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Tendências da

Historiografia
Contemporânea
Material Teórico
Historiografia Marxista

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Ana Barbara Ap. Pederiva e
Profa. Paula Regina La Rosa Veiga

Revisão Textual:
Profa. Esp. Natalia Conti
Historiografia Marxista

• Marxismo e Historiografia: Perspectivas


• Historiografia Marxista

·· A unidade pretende analisar as perspectivas dos historiadores marxistas para a


análise da realidade histórica.

Olá alunos, nesta Unidade iremos estudar a historiografia marxista. É importante que vocês
leiam atentamente o material teórico. Além disso, procurem ler os livros indicados e os sites
sugeridos na seção material complementar.
Procurem se aprofundar no tema realizando pesquisas sobre assuntos que tenham despertado
sua curiosidade na unidade.
Realizem as atividades propostas com seriedade. Fiquem atentos aos prazos da unidade.
Respondam às questões, participem de todas as atividades propostas.
Bons estudos!

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Unidade: Historiografia Marxista

Contextualização
Você provavelmente já ouviu falar de O Capital e de
seu autor, Karl Marx. Mas além desse livro, quais são as
outras obras de Marx? Qual a grande contribuição que
ele deixou para a sociedade, afinal?
É exatamente sobre isso que iremos falar: sobre
os princípios do pensamento de Marx. Mais que isso,
vamos falar de como essas reflexões trouxeram novas
perspectivas de análises históricas.
E também de como essa corrente historiográfica se
espalhou pelo mundo, deixando sua marca na produção
histórica desde Marx até os dias atuais.

Fonte: O Capital (Karl Marx) 1998, Civilização Brasileira

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Marxismo e Historiografia: Perspectivas

Para iniciar nossa discussão sobre a historiografia marxista, sempre é bom lembrar alguns
conceitos básicos, algumas premissas importantes para a área de História.
Em primeiro lugar, nunca podemos perder a perspectiva de que o conhecimento histórico
é historicamente produzido pelos pesquisadores da área de história. Nessa perspectiva não é o
passado que se modifica, e sim a análise que os historiadores fazem desse passado. Como assim?
Não é a experiência humana que se modifica, enquanto passado, e sim a investigação
que dela se faz, de acordo com as problemáticas que o historiador se coloca no tempo
presente (VIEIRA, 2003).
Infelizmente na contemporaneidade, poucos são os historiadores que refletem sobre a
natureza da Ciência da História. Numa perspectiva pragmatista, há uma renúncia à reflexão
teórica e, sem teoria e prática metodológica, não há avanço do conhecimento.
Nesse sentido, a historiografia vem contribuir com o conhecimento dos fatos do passado,
isto é, a historiografia é o resultado da pesquisa histórica, seus escritos, as reflexões realizadas
por parte dos historiadores sobre diferentes contextos. Portanto, historiografia deve
significar “pesquisa e escrita da História”, pois a formação do historiador nos fundamentos
epistemológicos deve ser acompanhada de uma formação prática, a pesquisa.

Epistemologia significa o conhecimento sobre as origens das ciências, ou seja,


a epistemologia pode ser pensada como a ciência ou a teoria sobre a origem,
Glossário natureza e limites do conhecimento científico.

Podemos verificar então, que o estudo da historiografia é a análise crítica do conhecimento


histórico, do seu processo de produção, das teorias e métodos utilizados por parte dos
historiadores. Assim, devemos compreender também, que a escolha de uma teoria,
tendo em conta sua eficácia explicativa e seus métodos, é fundamental para a
pesquisa histórica.
Após essas reflexões sobre historiografia, podemos chegar na historiografia marxista. Os
historiadores que se identificam com essa teoria explicativa, compreendem que o objeto do
conhecimento histórico é a realidade objetiva do materialismo histórico. Mas, como as
reflexões de Karl Marx tornaram-se uma “escola”?
Na medida em que Marx e Engels preocupavam-se em seus escritos em demonstrar que
o capitalismo seria superado quando surgisse uma classe revolucionária, pois era transitório,
muitos dos seus conceitos e reflexões sobre diferentes contextos foram adotados por
historiadores em suas análises e pesquisas e aí vimos surgir uma nova escola, uma nova
corrente historiográfica.

