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SAMUELSON
NORDHAUS
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
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e Distribuidora Educacional S.A.
ISBN 978-85-68075-32-6
CDD 330
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Sumário
YL (&2120,$
6 X P i U L R YLL
Unidade 1
3ULQFtSLRVGH
HFRQRPLD
Jurandir Domingues Júnior
3ULQFtSLRVGHHFRQRPLD
1V\ZWL]trWIWM[\]LW
Antes de tudo quero dar boas-vindas a todos e a todas no estudo da
Economia!
Você consegue definir claramente qual é o objetivo da Economia? Como
ela pode influenciar a vida das pessoas e os negócios de uma empresa?
Pois é exatamente isso que teremos a oportunidade de aprender no decorrer
desta unidade! Cada ciência tem uma forma própria de descrever o mundo real
como o objetivo de contribuir para o sucesso e o desenvolvimento da sociedade.
Por exemplo, a Geografia — na sua perspectiva tradicional — busca interpretar
a relação da sociedade com o mundo real através da conformação do meio
ambiente, notadamente dos aspectos físicos (clima, relevo, hidrografia, solo).
No caso da Economia, pode-se dizer que é uma ciência que busca interpretar
o mundo real através de uma visão econômica: trocas comerciais e financeiras.
De forma resumida, o sucesso de uma organização empresarial está diretamente
ligado à sua capacidade interagir com os mercados em que atua, fornecendo
aos seus clientes bens e serviços de qualidade e a um preço competitivo, que
tenham alguma utilidade, respeitando as leis, seus colaboradores, fornece-
dores e o meio ambiente. E é exatamente deste modo que a Economia pode
contribuir de forma muito importante para a formação de um administrador:
ajuda a entender como os agentes econômicos interagem em um determinado
mercado, às vezes sob a supervisão do governo, colaborando na idealização
de estratégias para o sucesso de uma empresa em termos econômicos.
Seção 1 7U]VLWUWLMZVWMI
UQKZWMKWVWUQI
A economia é um tema bastante complexo e extenso, cheio de conceitos
abstratos e que se utiliza normalmente de um linguajar próprio, que já foi clas-
sificado muitas vezes de “economês”, e que por esse motivo assusta quando
do primeiro contato. Diversos estudiosos, dentre eles Oliveira (2006, p. 153),
expõem que “[...] o termo economia é originário da palavra oikosnomos (oikos
= casa e nomos = lei) e significa a administração de uma casa”.
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,Q^Q[rWLI\MWZQIMKWVUQKI
Apesar de nem todos os autores concordarem com este método de abordar
a Economia, a grande maioria dos livros publicados costuma dividir o estudo
da economia em dois grandes blocos: microeconomia e macroeconomia. A
macroeconomia (macro = grande, em grego) trata de assuntos mais amplos
como, por exemplo, a soma do total de bens e serviços produzidos pela eco-
nomia de um determinado país — que conhecemos como PIB (produto interno
bruto) (BÊRNI, 2002; MENDES, 2004; OLIVEIRA, 2006).
O prefixo micro na palavra microeconomia deriva de uma palavra grega
micros, que significa pequeno (BROWNING; ZUPAN, 2004). Portanto, estudar
microeconomia significa estudar o comportamento dos componentes bási-
cos — chamados na teoria econômica de unidades econômicas individuais:
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5QKZWMKWVWUQI^MZ[][OM[\rWLMMUXZM[I[
No desenvolvimento de suas atividades profissionais o administrador tem
como objetivo primordial o sucesso da empresa onde atua como colaborador
ou em seu próprio negócio como empreendedor. Para Oliveira (2006, p. 181) a
grande aplicabilidade da microeconomia na tomada de decisões nas empresas
está ligada exatamente ao seu foco de estudo: “[...] buscar interpretar como as
empresas e os consumidores interagem na definição de preços e quantidades
dos bens, serviços e fatores de produção”.
Desta forma, a microeconomia fornece as bases para a operação eficiente
da empresa, na busca de lucros e contribuindo de forma importante para a
definição de estratégias e ações que permitirão à empresa obter sucesso en-
frentando, por exemplo, uma economia de mercado. Com base no pensamento
de Oliveira (2006), podem-se identificar alguns aspectos que mostram como
um gestor, empregando a visão microeconômica, ou seja, olhando para o fun-
cionamento de um mercado, pode tomar decisões empresariais: (a) traçar uma
política de preços para a empresa; (b) fazer uma previsão de faturamento, con-
siderando uma demanda; (c) decisões de produção: diante do comportamento
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Atividades de aprendizagem
1. Qual é a diferença básica entre microeconomia e macroeconomia?
2. Em que campos da vida de um administrador a microeconomia pode
contribuir para o sucesso de uma empresa?
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Seção 2 +IZIK\MZy[\QKI[LWUMZKILW"I
LMUIVLIIWNMZ\IMIXZWK]ZI
Quando pensamos na palavra mercado, logo imaginamos um lugar real
onde as pessoas têm a possibilidade de trocar, comprar ou vender produtos
e serviços. Contudo, este conceito de mercado, para a economia, está ligado
a períodos históricos anteriores ao surgimento da moeda, quando a principal
forma de comprar ou vender era a troca, também conhecida como escambo. Na
verdade, alguns mercados ainda são lugares reais onde os agentes econômicos
interagem, por exemplo, as pessoas vão comprar bens em um shopping. Com
o passar do tempo, o mercado foi evoluindo para um conceito de conjunto
de elementos envolvidos no comércio de determinado produto: produtores,
consumidores, intermediários, regulamentos, preços etc.
Vamos usar um exemplo! Quando falamos no mercado do feijão, por exem-
plo, estamos nos referindo às pessoas — produtores rurais — que produzem e
vendem o feijão, àquelas que apreciam e compram esse produto (consumidores
finais, incluindo os restaurantes), além de outros que participam de todas as
transações que envolvem: os atravessadores, as cooperativas, as indústrias, as
empresas de transporte, os fabricantes de embalagens etc. Além disso, por ser
um produto básico da alimentação do brasileiro, o feijão é um produto que
tem sua qualidade constantemente monitorada pelo governo através de uma
classificação instituída pelo Ministério da Agricultura. Hall e Lieberman (2003,
p. 56) definem o mercado como “[...] grupo de compradores e vendedores que
têm potencial para negociar uns com os outros”.
Nesta definição de Hall e Lieberman estão implícitos três fatores que
contribuíram para que a sociedade atual tenha à sua disposição os chamados
mercados virtuais, onde os processos de troca, compra ou a venda de produtos
e serviços não exigem a presença das pessoas: o fenômeno da globalização, o
desenvolvimento da informática e a evolução das telecomunicações — sendo
a evolução a de maior impacto o surgimento da Internet. Neste sentido, a
questão da proximidade foi substituída pela facilidade das transações feitas
por computadores, celulares, tablets e smartphones.
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.]VKQWVIUMV\WLM]UIMKWVWUQILMUMZKILW
KWULWQ[IOMV\M[MKWVUQKW[
Com o apoio de um modelo — o fluxo circular de renda — como represen-
tação da realidade, vamos interpretar como os agentes econômicos interagem
nesses ambientes chamados de mercado em busca de seus objetivos.
.T]`WKQZK]TIZLMZMVLIKWULWQ[IOMV\M[
MKWVUQKW[
Nossa primeira abordagem do funcionamento de uma economia é baseada
em um sistema econômico onde só interagem dois agentes econômicos: familías
(unidades consumidoras) e empresas (unidades produtoras). A Figura 1.1 ilustra
essa situação.
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,MUIVLIXWZJMV[M[MZ^QtW[
Vimos que o modelo do fluxo circular de renda, com dois agentes econômi-
cos, foi elaborado para simular o mundo real e que considerava as interações
econômicas entre dois agentes econômicos: as UNIDADES FAMILIARES ou
consumidores e as empresas ou produtores. Uma parte desse modelo mostrava
que as EMPRESAS produzem bens e serviços e os oferecem, através de merca-
dos, para que os consumidores os comprem com o objetivo de satisfazer suas
necessidades e/ou desejos.
É natural que as empresas produzam bens e serviços que tenham utilidade
e que sejam então procurados pelos consumidores. Esta busca é denominada
pela economia de demanda, também conhecida como procura. Para não haver
confusão: demanda = procura. Demanda significa estar disposto a comprar, isto
é, ter uma intenção de adquirir. Oliveira (2006, p. 187) define a demanda como:
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:MXZM[MV\ItrWLILMUIVLI
Para representar a demanda, vamos fazer uma simplificação da realidade,
isto é, vamos considerar hipoteticamente que somente o preço do bem e/ou
serviço vai influenciar na decisão! Considere que um determinado consumidor
dispõe de uma renda de R$ 500,00 suficiente para consumir diversos bens de
consumo, como por exemplo: iogurte, pães, sucos, massas etc. Vamos escolher
o iogurte para entender a questão da demanda. O Gráfico 1.1 evidencia a in-
tenção do consumidor a de consumir este produto frente à variação do preço,
e é denominado curva da demanda individual.
Segundo Mochón Morcillo (2006, p. 24), a curva da demanda “[...] é a
representação gráfica da relação entre o preço de um bem e a quantidade
demandada. Ao desenhar a curva da demanda, supomos que sejam mantidos
constantes os demais fatores que possam afetar a quantidade demandada,
exceto o preço”.
$ 4,00
$ 3,00
Quantidade de
$ 2,00 Pontinhos de
Iogurte Demandada
pelo Consumidor —
$ 1,00 unidade s
$ 0,00
01 23 45 67 89 10 11 12 13 14
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$ 4,00
$ 3,00
Quantidade de
$ 2,00 Pontinhos de
Iogurte Demandada
pelo Consumidor B
$ 1,00
$ 0,00
01 23 45 6 78 91 01 11 2
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E 0,50
E 0,00
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 23 25 26
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7NMZ\ILMJMV[M[MZ^QtW[
A oferta representa os planos das empresas em oferecer bens e serviços em
função dos preços de mercado. Rossetti (2002, p. 420) define assim a oferta: “A
oferta de determinado produto é determinada pelas várias quantidades que os
produtores estão dispostos e aptos a oferecer no mercado, em função de vários
níveis possíveis de preços, em dado período de tempo”. Atualmente, é notória a
contribuição das empresas (firmas) de todos os tipos, tamanhos, forma de cons-
tituição etc., para a difusão do bem-estar da sociedade em geral, pois elas são
os agentes econômicos encarregados de combinar os fatores de produção para
a geração de bens e serviços. No sistema econômico de livre mercado, também
conhecido como capitalismo, as empresas privadas são as organizações res-
ponsáveis por produzir e colocar à disposição dos consumidores a maior parte
dos bens e serviços necessários à sua satisfação. Se compararmos a variedade
de bens e serviços que a sociedade contemporânea tem à sua disposição com
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a disponibilidade de 100 anos atrás, veremos que foi a produtividade que per-
mitiu o cenário atual. A produtividade pode ser entendida como a quantidade
de bens e serviços produzidos por um trabalhador em uma hora de atividade.
Vamos definir então o que se entende por produção:
Produção é a aquisição e transformação de bens e ser-
viços em outros bens e serviços, ou seja, é a forma pela
qual uma empresa adquire insumos de produção e os
transforma, via utilização de determinado processo pro-
dutivo — tecnologia —, criando assim determinados bens
e serviços que tenham valor para os consumidores finais
(indivíduos) ou intermediários (empresas) (OLIVEIRA,
2006, p. 225).
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Matéria-prima
Informações
Etapas do Bens
Recursos humanos
processo produtivo Serviços
Recursos financeiros
Energia
Entrada —
Processamento Saída
fatores de produção
:MXZM[MV\ItrWLIWNMZ\I
Quando falamos em oferta estamos nos referindo à intenção das empresas
em produzir e comercializar seus produtos ou serviços, não à sua venda pro-
priamente dita. Vejamos o que diz a lei da oferta: expressa a relação direta que
existe entre o preço e a quantidade ofertada: ao aumentar o preço, eleva-se a
quantidade ofertada. Vamos resgatar nosso exemplo do iogurte para verificar
como a oferta é representada. O Gráfico 1.4 apresenta a intenção de uma
determinada empresa — que chamaremos de empresa A — de ofertar ao mer-
cado potes de iogurte considerada uma variação de preço. No eixo vertical
temos o preço de venda de cada potinho de iogurte. No eixo horizontal temos
a quantidade de potinhos de iogurte ofertada pela empresa A — em unidades.
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$ 5,00
$ 4,00
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03 57 91 11 41 6
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$ 4,00
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$ 1,00
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-Y]QTyJZQWLMUMZKILW
Considerando o que vimos até o momento, tivemos nosso foco voltado
para explicar como, através da atividade econômica, os agentes econômicos
interagem em determinados mercados. No lado da oferta, descobrimos que as
empresas tomarão decisões de ofertar bens e serviços ao mercado que satis-
façam aos desejos e necessidades dos consumidores. No lado da demanda,
descobrimos que os consumidores tomarão decisões de adquirir bens e ser-
viços, que satisfaçam aos seus desejos e necessidades. Fica claro, portanto,
um conflito de interesses entre esses dois agentes econômicos. Será que este
conflito tem solução?
8ZMtWLMMY]QTyJZQW
Quando consumidores — com sua intenção de maximizar (satisfazer) suas
necessidades e desejos dentro de sua capacidade de pagamento (restrição
orçamentária) — e produtores — com sua intenção de maximizar seus lucros
minimizando seus custos — interagem em um determinado mercado, é prová-
vel que aconteça uma situação de conflito. Rossetti (2002) aponta que preços
baixos são pouco atraentes para os empresários e, portanto, eles se disporiam
a produzir menos, obviamente reduzindo a oferta. Já os consumidores estão
em posição oposta: os preços baixos é que os estimulam a adquirir maiores
quantidades de bens e serviços, aumentado assim a demanda.
Logicamente o inverso também é um cenário de conflito: preços mais
atrativos geram maior oferta de produtos por parte das empresas, contudo
desestimulam os consumidores a consumir quantidades maiores. Mas na
realidade a interação entre esses dois agentes econômicos acaba gerando
um cenário possível de equilíbrio. Se analisarmos as duas representações
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y^^K
^^^
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Atividades de aprendizagem
1. Além do preço existem outros fatores que podem influenciar a demanda.
Cite e comente três deles, considerando um exemplo do seu dia a dia.
2. A escolha de determinado processo produtivo está ligada a dois im-
portantes princípios de eficiência. Quais são eles?
