empresas venderão mais, poderão comprar mais
insumos aos fornecedores e poderão contratar mais funcionários e, portanto,
haverá crescimento econômico.
Tudo isso pode ser feito através de uma boa gestão da macroeconomia.

Atividades de aprendizagem
Por que um aumento nos vazamentos do fluxo circular da renda prejudica
a economia, e como esses vazamentos podem ser corrigidos?

 7-[\ILWKWUWIOMV\MI\Q^WVIMKWVWUQI
Na sociedade moderna o Estado, além dessas funções básicas, faz um papel
importante na economia, especialmente a partir da década de 1930. Época da
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

grande depressão, que levou à falência inúmeras empresas e gerando desem-


prego em massa, aliás, milhões de pessoas ficaram sem trabalho não só nos
Estados Unidos, mas também ao redor do mundo, produzindo-se um grande
desconforto social.
Além desse desconforto, a grande depressão veio para ficar e por vários
anos; assim, os economistas, empresários e governantes não enxergavam a
saída. Não iam embora porque o nível da capacidade produtiva não voltava
aos patamares antes da depressão, muitas indústrias produziam só metade de
sua capacidade produtiva, e inclusive menos, deixando de lado assim de lado
muitos recursos produtivos, prontos e disponíveis, entre eles a mão de obra.
Nesse contexto, as indústrias não podiam aproveitar seu potencial produtivo
instalado, porque não havia clientes suficientes; assim, nesse ciclo depressivo
as empresas não conseguiam, por suas próprias forças, reagir. Precisamente
nessa situação extrema, sem alternativas de saída, é que o economista Keynes
começou a aplicar suas teorias macroeconômicas, identificando: a falta de
consumo das famílias (consumidores), motivadas pela ausência de emprego; e
a falta de incentivos de produzir das empresas, motivadas precisamente pela
falta de consumidores. Com essa análise, Keynes argumentou que o Estado
poderia ajudar na geração de emprego.
Uma das ideias de Keynes foi que, através do investimento e gasto feito pelo
Estado, as instituições do governo iam gerar emprego “novo” e assim fazer que
os consumidores voltassem a consumir e, portanto, que as empresas voltassem
a contratar pessoal e comprar de seus fornecedores para suprir esse aumento
no consumo. Logo, o ciclo econômico voltaria de novo a girar. Nesse con-
texto, um dos eixos da teoria econômica de Keynes é considerar a geração das
atividades econômicas desde a ótica da demanda agregada, em que o Estado
poderia ajudar através do gasto e investimento público.
Demanda agregada (muitas vezes escrita como DA) é a
soma dos gastos feitos pelos consumidores, empresas e
governos, e depende do nível de preços, assim como das
políticas monetária e fiscal e de outros fatores (SAMUEL-
SON; NORDHAUS, 2004, p. 338).

Nessa perspectiva, a DA pode ser interpretada desde o consumo de produtos


e serviços de quatro grandes grupos: o consumo das famílias (C); o investimento
dos empresários (I); os gastos do governo (G); o setor externo líquido, exporta-
ções (X) — importações (I) à (X-M).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Tabela 3.2 Variáveis da Demanda Agregada

A Demanda Agregada (DA)


Y = DA = C + I + G + X — M
(Y) é o Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, igual à sua Demanda Agregada (DA).
Consumo agregado da sociedade, através dos diversos consumos realizados por
(DA)
parte do diversos componentes da demanda agregada.
Componentes da Demanda Agregada
(C) O consumo das famílias
(I) o Investimento dos empresários
(G) os gastos do governo
(X-M) o setor externo líquido, exportações (X) — importações (I) o (X-M).

Fonte: Do autor (2014).

Do exposto acima vale a pena observar que: O Consumo das famílias (C)
depende da renda disponível das pessoas e o Investimento das empresas (I)
depende das condições adequadas e perspectivas das empresas para gerar
lucro. É fundamental que as perspectivas econômicas sejam adequadas, pois
disso dependem a geração de novos empregos e a competitividade produtiva.
Uma queda nos investimentos (I) leva a reduzir a DA, levando a uma queda
na oferta de emprego, uma queda nas ampliações dos negócios e uma falta
na renovação de equipamento novo, entre outras. Nesse contexto, começa a
atuar a macroeconomia, pois através das ferramentas da política econômica o
governo pode nivelar a nortear qualquer risco de mudança na demanda agre-
gada, tema que vamos ver na continuação.

 8WTy\QKIMKWV€UQKI
A política econômica é um conjunto de ações utilizadas pelo governo em
vistas de atingir objetivos que possam ter um impacto nas atividades econômi-
cas, tanto de curto prazo, como de longo prazo.
As Políticas Econômicas de curto prazo têm objetivos de até um ano, ou seja,
fazem parte das metas conjunturais. Elas visam promover, entre outras coisas,
o pleno emprego e o controle da inflação. Ao aumentar o emprego além da
capacidade produtiva nacional, a demanda agregada cresce mais rápido que
a oferta agregada, aumentando a pressão inflacionária. Sobre a estabilidade da
inflação vale a pena observar que:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Embora preços de determinados bens e serviços possam flutuar, sofrendo,


por exemplo, a influência de fatores sazonais, a média geral de todos os preços
permanece estável ou registra variações pouco expressivas. Vale dizer: a redu-
ção da inflação para níveis não significativamente diferentes de zero (ROSSETI,
2003, p. 185).
Nessa ponderação, entre pleno emprego e inflação, é que o governo deve
fazer uma escolha de gestão das políticas de curto prazo.
As políticas de curto prazo podem ser aplicadas através de diversas ferra-
mentas, sendo estas: a política fiscal, a política monetária, a política cambial,
e a política de rendas.
As políticas econômicas de longo prazo, mais de um ano, visam mudar a
estrutura econômica do país, ou seja, são as metas estruturais com um foco eco-
nômico mais estratégico. Por ser de longo prazo, podem terminar arquivadas, por
falta de continuidade e de determinação política nas diferentes esferas do governo.

Atividades de aprendizagem
Qual a diferença entre uma política econômica de curto prazo e uma de
longo prazo?

 8WTy\QKINQ[KIT
Dentro desta política temos duas grandes áreas de atuação, a política de
gastos públicos, ou seja, o controle dos gastos do governo; e a política tribu-
tária, a capacidade de arrecadação de impostos. Essas duas ferramentas, entre
outras, são aplicadas para atingir as políticas econômicas de curto prazo de
emprego e inflação, ou seja, visam estimular ou inibir a demanda agregada.
Observe que a política fiscal:
Consiste no uso de impostos e despesas do governo.
Despesas do governo ocorrem de duas formas distintas.
Primeiro existem as compras do governo. Essas abrangem
os gastos em bens e serviços — compras de tanques,
construção de estradas, salários de juízes etc. Além disso,
existem os pagamentos de transferência do governo,
que impulsionam as rendas de grupos específicos, como
idosos e os desempregados (SAMUELSON; NORDHAUS,
2004, p. 338).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Política fiscal como ferramenta para inibir a DA. Se o governo decidir


diminuir a pressão inflacionária, quais ações deverão ser tomadas? Entre ou-
tras coisas, poderá inibir a demanda agregada (DA), através da redução dos
gastos públicos, e elevação dos Impostos. Logo, essas ações poderão trazer os
seguintes impactos.
Redução dos gastos públicos. Essa ação implica uma diminuição da ativi-
dade pública: menos obra pública, diminuindo os contratos de prestação de
serviços e investimento em novos projetos; menor salário público, diminuindo a
geração de emprego público; menor aumento nos gastos de previdência social;
entre outros. Essas reduções levarão a uma diminuição da renda disponível do
consumidor, portanto, a uma diminuição da geração de emprego e do investi-
mento, em resumo, inibindo a Demanda Agregada.
Aumento dos impostos. Essa ação implica uma menor renda disponível
para as pessoas gastarem. Isso acontece porque no momento em que o go-
verno aumentar os impostos, haverá um peso maior dos impostos por cada
real gasto das famílias. Segundo um levantamento feito pela Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2013, os impostos
representavam 37,3% do PIB; isso que dizer que para cada R$ 1,00 de renda
nacional, 37,3% correspondem a impostos. Assim, se o governo decidir au-
mentar essa carga em mais 1%, logo haverá 1% menos de renda a ser gasta
pelas famílias, diminuindo a DA.
Política fiscal como ferramenta para incentivar a DA. Agora, se o objetivo é
incentivar a demanda agregada (DA), para combater o desemprego, o governo
poderia aumentar o gasto, aumentando a atividade pública através de maior
quantidade de obras, maiores salários públicos, entre outros. Incentivos que
levarão ao aumento da geração de emprego (público e privado), incentivando
o consumo e o investimento, portanto, ajudando a dinâmica da DA.
Neste contexto de incentivo à DA, quais seriam as fontes para financiar
esse gasto adicional? Aumento de impostos, para, assim, ter fontes frescas de
dinheiro? Está certo, mas, se o governo quer incentivar a DA, o aumento de
impostos neutralizará o objetivo de incentivar o consumo. Assim, a alternativa
do governo são empréstimos, ou seja, aumento no endividamento do Estado.
Observe-se que é muito importante que o governo possa manter um superá-
vit primário positivo nas épocas boas, mantendo assim sob controle o endivida-
mento, logo, quando precisar, poderá se endividar. Além do risco do aumento
da dívida pública, há outro efeito colateral quando se quer incentivar a DA.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Se essas medidas vão além da capacidade instalada do setor produtivo, pode-se


apresentar uma explosão do consumo, logo se apresenta pressão na inflação.

Para saber mais


Seguramente você já deve ter ouvido nas notícias a expressão Superávit Primário, mas o que
significa? O superávit primário é resultado operativo das contas públicas; receitas operativas
menos os gastos, mas sem levar em conta os juros.

Questões para reflexão


Será que a grande pressão do gasto público do governo brasileiro está
atrapalhando o combate à inflação por meio da política fiscal? Fique
de olho nas notícias econômicas dos maiores jornais do país para
observar essa questão.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Seção 2 +WV\IJQTQLILMVIKQWVITMI[XMK\W[
UWVM\nZQW[LIMKWVWUQI
Para uma gestão macroeconômica eficiente que possa manter e, inclusive,
dinamizar ainda mais o sistema econômico de uma sociedade, os governos,
bem como a sociedade em geral, precisam de informação atualizada sobre a
realidade econômica. Para isso eles têm como ferramentas os agregados macro-
econômicos, os quais tomam conta da classificação e mensuração sistemática
das transações que geram valor econômico. Mas como é que pode ser obtida
essa informação? Essa informação é obtida e processada por meio da Conta-
bilidade Social, que pode ser definida como o registro contábil da atividade
produtiva de um país ao longo de um determinado período de tempo.

 +WV\I[VIKQWVIQ[
A maneira de interpretar a Contabilidade Social é através do registro das
contas nacionais, em que é feita a medição e classificação da atividade eco-
nômica a partir das transações já realizadas durante um período. Uma das
contas nacionais mais importantes para determinar a atividade econômica é o
produto nacional bruto (PIB). Mas quais serão, além do PIB, as demais contas
nacionais que registram os agregados econômicos? Entre as principais temos:
o Produto Interno Bruto (PIB), o Produto Nacional Bruto (PNB) e a Renda
Nacional (RN). Nesse registro nacional devemos considerar que não são todas
as transações feitas no mercado que são registradas assim:

Consideram-se apenas as transações com bens e serviços finais. Não são


registrados os bens e serviços intermediários, tais como: matérias-primas
e componentes.
Mede-se apenas a produção corrente do próprio período. Não é conside-
rado o valor de transações com bens já produzidos em períodos anteriores,
tais como a compra e venda de automóveis e máquinas usadas.
Não são consideradas transações puramente financeiras. O motivo é
que essas transações não representam acréscimos do produto real da
economia, exemplo, as transações de intermediação de papéis na Bolsa
de Valores são consideradas transferências financeiras.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Para saber mais


Em resumo, as contas nacionais visam, entre outros objetivos sociais, a medição e evolução da
produção nacional, em moeda corrente. Essa medição muito importante para saber como a
economia, como um todo, está caminhando, servindo como norteador de medição e de apri-
moramento econômico.

 )VnTQ[MLI[KWV\I[VIKQWVIQ[
Os agregados fazem referência à atividade econômica desde três óticas:
Perspectiva da produção, analisando a produção de bens e serviços finais,
medida através das transações das empresas feitas no mercado. Perspectiva
das despesas, analisando a venda de bens e serviços finais, medida através das
transações feitas no mercado pelas famílias ou consumidor. E Perspectiva da
geração de renda, analisando a renda gerada no processo de produção, medida
por meio dos: salários, lucros, juros e aluguéis, transações geradas no mercado
de fatores de produção.
Como você observou, são três tipos de perspectivas que registram o com-
portamento econômico com um todo, chegando a prestar informação muito
importante para corrigir e melhorar a atividade econômica. Voltando às contas
nacionais, vamos observar como é feito o cálculo desses agregados por meio
de um exemplo bem simples.
Vamos estudar os valores agregados na produção de pão e macarrão, em
que somente haverá uma atividade produtiva no processo industrial da fabrica-
ção do pão e macarrão, assim, a Empresa A (agrícola) produz trigo; a Empresa
B (moinho) produz farinha; a Empresa C (industrial) produz pão; e a Empresa
D (industrial) produz macarrão. Tendo esses elementos referenciais, agora
vamos aplicar a simulação, considerando os seguintes recursos produtivos:
mão de obra, cálculo monetário feito através dos salários. Recurso financeiro,
cálculo monetário feito através do pagamento de juros recorrentes da compra
de equipamento. Bens imóveis, cálculo monetário feito através do pagamento
de aluguel aos donos da terra e dos galpões. E lucros, cálculo monetário feito
através da geração de lucro desses centros produtivos.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Tabela 3.3 Cálculo da geração valor no processo da cadeia produtiva na fase industrial

Empresa A (Agrícola) Empresa B (Agrícola)


Despesas Receitas Insumos e despesas Receitas
Salários 100 Vendas de 200 Compra de trigo de A 200 Vendas 380
Juros 50 trigo para B Salários 80 de
farinha
Aluguéis 30 Juros 30
Lucros 20 Aluguéis 20
Total 200 Total 200 Lucros 50
Total despesa 380
Total 380 Total 380

Fonte: Do autor (2014).

Tabela 3.4 Cálculo da geração valor no processo da cadeia produtiva na fase comercial

Empresa C (Padaria) Empresa D (Macarrões)


Despesas Receitas Insumos e Despesas Receitas
Compra de Vendas de 295 Compra de Vendas de 380
190 190
Farinha de B pães farinha de B macarrão
Salários 45 (consumidor Salários 25 (consumi-
ou dor ou res-
Juros 15 restaurantes) Juros 20 taurantes)
Aluguéis 25 Aluguéis 40
Lucros 20 Lucros 30
Total
105 Total Despesa 115
Despesa
Total 295 Total 295 Total 305 Total 380
Fonte: Do autor (2014).

Agora vamos analisar passo a passo a geração de valor tanto do pão como
do macarrão.
Geração valor na produção de trigo: o agricultor vendeu a sua produção
de trigo em 200, cobrindo assim seus custos e o lucro esperado.
Geração valor na produção de farinha: neste nível da cadeia o moinho
compra o trigo em 200, processa-o e logo vende farinha em 380. Neste
ponto a geração valor foi de:
+ 180 = 380 – 200 à 380 da venda da farinha menos 200 do custo do
insumo trigo.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Geração valor na venda de pão ao consumidor: neste nível a padaria


compra 50% da venda de farinha feita pelo moinho, ou seja, compra
190. Assim, a padaria processa a farinha e logo vende pão por um valor
de 295, produzindo assim uma geração valor de:
+ 105 = 295 - 190 à 295 da venda de pão às famílias reduzindo 190
do custo do insumo farinha.
Geração valor na venda de macarrão ao consumidor: neste nível a fábrica
de macarrão compra o 50% restante da farinha, ou seja, compra 190.
Logo, a fábrica processa a farinha e vende macarrão, produzindo assim
uma geração valor de:
+ 115 = 305 - 190 à 305 da venda de macarrão às famílias reduzindo
190 do custo do insumo farinha.
Observe que a geração de valor do macarrão é maior que do pão, pois
seu processo produtivo é um pouco mais complexo.
Na análise pode-se observar que a geração valor do trigo começou com a
venda do trigo em 200 e logo indo até as empresas C e D. Em resumo, a geração
valor do trigo tem gerado um agregado econômico de 600, ou seja:

Tabela 3.5 Apuração do valor da geração valor

Empresa A + 200 200 - 0


Empresa B + 180 380 - 200
Empresa C + 105 295 - 190
Empresa D + 115 305 - 190
Total o +200 + 180 + 105 + 115 o + 600
Fonte: Do autor (2014).

Logo: 200 + 180 (380 - 200) + 105 (295 - 190) + 115 (305 - 190) = 600.
Portanto, depois de observar o comportamento desse processo produtivo,
bem simples, podemos definir o valor adicionado ou agregado econômico como:

VALOR ADICIONADO Valor das vendas — custo da matéria-prima

Agora, será que os agregados na produção de farinha de trigo terminam aí?


Com certeza não, mas como o objetivo de nossa análise é o conceito econômico,
SIM, mas lembre que os agregados vão se acrescentando à medida que pas-
sam pela cadeia produtiva e de intermediação até chegar ao consumidor final.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Levando isso em consideração, em nosso exemplo poderíamos ter o valor do


produto final dessa indústria, sendo calculado por meio do:
Valor adicionado pelo agricultor + valor adicionado pelo moinho + valor
adicionado pela padaria + valor adicionado pela indústria de macarrões
+ valor adicionado pelo restaurante que comprou o pão e o macarrão e
assim vai até ter terminado com toda a produção de trigo que foi proces-
sado e consumido pelas famílias.
Mas na economia com um todo há diversas atividades que têm uma inter-
-relação matricial muito complexa, aliás, quase infinita, que vão gerando valor,
passo a passo, durante o processo produtivo, um pouco mais complexo que
nossa análise da farinha. Portanto, conclui-se que somando-se os valores adi-
cionados dos fatores de produção de todas as atividades econômicas teremos
finalmente o Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor adicionado é calculado a
partir de todas as notas fiscais emitidas pelas empresas, tanto para o consumidor
final como para os produtos e serviços que foram intermediados entr e empresas.

 78ZWL]\W1V\MZVW*Z]\W81*
Com certeza você deve ter escutado do PNB e PIB, mas qual a diferença
entre essas duas grandes contas nacionais? Para responder isso, a seguir veremos
as definições de cada uma das contas nacionais mais importantes, para logo
analisar a diferença entre PNB e PIB, vamos lá?
Contas nacionais. As contas nacionais servem para levar o registro de todos
os agregados econômicos durante um período de tempo, por anos e trimes-
tres. Assim, é um instrumento que sintetiza as transações correntes, por meio
de uma representação geral dos agregados da produção, dos rendimentos, e
das despesas dos agentes econômicos, inclusive considerando o setor externo
(exportações menos importações).
Produto nacional. O Produto Nacional (PN) é o valor de todos os bens e
serviços finais (a preço de mercado) produzidos num dado período de tempo,
em que:

PN = ∑ pi x qi

pi o Preço unitário dos bem e serviços finais.

qi o Quantidades produzidas dos bens e serviços finais.