A teoria de Karl Marx pode ser considerada uma nova concepção filosófica
do mundo, pensada por ele e por Friedrich Engels. Eles interpretam
Atenção a vida social conforme a dinâmica da luta de classes e prevêem a
transformação das sociedades de acordo com as leis do desenvolvimento
histórico de seu sistema produtivo, ou seja, o Materialismo Histórico.

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Unidade: Historiografia Marxista

Essa escola ou corrente historiográfica alia reflexão histórica, filosófica com a prática
política. É uma forma racional de analisar a realidade, partindo de uma base econômica, ou
seja, os modos de produção e a infraestrutura econômica.
Nessa perspectiva, os resultados da combinação das forças produtivas e das relações sociais
de produção determinam a morfologia da sociedade, isto é, os aspectos ideológicos, jurídicos,
políticos, culturais, entre outros. Ou seja, a superestrutura (formas de consciência social/
ideologia, relações jurídicas, as formas de Estado, as instituições políticas) se constitui a partir
da infraestrutura.
A superestrutura pode se manifestar de diferentes formas (leis, ensaios filosóficos, obras
artísticas, doutrinas religiosas etc.), mas é determinada pelas condições socioeconômicas.

Importante!
As reflexões sobre o materialismo histórico surgiram, principalmente,
nas análises realizadas em “A Ideologia Alemã” e “Contribuição à Crítica
da Economia Política”. Mas, várias outras obras de Marx e Engels são
fundamentais para compreensão de suas reflexões. Portanto, para saber
mais, leia:
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo:
Expressão Popular, 2007.
MARX, K. O Capital: crítica da economia política. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2004.
MARX, K. Crítica da filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Boitempo
Editorial, 2006.
MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo
Editorial, 2006.
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo
Editorial, 2005.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo, HUCITEC, 1987.

Para ficar mais claro, vamos trazer essas reflexões para a atualidade?
Um morador da periferia de uma grande cidade possui consciência social que é o resultado
de suas condições socioeconômicas e, portanto, pensará o mundo e a própria sociedade na
qual está inserido desta perspectiva.
Por exemplo, se pensarmos na música “Fim de Semana no Parque”, dos Racionais MC´s,
de 1993, notamos a forte crítica à desigualdade da sociedade brasileira do período. Vamos lá?

Música Fim de semana no parque.


Disponível em: https://youtu.be/37uL-WfTBx0

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Ao ouvir a canção “Fim de semana no parque” notamos que o grupo Racionais MC´s capta
experiências do real concreto, reflete, reelabora e devolve para a sociedade em forma de
crítica, ou seja, as condições socioeconômicas levam à consciência social.
É claro que nem todas as pessoas que ouvirem a música perceberão a crítica e a consciência
das pessoas expostas de forma clara na canção, assim como, nem todas as pessoas que lerem
as obras de autores influenciados pelas teorias marxistas compreenderam imediatamente suas
propostas. Mesmo assim, os historiadores não podem perder de vista que o passado é uma
construção e uma reinterpretação constante.

A organização e reconstrução do passado em função do presente é a


função social da História, pois o passado não é a história e sim, seu
Atenção objeto. LE GOFF, Jacques. História. História e memória. Campinas,
SP: Editora da Unicamp, 1996. (Coleção Repertórios)

Agora que vimos algumas das propostas teóricas das reflexões marxistas na História,
podemos identificar quais foram os principais seguidores de Marx e Engels e ainda, identificar
suas principais contribuições. Vamos lá?

Historiografia Marxista

Não é tarefa fácil levantar os principais autores que sofreram e sofrem influência direta das
reflexões teóricas e metodológicas de Marx e Engels. Corremos sempre o risco de deixar de
lado autores e obras muito importantes para a historiografia mundial.
Mesmo assim, destacaremos nas próximas páginas alguns dos principais teóricos que
tanto contribuíram e que ainda contribuem para a corrente marxista da historiografia e,
consequentemente, para o conhecimento histórico.
No século XIX percebemos que poucos pensadores seguiram os passos de Marx e Engels,
como Jean Jaurés na França e na Alemanhã Franz Mehring.

