Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AGOSTO, 2022
“É necessário correr o máximo possível para ficar no mesmo lugar. Se
quisermos chegar a algum outro lugar devemos correr pelo menos duas
vezes mais rápido do que isso” - disse a rainha”
2
ÍNDICE
ÍNDICE.............................................................................................................................. 3
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7
3
2.13 A Felicidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ............... 48
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 62
4. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 66
ANEXOS ......................................................................................................................... 78
4
ÍNDICE DE FIGURAS
5
ÍNDICE DE TABELAS
6
1. Introdução
7
Um destes efeitos é o aumento da concorrência entre os lugares, regiões,
cidades, países, que se manifesta a vários níveis e campos de atividade. A
concorrência para os recursos, para as empresas, para investimento
estrangeiro, para os visitantes, os residentes, é evidente em mundo de hoje
(Kotler et al. 1999).
8
poluição, escassez de recursos, gestão da água ou eficiência enérgica -
desafios que estão incluídos nos objetivos de desenvolvimento sustentável
da agenda 2030, e que coloca o desenvolvimento de cidades mais
inteligentes e sustentáveis como uma questão fundamental (Sarmento et al,
2022) dos dias de hoje de qualquer sociedade.
Com exceção dos países mais pobres onde a felicidade varia mais
com a qualidade das relações humanas do que com o rendimento, nos
países mais ricos é essencial não subordinar a felicidade do povo aos
interesses da economia uma vez que a utilidade marginal do rendimento é
baixa quando o rendimento é tão elevado; a maximização do PIB também
não deve ser utilizada como argumento contra a limitação da escala das
9
emissões de gases com efeito de estufa ou outras proteções ambientais
sendo que não faria sentido ter um PIB elevado durante mais uma ou duas
décadas que seja seguido de uma deslocação generalizada devido às
alterações climáticas e à perda de biodiversidade (Helliwel et al 2012).
10
públicas; com o incentivo da OCDE, quase todos os países membros
medem, agora, a felicidade de seu povo, anualmente, e a União Europeia
pede aos seus países membros que coloquem o bem-estar no centro da
formulação de políticas (World Hapiness Report, 2022). Após dez anos do
Relatório Mundial da Felicidade, das Organizações das Nações Unidos,
alguns aspetos da pesquisa sobre a felicidade tornaram-se de
conhecimento comum, a imprensa popular informa anualmente quais são
os países mais felizes e a disponibilidade moderna de dados sobre a
felicidade, em diversas populações e ao longo do tempo, é um dos fatores
importantes que está a moldar o pensamento sobre o desenvolvimento
humano. O aumento da disponibilidade de outras medidas estatísticas
reconhecidas como suportes para a felicidade, e a crescente
compreensão científica, de como a experiência subjetiva humana se
relaciona com esses suportes e com as circunstâncias e práticas da vida e,
de fato, um aumento do apetite público e a aceitação de informações
estatísticas (Barrington-Leigh, 2022) é evidente.
11
1.2 A Problemática e Objetivos da Pesquisa
12
orientadas ao desenvolvimento social e económico das
cidades, em Portugal
▪ Verificar se os municípios e as organizações do poder local
recolhem o nível de satisfação com a vida dos seus cidadãos,
e com os serviços que prestam.
▪ Verificar como os líderes locais medem o impacto das suas
medidas na qualidade de vida e felicidade das pessoas.
▪ Explorar os critérios e a seleção dos serviços dos municípios
▪ Explorar a aplicação de alguns conceitos do marketing às
estratégias dos líderes políticos, numa abordagem relacional
e numa perspetiva de longo prazo, da procura da felicidade
das pessoas.
▪ Explorar a satisfação com a vida dos cidadãos em algumas
cidades, em Portugal, sobre o que percecionam os lideres
locais da felicidade dos seus munícipes.
▪ Explorar sobre o que as cidades e as regiões podem fazer para
a elaboração de medidas adicionais que melhor capturem a
importância da procura da felicidade e do bem-estar no
desenvolvimento, com vista a orientar as políticas públicas?
▪ Que tipos de dados de felicidade existem nos governos
locais? Como podem os resultados sobre o estado das
medidas e da consciência sobre o bem-estar e a felicidade
ser utilizados para conceber e produzir melhores políticas?
▪ Que indicadores se consideram dos objetivos de
desenvolvimento sustentável?
13
2. Revisão da Literatura
2.1 Introdução
14
comercialização é uma força neutra que pode ser utilizada de forma
benéfica (por exemplo, para promover uma causa) ou malevolentemente
(por exemplo, para vender cigarros a crianças) o que interessará para a
discussão o marketing é o seu contributo para as novas ideias em áreas da
sociedade através da estratégia que poderá estar em crise (Holdbrook e
Hulbert, 2002).
Adaptando alguns conceitos para os dias de hoje, Pessoa (1926),
explicou como ninguém o que constitui o marketing, alertando, já nesta
altura, que não é mais que um servidor do público, ou de um público, que
recebe uma paga, a que chama o seu lucro, pela prestação desse serviço,
partindo do principio que os outros não pensam como nós e que, se
queremos servir os outros (para lucrar com isso ou não), nós é que devemos
pensar como eles; pelo que o interessa é entender como é que eles
efetivamente pensam, e não como é mais conveniente, sendo
fundamental estudar quem se serve. Pessoa (1926) situa o marketing para o
princípio básico e fundamental da criação de valor, através da importância
de o marketing entender aquilo que quem se serve considera de valor.
Em resposta ao que é o marketing pode-se, desta forma, considerar
um conceito de marketing que deixou de estar limitado apenas às
empresas (Kotler & Levy, 1969); Kotler, 1972), e que revelou ser capaz de ser
aplicado em várias áreas, adaptado perfeitamente à comercialização de
serviços, pessoas e ideias; ampliado, também às organizações sem fins
lucrativos, no propósito essencial da proteção das preocupações de todos.
15
facilitar as trocas, ou seja, as transações entre duas partes, em que cada
uma delas dá algo de valor à outra, por algo de maior valor para si próprio-
provou ser extremamente influente numa definição oficial de marketing
para fins da AMA , em 1985, que coloca o marketing como o processo de
planear, executar, fixar preços, comunicar e distribuir ideias, bens e serviços
com o objetivos de estabelecer trocas que satisfazem objetivos individuais
e organizacionais (Kotler, 1991, p. 11 citado por Holbrook & Hulbert (2002)).
A AMA (2007) veio, depois, atualizar o conceito Marketing como a
atividade, conjunto de instituições e processos de criação, comunicação,
entrega e troca de ofertas com valor para os clientes, parceiros e
sociedade em geral – alargando a atuação do marketing para a
promoção de um bem comum, da sociedade e comunidade.
16
Nesta mesma linha de entendimento da evolução de marketing, nos
dias de hoje, Kotler, Kartajaya e Seti-awan (2017) salientam o avanço de um
marketing centrado apenas na produção do produto (1.0) para o
marketing centrado no consumidor (2.0), seguindo-se um marketing
centrado no humano, com marcas humanas que personalizam os valores
que os homens defendem (3.0) e numa lógica assente do futuro de um
marketing da criação de produtos, de serviços e culturas empresariais, que
congregam e espelham os valores humanos, emergindo um
aprofundamento e um alargamento do marketing capaz de abranger
todos os aspetos do percurso do consumidor, com conversas úteis e
relevantes e experiências marcantes, numa transição para os avanços das
tecnologias e da interdependência surgiu o marketing 4.0.
