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Educação Física - Sociologia da Educação

Unidade 2
A Sociologia de Karl Marx

2.1 Introdução
Caros acadêmicos, na primeira unidade vimos o surgimento da Sociologia, com des-
taque para as condições históricas e as condições intelectuais que possibilitaram o surgi-
mento da ciência da sociedade, bem como os principais autores das primeiras escolas do
pensamento sociológico como: Auguste Comte, Saint-Simon, Owen, entre outros. Desses,
somente August Comte foi apresentado.
Nesta unidade vamos introduzi-lo ao pensamento de Karl Marx, um autor muito im-
portante dentro das matrizes da Sociologia clássica, juntamente com Emile Durkheim e
Max Weber.
A Sociologia de Marx é, com certeza, uma das grandes contribuições para a compre-
ensão da evolução das sociedades, desde as comunidades primitivas até o comunismo.
Embora o objetivo do autor tenha sido fazer uma critica radical à sociedade capitalista,
destacando seus antagonismos e contradições, ele nos presenteia com uma belíssima
análise sociológica, mostrando como a sociedade se desenvolveu desde o seu início, as
comunidades primitivas, passando pelo escravismo, pelo feudalismo, pelo capitalismo,
pelo socialismo e finalmente pelo comunismo que, na visão do autor, era o maior grau de
evolução da sociedade humana.
Para facilitar a compreensão em relação ao autor, a unidade será dividida da seguin-
te maneira:
2.2 O contexto geral da obra de Karl Marx
2.3 Papel do cientista, objeto e método de análise
2.3.1 Dialética
2.4 A Teoria dos Modos de Produção Social ▲
2.5 A divisão social do trabalho e classes sociais Figura 4: Karl Marx
2.6 A análise da sociedade capitalista Fonte: Disponível em
2.7 Luta de classes, mercadoria e mais-valia <http://sociologasrespon-
2.8 Conceitos de alienação e ideologia demnira.blogspot.com.
br/2010/06/segundo-karl-
2.9 Atualidades do marxismo -marxqual-o-papel-da.
2.10 Karl Marx e a educação html> Acesso em 23 abr.
2.11 Formação Integral – Formação Omnilateral 2013.

2.2 O contexto geral da obra de


Karl Marx
Karl Marx, juntamente com Friedrich En- meios de produção. Ao mesmo tempo, pro-
gels (1820-1895), compõe a escola crítica que, punha como única possibilidade de realiza-
como o próprio nome evidencia, ocupou-se ção para a sociedade humana a instauração
de criticar radicalmente a sociedade capitalis- de uma sociedade em que não houvesse nem
ta, denunciando seus antagonismos e explo- classes e tampouco a exploração de uma clas-
ração de classes, na medida em que a classe se sobre outra.
dona dos meios de produção, historicamen- Marx teve parte de sua formação intelec-
te, expropriava a classe que não era dona dos tual na Alemanha, onde ingressou e concluiu

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seus estudos em Direito nas Universidades de um grande colaborador da obra de Marx, es-
Bonn e Berlim. Em 1841 defendeu sua tese de crevendo com ele vários textos importantes,
doutorado com apenas 23 anos de idade, na mas também publicando vários textos sozinho.
área de filosofia, com a tese “As diferenças da O quadro sociopolítico em que o referido
filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro”, autor viveu, tanto em sua juventude na Alema-
cuja temática versava sobre o materialismo na nha, quanto na sua passagem pelas capitais
antiguidade grega (COSTA, 1997). Paris, Bruxelas e Londres foi marcado por ele-
Paralelamente à produção intelectual, ele mentos importantes: 1) no âmbito político, o
dedicou-se ao jornalismo; foi editor chefe de processo tardio de unificação liberal-burguesa
um jornal chamado a Gazeta Renana. Ao dei- vivido pela Alemanha a partir de 1830; 2); na
xar esse cargo, intensificou seus estudos bem esfera intelectual, a tradição filosófica alemã,
como a sua militância política e intelectual vinda de autores como Kant e Hegel, fomenta-
no eixo Paris-Bruxelas-Londres, cenários de dores de uma atitude antipositivista, expressa
grande parte da sua produção científica onde, nas diferentes análises de Marx. A influência
juntamente com Engels, construiu uma obra hegeliana na formação intelectual de Marx im-
monumental que objetivava analisar, criticar e pactou profundamente a estruturação do seu
lutar para a transformação radical da socieda- pensamento, assim como sua experiência de
de capitalista. Vale ressaltar que Engels, quan- vida na França e na Inglaterra, países em que a
do estudante, adere a ideias de esquerda, o industrialização estava em estágios mais avan-
que o leva a aproximar-se de Marx. Engels foi çados do que na Alemanha (ARON, 2005).