A partir da metade do século XIX, tentou-se de modo


sistemático, introduzir um referencial materialista
Diálogo com o Autor no lugar de um referencial idealista, levando a um
declínio da história política e à ascensão, mesmo que
moderada, da história econômica ou socioeconômica.
(QUINSANI, 2010)

A verdadeira influência pode ser sentida no século XX, logo nos primeiros anos, quando
identificamos que as reflexões marxistas deixaram a Europa e chegaram a todos os cantos
do planeta.
Infelizmente, neste período, podendo trazer até a atualidade, muitas deformações e
simplificações ocorreram das principais teorias (cientificismo, economicismo, marxismo vulgar,
etc.). Mesmo assim, todas as reflexões são válidas, pois contribuem para a Ciência da História

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Unidade: Historiografia Marxista

que, em momento algum, pretende-se dogmática.


Retomando os principais autores e obras de influência marxista, podemos destacar
na Alemanha:

• Karl Kautsky (A Origem do Cistianismo; Teoria da mais-valia; A questão agrária);


• Eduard Bernstein (Os requisitos do Socialismo e o Futuro da Social-Democracia);
• Franz Mehring (História da social democracia alemã);
• Max Horkheimer (Materialismo, metafísica e moral; Dialética do esclarecimento; Crítica
da razão instrumental e Teoria tradicional e teoria crítica);
• Siegfried Kracauer (O ornamento da massa; History. The Last Things Before the Last);
• Walter Benjamin (A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica; Paris,
Capital do século XIX).
E na França, os teóricos principais são:
• Jules Guesde (Les Preuves; Études socialistes; Comment se réalisera le socialisme?; La
Révolution russe);
• Paul Lafargue (O direito à preguiça; Socialismo e Patriotismo; Simples verdades
socialistas; Orações capitalistas)
• Jean Jaurés (Études socialistes; Les Deux Méthodes; Comment se réalisera le socialisme?)
• Ernest Labrousse (Histoire économique et sociale de la France; Crise de l’économie
française à la veille de la Révolution);
• Louis Althusser (A Querela do humanismo; Sobre Brecht e Marx; A Filosofia como
uma arma revolucionária; Como ler o Capital?)
• Gabriel Deville (O Capital de Karl Marx);
• Michel Vovelle (Ideologias e Mentalidades; Combates pela Revolução Francesa);
• Albert Soboul (A Revolução Francesa; A Civilização e a Revolução Francesa);
• Pierre Vilar (Desenvolvimento Econômico e Análise Histórica; História Marxista,
História em Construção: Ensaio de Diálogo com Louis Althusser; Iniciação ao Vocabulário
da Análise Histórica).
Na Itália, o principal teórico foi Antonio Gramsci (Cadernos do cárcere; Escritos políticos);
na Hungria: Georg Lukács (História e consciência de classe; A particularidade do estético;
Ética) e na Polônia destacamos Witold Kula (Teoria econômica do sistema feudal) e Jerzy
Topolsky (Metodologia da história).
Na Itália e na França muitos pensadores marxistas estavam à frente de partidos políticos,
como dirigentes. Na Alemanha, após o término da 1ª Guerra Mundial, as teorias marxistas se
destacavam nas análises dos pensadores.
Já na antiga U.R.S.S. vimos despontar as reflexões de Vladimir Lenin (As três fontes;
Imperialismo, fase superior do capitalismo; O Estado e a revolução; Que fazer?), que retoma os