(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

No exemplo da cadeia de valor do trigo, foi considerando somente o


conjunto de empresas A, B, C e D, portanto, nesse caso o Produto Nacional
seria o cálculo a partir da venda de pão e macarrão (bens finais), levando em
consideração o hipotético caso que um país só produz e consume isso. Mas,
claro, na realidade econômica a inter-relação entre empresas e oferta de bens
será bem mais complexa. Voltando ao caso da economia hipotética do trigo o
Produto Nacional (PN) será igual a 600.
Despesa Nacional. A conta nacional, Despesa Nacional (DN), considera
o gasto dos agentes econômicos em função ao Consumo Nacional. Assim, a
somatória das despensas revela quais são os setores compradores do Produto
Nacional. No exemplo da economia do trigo, a DN será composta pelas des-
pesas familiares com bens de consumo (C), ou seja, pelo consumo só de pão
e macarrão, logo: DN = C = 600.
A grande diferença entre Produto Nacional (PN) e Despesa nacional (DN)
é que a DN é medida pela ótica de quem compra ao final da cadeia valor,
ótica da despesa. O PN é medido pela ótica de quem produz e vende e gera
valor agregado aos insumos e produtos intermediários, ótica da produção. Mas
será que a economia só está composta por produtores e consumidores? Deve-
-se considerar o governo e o setor externo (exportações menos importações).
Logo, a fórmula mais completa, considerando aos outros agentes econômicos,
governo e setor externo, será:

DN = C + I + G + (X — M)
C Despesas das famílias com bens de consumo.
I Despesas das empresas com investimentos.
G Despesas do governo.
X—M Despesas líquidas com o setor externo, exportações — importações.

Em síntese, o PN é o resultado da venda final para quatro setores: consu-


midores, investimentos das empresas, governo e setor externo.
Renda Nacional. A conta nacional, Renda Nacional (RN), é a soma de to-
dos os rendimentos pagos aos fatores de produção durante um período: RN =
Salários + Juros + Aluguéis + Lucros. No caso da economia analisada do trigo,
a somatória de todos os rendimentos fruto da aplicação destes no processo de
geração valor do pão e macarrão será igual a 600.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Identidade básica das contas nacionais. Se observar todas essas contas le-
vam para um valor final igual, logo, botando no contexto da economia que só
produz trigo: PN = DN = RN = 600, o Produto Nacional = Despesa Nacional
= Renda Nacional.

 ,QNMZMVtIMV\ZM8ZWL]\W6IKQWVIT*Z]\W86*M
8ZWL]\W1V\MZVW*Z]\W81*
Agora sim, logo de ter conhecimento das contas nacionais, podemos ob-
servar qual a diferença entre PNB e PIB. A grande diferença é renda líquida
do setor externo, ou seja, a renda recebida menos a renda enviada ao exterior.
As economias modernas também têm uma dinâmica internacional. Portanto,
deve-se considerar sempre o comércio internacional de um país; não há país
no mundo que consegue dar conta de sua economia isoladamente.
A dinâmica internacional considera as exportações mercadorias nacionais
compradas pelos estrangeiros e as importações mercadorias estrangeiras compradas
por brasileiros.
Produto Interno Bruto (PIB): é a somatória de todos os bens e serviços finais
produzidos dentro do território nacional durante um período, valorizados em
moeda corrente, sem levar em consideração os fatores de produção que são
de propriedades de residentes ou não, ou seja, sem levar em consideração a
produção de pessoas físicas e jurídicas do exterior.
Produto Nacional Bruto (PNB): é a somatória de todos os bens e serviços
finais produzidos por empresas que são de propriedade de residentes no país.
Não incluem as multinacionais estrangeiras.
Logo, o PNB será o PIB mais a renda líquida recebida do exterior:

PNB = PIB + Renda recebida do exterior – Renda enviada ao exterior

Para enxergar isso, vamos supor que no PIB do Brasil é considerado o valor
gerado por uma montadora de carros estrangeira que pertence a uma corporação
dos Estados Unidos. Deste modo, o lucro dessa montadora está considerado
no PIB do Brasil, mas não no PNB. Isso acontece porque essa empresa é es-
trangeira e levará seu lucro para a casa matriz nos Estados Unidos, e no PNB
considera só a renda líquida do setor externo. Por isso, para calcular o PNB
de uma nação deve-se considerar a renda enviada ao exterior menos a renda
recebida de fora, levando em consideração:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Juros Representando o pagamento pela utilização de capital monetário externo.


Representado a remuneração pelo capital físico de propriedade de empresas
Lucros
estrangeiras instaladas no país.
Royalties Representando o pagamento pela utilização de tecnologia estrangeira.

Dessa maneira, a Renda Líquida do Exterior (RLE) é a diferença entre a


renda recebida e a renda enviada ao exterior. Logo, o PNB será: PNB = PIB +
RLE. Conclui-se que quando a renda enviada é maior que a renda recebida do
exterior, o PIB será maior que o PNB, o que quer dizer que se estão utilizando
maiores serviços dos fatores de produção dos estrangeiros. Mas, se a renda
recebida do exterior for maior, o PNB será maior também.

 81*ZMIT^[81*UWVM\nZQW
Agora que já sabemos a diferença entre PIB e PNB, vamos dar mais um
passo: a interpretação entre PIB real e PIB monetário. A seguir vamos mostrar
um quadro de crescimento do PIB monetário do Brasil desde o ano de 2002
até o ano de 2010.

Tabela 3.6 PIB nacional monetário

Fonte: Do autor (2014).

Segundo a tabela exposta acima, a economia brasileira cresceu bastante até


o ano 2010, mas será que esse crescimento será real em termos do poder de
compra da moeda nacional? Temos que considerar que esses valores são valores
correntes, ou seja, há inflação acumulada nesses valores. Logo, para ter uma
perspectiva mais próxima à realidade econômica, temos que considerar o PIB
real, que considera os efeitos da inflação; assim, para calcular o PIB real vamos ter
que considerar os efeitos da inflação, estabelecendo-se um ano-base de cálculo.
Por exemplo, observando a Tabela 3.6, veremos que o acréscimo do PIB
do ano de 2007 para 2008 foi de 13,92%! Se observar, nem a China, que vem
tendo um dos maiores crescimentos do PIB mundial, atinge esses patamares
de crescimento. Então se esse crescimento corrente não é a interpretação de
crescimento real da economia, qual será? A seguir a Tabela 3.7 traz um com-
parativo entre PIB Monetário e PIB real.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Tabela 3.7 Comparativo entre PIB nominal e PIB real

Fonte: Do autor (2014).

Logo, o PIB real vem a ser o crescimento do PIB nominal descontados os


efeitos da inflação. Assim, o crescimento do PIB real no ano de 2010 foi de
7,50%, e não de 13,86% do PIB nominal desse ano.

 8WTy\QKIUWVM\nZQI
Além da Política Fiscal, há outra grande ferramenta disponível pelo governo
na hora de incentivar ou inibir a DA, a Política Monetária, política econômica
que mexe com a quantidade de moeda em circulação e a massa monetária,
instrumentos que podem, dependendo das necessidades do momento, estimular
o consumo ou parar as pressões inflacionárias. Para compreender a Política Mo-
netária, temos que saber que existem dois tipos de moeda, manual e a escritural.
A moeda manual é definida como o papel-moeda em si e pelas moedas
metálicas em circulação, moeda que pode estar nas mãos das pessoas ou nos
depósitos à vista da rede bancária nacional, ou seja, o dinheiro em contas que
pode ser utilizado em qualquer momento.
A moeda escritural é definida como os depósitos bancários a serem usados
como meio de pagamento, através do uso de cheques, transferências bancárias
e cartões de crédito. Esse é o tipo de moeda que tem aumentado, aliás, e muito
durante as últimas décadas. Para ser ter um referencial, em 2008 a moeda
nacional estava distribuída da seguinte forma: 41,34% em moeda manual,
R$ 92.378 milhões e 58,66% em moeda escritural.
Agora, vamos analisar como o aumento na oferta destas moedas pode ter
uma implicação direta sobre as atividades econômicas e sobre a inflação. Assim,
para aumentar, manter ou, inclusive, diminuir a massa monetária disponível
na economia, o governo tem as seguintes ferramentas monetárias: emissão de
moeda, depósitos compulsórios, operações de open market (mercado aberto),
operações de redesconto, taxa de juros e regulamentação sobre o crédito.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Emissão de moeda e a teoria quantitativa da moeda. O Banco Central, que


monitora a emissão da moeda, tem a capacidade e a autorização da emissão
de papel-moeda no país. Portanto, ele fica responsável pelo controle da quan-
tidade física de moeda circulando na economia. Tanto o excesso como a falta
de moeda podem ser prejudiciais às atividades econômicas.
A falta de papel-moeda restringe a Demanda Agregada, até poderia gerar
deflação (queda dos preços), como tem acontecido lá no Japão desde os anos
1990, ou durante a Grande Depressão dos anos 1930. Por outro lado, o excesso
dela aumenta a Demanda Agregada, sem sustento produtivo, botando pressão
na inflação. Assim, cabe ao Banco Central fazer uma boa gestão da quantidade
de moeda circulando na economia.
A quantidade de moeda circulando na economia pode ser medida, e a
circulação desta depende da equação fundamental da Teoria Quantitativa da
Moeda: M x V = P x Y = PIB, onde:

Tabela 3.8 Variáveis da teoria quantitativa da moeda

M Disponibilidade física de moeda em circulação, ou seja, à massa monetária.

Velocidade de circulação da moeda, frequência média em que uma unidade mone-


V tária é gasta num período de tempo (x), ou seja, a quantidade de giros que a massa
monetária gira na economia durante um período e tempo.

P O nível de preços num período de tempo.


É o volume de transações feitas nesse período, em outras palavras, o produto real da
Y
economia.
PIB Produto Interno Bruto
Fonte: Do autor (2014).

Para enxergar melhor essa equação, vamos analisar o seguinte exemplo:


Qual será a velocidade da moeda, supondo os seguintes dados do ano de
2010:
PIB do Brasil, em 2010: R$ 3.770 bi. Como esse PIB é igual aos preços
vezes o volume das transações feitas nesse período (2010), logo, esse valor de
R$ 3.770 bi será P x Y.
Disponibilidade de moeda em circulação nesse ano, ou seja: massa mo-
netária (M) = 300 bi.
Com esses dados aplicamos a fórmula: M x V = P x Y o 300 x V = R$ 3.770,
(R$ 3.770)
logo aplicando a fórmula teremos que V = , logo V = 12,57.
300
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Isso quer dizer que a moeda circulou 12,57 vezes no decorrer de 2010. Ou
seja, para gerar R$ 3.770 bi de PIB, não foi necessário gerar fisicamente esse
enorme valor monetário, R$ 3.770 bi. Pois temos que considerar que só exis-
tiam R$ 280 bi de massa monetária em si, mas que gerou renda passando de
mão em mão durante esse ano. Ou seja, no exemplo só foi necessário 7,43%
do PIB, para gerar todas as transações comerciais desse ano, eis o quesito do
poder multiplicador do dinheiro.
Portanto, o governo, através da equação M x V = PIB = DA, pode estimular
ou inibir a Demanda Agregada (DA). Ou seja, através da emissão de moeda
em si ou incentivando a velocidade de giro dessa massa monetária o governo
pode aumentar ou inibir a DA. Agora que já conhecemos a teoria quantitativa
da moeda, vamos estudar os diferentes instrumentos que o governo utiliza para
incentivar ou inibir a Demanda Agregada.
Depósitos compulsórios. Depósitos que representam uma parcela dos
depósitos à vista que as instituições financeiras são obrigadas a depositar no
Banco Central. Como exemplo, vamos supor que a porcentagem dos depósi-
tos compulsórios seja de 40%, logo, de cada R$ 1,00 que foi depositado no
sistema financeiro 40% irá ao Banco Central e 60% ficará disponível para que
os Bancos possam emprestar.
O Depósito compulsório tem um efeito multiplicador, aumenta ou diminui
o giro da moeda em circulação. Assim, cabe ao governo decidir qual será a
porcentagem dele, na medida de suas necessidades de incentivar ou inibir
a Demanda Agregada. Portanto, quanto menor for o Depósito Compulsório,
maior será a velocidade de multiplicação da moeda escritural. Logo, maior
será a quantidade de dinheiro disponível, resultado? Incentivador da Demanda
Agregada. E quanto maior seja o Depósito Compulsório, menor será a veloci-
dade de multiplicação da moeda escritural. Logo, menor será a quantidade de
dinheiro disponível, resultado disso? Inibidor da Demanda Agregada.
Taxa de juros. Esse é um dos instrumentos mais efetivos para controlar a
inflação. Através dos juros pode-se incentivar ou inibir a velocidade de circu-
lação da moeda, fazendo girar mais vezes a massa monetária num período,
ou seja, mais dinheiro circulando. Assim, quando o Banco Central aumentar
a taxa de juros, o governo desestimula o consumo e os investimentos das
empresas, ações que reduzem o giro da massa monetária, logo, reduzem a
DA e, portanto, as pressões sobre a inflação. Outro efeito do aumento dos
juros é que estimula o investimento financeiro e ao aumentar os investimen-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

tos financeiros reduz também o circulante, giro da massa monetária, logo,


também reduzem a DA.
Diminuir a taxa de juros é o efeito contrário do exposto anteriormente, ou
seja, incentivam a Demanda Agregada, incentivando assim ao crescimento
econômico. Isso é feito quando a economia está fraca e o governo pondera
que não há muito risco de inflação.
Operações Open Market (Mercado Aberto). Através do Mercado Aberto o
governo pode comprar e vender títulos públicos, ou seja, gerar dívida pública,
em vistas de aumentar ou diminuir a massa monetária ou o circulante. Quando
governo compra títulos públicos está incentivando a DA, e quando vende estará
tentando parar a pressão da inflação, ou seja: quando o governo compra títulos
públicos está aumentando a massa monetária, pois, no momento de recomprar
sua dívida, está pagando aos donos desses títulos em dinheiro, injetando moeda
na economia. E quando o governo vende títulos públicos está diminuindo a
massa monetária, pois as pessoas que vão comprar esses títulos terão que pagar
em dinheiro, sacando dinheiro da economia.
Operações de redesconto. São empréstimos que o Banco Central faz aos
bancos comerciais, através dele o Banco Central controla a emissão de crédito
do governo aos bancos e a taxa de juros desses empréstimos. Assim, quando
o Banco Central aumentar a taxa de redesconto os bancos perdem margem
para emprestar a terceiros, pois terão que pagar mais por esses empréstimos
de curto prazo diminuindo a procura destes. Portanto, haverá uma queda da
massa monetária, logo, inibindo a Demanda Agregada. Mas quando diminuir a
taxa de redesconto os bancos aumentam a capacidade de emprestar, pois têm
que pagar menos por esses empréstimos, aumentando a procura de redesconto.
Logo, aumenta a massa monetária e incentiva a DA.

Atividades de aprendizagem
Como pode ser aumentar ou inibir a Demanda Agregada (DA) por meio
da teoria quantitativa da moeda?

 )[N]Vt‚M[LIUWMLI
Até agora temos estudado o papel do governo através da Política Fiscal e
Monetária. Mas, para ter uma visão mais clara de como atuam essas políticas
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

na economia, a seguir vamos analisar em detalhes as funções da moeda em


si. Na sociedade atual, além de sua função de troca comercial, as moedas são
associadas também à riqueza, pois têm uma função de reserva de valor.
A moeda em si tem uma função básica: facilitar a troca de insumos, pro-
dutos e serviços entre os agentes econômicos. Em outras palavras, a moeda é
uma representação da riqueza a ser trocada entre os agentes econômicos, em
função das perspectivas da estabilidade, capacidade produtiva e de recursos
que uma economia possa possuir.
Nesse contexto, o valor relativo da moeda de um país não é mais que uma
abstração, valor que todas as pessoas acreditam, conceito abstrato que tem
fundamentos jurídicos em lei para assim determinar a base legal dos bens de
uma sociedade, ou seja, os ativos e passivos das pessoas jurídicas e naturais da
economia. A seguir, vamos analisar como foi evoluindo o conceito de moeda
na sociedade moderna.
Evolução da moeda. Até a época mercantilista (entre 1600 a 1700) não
existia papel-moeda, existia a moeda metálica como meio circulante. Mas a
partir dessa época os europeus começaram a dinamizar o uso do dinheiro, ofe-
recendo serviços de guarda da moeda metálica. Partindo dessa base, a moeda
tem as seguintes fases evolutivas até os dias de hoje:
Certificado de depósito: para segurança do depositante, dessas moedas, os
banqueiros emitiam um certificado de depósito nominal, ou seja, com nome
específico no certificado, cobrando uma taxa pela guarda das moedas.
Certificado ao portador: no início, esses certificados eram nominais, mas
com o passar do tempo passaram ser “ao portador”, ou seja, não existia mais
dono específico. Esses certificados “ao portador” estavam liberados para poder
ser negociados entre várias pessoas.
Saque à vista da moeda metálica: ao ser “ao portador”, o dono do certificado
poderia ir em qualquer momento retirar os depósitos em moeda metálica dos
bancos. Logo, as pessoas começaram a utilizar os próprios certificados para trocas
comerciais em si, dando início ao nascimento das primeiras trocas comerciais
através de papéis financeiros, ou seja, papel dinheiro até os dias de hoje.
Multiplicação do valor das moedas: no início os bancos faziam gestão em
manter o valor dos certificados alinhando-os com o valor das moedas metálicas
depositadas nos cofres, mas com o passar do tempo os banqueiros percebe-
ram que nem todas as pessoas retiravam os depósitos, em moedas, ao mesmo
tempo. Partindo desse fato, os bancos começaram a emitir certificados num
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

valor superior ao valor realmente depositado; deste modo, eles começaram a


fazer empréstimos além dos valores depositados em moeda metálica. A lógica
do negócio bancário é: Quanto mais os banqueiros emprestassem, mais juros
poderiam cobrar, começando assim o conceito do fator multiplicador da moeda.
Fator multiplicador sem controle: nessa época, finais do mercantilismo e
começo da escola clássica (finais do século XVIII), em função desse conceito
multiplicador do dinheiro os bancos da Europa foram um sucesso em termos
de incentivar a dinâmica comercial e desenvolvimento econômico, pois deste
modo potencializavam ao limite máximo o potencial produtivo e de inovação
das empresas. Porém, ao não terem controles, os bancos não tinham limites
no momento de emprestar “moeda papel” (certificados ao portador). Resultado
disso? Empréstimos além dos limites de suas reservas, deixando muitos bancos
quebrados e depositantes desconfiantes do sistema bancário, levando crises
financeiras contínuas.
Papel-moeda e o Banco Central: com a quebra bancária generalizada, a
tarefa de emissão da moeda (certificados ao portador) passou a ser centralizada
por um banco central sob controle do governo, exigindo assim dos bancos uma
porcentagem mínima desses depósitos centralizados no banco central, através
de contas correntes abertas por esses bancos no banco central, formando-se
o “Banco Matriz dos Bancos” e garantindo, assim, à sociedade controle sobre
os depósitos do sistema financeiro. Assim, esse controle do Banco Central foi
o nascimento do conceito do depósito compulsório.
Agora que temos um referencial do que representa o papel dinheiro em
si, vamos analisar o que representa o conceito de moeda fiduciária. Fidúcia é
sinônimo de confiança, assim: moeda fiduciária é dinheiro com sustento na
confiança e perspectivas produtivas de uma economia. Não é propriamente
um tipo de moeda, mas é uma característica do dinheiro atual, dinheiro que
não tem um valor mínimo garantido em ouro (como foi na época mercantilista
e primeiros séculos do capitalismo até meados do século XX), mas é dinheiro
que tem como base a confiança na produtividade e sustentabilidade de uma
economia. Eis um dos motivos de por que as economias mais competitivas do
mundo são as que têm as moedas mais fortes. Na economia global de hoje
a moeda tem duas funções importantes, atua como denominador comum de
valores e como reserva valor.
Denominador comum de valores: por meio da moeda, é possível compa-
rar o valor relativo das coisas, deste modo, se tem um valor referencial dos
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

produtos e serviços a serem comercializados. Ou seja, todo produto e serviço


que pode ser ofertado tem um valor referencial através da moeda, interpretado
em unidades monetárias, exemplo: Quantas horas salário são necessárias para
comprar um tablet novo? Ou de quanto de meu salário posso dispor para par-
celar uma viagem turística para a França? Ou então, em quanto poderei vender
meu carro velho?
Reserva valor: A moeda, ao ser um referencial de riqueza, pode ser um meio
de reserva valor em si. Nesse contexto, é fundamental considerar a existência
da inflação na hora de manter o dinheiro como reserva de valor, em vistas
de manter pelo menos o valor atualizado dessa riqueza, ou seja, o poder de
compra desta.
Assim, no decorrer do tempo o valor das moedas vão perdendo valor, ou
seja, estão sujeitas ao poder da inflação. Deste modo, se uma pessoa neste
momento tem dinheiro para poupar, mas não faz investimentos com ele, e só
vai guardado sob o colchão, no passar de alguns anos o valor de sua riqueza
poupada com certeza será desvalorizada. Esse fato nos leva a refletir no seguinte:
Qual terá que ser o valor dos juros mínimos de minha poupança no banco,
para manter pelo menos o valor relativo de riqueza desse dinheiro poupado?
Pelo menos deverá ter juros que sejam iguais ao valor da inflação.

