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Teorias da História II
Vera Lúcia Silva
Teorias da História II
1a Edição
Sobral/2018
Sumário
A autora
Sobre a autora
Bons estudos!!!
Trocando ideias com os autores
HUNT, Lynn. A nova História Cultural. 2. ed. Rio de Janeiro: Martins Fontes,
2001. 317 pag.
Guia de estudo: Após a leitura das obras faça um paralelo entre ambas,
produzindo um texto que aborde as contribuições dos autores para uma
sociedade transformadora. Compartilhe suas reflexões com seus colegas na
sala virtual.
Problematizando
CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
Mas, Marx e Engels foram mais longe. Hegel concebia como discute
Marx na Contribuição à crítica da Economia Política, “o real como o resultado
do pensamento que se aspira em si, procede de si, move-se por si; enquanto o
método que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto não é senão a
maneira de proceder do pensamento para se apropriar do concreto, para
reproduzi-lo mentalmente como coisa concreta”. (2008, p. 259). Nesta
perspectiva, as discussões desenvolvidas por eles partem da humanidade real,
das suas condições de vida e das suas relações materiais de produção.
As leis da dialética
Primeira Lei: a mudança dialética. A primeira lei da dialética começa
por constatar que “nada fica onde está nada permanece o que é”. Quem diz
dialética diz movimento, mudança. Por conseguinte, colocar-se do ponto de
vista da dialética significa colocar-se no ponto de vista do movimento, da
mudança. Quando quisermos estudar as coisas segundo a dialética, iremos
estudá-las nos seus movimentos, na sua mudança. [...]
No entanto, ele não avança mais do que isso, uma vez que não trabalha
com o elemento da historicidade. Despreza o homem em suas relações sociais
com os outros e com a natureza e ignora a capacidade dos homens de
produzirem sua própria história. Como melhor esclarecem Marx e Engels: “Na
medida em que Feuerbach é materialista, não aparece nele à história e, na
medida em que toma a história em consideração, não é materialista.
Materialismo e história aparecem completamente divorciados nele” (MARX;
ENGELS, 1986, p. 40).
Ainda que haja críticas negativas em relação à teoria marxiana por parte
de grupos conservadores, é inegável a importância e eloquência de suas
discussões, dentro e fora dos muros acadêmicos, na análise da sociedade e na
proposição do materialismo histórico como um ponto de partida para o
conhecimento das relações sociais, políticas, econômicas e culturais que os
homens estabelecem entre si no processo de produção dos bens materiais;
bem como, para a transformação da sociedade em que vivemos.
Desdobramentos da tradição marxista
Fonte: HOBSBAWN, Eric J. Sobre história. Tradução Cid Knipel Moreira. São Paulo: Companhia
das Letras, 1998, p.159-160.
CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
Georges Iggers citado por José Carlos Reis divide os Annales em dois
momentos, um anterior a 1945, caracterizado por Emmanuel Le Roy Ladurie
como sendo a “história estrutural qualitativa”, e outro pós 1945, a “história
quantitativa conjuntural” (2000, p.92). Entretanto, é mais frequente uma divisão
dos Annales em três fases distintas, de (1929-1946), (1946-1968) e de 1968
em diante, como veremos a partir do segundo item deste capítulo. Há ainda
outros historiadores que falam de uma quarta fase, pós (1988), na qual os
Annales reveem seus conceitos, suas metodologias e posições frente ao
projeto da Escola.
Já não teria mais sentido para este novo século uma História
meramente descritiva ou narrativa, no sentido exclusivamente
factual. Aos historiadores impunha-se agora a tarefa não de
simplesmente descrever as sociedades passados, mas de
analisá-las, compreendê-las, decifrá-las. [...], não faria sentido
a não ser uma obra de divulgação para o grande público
produzir uma história descritiva e narrativa dos acontecimentos
que marcaram a Revolução Francesa. O que exigia do historiador
agora era que ele recortasse um problema dentro da temática mais
ampla da revolução Francesa como, por exemplo, o problema da
“dessacralização do poder público na Revolução Francesa” ou o
problema da “Influência das ideias iluministas nos grupos
revolucionários”, ou o problema da “evolução dos preços na crise que
precedeu o período revolucionário”. (BARROS, 2007, p. 31).
Foi somente nessa fase que mulheres, como Christiane Klapisch, Arlette
Farge, Mona Ozouf e Michèle Perrot, foram inclusas no grupo de discussões de
Annales. Georges Duby e Michèle Perrot, por exemplo, empenharam-se em
organizar uma história da mulher em vários volumes. (BURKE, 1997, p. 80).
Com uma política mais heterogênea adotada pela terceira Geração dos
Annales, observa-se uma abertura do leque de observação e estudo de outras
culturas. Entram em pauta novos campos de investigação, como a “história dos
povos sem história”, especialmente em relação à África. Como podemos
constatar, a segunda fase desse movimento deu maior atenção à história
quantitativa, a pesquisas socioeconômicas, deixando de lado a história das
mentalidades e a dimensão cultural. Acerca desta relação Burke, sublinha:
CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
.
Estimular o pensamento crítico sobre o uso de cada abordagem para que o
aluno se posicione de um desses campos de reflexão no processo de
desenvolvimento de suas pesquisas e escrita.