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primeiros pensamentos de Marx e os aplica como método de investigação para a compreensão
de contextos históricos.
A historiografia marxista inglesa pode ser pensada através de vários autores, mas,
podemos dizer que a fundação dessas reflexões ocorreu com a revista “Past and Present”, em
1952, tendo como principais autores:
• Veré Gordon Chielde (The Dawn of European Civilization; O que aconteceu na
História; A Evolução cultural do homem);
• Rodney Hilton (A transição do feudalismo para o capitalismo);
• Christopher Hill (O mundo de ponta cabeça; Os eleitos de Deus; A Revolução Inglesa
de 1640);
• Eric J. Hobsbawm (A Era das revoluções; A Era dos Impérios; A Era do Capital; A Era
dos extremos; História do Marxismo; História social do Jazz);
• Maurice Dobb (A Evolução do capitalismo).
Seus escritos faziam uma crítica direta ao cientificismo e ao utilitarismo das teorias marxistas
por parte dos soviéticos, assim como ao determinismo economicista.
Valorizavam os métodos de outras ciências e ainda trouxeram a perspectiva da “história
vista de baixo”, destacando a luta de classes e uma história pensada a partir da perspectiva dos
oprimidos em oposição à história das elites.

Apesar do conceito “História vista de baixo” ter sido


desenvolvido por historiadores marxistas ingleses,
Diálogo com o Autor não podemos confundir a conceituação Marxista de
História com a História Social, pois o “povo” não
pode ser resgatado pela História somente quando se
engajam em movimentos políticos ou trabalhistas.
(SHARPE apud BURKE, 1992)

Todos os teóricos citados anteriormente contribuíram a sua maneira para que as teorias
marxistas fossem conhecidas em seus respectivos países e, posteriormente, influenciaram
pensadores de vários outros locais do globo.
Na Argentina, “Juan Busto foi o primeiro a traduzir o Capital de Marx, Aníbal Ponce é
marcado pela influência e impacto do pensamento de Sarmiento e pela dicotomia Civilização e
Barbárie, mas se destaca, principalmente, pela abordagem criadora com que aplica o marxismo
à realidade latino-americana. Emílio Frigoni, no Uruguai, cria em 1911 o Centro Karl Marx
de Montevidéu. Em Cuba, Julio Mella, estudante e um dos fundadores do Partido Comunista
Cubano, centra sua atuação dentro de um marco internacionalista, criticando o capitalismo, o
imperialismo e questionando movimentos de caráter nacionalista como a APRA peruana. [...]
Diferente da posição defendida por esta instituição, Mariatégui recusa a união do proletariado
com outras classes. Seu pensamento une a herança europeia e as tradições indígenas para assimilar
do ponto de vista marxista à experiência social das massas campesinas.” (QUINSANI, 2010, p. 4)
Nos países da América Latina, no início do século XX, as principais reflexões teóricas
giravam em torno do caráter global ou local da revolução, ou seja, da natureza da revolução,

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de suas etapas, da relação entre teoria e prática, a adaptação às realidades singulares do


continente, entre outros elementos.
Assim como na Europa, muitos pensadores foram atraídos pelo marxismo por conta de
suas militâncias políticas e sem dúvida, contribuíram em demasia para os estudos históricos.
Mas temos que tomar cuidado, pois o importante para a historiografia é saber diferenciar
quando usar o marxismo como um método científico, sua contribuição à teoria da História e
ainda, perceber a importância dos escritos de Marx e seus comentadores à História.
No Brasil, muitos foram os pensadores que aderiram às reflexões marxistas. Antonio
Piccarollo, italiano que chegou ao Brasil em 1904, escreve uma síntese da evolução histórica
e da situação política do país em 1908.
Antonio dos Santos Figueiredo em 1926 publica “A Evolução do Estado no Brasil”.
Octávio Brandão em 1924 escreve “Agrarismo e Industrialismo”, obra que serviu de base
para o programa que o Partido Comunista adotou na segunda metade da década de 20.
O jornalista e gráfico Astrojildo Pereira, militante e organizador do movimento operário
de vertente anarco-sindicalista, participa de várias publicações de crítica à sociedade brasileira
e também, dedica-se em suas pesquisas à busca das raízes nacional populares da cultura
brasileira. Participa ativamente das revistas “Literatura” e “Estudos Sociais”.
Caio Prado Júnior escreve “Evolução política do Brasil”, onde destaca que “[...] a
predominância das condições objetivas não poderia dissipar a irredutibilidade dos momentos
subjetivos que marcam a história. [...]” (KONDER, 1991).