17
ocorrer, fundamental para entendermos como o marketing deve evoluir. A
enorme preocupação com a forma como a tecnologia pode potenciar a
humanidade em Melhorar a vida humana e criar felicidade e um desafio
do Marketing 5.0 (Kotler, Kartajava e Setiawan (2021.
Para Morgan, Whitler, Feng, & Chari (2019); Webster & Lusch (2013) a
parte estratégia do marketing tem ficado para segundo plano, ou até
mesmo esquecida. Como é naturalmente mais fácil medir ações de curto
prazo, o marketing desloca-se para uma ideia cada vez maior de que é
uma atividade principalmente operacional, passível de ser medida com
boa precisão, em detrimento da sua parte mais estratégica, de longo
prazo, por ter conexões mais profundos na organização, e por ter resultados
menos fáceis de medir e mais difícil uma visão estruturada dos fenómenos.
Para Hunt (2018), o marketing tem abandonado as características que o
fazem mais relevante para as organizações, que estão relacionadas à
compreensão dos mercados altamente dinâmicos que dificultam a
demonstração de resultados das ‘ações empresariais’ inseridas em
contextos sujeitos a modificações, que não podem ser previstas com base
em dados do passado, tal como ações de concorrentes, mudanças nos
gostos dos clientes, transformações nas políticas públicas ou no ambiente
institucional, ou mudanças provenientes de fontes naturais.
18
anualmente, chegaram às lojas trinta mil novos produtos e noventa por
cento deles fracassar, por se estar a praticar segmentações incorretas no
mercado e assim se estarem a desenvolver produtos novos e melhorados
que não satisfazem as necessidades reais das pessoas.
19
como fornecedores de um produto, em vez de servidores das necessidades
dos clientes. As pessoas continuavam a precisar de transporte, e os
caminhos de ferros não atualizaram as suas ofertas, visto que deixaram de
precisar de um serviço, que embora existindo, deixou de atender às suas
necessidades atuais. Os executivos pensaram incorretamente estar no
negócio dos caminhos de ferro, não no negócio do transporte; e de acordo
com este autor muitas outras indústrias cometeram o mesmo erro,
colocando em risco a sua obsolescência. Este conceito de miopia de
marketing alargou, desta forma, o conceito de marketing colocando-o a
necessidade de as empresas ajustarem, nos seus modelos de negócios,
outras variáveis e dinâmicas do mercado, como o entendimento das
necessidades emergentes.
20
executarem escolhas mais inteligentes sobre a alocação dos recursos
escassos para o desenvolvimento de novas ofertas. Sabendo que existe
uma pressão para baixar os preços, para estimulação das vendas, os
autores defendem que a elaboração de uma proposta de valor para o
cliente, convincente, é a forma como se pode persuadir os clientes a pagar
os preços mais altos que as ofertas merecem. Neste contexto, deve
proceder-se a pesquisas sobre potenciais clientes e as suas exigências.
21
marketing relacional da crescente dinâmica do mercado competitivo e
das novas exigências do consumidor, para se ter sucesso. Falar do
marketing relacional, segundo Gronroos, 2000, citado por Marques, 2014, é
falar da criação, da manutenção e do desenvolvimento de relações de
clientes, bem como os parceiros do mercado, para cumprir os seus objetivos
que podem ser cumpridos numa perspetiva do mútuo cumprimento de
promessas entre as partes envolvidas.
22
forma consensual, como o desenvolvimento e consequente manutenção
de uma relação duradoura, reciprocamente proveitosa e satisfatória com
os interlocutores estrategicamente mais significativos para as organizações.
23
Para estes autores, se até há pouco tempo as organizações tinham
apenas a opção de responder de forma indiferenciada a um vasto leque
de clientes, através de uma comunicação em massa, atualmente existe
uma série de opções que tornam o marketing em massa um pouco
rudimentar.
Fonte: Rust, Moorman e Bhalla (2010) Fonte: Rust, Moorman e Bhalla (2010)
24
a transformar a economia de mercado e a tornar obsoletas muitas
estratégias e a colocar em causa para o marketeers a forma de fazer
negócios.
25
Figura 3: Na altura, a metáfora do funil
Segundo Levitt, citado por Smith (2021) o cerne do sucesso empresarial não
é fazer escolhas, mas sim pensar nas possibilidades a partir das quais as
escolhas são feitas, pelo que a imaginação é algo que os líderes
empresariais fazem todos os dias quando se colocam no lugar dos seus
clientes, ou quando repensam a definição de suas categorias, ou ainda
26
quando escolhem uma direção em detrimento de outra, para inovação,
publicidade e maior propósito.
27
e todos os seus públicos. Este autor vê o marketing como o trabalho rigoroso
de criar e oferecer valores aos outros, com o objetivo de alcançar uma
resposta que é desejada, defendendo que as necessidades e desejos do
cliente devem ser o objetivo de qualquer atividade de marketing. Desta
forma, Kotler & Levy,1969 e Kotler, 1972 deixaram de limitar o conceito de
marketing apenas a empresas, mostrando que pode ser aplicado em várias
áreas no propósito essencial de defesa dos desejos e necessidades dos
clientes.
28
Para a compreensão desta disciplina os autores Kotker e Keller (2012)
distinguem o marketing de causas, que é adotado por uma empresa para
apoiar determinada causa e relaciona as suas contribuições em prol de
determinada causa, com a disponibilidade dos clientes de manter
transações com essa empresa e, assim, criar uma receita. O marketing
social cujos esforços de marketing têm um objetivo não económico
relacionado com o bem-estar social usam os recursos da empresa, sendo
adotado por uma organização sem fins lucrativos ou governamental para
promover uma causa, como “diga não às drogas” ou “exercite-se mais e
coma melhor”(Kotker e Keller ,2012).
29
O marketing social difere do marketing tradicional por tentar beneficiar
diretamente o seu público-alvo (por exemplo, consciencialização sobre
droga ou o álcool) ou a sociedade como um todo (por exemplo,
programas de reciclagem e doações de sangue) (Andreasen 1994 ).
Apesar das dificuldades académicas verificadas através da tendência a
ser um campo de “ação”, em que o realce principal é a intervenção bem-
sucedida, haverá, para Sirgy, Samli e Meado (1982) potencial para agregar
conhecimento nesta esfera, notando-se, em simultâneo, um trabalho de
campo útil que vem aumentando há algum tempo, que aplica ferramentas
de marketing na saúde e segurança, educação, doações de
benevolência, na política, artes e no meio ambiente.
