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Unidade 2
A Sociologia de Karl Marx
2.1 Introdução
Caros acadêmicos, na primeira unidade vimos o surgimento da Sociologia, com des-
taque para as condições históricas e as condições intelectuais que possibilitaram o surgi-
mento da ciência da sociedade, bem como os principais autores das primeiras escolas do
pensamento sociológico como: Auguste Comte, Saint-Simon, Owen, entre outros. Desses,
somente August Comte foi apresentado.
Nesta unidade vamos introduzi-lo ao pensamento de Karl Marx, um autor muito im-
portante dentro das matrizes da Sociologia clássica, juntamente com Emile Durkheim e
Max Weber.
A Sociologia de Marx é, com certeza, uma das grandes contribuições para a compre-
ensão da evolução das sociedades, desde as comunidades primitivas até o comunismo.
Embora o objetivo do autor tenha sido fazer uma critica radical à sociedade capitalista,
destacando seus antagonismos e contradições, ele nos presenteia com uma belíssima
análise sociológica, mostrando como a sociedade se desenvolveu desde o seu início, as
comunidades primitivas, passando pelo escravismo, pelo feudalismo, pelo capitalismo,
pelo socialismo e finalmente pelo comunismo que, na visão do autor, era o maior grau de
evolução da sociedade humana.
Para facilitar a compreensão em relação ao autor, a unidade será dividida da seguin-
te maneira:
2.2 O contexto geral da obra de Karl Marx
2.3 Papel do cientista, objeto e método de análise
2.3.1 Dialética
2.4 A Teoria dos Modos de Produção Social ▲
2.5 A divisão social do trabalho e classes sociais Figura 4: Karl Marx
2.6 A análise da sociedade capitalista Fonte: Disponível em
2.7 Luta de classes, mercadoria e mais-valia <http://sociologasrespon-
2.8 Conceitos de alienação e ideologia demnira.blogspot.com.
br/2010/06/segundo-karl-
2.9 Atualidades do marxismo -marxqual-o-papel-da.
2.10 Karl Marx e a educação html> Acesso em 23 abr.
2.11 Formação Integral – Formação Omnilateral 2013.
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seus estudos em Direito nas Universidades de um grande colaborador da obra de Marx, es-
Bonn e Berlim. Em 1841 defendeu sua tese de crevendo com ele vários textos importantes,
doutorado com apenas 23 anos de idade, na mas também publicando vários textos sozinho.
área de filosofia, com a tese “As diferenças da O quadro sociopolítico em que o referido
filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro”, autor viveu, tanto em sua juventude na Alema-
cuja temática versava sobre o materialismo na nha, quanto na sua passagem pelas capitais
antiguidade grega (COSTA, 1997). Paris, Bruxelas e Londres foi marcado por ele-
Paralelamente à produção intelectual, ele mentos importantes: 1) no âmbito político, o
dedicou-se ao jornalismo; foi editor chefe de processo tardio de unificação liberal-burguesa
um jornal chamado a Gazeta Renana. Ao dei- vivido pela Alemanha a partir de 1830; 2); na
xar esse cargo, intensificou seus estudos bem esfera intelectual, a tradição filosófica alemã,
como a sua militância política e intelectual vinda de autores como Kant e Hegel, fomenta-
no eixo Paris-Bruxelas-Londres, cenários de dores de uma atitude antipositivista, expressa
grande parte da sua produção científica onde, nas diferentes análises de Marx. A influência
juntamente com Engels, construiu uma obra hegeliana na formação intelectual de Marx im-
monumental que objetivava analisar, criticar e pactou profundamente a estruturação do seu
lutar para a transformação radical da socieda- pensamento, assim como sua experiência de
de capitalista. Vale ressaltar que Engels, quan- vida na França e na Inglaterra, países em que a
do estudante, adere a ideias de esquerda, o industrialização estava em estágios mais avan-
que o leva a aproximar-se de Marx. Engels foi çados do que na Alemanha (ARON, 2005).
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2.3.1 Dialética
Marx trabalha em suas obras com o método dialético e o materialismo histórico. A dialéti-
ca significava para os filósofos gregos antigos a arte de discutir ou a argumentação dialogada, e
para Marx é pensar o movimento. Para ele, pensar as mudanças naturais e sociais a partir da dia-
lética é o mesmo que acreditar que no universo tudo é movimento e transformação.