2.3 Papel do cientista, objeto e


método de análise
Marx analisa a história das sociedades mento do seu pensamento:
em diversas etapas de desenvolvimento e, em • a filosofia idealista clássica alemã de Kant,
especial, a sociedade capitalista. Ele aborda o Schelling, Fichte e de Hegel: após a leitura
desenvolvimento histórico a partir de dois as- crítica do idealismo de Hegel, Marx come-
pectos teórico-metodológicos: çou a assimilar uma aplicação própria do
a. o materialismo histórico; e a método dialético;
b. dialética.Base filosófica do arcabouço te- • o socialismo utópico francês e Inglês:
órico marxista. Através da dialética bus- Marx fez uma crítica aos seus principais re-
cam-se explicações coerentes, lógicas e presentantes: Saint-Simon, Fourier, Prou-
racionais para os fenômenos da natureza, dhon e Owen na Inglaterra. Na perspec-
da sociedade e do pensamento represen- tiva dele eram socialistas utópicos, mas
tando uma explicação teórica avançada. aproveitou suas bases para elaboração da
Karl Marx, ao adotar como método de sua teoria do socialismo científico; e
análise o materialismo histórico, propôs um • a economia política clássica inglesa: da
instrumento eficaz para a leitura e caracteriza- leitura da obra de Adam Smith, Marx ela-
ção da vida em sociedade e, ainda, da prática borou a economia política burguesa fun-
social dos homens em todos os períodos histó- dada no pensamento econômico liberal
ricos, das comunas primitivas até o capitalismo. (ARON, 2005).
O modo de pensar dialeticamente de Marx na De acordo com essa perspectiva, “aplicada
verdade se transformou em uma crítica à dia- aos fenômenos historicamente produzidos, a
lética dos jovens hegelianos e de L. Feuerbach. ótica dialética cuida de apontar as contradições
Marx criticou estes últimos porque buscaram constitutivas da vida social que resulta de uma
demonstrar a História como resultado das ide- determinada ordem” (QUINTANEIRO; BARBOSA;
ologias e também a presença de heróis. Já Marx OLIVEIRA, 2002, p. 65). Portanto, Marx era con-
enfatizou explicações sobre as formações so- trário a Hegel, que pressupunha que o pensa-
cioeconômicas e as relações de produção como mento era a “forma fenomenética da idéia”, de-
os fundamentos verdadeiros das sociedades. E fendendo o argumento de que “o pensamento
por isso o nome materialismo histórico. era reflexo do movimento real, transplantado
Para elaborar a teoria do Materialismo para o cérebro do homem” (QUINTANEIRO;
Histórico, Marx refletiu sobre três fontes e re- BARBOSA; OLIVEIRA, 2002, p. 65). Em sua essên-
cebeu influências que atuaram no desenvolvi- cia o capitalismo representa um sistema que