30
Rothschild ( 1999 ) alerta que muitos formuladores de políticas e gestores de
marketing social parecem centrar o marketing social em mensagens
educacionais (informativas e/ou persuasivas) e desconhecer que o
conceito central de marketing reside na troca (Andreasen, 1995, citado por
Rothschild,1999). É possível que esta mudança de foco tenha ocorrido em
grande parte porque a maioria dos gerentes de marketing social vem de
uma formação em saúde pública ou comunicação de massas, com
poucos a terem uma visão ampla e formação em marketing. Para Smith,
(1993) citado por Rothschild (1999), indica que o problema da prática de
marketing social é o de que muitas vezes se identifica pouco ou nenhum
marketing. Sem um compromisso claro com um marketing social que esteja
enraizado na filosofia da troca, o campo continuará focado na educação
e na comunicação, mas a troca e as transações são necessárias e
importantes numa estrutura de gestão de comportamentos. Enquanto a
educação deve ser usada quando nenhuma troca explícita for possível ou
necessária; ou quando o alvo estiver propenso a comportar-se
adequadamente sem o desenvolvimento de uma troca; e o marketing
deve ser usado quando é improvável que o alvo se comporte como
desejado sem receber algo (tangível ou intangível) em troca (Rothschild,
1999).Para Weibe (1951), nesta ampla discussão da ampliação do
marketing, é tão difícil vender fraternidade como sabão já que quando os
profissionais de marketing vendem sabão, eles têm um produto que traz
certos benefícios; e quando anunciam, podem indicar esses benefícios aos
compradores. Com muita frequência, os gerentes de comportamentos de
saúde pública, dizem ao alvo para parar de estar sujo ou ameaçam multar
os que permanecem sujos, em vez de oferecer ao alvo uma marca de
sabão e uma motivação com os benefícios e as recompensas do sabão
superiores ao de permanecer sujo. Para vender a fraternidade como sabão,
deve haver sabão; no entanto, em muitos casos não há sabão
31
imediatamente aparente e, como consequência, é difícil mostrar por que
o comportamento deve ocorrer (Weibe,1951). Desta forma, desenvolver o
marketing social exige um foco mais amplo na gestão do comportamento.
No início dos anos 1970, dizia-se que a questão não era fazer
marketing social, mas sim fazer bem ou mal. Como todas as sociedades
tentam gerir o comportamento de seus cidadãos em algum nível, a questão
agora não é a gestão da saúde pública e do comportamento de questões
sociais, mas sim como fazê-lo da forma mais adequada (Weibe,1951).O
marketing pode oferecer um meio-termo ao permitir a troca através da
gestão do ambiente (paternalismo), bem como a livre escolha e o
comodismo do interesse próprio (libertarismo), sendo que as compensações
entre necessidades e direitos individuais e sociais criam dificuldades na
gestão de comportamentos e esta atribuição de direitos é central para o
funcionamento de qualquer sistema social, como as questões de quem
adquire o quê, e quem abdica do que é considerado (Coleman
1990).Sendo claro que o termo marketing social é uma parte bem
estabelecida do vocabulário de marketing nas universidades, governos
centrais ou locai, organizações privadas sem fins lucrativos, e empresas
privadas com fins lucrativos Andreasen (1994) defende que é necessário
uma definição de marketing social que mantenha os praticantes de
marketing social focados nos resultados mais adequados para influenciar,
mantenha a disciplina do marketing social distinguível e clara e que
mantenha os programas de marketing social fora das áreas em que a sua
probabilidade de fracasso é alto. Nesta sequência, este autor propõe a
definição do marketing social como a adaptação do marketing comercial,
e das suas tecnologias, a programas criados para influenciar o
comportamento voluntário dos públicos-alvo, com o objetivo de melhorar
o bem-estar pessoal e da sociedade que fazem parte.
32
Andreasen (1994) alerta para a grande lacuna de uma vasta gama
de programas de marketing social que observou no terreno, no qual
domina o pensamento de que tudo o que devem fazer é fornecer
informações (ideias) ou mudar crenças já que com uma formação noutras
disciplinas estendem que o marketing é publicidade, sendo o seu objetivo
"fazer sair a palavra" ou "mudar atitudes" sem reflexão e estudo se alguma
destas atividades é suscetível de conduzir ao comportamento desejado.
Para Andreasen (1994) a definição original de marketing social proposta por
Kotler e Zaltman em 1971,é uma definição que é repetida rotineiramente
(muitas vezes sem qualquer crítica) e que pode levar a confusões por ser
uma definição demasiado ampla, que encoraja apenas os praticantes de
marketing social a pensar que a única coisa a fazer é mudar atitudes e
ideias para ser bem sucedido, impedindo-os de questionar se a
comunicação de uma ideia ou a mudança de uma atitude influencia
realmente o comportamento? Assim, para este autor, a negligência do
resultado final pode levar a um enorme desperdício de recursos
inevitavelmente escasso, lamentando o facto de não se potenciar o uso do
marketing para contribuir para áreas importantes para o bem-estar da
sociedade.Nesta discussão, Andreasen (1994) considera importante realçar
que o marketing social deve tentar educar ou mudar valores como parte
de um programa de mudança de comportamento pois tais componentes
são essenciais à maioria dos programas de marketing social, mas, no
entanto, não deve ignorar o seu público-alvo e os valores essenciais da sua
comunidade. No sector privado, os marketeers procuram influenciar
voluntariamente o gasto e a escolha do consumidor e deixar de ser
rigorosamente coercivo e podem tentar influenciar o comportamento
através de estratégias de modelação ou reforço comportamental, mas, em
última análise, os consumidores têm a possibilidade de optar por não
comprar. Assim, os consumidores podem optar por não comprar, devemos
33
ser claros de que os talentos básicos do comerciante estão em influenciar
o comportamento voluntário, e estes são os talentos que eles devem trazer
para o marketing social( Andreasen,1994).
34
que o beneficiem; devendo acreditar que o programa melhorará o bem-
estar individual ou da sociedade, a longo prazo. Para Andreasen (1994) um
programa de marketing social é considerado de cariz social se aplicar a
tecnologia do marketing comercial, se tiver como resultado final o
comportamento voluntário, se procurar beneficiar os indivíduos/famílias ou
a sociedade em geral e não a própria organização de marketing, se os
gestores do programa compreenderem as necessidades do público-alvo,
se entenderem as suas perceções, e apresentarem padrões de
comportamento antes de agirem, e se segmentar mercados-alvo sempre
que politicamente viável e elaborar orçamentos e estratégias, adaptados
às características de cada segmento.
35
pessoas repetem em hábitos já que intervenções de mudança de hábitos
bem-sucedidas envolvem interromper os fatores ambientais que favorecem
o desempenho do hábito. Na realidade da vida, acidentes, problemas
imediatos e percalços costumam atrair a atenção dos media e dos
formuladores de políticas, como o tráfego grave ou estatísticas de saúde
alarmantes e as respostas primárias a esses eventos provavelmente serão
intervenções a jusante destinadas a resolver esses problemas imediatos. No
entanto, com base em pesquisas psicológicas sobre hábitos, o autor
menciona um raciocínio que aborda os fatores estruturais que geram tais
problemas, tal como a falta de transporte público acessível e eficiente, a
presença de uma cultura alimentar pouco saudável e estilos de vida
sedentários. Tais abordagens muitas vezes apresentam desafios
significativos para projetar e implementar, dado que levam tempo, muitas
vezes requerem apoio político, que podem ser caros, mas que são
necessários para que a sociedade promova comportamentos
ecologicamente responsáveis e saudáveis. As estratégias de mudança
bem-sucedidas abordam não apenas os problemas imediatos por meio de
intervenções a jusante, mas também os fatores a montante que incentivam
e mantêm a repetição do comportamento do dia-a -a-dia (Verplanken e
Wood, 2006).