Para conhecer mais sobre o pensamento de Caio Prado Júnior, leia “A


Revolução Brasileira”.
Explore Disponível em: http://marxismo21.org/caio-prado-jr/

Caio Prado Júnior pode ser considerado um dos pioneiros no Brasil, que efetivamente
aplicou em suas obras (Formação do Brasil Contemporâneo; Evolução política do Brasil;
URSS: um novo mundo; História econômica do Brasil; A Revolução Brasileira, entre outras.)
a concepção de história pensada por Marx.

Saiba Mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre a historiografia brasileira leia:
FREITAS, Marcos Cezar (org.) Historiografia brasileira em perspectiva. São
Paulo: Contexto, 1998.

Jacob Gorender, um dos mais importantes historiadores marxistas, além de militante foi
referência entre os intelectuais brasileiros. Escreveu vários artigos e ensaios (A espoliação
do povo brasileiro pela finança internacional; O V Congresso dos comunistas brasileiros; O
conceito de modo de produção e a pesquisa histórica; A revolução burguesa e os comunistas;
O escravismo colonial, Combate nas trevas, entre outros.). Gorender participou durante toda
sua vida de debates e reflexões sobre as lutas político-sociais da sociedade brasileira e contribuiu
com a divulgação do pensamento marxista no Brasil.

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Para conhecer mais sobre o pensamento de Jacob Gorender, leia sua
conferência “A Atualidade de O Capital”.
Explore Disponível em: http://goo.gl/OAuXxr

Ciro Flamarion Cardoso foi outro historiador marxista que deixou um grande legado para
a historiografia. Suas obras “Domínios da História”, “Modo de produção asiático: nova visita a
um velho conceito”; “Uma Introdução à História”, “O Trabalho compulsório na antiguidade”,
entre outros, trouxeram para a área de História, muitos debates e reflexões fundamentais para
o desenvolvimento científico.

Para conhecer mais sobre o pensamento de Ciro Flamarion Cardoso acesse:


http://marxismo21.org/homenagem/
Explore

Boris Fausto desenvolve pesquisas principalmente sobre o Brasil Republicano. Suas


obras (Trabalho urbano e conflito social; A Revolução de 1930: historiografia e história;
O pensamento nacionalista autoritário; História geral da civilização brasileira, entre outras)
são referencias para os estudos históricos brasileiros e são fundamentais para os currículos
universitários. Mesmo assim, há muitas controvérsias sobre sua influência marxista.

Para conhecer mais sobre o pensamento de Boris Fausto.


Disponível em: http://goo.gl/5Qer7G
Explore

Nelson Weneck Sodré, em suas obras (História da literatura brasileira; História nova
do Brasil; Formação histórica do Brasil, entre outras), trouxe para a discussão historiográfica
muitas polêmicas sobre a formação da burguesia brasileira e contribuiu sobremaneira para o
desenvolvimentos dos estudos históricos.

Para conhecer mais sobre o pensamento de Nelson Werneck Sodré.


Disponível em: http://goo.gl/QKo5Hx
Explore

Após essa breve apresentação de alguns autores e obras de influência marxista, cabe ressaltar
que a historiografia, muitas vezes, é elitizada e se destina ao consumo de um pequeno grupo
de letrados, mas a historiografia “filtrada” pode atingir o grande público e, nesse sentido,
o conhecimento histórico pode ser utilizado como um instrumento na luta de classes, na
criação e/ou eliminação das contradições, no pensar e repensar constante das sociedades e,
consequentemente, na sua transformação.
Portanto, se a História não é a realidade e sim o estudo da realidade de diferentes contextos
históricos, o historiador deve sempre refletir teoricamente sobre os mesmos.
A História não pode apresentar um discurso absoluto e nem uma singularidade absoluta,
mas devemos sempre lembrar que ela estuda as sociedades humanas, os grupos humanos
organizados e que, portanto, possui uma responsabilidade de transformação.