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mercantiliza as relações, as pessoas e também te, na medida em que historicamente a classe


as coisas. Ele identificou no proletariado o sujei- dominante – senhores de escravos, senhores
to capaz de realizar a grande mudança, ou seja, feudais e burguesia – entravam em luta com a
superar essa forma de sociedade. Nesse contex- classe dominada para continuar com o seu do-
to, o centro do pensamento de Karl Marx era a mínio de classe.
interpretação do regime capitalista enquanto Para Karl Marx a análise social do materia-
contraditório, isto é, dominado pela luta de lismo histórico considera que as relações ma- DICA
classes motor da história, sendo a luta de clas- teriais que os indivíduos estabelecem, o modo Sugerimos como
ses o objeto de análise do autor, que vincula a como produzem seus meios de vida formam a aprofundamento de es-
crítica da sociedade à ação política. base de todas as suas outras relações sociais. tudos a leitura do livro
Marx sustentava o argumento de que Nesse contexto, em todas as formações – po- ‘A Ideologia Alemã’, que
toda a história da sociedade humana era a lítica, econômica e social –, a posição dos indi- representa a base do
materialismo histórico,
história da luta de classes. Portanto, escravos víduos em relação à propriedade ou não dos e ali Marx e Engels
e senhores, servos e senhores feudais, prole- meios de produção seria determinante de to- fazem as suas críticas
tariado e burguesia estariam em luta constan- das as demais relações sociais. aos outros pensadores
idealistas alemães.
Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os
pensamentos dominantes; em outras palavras, a classe que é o poder material
dominante numa determinada sociedade é também o poder espiritual domi-
nante. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe também
dos meios da produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles
aos quais são negados os meios de produção intelectual está submetido tam-
bém à classe dominante (MARX; ENGELS, 1992, p. 47).

Na visão do autor, o conhecimento e a torna-se transparente; é desvendado por suas


ciência deviam assumir um papel político ab- análises.
solutamente crítico em relação ao capitalismo, Partindo desse pressuposto, o pensador Figura 5: Marx
devendo ser instrumento de compreensão e defendia o argumento de que o papel do cien- discursando na
de transformação radical da sociedade. Por- tista social seria o de participar ativamente dos primeira internacional
tanto, os estudos não deviam concentrar-se na atos de transformação da sociedade capitalis- Fonte: Marxists Internet
Archive. Disponível em
descrição, mas na análise de como a sociedade ta, através do desempenho de uma função po- < http://www.marxists.
é produzida, reproduzida ao longo da história lítica revolucionária, posicionando-se ao lado org/archive/marx/photo/
e como os homens, ao longo de sua existên- das lutas do proletariado, sendo um observa- art/marx-to-communist-
-league.jpg> Acesso em
cia, vão sendo mercantilizados, e o capitalismo dor participante e militante. 23 abr. 2013.