36
ligando a forma como os lugares podem não atrair apenas turistas mas
também investimento e indústria (Kotler, P., & Gertner, D. (2002)).
37
amplos do que o branding. O termo "place branding" é o que certamente
alcançou o domínio dentro da literatura, havendo pouco acordo, entre
aqueles que pesquisam na área, sobre exatamente que tipo de construção
de marca (lugar como marca de produto, ou lugar como marca
corporativa) é o mais aplicável. O termo mais amplo "Marketing de lugares"
pode portanto, ser mais adequado a questões sobre a gestão global de um
lugar - considerado como um local com uma única identidade com
múltiplas facetas, uma história, e património cultural, e perceções pré-
existentes, e ser gerido uma organização, obtendo o mercado a partir de
uma abordagem múltipla das partes interessadas, em parceria. O termo
"place branding" é melhor esclarecido como a ligação às atividades
promocionais de um local, contextualizadas no domínio das comunicações
de marketing, marcando o local com uma identidade distinta na mente dos
vários grupos-alvo, a partir de uma abordagem que assegure os múltiplos
intervenientes do local, em parceria, gerindo e comunicando a identidade
da marca do lugar ao mundo, como querem que seja exibido
(Kavaratzis,2005).
38
cidades mais progressistas, que criam um produto centrado no cliente com
integração das características relevantes da cidade e de alianças de
partes interessadas, através dos limites geográficos, a fim de se desenvolver
um produto coerente como base para uma marca multi-produto, e, em
contaste, a existência das cidades menos progressistas, que aceitaram as
definições legais dos seus limites e trabalharam um produto em vez de uma
abordagem centrada no consumidor, com atividades de branding
frequentemente centradas na gestão de eventos e na construção de
ligações avulsas com associações e atracões hoteleiras locais.
39
Papadopoulos, (2004) sugere que uma imagem para um lugar com
o qual um produto está associado pode dar-lhe uma vantagem
competitiva (Johansson, 1993; Agrawal e Kamakura, 1999, citados por
Papadopoulos, 2004. O conceito de marca nos últimos anos foi
transformando rapidamente os governos em ativos participantes na arena
internacional competitiva (Kotler e Gertner, 2002). Alguns eventos mundiais
específicos, como a tendência geral para a globalização, têm ajudado a
alimentar a pressa para colocar o marketing como uma condição essencial
à competitividade global da nação, apresentando grandes desafios para
todos os lugares e empresas, e particularmente para os que estão menos
bem. Papadopoulos, (2004) alerta, ainda, que todas estas tendências e
desenvolvimentos lançam desafios e um conjunto único de oportunidades,
e ao mesmo tempo uma significativa responsabilidade de estudar e
trabalhar estas questões de forma eficaz, de modo a abordar as
necessidades das pessoas que vivem nesses lugares.
40
fluxo de investigações discutiu este fenómeno que ajudou a confirmar a sua
importância. Seguindo esta linha, Reid (1988), citado por Wring (1997)
concluiu que os partidos políticos devem determinar o âmbito e a forma
mais eficaz de comunicar o seu benefício para um público-alvo, devendo
memorar-se o valor dos conceitos do marketing para a análise do estudo
das campanhas políticas, tal como Wring (1997) anunciou em alguns
estudos reveladores de uma análise da política cada vez mais orientada
para o marketing nalgumas das maiores democracias do Ocidente,
alertando que alguns pensadores das teorias democráticas se
reconciliaram com a escola de gestão e passaram a usar o modelo
baseado nos “4 Ps” do Marketing Mix (Produto, Preço, Distribuição e
Comunicação) para explorar os elementos de uma eleição democrática.
Para Henneberg e O’Shaughnessy (2007), nesta discussão e reflexão
sobre os conceitos e teorias de marketing político, importa reconhecer a
existência de alguns investigadores - especialmente entre cientistas políticos
- que continuam inflexíveis à crença de que o marketing político é
conceptualmente irrelevante para o mundo enigmático da política,
alertando que a questão das eleições modernas, assim como a conduta
do governo e da própria democracia, é, no entanto, para estes autores,
uma das questões centrais da discussão do marketing político, pela
emergência de uma sociedade homogénea de fidelidade partidária
inconstante, bem como das consequências políticas profundas que traz
(Henneberg e O’Shaughnessy, 2007).
Os agentes políticos usam as técnicas de apelo de marketing
comercial, de uma forma muito simples, tanto as diretamente direcionadas
(marketing direto) como as gerais (o anúncio televisivo de 30 segundos) e
adotam muitas técnicas operacionais, e conceitos estratégicos do
marketing de consumo, tais como a segmentação e as técnicas de
pesquisa de mercado; e a adoção destes métodos e técnicas, no entanto,
41
não se somam ao marketing político pois deve haver algum nível de
reconhecimento, mesmo que não totalmente articulado, de que as
eleições e a própria democracia são um "mercado" competitivo, os
eleitores e os cidadãos são "consumidores", e este desenvolvimento é
sustentado numa cultura consumista avançada (Henneberg e
O’Shaughnessy, 2007).
A abordagem do marketing político a partir do marketing tradicional
(de consumo) pode ser perigosa já que o marketing político representa um
fenómeno de investigação específico, Henneberg e O’Shaughnessy (2007),
e há o risco das questões de marketing político serem absorvidas, sem o
devido tratamento, por uma "agenda comercial de marketing". Sabendo
que o "marketing político" conceptualiza eficazmente algumas das relações
na comunicação política, especificamente eleitoral, surge a necessidade
de algumas explicações importantes na procura de uma aplicação do
marketing à política, e de uma qualificação da ideia do marketing político,
no que diz respeito ao foco sobre aspetos específicos do seu conteúdo,
sublinhando as suas particularidades.
O alargamento dos modelos de marketing aos contextos sociais e
políticos amplia o seu contributo para o bem-estar da sociedade, através
da referência de Quelch e Jocz (2007), citado por Butler e Colins (2009) de
que o bom marketing contribui para uma melhor democracia e que o seu
valor social deve ser objeto de maior consideração e crédito. Analisando a
eleição, de 2009, de Barack Obama, para Presidente dos EUA encontram-
se alguns sucessos simbólicos desta eleição como a organização e a
execução da sua campanha através da aplicação da estratégica do
posicionamento de mercado que foi tida como muito importante, com o
tema da "Mudança" na base desta vitória de Obama, assim como três
fatores presentes em Obama: a simplicidade, a coerência e a relevância.
Destes três a coerência foi considerada especialmente importante, uma vez
42
que os principais adversários, Clinton e McCain, vacilaram nos seus temas
centrais e, consequentemente, perderam credibilidade e o terreno.