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Importante!
Os documentos/fontes são a expressão da experiência humana,
experiência esta “(...) entendida sempre como experiência de classe
que é de luta, e valorizar a natureza política dessa luta, significa
considerar então que a história real é construída por homens reais,
vivendo relações de dominação e subordinação em todas as dimensões
do social, daí resultando o processo de dominação e resistência”.
Portanto, a História deve buscar retomar os agentes sociais de forma
ativa, como construtores de sua própria história.
(VIEIRA et al., 1995)

Nesse sentido, percebemos que a corrente marxista contribui para que os objetivos da
Ciência da História sejam alcançados. O pensamento crítico marxista ainda está presente e
é absolutamente atual, pois as contradições do capitalismo ainda impõem a sua superação e
mais, ainda existe muita desigualdade, exploração e resistência.

“O historiador materialista comprometido com um


projeto revolucionário precisa reconstruir o quadro,
compreender os problemas postos pela vida, avaliar as
Diálogo com o Autor
condições materiais, para poder entender criticamente
as iniciativas, as propostas, os anseios, o ânimo com
que os homens se movem na arena de luta na qual se
veem colocados”.
(KONDER, 1991)

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Material Complementar

Após o estudo do material teórico é importante que você busque o aprofundamento das
ideias apresentadas, para que possa realizar uma boa reflexão sobre o tema. Assim, indicamos
os seguintes materiais complementares:
Livros:
CERTEAU, Michel de. A escrita da História.
Disponível em: http://portugues.free-ebooks.net/autor/michel-de-certeau

MARX, Karl. O Capital.


Disponível em: http://portugues.free-ebooks.net/autor/karl-marx

MARX, Karl. O 18 Brumário de Luis Bonaparte.


Disponível em: http://portugues.free-ebooks.net/ebook/O-18-Brumario-de-Luis-Bonaparte

MARX, Karl. Introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel.


Disponível em: http://portugues.free-ebooks.net/ebook/Introducao-a-Critica-da-Filosofia-do-Direito-de-Hegel

Site:
Café História.
http://cafehistoria.ning.com/

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Referências

ARÓSTEGUI, Júlio. A Pesquisa histórica: teoria e método. São Paulo: Edusc, 2006.
(Coleção História)

BARROS, José D’Assunção.  Teoria da História: os primeiros paradigmas: positivismo e


historicismo. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.

BOTTOMORE, Tom. (Editor); GUIMARÃES, Antonio Monteiro. (Org.). Dicionário do


pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.

BRECHT, B. Perguntas de um operário que lê. Disponível em: http://www.recantodasletras.


com.br/cronicas/1568771. Acesso em: 20/09/2014.

DEL ROIO, Marcos. Os comunistas, a luta social e o marxismo (1920-1940). In: RIDENTI,
Marcelo.; REIS FILHO, Daniel Aarão. (orgs.). História do marxismo no Brasil: partidos e
organizações dos anos 20 aos 60. Campinas, São Paulo: Editora da Unicamp, 2002.

ENGELS, F. Do socialismo utópico ao socialismo científico. São Paulo: Alfa Omega, 1980.

HOBSBAWM, E. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

KONDER, Leandro. Intelectuais brasileiros e marxismo. Belo Horizonte: Oficina de


Livros, 1991.

LAPA, José Roberto do Amaral. Historiografia brasileira contemporânea: a História em


questão. Petrópolis: Vozes, 1981.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1996. (Coleção
Repertórios)

MARX, K. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

NETTO, José Paulo. O que é marxismo. São Paulo: Brasiliense, 2006. (Coleção Primeiros
Passos, 148)

QUINSANI, Rafael Hansen. A Historiografia latino-americana marxista e o debate entre


prática e abstração. Revista Thema, n.7, 2010. Disponível em: http://revistathema.ifsul.
edu.br/index.php/thema/article/view/26

SHARPE, Jim. A História vista de baixo. In: BURKE, Peter. (Org.) A Escrita da História:
novas perspectivas. São Paulo: Editora da UNESP, 1992. p. 39-62.

VIEIRA, Maria do Pilar de Araújo (et. al.) A pesquisa em história. São Paulo: Ática, 2003, 80 p.

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Anotações

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