Questões para reflexão


Nos últimos anos temos visto um aumento contínuo do uso do dinheiro
“plástico”, cartões de crédito e de débito, que fazem parte da moeda
escritural. Será que essa modalidade de dinheiro está fazendo diminuir
drasticamente o uso do dinheiro papel como meio de troca comercial?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Seção 3 8WTy\QKIM`\MZVILIMKWVWUQIM
LM[MV^WT^QUMV\WMKWV€UQKW
Caro acadêmico, você sabe quantas transações internacionais estão envol-
tas na compra de um produto no mercado? É difícil de determinar, mas com
certeza são muitas, hoje não há país que esteja 100% isolado do resto do
mundo. Todos os países dependem, alguns mais, outros menos, do mercado
internacional de: matérias-primas, insumos, equipamento, tecnologia, capital,
produtos e serviços de consumo final, entre outros. Assim, hoje há uma série
de transações comerciais e financeiras que dinamizam a economia de cada um
dos países que fazem parte do cenário econômico internacional.
Nos últimos anos, essas transações internacionais não param de crescer,
reflexo da integração comercial e financeira entre os países. Grande parte dessa
integração é mais uma verificação de que o mundo é cada dia mais um grande
ambiente global, onde as comunicações, inovações e aprimoramento logístico
ajudam em grande parte nessa dinâmica. Nesse contexto é que nesta seção
vamos estudar os principais conceitos da política externa e contas externas, e
como ela pode ajudar a economia brasileira. Logo, vamos estudar o conceito
de desenvolvimento econômico, ligado às bases teóricas das políticas econô-
micas, e como as ideias de desenvolvimento podem ajudar no crescimento e
na dinâmica da economia brasileira.

 8WTy\QKIM`\MZVILIMKWVWUQI
A política externa de um país irá determinar as diretrizes das relações co-
merciais e financeiras com o resto do mundo. Para atingir isso, os países contam
com a política cambial e comercial, ajudando a gestão das contas nacionais
que monitoram as transações comerciais internacionais, ou seja, ajudando ao
balanço de pagamentos.
Política cambial e comercial. Cada país tem sua própria dinâmica econô-
mica, ponderando e abordando como vai interagir com o resto do mundo; nesse
contexto é que os governos determinam a política cambial e comercial. Os
governos podem definir a maneira como sua moeda nacional vai se relacionar
e qual poderá ser o valor relativo de sua moeda em função de sua capacidade
competitiva e do valor das moedas estrangerias. O modo como um país quer
determinar o valor relativo de sua moeda irá determinar a política de câmbio,
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

mas quais são essas políticas? Existem basicamente duas: Política de Taxa Cam-
bial flutuante e a de Taxas Fixas.
Política de taxa cambial flutuante. Nesta situação, a autoridade monetária
deixa flutuar o valor da moeda em relação às moedas estrangerias, deixando ao
mercado determinar o valor relativo da taxa de câmbio. Como mercado de câm-
bio entende-se as forças da demanda e oferta de moeda nacional em função das
estrangeiras. Essas forças são determinadas basicamente pela entrada de recursos
monetários de fora e pela saída para outros países. As entradas de dinheiro estão
determinadas pelas exportações, investimento estrangeiro, entre outras; e as saídas
de dinheiro pelas importações, pagamento da dívida externa, entre outras.
Uma das grandes vantagens da taxa de câmbio flutuante é que a moeda
gradativamente vai se encaixando com as forças do mercado, assim, dificilmente
a moeda poderá sofrer um ataque especulativo, ou inclusive desenvolver um
mercado paralelo de câmbio.

Para saber mais


Qual o significado de mercado de câmbio paralelo? É o mercado de câmbio informal, sem a
intervenção das instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central. Pelo geral, há mercado
paralelo quando a taxa de câmbio oficial está fixada num patamar artificialmente elevado. Ficou
curioso? Acesse o artigo sobre o mercado paralelo na Argentina, país que há vários anos vem
aplicando uma política de taxa fixa de câmbio:
<http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/dolar-paralelo-retoma-alta-apesar-nova-medida-
da-argentina>.

Uma das grandes desvantagens da taxa de câmbio flutuante é que a moeda


fica exposta a mudanças muito rápidas das forças do mercado financeiro in-
ternacional, deixando em aberto o risco de prejudicar valores de contratos de
exportação ou importação. Uma maneira que tem o Banco Central do Brasil
de evitar oscilações bruscas na taxa de câmbio, ou pelo menos amenizá-las,
é fazendo intervenção no mercado, por meio de compra e venda de lotes de
divisas (moeda estrangeira); para isso o país conta com uma reserva interna-
cional de divisas.
Se comprar divisas, o Banco Central estará aumentando a demanda de
moeda estrangeira, e ao comprar estará concorrendo com os importadores
(por exemplo) na compra de divisas, assim, estará desvalorizando o valor
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

da moeda nacional. Em síntese, pode haver uma intervenção quando a


moeda nacional estiver relativamente valorizada.
Se vender divisas, o Banco Central estará aumentando a demanda de
moeda nacional, logo, ao vender, estará valorizando o valor da moeda.
Em síntese, pode haver uma intervenção quando a moeda nacional estiver
relativamente desvalorizada.

Para saber mais


Qual o significado de divisas? É a disponibilidade de moeda estrangeira que um país possui.

Política de taxa cambial fixa. Nesta situação a autoridade monetária, o


Banco Central, irá determinar o valor fixo da taxa de câmbio em relação às
estrangeiras. Exemplo de Taxa de Câmbio Fixa foi durante os primeiros anos do
Plano Real, a partir de 1994, época na qual o governo fixou o valor da nova
moeda, o Real, em R$ 1,00 = US$ 1,00.
Geralmente, uma Política de Taxa Fixa é implantada por um prazo deter-
minado, pois no longo prazo as forças do mercado tomam conta do mercado
de câmbio. Isso foi o que aconteceu com o Plano Real: o governo desenvolveu
duas grandes fases da nova moeda, um prazo de tempo com taxas de câmbio
fixas e uma segunda fase com taxas de câmbio flutuantes.
Na primeira fase, até 1998, o Real ficou fixo, visando combater a inflação
estrutural de época, pois, ao ter fixo o valor da moeda, os produtos importados
não subiram de preço. Essa é uma das grandes vantagens da taxa de câmbio
fixa. Ou seja, pode combater a inflação, mas isso só durante um período de
curto prazo e inclusive até um par de anos; além disso, o risco de fazê-lo será
muito alto para a economia.
Na segunda fase, o Real, a partir de 1999, gradativamente começou a
flutuar, deixando as forças de mercado determinar o valor da taxa de câmbio.
Isso foi feito porque, apesar do grande sucesso de ter parado a hiperinflação,
gradativamente no percurso dos primeiros anos o Real ficou muito exposto às
forças do mercado cambial e supervalorizado, ficando assim num patamar arti-
ficialmente elevado. Nessa situação apresentava-se um excesso de importações
com poucas exportações, sendo assim um desestímulo à produção nacional.
Essa situação começou a impactar a economia real, com um grande número
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

de demissões, pouco crescimento industrial etc.; portanto, estava no momento


(nessa época) de parar com a taxa fixa de câmbio. A mudança de taxa fixa de
câmbio para uma flutuante gerou um grande impacto e custo econômico, mas
que era fundamental fazê-lo. Essa é uma das grandes desvantagens, ou seja, a
moeda gradativamente vai ficando supervalorizada.
Agora que já sabemos como atua a Política de Câmbio no valor da taxa de
câmbio, vamos compreender como funciona a grande conta nacional que re-
gistra todas as entradas e saídas de recursos monetários com o resto do mundo,
o balanço de pagamentos.

Atividades de aprendizagem
No regime da taxa de câmbio flutuante, é o mercado que determina o
valor da taxa de câmbio. Nesse contexto, quais as forças que determinam
esse mercado?

 7JITIVtWLMXIOIUMV\W[
As relações comerciais e financeiras de um país com o resto do mundo
são medidas através do balanço de pagamentos, conta nacional que registra
as transações comerciais e financeiras do setor externo da economia. Como
resultado final desse registro apresenta-se o saldo do balanço de pagamentos,
que determina o aumento ou diminuição das reservas internacionais de um
país. São reservas com uma importância chave para a dinâmica econômica,
pois servem para garantir as transações internacionais, logo, quanto maiores
forem estas, mais estável será a taxa de câmbio. O balanço de pagamentos “[...]
é um demonstrativo sistemático de todas as transações econômicas entre o país
e o restante do mundo. Seus componentes principais são a conta corrente e a
conta financeira” (SAMUELSON; NORDHAUS, 2004, p. 486).
Em termos de valor, a reserva internacional de um país é medida por meio
de uma cesta de moedas estrangeiras de alta circulação internacional e de
valor estável, tais como o dólar americano, euros, ienes e libras-esterlinas,
conhecidas como as divisas internacionais. Além das divisas internacionais, as
reservas também podem ter na sua cesta o metal precioso ouro, como reserva
de valor. Apesar de as reservas internacionais serem, ao final de conta, uma
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

cesta de divisas e ouro, aplica-se o dólar como valor referencial desta. Mas
por que isso? A conta do balanço de pagamentos tem um valor referencial em
dólares americanos, porque é a moeda com maior circulação internacional e
aceitação em qualquer país do mundo.
Se, por motivos de uma crise econômica prolongada e se não houver reser-
vas internacionais suficientes, a taxa de câmbio ficará muito exposta e instável,
botando pressão para fortes desvalorizações. Nesse contexto, o Brasil deveria
solicitar empréstimos internacionais para manter um valor mínimo nas reserva
de divisas. Eis a importância de manter um valor mínimo necessário de divisas,
pois atuam como reserva para manter um mínimo de tempo indispensável
ao fluxo monetário externo. Assim, para qualquer país é fundamental manter
uma boa gestão e planejamento dessa entrada e saída de divisas, tendo como
instrumento de medição o balanço de pagamentos, o qual é composto por
várias subcontas nacionais que descrevem as relações comerciais e financeiras
do país com o resto do mundo.
Balança comercial. A balança comercial mede os ingressos e saídas de
divisas do país decorrentes das exportações e importações. Em outras pala-
vras, é o valor líquido do comércio internacional. Mas quais os impactos das
variações da balança comercial? Dependendo do saldo líquido do comércio
internacional, elas fazem aumentar e/ou diminuir as reservas internacionais,
portanto, podem ter um forte impacto na taxa de câmbio.
Balança de serviços e valor das transferências unilaterais correntes. É
a segunda grande conta do balanço de pagamentos e é composta de várias
subcontas, de entrada e saída de divisas, entre as mais importantes: rendas
de capitais (rendimentos financeiros), despensas em viagens, transportes, se-
guros, serviços governamentais e serviços diversos. Da balança de serviços
destaca-se a subconta de rendas de capitais, que abrange: as despesas com
pagamento de juros da dívida externa, pública ou privada; os lucros financeiros
no exterior; e as entradas e saídas das remessas de lucros e dividendos das
empresas estrangeiras instaladas no país, assim como das empresas brasileiras
instaladas no exterior.
Saldo em transações correntes. O saldo em transações correntes é igual
ao saldo da balança comercial + saldo da balança de serviços. Logo, temos
que: saldo de transações correntes = valor líquido da balança comercial +
valor líquido da balança de serviços + valor das transferências unilaterais
correntes. Historicamente, esse saldo no Brasil tem sido negativo, só entre
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

os anos de 2003 e 2007 é que o valor líquido em transações correntes foi


positivo, decorrente das exportações fortes desses anos. Portanto, pode-se
interpretar que no comércio internacional o Brasil, historicamente, gasta mais
divisas do que recebe.
Mas como se pode gastar mais dólares do que se arrecada, se o país não
pode emitir US$? A resposta está na segunda parte do balanço de pagamentos:
conta de capital e financeira.
Conta de capital e financeira. Para financiar esse valor líquido negativo das
transações correntes, o país tem duas grandes alternativas: Investimento estran-
geiro direto e/ou empréstimos no exterior. Assim, deve-se observar no balanço
de pagamentos o pagamento em conta de capital e financeira.
Investimento estrangeiro direto. Uma das saídas para nivelar o valor nega-
tivo das transações correntes tem sido o aumento de investimento estrangeiro.
O valor desses investimentos desde meados da década de 2000 vem sendo
significativo. Esse tipo de investimento estrangeiro é uma fonte de recursos
relativamente segura, pois esse capital é investido no longo prazo em equipa-
mentos, infraestrutura, novas empresas etc.
Empréstimos no exterior. Quando não há fontes de investimentos diretos,
uma alternativa adicional para obter divisas é através de financiamento externo.
Neste caso, o país pode solicitar empréstimos aos organismos oficiais, tais como
o Banco Mundial e o FMI, que cobram juros menores, ou aos Bancos Privados,
que cobram juros maiores.
Capitais de curto prazo. Existe mais uma alternativa para obter divisas, é atra-
vés de capitais de curto prazo. Esse tipo de capitais geralmente cobra juros bem
maiores, pois estão disponíveis no momento que precisar. O grande problema
desses capitais é que são de alto risco, pois, assim como podem entrar, podem
sair em questão de dias, inclusive horas. Muitos países no passado enfrentaram
sérios problemas com a saída repentina destes capitais. Historicamente, isto
aconteceu no México, 1994; Tigres Asiáticos, 1997; Rússia, 1998; Brasil, 1999;
Argentina, 2001; e sul da Europa, 2012.
Saldo do balanço de pagamentos. Ao final, a somatória de todas essas
grandes subcontas apresenta-se o saldo do balanço de pagamentos que, em
síntese, é:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Tabela 3.8 Quadro do saldo do balanço de pagamentos

Valor líquido da balança comercial + valor líquido da


(+/-) Saldo líquido das transações
balança de serviços + valor das transferências
correntes
unilaterais correntes.
(-) Brasileiros
(+/-) Investimentos diretos (+) Estrangeiros Investindo no país Investindo no
Exterior.
(-) Amortiza-
(+/-) Empréstimos (+) Novos Empréstimos ções desses
Empréstimos
(-) Saída
(+/-) Capitais de curto prazo (+) Entrada destes
destes
Saldo que vai aumentando ou diminuindo as Reservas
(+/-) Saldo do balanço de pagamentos
Internacionais

Fonte: Do autor (2014).

Reservas Internacionais. Como resultado da movimentação sistemática das


contas do balanço de pagamentos apresentam-se duas alternativas, no saldo
líquido desta conta de movimentações internacionais.
Se o saldo é positivo haverá aumento das Reservas Internacionais, e portanto
um fortalecimento da taxa de câmbio.
Se o saldo é negativo haverá diminuição das Reservas Internacionais, e
portanto haverá instabilidade na taxa de câmbio.
O resultado final do balanço internacional de pagamen-
tos revela a posição do país em suas transações externas
como um todo. As situações de déficit indicam saídas
de reservas cambiais superiores às entradas, implicando
geralmente queda das reservas cambiais; superávits,
contrariamente, indicam ingressos líquidos de recursos,
com o aumento dos estoques de ativos externos do país
(ROSSETI, 2003, p. 888).

Caso um país fique sem reservas internacionais, ele não dará conta de pagar
suas importações, como tampouco poderá liquidar seus compromissos externos.
Deste modo, será forçado a decretar moratória nas suas dívidas. Será que o
Brasil já passou por essa situação complexa? Duas vezes, a primeira em 1982
e a segunda em 1987. Somente na década de 1990 é que o Brasil acalmou o
mercado financeiro internacional e os investidores, ficando até a atualidade
como um país relativamente atrativo para se investir.
Observe que o Brasil, em 2009, tinha US$ 239 bilhões de Reservas Interna-
cionais, volume suficiente ao equivalente de aproximadamente quatorze meses
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

de importações. Isso é uma reserva internacional muito sólida, eis a relativa


estabilidade do Real, entre outras coisas, apesar da crise internacional que o
mundo vem apresentando desde 2008.

Atividades de aprendizagem
Como impacta no Balanço de Pagamentos um aumento nas importações?

 ,M[MV^WT^QUMV\WMKWV€UQKW
O desenvolvimento econômico que possa se manter ao longo dos anos é o
objetivo de qualquer país, pois o crescimento esporádico com crises periódicas
é a trilha à desigualdade social e a um aumento de concentração da renda, que
não gera nem dinâmica econômica, nem social. Um país assegura o desenvolvi-
mento econômico à medida que sua classe média vai aumentando; eis uns dos
objetivos da teoria do desenvolvimento, como fazer para aumentar, e de maneira
sustentável, a classe média de uma sociedade. Em termos históricos, a partir das
grandes flutuações econômicas do século XIX e da grande depressão da década
de 1930 é que os economistas começaram a analisar o crescimento econômico
mais como um objetivo de desenvolvimento da sociedade como um todo.
Nesse contexto, o registro dos agregados econômicos da Contabilidade
Nacional fez que muitas nações pudessem ter ferramentas de análise para
melhorar as condições de oportunidade da microempresa, as condições do
emprego e as condições de bem-estar da sociedade.