Para Vankov (2013), o paradigma do marketing suportado pelo
marketing político apresenta três orientações estratégicas diferentes: a
orientação para a venda, que é frequentemente vista como a "primeira
era" do marketing político, através das políticas partidárias dos slogans,
cartazes, e os 30 segundos de anúncios; a orientação para a politica da
mistura de instrumentos nas campanhas, através do uso sofisticado das
atividades de gestão de marketing e de estratégias de marketing político
para convencer os eleitores do valor da oferta política, adaptando a oferta
às preferências dos segmentos, e implementando campanhas de
marketing político eficazes através da utilização coordenada de uma
multiplicidade de políticas e instrumentos de marketing , estando em linha
com as estratégias de marketing orientadas para o mercado ou orientação
para o eleitor; e a orientação para a construção de relações com foco nas
necessidades, tanto dos eleitores como da sociedade, através de
estratégias dirigidas a diferentes segmentos de eleitores, numa lógica de
liderança relevante, coerente e consistente, de governação de longo
prazo. Para Vankov (2013) a orientação do marketing político para a
construção de relações, onde o foco é colocado na base das estratégias
do compromisso, do diálogo continuado e da implementação das
promessas políticas, não é muito adotada pelas organizações políticas pois
pressupõe um reajuste para ir ao encontro das necessidades dos eleitores e
da sociedade, como um todo, em vez do processo simples da
argumentação do que se quer implementar.
43
2.11 A Ciência da Felicidade
44
de uma abordagem mais inclusiva, equitativa e equilibrada do crescimento
económico que promova o desenvolvimento sustentável, a erradicação da
pobreza e a felicidade e o bem-estar de todos os povos, convidou os
Estados-Membros a empreenderem o desenvolvimento de novas medidas
que reflitam a importância da procura da felicidade e do bem-estar no
desenvolvimento, com vista a orientar as suas políticas públicas; bem como
a lançarem iniciativas para desenvolver novos indicadores e outras
iniciativas, como uma contribuição para o desenvolvimento da agenda
das Nações Unidas, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
(Resolução 65/309, da Assembleia Geral das Nações Unidas).
45
básicos são essenciais para a felicidade, depois de a linha de base ter sido
atingida a felicidade varia mais com a qualidade de relações humanas do
que de rendimento, fazendo com que outros objetivos políticos devam
incluir um elevado emprego e trabalho de alta qualidade; uma
comunidade forte com elevados níveis de confiança e respeito, através de
políticas participativas inclusivas; melhoria da saúde física e mental; apoio
à vida familiar; e uma educação decente para todos. Desta forma a
recolha regular em grande escala de dados sobre a felicidade no contexto
de uma variedade de inquéritos existentes permitirá o estabelecimento de
valores de base e tendências de mudança para o bem-estar subjetivo
dentro e entre nações e comunidades permitindo que as consequências
de bem-estar de eventos e mudanças políticas subsequentes sejam melhor
avaliadas. A investigação também pode ter implicações para as políticas
macroeconómicas, alterando a forma como as políticas são concebidas e
entregues; e pode sugerir formas alternativas de conceção e prestação de
serviços público e privado. Uma geração de estudos realizados por
psicólogos, economistas, sondadores, sociólogos, e outros, demonstrou que
a felicidade, embora seja de facto uma experiência subjetiva, pode ser
objetivamente medida, avaliada, correlacionada com funções cerebrais
observáveis, e relacionadas com as características de um indivíduo e da
sociedade. Perguntar às pessoas se estão felizes, ou satisfeitos com as suas
vidas, oferece informações importantes sobre a sociedade e pode sinalizar
crises subjacentes ou forças ocultas, pode sugerir a necessidade de
mudança. A ideia do estudo científico emergente da felicidade é evidente,
quer dos indivíduos, quer das escolhas e das sociedades, e dos relatórios
dos cidadãos sobre a satisfação da vida e é relatada através de duas
grandes medidas da felicidade: as emoções positivas e negativas do dia a
dia (felicidade afetiva)e a avaliação global da vida de uma pessoa
(felicidade avaliativa). (Sachs, 2012). Ura et al (2012) adverte que o FIB foi
46
apresentado aos líderes distritais provinciais para lhes permitir rever as suas
políticas contra os resultados a nível distrital e ver como poderiam alterar as
políticas de acordo com os resultados, sendo o objetivo mais vasto
promover um diálogo público à volta do índice para que as pessoas
partilhem os seus próprios entendimentos e apreciem como poderiam
aumentar a sua própria FIB. Os instrumentos de rastreio de políticas e
programas são utilizados desde 2008, e todas as agências, públicas ou
privadas, são encorajadas a pensar holisticamente.
47
Nesta questão de pensar em aumentar a felicidade, um dos aspetos
mais importantes é a sua medição, devendo-se discutir as medidas de
felicidade em uso em todos os países, especificamente a Gallup World Poll
(GWP), o Mundo Inquérito aos Valores (WVS), e o Inquérito Social Europeu
(ESS), e questionar se estas medidas podem ou não fornecer informação
válida sobre qualidade de vida que possa ser utilizada para orientar a
elaboração de políticas. Sachs (2012) argumenta que a recolha regular em
larga escala de dados sobre a felicidade permitirá analisar os impactos das
políticas sobre bem-estar.
48
danos irreparáveis para a Terra e para as gerações futuras; a inclusão
social, com o compromisso de cada sociedade de que os benefícios da
tecnologia, o progresso económico, deve ser acessível a todos; e a boa
governação, com a a capacidade da sociedade agir coletivamente
através de instituições políticas verdadeiramente participativas. A boa
governação não é apenas um meio para atingir um fim, mas também um
fim em si mesmo, uma vez que a boa governação significa a capacidade
das pessoas de ajudar a moldar as suas próprias vidas e de colher a
felicidade que vem com a participação política e a liberdade. Para avaliar
os estes pilares do desenvolvimento sustentável foram definidos um
conjunto de indicadores que se estendam muito para além do PNB
tradicional. Neste contexto os ODS incluem um compromisso específico
para medir a felicidade, para que o mundo como um todo, e cada país
individual, consiga monitorizar o progresso no desenvolvimento sustentável
e pode fazer comparações. Huang et al (2012) fazem uma análise da
evolução das avaliações de vida e das emoções para distinguir uma maior
variedade de tendências globais e regionais assim como a vida mudou
depois do covid, sendo que a medição dos bem-estar subjetivo continua
a basear-se em três indicadores principais de bem-estar: avaliações de
vida, emoções positivas e emoções negativas (descritas no relatório como
afeto positivo e negativo). Os rankings de felicidade são baseados em
avaliações de vida como a medida mais estável da qualidade de vida das
pessoas já que fornecem a medida mais informativa para comparações
internacionais, pois capturam a qualidade de vida de forma mais completa
e estável do que relatórios emocionais baseados em experiências diárias.