Para entendermos a dialética em Marx e Engels, é preciso buscar a discussão em Hegel. Para
esse autor alemão a dialética aborda o movimento do espírito, e se realiza segundo um conjunto
de três elementos inter-relacionados:
• a tese é a ideia inicial ou a afirmação de uma ideia;
PARA SABER MAIS
• a antítese, a negação da tese (afirmação de uma ideia oposta, mas relacionada à tese); e
Nos primeiros anos • e a síntese, a negação da antítese, ou negação da negação. A síntese decorre da resolução
da década de 1860, desta contradição numa nova ideia que englobe elementos das duas anteriores. Isso signifi-
acontecimentos es-
petaculares ocorridos ca que a tese é uma nova unidade que pode ser negada, e no processo de negação torna-se
no cenário internacio- antítese, resultando em mudanças que se tornarão uma síntese, ou uma nova tese.
nal fizeram com que Esses são os elementos principais do sistema idealista hegeliano. Karl Marx e Friedrich En-
lideranças sindicais gels serão os fundadores do materialismo dialético, o qual inverterá o sistema idealista hegelia-
e ativistas socialistas no, postulando que não é o pensamento que determina as condições materiais, mas as condi-
começassem a pensar
em fundar uma organi- ções materiais que determinam o pensamento.
zação que reunisse os
sentimentos universais Aqui não partimos daquilo que os homens dizem, imaginam crêem, nem muito
em favor da luta dos menos de que são nas palavras, pensamento, imaginação e representação de
trabalhadores e das outrem, para atingir finalmente os homens em carne e osso. Não, aqui parti-
nações oprimidas. O mos dos homens tomados em sua atividade real, segundo o seu processo real
resultado disso foi a de vida, representando também o desenvolvimento dos reflexos e dos ecos
criação da Primeira ideológicos desse processo vital (MARX; ENGELS, 1992, p. 51).
Associação Internacio-
nal dos Trabalhadores Para Marx e Engels, a dialética é a ciência são partes de um processo dialético. De acordo
em Londres, no ano de das leis gerais do movimento tanto do mundo com essa concepção, não são as ideias ou os va-
1864.
exterior quanto do pensamento humano. A lores que os seres humanos guardam que são
grande ideia fundamental é que o mundo não as principais fontes da mudança social. Em vez
deve ser considerado como um conjunto de disso, a mudança social é estimulada primeira-
coisas acabadas, mas como um conjunto de mente por influências econômicas (GIDDENS,
processos em que as coisas, aparentemente es- 2005, p. 32).
táveis, bem como seus reflexos mentais no nos- Portanto, os processos naturais e sociais
so cérebro, os conceitos, passam por uma série não são coisas perfeitas e acabadas, estão em
ininterrupta de transformações. constante movimento, transformação, desen-
Aplicando esse princípio ao processo de volvimento e renovação e não em estagnação
produção da vida social e ao processo histó- e imutabilidade. Logo, o mundo não pode ser
rico, esses autores concluem que o homem, a entendido como um conjunto de coisas pré- fa-
partir do trabalho, realiza a produção das suas bricadas, mas como um complexo de proces-
necessidades e, ao mesmo tempo, cria a socie- sos. Karl Marx faz da dialética um instrumento
dade. Portanto, as transformações que o ho- de análise e crítica social, com a finalidade não
mem realiza (tanto materiais quanto de ideias) de interpretar o mundo, mas de transformá-lo.
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trabalhos preliminares de O Capital e cons- citados por inúmeros cientistas sociais por
tituem-se nas mais sistemáticas tentativas apresentarem as ideias centrais do que Marx
de enfrentar o problema da evolução social denominou o “fio condutor” da análise do de-
da sociedade humana. Ambos são bastante senvolvimento histórico.