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Seção 3 -TI[\QKQLILM[M[\Z]\]ZI[LM
UMZKILWMyVLQKM[LMUMZKILW
Nós vimos anteriormente que tanto a demanda por um determinado bem,
como sua oferta são sensíveis à variável preço. Vamos começar nossa análise
pela demanda. Na verdade nossa primeira aproximação da curva da demanda
considerava apenas a variação de preço como causa da variação das quanti-
dades procuradas, conforme afirma a lei da demanda. Contudo, nós não con-
sideramos que os diferentes tipos de bens e serviços apresentam sensibilidades
diferentes da variação de preço. Rossetti (2002) chama a nossa atenção para esta
questão argumentando que na realidade, cada produto, ou pelo menos cada
família de produto, tem uma curva da demanda que lhe é própria ou caracte-
rística, diferindo da curva de outros produtos em virtude de sua sensibilidade
da quantidade procurada em relação ao preço.
Ele adicionalmente expõe que para certos produtos uma pequena variação
no preço pode provocar alterações bastante acentuadas na demanda. Já para
outros produtos, segundo Rossetti, pode ocorrer exatamente o contrário, isto
é, mesmo que ocorram variações expressivas no preço não se registram mo-
dificações acentuadas nas quantidades procuradas. Além disso, é lógico que
ocorram variações diretamente proporcionais entre o preço e quantidade pro-
curada. Sendo assim, podemos entender a questão da elasticidade como um
grau de reação ou sensibilidade de um produto ou de uma família de produtos
a variação de seu preço. O conceito de elasticidade é de suma importância para
a previsão de faturamento e de resultados para as empresas, pois permite, sob
certas circunstâncias, estimar as prováveis reações dos consumidores frente à
variação de preço de bens e serviços.
-TI[\QKQLILMXZMtWLILMUIVLI
A elasticidade-preço da demanda é a variação percentual de quantidade da
demanda de um determinado bem ou serviço, para cada unidade de variação
percentual no preço desse mesmo bem ou serviço. Vasconcellos e Garcia (2010)
argumentam que os economistas costumam classificar as curvas demanda de
acordo o grau de elasticidade, podendo ser basicamente de três tipos: demanda
elástica, demanda inelástica e elasticidade unitária. Matematicamente define-se
elasticidade-preço da demanda como:
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9DULDomRSHUFHQWXDOGDTXDQWLGDGHSURFXUDGD
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9DULDomRSHUFHQWXDOGRSUHoR
.I\WZM[Y]MQVNT]MVKQIUIMTI[\QKQLILMXZMtWLILMUIVLI
Segundo Rossetti (2002) e Oliveira (2006), os principais fatores que influen-
ciam o comportamento da elasticidade-preço da demanda são:
Essencialidade do bem ou serviço: Refere-se ao grau de necessidade do
bem ou serviço, isto é, quanto mais essencial for este bem ou serviço,
menor é sua sensibilidade às alterações dos preços. Exemplo: medica-
mentos de uso contínuo para cardíacos. Mesmo que o preço do remédio
aumente, sua demanda deve se manter estável. Procura inelástica.
Disponibilidade de bens ou serviços substitutos: quanto maior a dispo-
nibilidade de bens ou serviços substitutos em relação aos bens e serviços
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-TI[\QKQLILMXZMtWKZ]bILILILMUIVLI
A elasticidade-preço cruzada da demanda mede a sensibilidade do consumo
de um bem a uma variação do preço de outro bem relacionado. Em outras
palavras, mede a variação percentual na quantidade demandada de um bem
dada uma variação percentual no preço de outro bem substituto. Por exemplo,
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-TI[\QKQLILMZMVLILILMUIVLI
Segundo Besanko e Braeutigam (2004), a elasticidade-renda da demanda
mede a taxa de variação percentual da quantidade demandada com respeito à
renda, mantendo-se constantes todos os demais determinantes da demanda. De
uma forma bem prática ela mede quanto a demanda de um bem é afetada por
mudanças na renda dos consumidores. Através dela pode-se também determinar
se um bem é normal — cuja demanda aumenta quando a renda aumenta —, ou
inferior — cuja demanda cai quando a renda aumenta.
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-TI[\QKQLILMXZMtWLIWNMZ\I
O conceito de elasticidade-preço que estudamos anteriormente se
aplica à oferta. Só para relembrar, a elasticidade é o conceito que está
ligado à sensibilidade, isto é, a diversos graus de sensibilidade. Elastici-
dade no sentido mais amplo é a alteração percentual em uma determinada
variável (como o preço), dada uma variação percentual em outra (como a
quantidade), mantendo-se as demais variáveis estáveis. No caso da oferta,
esta sensibilidade está ligada à intenção dos produtores em ofertar bens e
serviços no mercado em função dos preços. Matematicamente, define-se
elasticidade-preço da oferta como:
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-[\Z]\]ZI[LMUMZKILW
Todos os dias um número praticamente incontável de empresas, no mundo
todo, oferta a um número ainda maior de consumidores seus bens e serviços
para consumo, ou seja, atendem a uma demanda de um determinado mercado.
As empresas buscam maximizar seus lucros frente aos seus custos e os consu-
midores buscam maximizar a sua satisfação frente à sua restrição orçamentária.
Esta interação em um determinado mercado entre consumidores e produtores,
entre demanda e oferta, resulta na determinação do preço dos bens e serviços e
pode ser abordada através de diferentes estruturas de mercado (MENDES, 2004).
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+WVKWZZwVKQIXMZNMQ\IW]X]ZI
A primeira estrutura a ser analisada denomina-se concorrência perfeita ou
pura.
É uma estrutura idealizada — um modelo, como a economia denomina —
do mercado de bens e serviços, isto é, visa descrever o funcionamento ideal
de uma economia, servindo de parâmetro para o estudo das outras estruturas
de mercado. Apesar disso, algumas aproximações dessa situação de mercado
poderão ser encontradas no mundo real, como é o caso dos mercados de vá-
rios produtos agrícolas. Nessa estrutura a interação da oferta e da demanda
determina o preço.
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5WVWX~TQW
Podemos considerar o monopólio como o oposto da concorrência per-
feita. Em alguns mercados, principalmente locais, o consumidor não tem
escolha: alguns casos bem típicos são o fornecimento de energia elétrica e o
fornecimento de água. Existem outros casos: em cidades médias o serviço de
televisão a cabo está ao encargo de uma única empresa. O mesmo acontece
com os jornais impressos. Em cidades menores, pode haver um único posto
de gasolina, um único supermercado, apenas uma farmácia. Todos esses são
exemplos de monopólios.
Resumidamente, uma determinada empresa é a única fornecedora (ofer-
tante) de bens e serviços no mercado e obviamente é ela que estabelece o
preço de venda desses produtos. Sendo assim, fica caracterizada pela total
ausência de competição (RIANI, 1998). Oliveira (2006, p. 272-3) descreve as
três hipóteses a serem cumpridas para um monopólio ser definido:
Unicidade: quando o setor ou segmento é constituído por uma única
empresa produtora.
Imobilidade: quando são criadas barreiras para inibir a entrada de outras
empresas, sendo que essas barreiras podem ser empregadas isoladamente
ou em conjunto.
Insubstituibilidade: quando não existem substitutos próximos para os
bens e serviços produzidos pela empresa monopolista.
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+WUXM\QtrWUWVWXWTy[\QKI
Até o momento vimos duas estruturas que podemos considerar extremas no
mercado: concorrência perfeita e monopólio. A concorrência monopolística
guarda certa semelhança com a concorrência perfeita em dois aspectos básicos:
presença no mercado de muitos compradores e vendedores, alta mobilidade.
A principal diferença está no fato de que na concorrência perfeita os produtos
são iguais, enquanto na monopolística os produtos são diferenciados. Oliveira
(2006, p. 286-7) descreve as quatro hipóteses a serem cumpridas para que uma
estrutura do tipo concorrência monopolística seja caracterizada:
Heterogeneidade/Diferenciação: acontece quando os produtos, apesar
de diferentes e heterogêneos, guardam uma importante relação entre seus
“similares” de mercado. Essa característica confere um determinado grau
de monopólio à empresa, o que lhe proporcionará alguma liberdade para
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7TQOWX~TQW
O oligopólio é uma estrutura de mercado que se situa entre concorrência
perfeita e os monopólios. Em alguns setores da economia verifica-se uma
alta concentração do capital, ou seja, são caracterizados por grandes cor-
porações que atendem os desejos e necessidades de um grande número de
consumidores e têm a capacidade de controlar o preço dos bens e serviços
ofertados.
Troster e Mochón Mocillo (1994, p. 164) apontam que um mercado está
configurado como oligopólio quando “ [...] existe um número reduzido de
vendedores ofertantes, diante de uma grande quantidade de compradores, de
forma que os vendedores podem exercer algum tipo de controle sobre o preço”.
Alguns exemplos dessa estrutura são os bancos, montadoras de automóveis,
companhias aéreas, serviços de telecomunicação, comércio varejista, empresas
de comunicação, petroquímicas, produtos de higiene e limpeza, e indústria
de cimento.
Na visão de Rossetti (2002), Mendes (2004), Browning e Zupan (2004) e
Oliveira (2006), as principais características dessa estrutura são: (a) o mercado
é dominado por um número reduzido de grandes corporações; (b) na maioria
dos casos, muito embora possa haver diferenciação entre os produtos das
diversas empresas, eles são perfeitos substitutos entre si, como é o caso do
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Por fim, para ajudar a fixar os conceitos, temos o Quadro 1.1 com o resumo
das características das estruturas de mercado.
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Atividades de aprendizagem
1. Considerando a fórmula matemática que representa a elasticidade-
-preço da oferta — representado por Ș —, quais são seus possíveis
comportamentos?
2. A estrutura de mercado que se caracteriza pela presença de apenas
um único fornecedor de bens e/ou serviços é:
( ) Concorrência perfeita.
( ) Oligopólio.
( ) Monopólio.
( ) Reserva de mercado.
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Fique ligado!
Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer os principais conceitos
necessários à compreensão da economia e sua relação com o ambiente
de negócios das organizações. Entre os assuntos abordados tivemos: o
entendimento dos enfoques — microeconomia e macroeconomia; o que
são e como funcionam os mercados; como se dão as interações entre
consumidores e produtores, principalmente na questão de preços; como
a sensibilidade dos preços (elasticidade) pode afetar o preço de equilíbrio;
e, finalmente, como se organizam os mercados.
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Agora, com base nos dados da tabela, analise das sentenças a seguir:
I. O preço de equilíbrio é de R$ 4,00.
II. A quantidade de equilíbrio é de 10 unidades do produto X.
III. Na tabela, a linha onde o preço é igual a R$ 2,00, a oferta é de 4
unidades e a demanda é de 12 unidades do produto X, temos uma
situação de escassez.
IV. Na tabela, a linha onde o preço é igual a R$ 3,00, a oferta é de 6
unidades e a demanda é de 10 unidades do produto X, temos uma
situação de excesso.
Agora assinale a alternativa CORRETA:
( ) Apenas a sentença II está correta.
( ) As sentenças II e IV estão corretas.
( ) As sentenças I e III estão corretas.
( ) Somente a sentença IV está correta.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
3 U L Q F t S L R V G H H F R Q R P L D
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(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
Unidade 2
3HUFHSomRGD
HFRQRPLDQRSURFHVVR
SURGXWLYR
Regina Lúcia Sanches Malassise
(&2120,$
1V\ZWL]trWIWM[\]LW
Caro aluno, normalmente, quando estudamos Macroeconomia, percebemos
que a inflação, taxas de juros ou a taxa de câmbio têm pouco efeito direto sobre
as empresas. Então, você pode estar se perguntado: por que as alterações nestas
variáveis macroeconômicas têm pouco efeito imediato sobre você ou sobre a
empresa em que você trabalha?
O motivo pelo qual os efeitos da variável câmbio não os afeta diretamente
é, exatamente, por causa do mercado do qual você participa. Neste mercado,
a formação de preços é pouco influenciada pela variação da taxa de câmbio.
Por exemplo, quem trabalha no ramo de alimentos hortifrutigranjeiros geral-
mente atua em mercados específicos ou locais, por causa da perecibilidade
dos produtos, então seus preços e suas vendas serão pouco influenciados pela
taxa de câmbio.
Em mercados específicos, os preços e as vendas podem ser afetados por
outras variáveis mais próximas, como os custos de produção, a concorrência, as
preferências dos consumidores, por exemplo. Assim, a microeconomia estuda
a empresa e o mercado no qual ela interage com as demais empresas e com
os consumidores.
Nesta unidade, vamos abordar o estudo das unidades de produção. Assim,
abordaremos a produção, os custos de produção e chegaremos a maximização
de lucro. Para melhor compreensão do conteúdo, esta unidade está dividida
em 3 seções.
Vamos iniciar nossos estudos fazendo uma explanação sobre a importância
da economia nos processos produtivos.
Seção 1 )QVNT]wVKQILIMKWVWUQIVW[
XZWKM[[W[LMXZWL]trW
Podemos dizer que o primeiro processo econômico que deve ser levado
em consideração no processo produtivo é a formação dos preços. Em espe-
cial, deve-se entender que os preços têm duas dimensões: uma interna, na qual
consideram-se os custos incorridos na produção, e outra externa, na qual o preço
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
7[XZM[[]XW[\W[Jn[QKW[LIIVnTQ[M
UQKZWMKWVUQKI
Neste ponto, vamos delimitar, nas próximas linhas, as hipóteses ou pressu-
postos que norteiam o comportamento dos agentes no mercado.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
(&2120,$
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
sapato protege os pés, todos os sapatos são feitos para isto, não
interessa a marca; por isso, qualquer sapato venderá desde que
tenha preço de mercado. Não são consideradas diferenças de
qualidade, marca embalagem etc.
Não existem barreiras à entrada, pois como as empresas são
pequenas e o capital investido também é pequeno, existe a livre
entrada e saída de firmas no mercado. Também existe a livre en-
trada de compradores no mercado.
Supõe a transparência no mercado, isto é, os preços expressam o
grau de eficiência de mercado. Esta afirmação considera que os
consumidores e vendedores têm acesso a todas as informações
sem custos, isto é, conhecem o preço, qualidade, custo, receitas
e lucros de seus concorrentes.
Supõe-se a livre mobilidade de fatores: isto significa que os in-
sumos podem ser convertidos rapidamente de um uso para outro
para atender outras necessidades. Então, a cana de açúcar tanto
serve para produzir açúcar quanto álcool, e os trabalhadores
têm as mesmas habilidades. Além disto, as empresas dominam
as técnicas de produção; elas podem se localizar em qualquer
lugar, utilizar qualquer fator de produção, sair de um lugar e ir
para outro. Enfim, caso verifiquem que não conseguirão ter o
preço de seu produto igual ao preço de mercado, elas podem
escolher produzir outro produto no qual tenham eficiência e
consigam produzir ao preço que prevalece naquele mercado.