Huang et al (2012) explicam que para as avaliações de vida, a Gallup
World Poll, continua a ser a principal fonte de dados neste relatório, pedindo
aos entrevistados que avaliem sua vida atual como um todo usando a
imagem mental de uma escada, com a melhor vida possível para eles
49
como 10 e a pior possível como 0; as emoções positivas ( afeto positivo) é
dado pela média de respostas individuais sim ou não às três perguntas sobre
as emoções experimentadas, ou não, no dia anterior: riso, prazer e aprender
ou fazer algo interessante; e as emoções negativas (afeto negativo) é dado
pela média de respostas individuais, sim ou não, sobre três emoções
vivenciadas no dia anterior: preocupação, tristeza e raiva.
50
palavra bem-estar, nas suas várias formas, está a crescer em popularidade
e a ser usada com maior frequência para tratar a sustentabilidade e a
igualdade. O papel e o relevo da felicidade, os seus conceitos e
terminologia relacionada estão em ascensão em livros, em pesquisas, em
construções, governamentais e privadas, de indicadores do crescimento e
em iniciativas políticas do governo central. No último quarto de século, as
palavras “felicidade” e “rendimento” tiveram trajetórias opostas,
duplicando e reduzindo pela metade, respetivamente, em livros impressos.
Em vários idiomas, as referências ao Relatório Mundial da Felicidade estão
a crescer rapidamente e os autores de artigos de pesquisa económica
sobre felicidade escreveram em 69 países espalhados pelo mundo
(Barrington-Leigh, 2022).
51
satisfeitos, como a crise financeira, a pandemia do COVID-19 e as
alterações de um clima em mudança; o crescimento generalizado das
desigualdades não bem contabilizadas pelas medidas tradicionais de
desempenho económico não é novo, mas é um reconhecimento
crescente de que a degradação ambiental ameaça a previsibilidade do
bem-estar futuro (Barrington-Leigh, 2022). À luz dessas tendências contínuas,
os indivíduos, organizações, governos locais, governos centrais e agências
internacionais criaram um conjunto de indicadores que se destinam a
capturar as conceções mais amplas do progresso social humano. O banco
de dados subjacente, “Medindo o progresso e o bem-estar” (MPWB), foi
atualizado a partir de sua versão de 2016, dobrando de tamanho para 166
projetos em que cada projeto, ou sistema de indicadores, tenta capturar o
bem-estar e o progresso de forma coerente e mensurável, com a sua
maneira particular de fazê-lo. Esses esforços para encontrar novos
indicadores são, portanto, uma representação de como podemos
conceber e procurar o bem-estar e o progresso no futuro. Devido a
diferenças nas suposições e na abordagem estes indicadores refletem uma
variedade de lógicas conceptualmente diferentes onde incluem os
conceitos de desenvolvimento económico, riqueza generalizada,
qualidade de vida, desenvolvimento social, progresso, felicidade e
sustentabilidade (Barrington-Leigh, 2022).
52
2.15 Conceções governamentais do crescimento e bem-estar
53
palavra bem-estar várias vezes em frases que transmitem o objetivo da
política, como “saúde, prosperidade e bem-estar”, “bem-estar das pessoas,
salários e perspetivas”, “bem-estar e bem-estar dos jovens e perspetivas”,
“saúde, bem-estar e oportunidades” e “economias, meios de subsistência
e bem-estar”.
De acordo com Barrington-Leigh e Escande (2018) é de assinalar que
nem os documentos da Nova Zelândia ou do Canadá ou do Reino Unido,
usam a palavra “felicidade, refletindo uma crescente preferência, tal como
a literatura académica, por termos mais precisos que denotam questões
específicas de bem-estar subjetivo. Esta especificidade, no entanto,
adversa com o significado amplo e tipicamente mal definido do termo
“bem-estar” e “qualidade de vida” nesses mesmos documentos. Nesse
ponto, o Reino Unido se destaca fortemente em que a primeira parte da
primeira seção do suplemento do Livro Verde define o bem-estar sobre a
forma como as pessoas se sentem, mencionando que o bem-estar pessoal
é medido pelo Escritório de Estatísticas Nacionais por meio de relatórios
subjetivos de satisfação, propósito, felicidade e ansiedade. O passo de
abraçar abertamente o bem-estar subjetivo como um objetivo formal e
central da política governamental está em construção há muitos anos no
Reino Unido.
Para Barrington-Leigh & Escande (2018), refletindo sobre a história e
da linguagem governamental existente e da conceção em torno do bem-
estar e do progresso, a linguagem que engloba o “bem-estar” e a
“qualidade de vida” reconhece a felicidade como um resultado de uma
política importante através da incorporação de dados e indicadores de
felicidade, na formação de políticas.
Através da World Health Organization (s.d), um produto da 10ª
Conferência Global sobre Promoção da Saúde da Organização Mundial
da Saúde em dezembro de 2021, pode-se confirmar a referência à criação
54
de “sociedades de bem-estar”, que têm características em comum com as
“economias de bem-estar”, e são caracterizadas por uma “visão mais
positiva da saúde, incluindo “bem-estar social” , e “novos indicadores de
sucesso além do PIB, que levam a novas prioridades para os gastos
públicos.
Tendo em conta que os dados de felicidade oferecem uma nova
maneira de construir índices de outras condições de vida de maneira
significativa, fornecendo pesos empíricos para diferentes dimensões e
submedidas, Barrington-Leigh, 2022 recomenda que se evitem todos os
índices que não sejam baseados num esquema de ponderação baseado
em princípios credíveis.
55
calma a uma vida excitante e a tendência para cuidar dos outros ou de si
mesmo, apurando que experiências de equilíbrio, paz e calma são mais
prevalentes nos países ocidentais, que também experimentam os mais altos
níveis de satisfação – e são menos prevalentes nos países mais pobres,
incluindo os do Leste Asiático. A maioria das pessoas em quase todos os
países prefere uma vida mais calma a uma vida excitante, mas essa
preferência não é maior nos países orientais do que em outros lugares. No
entanto, é particularmente alto nos países mais pobres, especialmente na
África, onde a calma real é baixa.
Ballas (2013) afirma que que existe uma longa história e debates
acesos sobre a medição objetiva da Qualidade de Vida nas cidades sendo
alguns estudos sustentados – pelo menos implicitamente – pela suposição
de que as variáveis medidas objetivamente (como a expectativa de vida,
a escolaridade, o número de amenidades - características específicas de
uma localidade) estão correlacionadas com a forma como os habitantes
das cidades se sentem subjetivamente sobre a sua qualidade de sua vida,
se sentem bem. Ballas (2013) afirma que se tem alegado, com frequência,
que esta relação depende das características individuais (como exemplo,
o género, o rendimento e a posição no ciclo de vida), bem como da área
ou das características contextuais e culturais de cada pessoa e menciona
que poderá não existir uma relação entre o nível de bem-estar encontrado
numa cidade, que seja medido por uma ampla gama de indicadores
sociais objetivos comumente usados, e a qualidade de vida subjetivamente
experimentada pelos indivíduos naquela cidade.