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2.3.1 Dialética

Marx trabalha em suas obras com o método dialético e o materialismo histórico. A dialéti-
ca significava para os filósofos gregos antigos a arte de discutir ou a argumentação dialogada, e
para Marx é pensar o movimento. Para ele, pensar as mudanças naturais e sociais a partir da dia-
lética é o mesmo que acreditar que no universo tudo é movimento e transformação.
Para entendermos a dialética em Marx e Engels, é preciso buscar a discussão em Hegel. Para
esse autor alemão a dialética aborda o movimento do espírito, e se realiza segundo um conjunto
de três elementos inter-relacionados:
• a tese é a ideia inicial ou a afirmação de uma ideia;
PARA SABER MAIS
• a antítese, a negação da tese (afirmação de uma ideia oposta, mas relacionada à tese); e
Nos primeiros anos • e a síntese, a negação da antítese, ou negação da negação. A síntese decorre da resolução
da década de 1860, desta contradição numa nova ideia que englobe elementos das duas anteriores. Isso signifi-
acontecimentos es-
petaculares ocorridos ca que a tese é uma nova unidade que pode ser negada, e no processo de negação torna-se
no cenário internacio- antítese, resultando em mudanças que se tornarão uma síntese, ou uma nova tese.
nal fizeram com que Esses são os elementos principais do sistema idealista hegeliano. Karl Marx e Friedrich En-
lideranças sindicais gels serão os fundadores do materialismo dialético, o qual inverterá o sistema idealista hegelia-
e ativistas socialistas no, postulando que não é o pensamento que determina as condições materiais, mas as condi-
começassem a pensar
em fundar uma organi- ções materiais que determinam o pensamento.
zação que reunisse os
sentimentos universais Aqui não partimos daquilo que os homens dizem, imaginam crêem, nem muito
em favor da luta dos menos de que são nas palavras, pensamento, imaginação e representação de
trabalhadores e das outrem, para atingir finalmente os homens em carne e osso. Não, aqui parti-
nações oprimidas. O mos dos homens tomados em sua atividade real, segundo o seu processo real
resultado disso foi a de vida, representando também o desenvolvimento dos reflexos e dos ecos
criação da Primeira ideológicos desse processo vital (MARX; ENGELS, 1992, p. 51).
Associação Internacio-
nal dos Trabalhadores Para Marx e Engels, a dialética é a ciência são partes de um processo dialético. De acordo
em Londres, no ano de das leis gerais do movimento tanto do mundo com essa concepção, não são as ideias ou os va-
1864.
exterior quanto do pensamento humano. A lores que os seres humanos guardam que são
grande ideia fundamental é que o mundo não as principais fontes da mudança social. Em vez
deve ser considerado como um conjunto de disso, a mudança social é estimulada primeira-
coisas acabadas, mas como um conjunto de mente por influências econômicas (GIDDENS,
processos em que as coisas, aparentemente es- 2005, p. 32).
táveis, bem como seus reflexos mentais no nos- Portanto, os processos naturais e sociais
so cérebro, os conceitos, passam por uma série não são coisas perfeitas e acabadas, estão em
ininterrupta de transformações. constante movimento, transformação, desen-
Aplicando esse princípio ao processo de volvimento e renovação e não em estagnação
produção da vida social e ao processo histó- e imutabilidade. Logo, o mundo não pode ser
rico, esses autores concluem que o homem, a entendido como um conjunto de coisas pré- fa-
partir do trabalho, realiza a produção das suas bricadas, mas como um complexo de proces-
necessidades e, ao mesmo tempo, cria a socie- sos. Karl Marx faz da dialética um instrumento
dade. Portanto, as transformações que o ho- de análise e crítica social, com a finalidade não
mem realiza (tanto materiais quanto de ideias) de interpretar o mundo, mas de transformá-lo.

2.4 A teoria dos modos de


produção social
Marx aplicou a dialética na análise histó- des (formações sociais) em determinadas épo-
rica, criando o materialismo histórico, ou uma cas históricas.
teoria para explicar as sociedades. As referências obrigatórias para se com-
O materialismo histórico deve ser enten- preender como Marx trata do problema da
dido como recurso metodológico para com- evolução da sociedade são os livros Contri-
preensão da história da humanidade, do seu buição à Crítica da Economia Política (1977),
desenvolvimento, de determinadas socieda- e A ideologia Alemã (1992). Essas obras são

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trabalhos preliminares de O Capital e cons- citados por inúmeros cientistas sociais por
tituem-se nas mais sistemáticas tentativas apresentarem as ideias centrais do que Marx
de enfrentar o problema da evolução social denominou o “fio condutor” da análise do de-
da sociedade humana. Ambos são bastante senvolvimento histórico.

A minha investigação desembocava no resultado de que tanto as relações jurí-


dicas como as formas de Estado não podem ser compreendidas por si mesmas
nem pela chamada evolução geral do espírito humano, mas se baseiam, pelo
contrário, nas condições materiais de vida (...).
O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor
aos meus estudos pode resumir-se assim: na produção social da sua vida, os
homens contraem determinadas relações necessárias e independentes da sua
vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de
desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas rela-
ções de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre
a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem de-
terminadas formas de consciência social. O modo de produção da vida mate-
rial condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a
consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser
social é que determina a sua consciência (MARX, 1977, p. 301).