Supõe-se que não existem externalidades, isto é, qualquer evento
que aconteça fora de sua empresa, prejudicando ou beneficiando
sua produção, não é considerado na análise.
Agora que finalizamos os estudos dos pressupostos e hipóteses necessárias
para entender a análise de mercado, podemos iniciar o estudo do mercado.
Começaremos analisando os determinantes da demanda.
Atividades de aprendizagem
1. Explique o que é preço relativo.
2. O que você entendeu por livre mobilidade de fatores?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
)MUXZM[IMIXZWL]trW
Desde o advento da Revolução Industrial na Europa nos séculos XVIII e
XIX, as empresas tornaram-se entidades de grande projeção nas sociedades,
principalmente nas que organizam seu sistema econômico com base no livre
mercado. A Revolução Industrial marcou a transição do sistema de produção
artesanal para um sistema produtivo que empregava máquinas e mão de obra
assalariada.
Atualmente, é notória a contribuição das empresas (firmas) de todos os tipos,
tamanhos, forma de constituição etc. para a difusão do bem-estar da sociedade
em geral, pois elas são os agentes econômicos que são encarregados de com-
binar os fatores de produção para a geração de bens e serviços.
No sistema econômico de livre mercado, também conhecido como capi-
talismo, as empresas privadas são as organizações responsáveis por produzir
e colocar à disposição dos consumidores a maior parte dos bens e serviços
necessários à sua satisfação.
Se compararmos a variedade de bens e serviços que a sociedade contempo-
rânea tem à sua disposição com a disponibilidade de 100 anos atrás, veremos
que foi a produtividade que permitiu o cenário atual. A produtividade pode ser
entendida como a quantidade de bens e serviços produzidos por um trabalhador
em uma hora de atividade.
Vamos definir então o que se entende por produção:
Produção é a aquisição e transformação de bens e ser-
viços em outros bens e serviços, ou seja, é a forma pela
qual uma empresa adquire insumos de produção e os
transforma, via utilização de determinado processo pro-
dutivo — tecnologia —, criando assim determinados bens
e serviços que tenham valor para os consumidores finais
(indivíduos) ou intermediários (empresas) (OLIVEIRA,
2006, p. 225).
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
(&2120,$
)XZWL]trWLINQZUI
Na análise microeconômica, o estudo da produção só foi possível graças
ao desenvolvimento do aparato teórico chamado de Teoria da Produção. Ela
aborda o processo de produção, ou seja, o processo de conversão dos fatores
de produção nos produtos finais.
Os recursos ou fatores de produção são bens cuja utilidade é derivada da
sua capacidade de serem convertidos em bens finais. Eles são classificados, em
linhas gerais, em três grupos: recursos naturais, capital e trabalho.
Por recursos naturais são entendidos todos os fatores que vêm da natureza,
como o uso da terra, extração de recursos minerais e não minerais, uso do solo
e da água, que fornecem matéria-prima. Com a recente preocupação ambien-
tal, as empresas devem se preocupar em produzir com sustentabilidade, o que
requer planejamento.
O capital normalmente é expresso no uso do dinheiro no processo de pro-
dução que é empregado em máquinas, equipamentos, prédios, instalações etc.
O trabalho representa o emprego das forças e habilidades humanas necessá-
rias para que os outros dois fatores sejam acionados e intercambiados, gerando
produção. Atualmente, é muito comum, no debate, levantar questões sobre a
qualidade do capital humano das empresas: quanto mais qualificado, maior
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
(&2120,$
)VnTQ[MLIXZWL]trWVWK]Z\WXZIbW
No curto prazo, precisamos determinar quais são os fatores fixos e variá-
veis e, então, proceder aos cálculos da produtividade média e produtividade
marginal dos fatores.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
Produtividade média
Partindo da função de produção genérica, temos que: PT = f (N,K). Esta
função representa que o produto total (PT) é função (f) do fator variável mão
de obra (N) e do fator fixo capital (K). Como vamos fazer a análise de curto
prazo, podemos reescrever a função para deixar somente o fator variável, assim,
temos: PT = f(N).
O primeiro passo é encontrar a produtividade média (PMe) do fator N.
A (PMe) é obtida dividindo-se o produto total (Q) pela quantidade empregada
e mão de obra (N). Algebricamente, temos:
PMe = PT / N
(&2120,$
8ZWL]trWITWVOWXZIbW
No longo prazo, a tomada de decisão para ampliar a capacidade de produ-
ção deve levar em conta os rendimentos de escala. Estes referem-se à análise
das vantagens e desvantagens que a empresa tem, a longo prazo, em aumentar
sua dimensão, seu tamanho, demandando mais fatores de produção é concei-
tuado como:
RENDIMENTOS DE ESCALA. Relação entre a produção de
mercadorias e a utilização de fatores de produção, como
mão de obra, capital, matéria-prima etc. O rendimento
de escala é utilizado para estudos a longo prazo e em
função da alteração de todos os fatores de produção, que
se mantêm proporcionalmente iguais entre si. É medido
pela quantidade de produto obtido por unidade de fator
de produção empregado. Em produções de pequena es-
cala, pode-se aumentar o rendimento até com o simples
aumento da produção. No entanto, esse aumento de
produção só pode ir até certo nível, pois pode diminuir
o rendimento, decrescendo a eficiência produtiva. De
maneira geral, os aumentos de rendimento de escala são
conseguidos pela especialização da mão de obra e do
trabalho realizado. Os trabalhadores concentram-se em
menor número de processos e tarefas, criando-se equi-
pes especializadas. É o que acontece em produções de
grande escala, como nas fábricas de automóveis, onde
há equipes especializadas de funcionários para cada fase
de produção. Em produções em pequena escala, isso não
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
(&2120,$
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
(&2120,$
Seção 2 +][\W[XZWL]\Q^W[
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
)VnTQ[MLMK][\W[LMK]Z\WXZIbW
Conhecidos os preços dos fatores, é sempre possível determinar um custo
total de produção ótimo para cada nível de produção. Assim, define-se custo total
de produção como o total das despesas realizadas pela firma com a utilização
da combinação mais econômica dos fatores, por meio da qual é obtida uma
determinada quantidade do produto. Os custos totais de produção (CT) são
divididos em custos variáveis totais (CVT) e custos fixos totais (CFT):
a) Custos fixos totais (CFT) são decorrentes dos gastos com os fatores fixos
de produção e correspondem a uma parte dos custos totais que tem de
ser paga de qualquer forma, independentemente da produção realizada.
b) Custos variáveis totais (CVT) são parte dos custos totais que dependem
da quantidade produzida. Identificam as despesas realizadas com os
fatores variáveis de produção (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006).
Também os custos fixos e totais podem ter seus cálculos desmembrados em
custo médio, de tal forma que:
CTMe = CT / PT => Esta é a fórmula do custo total médio (CTMe).
CFMe = CFT / PT => Esta é a fórmula do custo fixo médio (CFMe).
CVMe = CVMe / PT => Esta e a fórmula do Custo Variável Médio (CVMe).
E a evolução do custo total de produção (CT) pode ainda ser observada
pela ótica do custo marginal ou adicional (CMg). Este custo é medido pela
seguinte fórmula:
CMg = Variação no Custo Total de Produção / Variação na Produção
(&2120,$
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
(&2120,$
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
Atividades de aprendizagem
1. Diferencie custo fixo de custo variável.
2. Diferencie custo médio de custo marginal.
)ZMKMQ\ILINQZUIMIUI`QUQbItrWLW[T]KZW[
Todo o processo de produção de bens e serviços por parte dos empresários
se dá porque eles buscam alguma compensação, que é o lucro. Porém, a ob-
tenção de lucro por parte da empresa é um processo. Num primeiro momento,
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
)IVnTQ[MLMUI`QUQbItrWLMT]KZWMUNQZUI[
KWVKWZZMVKQIQ[
A maximização de lucro é um dos pontos mais importantes na teoria da
firma, ele pode ser definido como
MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS (ou Lucro Ótimo). Nível de
produção em que a diferença entre os custos e as receitas
obtidas com a venda dessa produção é a maior possível.
Pode-se localizar o ponto de lucro ótimo a partir de uma
tabela na qual constem os custos para cada nível de pro-
dução e o faturamento total conseguido com a produção
naquele nível. A maximização dos lucros será conseguida,
em teoria, quando houver a maior distância entre os cus-
tos e as receitas. Outro método consiste em determinar
o retorno obtido com a venda de uma unidade adicional
de produção. Se o retorno for superior ao custo daquela
unidade, a produção deverá ser aumentada, e repete-se
o cálculo para outras unidades adicionais, enquanto as
condições prevalecerem; se os custos se equilibrarem
com as receitas, então a produção deverá ser reduzida
(SANDRONI, 1999, p. 373).
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
Máquinas
MDO (FV) PT PMe PMg
(FF)
Unidades Unidades Unid/dia Trab/dia
10 1 6 6
10 2 14 7 8
10 3 24 8 10
10 4 32 8 8
10 5 38 8 6
10 6 42 7 4
10 7 44 6 2
10 8 44 6 0
10 9 42 5 -2
Fonte: Do autor (2014).
(&2120,$
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
(&2120,$
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
+][\W[VWTWVOWXZIbW
No longo prazo não existem custos fixos e todos os custos passam a ser va-
riáveis. Os empresários têm um elenco de possibilidades de produção de curto
prazo, com diferentes escalas de produção (tamanho) que podem escolher. No
longo prazo, a empresa pode ter:
Retornos constantes de escala: se a quantidade de insumos dobra, a pro-
dução também dobra; o custo médio é constante para todos os níveis de
produção.
Retornos crescentes de escala: se a quantidade de insumos dobra, a
produção mais do que dobra; o custo médio diminui com o aumento da
produção.
Retornos decrescentes de escala: se a quantidade de insumos dobra, a
produção aumenta menos do que o dobro; o custo médio se eleva com
o aumento da produção.
No longo prazo, as empresas se caracterizam, inicialmente, por retornos
crescentes de escala e, mais tarde, por retornos decrescentes, de modo que as
curvas de custo apresentam formato de U.
(&2120,$
Seção 3 )VnTQ[MMKWVUQKILW[K][\W[LM
XZWL]trWM[M]QUXIK\WVWUMZKILW
Até aqui estudamos a teoria da firma, que é composta pela teoria da pro-
dução, teoria dos custos de produção e da maximização dos lucros. Toda a
explicação desenvolvida tomou por base a firma concorrencial, isto é, uma
pequena empresa com um produto homogêneo num mercado no qual o custo
de capital é baixo e comporta a entrada e saída de empresas.
Porém, observamos que no mercado existem outras estruturas de mercado
diferenciadas. Você já ouviu falar em oligopólios e monopólios, estruturas de
mercado nas quais predominam grandes empresas? Elas estão presentes na
economia brasileira, e, para entender melhor o funcionamento das empresas
que atuam nestas estruturas de mercado, conforme você viu na Unidade 1
deste livro, vamos estudar mais alguns pontos relevantes da análise de custo.
-`\MZVITQLILM[
Uma empresa nunca está sozinha no espaço, à sua volta existem concorren-
tes, outras empresas de outros segmentos, uma infraestrutura física da região etc.
Pois bem, o entorno da empresa pode ter impactos sobre ela, e estes aspectos
externos recebem o nome de externalidade:
ECONOMIAS EXTERNAS (Externalidades). Benefícios
obtidos por empresas que se formam (ou já existentes)
em decorrência da implantação de um serviço público
(por exemplo, energia elétrica) ou de uma indústria, pro-
porcionando à primeira vantagens antes inexistentes. Por
exemplo, a construção de uma rodovia pode permitir aos
produtores agrícolas próximos custos de transporte mais
baixos e acesso mais rápido aos mercados consumidores.
A existência de economias externas permite em geral
uma redução de custos para as empresas e significa uma
importante alavanca do desenvolvimento econômico.
Muitas empresas, antes de tomar a decisão de se instalar
em determinados locais, avaliam seu potencial presente
e futuro de economias externas. O contrário acontece
quando a instalação de certas atividades traz aumentos
de custos para as empresas ou afugenta clientes ou, ainda,
desestimula a demanda de certos produtos. Nesse caso,
ocorrem as “deseconomias externas”, como, por exemplo,
quando indústrias contaminam com chumbo as pastagens
e águas adjacentes: o leite produzido na região pode ter
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
-KWVWUQILMM[KWXW^MZ[][MKWVWUQILMM[KITI
Pode ocorrer de uma empresa ter economia de escopo. Verificam-se eco-
nomias de escopo quando a produção conjunta de dois produtos por parte
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
de uma única empresa é maior do que a produção que seria obtida por duas
empresas diferentes, cada uma produzindo um único produto. As vantagens
surgem porque ambos os produtos compartilham o uso de capital e trabalho, na
fabricação de dois produtos a empresa compartilha recursos administrativos e
a fabricação dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento e mão de
obra com qualificação semelhante. Existe diferença entre economia de escala
e economia de escopo.
As economias de escala se referem à produção de um bem e ocorrem
quando aumentos proporcionais nas quantidades de todos os insumos levam
a um aumento mais do que proporcional na produção.
As economias de escopo se referem à produção de mais de um bem e ocor-
rem quando o custo da produção conjunta dos bens é menor do que a soma
dos custos de produzir cada bem separadamente.
Não há relação direta entre rendimentos crescentes de escala e economias
de escopo, de modo que a produção pode apresentar uma característica inde-
pendentemente da outra.
+]Z^ILMIXZMVLQbIOMU
Os trabalhadores aprendem e tornam-se experientes ao longo do tempo; isto
pode ser expresso pelo curva de aprendizagem. De fato, a curva de aprendiza-
gem mede o efeito da experiência dos trabalhadores nos custos de produção.
Essa curva descreve a relação entre a produção acumulada da empresa e a
quantidade de insumos necessária à produção de uma unidade do produto.
No caso de empresas novas, é provável que a curva de aprendizagem seja
mais relevante que as economias de escala. Os ganhos da aprendizagem são
relativamente pequenos para empresas mais antigas. A curva de aprendizagem
implica que: a quantidade de trabalho por unidade de produto diminui; os cus-
tos são inicialmente altos, mas depois caem com o processo de aprendizagem.
+][\W[M`XTyKQ\W[MK][\W[QUXTyKQ\W[
Para Passos e Nogami (2005), o custo de oportunidade também é definido
pelos economistas como o resultado da soma dos custos explícitos e dos custos
implícitos.