56
Oswald e Wu (2010) alertam que algumas pesquisas podem ser
vistas como parte de um campo mais amplo da economia da felicidade,
ou da nova ciência da felicidade, na medida em que alguns estudos sobre
a felicidade discutem algumas das principais variáveis que podem
influenciar a felicidade subjetiva e o bem-estar (David et al., 2013 , Dolan et
al., 2007 , Frey e Stutzer, 2002, citado por Ballas, 2013). Balls (2013). Ballas
(2013) alerta que embora alguns estudos não considerem explicitamente
como o papel do espaço e do lugar influencia a felicidade e o bem-estar,
eles fornecem insights sobre a ideia de que as cidades e as regiões podem
contribuir para aumentar a felicidade dos seus habitantes, que vão desde
as políticas regionais e sociais - por exemplo, políticas do mercado de
trabalho para combater o desemprego, investimentos relacionados com
os transportes, como comboios de alta velocidade, que podem reduzir o
tempo de deslocação ou aumentar as oportunidades de emprego - e
iniciativas da comunidade local no sentido de aumentar a confiança social
e as suas redes comunitárias. Além disso, conforme Oswald e Wu, (2010, p.
577), citados por Ballas, (2013) “os lugares têm características que os seres
humanos consideram objetivamente agradáveis (sol Havaiano ou a
paisagem do Colorado) ou desagradáveis (preços das terras de
Connecticut ou fumo do trânsito da cidade de Nova York)”; no entanto,
nunca haverá uma cidade ou cidade-região considerada como a ideal do
ponto de vista da felicidade, uma vez que algumas das suas características
e fatores são valorizados de forma diferente por pessoas diferentes (ou as
mesmas pessoas em diferentes pontos de seu curso de vida) ( Whisler et al.,
2008) :por exemplo, a felicidade dos pais com filhos pequenos será
influenciada pela qualidade das escolas locais, a qualidade (e custo) das
moradias e as instalações gerais oferecidas às famílias de uma cidade (que
talvez prefiram morar numa cidade menor ou em numa aglomeração
urbana, ou nos subúrbios), ao passo que este não seria o caso de um jovem
57
de 18 anos que dará mais relevo às oportunidades de lazer, ou dos seniores,
que podem avaliar um clima mais ameno e a qualidade dos serviços de
saúde. No entanto, as informações detalhadas sobre a composição
socioeconómica e demográfica de uma cidade poderá ajudar a
identificar os fatores relacionados com o tipo de cidade ou região que
influencia (e possivelmente mudar, através de políticas) a felicidade e o
bem-estar dos seus cidadãos, para além da oportunidade de tratar
claramente o contexto geográfico e o impacto do lugar (Ballas, 2013).
Embora seja importante a existência de estudos sobre os tipos de cidades e
regiões que potenciam a felicidade, Ballas (2013) refere que tem havido
muito pouca pesquisa sobre com uma ciência regional ou perspetiva da
cidade, ou área local, define a qualidade de vida ou utilidade, tendo por
base dados subjetivos sobre o bem-estar e a felicidade de pesquisas
sociais. É relativamente recente a literatura sobre a felicidade subjetiva que
leva em conta o papel do lugar, da comunidade local, da coesão social e
da pertença (Blanchflower & Oswald, 2009 ; Brereton et al., 2008 , Clark et
al., 2009); e nesta discussão foi sugerido que de uma perspectiva anti-
globalização e economia da localização (Norberg-Hodge, Gorelick, &
Page, 2011 citados por Ballas, 2008 ) viver em áreas urbanas poderá ser
prejudicial para a felicidade humana mas, no entanto, segundo Glaeser
(2011) em todos os países a satisfação com a vida relatada aumenta com
o número de população que vive nas cidades, mesmo controlando o
rendimento a e a educação dos países; segundo o autor nos países onde
mais de metade da população é urbana, 30% das pessoas dizem ser muito
felizes e 17% dizem que não são muito ou nada felizes e em nações onde
mais de metade da população é rural, 25% das pessoas dizem estar muito
felizes e 22% referem infelicidade. Ballas, (2008) menciona que há um
número cada vez maior de estudos de medidas subjetivas de felicidade e
de bem-estar com dimensão geográfica. Oswald e Wu (2009) exploraram
58
a geografia da satisfação com a vida e a saúde mental nos EUA e
concluíram que após controlar as características individuais o estado de
Louisiana e o Distrito de Columbia apresentavam altos níveis de bem-estar
psicológico, enquanto os estados de Califórnia e Virgínia Ocidental
registavam um baixo bem-estar. Oswald e Wu (2009) assumem que o bem-
estar mental subjetivo pode ser visto como análogo à utilidade e Ballas &
Tranmer, 2012 que há necessidade de mais investigações sobre o impacto
do contexto geográfico e social sobre a felicidade. Aslam e Corrado (2011)
também apresentam um estudo regional de bem-estar subjetivo na Europa
e encontram uma relação estatisticamente significativa entre a satisfação
subjetiva de vida e os fatores das regiões e cidades.B allas (2013) afirma que
existe uma longa história de pesquisa obre os determinantes da Qualidade
de Vida (QV) urbana e regional sendo que a maioria dos estudos de
pesquisa se baseou mais em medidas relativamente objetivas de QV. Com
o surgimento e interesse na nova Ciência da Felicidade, que explora se a
felicidade subjetiva pode ser medida e se deve ser medida, como deve ser
medida e quais são os fatores que a afetam, é cada vez mais reconhecido
que há um enorme potencial para os cientistas sociais e comportamentais
adicionarem uma dimensão espacial, identificando as características e
fatores das cidades e regiões que influenciam as medidas subjetivas de
felicidade e bem-estar. Uma questão-chave para esta discussão é,
segundo Ballas (2013) o potencial da pesquisa interdisciplinar na procura de
uma melhor compreensão do que faz uma cidade 'feliz'; em particular no
desenvolvimento de uma pesquisa sobre os indicadores de QV urbana e
regional bem-sucedida, complementando-os ou combinando-os com as
medidas subjetivas de felicidade e bem-estar. No entanto, para cumprir
este potencial, é necessário realizar pesquisas com base numa ampla
gama de disciplinas, incluindo geografia, economia, sociologia,
planeamento urbano e regional e psicologia, sendo que há um enorme
59
potencial para a nova emergente Ciência das Cidades ( Batty, 2012)
através de debates importantes sobre o que faz as pessoas felizes e, em
particular, sobre o que as cidades e as regiões podem fazer a esse respeito.
Para Ballas (2013) uma questão particularmente importante é a das
desigualdades sociais e espaciais no rendimento e riqueza e, em geral, a
justiça social e a coesão social que têm enormes implicações para o bem-
estar e felicidade individual e a qualidade de vida de populações inteiras.
2.18 Conclusão
60
ecológica como um componente do próprio conceito de bem-estar ou
felicidade, ou uma “economia do bem-estar”, pela razão dos problemas
de sustentabilidade constituírem uma ameaça óbvia ao bem-estar.
61
3. Metodologia
62
descrições do mundo da vida do entrevistado com respeito pela
interpretação do significado dos fenómenos descritos". As recolhas destas
descrições podem ser feitas de várias maneiras, das quais entrevistas
presenciais são as mais comuns, surgindo as entrevistas por telefone muito
populares, para além das entrevistas através da Interne, que estão a
aumentar.
