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DE
C ONCEITOS
HISTÓRICOS
ILUMINISMO
Iluminismo
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Defendia também que todo governo deveria emanar da soberania popular e ser
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constituído a partir de um pacto social entre povo e governantes. Rousseau foi um
pessimista, pois acreditava que o progresso não traria benefícios para todos assim
como que a civilização degradava o homem, mas sua filosofia política influenciou
sobremaneira a elite da América Hispânica no início do século XIX, dando o
direcionamento republicano das independências latino-americanas.
Já Voltaire, além de filósofo, foi um importante escritor. Satírico e moderado,
apesar de se opor ao Absolutismo, defendia uma monarquia “esclarecida”. Chegou
mesmo a inspirar os déspotas esclarecidos de seu tempo, como o rei Frederico II, da
Prússia, cuja corte integrou. A obra de Voltaire prima pela sátira à sociedade da época,
em que as crenças religiosas e o fanatismo tinham importante papel. Teve uma longa
carreira como escritor, dedicando seus trabalhos a “esclarecer” a humanidade, ou seja,
a combater o fanatismo e a ignorância. Voltaire foi um intelectualista que, ao contrário
de Rousseau, defendeu o progresso como impulsionador da civilização.
Em linhas gerais, o pensamento iluminista foi elitista e intensamente progressista.
No primeiro caso, voltados para um público instruído, os filósofos queriam educar os
“bons burgueses” e pouco tinham a dizer ao povo e aos trabalhadores. No segundo, a
maioria dos iluministas acreditava que a história em sua constante mudança estaria
sempre tendendo a mudar para melhor. Essa visão otimista da história foi mais bem
esboçada por Condorcet, um dos últimos iluministas. Para ele, o homem tinha uma
capacidade infinita de se aperfeiçoar, o que permitia às sociedades se tornarem cada
vez mais avançadas, sempre baseadas na razão.
A razão e o progresso, dessa forma, foram elementos básicos do pensamento
iluminista e influenciaram as transformações políticas e sociais entre o fim do século
XVIII e o início do século XIX. Tal pensamento, em sua crítica ao Absolutismo, à Igreja
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como aspiração fundamental para a civilização. As sociedades ocidentais dos séculos
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Devemos evitar abordar o Iluminismo tão somente como a filosofia de uma elite
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intelectual morta há trezentos anos, pois ao fazermos isso perdemos o sentido de
por que realmente estamos estudando o tema, o sentido de sua grande influência
na formação das sociedades contemporâneas.
VER TAMBÉM
Absolutismo; Burguesia; Liberdade; Modernidade; Nação; Pós-modernidade;
Relativismo Cultural; Revolução Francesa; Revolução Industrial.
SUGESTÕES DE LEITURA
ADORNO, Theodor. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Coleção
Os Pensadores).
EDGAR, Andrew; SEDGWICK, Peter. Teoria cultural de A a Z: conceitos-chave para
entender o mundo contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2003.
FORTES, L. R. Salinas. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981.
GRAY, John. Voltaire: Voltaire e o Iluminismo. São Paulo: Ed. Unesp, 1999.
GRESPAN, Jorge. Revolução Francesa e Iluminismo. São Paulo: Contexto, 2003.
HUGHES-WARRINGTON, Marnie. 50 grandes pensadores da História. São Paulo:
Contexto, 2002.
ROUANET, Sergio Paulo. As razões do Iluminismo. São Paulo: Companhia das
Letras, 1987.
STRATHERN, Paul. Rousseau em 90 minutos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
VENTURI, Franco. Utopia e Reforma no Iluminismo. Bauru: Edusc, 2003.
VOLTAIRE. Dicionário filosófico. São Paulo: Martin Claret, 2003.
IMAGINÁRIO
Imaginário é uma palavra que desde as últimas décadas do século XX invadiu
a produção da História no mundo ocidental. Intrinsecamente envolvido com a
chamada Nova História francesa e com a produção de uma História das Mentalidades,
seu estudo, no entanto, ultrapassa as fronteiras da História, atingindo a Antropologia
e a Filosofia. Imaginário significa o conjunto de imagens guardadas no inconsciente
coletivo de uma sociedade ou de um grupo social; é o depósito de imagens de
memória e imaginação. Ele abarca todas as representações de uma sociedade, toda a
experiência humana, coletiva ou individual: as ideias sobre a morte, sobre o futuro,
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