Custos explícitos: consistem nos pagamentos explícitos realizados pela
firma para adquirir ou contratar fatores de produção. Como exemplos
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
-TI[\QKQLILMXZMtWLIWNMZ\I
Esta também é conhecida apenas como elasticidade da oferta. Esta medida
de sensibilidade da oferta em relação ao preço de um bem resulta do fato de
que, para alguns bens, uma pequena variação no preço causa uma grande varia-
ção na oferta e para outros pode ocorrer exatamente o contrário. A elasticidade
do preço da oferta é medida ao longo de uma curva de oferta.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
7[LM\MZUQVIV\M[LIMTI[\QKQLILMLIWNMZ\I
Pode-se dizer que o grande determinante da elasticidade da oferta é deter-
minada pela possibilidade de a empresa, de forma relativamente fácil, alterar
a produção em resposta a alteração das condições de mercado.
Para algumas produções agrícolas, considera-se que há uma relativa facili-
dade de ajustamento às variações de preços (culturas anuais como o milho e
a beterraba; algumas produções animais, como a produção de aves). Porém,
quando isto não ocorre os aumentos de preços podem representar apenas au-
mento da inflação, pois a oferta não acompanha o preço.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
7XTIVMRIUMV\WKWUWKWUXTMUMV\WoOM[\rWLM
K][\W[
A empresa precisa planejar, pois o longo prazo é o período que ela tem
para crescer. E o longo prazo se constitui numa série encadeada de decisões
que a empresa toma no curto prazo.
Em primeiro lugar, a empresa precisa buscar organizar todas as informações
de que dispõe, começando pelas informações internas da empresa. Depois ela
poderá expandir sua busca pesquisando na internet, em revista especializadas
do setor, procurando ela mesma, a partir deste conjunto de informações, traçar
um caminho, uma rota que a empresa deverá seguir para crescer.
Apenas para ilustrar vamos observar o caso da economia chinesa; neste país
já se sabe que o grande problema do futuro será prover a alimentação do povo.
Então, os chineses começaram a investir no Brasil, vindo para cá tanto como
empreendedores individuais, quanto em grupo de investidores, em especial
adquirindo terras e fazendo parcerias com produtores visando garantir a longo
prazo que terão condições de suprir sua demanda por alimento. Esta estratégia
está atrelada ao fato de que ao estabelecer contratos prévios com produtores
brasileiros, ela garante que pagará preços previamente estabelecidos evitando
ficar à mercê de uma escassez futura de alimentos.
Pois bem, você tem alguma ideia de qual é a perspectiva de crescimento
da empresa em que você trabalha? Atualmente discute-se ou se apresenta aos
funcionários algum planejamento no qual fiquem claros quais são os próximos
passos da empresa?
De fato, na cultura brasileira o planejamento nas pequenas empresas é
muitas vezes deixado de lado, pois os empresários envolvidos na rotina do
dia a dia não param para planejar. Muitos acreditam que o planejamento se
expressa apenas pelo controle de custos e uma boa política de preços, mas o
planejamento envolve muito mais que isto.
É necessário incorporar nas rotinas da empresa um tempo para pensar o
planejamento estratégico cujo melhor entendimento é que ele é um processo
administrativo que visa estabelecer a melhor direção a ser seguida pela em-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
Atividades de aprendizagem
1. Explique o que é externalidade.
2 Diferencie economia de escala de economia de escopo.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
Fique ligado!
Nesta unidade, estudamos especificamente a produção e os custos de
produção. Verificamos que a economia verifica os processos de produção
enquanto busca melhor alocação ou alocação eficiente de fatores escassos.
Neste sentido, a teoria microeconômica dos custos de produção informa
que o dimensionamento da capacidade produtiva da empresa deve atentar
para a existência de custos fixos e custos variáveis de produção. E, por
fim, a análise econômica dos custos de produção destaca os impactos
destes sobre o mercado de tal forma que as estratégias de diversificação
de custos das empresas podem se alterar ao longo do tempo.
3 H U F H S o m R G D H F R Q R P L D Q R S U R F H V V R S U R G X W L Y R
(&2120,$
:MNMZwVKQI[
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(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
Unidade 3
2DPELHQWHHD
HFRQRPLD
José Alfredo Pareja Gómez de la Torre
Objetivos de aprendizagem:
Compreender a dinâmica macroeconômica nas atividades
econômicas de uma sociedade.
Conhecer como o papel do Estado apoia e interatua nas
atividades econômicas.
Saber como a análise dos agregados econômicos é impor-
tante para a gestão macroeconômica.
Discernir e saber interpretar como as políticas econômicas
podem estabilizar e nortear o desenvolvimento da dinâmica
econômica.
Descobrir como a política externa apoia as atividades comer-
ciais e produtivas da economia como um todo.
Aprender como as relações internacionais junto com as po-
líticas econômicas ajudam a dinâmica de desenvolvimento
econômico.
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
1V\ZWL]trWIWM[\]LW
Estamos iniciando mais uma unidade de estudos, em que abordaremos concei-
tos focados ao clima geral da economia. Nesta unidade, você terá a oportunidade
de conhecer sobre o ambiente econômico de sociedade e sobre os agregados
econômicos que ajudam a atividade comercial e produtiva, conhecimentos que
complementam seus estudos de microeconomia abordados nas outras unidades.
Seção 1 1V\ZWL]trWoUIKZWMKWVWUQIM
\MWZQIXWTy\QKIMKWVUQKI
Nesta seção, vamos entrar em contato com a macroeconomia. Em termos
comparativos, o que aconteceria com o ecossistema de uma grande floresta sem
a flora e fauna de cada m² que faz parte dela? Pois bem, sem a flora e fauna
de cada canto da floresta o grande ecossistema florestal pararia de existir; por
outro lado, sem a dinâmica do ecossistema como um todo cada cantinho não
poderia se desenvolver. O mesmo acontece na economia: sem a dinâmica da
microeconomia a macroeconomia não poderia atuar.
Assim, para ter uma visão sistêmica (global) da dinâmica econômica do
Brasil e do mundo, é necessário compreender os conceitos macroeconômicos
a serem estudados nesta unidade. Mas será que isso vai agregar valor a suas
competências como profissional? Sim e muito, pois para se ter uma boa pers-
pectiva do entorno de uma empresa é fundamental compreender as tendências
econômicas que possam impactar nas suas atividades, tais como: inflação, taxa
de juros, desemprego, crescimento econômico, perspectivas de desvalorização
ou valorização da moeda etc. Nesta unidade você irá abordar alguns conceitos
e definições bem interessantes da macroeconomia.
-^WT]trWLIUIKZWMKWVWUQI
Até finais do século XIX a ciência econômica focava a sua análise, majorita-
riamente, nos processos microeconômicos, ou seja, analisava a inter-relação dos
interesses econômicos dos consumidores e dos produtores no mercado. Mas nessa
época começaram a existir severas críticas ao sistema capitalista, situação que
levou a ciência econômica para novos horizontes de análise, especialmente no
referente a desigualdades sociais, extrema pobreza e crises econômicas contínuas.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
Essa análise crítica abriu a discussão para novos sistemas econômicos com
mais sentido social. Dessa crítica bem-argumentada ao capitalismo nasceram
os conceitos econômicos da teoria marxista-socialista de Karl Marx e de outros
economistas da época, levando para novos patamares a análise dos questio-
namentos econômicos. Essas novas teorias de uma economia mais focada ao
social abordaram a falta de ação do Estado nas questões econômicas, das
desigualdades sociais e lutas de classe, e das imperfeições em si do mercado.
Nessa época, século XIX, especialmente os economistas clássicos e neoclás-
sicos relegavam ao Estado apenas as funções básicas de: segurança nacional,
ordem jurídica e controle dos direitos da propriedade privada, principalmente.
Assim, o Estado deveria deixar o setor privado se preocupar com a produção,
distribuição e comércio dos produtos e serviços, pois, segundo a teoria eco-
nômica clássica, o mercado é a mão invisível perfeita que norteia a dinâmica
dos agentes econômicos.
Esse argumento é válido até os dias de hoje, mas, com o aumento acelerado
da riqueza nas nações europeias do século XIX, as diferenças sociais e as crises
econômicas só aumentavam, gerando um desconforto constante na sociedade.
Ficando ao descoberto que a mão invisível do mercado não era 100% perfeita,
precisava-se de um apoio, ou seja, a ajuda do Estado para nortear e corrigir as
imperfeições econômicas. Aos poucos, o Estado foi participando da dinâmica
econômica, com objetivo de analisar os agregados econômicos, dar estabilidade
social e nortear as perspectivas econômicas de uma sociedade. Desta maneira,
o Estado começou direta e indiretamente a tentar melhorar os indicadores
sociais e fazer gestão de manter uma estabilidade nas atividades econômicas.
Caro acadêmico, essa foi uma breve análise de como nasceu a macroeco-
nomia e quais são alguns de seus principais objetivos na atividade econômica
de uma sociedade. Agora, vamos abordar a questão da dinâmica do fluxo
econômico e onde é que a macroeconomia consegue apoiar na estabilidade
desse fluxo.
.T]`WMKWVUQKW
Como você viu nas outras unidades, na análise econômica existem os agen-
tes econômicos que atuam no mercado, os quais são classificados como as
famílias, os consumidores, satisfazendo às suas necessidades, através da renda
disponível para consumir os produtos processados pelas empresas. As empresas
oferecem produtos e serviços às famílias, produzindo e comercializando os
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
Neste fluxo você pode observar que as famílias fornecem mão de obra em
junção aos outros recursos produtivos. Em contrapartida, as empresas fornecem
produtos e serviços necessários para que as famílias possam satisfazer às suas
necessidades.
Nesse contexto do fluxo, em troca de que as famílias vão fornecer seu recurso
humano às empresas? E as empresas, em troca de que vão oferecer seus produtos
e serviços às famílias? As pessoas vão oferecer seu recurso humano em troca de
salário e as empresas vão oferecer seus produtos e serviços aos consumidores
em troca de dinheiro no mercado. Assim, o fator dinheiro nos leva a adicionar
mais um elemento nesse fluxo econômico, o fluxo monetário, ou seja, a troca no
mercado de recursos produtivos e produtos terminados em função do dinheiro.
Desse fluxo monetário nasce o fluxo monetário e econômico.
Deste modo, os recursos produtivos são fornecidos por meio de renume-
rações. Logo esses recursos, entre eles o recurso humano, entram no valor da
cadeia produtiva das empresas, para logo ofertar produtos e serviços às unidades
familiares em troca de dinheiro. Os recursos produtivos são remunerados sobre
a seguinte ótica (Tabela 3.1).
(&2120,$
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
>IbIUMV\W[VWNT]`WUWVM\nZQW
Segundo a teoria macroeconômica de Keynes, toda renda recebida pelas
famílias deveria ser gasta no consumo, do contrário as empresas poderiam
acumular estoques e reduzir a produção. E com essa diminuição da produção
as empresas contratam menos funcionários, assim, haverá menor renda para
gastar por parte das famílias; e procuram menores quantidades de recursos
produtivos, assim, as empresas fornecedoras diminuirão suas vendas e também
reduzirão o número de funcionários. Nessa condição, a economia entra em
um ciclo econômico negativo, diminuindo o volume de consumo das famílias
e empresas diminuindo contratações, ou seja, vai-se diminuindo a demanda
agregada da economia com um todo.
Em condições normais, existe sempre uma porcentagem da renda das famí-
lias que não é gasta, o problema em si acontece quando as famílias começam
aumentar além do “normal” e essa renda não é gasta. Mas qual será essa renda
não gasta pelas famílias? Em economia essa renda não gasta no consumo é
conhecida como: vazamentos do fluxo circular da renda, que acontece por
três grandes motivos: Poupança: toda família tenta poupar parte de sua renda
para garantir o futuro. Impostos: parte da renda é retida como impostos. Impor-
tações: parte do gasto das famílias vai para o consumo de produtos e serviços
importados; como essas mercadorias não são produzidas nacionalmente, esse
gasto vai para as empresas de outros países, incentivando assim as indústrias
desses países e desmotivando a indústria nacional.
Mas será que esses vazamentos não voltam ao fluxo circular da renda?
Voltam sim, através de recursos reinjetados no sistema econômico, mas como?
Para responder a essa pergunta, vamos analisar cada um dos vazamentos e suas
respectivas injeções ao sistema.
Poupança: o dinheiro poupado pelas famílias vai para o sistema financeiro,
logo, por meio dos bancos comerciais e demais entidades financeiras,
esse dinheiro poupado volta à economia através de empréstimos. Logo,
esse vazamento volta ao fluxo circular da renda.
Impostos: os impostos retidos às famílias vão ao Estado para cobrir gastos,
entre eles salários e investimentos, assim, esse vazamento volta ao fluxo
circular da renda.
Importações: assim como o Brasil importa produtos e serviços de outros
países, o Brasil também exporta, logo, esse vazamento volta ao fluxo
circular da renda.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
Atividades de aprendizagem
Por que um aumento nos vazamentos do fluxo circular da renda prejudica
a economia, e como esses vazamentos podem ser corrigidos?
7-[\ILWKWUWIOMV\MI\Q^WVIMKWVWUQI
Na sociedade moderna o Estado, além dessas funções básicas, faz um papel
importante na economia, especialmente a partir da década de 1930. Época da
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
(&2120,$
Do exposto acima vale a pena observar que: O Consumo das famílias (C)
depende da renda disponível das pessoas e o Investimento das empresas (I)
depende das condições adequadas e perspectivas das empresas para gerar
lucro. É fundamental que as perspectivas econômicas sejam adequadas, pois
disso dependem a geração de novos empregos e a competitividade produtiva.
Uma queda nos investimentos (I) leva a reduzir a DA, levando a uma queda
na oferta de emprego, uma queda nas ampliações dos negócios e uma falta
na renovação de equipamento novo, entre outras. Nesse contexto, começa a
atuar a macroeconomia, pois através das ferramentas da política econômica o
governo pode nivelar a nortear qualquer risco de mudança na demanda agre-
gada, tema que vamos ver na continuação.
8WTy\QKIMKWVUQKI
A política econômica é um conjunto de ações utilizadas pelo governo em
vistas de atingir objetivos que possam ter um impacto nas atividades econômi-
cas, tanto de curto prazo, como de longo prazo.
As Políticas Econômicas de curto prazo têm objetivos de até um ano, ou seja,
fazem parte das metas conjunturais. Elas visam promover, entre outras coisas,
o pleno emprego e o controle da inflação. Ao aumentar o emprego além da
capacidade produtiva nacional, a demanda agregada cresce mais rápido que
a oferta agregada, aumentando a pressão inflacionária. Sobre a estabilidade da
inflação vale a pena observar que:
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2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
Atividades de aprendizagem
Qual a diferença entre uma política econômica de curto prazo e uma de
longo prazo?