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QUADRO 2
Modos de produção
O autor se ocupa das relações que os ho- Em Marx é o conjunto das relações de
mens estabelecem entre si, resultante da es- produção, constituído pela estrutura econô-
pecialização do trabalho (troca). Essas relações mica da sociedade, que representa a base
se tornam cada vez mais sofisticadas, até que concreta, a infraestrutura sobre a qual se
a invenção do dinheiro, a produção de mer- constitui a superestrutura jurídica e política,
cadorias e a troca permitam a acumulação de que correspondem às formas de consciência
capital. social determinada. Para o autor, o modo de
Ele destaca ainda que a dupla relação de produção da vida material dos homens condi-
trabalho-propriedade é progressivamente ciona em geral todo o processo de vida social,
rompida na medida em que o homem se afas- política e intelectual.
ta de sua relação primitiva com a natureza; tal O Materialismo histórico nos permite,
relação assume a forma de uma progressiva pela primeira vez, estudar com precisão as
separação entre o capital e o trabalho livre e condições sociais da vida das massas e as mo-
as condições objetivas de sua realização/sepa- dificações dessas condições. Na sua visão, o
ração entre os meios e os objetos de trabalho, marxismo abriu caminho para o estudo global
consequentemente, a separação entre o traba- e universal do processo de gênese do desen-
lhador e a terra como seu laboratório natural volvimento e de declínio das formações eco-
de trabalho. nômicas e sociais. O exame do conjunto das
Essa separação se completa no capi- tendências contraditórias, reduzindo-as às
talismo quando o trabalhador é reduzido a condições de existência e de produção clara-
simples força de trabalho. Inversamente, a mente determinadas, das diversas classes da
propriedade se reduz ao controle dos meios sociedade, e assim afastando o subjetivismo
de produção inteiramente divorciados do tra- ao considerar que somos nós os “artífices da
balho, culminando na separação total entre o história” (LÊNIN, 1980).
uso e a troca.
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Uma vez abolida a base, a propriedade privada, e instaurada a regulamentação PARA SABER MAIS
comunista da produção, que abole no homem o sentimento de estar diante de
seu próprio produto como diante de uma coisa estranha, a força da relação da A sociedade inca era
oferta e da procura é reduzida a zero e os homens retomam o seu poder, o in- extremamente ordena-
tercâmbio, a produção, a sua modalidade de comportamento uns face aos ou- da e organizada. Aos
tros (MARX; ENGELS, 1992, p. 60). olhos dos povos do
império, o Sapa Inca
encarnava o deus e a
Em síntese, Marx destacou a progressão tas também seriam suplantados e uma nova nação, que ocupava
de estágios históricos, que começou com pri- ordem seria instalada, o socialismo. o topo da pirâmide.
mitivas sociedades comunais de caçadores e Para Marx e Engels, a classe operária, en- Imediatamente abaixo:
Sumo Sacerdote, o
coletores e passou através de antigos sistemas gajada em sua luta contra a burguesia, era a Chefe do Estado-
escravistas e sistemas feudais baseados na di- força política que realizaria a destruição do -Maior do Exército, os
visão entre proprietários de terra e servos. O capitalismo e uma transição para o socialismo. oficiais comandantes
aparecimento de mercadores e artesãos mar- Pertencer a uma classe, porém, depende de das Províncias, postos
cou o início de uma classe comercial ou capi- conhecer sua própria condição e posição den- mais elevados da
Administração Pública
talista que veio para substituir a nobreza pro- tro do processo de produção, ampliando para como juízes, generais
prietária de terras. Em concordância com essa uma identidade de interesses e daí para a luta e funcionários civis, os
concepção de história, Marx argumentou que, política, em partidos, sindicatos e movimentos administradores locais,
da mesma forma que os capitalistas tinham se sociais. Vejamos como essa discussão foi apre- os artífices especializa-
dos, como os marcenei-
unido para depor a ordem feudal, os capitalis- sentada por Marx: ros, ourives e pedrei-
ros. A grande massa
Na medida em que milhões de famílias camponesas vivem em condições eco- popular constituía a
nômicas que as separam umas das outras e opõem o seu modo de vida, os base da sociedade inca
seus interesses e sua cultura aos das outras classes da sociedade, estes milhões e era composta pelas
constituem uma classe. Mas na medida em que existe entre os pequenos cam- famílias rurais que
poneses apenas uma ligação local e em que a similitude de seus interesses não habitavam as aldeias,
cria entre eles comunidade alguma, ligação nacional alguma, nem organização onde cultivavam a terra
política, nessa medida não constituem uma classe (MARX, 1977, p. 277). e cuidavam do gado.
capitalista urbanos
Fonte: Disponível em
<http://www.jornallivre.