As forças produtivas materiais da socie- jam desenvolvidas no seio da velha sociedade


dade e as relações de produção formam uma (MARX, 1977).
unidade. Essa unidade se romperá quando as Os modos de produção asiático, antigo,
forças produtivas se desenvolverem e exigi- feudal e burguês moderno podem ser classi-
rem novas relações sociais de produção. As- ficados como épocas progressivas da forma-
sim, uma época de revolução social surgirá. “É ção econômica da sociedade. Envolvem forças
preciso distinguir sempre entre as mudanças produtivas e, por conseguinte, relações sociais
materiais ocorridas nas condições econômicas de produção correspondentes a cada uma das
de produção (...) e as formas jurídicas, políticas, épocas históricas.
religiosas, artísticas ou filosóficas, numa pala- Marx e Engels (1987, p.21) iniciam a primei-
vra, as formas ideológicas em que os homens ra parte do manifesto comunista com a seguin-
adquirem consciência desse conflito e lutam te frase: “A história de todas as sociedades que
para resolvê-lo” (MARX, 1977, p. 302). existiram até os nossos dias é a história da luta
Não se pode julgar um indivíduo pelo de classes”. Ainda que Marx concentrasse gran-
que ele pensa de si mesmo. Não se pode jul- de parte de sua atenção no capitalismo e na so-
gar épocas históricas pela sua consciência. ciedade moderna, ele também examinou como
Deve-se explicar esta consciência pelas contra- as sociedades haviam se desenvolvido ao longo
dições da vida material, pelo conflito existente do curso da história. De acordo com Marx, os
entre as forças produtivas sociais e as relações sistemas sociais fazem a transição de um modo
de produção. Uma organização social nunca de produção a outro – algumas vezes gradual-
desaparece antes que se desenvolvam todas mente e algumas vezes através da revolução
as forças produtivas que ela é capaz de con- – como resultado de contradições em suas eco-
ter. Relações sociais de produção novas não nomias. Os conflitos de classes proporcionam a
surgirão antes que as condições materiais de motivação para o desenvolvimento histórico –
existência destas relações se produzam e este- eles são o “motor da história”.

Na produção social de sua existência, os homens estabelecem relações deter-


minadas necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção
que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças
produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estru-
tura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma su-
perestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de
consciência social (MARX, 1999, p. 24).

O mundo concreto para Marx é a con- bém se alteram, configurando sociedades


tradição, uma unidade de múltiplas determi- num estágio histórico determinado: socieda-
nações. Para se compreender a sociedade, de antiga, sociedade feudal, sociedade bur-
faz-se necessário entender as estruturas que guesa... A cada uma delas corresponde um
determinam a ação humana. Como as formas estágio particular de desenvolvimento na his-
de produção variam, as relações sociais tam- tória da humanidade.

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QUADRO 2
Modos de produção

Primitivo Antigo Escravista Feudal Capitalista Socialista Comunista


Fonte:. (MARX, 1999, p. 24)