 781*KWUWUMLQLILMJMUM[\IZ
Muito se tem falado sobre o fato de o PIB não ser o único referente eco-
nômico de um país, mas ser um referente para se ter uma ideia comparativa
do tamanho e força da economia em função da economia dos outros países,
comparação padronizada em dólares americanos. Porém, o mero tamanho do
PIB de um país não é determinante da renda per capita e do bem-estar de sua
população; há a necessidade de ter maiores elementos de comparação.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

O primeiro parâmetro de bem-estar relativo da população de um país é o


Produto Interno Bruto (PIB) per capita, cálculo que se faz dividindo-se esse PIB
em relação à população total do país. Dessa divisão poderemos ter a renda
per capita referencial, parâmetro de comparação que permite fazer uma aná-
lise da riqueza média de cada uma das pessoas de um país. A seguir, vamos
observar dois exemplos comparativos do PIB per capita.
Apesar de a China ser a segunda potência mundial, com US$ 8.250
trilhões de PIB em 2012, a sua renda per capita ocupou a posição no 89
com US$ 5.414, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ou
seja, na média a sua população continua sendo pobre, embora existam
cidadãos e cidades lá na China muito ricos.
Apesar de a Noruega ser a econômica no 22 no ranking mundial, a sua
renda per capita é a segunda maior do mundo, com US$ 97.255 de PIB
per capita em 2011, segundo o FMI. Ou seja, cada pessoa da Noruega
teve uma renda média de US$ 97.255 em 2011, isso dá uma renda pes-
soa/mês de US$ 8.105, o que em reais seria R$ 18.640/mês ou US$ 8105
x 2,30 (taxa de câmbio jan./2014), uma renda muito boa para qualquer
patamar.

O PIB per capita é um índice comparativo de bem-estar referencial inte-


ressante de observar, mas não expõe como é distribuída essa riqueza entre a
população. Segundo o FMI, o PIB per capita do Brasil em 2011 foi de US$
12.993, mas será que cada um dos brasileiros teve uma renda US$ 1.083/mês
nesse ano? Alguns receberam muito mais do que isso e outros muito menos,
inclusive não receberam renda, eis a questão da análise social da riqueza de
um país.
Assim, além do PIB per capita, são necessários outros parâmetros de medi-
ção que possam dar um referente social além. Pensando nisso, a ONU calcula
periodicamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que considera e
pondera as seguintes variáveis: expectativa de vida; nível de alfabetização; grau
de distribuição de renda; mortalidade infantil; leitos hospitalares per capita; e
consumo de calorias e proteínas per capita.
Para visualizar as grandes diferenças de análise da riqueza e sua distribuição,
a seguir vamos observar a Tabela 3.9, comparativa de onde é exposto o PIB das
maiores nações do mundo e os índices respectivos e comparativos de bem-estar.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Tabela 3.9 Os maiores PIB e os índices de bem-estar


O PIB e os índices comparativos de bem-estar
Maiores PIB do Índice de Desenvolvimento
  PIB Per capita
mundo Humano (IDH)
Fonte FMI FMI PNUD
Ano 2012 2011 2012
Estados Unidos 1 15.653.366 14 48.387 3 0,937
China 2 8.250.241 89 5.414 101 0,699
Japão 3 5.894.390 18 45.920 10 0,912
Alemanha 4 3.336.651 20 43.742 5 0,92
França 5 2.875.000 19 44.008 20 0,893
Brasil 6 2.673.580 54 12.993 85 0,73
Reino Unido 7 2.585.779 22 38.592 26 0,875
* Não há registro do índice de IDH.
Fonte: Do autor (2014). Adaptado de: Fundo Monetário Internacional (FMI): <http://www.imf.org/external/
country/index.htm>; Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento (PNUD): <http://www.pnud.
org.br/atlas/ranking/Ranking-IDH-Global-2012.aspx>.

Observe que o Brasil, embora seja a sexta potência mundial em 2012, ainda
tem que trabalhar, e muito, no referente ao quesito do bem-estar social.

 ,M[MV^WT^QUMV\WMU]LIVtILMM[\Z]\]ZI
Um desenvolvimento econômico que possa se manter no tempo precisa de
mudanças de estruturas em várias áreas, tais como: mudanças logísticas, sociais,
institucionais de distribuição da renda, educacionais, entre outras. Algumas
destas mudanças podem ser atingidas em médio prazo, entre 1 e 5 anos, e ou-
tras precisam de maior tempo para apresentar resultados à sociedade, tal como
uma mudança na estrutura educacional nacional, aliás, quesito fundamental
para um crescimento de longo prazo do país.
Todas essas mudanças de uma maneira ou outra terão implicações tanto
na competitividade (capacidade produtiva) como na capacidade de exportar,
portanto, no desenvolvimento econômico de um país. A maioria dos países faz
uma análise das mudanças necessárias, mas muitas vezes essa análise não sai
do papel. O problema é que muitas vezes essas mudanças nunca chegam a
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

se desenvolver, pois precisam de força política e unidade nacional (consenso)


para aplicá-las.
Um exemplo histórico pode ser o sucesso do Plano Real, iniciado em 1994.
Esse plano chegou depois de pelo menos uma década de se tentar combater a
inflação estrutural e até a hiperinflação, mas sem sucesso. Nesse contexto, o
país estava precisando de um grande acordo nacional em vistas de dar conta
final da inflação estrutural. Assim, a partir do governo do presidente Itamar
Franco e logo na presidência de Fernando Henrique Cardoso finalmente foi
implantado um plano de mudanças estruturais macroeconômicas que pudessem
parar com essa inflação galopante que estava aos poucos deixando cada dia
mais pobre a economia nacional.
Nos dias de hoje, a inflação não é mais um problema fora de controle, mas
o Brasil, além da necessidade de melhorar a qualidade da educação, apresenta
um problema de competitividade e de produtividade forte, pois a oferta agre-
gada não consegue acompanhar a alta demanda das famílias, especialmente
da classe média, botando pressão na inflação controlada. Uma solução de
curto prazo para isso tem sido medidas econômicas para diminuir a Demanda
Agregada, como aumento dos juros, controle do gasto público etc.
Mas isso não colabora para uma solução ao problema no longo prazo, a
melhora da produtividade; assim, em vistas disto, o governo e os empresários
vêm mantendo negociações para desenvolver um plano de melhora da produ-
tividade nacional e fazer mudanças estruturais, especialmente no quesito da
carga tributária e melhoras na infraestrutura do país. Um dos planos propostos
pelo governo é a implantação das políticas de mudança estruturais do Plano
Brasil Maior, onde o foco é a melhora precisamente da competitividade da
indústria nacional.

Para saber mais


Para saber mais sobre o Plano Brasil Maior, no seguinte site você terá acesso ao plano na íntegra:
<http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/conteudo/128>.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Questões para reflexão


O Brasil, a partir dos primeiros anos do século XXI, começou a ter um
aumento constante nas suas exportações, principalmente as referentes
à agroindústria, ajudando assim a ter uma balança comercial positiva.
Nesta década, a partir do ano de 2010, será que o país poderá continuar
mantendo essa força exportadora?

Assim, nessa pequena análise de alguns aspectos da realidade nacional, é


importante mencionar que o foco do desenvolvimento econômico através das
mudanças nas estruturas do país tem como objetivo analisar as interdepen-
dências entre o setor produtivo, governamental e poder jurídico em vistas de
aprimorar a capacidade produtiva e econômica de um país e assim apresentar
um caminho ao desenvolvimento.
Pode-se considerar que o desenvolvimento econômico é
um conjunto de transformações intimamente associadas,
que se produzem na estrutura de uma economia, e que
são necessárias à continuidade de seu crescimento. Essas
mudanças concernem à composição da demanda, da
produção e dos empregos, assim como da estrutura do
comércio exterior e dos movimentos de capitais com o
estrangeiro. Consideradas em conjunto, essas mudanças
estruturais definem a passagem de um sistema econômico
tradicional a um sistema econômico moderno (CHENERY,
1991 apud SOUZA, 2011).

Assim, a melhora da dinâmica dessas interdependências é que faz evoluir,


em grande parte, a capacidade produtiva de um país, mudanças estruturais que
com uma gestão com maior visão social, conhecendo índices de desenvolvi-
mento humano e aplicando políticas de bem-estar, poderão ajudar na melhora
na distribuição da renda e por tanto para um desenvolvimento econômico que
tenha um horizonte de longo prazo.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

Fique ligado!
Nesta unidade, você aprendeu que:
A partir da década de 1930, para evitar grandes crises, o Estado começou
a ter um maior peso nas diretrizes das atividades econômicas. Maior peso
foi feito através de intervenções no mercado, gasto público, entre outras.
Na teoria, toda renda das famílias deveria ser gasta no consumo de
produtos e serviços, do contrário haverá uma diminuição na demanda
agregada. Toda renda não consumida é interpretada como vazamentos
do fluxo circular da renda, sendo estes a poupança, os impostos e as
importações.
O Estado como o terceiro agente econômico visa no curto prazo à
estabilidade da inflação e o pleno emprego, existindo uma escolha
conflitante entre esses dois objetivos.
Entre as políticas de curto prazo, o governo dispõe da Política Fiscal que
visa incentivar ou diminuir a Demanda Agregada por meio da gestão
de arrecadação de impostos e controle do gasto público.
As Contas Nacionais registram todas as transações econômicas por meio
de agregados durante um período de tempo (ano). A Conta Nacional, o
Produto Nacional Bruto (PIB), determina a atividade econômica durante
um período de tempo.
Os agregados econômicos são analisados por meio da identidade fun-
damental das Contas Nacionais, onde os valores do Produto Nacional,
a Despesa Nacional e a Renda Nacional devem ser iguais, ou seja: PN
= DN = RN
A Política Monetária pode incentivar ou inibir a Demanda Agregada, apli-
cando ferramentas que controlam a quantidade e fluxo de giro da moeda
em circulação. Existem dois tipos de moeda: a manual e a escritural.
Aplicando a Política Monetária, o governo pode aplicar as seguintes
ferramentas: depósitos compulsórios, determinação da taxa de juros
básica, operações Open Market (mercado aberto) e operações de
redesconto.
A política externa de um país determina as diretrizes das relações co-
merciais e financeiras com o resto do mundo.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

As relações comerciais de um país com o resto do mundo registra-se


no balanço de pagamentos, onde fica registrado o saldo líquido das
transações correntes + as movimentações financeiras internacionais;
o resultado líquido do balanço de pagamentos ao final de um período
irá determinar o aumento ou diminuição das reservas internacionais
de um país.
Um determinante inicial para determinar as bases de um desenvol-
vimento econômico são os índices de bem-estar social. O primeiro
índice referente de bem-estar social é PIB per capita, mas esse índice
precisa de mais outros elementos comparativos para ter uma pers-
pectiva mais clara do bem-estar de uma nação, tal como o Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH).

Para concluir o estudo da unidade


Nesta unidade estudamos as grandes ações da Política Fiscal e Monetária,
políticas que procuram inibir a DA, quando existe pressão da inflação, e
incentivar a DA quando há sintomas de queda nos agregados econômicos,
evitando assim crises muito severas. Desta análise, podemos concluir que
existe um custo-benefício entre a geração de emprego e uma inflação
estável, por exemplo:
Quando queremos mais empregos, queremos incentivar a DA, aumen-
tando o risco da inflação.
Quando se quer estabilidade nos preços e menos inflação, queremos
inibir a DA, aumentando o desemprego.
Um país nunca será livre dessa escolha conflitante. Mas sempre poderá
ponderar e analisar o custo-benefício, visando sempre no longo prazo ao
bem-estar social, ao pleno emprego, à competitividade econômica com o
setor externo (demais países) e ao desenvolvimento econômico, objetivos
macroeconômicos que procuram o aprimoramento da capacidade produtiva
e o bem-estar social.
Sugerimos ficar constantemente informado por meio das notícias eco-
nômicas dos principais jornais do país, pois ajudará a gerar uma visão
sistêmica do entorno econômico, aportando ao aprimoramento constante
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

2  D P E L H Q W H  H  D  H F R Q R P L D  

de suas competências professionais. Assim, sugerimos dar uma olhada nos


seguintes sites de economia:
O primeiro foca na teoria econômica da escola austríaca de econo-
mia, que tem um foco maior no mercado e a livre empresa como
geradores da dinâmica econômica.
<http://www.mises.org.br>
O segundo tem um maior foco nas ferramentas macroeconômicas,
como reguladoras das atividades econômicas que acontecem no
mercado.
<http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/>

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Por que acontecem os vazamentos no fluxo circular da renda e como
podem ser corrigidos?
2. Qual será o impacto na Demanda Agregada se o governo aumentar
os impostos?
3. Se existe na economia um alto nível de gasto público e a inflação
vem aumentando bastante, qual poderia ser uma medida da Política
Fiscal para minorar a pressão da inflação?
4. Qual a diferença entre PIB e PNB? Se a renda líquida do exterior (RLE)
fosse negativa, como isso impactaria no PNB?
5. Uma das funções fundamentais da moeda é a sua condição de de-
nominador comum de valores. Explique esse conceito.
6. Ao final de todos os registros do balanço de pagamentos durante
um período de tempo, o saldo líquido dessa conta impacta como às
Reservas Internacionais?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

:MNMZwVKQI[
CHENERY, Hollis. Changement des structures et politiques de développement. Paris:
Economica, 1981.
FUNDO Monetário Internacional — FMI. Disponível em: <http://www.imf.org/external/
country/index.htm>. Acesso em: 28 fev. 2014.
LOPES, Guilherme B. Entendendo as Contas Nacionais. Economia e Finanças Fáceis, n.
3, 9 mar. 2013. Disponível em: <http://financasfaceis.files.wordpress.com/2010/03/fluxo_
renda2.png>. Acesso em: mar. 2014.
ONU — Organização das Nações Unidas. Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD). Disponível em: <www.pnud.org.br/SobrePNUD.aspx>. Acesso
em: 28 fev. 2014.
ORGANIZAÇÃO para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico — OCDE. Disponível
em: <www.oecd.org>. Acesso em: 28 fev. 2014.
ROSSETI, José Paschoal. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
ROSSETI, José Paschoal. Contabilidade social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
SAMUELSON, Paul; NORDHAUS, William. Economia. 17. ed. Rio de Janeiro: McGraw-
-Hill, 2004.
SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento Econômico. 5. ed. São Paulo: Atlas. 2011.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

Unidade 4
,QGLFDGRUHVGH
DQiOLVHHFRQ{PLFDH
JOREDOL]DomR

Wilson Salvalagio
Regina Lúcia Sanches Malassise
Jurandir Domingues Junior

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você vai ter a opor-


tunidade de compreender e analisar os indicadores de análise eco-
nômica relacionados a mercado de trabalho, emprego e questões
da dívida pública, bem como o processo de globalização ocorrido
na economia mundial.

Seção 1: Mercado de trabalho e desemprego


Nesta seção sobre o mercado de trabalho e de-
semprego vamos ver que o surgimento do mer-
cado de trabalho tem uma ligação muito estreita
com o capitalismo. Vamos também conhecer as
variáveis determinantes do emprego no capitalismo
contemporâneo.
Serão focadas as políticas de emprego e sua impor-
tância nos resultados de geração de empregos, bem
como iremos conhecer os indicadores de desemprego.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

Seção 2: Déficit público e dívida interna e externa


Nesta segunda seção iremos tratar dos conceitos de
déficit público, que representa o saldo negativo das
contas do governo quando comparadas às receitas
e às despesas.
Este saldo negativo é coberto de alguma forma,
assim, temos então as formas de financiamento do
déficit público, que podem ser através de medidas
tradicionais de política fiscal ou através de recursos
extrafiscais.
Vamos conhecer o que é a política fiscal e como os
governos devem tratar dos seus gastos, conhecidos
por gastos públicos ou gastos do governo.
Concluindo nosso estudo, conheceremos o que repre-
senta o superávit primário das contas públicas, o que
é carga tributária e qual sua influência na economia
do país, assim como também transitaremos pelas
questões das dívidas interna e externa.

Seção 3: A globalização e os Estados nacionais


Em nossa última seção vamos falar sobre a globaliza-
ção, que é um tema recorrente dentro da economia
contemporânea.
O termo globalização, normalmente empregado
para apontar transformações socioeconômicas, nos
remete a aspectos positivos e negativos, pelos quais
as sociedades contemporâneas vêm atravessando em
todos os cantos do mundo.
Ainda trataremos, nesta seção, da contextualização
histórica do processo de globalização e sua dimensão
econômica.
Veremos, ainda, as relações econômicas entre os países
e os blocos econômicos, assim como as relações e
comparativos entre os países emergentes.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

1V\ZWL]trWIWM[\]LW
O estudo da economia nos leva ao conhecimento daquilo que nos ocorre
no dia a dia. Nesta unidade vamos tratar de questões relevantes que afetam
a vida de cada um de nós, tais como o mercado de trabalho e os índices de
desemprego. Você sabia que o surgimento do mercado de trabalho tem relação
com o advento do capitalismo? Vamos conhecer na seção que trata do mercado
de trabalho o seu conceito e a classificação do mercado de trabalho.
Na mesma unidade do mercado de trabalho vamos tratar, também, do de-
semprego. O desemprego está relacionado ao desenvolvimento da economia. Na
medida em que houver mais crescimento econômico, mais necessidade de mão
de obra se fará necessário. Assim, teremos a criação de empregos que por sua vez
gera renda e melhora a qualidade de vida das pessoas. É um círculo vicioso na
economia, que terá mais empregos à medida que houver mais geração de renda.
Na Seção 2 desta unidade iremos estudar um assunto de muita importância
na macroeconomia, que é o déficit e as dívidas internas e externas do país.
Por que é importante estudarmos o déficit público e a dívida interna e
externa do país? Ocorre que, como já dissemos anteriormente, a economia
está atrelada ao nosso dia a dia, como pessoas e como empresas. Conhecer
a influência destes indicadores na economia nos permite antecipar decisões a
serem tomadas. Se, por exemplo, o déficit público estiver alto, poderemos ter
ações em relação aos juros ou à carga tributária. Sabendo disto, podemos nos
antecipar a eventuais decisões em nossas vidas ou empresas.
E na última seção desta unidade iremos tratar da questão da globalização,
assunto que mexeu com a economia nos anos 1990, mas que na realidade já
se mostrava presente na economia mundial há muito tempo. A globalização
hoje é uma realidade e contribuiu para a formação dos blocos econômicos.
Portanto, teremos nesta unidade alguns assuntos de grande relevância para
a economia dos países, que refletem de maneira significativa em nossas vidas.

Seção 1 5MZKILWLM\ZIJITPWMLM[MUXZMOW

Caro leitor, nesta seção iremos aprender sobre o mercado de trabalho e as


consequências da atividade econômica na formação do nível de emprego e
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

ou desemprego. Faremos algumas considerações conceituais e apresentaremos


alguns indicadores econômicos.

 5MZKILWLM\ZIJITPW
O surgimento do mercado de trabalho tem uma ligação muito estreita com o
capitalismo, ou seja, com o surgimento de economias que operam organizadas
dentro de um sistema econômico de livre concorrência.
Chahad (2006, p. 379) define esse mercado da seguinte forma:
De uma forma bastante ampla, ele pode ser entendido
como a compra e venda de mão de obra, representando
o locus onde trabalhadores e empresários se confrontam
e, dentro de um processo de negociações coletivas que
ocorre algumas vezes com a interferência do Estado, de-
terminam conjuntamente os níveis de salários, as condi-
ções de trabalho e os demais aspectos relativos às relações
entre capital e trabalho.