O estudo é de carácter exploratório e pretende desenvolver a
compreensão de uma área que não é muito explorada no marketing pelo
que se considera apropriado utilizar uma metodologia interpretativa e
qualitativa, utilizando entrevistas.
63
Objetivo do Estudo Método estudo
Estudo 1
Analisar e legitimar a aplicação dos conceitos do marketing
à procura da felicidade, para o reforço de estratégias
orientadas o desenvolvimento social e económico das
Método qualitativo: Entrevista aos
cidades, em Portugal
líderes dos municípios selecionados
Verificar se os municípios e as organizações de poder local
Análise de conteúdo
recolhem o nível de satisfação com a vida nos lugares dos
seus cidadãos, e com os serviços que prestam
Explorar os critérios e a seleção dos serviços dos municípios
de grande exigência
64
▪ Como a marca da cidade é entendida?
▪ A cidade tem uma causa principal reconhecida?
▪ A causa da cidade é partilhada com os seus cidadãos?
▪ Como a cidade é entendida na perceção das desigualdades
sociais?
▪ Como a cidade é entendida no contexto dos objetivos do
desenvolvimento sustentável?
▪ Quais os conceitos de branding que são aplicados;
▪ Quais as questões percecionadas que afetam o bem estar e
a qualidade de vida das pessoas?
▪ Quais as ações de educação ecológica aos cidadãos? Que
tipo de ações?
▪ Mede a eficácia das suas estratégias? Com que frequência e
como?
▪ Sabe o que faz as suas pessoas felizes?
▪ Sabe o que faz a sua cidade feliz?
▪ Incluiu alguma referência à felicidade no seu programa
eleitoral?
▪ Como comunica com os seus munícipes?
▪ Qual a sua definição para a felicidade e a qualidade de vida?
▪ Como são medidos os índices de felicidade no seu município?
▪ Considera-se uma pessoa feliz? Porquê?
▪ Considera que os seus cidadãos são felizes? Porquê?
▪ Que medidas está a tomar no contexto das smart cities?
65
4. Conclusão
66
antevendo as oportunidades do melhor e uma visão holística da procura
da felicidade.
67
Referências Bibliográficas
Anderson, J.; Narus, J.; Van Rossum, W. (2006). Customer Value Propositions
in Business Markets. Harvard Business Review. Mar2006, Vol. 84 Issue 3, p90-99. 10p.
2
68
Bauer,H.; Huber, F. e Herrmann; A. (1996). Political marketing: an
information‐economic analysis. European Journal of Marketing. Vol. 30 No. 10/11,
pp. 152-165. https://doi.org/10.1108/03090569610149863
Brereton,F. Clinch, J.P. & Ferreira, S.(2008). Happiness, geography and the
environment. Ecological Economics, 65 (2008), pp. 386-396.
https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2007.07.008
69
David, S. Boniwell, I. & Ayers, AC. (2013). The Oxford handbook of
happiness, Oxford University Press. https://books.google.pt/books?hl=pt-
PT&lr=&id=ljATDAAAQBAJ&oi=fnd&pg=PP1&dq=The+Oxford+handbook+of+happi
ness&ots=rR7SVBvBfi&sig=C0zfbJ0YMx7Mnxuo4GSVWH5lvZ4&redir_esc=y#v=onepa
ge&q=The%20Oxford%20handbook%20of%20happiness&f=false
Day, G.S. and Montgomery, D.B. (1999), "Charting new directions for
marketing", Journal of Marketing, Vol. 63 (Special Issue), pp. 3-13.
Day, G.S. and Montgomery, D.B. (1999), ``Charting new directions for
marketing’’, Journal of Marketing, Vol. 63 (Special Issue), pp. 3-13.
Edelman, D.(2010). Branding in the digital age: You're spending your money
in all the wrong places. Harvard Business Review, December 2010, 88(12)
Glaeser, E. (2011). Triumph of the city: How urban spaces make us human.
London: MacMillan,
https://scholar.google.com/scholar_lookup?title=Triumph%20of%20the%20city%3A
%20How%20urban%20spaces%20make%20us%20human&publication_year=2011&
author=E.%20Glaeser
70
Hanson, D. and Grimmer, M. (2007), The mix of qualitative and quantitative
research in major marketing journals, 1993-2002”, European Journal of Marketing,
Vol. 41 Nos 1/2, pp. 58-70, https://doi.org/10.1108/03090560710718111
Helliwel et al (2012). The first lesson from happiness research is that GDP is a
valuable goal, but that other things are also very important. World Happiness
Report. https://worldhappiness.report/ed/2012/
71
Hunt, S. D. (2018). Advancing marketing strategy in the marketing discipline
and beyond: from promise, to neglect, to prominence, to fragment (to promise?).
Journal of Marketing Management, 34(1–2), 16–51.
https://doi.org/10.1080/0267257X.2017.1326973
Kotler, P., & Gertner, D. (2002). Country as brand, product, and beyond: A
place marketing and brand management perspective. Journal of Brand
Management, 9(4), 249–261. doi:10.1057/palgrave.bm.2540076
72
Kotler, P.; Levy, S. (1969). Broadening the Concept of Marketing. Journal of
Marketing. Jan1969, Vol. 33 Issue 1, p10-15. 6p. 2 DOI: 10.2307/1248740.
Lomas, T., Yuanhong Lai, A., Shiba, K., Diego-Rosell, P., Uchida, Y. &
VanderWeele, T. (2022). Insights from the First Global Survey of Balance and
Harmony. World Happiness Report. Sustainable Development Solutions Network.
https://worldhappiness.report/ed/2012/
Morgan, N. A., Whitler, K. A., Feng, H., & Chari, S. (2019). Research in
marketing strategy. Journal of the Academy of Marketing Science, 47(1), 4–29.
https://doi.org/10.1007/s11747-018-0598-1
73
Pessoa, F (1926). A Essência do Comércio. Arquivo Pessoa, retrieved from:
http://arquivopessoa.net/textos/99
Sirgy, J., Samli, AC & Meadow, L. ( 1982 ), " The Interface Between Quality
of Life and Marketing: A Theoretical Framework ", Journal of Marketing & Public
Policy, 1(1), 69 - 84 . https://doi.org/10.1177/074391568200100106
74
Smith, J. (2021). The Imperative of Marketing Imagination. American
Marketing Association. Retrieved https://www.ama.org/marketing-news/the-
imperative-of-
marketingimagination/?utm_medium=email&utm_source=rasa_io&PostID=401158
06&MessageRunDetailID=6794144714
Ura, K, Alkire, S. & Zangmo,T. (2012). Case Study: Bhutan. Gross national
happiness and the gnh index. World Happiness Report.
https://worldhappiness.report/ed/2012/
Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2004). Evolving to a New Dominant Logic for
Marketing. Journal of Marketing, 68(1), 1–17.
https://doi.org/10.1509/jmkg.68.1.1.24036
75
Wilkie, William L. e Moore, Elizabeth S. ( 1999 ), Marketing's Contributions to
Society. Journal of Marketing, 63 (Special Issue), 198 - 218 .
https://doi.org/10.1177/00222429990634s118
76
77
ANEXOS
78