com.br/images_enviadas/
revolucao-industrial-
Para Marx o ponto central na análise da realização do destino já traçado (QUINTANEI- -20040711a.jpg> Acesso
sociedade moderna é a contradição. O con- RO; BARBOSA; GARDÊNIA, 2002). em 23 abr. 2013.
flito entre o proletariado e os capitalistas é o Por que a crítica ao capitalismo? De
fato mais importante da sociedade moderna, acordo com Marx, o capitalismo é inerente- ATIVIDADE
o que revela a natureza essencial dessa so- mente um sistema desigual, no qual as rela- Faça uma análise do
ciedade, ao mesmo tempo em que permite ções de classe são caracterizadas pelo confli- quadro 2 e destaque
prever o desenvolvimento histórico. Ele ar- to/antagonismo. Ainda que os detentores do como se davam as
gumenta que é impossível separar o soció- capital e os trabalhadores sejam dependen- relações de poder no
feudalismo e como era
logo do homem de ação, já que demonstrar tes um do outro – os capitalistas precisam de a divisão social do tra-
o caráter antagônico do capitalismo leva ir- mão-de-obra e os trabalhadores precisam de balho. Os comentários
resistivelmente a anunciar a autodestruição salários –, a dependência é altamente dese- devem ser postados no
do capitalismo e ao mesmo tempo incitar os quilibrada. fórum de discussão.
homens a contribuir de alguma forma para a
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objeto central do seu pensamento, suas teorias dos sujeitos.” O quadro abaixo resume a pro-
alimentaram estudiosos nas análises da educa- posta da Educação Politécnica.
ção no contexto da sociedade capitalista. A formação omnilateral, preocupação de
A preocupação maior da teoria de Marx Marx e Engels, é um dos aspectos relevantes
e Engels sobre a Educação foi orientada pelos da Educação Politécnica e da Escola Unitária,
efeitos da Revolução Industrial. Ao elaborar a concepção que será discutida por Antonio
concepção de educação, os pensadores de- Gramsci. Por isso também apresentamos sua
nunciaram a inserção da criança no processo definição.
de produção capitalista – considerado ele- Destacamos, ainda, os principais pensa-
mento singular de suas preocupações. dores que, sendo marxistas, discutiram e por
A Educação Politécnica, junção direta en- vezes implementaram as ideias de educação
tre a educação e o trabalho é a indicação apre- de Marx e Engels, entre eles: Lênin (1870-1924),
sentada por Marx e Engels. Na visão de Tomazi Nadejda Kuspskaya (1869-1937), Anton Maka-
(1997, p.7), a proposta advém “da experiência e renko, (1888-1939) e Antônio Gramsci (1891-
dos escritos, de Robert Owen (1771- 1858), um 1937).
dos ‘socialistas utópicos’ que muito contribuí- Por fim, chamamos a atenção para o fato
ram para o desenvolvimento do pensamento de que inúmeros outros pensadores manifes-
socialista”. taram suas preocupações com a educação,
A contribuição da “instrução escolar com fundando a chamada Sociologia da Educação.
o trabalho produtivo” constitui-se, em “um dos Algumas indagações são apresentadas:
mais poderosos meios de transformação so- quais são estes estudiosos? Quais suas propos-
cial” (TOMAZI, 1997, p. 7-8). O autor reuniu em tas de estudos? São compreensíveis as ques-
três fatores a Educação Politécnica: tões porque se faz necessária uma indicação
• o Ensino Geral, que deveria compreender dos mesmos, já que tantas influências exerce-
língua e literatura materna e estrangeira, ram e ainda exercem no campo educacional.
além do ensino das ciências, pois isso ele- No entanto, é importante lembrar que foi
varia o nível cultural da classe trabalhadora no final da década de 60 e começo dos anos
e lhe propiciaria uma visão universalista; 70 que a sociologia da educação conduziu
• a Educação Física, compreendendo os seus trabalhos orientados pela crítica marxista.