Considerando uma economia de livre concorrência ou capitalista, como a


do Brasil, é o mercado onde o agente econômico família oferece seu principal
fator de produção, o trabalho para as empresas.
Dentro desse mercado nós temos uma classificação, que para nós, brasileiros,
é bastante comum de escutar, pois é constantemente discutida nos diversos
meios de comunicação:
Mercado formal de trabalho: contempla as relações contratuais de traba-
lho, em grande parte determinadas pelas forças de mercado, ao mesmo
tempo que é objeto de legislação específica que as regula — direito do
trabalho. Em outras palavras, são todos os trabalhadores de “carteira
assinada”, também conhecidos como assalariados. Exemplos: bancários,
metalúrgicos, motoristas de ônibus etc.
Mercado de trabalho informal: não há interferência do governo e os tra-
balhadores não estão sob a proteção de uma legislação que lhes garante
uma série de direitos. Exemplos: camelôs, ambulantes (CHAHAD, 2006).
Com o processo de globalização, assunto que vamos ver na terceira seção
desta unidade, o mercado de trabalho também se expandiu para além das fron-
teiras de cada país, fazendo surgir novas oportunidades de emprego, levando-se
em conta a capacidade mundial de geração de novas vagas de trabalho.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Vimos uma ligação muito próxima entre o surgimento do emprego e o


capitalismo, porém na análise marxiana o sistema capitalista de produção tem
contradição central, com o fato de o capital ser uma relação social de produção
ao passo que persiste a apropriação privada do excedente (mais-valia). Na eco-
nomia marxiana, esta contradição daria origem às leis de movimento do capital,
das quais merece destaque a Lei da Tendência Declinante da Taxa de Lucro.
Assim, a principal implicação desta concorrência entre capitais no longo prazo
é a tendência à queda na taxa de lucro, porém esta está sujeita a forças neutra-
lizadoras que contrarrestam, cabendo destacar a atuação do Estado como esti-
mulador da demanda efetiva e a elevação da produtividade da força de trabalho.
Ainda existiria uma tendência a crises ocasionadas tanto pelo subconsumo,
quanto pela superacumulação. Assim, um período mais duradouro de expansão
somente necessitaria de outros ingredientes como descobertas tecnológicas de
produtos e processos, e, ainda, a exploração de mercados externos de outras
regiões ou países. Nestes termos:
[...] se o capital cresce rapidamente também cresce com
rapidez incomparavelmente maior a concorrência entre
os operários, quer dizer que diminuem tanto e mais e
proporcionalmente os meios de emprego e de subsistência
da classe operária e que apesar disso o rápido incremento
do capital é a condição mais favorável para o trabalho
assalariado (MARX, 1987, p. 49).

E isto é tal que:


[...] o capital, por ter a capacidade de destruir, criar e
recriar atividades produtivas, metamorfoseia o espaço
econômico e influencia constantemente o surgimento de
nova oferta de mão de obra. Em função disso, as próprias
relações de produção e a disponibilidade de mão de obra
são constantemente alteradas (POCHMANN, 1995, p. 24).

Estas alterações seguem uma tendência de reduzir a quantidade de trabalho


vivo empregado na produção. Assim, a acumulação capitalista tende a cons-
tituir um mercado de trabalho onde a demanda é inferior à oferta de trabalho.
Por outro lado:
[...] o desequilíbrio entre oferta e demanda não deixa de
ser funcional ao processo anárquico e instável de pro-
dução capitalista, uma vez que o exército industrial de
reserva (EIR) atua no sentido de rebaixamento dos salários
(POCHMANN, 1995, p. 24).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

 ,M\MZUQVIV\M[LWMUXZMOWVWKIXQ\ITQ[UW
KWV\MUXWZpVMW
O emprego constitui-se num importante elemento a ser determinado dentro
do sistema capitalista de produção, seja pelo fato de este ser a forma socialmente
correta de elevar o nível de bem-estar social das famílias, seja pela capacidade
de elevar a demanda para consumo (MALASSISE, 2000).
A determinação da quantidade e da qualidade do emprego no capitalismo,
desde o pós-guerra, tem sido determinado, segundo Pochmann (1999), através
da articulação de cinco elementos: política macroeconômica, paradigma téc-
nico produtivo, políticas de emprego, políticas de bem-estar social e sistema
de relações do trabalho, conforme se observa na Figura 4.1.
Cabe ao Estado, através da condução da política macroeconômica, dirigir
o sistema econômico nacional através da manipulação das políticas fiscal, mo-
netária, comércio exterior etc. a fim de atingir seus objetivos, sejam eles: alto
nível de emprego, estabilidade de preços, distribuição de renda socialmente
justa e crescimento econômico. Ao eleger um objetivo como meta principal a
ser atingida, os instrumentos serão acionados de forma a expandir ou contrair
a capacidade produtiva, afetando diretamente produção, emprego, renda, con-
sumo. Assim, “[...] o comportamento — maior ou menor da taxa de crescimento
— da demanda agregada (investimento e consumo) é revelador da situação
geral do emprego da força de trabalho” (POCHMANN, 1999, p. 108). Por isso,
as políticas macroeconômicas dão as bases para determinação do volume de
emprego em cada nação (Figura 4.1).

Figura 4.1 Esquema simplificado da determinação do emprego no capitalismo


contemporâneo

Políticas macroeconômicas

Políticas Políticas de
de emprego bem-estar social

Emprego

Paradigma Sistemas de relações


técnico-produtivo de trabalho

Fonte: Pochmann (1999, p. 110).


(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

O paradigma técnico-produtivo entendido como aquele que “[...] desen-


cadeia direta e indiretamente profunda reestruturação em todas as atividades
produtivas [...] provocando mudanças nas formas de organização da produção e
gestão, nos parâmetros de desenvolvimento, desenho e comercialização de bens
industriais e de serviços” (NAKANO, 1994, p. 11) também influencia a quanti-
dade e qualidade dos empregos gerados. Como os paradigmas técnico-produtivos
têm origem no processo de concorrência intercapitalista em busca de lucro,
estes se desenvolvem em direção a propiciar o aumento da produtividade dos
fatores de produção (terra, trabalho e capital). Acréscimos na produtividade
podem ser obtidos de três formas distintas: racionalização da produção, ino-
vações organizacionais e inovações tecnológicas.
No primeiro, a empresa remaneja seus fatores de produção de forma a inten-
sificar o uso da capacidade já instalada, no segundo ela investe em melhorias
na qualidade de gestão, organização e treinamento de seus trabalhadores e no
terceiro a empresa investe em P&D para desenvolver novos produtos e processos
e adquire tecnologia através da compra de máquinas, equipamentos e pacotes
tecnológicos. Desta forma, um paradigma técnico-produtivo estabelece as
condições operacionais e de uso do trabalho e do capital (extensivo/intensivo)
nas atividades mercantis.
“Quanto mais avançado o paradigma técnico-produtivo, maior tende a ser o
uso intensivo de capital e mais produtivo o emprego da força de trabalho, com
efeito multiplicador imediato para toda a economia, inclusive para as atividades
não mercantis” (POCHMANN, 1999, p. 109). A reestruturação produtiva das
empresas rumo a novos paradigmas gerariam novos produtos, processos e ser-
viços, cujos resultados sobre o mercado de trabalho seriam provocar alterações
qualitativas e quantitativas no emprego.
O terceiro elemento refere-se às políticas de bem-estar social que, através
de suas instituições, governamentais ou não, visam promover o acesso às garan-
tias mínimas de proteção social. Atuando através de políticas sociais, pode-se
delimitar um padrão mínimo de acesso dos trabalhadores ao desenvolvimento
econômico, ou seja, possibilitar a satisfação não somente das necessidades
indispensáveis à sobrevivência física das pessoas, mas garantir um mínimo
necessário “[...] para o funcionamento dos indivíduos em determinado contexto
socioeconômico” (ROCHA, 1996, p. 142), levando-se em conta as disparida-
des regionais do custo de vida, com critérios socialmente justificáveis e que
garantam um padrão mínimo de consumo. Desta forma, ao mesmo tempo que
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

incorporam o cidadão, podem ainda contribuir para “[...] a sustentação do


crescimento econômico gerando novas formas de ocupação nos segmentos
não mercantis da economia” (POCHMANN, 1999, p. 109).
O quarto elemento refere-se ao sistema de relações do trabalho, ou seja, o
marco regulatório das relações entre empregadores e empregados cujos objetivo
básico é impor parâmetros tanto do uso quanto da remuneração da mão de obra
através do direito do trabalho. Enquanto o uso refere-se ao estabelecimento da
jornada e das condições de trabalho, a remuneração atenta especificamente
para a definição de rendimento e custo total do trabalho.
Por fim, enfocam-se as políticas do emprego. Segundo Pochmann (1999)
estas têm papel duplo a desempenhar atuando tanto em direção a orientar a
redução nos desajustes de ocupações e de rendimentos, quanto na geração
de empregos.
Elas podem ser ativas quando atuam sobre os fatores determinantes da
demanda por mão de obra como com o objetivo de possibilitar a ampliação
do nível de emprego. Incluem medidas tais como: aumento de gasto público,
redução da carga fiscal, elevação do crédito, direcionamento do gasto público,
redistribuição de renda e terras, redução da jornada de trabalho.
Podem ter um cunho compensatório quando objetivam impedir a redução
do nível de emprego e atender através de políticas sociais os que estão desem-
pregados. Incluem medidas como: qualificação da mão de obra, garantia de
renda básica de sobrevivência, ampliação de idade mínima para ingresso no
mercado de trabalho, intermediação de mão de obra, entre outros.
Embora o esquema anterior tenha procurado ser fiel à teoria econômica
enquanto marco geral para a determinação do nível geral de emprego nas eco-
nomias capitalistas, existem sérias divergências entre os formuladores de políti-
cas econômicas quanto a importância de cada um destes elementos. Segundo
Pochmann (1999), a determinação da quantidade e da qualidade do emprego
no capitalismo contemporâneo depende da articulação destes elementos e da
relevância atribuída a cada um deles, pois “[...] as tendências de desemprego,
desigualdade social e exclusão são inerentes ao processo de desenvolvimento
capitalista” (p. 11) e só podem ser minoradas mediante reação contínua da
sociedade em busca de homogeneização social. Segundo Pochamnn (1999)
e Dedecca (1999), são duas as principais correntes de formuladores de políti-
cas econômicas que dominam a economia mundial: a social-democracia e a
neoclássica. Cada uma destas correntes tem argumentos diferentes na defesa
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

de políticas voltadas a geração de emprego, que dependem do foco de análise


adotado, ou seja:
[...] o entendimento do emprego como expressão do
funcionamento restrito do mercado de trabalho ou a
compreensão mais geral de que o emprego representa
uma variável subordinada do processo de acumulação
de capital (POCHMANN, 1995, p. 518).

Enquanto para a primeira, denominada visão neoliberal, o mercado de traba-


lho surge enquanto instituição onde se concentram trabalhadores e empresários,
ofertando e demandando força de trabalho, para a segunda, denominada visão
social-democrata, a relação desigual de forças, entre os que só têm sua força de
trabalho para vender e os que detêm o capital, muitas vezes colocou o Estado,
através do direito do trabalho, enquanto mediador de interesses.
Em outras palavras, as duas visões procuram dar conta das possibilidades
de enfrentamento dos problemas do mercado de trabalho, com posições bem
distintas e delimitadas sobre o papel do estado, dos sindicatos, das políticas
de bem-estar social e de emprego.
A questão do emprego, para os neoliberais, associa-se às variáveis endóge-
nas do mercado de trabalho. De acordo com esta visão, rigidez dos contratos
de trabalho, baixa qualificação do trabalhador, excesso de proteção social
têm sido responsáveis pelo menor nível de emprego, ao mesmo tempo que
a ausência de ampla liberdade comercial seria responsável pelos reduzidos
níveis de crescimento econômico. Para estes, o comércio exterior e as novas
tecnologias são cenários dados, pois as tecnologias poupadoras de mão de obra
implicam em uma inexorabilidade do desemprego e o livre comércio exterior
atenuador do desemprego.
A ampliação do livre comércio permitiria aumentar a produção e retomar
o crescimento econômico e com ele recuperar o nível de emprego nos países
centrais exportadores de bens intensivos em tecnologia e importadores de bens
intensivos em recursos naturais e mão de obra. Ao mesmo tempo, as econo-
mias periféricas se beneficiariam recebendo novas empresas que, por serem
intensivas em mão de obra, permitiriam ampliar os níveis de emprego nestas
economias. Desta forma, o livre mercado seria benéfico para ambos os países.
Assim, “[...] o pleno emprego é concebido como uma resultante do fortale-
cimento das forças da concorrência, da abertura comercial e da estabilidade
monetária” (POCHMANN, 1995, p. 224).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Dessa perspectiva, enquanto o fortalecimento da concorrência selecio-


naria os mais competitivos, em preço e qualidade, os produtores ineficientes
se direcionariam para outras atividades onde consigam empregar melhor sua
capacidade produtiva. A abertura comercial amplia o mercado e, ao mesmo
tempo, intensifica a concorrência, ocasionando uma nova seleção das atividades
mais competitivas no comércio mundial. A estabilidade monetária é importante
para evitar as distorções nos preços relativos mundiais, como ocorreria com
desvalorizações que poderiam proteger produtores ineficientes e vice-versa.

Atividades de aprendizagem
1. A determinação da quantidade e da qualidade do emprego no ca-
pitalismo, desde o pós guerra, segundo Pochmann (1999), através
da articulação de cinco elementos. Explique como cada um destes
elementos contribuem para ampliar o emprego.
2. No Brasil, ainda existe um grande contingente de trabalhadores no
mercado informal de trabalho. O governo brasileiro tem tomado
algumas medidas com o objetivo de reduzir a informalidade, através
da legalização de empresas “pessoais”. Está é uma medida adequada
para a realidade brasileira? Pesquise sobre o assunto e dê a sua opinião
a respeito.

 ,M[MUXZMOW
A taxa de desemprego está diretamente ligada à performance da economia.
Ela será tanto menor quanto maior for a utilização da capacidade produtiva
de uma economia. À medida que atividade econômica cresce, ela implica em
redução da taxa de desemprego pela contratação de mais mão de obra para
fazer frente à necessidade de produção para atender à demanda existente.
Geração de emprego cria renda, que por sua vez gera consumo e assim será
necessária à produção de mais bens para atender à demanda, formando um
círculo “virtuoso”, onde provoca a queda da taxa de desemprego. Este índice
é importante para as empresas, sobretudo nas estratégias de marketing, pois
indicam a capacidade de consumo do mercado. As estratégias de vendas serão
criadas com base na capacidade de compra do mercado.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

É preciso conceituar e diferenciar os recursos humanos presentes no mer-


cado de trabalho. Assim, uma primeira aproximação do tamanho da força de
trabalho de um país é sua população total, destas descontamos os menores de
15 anos e obtemos a População em Idade Ativa (PIA); desta descontamos as
pessoas que não são economicamente ativas e teremos a População Econo-
micamente Ativa (PEA). A PEA é composta pelos que estão ocupados e pelos
desempregados. Agora podemos falar sobre os indicadores do mercado de
trabalho com maior propriedade.
O primeiro destes indicadores é a taxa de desemprego que é a relação entre
a número de desempregados e a população economicamente ativa (PEA), ou
seja, a taxa de desemprego (TD) = D/PEA.
Por desempregados chamamos aqueles que querem trabalhar, procuram
emprego, mas não encontram. As denominações do desemprego são:
desemprego aberto do IBGE, que inclui as pessoas que procuraram em-
prego de modo efetivo nos últimos 30 dias e que não exerceram nenhuma
ocupação nos últimos sete dias;
desemprego oculto do DIEESE/SEADE, que leva em consideração as pes-
soas que procuraram trabalho nos últimos 12 meses e exercerem algum
tipo de atividade considerada de caráter muito precário.

Para saber mais


Acesse o site abaixo e conheça o PME (pesquisa mensal de empregos):
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/default.
shtm>.

Questões para reflexão


A economia brasileira vem crescendo pouco nos últimos anos, tendo
crescido menos de 1% em 2012, abaixo de 2% em 2013 e, em 2014,
não deverá crescer mais que 2%. Considerando que a taxa de desem-
prego está diretamente ligada à performance da economia, o atual ín-
dice de desemprego brasileiro tende a baixar ou aumentar? Argumente
a respeito de sua resposta.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Seção 2 ,uNQKQ\XƒJTQKWMLy^QLIQV\MZVIM
M`\MZVI
O déficit público e as dívidas internas e externas são assuntos que você vê
diariamente nos noticiários econômicos. A dívida externa, em menor quanti-
dade, visto que ela já não é uma grande preocupação, mas a dívida interna vem
crescendo a cada ano. São assuntos importantes a serem tratados, pois a dege-
neração das contas públicas pode afetar nosso bolso, na medida em o governo
busca aumentar impostos para obter recursos para pagamento de sua dívida.

 +WVKMQ\W[LMLuNQKQ\XƒJTQKW
O déficit público representa o saldo negativo das contas do governo, na
relação entre a receita (arrecadação) e as despesas (gastos públicos).
Conforme a amplitude de abrangência que se deseja do resultado, o déficit
público pode ser denominado de déficit primário ou déficit nominal.
O déficit primário representa o saldo negativo na relação entre receitas e
despesas sem considerar os juros ou correção monetária ou cambial das dívi-
das anteriores. Assim, considera-se apenas o resultado das receitas e despesas
realizadas no período em análise. Ao contrário, o déficit nominal representa o
saldo negativo na relação entre receitas e despesas totais, incluídos os juros e
as correções de dívidas anteriores. Observa-se que, quando o saldo for posi-
tivo, teremos superávit. É importante, também, atentarmo-nos para a diferença
entre déficit público e dívida pública. Essa representa o somatório do valor que
o governo deve, ao passo que aquele, como vimos, refere-se à diferença dos
saldos nos períodos analisados.

 .WZUI[LMNQVIVKQIUMV\WLWLuNQKQ\XƒJTQKW
O financiamento do déficit público pode se dar por meio de medidas tra-
dicionais de política fiscal e por meio de recursos extrafiscais.
Através das medidas de política fiscal, o governo pode elevar os impostos
para arrecadar mais ou realizar corte de gastos públicos. Em ambos os casos,
o objetivo é dispor de mais recursos para a cobertura do déficit.
O financiamento por meio de recursos extrafiscais pode se dar através de
emissão de moeda e vendas de títulos da dívida pública ao setor privado. No
primeiro caso trata-se de um recurso inflacionário, porém não gera aumento
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

do endividamento público. No segundo caso, o governo troca títulos por


moeda que já está em circulação, o que não provocaria inflação. Contudo,
esse tipo de financiamento provoca elevação da dívida pública, e o governo,
para conseguir colocar esses títulos no mercado, precisará oferecer taxas de
juros mais atraentes, provocando elevação adicional no endividamento, por
meio dos juros mais elevados. Nota-se que o financiamento do déficit público
deverá estar em consonância a um objetivo bem definido de política econômica
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2006).

Questões para reflexão


Considerando as formas de financiamento do déficit público, faça
uma análise de qual ou quais das formas elencadas no tópico acima
atenderia melhor aos interesses da população.

