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Alvaro Bianchi é professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), diretor do Centro de Estudos Marxistas (Cemarx/Unicamp) e secretário
de redação da revista Outubro.
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Uma primeira versão deste artigo foi apresentada no Seminário Lênin: 80 anos, realizado no
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, em novem-
bro de 2004. O professor Hector Benoit gentilmente leu uma primeira versão deste texto e fez
a respeito importantes observações críticas. A responsabilidade pelas idéias aqui apresenta-
das é, entretanto, exclusivamente do autor.
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O argumento não fazia senão repetir a resposta do próprio Marx ao artigo do mesmo
Mikhailovski, publicado no Otiechesviennie Zpiski. (Cf. MARX & ENGELS, 1965, p. 312).
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Ver a crítica de Leon Trotsky (1989, pp. 389-411).
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Segundo Robert Mayer, a idéia de que a verdade é sempre concreta é o princípio essencial da
dialética leninista. A fonte desse princípio não seria, entretanto, Hegel, e sim Chernichevski e
Plekhanov. Cf. M AYER, 1999, p. 44.
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Cito apenas, como exemplos, dois textos dos inúmeros nos quais esses termos são utiliza-
dos: LCW, v. 10, pp. 112-119, e v. 15, pp. 321-324.
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A existência de uma “dialética da natureza” pressuposta nesta afirmação foi questionada por
um grande número de marxistas, dentre eles o próprio Lukács. A discussão dessa questão
foge, entretanto, dos objetivos deste artigo (cf. LUKÁCS, 1989, p. 19).
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Vale lembrar o famoso aforismo formulado por Lênin no Conspecto do Livro de Hegel “Ciência da
Lógica”: Não é possível compreender plenamente o ‘Capital’ de Marx e particularmente o seu
capítulo I sem ter estudado a fundo e sem ter compreendido toda a Lógica de Hegel. Por
conseguinte, meio século depois nenhum marxista compreendeu Marx!!” (LCW, v.38, p. 180).
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lembrava Lênin em Que fazer? (LCW, v. 5, 1964, p. 372). Mais uma vez
escrevendo sobre a guerra, desta vez em A falência da Segunda Internaci-
onal, Lênin afirmou: “A dialética exige que um fenômeno social seja estu-
dado em todos os seus aspectos, através de seu desenvolvimento, e
que o aspecto exterior, a aparência, seja remetido às principais forças
motrizes, ao desenvolvimento das forças produtivas e à luta de classes.”
(LÊNIN, v. 31, p. 218). O impacto dos estudos sobre a dialética nesse texto
é evidente, assim como em outras intervenções posteriores. No auge da
aguda polêmica com Trotsky e Bukharin por conta da questão sindical,
essa questão reapareceu em termos similares àqueles apresentados nos
Cadernos filosóficos. Afirmava Lênin na ocasião:
Referências
LÖWY, Michael. Método dialético e teoria política. São Paulo: Paz e Terra, 1978.
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Sobre a continuidade da teoria do partido em Lênin e seu caráter dialético, ver BENOIT (1998).
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LENIN, V. I. Collected works. Moscou: Foreign Lenguages, 1963. (citado como LCW).
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Selected correspondence. Moscou: Progress, 1965.
MAYER, Robert. “Lênin and the practice of dialectical thinking”. In: Science & Society,
n. 1, v. 63, 1999.