exercícios físicos coordenados, conforme A inspiração na teoria marxista apontou
o conhecimento da época, que visavam novos aspectos ou novas análises no campo
salvaguardar a condição física dos meni- educacional. Os principais trabalhos desses pe-
nos e futuros adultos. Em determinado ríodos, alguns de teóricos americanos e euro-
momento propõem a instrução militar, peus, podem ser assim apresentados, vejamos:
pois dessa forma os trabalhadores já esta- Na realidade aqui listamos apenas alguns
riam habilitados também para a luta con- autores e temas, sabendo que na atualidade
tra os opressores; e existe a urgência de estudos mais aprofun-
• os Estudos Tecnológicos deveriam incluir dados das teorias educacionais e, acima de
os princípios gerais e científicos de to- tudo, a necessidade de uma política educacio-
dos os ramos industriais. Isso permitiria a nal que tenha como prioridade o homem in-
aquisição de um saber fazer que, de um tegral, o homem em sua totalidade. O desafio
lado, exigia conhecimentos científicos apresentado é que, ao eleger como principal
e, de outro, o aprendizado da manipula- referência o ser humano, é preciso alargar nos-
ção de instrumentos, possibilitando aos sa visão de mundo – relacionar teoria e prática
trabalhadores o conhecimento e a apro- com vistas à educação para o sujeito e sua ga-
priação das condições de organização rantia de ampliação dos horizontes através do
do processo de trabalho e , consequente- conhecimento crítico e responsável.
mente, o seu controle. A perspectiva da educação politécnica
E qual seria o papel do Estado na condu- insere-se na busca da articulação dialética en-
ção da Educação? Para Marx e Engels o Estado tre educação e trabalho, de tal maneira que
deveria limitar-se em “fornecer as condições a educação não seja reduzida a um mero ins-
materiais”, especialmente “a dotação de recur- trumento útil de preparação para o trabalho.
sos para educação”, e também a ”inspeção e Não compreende o vínculo trabalho-educação
fiscalização do cumprimento das leis de ensi- como uma simples demanda do processo de
no” (TOMAZI, 1997, p. 8). produção de atributos a serem formados no
A educação na ótica de Marx e Engels aju- sujeito pela educação. Compreende a edu-
dará na formação do sujeito político através cação como processo inserido na busca de
de uma “base científica e tecnológica” e na superação da alienação do trabalho. Dessa
“transformação social e de autotransformação forma, pode ser entendida como uma educa-
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ção capaz de fornecer uma sólida base cientí- nal é fundamental. Alunos e professores de
fica e tecnológica aos educandos, necessária ensino-aprendizagem, portanto nem o aluno
à compreensão dos modernos processos de é objeto ou matéria a ser trabalhada, nem o
trabalho e da realidade natural e social. Visa professor é o único a direcionar os rumos do
contribuir para a síntese entre teoria e prá- ensino. O conhecimento do aluno, nessa pers-
tica, fundamental para o processo de trans- pectiva, é valorizado e integrado ao processo
formação social e de autotransformação dos pedagógico. O currículo se organiza a partir de
sujeitos. Não se restringe a um mero domínio um núcleo unitário, capaz de captar a essência
de técnicas, pois busca desvelar os princípios do conhecimento científico e dar condições
científicos que as embasam, relacionando hu- aos educandos de acompanharem e entende-
manismo e ciência nesse processo. Do ponto rem o vertiginoso avanço científico da época,
de vista do trabalho pedagógico, uma pers- levando em consideração a tendência ao mes-
pectiva politécnica apoia-se na concepção mo tempo de especialização e de integração
de que as relações pedagógicas, para tanto, das diversas áreas da ciência. Busca realizar
devem se basear na cooperação, no coleti- tais anseios sem, no entanto, eliminar outros
vismo e na solidariedade e não na competiti- aspectos e áreas que compõem a formação da
vidade e no individualismo. Nesse sentido, a subjetividade, tais como a arte e a educação fí-
gestão democrática do processo educacio- sica (ARANHA, 2000b).
Referências
ARANHA, Antônia. Educação Integral: Educação Omnilateral. In: FIDALGO, Fernando; MACHADO,
Lucília. Dicionário de Educação Profissional. Belo Horizonte: NETE-UFMG, 2000a. p. 126.
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1997.
LALLEMENT, Michel. História das idéias sociológicas: das origens a Max Weber. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2003. p.119.
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MARX, Karl. Prefácio à contribuição à crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Obras
escolhidas. São Paulo: Alfa-Omega, 1977.
MARX, Karl; ENGELS, F. A ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um toque
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TOMAZI, Nelson Dacio (Coord). Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993.
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