 8WTy\QKINQ[KIT
A política fiscal refere-se aos instrumentos de que o governo dispõe para
formar sua receita e controlar suas despesas. Desta forma é o instrumento bá-
sico de controle do déficit público. Ela pode ser dividida em política tributária
e política de gastos públicos. Quando o governo aumenta seus gastos na eco-
nomia, sejam eles de custeio (despesas correntes) ou de investimento, ele está
aplicando uma política fiscal expansionista, ao contrário, seria uma política
contracionista. O objetivo que o governo pretende com sua política de gastos
é que vai determinar se ela será expansionista ou contracionista.
As despesas correntes, ou despesas de custeio, representam os gastos reali-
zados com o objetivo de manter a máquina governamental funcionando. Con-
forme Lanzana (2002), podemos dividir estas despesas em consumo do governo
que corresponde ao pagamento dos funcionários públicos, e outras despesas
necessárias à manutenção do aparato público, como energia elétrica, materiais
etc.; transferências que se referem às despesas efetuadas pelo setor público e
destinadas ao setor privado, sem a contraprestação de serviços ou fornecimento
de bens, como a assistência e previdência social; juros, tanto relativos à dívida
interna como à dívida externa. Os juros relativos à dívida externa referem-se
somente à dívida pública, uma vez que a dívida externa é composta pelo setor
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

privado e público; e subsídios que correspondem aos gastos do governo com


o objetivo de garantir ao consumidor preços inferiores ao custo de produção.
As despesas de investimentos referem-se àquelas que o governo realiza com
o objetivo de aumentar a capacidade de produção de bens e serviços no país,
como, por exemplo, construção de rodovias, hospitais, hidrelétricas, escolas etc.
De outra forma, o governo pode agir sobre o sistema tributário, entre ou-
tras medidas, alterando as despesas do setor privado e incentivando setores
produtivos, ou seja, criando novos impostos, eliminando impostos existentes,
alterando alíquotas para mais ou para menos.
Observamos, portanto, que o governo utilizará o instrumento de política fiscal,
conforme seu objetivo de política econômica. Então vejamos alguns exemplos.
Conforme Vasconcellos e Garcia (2006), se o objetivo é reduzir a taxa de
inflação, as medidas fiscais normalmente adotadas são a diminuição de gastos
públicos e ou o aumento da carga tributária (que inibe o consumo). Ou seja, visam
diminuir os gastos da coletividade. Se o objetivo é maior crescimento e emprego,
os instrumentos fiscais são os mesmos, mas em sentido inverso, buscando elevar
a demanda agregada. Já, se o objetivo é melhorar a distribuição de renda, esses
instrumentos devem ser utilizados de forma seletiva, em benefício dos grupos me-
nos favorecidos, como, por exemplo, criação de impostos progressivos, gastos do
governo em regiões mais atrasadas, programas de ajuda às classes mais pobres etc.
Para os assalariados, ou seja, aqueles que trabalham com o devido registro
na carteira do trabalho, o começo do mês traz sempre a alegria de receber o
salário e também certa tristeza quando olham o comprovante de pagamento e
verificam o valor do imposto de renda já descontado automaticamente.
Sempre nos questionamos para onde vai tanto dinheiro arrecadado sob as
mais diversas formas e com os mais diversos nomes: IR — Imposto de Renda;
ICMS — Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, IPTU — Imposto
Patrimonial e Territorial Urbano, IPVA — Imposto sobre Veículos Automotores etc.
Muitas vezes, temos certeza de que não há retorno para a sociedade de
tanto dinheiro arrecadado.
Bom, a realidade é que se queremos ter um Estado organizado que proteja
nossos interesses como sociedade e que promova o bem-estar de todos (mesmo
que às vezes tenhamos dificuldade de acreditar que isso realmente ocorre), é
necessário o recolhimento de impostos. Com os recursos arrecadados o Estado
tem a capacidade de funcionar e levar à frente os projetos de interesse de toda
a sociedade.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Os impostos são a principal fonte de receitas para que isso ocorra e são
definidos por Troster e Mochón Morcillo (1994, p. 216) como “[...] as receitas
públicas criadas por lei e de cumprimento obrigatório para os sujeitos con-
templados por ela”.
Em função desta imposição, os americanos criaram uma expressão, que se
tornou conhecida no mundo todo: “Só existem duas certezas na vida: a morte
e os impostos”.
Vale a pena abrir aqui um espaço para explicar uma pequena confusão
que normalmente fazemos com a questão de impostos, tributos, taxas e
contribuições:
Tributos: segundo a nossa Constituição Federal de 1988, são o conjunto
de todos os impostos, taxas e contribuições que formam toda a receita
pública. Então quando falamos de receita pública, o correto é falar de
tributos.
Impostos: são tributos destinados para o financiamento dos serviços uni-
versais como educação, saúde, segurança etc. Na verdade, não há um
destino específico para os recursos arrecadados através de impostos, ou
seja, uma hora os recursos do IR podem ser destinados à saúde, e em outro
momento para a educação. Normalmente incidem sobre o patrimônio,
receitas e o consumo das famílias e empresas.
Taxas: ao contrário dos impostos, os recursos arrecadados por esse tributo
têm uma destinação específica ligada diretamente à prestação de um
serviço público prestado pelo poder público. Um exemplo é a taxa de
recolhimento do lixo.
Contribuições: é a espécie de tributo que está ligada a atender uma si-
tuação específica de interesse social ou das categorias econômicas. Um
bom exemplo é a CSLL — Contribuição Social sobre o Lucro Líquido que
é o tributo federal sobre o Lucro Líquido ou Faturamento/Receita Bruta
das pessoas jurídicas, e que se destina ao financiamento da Seguridade
Social.
Retornando então ao nosso pensamento, em outras palavras, o dinheiro ar-
recadado com tributos é empregado no funcionamento da chamada “máquina
pública”, nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal.
Para operacionalizar esta arrecadação dos diversos tipos de tributos, os
nossos representantes, os governantes contam com a política fiscal.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Na visão de Mendes (2004), Vasconcellos e Garcia (2010), esta política


refere-se a todos os instrumentos de que o governo de um determinado país dis-
põe para arrecadar impostos e tributos que são chamados de receitas públicas.
Segundo Mendes (2004), o objetivo principal de uma política fiscal é a de
que a estruturado governo operando da forma correta promova o bem-estar da
população em geral através de ações concretas, como investimentos em hos-
pitais e escolas, utilizando para tanto de forma eficiente os recursos oriundos
da arrecadação das diversas espécies de tributos. A esta utilização dos recursos
arrecadados damos o nome de gastos públicos.
Vamos ver então quais são as receitas e os gastos de um governo.
Receitas públicas: Como falamos anteriormente, as receitas públicas são
oriundas do recolhimento de tributos, em suas três formas habituais: impostos,
taxas e contribuições.
Os tributos são cobrados sobre as rendas, o consumo e a propriedade tanto
dos consumidores como das empresas.
Como os impostos são a principal fonte de receitas do governo brasileiro,
vamos focar neles.
Mendes (2004) argumenta que dentro da estrutura de arrecadação do Brasil
temos dois tipos de impostos:
Impostos diretos: são as receitas provenientes de impostos cobrados dos
contribuintes que incidem sobre a renda ou sobre a propriedade. Dentre
eles destacamos o IR — Imposto de Renda, o IPTU — Imposto Patrimonial
e Territorial Urbano e o IPVA — Imposto sobre Veículos Automotores.
Impostos indiretos: são aqueles impostos gerados na produção, no con-
sumo e nas vendas de produtos e mercadorias. Dentre os quais destaca-
mos o IPI — Imposto sobre Produtos Industrializados e o ICMS — Imposto
sob a Circulação de Mercadorias e Serviços.
Atualmente, no Brasil, os impostos diretos são responsáveis por 25% da
arrecadação do governo, e os impostos indiretos representam 60%.

Para saber mais


Quando estamos tratando de Política Fiscal, estamos falando de ações do governo em relação
aos impostos e aos gastos públicos. Os impostos referem-se à tributação e os gastos públicos
relacionam-se ao gasto que o governo tem com a manutenção da máquina pública e aos in-
vestimentos em infraestrutura do país.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Questões para reflexão


Quando um governo tem o controle de seus gastos, mantendo-os em
níveis baixos, qual tipo de política fiscal está sendo adotado?

 /I[\W[XƒJTQKW[W]LWOW^MZVW
Os gastos públicos, também chamados por alguns economistas de gastos
do governo, são as aplicações dos recursos arrecadados com os tributos em
benefício da sociedade. É comum dividir esses gastos em despesas correntes e
despesas de investimento (MENDES, 2004).
As despesas correntes são aquelas que acontecem de forma mais periódica
e estão compostas por quatro itens:
consumo do governo ou de custeio: pagamento dos funcionários e des-
pesas com materiais;
transferências: despesas do setor público para o privado, sem a contra-
prestação de serviços ou fornecimento de bens, como, por exemplo, os
programas assistenciais (Bolsa Família, seguro-desemprego);
juros: pagamento do serviço da dívida tanto interna, como externa;
subsídios: gastos do governo objetivando que os consumidores adquiram
alguns bens e/ou serviços por preços menores do que normalmente se
encontram no mercado, objetivando o crescimento da atividade econô-
mica. O governo também pode dar subsídios aos produtores, ou seja, que
o produtor consiga um preço melhor para seus produtos. Um exemplo é
a política de preço mínimo para alguns produtos agrícolas.
As despesas com investimentos, segundo Mendes (2004, p. 200), “[...] dizem
respeito aos gastos do governo com o objetivo de aumentar a capacidade de
geração de bens e serviços do país, tais como: construção de estradas, rodovias,
escolas, hospitais, hidroelétricas etc.”.

 ;]XMZn^Q\XZQUnZQW
Depois de conhecermos a origem das receitas públicas e o destino dos
gastos públicos poderíamos pensar na seguinte questão: e se o Estado gastasse
mais do que arrecadasse de impostos? Como seria? É possível que isso ocorra?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Vamos começar com a última questão: Sim, é possível que isso ocorra. Na ver-
dade, é muito comum que o Estado, por ineficiência, gaste mais do que arrecada.
Resultado primário ou superávit primário: é o resultado das receitas
menos as despesas do governo, desconsiderando-se os gastos com juros
e correção monetária da dívida pública.
É a diferença entre as receitas públicas (arrecadação de impostos, principal-
mente) e os gastos públicos. O superávit representa a economia para pagamento
de juros e correção monetária da dívida feita pelo setor público (União, estados
e municípios). É um indicador da vontade de um governo em pagar suas dívidas
em dia, porque mostra quanto dinheiro o setor público consegue reservar para
o pagamento de juros e correção monetária. Serve de sinalizador ao mercado
do compromisso com seus débitos. Entretanto, essa economia implica dispo-
nibilizar menos dinheiro para investimentos e programas sociais do governo.
Resultado operacional: é o resultado primário, acrescido das despesas
com o pagamento de juros, não incluindo as despesas com a correção
monetária da dívida.
Resultado nominal: é o resultado primário, somado as despesas com
juros e correção monetária da dívida. O seu déficit implica aumento no
montante da dívida pública.

Atividades de aprendizagem
1. Diferencie impostos diretos de imposto indiretos.
2. Explique o que é o superávit primário, esclarecendo como se chega
ao resultado primário.

 +IZOI\ZQJ]\nZQI
A carga tributária de um país representa o peso dos impostos sobre a ativi-
dade produtiva. A alta carga tributária tem efeitos danosos para a economia,
pois desestimula investimentos produtivos e retira dinheiro do mercado de con-
sumo, na medida em que transfere renda da iniciativa privada para a pública.
Quando a dívida pública é alta, há a tendência de o governo aumentar a carga
tributária a fim de obter recursos para pagamento da dívida.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Questões para reflexão


Você acha que a carga tributária no Brasil é compatível com os serviços
públicos colocados à disposição da população?

 ,y^QLIQV\MZVIXƒJTQKI
É o montante de dívida dos governos federal, estadual e municipal. É com-
posto pela dívida mobiliária (títulos públicos) e pelos gastos em geral realizados
pelo governo.
O governo paga seus gastos através da arrecadação de tributos e pode finan-
ciar o déficit público por meio da emissão de moeda ou colocação de títulos
públicos junto ao setor privado.
Os títulos públicos colocados no mercado podem representar oportunidades
para a iniciativa privada, bem como pode implicar em adoção de medidas não
vantajosas à pessoas e empresas.

Para saber mais


Para conhecer a evolução da dívida interna pública do Brasil, consulte o site abaixo e faça uma
pesquisa com os seguintes dados: Dívida interna — setor público — líquida.
<http://www.ipeadata.gov.br/>.

  ,y^QLIM`\MZVI
A dívida externa representa o total dos valores que um país deve no mercado
externo. Divide-se em dívida pública e dívida privada. A dívida pública é a
parte da dívida contraída pelo governo, ao passo que a dívida privada refere-se
à divida contraída pelos bancos e empresas particulares.
Conforme Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2004, p. 522), o pro-
cesso recente de endividamento externo brasileiro iniciou-se principalmente
em 1968. A justificativa oficial para esse endividamento era a necessidade de
recursos à poupança externa para viabilizar as altas taxas de crescimento ao
longo do milagre econômico.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

O acompanhamento da evolução da dívida externa do país é de fundamental


importância, pois ela pode ensejar a adoção de políticas pelo governo, que pos-
sam afetar diretamente a ação das empresas que atuam com o mercado externo.

! -Y]QTyJZQWVI[KWV\I[M`\MZVI[
Os países mantêm relações comerciais e financeiras, estas transações são
registradas no balanço de pagamentos que está organizado em diversas contas
e subcontas, conforme veremos mais a frente.
A fim de evitar problemas para o funcionamento da economia, os países
precisam buscar o equilíbrio no balanço de pagamentos. Se um país tem dé-
ficit permanente em suas contas externas, poderá ter o esgotamento de suas
reservas, implicando em dificuldades de pagamentos de seus compromissos
externos, bem como ter sua capacidade de importação limitada, por falta de
moeda estrangeira.
Da mesma forma, superávits permanentes podem ser prejudiciais à econo-
mia, pelo excesso de dólares que entra no país. Estes dólares são convertidos
em reais, podendo proporcionar excesso de reais na economia, o que pode
gerar inflação.
Notamos, portanto, que o equilíbrio nas contas externas pode ser medido através
do balanço de pagamentos, permitindo um acompanhamento da dívida externa
do país. Para que possamos entender melhor a importância do balanço de paga-
mentos no controle das contas externas, vamos ver a seguir com ele é composto.

 -[\Z]\]ZILWJITIVtWLMXIOIUMV\W[
Segundo Passos e Nogami (2003) e Mochón Morcillo (2006), o balanço
de pagamento está estruturado em três grandes grupos e um item especial de
caráter residual e que tem como missão saldar o conjunto do balanço:
Transações correntes ou conta corrente: é integrada por quatro grupos
de operações:
1. A balança comercial que computa as exportações e importações e o
saldo da balança comercial.
2. Conta de serviços que computa as receitas e despesas relativas a:
transportes, viagens internacionais, seguros, financeiros, computação
e informação, royalties e licenças, aluguel de equipamentos, serviços
governamentais e outros serviços.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

3. Rendas que computa receita, despesa e saldo de rendas relativas à


remuneração de trabalho assalariado, rendas de investimentos direto
(lucros e dividendos e juros de empréstimos intercompanhia), renda
de investimentos em carteira (lucros e dividendos e juros de títulos de
dívida) e renda de outros investimentos (juros de empréstimos, finan-
ciamentos, depósitos e outros passivos e ativos).
4. Saldo de transferências correntes.
Conta de capital: saldo da conta capital que inclui transferências de
patrimônio e compra e venda de ativos não produzidos/não financeiros
(patentes, direitos autorais e marcas registradas).
Conta financeira: total da conta financeira, que engloba a receita, a
despesa e saldo de investimentos diretos; receita, despesa e saldo de in-
vestimentos em carteira; total de operações com derivativos, ativos e pas-
sivos; e outros investimentos que inclui entre outros, créditos comerciais,
empréstimos, moeda e depósitos, outros ativos e passivos e operações de
regularização.

 ,M\ITPIUMV\WLWOZ]XWLMKWV\I[
Com base em Passos e Nogami (2003) e Mochón Morcillo (2006), temos o
seguinte detalhamento do grupo de contas:
Balança comercial: registra as transações de compra (importação) e
venda (exportação) de produtos tangíveis ou bens, sendo as importações
computadas com sinal negativo e as exportações com sinal positivo. São
computadas pelo seu valor FOB (free on board), ou seja, seu valor de
embarque, excluindo as despesas de seguros (prêmios, corretagem) e de
transporte ao país de destino (fretes, taxas portuárias). O saldo é obtido
pela diferença entre as receitas de exportações e as despesas de impor-
tações e pode ter como resultado:
Superávit Comercial: quando o total de exportações (entrada de re-
cursos) supera o total de importações (saída de recursos) ou déficit
comercial: quando o total de importações (saída de recursos) supera
o total de exportações (entrada de recursos). A balança comercial bra-
sileira registrou, no ano de 2013, um superávit de US$ 2,56 bilhões:
US$ 242,178 bilhões de bens e serviços exportados para o exterior,
contra US$ 239,617 bilhões importados.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Serviços: são registradas as receitas e despesas de divisas oriundas de


transações de bens intangíveis, como custos de transportes, viagens,
serviços a empresas, serviços de seguros, royalties ou receitas e pa-
gamentos pelo direito de uso de ativos intangíveis, serviços pessoais,
culturais e recreativos e outros serviços. Registra também os serviços
financeiros que compreendem as intermediações bancárias, tais como
corretagens, comissões, garantias e fianças, e outros acessórios sobre
o endividamento externo.
Rendas: aqui estão registradas as remunerações do trabalho assalariado
e as rendas de investimentos, que correspondem à remuneração das
modalidades de aplicação detalhadas na conta financeira. Assim, as
rendas de investimento direto abrangem lucros e dividendos relativos
a participações no capital de empresa e os juros correspondentes aos
empréstimos intercompanhias nas modalidades de empréstimos dire-
tos a título de qualquer prazo, não se incluindo os ganhos de capital,
classificados como investimento direto na conta financeira. As rendas
de investimento em carteira englobam os lucros, dividendos e bonifi-
cações relativos às aplicações em ações e os juros correspondentes às
aplicações em títulos da dívida de emissão doméstica.
Transferências correntes: são registradas nesta rubrica as receitas e
as despesas de divisas decorrentes de donativos, manutenção de es-
tudantes no exterior, aposentadorias. Corresponde às transferências
unilaterais, na forma de bens e moeda para consumo. Excluem-se as
transferências relativas a patrimônio de migrantes internacionais, alo-
cadas na conta capital.
Transações correntes: é o saldo do somatório dos saldos da balança
comercial, de serviços, de rendas e de transferências correntes. O saldo
em transações correntes indica se houve poupança externa negativa ou
positiva. Por sua vez o balanço de transações correntes, o saldo, pode
registrar um déficit quando os gastos derivados da compra de bens
e serviços e transferências superam as entradas. Na visão de Troster
e Mochón Morcillo (1994, p. 279), “[...] quando o país registra um
déficit no balanço de transações correntes, ele tem duas opções: pedir
empréstimos ao exterior ou vender ativos, isto é, propriedades imobi-
liárias, propriedades diretas em empresas, ações etc., a estrangeiros”.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Conta capital: esta conta registra as transferências de capital relaciona-


das com o patrimônio dos migrantes e a aquisição/alienação de bens
não financeiros não produzidos, tais como cessão de patentes e marcas.
Conta financeira: os quatro itens desta conta são desdobrados em ativos
e passivos, ou seja, há um item destinado a registrar fluxos envolvendo
ativos externos detidos por residentes no Brasil e outro para registrar a
emissão de passivos por residentes cujo credor é não residente. Essas
contas de ativos e passivos são em seguida, novamente desdobradas
para evidenciar detalhes específicos de cada conta.
1. Conta de investimentos diretos: registra os ativos externos detidos por
residentes no Brasil sob a forma de investimento direto, bem como
representa a conta de passivo do grupo de investidores direto. Estão
divididas em duas modalidades: participação no capital e emprésti-
mos intercompanhias;
2. Investimentos em carteira: registra o fluxo de ativos e passivos cons-
tituídos pela emissão de títulos de crédito comumente negociados
em mercados secundários de papéis. Compõem esses ativos os títulos
de renda variável negociados no país ou no exterior, títulos de renda
fixa. Os passivos de investimento em carteira registram as aquisições
por não residentes de títulos de renda variável (ações) e de renda fixa
(títulos da dívida) de emissão brasileira;
3. Conta derivativos financeiros: registra os fluxos financeiros relativos
à liquidação de haveres e obrigações decorrentes de operações no
mercado de capitais, nas modalidades de swap, opções e futuros e
os fluxos relativos aos prêmios de opções;
4. Conta outros investimentos: compreende os empréstimos e finan-
ciamentos de curto e longo prazos, a movimentação de depósitos
mantidos no exterior na forma de disponibilidades, cauções, depó-
sitos judiciais e, ainda, garantias para os empréstimos vinculados
a exportações , bem como a variação de depósitos no exterior em
bancos comerciais.
Erros e omissões: os lançamentos a crédito e a débito efetuados no balanço
de pagamentos provêm de diferentes fontes de informações, gerando, na
prática, um total líquido diferente de zero, apesar de esse fluxo ser con-
tabilizado pelo método das partidas dobradas. A principal razão está nas
discrepâncias temporais das diversas origens dos dados utilizados. Com
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

isso, torna-se necessário o lançamento de partida que permita o balan-


ceamento das contas. Essa rubrica serve, portanto, para compensar toda
superestimação ou subestimação dos componentes registrados.
Saldo do balanço de pagamentos: equivale à soma algébrica das contas
do balanço de pagamentos, conta corrente, conta capital e financeira
e erro e omissões. O resultado do balanço de pagamentos representa a
variação das reservas internacionais do país, detidas pelo Banco Central,
no conceito de liquidez internacional, deduzidos os ajustes relativos a
valorizações ou desvalorizações das moedas estrangeiras e do ouro em
relação ao dólar norte-americano e os ganhos ou perdas relativos a flu-
tuações nos preços dos títulos e da cotação do ouro.