8WTy\QKINQ[KIT
Dentro desta política temos duas grandes áreas de atuação, a política de
gastos públicos, ou seja, o controle dos gastos do governo; e a política tribu-
tária, a capacidade de arrecadação de impostos. Essas duas ferramentas, entre
outras, são aplicadas para atingir as políticas econômicas de curto prazo de
emprego e inflação, ou seja, visam estimular ou inibir a demanda agregada.
Observe que a política fiscal:
Consiste no uso de impostos e despesas do governo.
Despesas do governo ocorrem de duas formas distintas.
Primeiro existem as compras do governo. Essas abrangem
os gastos em bens e serviços — compras de tanques,
construção de estradas, salários de juízes etc. Além disso,
existem os pagamentos de transferência do governo,
que impulsionam as rendas de grupos específicos, como
idosos e os desempregados (SAMUELSON; NORDHAUS,
2004, p. 338).
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(&2120,$
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
(&2120,$
Seção 2 +WV\IJQTQLILMVIKQWVITMI[XMK\W[
UWVM\nZQW[LIMKWVWUQI
Para uma gestão macroeconômica eficiente que possa manter e, inclusive,
dinamizar ainda mais o sistema econômico de uma sociedade, os governos,
bem como a sociedade em geral, precisam de informação atualizada sobre a
realidade econômica. Para isso eles têm como ferramentas os agregados macro-
econômicos, os quais tomam conta da classificação e mensuração sistemática
das transações que geram valor econômico. Mas como é que pode ser obtida
essa informação? Essa informação é obtida e processada por meio da Conta-
bilidade Social, que pode ser definida como o registro contábil da atividade
produtiva de um país ao longo de um determinado período de tempo.
+WV\I[VIKQWVIQ[
A maneira de interpretar a Contabilidade Social é através do registro das
contas nacionais, em que é feita a medição e classificação da atividade eco-
nômica a partir das transações já realizadas durante um período. Uma das
contas nacionais mais importantes para determinar a atividade econômica é o
produto nacional bruto (PIB). Mas quais serão, além do PIB, as demais contas
nacionais que registram os agregados econômicos? Entre as principais temos:
o Produto Interno Bruto (PIB), o Produto Nacional Bruto (PNB) e a Renda
Nacional (RN). Nesse registro nacional devemos considerar que não são todas
as transações feitas no mercado que são registradas assim:
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
)VnTQ[MLI[KWV\I[VIKQWVIQ[
Os agregados fazem referência à atividade econômica desde três óticas:
Perspectiva da produção, analisando a produção de bens e serviços finais,
medida através das transações das empresas feitas no mercado. Perspectiva
das despesas, analisando a venda de bens e serviços finais, medida através das
transações feitas no mercado pelas famílias ou consumidor. E Perspectiva da
geração de renda, analisando a renda gerada no processo de produção, medida
por meio dos: salários, lucros, juros e aluguéis, transações geradas no mercado
de fatores de produção.
Como você observou, são três tipos de perspectivas que registram o com-
portamento econômico com um todo, chegando a prestar informação muito
importante para corrigir e melhorar a atividade econômica. Voltando às contas
nacionais, vamos observar como é feito o cálculo desses agregados por meio
de um exemplo bem simples.
Vamos estudar os valores agregados na produção de pão e macarrão, em
que somente haverá uma atividade produtiva no processo industrial da fabrica-
ção do pão e macarrão, assim, a Empresa A (agrícola) produz trigo; a Empresa
B (moinho) produz farinha; a Empresa C (industrial) produz pão; e a Empresa
D (industrial) produz macarrão. Tendo esses elementos referenciais, agora
vamos aplicar a simulação, considerando os seguintes recursos produtivos:
mão de obra, cálculo monetário feito através dos salários. Recurso financeiro,
cálculo monetário feito através do pagamento de juros recorrentes da compra
de equipamento. Bens imóveis, cálculo monetário feito através do pagamento
de aluguel aos donos da terra e dos galpões. E lucros, cálculo monetário feito
através da geração de lucro desses centros produtivos.
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(&2120,$
Tabela 3.3 Cálculo da geração valor no processo da cadeia produtiva na fase industrial
Tabela 3.4 Cálculo da geração valor no processo da cadeia produtiva na fase comercial
Agora vamos analisar passo a passo a geração de valor tanto do pão como
do macarrão.
Geração valor na produção de trigo: o agricultor vendeu a sua produção
de trigo em 200, cobrindo assim seus custos e o lucro esperado.
Geração valor na produção de farinha: neste nível da cadeia o moinho
compra o trigo em 200, processa-o e logo vende farinha em 380. Neste
ponto a geração valor foi de:
+ 180 = 380 – 200 à 380 da venda da farinha menos 200 do custo do
insumo trigo.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
Logo: 200 + 180 (380 - 200) + 105 (295 - 190) + 115 (305 - 190) = 600.
Portanto, depois de observar o comportamento desse processo produtivo,
bem simples, podemos definir o valor adicionado ou agregado econômico como:
(&2120,$
78ZWL]\W1V\MZVW*Z]\W81*
Com certeza você deve ter escutado do PNB e PIB, mas qual a diferença
entre essas duas grandes contas nacionais? Para responder isso, a seguir veremos
as definições de cada uma das contas nacionais mais importantes, para logo
analisar a diferença entre PNB e PIB, vamos lá?
Contas nacionais. As contas nacionais servem para levar o registro de todos
os agregados econômicos durante um período de tempo, por anos e trimes-
tres. Assim, é um instrumento que sintetiza as transações correntes, por meio
de uma representação geral dos agregados da produção, dos rendimentos, e
das despesas dos agentes econômicos, inclusive considerando o setor externo
(exportações menos importações).
Produto nacional. O Produto Nacional (PN) é o valor de todos os bens e
serviços finais (a preço de mercado) produzidos num dado período de tempo,
em que:
PN = ∑ pi x qi
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
DN = C + I + G + (X — M)
C Despesas das famílias com bens de consumo.
I Despesas das empresas com investimentos.
G Despesas do governo.
X—M Despesas líquidas com o setor externo, exportações — importações.
(&2120,$
Identidade básica das contas nacionais. Se observar todas essas contas le-
vam para um valor final igual, logo, botando no contexto da economia que só
produz trigo: PN = DN = RN = 600, o Produto Nacional = Despesa Nacional
= Renda Nacional.
,QNMZMVtIMV\ZM8ZWL]\W6IKQWVIT*Z]\W86*M
8ZWL]\W1V\MZVW*Z]\W81*
Agora sim, logo de ter conhecimento das contas nacionais, podemos ob-
servar qual a diferença entre PNB e PIB. A grande diferença é renda líquida
do setor externo, ou seja, a renda recebida menos a renda enviada ao exterior.
As economias modernas também têm uma dinâmica internacional. Portanto,
deve-se considerar sempre o comércio internacional de um país; não há país
no mundo que consegue dar conta de sua economia isoladamente.
A dinâmica internacional considera as exportações mercadorias nacionais
compradas pelos estrangeiros e as importações mercadorias estrangeiras compradas
por brasileiros.
Produto Interno Bruto (PIB): é a somatória de todos os bens e serviços finais
produzidos dentro do território nacional durante um período, valorizados em
moeda corrente, sem levar em consideração os fatores de produção que são
de propriedades de residentes ou não, ou seja, sem levar em consideração a
produção de pessoas físicas e jurídicas do exterior.
Produto Nacional Bruto (PNB): é a somatória de todos os bens e serviços
finais produzidos por empresas que são de propriedade de residentes no país.
Não incluem as multinacionais estrangeiras.
Logo, o PNB será o PIB mais a renda líquida recebida do exterior:
Para enxergar isso, vamos supor que no PIB do Brasil é considerado o valor
gerado por uma montadora de carros estrangeira que pertence a uma corporação
dos Estados Unidos. Deste modo, o lucro dessa montadora está considerado
no PIB do Brasil, mas não no PNB. Isso acontece porque essa empresa é es-
trangeira e levará seu lucro para a casa matriz nos Estados Unidos, e no PNB
considera só a renda líquida do setor externo. Por isso, para calcular o PNB
de uma nação deve-se considerar a renda enviada ao exterior menos a renda
recebida de fora, levando em consideração:
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2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
81*ZMIT^[81*UWVM\nZQW
Agora que já sabemos a diferença entre PIB e PNB, vamos dar mais um
passo: a interpretação entre PIB real e PIB monetário. A seguir vamos mostrar
um quadro de crescimento do PIB monetário do Brasil desde o ano de 2002
até o ano de 2010.
(&2120,$
8WTy\QKIUWVM\nZQI
Além da Política Fiscal, há outra grande ferramenta disponível pelo governo
na hora de incentivar ou inibir a DA, a Política Monetária, política econômica
que mexe com a quantidade de moeda em circulação e a massa monetária,
instrumentos que podem, dependendo das necessidades do momento, estimular
o consumo ou parar as pressões inflacionárias. Para compreender a Política Mo-
netária, temos que saber que existem dois tipos de moeda, manual e a escritural.
A moeda manual é definida como o papel-moeda em si e pelas moedas
metálicas em circulação, moeda que pode estar nas mãos das pessoas ou nos
depósitos à vista da rede bancária nacional, ou seja, o dinheiro em contas que
pode ser utilizado em qualquer momento.
A moeda escritural é definida como os depósitos bancários a serem usados
como meio de pagamento, através do uso de cheques, transferências bancárias
e cartões de crédito. Esse é o tipo de moeda que tem aumentado, aliás, e muito
durante as últimas décadas. Para ser ter um referencial, em 2008 a moeda
nacional estava distribuída da seguinte forma: 41,34% em moeda manual,
R$ 92.378 milhões e 58,66% em moeda escritural.
Agora, vamos analisar como o aumento na oferta destas moedas pode ter
uma implicação direta sobre as atividades econômicas e sobre a inflação. Assim,
para aumentar, manter ou, inclusive, diminuir a massa monetária disponível
na economia, o governo tem as seguintes ferramentas monetárias: emissão de
moeda, depósitos compulsórios, operações de open market (mercado aberto),
operações de redesconto, taxa de juros e regulamentação sobre o crédito.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
(&2120,$
Isso quer dizer que a moeda circulou 12,57 vezes no decorrer de 2010. Ou
seja, para gerar R$ 3.770 bi de PIB, não foi necessário gerar fisicamente esse
enorme valor monetário, R$ 3.770 bi. Pois temos que considerar que só exis-
tiam R$ 280 bi de massa monetária em si, mas que gerou renda passando de
mão em mão durante esse ano. Ou seja, no exemplo só foi necessário 7,43%
do PIB, para gerar todas as transações comerciais desse ano, eis o quesito do
poder multiplicador do dinheiro.
Portanto, o governo, através da equação M x V = PIB = DA, pode estimular
ou inibir a Demanda Agregada (DA). Ou seja, através da emissão de moeda
em si ou incentivando a velocidade de giro dessa massa monetária o governo
pode aumentar ou inibir a DA. Agora que já conhecemos a teoria quantitativa
da moeda, vamos estudar os diferentes instrumentos que o governo utiliza para
incentivar ou inibir a Demanda Agregada.
Depósitos compulsórios. Depósitos que representam uma parcela dos
depósitos à vista que as instituições financeiras são obrigadas a depositar no
Banco Central. Como exemplo, vamos supor que a porcentagem dos depósi-
tos compulsórios seja de 40%, logo, de cada R$ 1,00 que foi depositado no
sistema financeiro 40% irá ao Banco Central e 60% ficará disponível para que
os Bancos possam emprestar.
O Depósito compulsório tem um efeito multiplicador, aumenta ou diminui
o giro da moeda em circulação. Assim, cabe ao governo decidir qual será a
porcentagem dele, na medida de suas necessidades de incentivar ou inibir
a Demanda Agregada. Portanto, quanto menor for o Depósito Compulsório,
maior será a velocidade de multiplicação da moeda escritural. Logo, maior
será a quantidade de dinheiro disponível, resultado? Incentivador da Demanda
Agregada. E quanto maior seja o Depósito Compulsório, menor será a veloci-
dade de multiplicação da moeda escritural. Logo, menor será a quantidade de
dinheiro disponível, resultado disso? Inibidor da Demanda Agregada.
Taxa de juros. Esse é um dos instrumentos mais efetivos para controlar a
inflação. Através dos juros pode-se incentivar ou inibir a velocidade de circu-
lação da moeda, fazendo girar mais vezes a massa monetária num período,
ou seja, mais dinheiro circulando. Assim, quando o Banco Central aumentar
a taxa de juros, o governo desestimula o consumo e os investimentos das
empresas, ações que reduzem o giro da massa monetária, logo, reduzem a
DA e, portanto, as pressões sobre a inflação. Outro efeito do aumento dos
juros é que estimula o investimento financeiro e ao aumentar os investimen-
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
Atividades de aprendizagem
Como pode ser aumentar ou inibir a Demanda Agregada (DA) por meio
da teoria quantitativa da moeda?
)[N]VtM[LIUWMLI
Até agora temos estudado o papel do governo através da Política Fiscal e
Monetária. Mas, para ter uma visão mais clara de como atuam essas políticas
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
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2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
Seção 3 8WTy\QKIM`\MZVILIMKWVWUQIM
LM[MV^WT^QUMV\WMKWVUQKW
Caro acadêmico, você sabe quantas transações internacionais estão envol-
tas na compra de um produto no mercado? É difícil de determinar, mas com
certeza são muitas, hoje não há país que esteja 100% isolado do resto do
mundo. Todos os países dependem, alguns mais, outros menos, do mercado
internacional de: matérias-primas, insumos, equipamento, tecnologia, capital,
produtos e serviços de consumo final, entre outros. Assim, hoje há uma série
de transações comerciais e financeiras que dinamizam a economia de cada um
dos países que fazem parte do cenário econômico internacional.
Nos últimos anos, essas transações internacionais não param de crescer,
reflexo da integração comercial e financeira entre os países. Grande parte dessa
integração é mais uma verificação de que o mundo é cada dia mais um grande
ambiente global, onde as comunicações, inovações e aprimoramento logístico
ajudam em grande parte nessa dinâmica. Nesse contexto é que nesta seção
vamos estudar os principais conceitos da política externa e contas externas, e
como ela pode ajudar a economia brasileira. Logo, vamos estudar o conceito
de desenvolvimento econômico, ligado às bases teóricas das políticas econô-
micas, e como as ideias de desenvolvimento podem ajudar no crescimento e
na dinâmica da economia brasileira.
8WTy\QKIM`\MZVILIMKWVWUQI
A política externa de um país irá determinar as diretrizes das relações co-
merciais e financeiras com o resto do mundo. Para atingir isso, os países contam
com a política cambial e comercial, ajudando a gestão das contas nacionais
que monitoram as transações comerciais internacionais, ou seja, ajudando ao
balanço de pagamentos.