A perspectiva da História Social
Como Hobsbawm já havia colocado, Castro sugere, por último, que, com
a forte influência dos Annales, desde a década de 1930, houve o
desenvolvimento de uma “história econômica e social”. Nos primeiros anos, a
ênfase maior da revista dos Annales foi à história econômica, no entanto, a
questão social também estava presente ao tratar da “psicologia coletiva” e das
“hierarquias e diferenciações sociais”. Nesta perspectiva, já havia uma
proposta de história como ciência social.
Porém, foi nas décadas de 1950 e 1960 que “uma História Social,
enquanto especialidade tendeu a se constituir no interior desta nova postura
historiográfica, que começava a se tornar hegemônica.” Tais décadas foram
marcadas pelo apogeu dos estruturalismos (da antropologia estrutural a certas
abordagens marxistas, de cunho vulgar, como vimos no capítulo I), “pela
euforia do uso da quantificação nas ciências sociais, pelos primeiros avanços
da informática e pela explosão de tensões sociais que dificilmente a
comunidade dos historiadores podia continuar a ignorar.” (CASTRO, 1997, p.
79)
Nos últimos anos, a História Social no Brasil tem dado ênfase a temas
como família, trabalho, Brasil colonial e escravidão, ditadura, cultura, memórias
e oralidade. A discussão dessas temáticas é embasada em fontes orais
(entrevistas orais, depoimentos, mitos), escritas (jornais, processos judiciais,
inventários documentação contábil, relatórios de empresas e de movimentos
sociais, diários pessoais etc.) e imagéticas (fotografia, pinturas, entre outras).
Fonte: SHARPE, Jim. A História vista de baixo. In: PETER BURKE (Org.). A escrita da história: novas
perspectivas. Tradução Magda Lopes. São Paulo: UNESP, 1992, p. 39-40.
Diante do que foi discutido aqui, cabe nos indagar, “a História vista de
baixo constitui uma abordagem da história ou um tipo distinto de história?”,
usando as palavras de Shape (1992, p. 53).
4
CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
.
Conceitos e abordagens da Nova História Cultural
A história cultural é a área que mais tem crescido nas últimas três
décadas, correspondendo, hoje, a mais de 80% da produção historiográfica
nacional, expressa, segundo afirmação da historiadora Sandra Jatahy
Pesavento, “não só nas publicações especializadas, sob a forma de livros e
artigos científicos, como nas apresentações de trabalhos, em congressos e
simpósios ou ainda nas dissertações e teses, defendidas e em andamento, nas
universidades brasileiras”. (2005 p. 7-8)
Fonte: REVEL, Jacques. Paris, fev. 1997. Entrevista concedida a Marieta de Morais Ferreira. Publicada
na Revista Estudos Históricos, n. 19, p.121-140, 1997. Disponível em: <biblioteca
digital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/download/2037/1176>. Acesso em: 27 jan. 2017.
Fonte: PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica,
2005, p. 39-42.
Cada época cria suas próprias imagens da realidade, que, por sua vez,
são carregadas de crenças, ideologias, conceitos, valores e discursos. Para
além da sua dimensão histórica, o imaginário é, segundo o filósofo Cornelius
Castoriadis, citado por Pesavento, “capacidade humana para representação do
mundo, com o que lhe confere sentido ontológico. É própria do ser humano
essa habilidade de criação/recriação do real, formando uma espécie de magma
de sentido ou energia criadora.” (2005, p. 44)
Fonte: História e cultura: conversa com Carlo Ginzburg. Estudos Históricos, Rio de Janeiro. n.6, v. 3, p.
254-263, 1990. Disponível em: < http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index. php/reh/article/viewFile/2300/1439>.
Acesso em: 26 jan. 2017.
No ano de 1990, Giovanni Levi apontou para questões e posições que lhe
pareciam comum ao projeto da micro-história: a redução da escala, o debate
sobre a racionalidade, a pequena indicação como paradigma científico, o papel do
particular, a atenção à capacidade receptiva e a narrativa, uma definição
específica do contexto e a rejeição do relativismo. (LIMA, 2013, p. 368).
Guia de estudo: Após a leitura dos dois artigos escolha um e faça uma
resenha crítica, abordando a importância da História para a compreensão dos
dias atuais. Compartilhe suas reflexões postando no ambiente virtual.
Leitura Obrigatória
Guia de estudo: Após a leitura das entrevistas produza uma resenha crítica
abordando a influência da historiográfica europeia para a historiográfica
brasileira, em seguida poste no ambiente virtual.
Vendo com os olhos de ver
HOBSBAWM, Eric J. Sobre história. Tradução Cid Knipel Moreira. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã (I- Feuerbach). São Paulo:
Hucitec, 1986.
_______. História & História Cultural. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
REIS, José Carlos. A Escola dos Annales: a inovação em história. 2. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2000.
_______. História & Teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e
verdade. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
SHARPE, Jim. A História vista de baixo. In: PETER BURKE (Org.). A escrita
da história: novas perspectivas. Tradução Magda Lopes. São Paulo: UNESP,
1992, p. 39-62.