Para saber mais


Para você conhecer o desempenho do balanço de pagamentos brasileiro, consulte o site abaixo
e faça uma pesquisa com a seguinte informação: Resultado global do balanço de pagamentos:
<http://www.ipeadata.gov.br>.

 :M[MZ^I[KIUJQIQ[
As reservas cambiais de um país se dão pelo acúmulo de moedas estrangei-
ras realizadas pelo Banco Central. Quanto maior for o volume de reservas do
país, mais seguro é considerado pelo mercado internacional. Muitas medidas
de câmbio são tomadas com o objetivo de aumentar as reservas e melhorar
o “risco país”. Quanto maior o volume de reservas cambiais, menor tende a
ser o “risco país”, visto que as reservas têm grande importância na definição
deste risco, mesmo porque as reservas cambiais representam uma segurança
de pagamento da dívida externa.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Seção 3 )OTWJITQbItrWMW[-[\ILW[
VIKQWVIQ[
O processo de globalização ocorrido na economia mundial alterou subs-
tancialmente as relações entre as economias, tanto as desenvolvidas quanto as
demais. Você vai perceber que as economias nacionais tiveram que se adaptar
à novas condições, para não perderem competitividade.
Com a evolução do processo de globalização, veio também a formação dos
blocos econômicos, tais como o Mercosul, onde o Brasil está inserido.
Nesta seção, vamos conhecer este processo que mexeu tanto com as eco-
nomias, sobretudo dos países menos desenvolvidos.

 /TWJITQbItrW
Um tema recorrente dentro da economia contemporânea é a globalização.
De uma forma geral, o termo globalização é normalmente empregado para
apontar uma série de transformações socioeconômicas, que envolvem aspectos
positivos e negativos, pelas quais as sociedades contemporâneas vêm atraves-
sando em todos os cantos do mundo, nos últimos 60 anos.
As pessoas utilizam esse termo quando falam da facilidade de comunicação
gerada pela internet, pela facilidade de viajar pelo mundo, de quando filiais
de grandes corporações vêm se instalar em pequenas cidades do nosso país,
de quando encontram turistas de todos os lugares em sua cidade, quando
compram produtos importados nos supermercados e também quando falam
do comércio internacional. É consenso entre os autores que o significado do
termo globalização varia de assunto para assunto, ou seja, algumas definições
acentuam o lado econômico, outras as dimensões política, e outras ainda a
dimensão cultural.
Em nosso caso, como estamos abordando o lado econômico, vamos pro-
curar nos concentrar em definições que destacam essa dimensão. Contudo,
conforme Campos e Canavezes (2007), podem-se destacar alguns aspectos
comuns a todas as definições sobre o termo globalização:
Trata-se de um processo à escala global, ou seja, envolve todas as nações
que compõem o mundo.
Um aspecto notório da globalização é a inegável interligação e interde-
pendência entre Estados, organizações e indivíduos do mundo inteiro, não
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

só no que diz respeito às interações econômicas, mas também ao nível


das dimensões políticas e sociais. Em outras palavras: os acontecimentos,
decisões e atividades em determinada região do mundo têm significado
e consequências em regiões muito distintas do globo.
Uma característica desse processo é a perda da noção de fronteiras, co-
nhecida como desterritorialização, ou seja, as relações entre os indivíduos
e entre instituições sejam elas de natureza econômica, política ou cultural,
não estão mais restritas pela distância ou dificuldade de locomoção.
O surgimento de novas ferramentas e tecnologias que facilitam a comuni-
cação entre pessoas e entre instituições, e a circulação de pessoas, bens
e serviços, constituem o ponto central do processo de globalização.
Com base nesses argumentos, pode-se identificar uma série de elementos
que fazem parte do nosso cotidiano, e que são apontados por Mochón Morcillo
(2006) como os principais indicadores do processo de globalização.
Forte conexão entre a globalização e as tecnologias à disposição da so-
ciedade: internet, satélites, computadores pessoais de alto desempenho.
Aqui temos as tecnologias de fabricação e as tecnologias de informação
e comunicação.
Ampliação das modalidades de transporte — hoje um tema conhecido
como logística — e sua consequente redução de custos.
Facilidade na movimentação, tanto de pessoas como de produtos, entre
os países de todo o globo já que os meios de transportes tornaram-se mais
eficientes e baratos.
Surgimento de blocos econômicos visando tanto ao crescimento mútuo
nos períodos onde o ciclo econômico é favorável quanto à estabilização
econômica nos momentos de crise.
Campos e Canavezes (2007) consideram a globalização um processo com-
plexo e abrangente, que ainda está em curso, isto é, é dinâmico e que ainda
por isso mesmo pode ser alterado apesar de que muitos o consideram inevi-
tável. Esses mesmos autores ainda argumentam que a globalização tem uma
história e está intimamente ligada à história do capitalismo e do surgimento
da economia de mercado.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Atividades de aprendizagem
1. Explique o que se entende por globalização.
2. Mostre os elementos que são apontados como os principais indica-
dores do processo de globalização e comente cada um deles, usando
a sua compreensão do assunto.

 +WV\M`\]ITQbItrWPQ[\~ZQKILWXZWKM[[WLM
OTWJITQbItrW
Apesar de o termo globalização ter sido cunhado na década de 1990 pelos
economistas O’Rourke e Williamson, considerando uma perspectiva histórica,
é consenso entre os estudiosos deste tema que se podem identificar três ondas
de globalização ao longo da história moderna e contemporânea:
Primeira onda: período compreendido entre os anos 1400 até meados
do século XVIII. Caracteriza-se pelo comércio de longa distância de pro-
dutos como as especiarias, o ouro e o açúcar devido ao seu baixo nível
de oferta e alta demanda. O foco principal deste comércio envolvia os
países da Europa, a Ásia e as Américas.
Segunda onda: período compreendido entre o início do século XIX e até
o início do século XX. Estimulado pela Revolução Industrial o aumento
do comércio apoiou-se na produção e comercialização de bens de maior
valor agregado como os produtos têxteis. Nesse período ocorre também
o nascimento da América do Norte como zona de atividade econômica
e comercial.
Terceira onda: período que se inicia nas últimas décadas do século XX
e permanece até nossos dias. Tem como característica principal: o sur-
gimento e consolidação das economias asiáticas, domínio crescente do
trabalho qualificado e o emprego das novas tecnologias em todos os
processos de produção. Houve também um aumento significativo de
países que se abriram ao mercado internacional, tanto em termos comer-
ciais, como financeiros. Surgimento de grandes empresas multinacionais,
facilitado pelo emprego das novas tecnologias de informação e comu-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

nicação, com uma presença global também impulsionou o processo de


globalização.
Campos e Canavezes (2007, p. 18-9) apontam um conjunto de tendências
e acontecimentos recentes da história moderna, que geralmente levam crédito
por terem aplicado forte influência no processo de globalização. São eles:
O desenvolvimento do comércio internacional.
O desenvolvimento do capitalismo financeiro: representado pelo desen-
volvimento de novos instrumentos financeiros — como, por exemplo,
os Derivativos — a desregulamentação dos mercados financeiros inter-
nacionais, incremento do processo de internacionalização dos bancos,
crescimento de bancos internacionais.
A emergência e consolidação de um novo paradigma técnico econômico:
consiste na crescente possibilidade de segmentar os processos produtivos,
distribuindo espacialmente as suas diferentes fases (estudo, concepção
e produção) em função dos diferentes níveis de qualificação (e custo) de
mão de obra em cada região, assim como da acessibilidade e custo de
outros fatores produtivos, designadamente as matérias-primas.
Os desenvolvimentos das ciências e da tecnologia, em particular no que
respeita à implementação de uma rede de acessibilidades e transportes à
escala mundial, por um lado, e uma rede de infraestruturas comunicacio-
nais que constituem um suporte fundamental no processo de globalização.
As transformações sociopolíticas ocorridas nos países do Leste Europeu ao
longo da década de 1980 — sendo a mais simbólica a queda do Muro de
Berlim — que conduziram, por um lado, a abertura política e econômica
deste conjunto de países ao modelo ocidental, e, por outro lado, no plano
ideológico, representaram um forte abalo no modelo alternativo socialista
que constituíam.
O florescimento dos ideais político-econômicos de inspiração neoliberal:
constitui uma doutrina que se inspira nos elementos mais radicais do
liberalismo clássico (século XVIII) e que tem como características: livre-
-concorrência, privatização de setores que estão sob a tutela — são geridos
— do Estado: a saúde, a educação, sistema previdenciário, e opõe-se à
intervenção do Estado na economia, defendendo o livre funcionamento
do mercado como instrumento regulador e defendendo o livre funciona-
mento da economia como instrumento redistribuidor da riqueza.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

 )LQUMV[rWMKWV€UQKILWXZWKM[[WLM
OTWJITQbItrW
Mochón Morcillo (2006, p. 547-8) credita ao Fundo Monetário Internacional
— FMI — a definição de caráter mais técnica dada ao termo globalização, na
sua dimensão econômica: interdependência econômica crescente do conjunto
de países do mundo, provocada pelo aumento do volume e pela variedade
das transações transfronteiriças de bens e serviços, assim como dos fluxos
internacionais de capitais, estimulada pela difusão acelerada e generalizada
da tecnologia.
Conforme recomendação de Campos e Canavezes (2007), uma estratégia
para compreender melhor o processo de globalização no seu aspecto eco-
nômico é subdividi-lo em quatro segmentos, que veremos a seguir, sempre
baseados no pensamento desses dois autores.

 +WUuZKQWQV\MZVIKQWVITLMJMV[M[MZ^QtW[
O comércio constitui um dos principais e certamente o mais antigo fun-
damento de uma globalização econômica, ao aproximar produtores e consu-
midores geograficamente distantes e ao estabelecer entre eles uma relação de
interdependência.
Aqui, como explicação para o surgimento do comércio internacional po-
demos relembrar as teorias de Adam Smith e de David Ricardo. Desde a in-
dustrialização do Ocidente (Revolução Industrial), a compra e venda de bens e
serviços entre diferentes nações expandiram-se de forma acelerada. No século
XX a liberalização do comércio mundial recebeu novo impulso a partir do fim
da Segunda Guerra Mundial.
As negociações multilaterais para remoção de obstáculos ao comércio inter-
nacional foram pela primeira vez implementadas a nível mundial em 1947 com
a assinatura do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), uma organização
internacional que inicialmente integrou 23 países e que atualmente integra mais
de uma centena de países. Já em 1994, surgiu uma organização internacional
especificamente vocacionada para a progressiva implementação e regulamen-
tação da liberalização do comércio internacional: a Organização Mundial do
Comércio (OMC); atualmente, a OMC conta com cerca de 150 países.
Os objetivos principais da Organização Mundial do Comércio (OMC) são: a)
Fazer cumprir os acordos multilaterais de comércio firmados até a sua criação
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

e continuar fomentando o livre comércio; b) Servir de foro para as negociações


comerciais multilaterais, e inclusive bilaterais (entre dois países), dos países
membros; e c) Cooperar com outras instituições internacionais, como o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM).

 +IXQ\ITMUMZKILWNQVIVKMQZW
Diversos autores apontam que até os anos de 1970 o setor financeiro era
bem regulado, seguindo normas implantadas desde os anos 1940.
Com o processo de liberalização e globalização econômica promovida pe-
los governos neoliberais de Margareth Thatcher (1979-1990), no Reino Unido
e Ronald Reagan (1981-1989), nos Estados Unidos da América, na década de
1980, despontou um novo cenário financeiro internacional, a globalização
financeira, caracterizada pelo crescimento do mercado financeiro desvincu-
lado da produção e do comércio internacional. Corazza (2003) aponta que a
globalização financeira foi movida basicamente por três fatores: 1) o aumento
no acúmulo de riqueza na forma de ativos e em diferentes moedas; 2) paralela-
mente a crescente mobilidade desses ativos principalmente devido aos avanços
na informática, e 3) implementação do regime de taxa de câmbio flutuante que
passou a movimentar esses ativos de maneira especulativa, para onde houver
maior probabilidade de ganhos.
Outro aspecto apontado por Camargo (2009, p. 12): “[...] o processo de
internacionalização das instituições financeiras de cada país também é con-
siderado, tradicionalmente, como acompanhando a transnacionalização das
empresas do setor produtivo desses mesmos países e a expansão do comércio
internacional, intensificadas a partir de 1980”.

 8ZWL]trWLMJMV[M[MZ^QtW[
A internacionalização da própria produção de bens e serviços é outro im-
portante pilar do processo de globalização. A produção em escala industrial
teve seu início com o surgimento de um novo modo de produção baseado na
relação salarial entre os que detinham os fatores de produção — capitalistas
— e os que apenas tinham sua força de trabalho — operários; além disso, a
invenção do motor a vapor, substituindo a força humana em algumas etapas
do processo produtivo, permitiu a fabricação em grande quantidade e o surgi-
mento de indústrias.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Para serem mais eficientes e competitivas as indústrias passaram a se es-


pecializar em produzir determinados produtos, levando seus operários a se
tornarem então especialistas em determinadas tarefas ligadas à confecção
deste produto, o que ficou conhecido na administração como especialização
de tarefas ou divisão do trabalho.
Após a consolidação de todos esses processos, a gestão da produção recebeu
grandes contribuições, como as de Taylor, Fayol e Henry Ford, que buscavam
constantemente o aprimoramento dos sistemas produtivos.
Castells (apud CAMPOS; CANAVEZES, 2007, p. 38) cita algumas tendências
de evolução organizacional:
1 — [...] uma progressiva transição da produção em série
para sistemas produtivos mais flexíveis. No momento em
que a procura de mercadorias se tornou imprevisível em
quantidade e em qualidade, em que a diversificação dos
mercados a nível mundial dificultou o seu controle e o
ritmo da transformação tecnológica tornou obsoletos os
equipamentos de produção especializados, o sistema em
série tornou-se demasiado rígido e dispendioso para as
características da nova economia. Os sistemas produtivos
flexíveis surgem como uma resposta possível no sentido
de superar a rigidez através da diversificação. 2 — De-
clínio da grande empresa de integração vertical como
modelo organizacional e as consequentes mudanças
nas estruturas organizacionais, nomeadamente o uso
crescente da subcontratação de pequenas e médias em-
presas. 3 — Introdução de novos métodos de gestão, na
sua maioria provenientes de empresas japonesas, reunidos
sob o termo geral de Toyotismo.

Mais recentemente, sobretudo a partir de meados dos anos 1980, assistiu-se


a uma progressiva multiplicação das deslocalizações da produção e, simultanea-
mente, assistiu-se mesmo à progressiva segmentação dos processos produtivos
que são agora implementado sem diferentes países, tirando partido, consoante
os casos, quer de mais baixos custos de mão de obra, quer de melhor acessi-
bilidade de matérias-primas, quer ainda de quadros legais mais favoráveis, por
exemplo, nos planos fiscal ou ambiental.

 5MZKILWLM\ZIJITPWMMUXZMOW
Com relação a este item, Campos e Canavezes (2007, p. 41-2) argumentam
que:
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

A transformação da relação salarial decorre de uma crise


de sobre produção, ou seja, as empresas produziam mais
do que aquilo que o mercado podia escoar, e, portanto,
o capital investido não tinha retorno. A necessidade de
promover o retorno do capital investido conduziu a im-
portantes alterações no modelo de reprodução do próprio
sistema capitalista. A solução encontrada consistiu na
passagem de um modelo de reprodução do sistema capi-
talista que se baseava numa progressiva extensão territo-
rial (e populacional, abrangendo, cada vez mais mão de
obra no regime assalariado) para um modelo baseado na
intensificação do consumo das populações assalariadas.