Política cambial e comercial. Cada país tem sua própria dinâmica econô-
mica, ponderando e abordando como vai interagir com o resto do mundo; nesse
contexto é que os governos determinam a política cambial e comercial. Os
governos podem definir a maneira como sua moeda nacional vai se relacionar
e qual poderá ser o valor relativo de sua moeda em função de sua capacidade
competitiva e do valor das moedas estrangerias. O modo como um país quer
determinar o valor relativo de sua moeda irá determinar a política de câmbio,
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
mas quais são essas políticas? Existem basicamente duas: Política de Taxa Cam-
bial flutuante e a de Taxas Fixas.
Política de taxa cambial flutuante. Nesta situação, a autoridade monetária
deixa flutuar o valor da moeda em relação às moedas estrangerias, deixando ao
mercado determinar o valor relativo da taxa de câmbio. Como mercado de câm-
bio entende-se as forças da demanda e oferta de moeda nacional em função das
estrangeiras. Essas forças são determinadas basicamente pela entrada de recursos
monetários de fora e pela saída para outros países. As entradas de dinheiro estão
determinadas pelas exportações, investimento estrangeiro, entre outras; e as saídas
de dinheiro pelas importações, pagamento da dívida externa, entre outras.
Uma das grandes vantagens da taxa de câmbio flutuante é que a moeda
gradativamente vai se encaixando com as forças do mercado, assim, dificilmente
a moeda poderá sofrer um ataque especulativo, ou inclusive desenvolver um
mercado paralelo de câmbio.
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
(&2120,$
Atividades de aprendizagem
No regime da taxa de câmbio flutuante, é o mercado que determina o
valor da taxa de câmbio. Nesse contexto, quais as forças que determinam
esse mercado?
7JITIVtWLMXIOIUMV\W[
As relações comerciais e financeiras de um país com o resto do mundo
são medidas através do balanço de pagamentos, conta nacional que registra
as transações comerciais e financeiras do setor externo da economia. Como
resultado final desse registro apresenta-se o saldo do balanço de pagamentos,
que determina o aumento ou diminuição das reservas internacionais de um
país. São reservas com uma importância chave para a dinâmica econômica,
pois servem para garantir as transações internacionais, logo, quanto maiores
forem estas, mais estável será a taxa de câmbio. O balanço de pagamentos “[...]
é um demonstrativo sistemático de todas as transações econômicas entre o país
e o restante do mundo. Seus componentes principais são a conta corrente e a
conta financeira” (SAMUELSON; NORDHAUS, 2004, p. 486).
Em termos de valor, a reserva internacional de um país é medida por meio
de uma cesta de moedas estrangeiras de alta circulação internacional e de
valor estável, tais como o dólar americano, euros, ienes e libras-esterlinas,
conhecidas como as divisas internacionais. Além das divisas internacionais, as
reservas também podem ter na sua cesta o metal precioso ouro, como reserva
de valor. Apesar de as reservas internacionais serem, ao final de conta, uma
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
cesta de divisas e ouro, aplica-se o dólar como valor referencial desta. Mas
por que isso? A conta do balanço de pagamentos tem um valor referencial em
dólares americanos, porque é a moeda com maior circulação internacional e
aceitação em qualquer país do mundo.
Se, por motivos de uma crise econômica prolongada e se não houver reser-
vas internacionais suficientes, a taxa de câmbio ficará muito exposta e instável,
botando pressão para fortes desvalorizações. Nesse contexto, o Brasil deveria
solicitar empréstimos internacionais para manter um valor mínimo nas reserva
de divisas. Eis a importância de manter um valor mínimo necessário de divisas,
pois atuam como reserva para manter um mínimo de tempo indispensável
ao fluxo monetário externo. Assim, para qualquer país é fundamental manter
uma boa gestão e planejamento dessa entrada e saída de divisas, tendo como
instrumento de medição o balanço de pagamentos, o qual é composto por
várias subcontas nacionais que descrevem as relações comerciais e financeiras
do país com o resto do mundo.
Balança comercial. A balança comercial mede os ingressos e saídas de
divisas do país decorrentes das exportações e importações. Em outras pala-
vras, é o valor líquido do comércio internacional. Mas quais os impactos das
variações da balança comercial? Dependendo do saldo líquido do comércio
internacional, elas fazem aumentar e/ou diminuir as reservas internacionais,
portanto, podem ter um forte impacto na taxa de câmbio.
Balança de serviços e valor das transferências unilaterais correntes. É
a segunda grande conta do balanço de pagamentos e é composta de várias
subcontas, de entrada e saída de divisas, entre as mais importantes: rendas
de capitais (rendimentos financeiros), despensas em viagens, transportes, se-
guros, serviços governamentais e serviços diversos. Da balança de serviços
destaca-se a subconta de rendas de capitais, que abrange: as despesas com
pagamento de juros da dívida externa, pública ou privada; os lucros financeiros
no exterior; e as entradas e saídas das remessas de lucros e dividendos das
empresas estrangeiras instaladas no país, assim como das empresas brasileiras
instaladas no exterior.
Saldo em transações correntes. O saldo em transações correntes é igual
ao saldo da balança comercial + saldo da balança de serviços. Logo, temos
que: saldo de transações correntes = valor líquido da balança comercial +
valor líquido da balança de serviços + valor das transferências unilaterais
correntes. Historicamente, esse saldo no Brasil tem sido negativo, só entre
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(&2120,$
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
Caso um país fique sem reservas internacionais, ele não dará conta de pagar
suas importações, como tampouco poderá liquidar seus compromissos externos.
Deste modo, será forçado a decretar moratória nas suas dívidas. Será que o
Brasil já passou por essa situação complexa? Duas vezes, a primeira em 1982
e a segunda em 1987. Somente na década de 1990 é que o Brasil acalmou o
mercado financeiro internacional e os investidores, ficando até a atualidade
como um país relativamente atrativo para se investir.
Observe que o Brasil, em 2009, tinha US$ 239 bilhões de Reservas Interna-
cionais, volume suficiente ao equivalente de aproximadamente quatorze meses
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
Atividades de aprendizagem
Como impacta no Balanço de Pagamentos um aumento nas importações?
,M[MV^WT^QUMV\WMKWVUQKW
O desenvolvimento econômico que possa se manter ao longo dos anos é o
objetivo de qualquer país, pois o crescimento esporádico com crises periódicas
é a trilha à desigualdade social e a um aumento de concentração da renda, que
não gera nem dinâmica econômica, nem social. Um país assegura o desenvolvi-
mento econômico à medida que sua classe média vai aumentando; eis uns dos
objetivos da teoria do desenvolvimento, como fazer para aumentar, e de maneira
sustentável, a classe média de uma sociedade. Em termos históricos, a partir das
grandes flutuações econômicas do século XIX e da grande depressão da década
de 1930 é que os economistas começaram a analisar o crescimento econômico
mais como um objetivo de desenvolvimento da sociedade como um todo.
Nesse contexto, o registro dos agregados econômicos da Contabilidade
Nacional fez que muitas nações pudessem ter ferramentas de análise para
melhorar as condições de oportunidade da microempresa, as condições do
emprego e as condições de bem-estar da sociedade.
781*KWUWUMLQLILMJMUM[\IZ
Muito se tem falado sobre o fato de o PIB não ser o único referente eco-
nômico de um país, mas ser um referente para se ter uma ideia comparativa
do tamanho e força da economia em função da economia dos outros países,
comparação padronizada em dólares americanos. Porém, o mero tamanho do
PIB de um país não é determinante da renda per capita e do bem-estar de sua
população; há a necessidade de ter maiores elementos de comparação.
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2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
(&2120,$
Observe que o Brasil, embora seja a sexta potência mundial em 2012, ainda
tem que trabalhar, e muito, no referente ao quesito do bem-estar social.
,M[MV^WT^QUMV\WMU]LIVtILMM[\Z]\]ZI
Um desenvolvimento econômico que possa se manter no tempo precisa de
mudanças de estruturas em várias áreas, tais como: mudanças logísticas, sociais,
institucionais de distribuição da renda, educacionais, entre outras. Algumas
destas mudanças podem ser atingidas em médio prazo, entre 1 e 5 anos, e ou-
tras precisam de maior tempo para apresentar resultados à sociedade, tal como
uma mudança na estrutura educacional nacional, aliás, quesito fundamental
para um crescimento de longo prazo do país.
Todas essas mudanças de uma maneira ou outra terão implicações tanto
na competitividade (capacidade produtiva) como na capacidade de exportar,
portanto, no desenvolvimento econômico de um país. A maioria dos países faz
uma análise das mudanças necessárias, mas muitas vezes essa análise não sai
do papel. O problema é que muitas vezes essas mudanças nunca chegam a
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2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
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Fique ligado!
Nesta unidade, você aprendeu que:
A partir da década de 1930, para evitar grandes crises, o Estado começou
a ter um maior peso nas diretrizes das atividades econômicas. Maior peso
foi feito através de intervenções no mercado, gasto público, entre outras.
Na teoria, toda renda das famílias deveria ser gasta no consumo de
produtos e serviços, do contrário haverá uma diminuição na demanda
agregada. Toda renda não consumida é interpretada como vazamentos
do fluxo circular da renda, sendo estes a poupança, os impostos e as
importações.
O Estado como o terceiro agente econômico visa no curto prazo à
estabilidade da inflação e o pleno emprego, existindo uma escolha
conflitante entre esses dois objetivos.
Entre as políticas de curto prazo, o governo dispõe da Política Fiscal que
visa incentivar ou diminuir a Demanda Agregada por meio da gestão
de arrecadação de impostos e controle do gasto público.
As Contas Nacionais registram todas as transações econômicas por meio
de agregados durante um período de tempo (ano). A Conta Nacional, o
Produto Nacional Bruto (PIB), determina a atividade econômica durante
um período de tempo.
Os agregados econômicos são analisados por meio da identidade fun-
damental das Contas Nacionais, onde os valores do Produto Nacional,
a Despesa Nacional e a Renda Nacional devem ser iguais, ou seja: PN
= DN = RN
A Política Monetária pode incentivar ou inibir a Demanda Agregada, apli-
cando ferramentas que controlam a quantidade e fluxo de giro da moeda
em circulação. Existem dois tipos de moeda: a manual e a escritural.
Aplicando a Política Monetária, o governo pode aplicar as seguintes
ferramentas: depósitos compulsórios, determinação da taxa de juros
básica, operações Open Market (mercado aberto) e operações de
redesconto.
A política externa de um país determina as diretrizes das relações co-
merciais e financeiras com o resto do mundo.
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(&2120,$
2 D P E L H Q W H H D H F R Q R P L D
(&2120,$
:MNMZwVKQI[
CHENERY, Hollis. Changement des structures et politiques de développement. Paris:
Economica, 1981.
FUNDO Monetário Internacional — FMI. Disponível em: <http://www.imf.org/external/
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LOPES, Guilherme B. Entendendo as Contas Nacionais. Economia e Finanças Fáceis, n.
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renda2.png>. Acesso em: mar. 2014.
ONU — Organização das Nações Unidas. Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD). Disponível em: <www.pnud.org.br/SobrePNUD.aspx>. Acesso
em: 28 fev. 2014.
ORGANIZAÇÃO para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico — OCDE. Disponível
em: <www.oecd.org>. Acesso em: 28 fev. 2014.
ROSSETI, José Paschoal. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
ROSSETI, José Paschoal. Contabilidade social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
SAMUELSON, Paul; NORDHAUS, William. Economia. 17. ed. Rio de Janeiro: McGraw-
-Hill, 2004.
SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento Econômico. 5. ed. São Paulo: Atlas. 2011.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
Unidade 4
,QGLFDGRUHVGH
DQiOLVHHFRQ{PLFDH
JOREDOL]DomR
Wilson Salvalagio
Regina Lúcia Sanches Malassise
Jurandir Domingues Junior
, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
1V\ZWL]trWIWM[\]LW
O estudo da economia nos leva ao conhecimento daquilo que nos ocorre
no dia a dia. Nesta unidade vamos tratar de questões relevantes que afetam
a vida de cada um de nós, tais como o mercado de trabalho e os índices de
desemprego. Você sabia que o surgimento do mercado de trabalho tem relação
com o advento do capitalismo? Vamos conhecer na seção que trata do mercado
de trabalho o seu conceito e a classificação do mercado de trabalho.
Na mesma unidade do mercado de trabalho vamos tratar, também, do de-
semprego. O desemprego está relacionado ao desenvolvimento da economia. Na
medida em que houver mais crescimento econômico, mais necessidade de mão
de obra se fará necessário. Assim, teremos a criação de empregos que por sua vez
gera renda e melhora a qualidade de vida das pessoas. É um círculo vicioso na
economia, que terá mais empregos à medida que houver mais geração de renda.
Na Seção 2 desta unidade iremos estudar um assunto de muita importância
na macroeconomia, que é o déficit e as dívidas internas e externas do país.
Por que é importante estudarmos o déficit público e a dívida interna e
externa do país? Ocorre que, como já dissemos anteriormente, a economia
está atrelada ao nosso dia a dia, como pessoas e como empresas. Conhecer
a influência destes indicadores na economia nos permite antecipar decisões a
serem tomadas. Se, por exemplo, o déficit público estiver alto, poderemos ter
ações em relação aos juros ou à carga tributária. Sabendo disto, podemos nos
antecipar a eventuais decisões em nossas vidas ou empresas.
E na última seção desta unidade iremos tratar da questão da globalização,
assunto que mexeu com a economia nos anos 1990, mas que na realidade já
se mostrava presente na economia mundial há muito tempo. A globalização
hoje é uma realidade e contribuiu para a formação dos blocos econômicos.
Portanto, teremos nesta unidade alguns assuntos de grande relevância para
a economia dos países, que refletem de maneira significativa em nossas vidas.
Seção 1 5MZKILWLM\ZIJITPWMLM[MUXZMOW
(&2120,$
5MZKILWLM\ZIJITPW
O surgimento do mercado de trabalho tem uma ligação muito estreita com o
capitalismo, ou seja, com o surgimento de economias que operam organizadas
dentro de um sistema econômico de livre concorrência.
Chahad (2006, p. 379) define esse mercado da seguinte forma:
De uma forma bastante ampla, ele pode ser entendido
como a compra e venda de mão de obra, representando
o locus onde trabalhadores e empresários se confrontam
e, dentro de um processo de negociações coletivas que
ocorre algumas vezes com a interferência do Estado, de-
terminam conjuntamente os níveis de salários, as condi-
ções de trabalho e os demais aspectos relativos às relações
entre capital e trabalho.
, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
(&2120,$
,M\MZUQVIV\M[LWMUXZMOWVWKIXQ\ITQ[UW
KWV\MUXWZpVMW
O emprego constitui-se num importante elemento a ser determinado dentro
do sistema capitalista de produção, seja pelo fato de este ser a forma socialmente
correta de elevar o nível de bem-estar social das famílias, seja pela capacidade
de elevar a demanda para consumo (MALASSISE, 2000).
A determinação da quantidade e da qualidade do emprego no capitalismo,
desde o pós-guerra, tem sido determinado, segundo Pochmann (1999), através
da articulação de cinco elementos: política macroeconômica, paradigma téc-
nico produtivo, políticas de emprego, políticas de bem-estar social e sistema
de relações do trabalho, conforme se observa na Figura 4.1.
Cabe ao Estado, através da condução da política macroeconômica, dirigir
o sistema econômico nacional através da manipulação das políticas fiscal, mo-
netária, comércio exterior etc. a fim de atingir seus objetivos, sejam eles: alto
nível de emprego, estabilidade de preços, distribuição de renda socialmente
justa e crescimento econômico. Ao eleger um objetivo como meta principal a
ser atingida, os instrumentos serão acionados de forma a expandir ou contrair
a capacidade produtiva, afetando diretamente produção, emprego, renda, con-
sumo. Assim, “[...] o comportamento — maior ou menor da taxa de crescimento
— da demanda agregada (investimento e consumo) é revelador da situação
geral do emprego da força de trabalho” (POCHMANN, 1999, p. 108). Por isso,
as políticas macroeconômicas dão as bases para determinação do volume de
emprego em cada nação (Figura 4.1).
Políticas macroeconômicas
Políticas Políticas de
de emprego bem-estar social
Emprego
, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
(&2120,$
, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
(&2120,$
Atividades de aprendizagem
1. A determinação da quantidade e da qualidade do emprego no ca-
pitalismo, desde o pós guerra, segundo Pochmann (1999), através
da articulação de cinco elementos. Explique como cada um destes
elementos contribuem para ampliar o emprego.
2. No Brasil, ainda existe um grande contingente de trabalhadores no
mercado informal de trabalho. O governo brasileiro tem tomado
algumas medidas com o objetivo de reduzir a informalidade, através
da legalização de empresas “pessoais”. Está é uma medida adequada
para a realidade brasileira? Pesquise sobre o assunto e dê a sua opinião
a respeito.
,M[MUXZMOW
A taxa de desemprego está diretamente ligada à performance da economia.
Ela será tanto menor quanto maior for a utilização da capacidade produtiva
de uma economia. À medida que atividade econômica cresce, ela implica em
redução da taxa de desemprego pela contratação de mais mão de obra para
fazer frente à necessidade de produção para atender à demanda existente.
Geração de emprego cria renda, que por sua vez gera consumo e assim será
necessária à produção de mais bens para atender à demanda, formando um
círculo “virtuoso”, onde provoca a queda da taxa de desemprego. Este índice
é importante para as empresas, sobretudo nas estratégias de marketing, pois
indicam a capacidade de consumo do mercado. As estratégias de vendas serão
criadas com base na capacidade de compra do mercado.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
(&2120,$
Seção 2 ,uNQKQ\XJTQKWMLy^QLIQV\MZVIM
M`\MZVI
O déficit público e as dívidas internas e externas são assuntos que você vê
diariamente nos noticiários econômicos. A dívida externa, em menor quanti-
dade, visto que ela já não é uma grande preocupação, mas a dívida interna vem
crescendo a cada ano. São assuntos importantes a serem tratados, pois a dege-
neração das contas públicas pode afetar nosso bolso, na medida em o governo
busca aumentar impostos para obter recursos para pagamento de sua dívida.
+WVKMQ\W[LMLuNQKQ\XJTQKW
O déficit público representa o saldo negativo das contas do governo, na
relação entre a receita (arrecadação) e as despesas (gastos públicos).
Conforme a amplitude de abrangência que se deseja do resultado, o déficit
público pode ser denominado de déficit primário ou déficit nominal.
O déficit primário representa o saldo negativo na relação entre receitas e
despesas sem considerar os juros ou correção monetária ou cambial das dívi-
das anteriores. Assim, considera-se apenas o resultado das receitas e despesas
realizadas no período em análise. Ao contrário, o déficit nominal representa o
saldo negativo na relação entre receitas e despesas totais, incluídos os juros e
as correções de dívidas anteriores. Observa-se que, quando o saldo for posi-
tivo, teremos superávit. É importante, também, atentarmo-nos para a diferença
entre déficit público e dívida pública. Essa representa o somatório do valor que
o governo deve, ao passo que aquele, como vimos, refere-se à diferença dos
saldos nos períodos analisados.
.WZUI[LMNQVIVKQIUMV\WLWLuNQKQ\XJTQKW
O financiamento do déficit público pode se dar por meio de medidas tra-
dicionais de política fiscal e por meio de recursos extrafiscais.
Através das medidas de política fiscal, o governo pode elevar os impostos
para arrecadar mais ou realizar corte de gastos públicos. Em ambos os casos,
o objetivo é dispor de mais recursos para a cobertura do déficit.
O financiamento por meio de recursos extrafiscais pode se dar através de
emissão de moeda e vendas de títulos da dívida pública ao setor privado. No
primeiro caso trata-se de um recurso inflacionário, porém não gera aumento
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
8WTy\QKINQ[KIT
A política fiscal refere-se aos instrumentos de que o governo dispõe para
formar sua receita e controlar suas despesas. Desta forma é o instrumento bá-
sico de controle do déficit público. Ela pode ser dividida em política tributária
e política de gastos públicos. Quando o governo aumenta seus gastos na eco-
nomia, sejam eles de custeio (despesas correntes) ou de investimento, ele está
aplicando uma política fiscal expansionista, ao contrário, seria uma política
contracionista. O objetivo que o governo pretende com sua política de gastos
é que vai determinar se ela será expansionista ou contracionista.
As despesas correntes, ou despesas de custeio, representam os gastos reali-
zados com o objetivo de manter a máquina governamental funcionando. Con-
forme Lanzana (2002), podemos dividir estas despesas em consumo do governo
que corresponde ao pagamento dos funcionários públicos, e outras despesas
necessárias à manutenção do aparato público, como energia elétrica, materiais
etc.; transferências que se referem às despesas efetuadas pelo setor público e
destinadas ao setor privado, sem a contraprestação de serviços ou fornecimento
de bens, como a assistência e previdência social; juros, tanto relativos à dívida
interna como à dívida externa. Os juros relativos à dívida externa referem-se
somente à dívida pública, uma vez que a dívida externa é composta pelo setor
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
Os impostos são a principal fonte de receitas para que isso ocorra e são
definidos por Troster e Mochón Morcillo (1994, p. 216) como “[...] as receitas
públicas criadas por lei e de cumprimento obrigatório para os sujeitos con-
templados por ela”.
Em função desta imposição, os americanos criaram uma expressão, que se
tornou conhecida no mundo todo: “Só existem duas certezas na vida: a morte
e os impostos”.
Vale a pena abrir aqui um espaço para explicar uma pequena confusão
que normalmente fazemos com a questão de impostos, tributos, taxas e
contribuições:
Tributos: segundo a nossa Constituição Federal de 1988, são o conjunto
de todos os impostos, taxas e contribuições que formam toda a receita
pública. Então quando falamos de receita pública, o correto é falar de
tributos.
Impostos: são tributos destinados para o financiamento dos serviços uni-
versais como educação, saúde, segurança etc. Na verdade, não há um
destino específico para os recursos arrecadados através de impostos, ou
seja, uma hora os recursos do IR podem ser destinados à saúde, e em outro
momento para a educação. Normalmente incidem sobre o patrimônio,
receitas e o consumo das famílias e empresas.
Taxas: ao contrário dos impostos, os recursos arrecadados por esse tributo
têm uma destinação específica ligada diretamente à prestação de um
serviço público prestado pelo poder público. Um exemplo é a taxa de
recolhimento do lixo.
Contribuições: é a espécie de tributo que está ligada a atender uma si-
tuação específica de interesse social ou das categorias econômicas. Um
bom exemplo é a CSLL — Contribuição Social sobre o Lucro Líquido que
é o tributo federal sobre o Lucro Líquido ou Faturamento/Receita Bruta
das pessoas jurídicas, e que se destina ao financiamento da Seguridade
Social.
Retornando então ao nosso pensamento, em outras palavras, o dinheiro ar-
recadado com tributos é empregado no funcionamento da chamada “máquina
pública”, nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal.
Para operacionalizar esta arrecadação dos diversos tipos de tributos, os
nossos representantes, os governantes contam com a política fiscal.
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
/I[\W[XJTQKW[W]LWOW^MZVW
Os gastos públicos, também chamados por alguns economistas de gastos
do governo, são as aplicações dos recursos arrecadados com os tributos em
benefício da sociedade. É comum dividir esses gastos em despesas correntes e
despesas de investimento (MENDES, 2004).
As despesas correntes são aquelas que acontecem de forma mais periódica
e estão compostas por quatro itens:
consumo do governo ou de custeio: pagamento dos funcionários e des-
pesas com materiais;
transferências: despesas do setor público para o privado, sem a contra-
prestação de serviços ou fornecimento de bens, como, por exemplo, os
programas assistenciais (Bolsa Família, seguro-desemprego);
juros: pagamento do serviço da dívida tanto interna, como externa;
subsídios: gastos do governo objetivando que os consumidores adquiram
alguns bens e/ou serviços por preços menores do que normalmente se
encontram no mercado, objetivando o crescimento da atividade econô-
mica. O governo também pode dar subsídios aos produtores, ou seja, que
o produtor consiga um preço melhor para seus produtos. Um exemplo é
a política de preço mínimo para alguns produtos agrícolas.
As despesas com investimentos, segundo Mendes (2004, p. 200), “[...] dizem
respeito aos gastos do governo com o objetivo de aumentar a capacidade de
geração de bens e serviços do país, tais como: construção de estradas, rodovias,
escolas, hospitais, hidroelétricas etc.”.
;]XMZn^Q\XZQUnZQW
Depois de conhecermos a origem das receitas públicas e o destino dos
gastos públicos poderíamos pensar na seguinte questão: e se o Estado gastasse
mais do que arrecadasse de impostos? Como seria? É possível que isso ocorra?
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
Vamos começar com a última questão: Sim, é possível que isso ocorra. Na ver-
dade, é muito comum que o Estado, por ineficiência, gaste mais do que arrecada.
Resultado primário ou superávit primário: é o resultado das receitas
menos as despesas do governo, desconsiderando-se os gastos com juros
e correção monetária da dívida pública.
É a diferença entre as receitas públicas (arrecadação de impostos, principal-
mente) e os gastos públicos. O superávit representa a economia para pagamento
de juros e correção monetária da dívida feita pelo setor público (União, estados
e municípios). É um indicador da vontade de um governo em pagar suas dívidas
em dia, porque mostra quanto dinheiro o setor público consegue reservar para
o pagamento de juros e correção monetária. Serve de sinalizador ao mercado
do compromisso com seus débitos. Entretanto, essa economia implica dispo-
nibilizar menos dinheiro para investimentos e programas sociais do governo.
Resultado operacional: é o resultado primário, acrescido das despesas
com o pagamento de juros, não incluindo as despesas com a correção
monetária da dívida.
Resultado nominal: é o resultado primário, somado as despesas com
juros e correção monetária da dívida. O seu déficit implica aumento no
montante da dívida pública.
Atividades de aprendizagem
1. Diferencie impostos diretos de imposto indiretos.
2. Explique o que é o superávit primário, esclarecendo como se chega
ao resultado primário.
+IZOI\ZQJ]\nZQI
A carga tributária de um país representa o peso dos impostos sobre a ativi-
dade produtiva. A alta carga tributária tem efeitos danosos para a economia,
pois desestimula investimentos produtivos e retira dinheiro do mercado de con-
sumo, na medida em que transfere renda da iniciativa privada para a pública.
Quando a dívida pública é alta, há a tendência de o governo aumentar a carga
tributária a fim de obter recursos para pagamento da dívida.
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
,y^QLIQV\MZVIXJTQKI
É o montante de dívida dos governos federal, estadual e municipal. É com-
posto pela dívida mobiliária (títulos públicos) e pelos gastos em geral realizados
pelo governo.
O governo paga seus gastos através da arrecadação de tributos e pode finan-
ciar o déficit público por meio da emissão de moeda ou colocação de títulos
públicos junto ao setor privado.
Os títulos públicos colocados no mercado podem representar oportunidades
para a iniciativa privada, bem como pode implicar em adoção de medidas não
vantajosas à pessoas e empresas.
,y^QLIM`\MZVI
A dívida externa representa o total dos valores que um país deve no mercado
externo. Divide-se em dívida pública e dívida privada. A dívida pública é a
parte da dívida contraída pelo governo, ao passo que a dívida privada refere-se
à divida contraída pelos bancos e empresas particulares.
Conforme Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2004, p. 522), o pro-
cesso recente de endividamento externo brasileiro iniciou-se principalmente
em 1968. A justificativa oficial para esse endividamento era a necessidade de
recursos à poupança externa para viabilizar as altas taxas de crescimento ao
longo do milagre econômico.
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
! -Y]QTyJZQWVI[KWV\I[M`\MZVI[
Os países mantêm relações comerciais e financeiras, estas transações são
registradas no balanço de pagamentos que está organizado em diversas contas
e subcontas, conforme veremos mais a frente.
A fim de evitar problemas para o funcionamento da economia, os países
precisam buscar o equilíbrio no balanço de pagamentos. Se um país tem dé-
ficit permanente em suas contas externas, poderá ter o esgotamento de suas
reservas, implicando em dificuldades de pagamentos de seus compromissos
externos, bem como ter sua capacidade de importação limitada, por falta de
moeda estrangeira.
Da mesma forma, superávits permanentes podem ser prejudiciais à econo-
mia, pelo excesso de dólares que entra no país. Estes dólares são convertidos
em reais, podendo proporcionar excesso de reais na economia, o que pode
gerar inflação.
Notamos, portanto, que o equilíbrio nas contas externas pode ser medido através
do balanço de pagamentos, permitindo um acompanhamento da dívida externa
do país. Para que possamos entender melhor a importância do balanço de paga-
mentos no controle das contas externas, vamos ver a seguir com ele é composto.
-[\Z]\]ZILWJITIVtWLMXIOIUMV\W[
Segundo Passos e Nogami (2003) e Mochón Morcillo (2006), o balanço
de pagamento está estruturado em três grandes grupos e um item especial de
caráter residual e que tem como missão saldar o conjunto do balanço:
Transações correntes ou conta corrente: é integrada por quatro grupos
de operações:
1. A balança comercial que computa as exportações e importações e o
saldo da balança comercial.