O autor se ocupa das relações que os ho- Em Marx é o conjunto das relações de
mens estabelecem entre si, resultante da es- produção, constituído pela estrutura econô-
pecialização do trabalho (troca). Essas relações mica da sociedade, que representa a base
se tornam cada vez mais sofisticadas, até que concreta, a infraestrutura sobre a qual se
a invenção do dinheiro, a produção de mer- constitui a superestrutura jurídica e política,
cadorias e a troca permitam a acumulação de que correspondem às formas de consciência
capital. social determinada. Para o autor, o modo de
Ele destaca ainda que a dupla relação de produção da vida material dos homens condi-
trabalho-propriedade é progressivamente ciona em geral todo o processo de vida social,
rompida na medida em que o homem se afas- política e intelectual.
ta de sua relação primitiva com a natureza; tal O Materialismo histórico nos permite,
relação assume a forma de uma progressiva pela primeira vez, estudar com precisão as
separação entre o capital e o trabalho livre e condições sociais da vida das massas e as mo-
as condições objetivas de sua realização/sepa- dificações dessas condições. Na sua visão, o
ração entre os meios e os objetos de trabalho, marxismo abriu caminho para o estudo global
consequentemente, a separação entre o traba- e universal do processo de gênese do desen-
lhador e a terra como seu laboratório natural volvimento e de declínio das formações eco-
de trabalho. nômicas e sociais. O exame do conjunto das
Essa separação se completa no capi- tendências contraditórias, reduzindo-as às
talismo quando o trabalhador é reduzido a condições de existência e de produção clara-
simples força de trabalho. Inversamente, a mente determinadas, das diversas classes da
propriedade se reduz ao controle dos meios sociedade, e assim afastando o subjetivismo
de produção inteiramente divorciados do tra- ao considerar que somos nós os “artífices da
balho, culminando na separação total entre o história” (LÊNIN, 1980).
uso e a troca.

2.5 Divisão social do trabalho e


classes sociais
Na concepção de Marx, se o trabalho é em cada período histórico depende das rela-
condição de existência humana, a divisão do ções sociais de produção. As relações sociais
trabalho significou o surgimento da socieda- se desenvolvem na medida em que os ho-
de. Condicionado por suas necessidades, o mens procuram satisfazer suas necessidades
homem desenvolveu determinadas atividades materiais.
produtivas das quais emergiram relações so- Portanto, os homens são produtos das
ciais convergentes com os estágios históricos circunstâncias, pois criam e alteram suas bases
de desenvolvimento das forças produtivas e da de existência social, quando a ação humana
divisão do trabalho. A mesma correspondência pode alterar o conjunto das relações sociais.
define todas as formas de ideias, de consciên- Nesse sentido, toda a história da humani-
cia, e de representações da vida social. dade deve partir da análise dos processos em
Para Marx, o grau de desenvolvimento de que o homem transforma a natureza e ao mes-
uma sociedade somente pode ser percebido a mo tempo transforma a si mesmo. Não se trata
partir do reconhecimento do grau de desen- apenas da existência física, mas da reprodução
volvimento atingido pelas forças produtivas, das suas condições de existência.
pela divisão do trabalho e pelas relações so- A divisão social do trabalho existe em to-
ciais moldadas em cada sociedade. Os homens dos os tipos de sociedade e tem origem nas
são condicionados pelo desenvolvimento do diferenças da fisiologia humana, diferenças
modo de produção da vida material; conse- essas que são usadas para favorecer determi-
quentemente a formação das classes sociais nados fins, dependendo das relações sociais

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predominantes na sociedade concreta. Isto é mento da propriedade privada e das relações