 :MTIt‚M[MKWV€UQKI[MV\ZMXIy[M[MW[JTWKW[
MKWV€UQKW[
Como vimos anteriormente, os últimos 60 anos foram caracterizados por um
conjunto de transformações que desencadearam no surgimento de uma nova or-
dem política, social e econômica que muitos autores chamam de globalização.
Vimos também que o processo de globalização da economia mundial foi
calcado numa forte expansão do capitalismo, com um viés neoliberal, onde
o surgimento de novas tecnologias de produção, informação e comunicação,
a modernização dos transportes, o surgimento de corporações multinacionais
desempenharam um papel fundamental no incremento das relações entre os
países do globo. Nesse sentido, com relação ao comércio internacional, há
diferentes formas de se classificar essas relações de integração entre as nações.
Mochón Morcillo (2006, p. 385) expõe que as relações de integração podem
ser sintetizadas em duas grandes categorias:
A globalizante, que pretende abarcar todos os países de fomentar o livre
comércio internacional. Dentro dessa categoria, as iniciativas mais rele-
vantes são o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e a Organização
Mundial do Comércio (OMC).
A regional, através de blocos regionais, que frequentemente inclui ini-
ciativas próprias de bilateralismo comercial.
Antes de vermos os blocos econômicos, vamos entender um pouco mais
sobre as relações classificadas como integração regional, pois é a gênese dos
blocos econômicos.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Esta categoria, segundo os autores Mochón Morcillo (2006) e Simões e


Morini (2002), é constituída pelas seguintes situações clássicas de integração
econômica:
1. Zonas ou áreas de livre comércio: consistem na eliminação de todas as
barreiras tarifárias e não tarifárias (cotas) que incidem sobre o comércio
entre as nações integrantes do grupo. Quanto ao comércio com as demais
nações do mundo cada membro é livre para estabelecer a sua própria
política comercial com relação às tarifas ou cotas. Segundo as normas
estabelecidas pelo General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) — um
acordo é considerado zona de livre comércio quando abarca ao menos
80% dos bens comercializados entre os membros do grupo. Um exemplo
é o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), firmado em
1994 e integrado pelos Estados Unidos, México e Canadá.
2. Uniões aduaneiras: é como uma evolução da categoria anterior, com
objetivos mais amplos. Além de eliminar todas as restrições ao comércio
entre os países membros, o acordo estabelece uma mesma tarifa às im-
portações provenientes de mercados externos, a Tarifa Externa Comum
(TEC). O Mercosul tornou-se, a partir de 1o de janeiro de 1995, o melhor
exemplo de uma união aduaneira latino-americana.
3. Mercados comuns: esta categoria é uma etapa mais sofisticada que as duas
anteriores, implicando uma integração econômica mais profunda que as
categorias anteriores. Suas características são: a) os membros concordam
em eliminar todas as restrições ao comércio entre seus membros; b) es-
tabelecem uma mesma tarifa às importações provenientes de mercados
externos; c) livre circulação dos fatores de produção — terra, trabalho e
capital — dentro da comunidade; d) podem-se oferecer livremente ser-
viços financeiros ou seguros dentro do mercado comum; e) coordenação
de políticas macroeconômicas e setoriais (definição de metas comuns
em matéria de juros, fiscal, cambial). O Mercado Comum Europeu, que
posteriormente gerou a União Europeia, é o principal exemplo.
4. União econômica e monetária: a União Econômica e Monetária (UEM)
constitui a categoria mais sofisticada e complexa. Trata-se da forma mais
ampla e completa de integração como bloco econômico. Ela está asso-
ciada, em primeiro lugar, à existência de uma moeda única e de uma
política comum em matéria monetária conduzida por um Banco Central
comunitário.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

A grande diferença em relação ao mercado comum está, além da moeda


única, na existência de uma política macroeconômica não mais coordenada,
mas comum. O único exemplo de uma união econômica e monetária, e para
alguns ainda em processo de construção, é a União Europeia.
Estes acordos regionais, então ficaram conhecidos como blocos econômi-
cos. Nesse sentido, Simões e Morini (2002, p. 139) registram que: uma das
características da era contemporânea é o agrupamento de países em blocos
econômicos, no contexto da estratégia das grandes potências e das empresas
multinacionais de darem início a um novo ciclo expansionista internacional.
A constituição dos blocos econômicos atende também a estratégia de paí-
ses periféricos que buscam atrair capitais externos, dos quais carecem, para
promover o crescimento de suas economias debilitadas há décadas, como é
ocaso do Brasil e da Argentina com o Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Bezerra Jr. (2001, p. 126) define assim os blocos econômicos: são associa-
ções de países, em geral de uma mesma região geográfica, que estabelecem
relações comerciais privilegiadas entre si e atuam de forma conjunta no mer-
cado internacional. Um dos aspectos mais importantes na formação dos blocos
econômicos é a redução ou a eliminação das alíquotas de importação, com
vistas à criação de zonas de livre comércio.
Dentre muitas vantagens para os países membros destacam-se (SIMÕES;
MORINI, 2002):
desenvolvimento do comércio de uma determinada região;
redução de custos dos produtos através da eliminação de barreiras alfan-
degárias, aumentando assim o poder de compra de seus habitantes;
melhoria da qualidade fomentada através do aumento da concorrência;
aumento geral da produção, através de um melhor aproveitamento de
economias de escala;
aumento da produtividade, através da exploração de vantagens compa-
rativas entre sócios de um mesmo bloco econômico;
estímulo à eficiência, através do aumento da concorrência interna.
Segundo Sayad e Silber (2006, p. 444), “[...] existem quase uma centena de
tais acordos e entre eles se destacam a União Europeia, o NAFTA (Acordo de
Livre Comércio da América do Norte), o Bloco do Yen e o Mercosul”.
De acordo com Sandroni (2001) os blocos econômicos são associações de
países, em geral de uma mesma região geográfica, que estabelecem relações
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

comerciais privilegiadas entre si e atuam de forma conjunta no mercado inter-


nacional. Os blocos aumentam a interdependência das economias dos países
membros. Uma crise em um dos países de um bloco tem efeito direto sobre os
outros, mesmo porque a comunidade internacional tende a enxergar mais os
blocos do que países isolados, principalmente quando se trata de países em
desenvolvimento. Por exemplo, a crise dos Tigres Asiáticos, na década de 1990,
foi vista por muitos como uma crise regional, não apenas de alguns países,
como Coreia do Sul ou Indonésia.
Bezerra Jr. (2001) nota que a tendência de regionalização da economia só
é fortalecida nos anos 1990, com o fim da Guerra Fria — que polarizava o
mundo em dois blocos — liderados por Estados Unidos e União Soviética, res-
pectivamente. O fim da Guerra Fria acabou estimulando a formação das zonas
independentes de livre comércio, um dos aspectos do processo de globalização.
Atualmente, destacam-se os seguintes blocos econômicos:
NAFTA (North American Free Trade Agreement): entrou em vigor em
1994, formado por Estados Unidos, México e Canadá. De acordo com
Sandroni (2001), o Brasil pode ser afetado em suas exportações na medida
em que a competitividade do México em artigos como têxteis, suco de
laranja e outros produtos, aumente em virtude da eliminação das tarifas
de importação para a entrada no mercado interno dos Estados Unidos.
União Europeia (UE): tem suas origens em 1957, mas foi oficialmente
chamada de União Europeia a partir do Tratado de Maastricht, assinado
em 1992. De acordo com Sandroni (2001), o tratado prevê a plena uni-
ficação dos países europeus signatários, com uma única moeda (o Euro)
e a constituição de um Banco Central Europeu. Observa-se que esta é
a forma mais abrangente e complexa que um bloco econômico pode
tomar. Para integrar a UE, existem uma série de condições econômicas,
relacionadas a inflação, juros, dívida pública etc. A União Europeia é
atualmente formada por 27 países europeus. O Brasil pode ser beneficiado
no relacionamento com a União Europeia na medida em que houver
avanços nas negociações entre o Mercosul e a UE.
Mercosul (Mercado Comum do Sul): o Mercosul teve como origem os
acordos de comércio estabelecidos entre o Brasil e a Argentina a partir de
1990. Foi criado oficialmente em 1991, com Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai, sendo que em 2006 a Venezuela foi incorporada ao bloco.
Sandroni (2001) nota que, a partir de 1995, o Mercosul se tornou uma
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

união aduaneira, ou seja, todos os países membros cobram as mesmas


quotas nas importações dos países fora do bloco. Bolívia, Chile, Colômbia,
Equador e Peru são países associados, ou seja, embora estejam incluídos
no processo de formação de uma zona livre de comércio, não adotaram
o princípio de união aduaneira.
O Mercosul não se desenvolveu tanto quanto se esperava. Algumas ra-
zões são os conflitos comerciais entre Brasil e Argentina (criação de barreiras
de importação a determinados produtos) e o viés socialista/populista de Evo
Morales e Hugo Chávez, que tem criado conflitos e dificuldades para tomada
de decisões entre os países do bloco. Enquanto o Brasil segue uma linha mais
liberal de comércio internacional, a Venezuela segue uma linha ideológica
“antiamericana”, dificultando a sintonia fina entre os países do bloco e, con-
sequentemente, sua expansão.

Questões para reflexão


Em seu entender, o Brasil deve continuar a participar do Mercosul?

Para saber mais


Para saber mais sobre os blocos econômicos e globalização sugerimos leitura conforme indicado
abaixo:
MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005. 309p.
Capítulo 11 (p. 256 a 266).

Questões para reflexão


A União Europeia tem sua origem em 1957, quando começou com
o título de Mercado Comum Europeu. Sofreu grande evolução desde
seu início. Comente esta evolução descrevendo os aspectos mais
relevantes.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

 7[*:1+;
Podemos notar que os países emergentes têm puxado o crescimento mun-
dial. Nos últimos anos, a média de crescimento dos países emergentes têm
sido maior que a média de crescimento mundial, puxado principalmente pelo
crescimento da China. Se destacam entre os países emergentes, Brasil, Rússia,
Índia e China e África do Sul, os quais são conhecidos como os BRICS, sigla
que representa as primeiras letras de cada um destes países. A África do Sul foi
incorporada ao grupo recentemente.
Segundo estudo citado por Caetano (2006), os BRICS representam cerca de
10% do PIB mundial, mas concentram quase metade da população da Terra.
É justamente nesse ponto que está o potencial desses países: apresentam uma
população em expansão que estão emergindo como classe consumidora e têm
começado a participar de forma efetiva da globalização; ou sejam não ficam
mais à margem do comercio mundial, mas apresentam-se como participantes
ativos. Caetano (2006), citando estudo do Goldman Sachs, FMI e CIA, nota
que até 2050, os países emergentes — principalmente os do BRICs — estarão
no topo das economias mundiais. Estima-se que na citada data, a China seja a
maior economia do mundo, seguida pelos Estados Unidos, Índia, Japão, Brasil,
México e Rússia, respectivamente.
Caetano (2006) realiza uma comparação entre os países do BRIC, elencando
as principais vantagens e desvantagens de cada um: o Brasil tem o potencial para
ser o maior fornecedor mundial de produtos agrícolas, possui grandes reservas
minerais e um parque industrial diversificado; por outro lado, tem uma carga
tributária alta, muita informalidade, educação deficiente e uma infraestrutura
precária. A Rússia possui reservas abundantes de petróleo e gás natural, popu-
lação com bom nível educacional e uma carga tributária baixa; por outro lado,
sua população tem média de idade elevada e baixo índice de natalidade e o
país apresenta altos índices de corrupção e criminalidade.
A Índia é um país avançado em setores de alta tecnologia e informática, com
uma grande população jovem e em crescimento acelerado e uma elite bem
formada e atuante; por outro lado, apresenta infraestrutura precária, com áreas
urbanas bastante caóticas e uma sociedade organizada por sistema de castas
e dividida por conflitos étnicos e religiosos. A China possui alta capacidade
industrial, investimento intensivo em infraestrutura e educação e potencial para
ter o maior mercado consumidor do mundo; por outro lado, a população está
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

em uma tendência de envelhecimento rápido, o progresso tem sido realizado


com grande devastação ambiental e apresenta um sistema político ditatorial.

Para saber mais


Pesquise sobre a importância dos BRICs na atual economia mundial, buscando estabelecer um
paralelo entre a economia global atual e aquela de alguns anos atrás:
entre a década de 1950 e final da década de 1980 (período da Guerra Fria).
início dos anos 1990 (quando a maioria dos países eram pouco abertos ao comércio
internacional).

Questões para reflexão


No início desta década surgiu o termo “globalização” (misturando
globalização e localização) para ilustrar um paradoxo do processo de
globalização: embora haja atualmente acesso às informações de qual-
quer parte do planeta e maior grau de troca de mercadorias entre países,
mais do que nunca, os locais, até então isolados, podem participar
de um mundo global. Nesse sentido, as “coisas acontecem” também
em locais que anteriormente estavam à margem da sociedade. Além
disso, a existência de culturas e hábitos de cada local geram um grande
desafio para as empresas transnacionais, que precisam estar atentas à
particularidades de cada região. O que você acha desse paradoxo do
mundo global?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

Fique ligado!
Vimos nesta unidade os conceitos do mercado de trabalho e os índices de
desemprego. São fatores importantes que permeiam a rotina das pessoas
e das empresas. Nesta mesma linha, tivemos a oportunidade de estudar
o funcionamento do déficit público e das dívidas externa e interna, onde
conhecemos a importância em manter o equilíbrio dos gastos internos,
bem como manter reservas cambiais suficientes para fazer frente à dívida
externa. E finalmente pudemos conhecer a evolução do processo de glo-
balização da economia, a qual já ocorria, embora em menor escala, há
muito tempo, porém teve seu ápice nos anos 1990, e desde então verifi-
camos que é um processo que não tem mais volta.

Para concluir o estudo da unidade


O estudo dos indicadores de análise econômica e globalização nos traz
uma visão de como estamos envolvidos com a Economia, não somente
naquilo que nos afeta diretamente e estão ao nosso lado, mas em todos
os aspectos, inclusive as ações econômicas que ocorrem pelo mundo
afora. Portanto, vejam a importância de conhecer os conceitos da eco-
nomia. A economia é muito dinâmica. Os conceitos são perenes, mas os
resultados variam com as condições do momento. Importante para você
aprofundar seus conhecimentos em economia é fazer a leitura de livros
de introdução e conceitos e se atualizar no dia a dia com informações de
jornais, revistas, internet etc. Mas não se esqueça: é importante conhecer
os conceitos básicos da economia.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

Atividades de aprendizagem da unidade


1. O mercado de trabalho surgiu no âmbito das economias que operam
organizadas dentro de um sistema econômico de livre concorrência.
Podemos então afirmar que o mercado de trabalho está ligado a que
sistema econômico?
a) Socialismo.
b) Capitalismo.
c) Comunismo.
d) Keynesianismo.
e) Neoliberalismo.
2. O déficit público representa o saldo negativo das contas do governo,
na relação entre a receita (arrecadação) e as despesas (gastos públi-
cos). Conforme a amplitude de abrangência que se deseja do resul-
tado, o déficit público pode ser denominado de déficit primário ou
déficit nominal. Descreva o que significa cada um destes conceitos.
3. O balanço de pagamentos está estruturado em três grandes grupos e
um item especial de caráter residual e que tem como missão saldar
o conjunto do balanço. Qual conta ou balança registra as transações
de importação e exportação do país?
a) Conta capital.
b) Conta serviços.
c) Balança comercial.
d) Transações correntes.
e) Conta financeira.
4. Com o processo de liberalização e globalização econômica promo-
vida pelos governos neoliberais de Margareth Thatcher (1979-1990),
no Reino Unido, e Ronald Reagan (1981-1989), nos Estados Unidos
da América, na década 1980, despontou um novo cenário financeiro
internacional, a globalização financeira, caracterizada pelo cresci-
mento do mercado financeiro desvinculado da produção e do comér-
cio internacional. A globalização financeira foi movida basicamente
por três fatores. Cite e comente sobre cada um deles.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

5. Os blocos econômicos são associações de países, em geral de uma


mesma região geográfica, que estabelecem relações comerciais privi-
legiadas entre si e atuam de forma conjunta no mercado internacional.
Os blocos aumentam a interdependência das economias dos países
membros. Uma crise em um dos países de um bloco tem efeito direto
sobre os outros, mesmo porque a comunidade internacional tende a
enxergar mais os blocos do que países isolados, principalmente quando
se trata de países em desenvolvimento. Qual é o bloco formado por
Estados Unidos, México e Canadá?
a) Mercosul.
b) União Europeia.
c) Tigres Asiáticos.
d) NAFTA.
e) GATT.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

:MNMZwVKQI[
BEZERRA JR., Wilson Fernandes. Comércio internacional e os blocos econômicos. Revista
do Centro de Estudos Administrativos e Contábeis — ADCONTAR, Universidade da
Amazônia-Unama, v. 2, n. 1, p. 126-137, 2001. Disponível em: <http://www.nead.unama.
br/site/bibdigital/ pdf/artigos_revistas/251.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2013.
CAETANO, José Roberto. 800 milhões de novos consumidores. Exame, ed. 0873, 27 jul.
2006.
CAMARGO, Patrícia Olga. Evolução do sistema financeiro internacional e a especificidades
do Brasil. In: A evolução recente do setor bancário no Brasil [online]. São Paulo: Editora
Unesp; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. p. 11-73.
CAMPOS, Luís; CANAVEZES, Sara. Introdução à globalização. Formação da CGTP-IN.
Évora: Instituto Bento Jesus Graça, 2007.
CHAHAD, J. P. Z. Políticas ativas e passivas no mercado de trabalho: aspectos conceituais,
a experiência internacional e avaliação do caso brasileiro. Texto elaborado para o convênio
CEPAL/PNUD/OIT, São Paulo: 2006.
CORAZZA, Gentil. Globalização financeira: a utopia do mercado e a re-invenção da
política. XXI Encontro Nacional de Economia, ANPEC, 2003. Disponível em: <http://www.
anpec.org.br/ encontro2003/artigos/A24.pdf> Acesso em: 10 jan. 2014.
DEDECCA, Claudio S. Produtividade, Emprego e Salários na indústria brasileira. Anais
ANPEC, 1999. CD-Rom.
GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; TONETO
JÚNIOR, Rudinei. Economia brasileira contemporânea. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
LANZANA, Antonio Evaristo T. Economia brasileira: fundamentos e atualidades. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
MALASSISE, Regina L. S. Políticas macroeconômicas e emprego industrial no Brasil nos
anos de 1990. Dissertação (Mestrado em Teoria Econômica) — Universidade Estadual de
Maringá, Maringá, 2000. Mimeo.
MALASSISE, Regina L. S. Introdução à economia. Londrina: Unopar, 2014.
MARX, Karl. Trabalho assalariado e capital. Tradução de Olinto Beckerman. 4. ed. Rio de
Janeiro: Global, 1987.
MENDES, Judas Tadeu G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Prentice Hall,
2004.
MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Economia: teoria e política. São Paulo: McGraw-Hill,
2006. 592 p.
NAKANO, Yoshiaki. Globalização, competitividade e novas regras de comércio internacional.
Revista de Economia Política, v. 14, n. 4 (56), out/dez. 1994, p. 7-30.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

, Q G L F D G R U H V  G H  D Q i O L V H  H F R Q { P L F D  H  J O R E D O L ] D o m R  

PASSOS, C. R. M., NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo: Thomson Learning,


2003.
POCHMANNN, M, Políticas de garantia de renda no capitalismo em mudança. São Paulo:
LTr, 1995.
POCHMANN, Marcio. O trabalho sob fogo cruzado: exclusão, desemprego e precarização
no final do século. São Paulo: Contexto, 1999b. (Coleção Economia).
ROCHA, Sonia. Pobreza no Brasil: fator básico e implicações para a política social.
Economia e Sociedade, Campinas (6): 141-51, jun. 1996.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
Disponível em: <http://introducaoaeconomia.files.wordpress.com/2010/03/dicionario-de-
economia-sandroni.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2011.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Saraiva, 2001.
SAYAD, João; SILBER, Simão Davi. Comércio internacional. In: PINHO, Diva Benevides;
SIMÕES, Regina Célia Faria; MORINI, Cristiano. A ordem econômica mundial:
considerações sobre a formação de blocos econômicos e o Mercosul. Impulso (Piracicaba),
Piracicaba — SP, v. 13, n. 31, p. 139-54, 2002. Disponível em: <http://www.unimep.br/
phpg/editora/revistaspdf/imp31art07.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2013.
TROSTER, Roberto Luis; MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Introdução à economia. São
Paulo: Makron Books, 1999.
TROSTER, Roberto Luís; MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Introdução à economia. 2. ed.
São Paulo: Makron Books, 1994. 391p.
VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos
de economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 292 p.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; GARCIA, Manoel Enriquez. Fundamentos
de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; GREMAUD, Amaury Patrick. Manual de
economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 606 p.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

 (&2120,$

;]OM[\‚M[LMTMQ\]ZI
CARVALHO, Luiz Carlos P. Microeconomia introdutória: para cursos de Administração e
Contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
FERGUSON, Charles E. Microeconomia. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
1999.
GREMAUD, Amaury Patrick; SAES, Flávio A. Marques; TONETO JÚNIOR, Rudinei.
Formação econômica do Brasil. São Paulo: Atlas, 1997.
MONTORO FILHO, André Franco et al. Manual de economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
1998.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval. Economia micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

$QRWDo}HV
BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

$QRWDo}HV
BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

$QRWDo}HV
BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

$QRWDo}HV
BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

$QRWDo}HV
BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW (FRQRPLDLQGE -XQH3*

$QRWDo}HV
BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB

Você também pode gostar