2. Conta de serviços que computa as receitas e despesas relativas a:
transportes, viagens internacionais, seguros, financeiros, computação
e informação, royalties e licenças, aluguel de equipamentos, serviços
governamentais e outros serviços.
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
,M\ITPIUMV\WLWOZ]XWLMKWV\I[
Com base em Passos e Nogami (2003) e Mochón Morcillo (2006), temos o
seguinte detalhamento do grupo de contas:
Balança comercial: registra as transações de compra (importação) e
venda (exportação) de produtos tangíveis ou bens, sendo as importações
computadas com sinal negativo e as exportações com sinal positivo. São
computadas pelo seu valor FOB (free on board), ou seja, seu valor de
embarque, excluindo as despesas de seguros (prêmios, corretagem) e de
transporte ao país de destino (fretes, taxas portuárias). O saldo é obtido
pela diferença entre as receitas de exportações e as despesas de impor-
tações e pode ter como resultado:
Superávit Comercial: quando o total de exportações (entrada de re-
cursos) supera o total de importações (saída de recursos) ou déficit
comercial: quando o total de importações (saída de recursos) supera
o total de exportações (entrada de recursos). A balança comercial bra-
sileira registrou, no ano de 2013, um superávit de US$ 2,56 bilhões:
US$ 242,178 bilhões de bens e serviços exportados para o exterior,
contra US$ 239,617 bilhões importados.
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(&2120,$
, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
(&2120,$
:M[MZ^I[KIUJQIQ[
As reservas cambiais de um país se dão pelo acúmulo de moedas estrangei-
ras realizadas pelo Banco Central. Quanto maior for o volume de reservas do
país, mais seguro é considerado pelo mercado internacional. Muitas medidas
de câmbio são tomadas com o objetivo de aumentar as reservas e melhorar
o “risco país”. Quanto maior o volume de reservas cambiais, menor tende a
ser o “risco país”, visto que as reservas têm grande importância na definição
deste risco, mesmo porque as reservas cambiais representam uma segurança
de pagamento da dívida externa.
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
Seção 3 )OTWJITQbItrWMW[-[\ILW[
VIKQWVIQ[
O processo de globalização ocorrido na economia mundial alterou subs-
tancialmente as relações entre as economias, tanto as desenvolvidas quanto as
demais. Você vai perceber que as economias nacionais tiveram que se adaptar
à novas condições, para não perderem competitividade.
Com a evolução do processo de globalização, veio também a formação dos
blocos econômicos, tais como o Mercosul, onde o Brasil está inserido.
Nesta seção, vamos conhecer este processo que mexeu tanto com as eco-
nomias, sobretudo dos países menos desenvolvidos.
/TWJITQbItrW
Um tema recorrente dentro da economia contemporânea é a globalização.
De uma forma geral, o termo globalização é normalmente empregado para
apontar uma série de transformações socioeconômicas, que envolvem aspectos
positivos e negativos, pelas quais as sociedades contemporâneas vêm atraves-
sando em todos os cantos do mundo, nos últimos 60 anos.
As pessoas utilizam esse termo quando falam da facilidade de comunicação
gerada pela internet, pela facilidade de viajar pelo mundo, de quando filiais
de grandes corporações vêm se instalar em pequenas cidades do nosso país,
de quando encontram turistas de todos os lugares em sua cidade, quando
compram produtos importados nos supermercados e também quando falam
do comércio internacional. É consenso entre os autores que o significado do
termo globalização varia de assunto para assunto, ou seja, algumas definições
acentuam o lado econômico, outras as dimensões política, e outras ainda a
dimensão cultural.
Em nosso caso, como estamos abordando o lado econômico, vamos pro-
curar nos concentrar em definições que destacam essa dimensão. Contudo,
conforme Campos e Canavezes (2007), podem-se destacar alguns aspectos
comuns a todas as definições sobre o termo globalização:
Trata-se de um processo à escala global, ou seja, envolve todas as nações
que compõem o mundo.
Um aspecto notório da globalização é a inegável interligação e interde-
pendência entre Estados, organizações e indivíduos do mundo inteiro, não
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
Atividades de aprendizagem
1. Explique o que se entende por globalização.
2. Mostre os elementos que são apontados como os principais indica-
dores do processo de globalização e comente cada um deles, usando
a sua compreensão do assunto.
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OTWJITQbItrW
Apesar de o termo globalização ter sido cunhado na década de 1990 pelos
economistas O’Rourke e Williamson, considerando uma perspectiva histórica,
é consenso entre os estudiosos deste tema que se podem identificar três ondas
de globalização ao longo da história moderna e contemporânea:
Primeira onda: período compreendido entre os anos 1400 até meados
do século XVIII. Caracteriza-se pelo comércio de longa distância de pro-
dutos como as especiarias, o ouro e o açúcar devido ao seu baixo nível
de oferta e alta demanda. O foco principal deste comércio envolvia os
países da Europa, a Ásia e as Américas.
Segunda onda: período compreendido entre o início do século XIX e até
o início do século XX. Estimulado pela Revolução Industrial o aumento
do comércio apoiou-se na produção e comercialização de bens de maior
valor agregado como os produtos têxteis. Nesse período ocorre também
o nascimento da América do Norte como zona de atividade econômica
e comercial.
Terceira onda: período que se inicia nas últimas décadas do século XX
e permanece até nossos dias. Tem como característica principal: o sur-
gimento e consolidação das economias asiáticas, domínio crescente do
trabalho qualificado e o emprego das novas tecnologias em todos os
processos de produção. Houve também um aumento significativo de
países que se abriram ao mercado internacional, tanto em termos comer-
ciais, como financeiros. Surgimento de grandes empresas multinacionais,
facilitado pelo emprego das novas tecnologias de informação e comu-
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
)LQUMV[rWMKWVUQKILWXZWKM[[WLM
OTWJITQbItrW
Mochón Morcillo (2006, p. 547-8) credita ao Fundo Monetário Internacional
— FMI — a definição de caráter mais técnica dada ao termo globalização, na
sua dimensão econômica: interdependência econômica crescente do conjunto
de países do mundo, provocada pelo aumento do volume e pela variedade
das transações transfronteiriças de bens e serviços, assim como dos fluxos
internacionais de capitais, estimulada pela difusão acelerada e generalizada
da tecnologia.
Conforme recomendação de Campos e Canavezes (2007), uma estratégia
para compreender melhor o processo de globalização no seu aspecto eco-
nômico é subdividi-lo em quatro segmentos, que veremos a seguir, sempre
baseados no pensamento desses dois autores.
+WUuZKQWQV\MZVIKQWVITLMJMV[M[MZ^QtW[
O comércio constitui um dos principais e certamente o mais antigo fun-
damento de uma globalização econômica, ao aproximar produtores e consu-
midores geograficamente distantes e ao estabelecer entre eles uma relação de
interdependência.
Aqui, como explicação para o surgimento do comércio internacional po-
demos relembrar as teorias de Adam Smith e de David Ricardo. Desde a in-
dustrialização do Ocidente (Revolução Industrial), a compra e venda de bens e
serviços entre diferentes nações expandiram-se de forma acelerada. No século
XX a liberalização do comércio mundial recebeu novo impulso a partir do fim
da Segunda Guerra Mundial.
As negociações multilaterais para remoção de obstáculos ao comércio inter-
nacional foram pela primeira vez implementadas a nível mundial em 1947 com
a assinatura do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), uma organização
internacional que inicialmente integrou 23 países e que atualmente integra mais
de uma centena de países. Já em 1994, surgiu uma organização internacional
especificamente vocacionada para a progressiva implementação e regulamen-
tação da liberalização do comércio internacional: a Organização Mundial do
Comércio (OMC); atualmente, a OMC conta com cerca de 150 países.
Os objetivos principais da Organização Mundial do Comércio (OMC) são: a)
Fazer cumprir os acordos multilaterais de comércio firmados até a sua criação
(&2120,$B$/7$BBBSGISDJH#3UHIOLJKW(FRQRPLDLQGE-XQH3*
(&2120,$
+IXQ\ITMUMZKILWNQVIVKMQZW
Diversos autores apontam que até os anos de 1970 o setor financeiro era
bem regulado, seguindo normas implantadas desde os anos 1940.
Com o processo de liberalização e globalização econômica promovida pe-
los governos neoliberais de Margareth Thatcher (1979-1990), no Reino Unido
e Ronald Reagan (1981-1989), nos Estados Unidos da América, na década de
1980, despontou um novo cenário financeiro internacional, a globalização
financeira, caracterizada pelo crescimento do mercado financeiro desvincu-
lado da produção e do comércio internacional. Corazza (2003) aponta que a
globalização financeira foi movida basicamente por três fatores: 1) o aumento
no acúmulo de riqueza na forma de ativos e em diferentes moedas; 2) paralela-
mente a crescente mobilidade desses ativos principalmente devido aos avanços
na informática, e 3) implementação do regime de taxa de câmbio flutuante que
passou a movimentar esses ativos de maneira especulativa, para onde houver
maior probabilidade de ganhos.
Outro aspecto apontado por Camargo (2009, p. 12): “[...] o processo de
internacionalização das instituições financeiras de cada país também é con-
siderado, tradicionalmente, como acompanhando a transnacionalização das
empresas do setor produtivo desses mesmos países e a expansão do comércio
internacional, intensificadas a partir de 1980”.
8ZWL]trWLMJMV[M[MZ^QtW[
A internacionalização da própria produção de bens e serviços é outro im-
portante pilar do processo de globalização. A produção em escala industrial
teve seu início com o surgimento de um novo modo de produção baseado na
relação salarial entre os que detinham os fatores de produção — capitalistas
— e os que apenas tinham sua força de trabalho — operários; além disso, a
invenção do motor a vapor, substituindo a força humana em algumas etapas
do processo produtivo, permitiu a fabricação em grande quantidade e o surgi-
mento de indústrias.
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5MZKILWLM\ZIJITPWMMUXZMOW
Com relação a este item, Campos e Canavezes (2007, p. 41-2) argumentam
que:
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(&2120,$
:MTItM[MKWVUQKI[MV\ZMXIy[M[MW[JTWKW[
MKWVUQKW[
Como vimos anteriormente, os últimos 60 anos foram caracterizados por um
conjunto de transformações que desencadearam no surgimento de uma nova or-
dem política, social e econômica que muitos autores chamam de globalização.
Vimos também que o processo de globalização da economia mundial foi
calcado numa forte expansão do capitalismo, com um viés neoliberal, onde
o surgimento de novas tecnologias de produção, informação e comunicação,
a modernização dos transportes, o surgimento de corporações multinacionais
desempenharam um papel fundamental no incremento das relações entre os
países do globo. Nesse sentido, com relação ao comércio internacional, há
diferentes formas de se classificar essas relações de integração entre as nações.
Mochón Morcillo (2006, p. 385) expõe que as relações de integração podem
ser sintetizadas em duas grandes categorias:
A globalizante, que pretende abarcar todos os países de fomentar o livre
comércio internacional. Dentro dessa categoria, as iniciativas mais rele-
vantes são o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e a Organização
Mundial do Comércio (OMC).
A regional, através de blocos regionais, que frequentemente inclui ini-
ciativas próprias de bilateralismo comercial.
Antes de vermos os blocos econômicos, vamos entender um pouco mais
sobre as relações classificadas como integração regional, pois é a gênese dos
blocos econômicos.
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7[*:1+;
Podemos notar que os países emergentes têm puxado o crescimento mun-
dial. Nos últimos anos, a média de crescimento dos países emergentes têm
sido maior que a média de crescimento mundial, puxado principalmente pelo
crescimento da China. Se destacam entre os países emergentes, Brasil, Rússia,
Índia e China e África do Sul, os quais são conhecidos como os BRICS, sigla
que representa as primeiras letras de cada um destes países. A África do Sul foi
incorporada ao grupo recentemente.
Segundo estudo citado por Caetano (2006), os BRICS representam cerca de
10% do PIB mundial, mas concentram quase metade da população da Terra.
É justamente nesse ponto que está o potencial desses países: apresentam uma
população em expansão que estão emergindo como classe consumidora e têm
começado a participar de forma efetiva da globalização; ou sejam não ficam
mais à margem do comercio mundial, mas apresentam-se como participantes
ativos. Caetano (2006), citando estudo do Goldman Sachs, FMI e CIA, nota
que até 2050, os países emergentes — principalmente os do BRICs — estarão
no topo das economias mundiais. Estima-se que na citada data, a China seja a
maior economia do mundo, seguida pelos Estados Unidos, Índia, Japão, Brasil,
México e Rússia, respectivamente.
Caetano (2006) realiza uma comparação entre os países do BRIC, elencando
as principais vantagens e desvantagens de cada um: o Brasil tem o potencial para
ser o maior fornecedor mundial de produtos agrícolas, possui grandes reservas
minerais e um parque industrial diversificado; por outro lado, tem uma carga
tributária alta, muita informalidade, educação deficiente e uma infraestrutura
precária. A Rússia possui reservas abundantes de petróleo e gás natural, popu-
lação com bom nível educacional e uma carga tributária baixa; por outro lado,
sua população tem média de idade elevada e baixo índice de natalidade e o
país apresenta altos índices de corrupção e criminalidade.
A Índia é um país avançado em setores de alta tecnologia e informática, com
uma grande população jovem e em crescimento acelerado e uma elite bem
formada e atuante; por outro lado, apresenta infraestrutura precária, com áreas
urbanas bastante caóticas e uma sociedade organizada por sistema de castas
e dividida por conflitos étnicos e religiosos. A China possui alta capacidade
industrial, investimento intensivo em infraestrutura e educação e potencial para
ter o maior mercado consumidor do mundo; por outro lado, a população está
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
Fique ligado!
Vimos nesta unidade os conceitos do mercado de trabalho e os índices de
desemprego. São fatores importantes que permeiam a rotina das pessoas
e das empresas. Nesta mesma linha, tivemos a oportunidade de estudar
o funcionamento do déficit público e das dívidas externa e interna, onde
conhecemos a importância em manter o equilíbrio dos gastos internos,
bem como manter reservas cambiais suficientes para fazer frente à dívida
externa. E finalmente pudemos conhecer a evolução do processo de glo-
balização da economia, a qual já ocorria, embora em menor escala, há
muito tempo, porém teve seu ápice nos anos 1990, e desde então verifi-
camos que é um processo que não tem mais volta.
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, Q G L F D G R U H V G H D Q i O L V H H F R Q { P L F D H J O R E D O L ] D o m R
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