o reconhecimento de que diferentes grupos de classe entre cidadãos, guerreiros, coletores
sociais têm especificidades quanto a suas for- de impostos, o clero, os escravos, os trabalha-
mas de garantir a sobrevivência. O que implica dores livres, etc. Nota-se que do princípio do
diferentes tipos de relações sociais estabeleci- desenvolvimento da propriedade privada sur-
das em diferentes ambientes de produção das gem, pela primeira vez, as relações que reen-
necessidades humanas. Nesse sentido Marx contraremos na propriedade privada moderna.
estabelece as formas pelas quais a humanida- Assim, a divisão do trabalho desenvolve-
de impulsionou a especialização da produção -se, não mais como na primeira divisão sexual
e portanto a divisão do trabalho. e depois natural, em virtude das disposições
Em A Ideologia Alemã (1992), Marx iden- naturais. Para Marx, a divisão do trabalho só se
tificou as etapas da divisão social do trabalho, torna efetivamente divisão social do trabalho
correspondendo às distintas formas de pro- a partir do momento em que se opera uma di-
priedade: os estágios do desenvolvimento da visão entre trabalho material e intelectual. Figura 6: Nas
divisão do trabalho têm seus respectivos cor- A distribuição de tarefas entre os indi- comunidades
primitivas, as pessoas
respondentes com as formas de propriedade. víduos ou grupos é produto da sociedade e viviam em bandos e
A primeira delas é a propriedade da tribo, e a expressa as condições históricas e sociais de tudo que era caçado
divisão do trabalho corresponde à extensão acordo com a posição que cada um deles ocu- ou coletado era
da divisão natural do trabalho. Na comuni- pa na estrutura social e nas relações de pro- apropriado por toda a
dade tribal, a divisão do trabalho se baseia priedade. “Igualmente, a divisão do trabalho e comunidade.
Fonte: Disponível em
primeiramente na diferença dos sexos, para propriedade privada são expressões idênticas: <http://www.eb23-cmdt-
em seguida tomar por base as diferenças das enuncia-se, na primeira, em relação à ativida- -conceicao-silva.rcts.pt/
forças físicas entre os indivíduos de ambos os de, aquilo que se anuncia e, na segunda, em sev/hgp/3.recolectores.
jpg> Acesso em 23 abr.
sexos. relação ao produto da atividade” (MARX; EN- 2013.
Esse tipo de propriedade era caracteri- GELS, 1992, p. 57).
zado por: estágio não desenvolvido da pro- ▼
dução; as pessoas se alimentavam através da
caça, da pesca e da criação de animais. A es-
trutura social baseia-se no desenvolvimento e
na modificação do grupo de parentesco e na
divisão interna do trabalho. Nesse modo de
produção social, tudo que era produzido era
de uso coletivo e as trocas entre as tribos e/ou
bandos eram equitativas, ou seja, o que defi-
nia o valor de um produto era a necessidade
de alguma pessoa.
Com o avanço da sociedade e conse-
quente aperfeiçoamento da produção, as
pessoas começaram a produzir mais do que
o necessário para sobreviver. A partir desse
momento, as tribos e/ou bandos começaram
a guerrear entre si para dominar o excedente
da produção e os grupos vencedores transfor-
mavam os grupos vencidos em escravos. Em
decorrência, surgem as classes sociais e a pro- A terceira forma é a propriedade feudal
priedade privada dos meios de produção. Essa ou por ordens. É caracterizada pelo trabalho
nova realidade culmina com o surgimento da servil, repousada sobre a classe dos campone-
escravidão, que tem origem no aumento da ses avassalados, cuja estrutura da proprieda-
população, incremento de relações externas, de da terra reproduziu as estruturas sociais e
representadas pela guerra e pelo escambo. de dominação da nobreza sobre os servos. As
Ocorre também a separação do trabalho in- relações entre as classes no feudalismo repro-
dustrial e comercial do trabalho agrícola, bem duzem essa estrutura, acrescentando ainda o
como a distinção e a oposição entre a cidade clero.
e o campo. Nos últimos séculos da vigência da socie-
A segunda forma de propriedade é a pro- dade feudal na Europa ocorre o surgimento
priedade antiga, comunal e propriedade do das cidades, dos burgos, as oficinas com a “or-
Estado, resultado da associação de tribos em ganização feudal das profissões”, reproduzin-
uma cidade, por contrato e por conquista. do quase que nas mesmas condições aquelas
A divisão do trabalho já demonstra a se- desigualdades existentes no campo (MARX;
paração entre cidade e campo, o desenvolvi- ENGELS, 1992, 47-48).

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privada do trabalho, em que o produtor detém


o controle sobre o processo de produção das
ferramentas e sobre o produto. Com o assala-
Figura 7: A divisão do ► riamento, nas oficinas e na indústria, o traba-
trabalho na sociedade lho passa a ser propriedade social; o produtor
Inca vende sua força de trabalho para o capitalista.
Fonte: Disponível em Assim, o trabalho torna-se abstrato, fonte de
<http://evoluciondelaeco- criação de valor. Por fim, o trabalho abstrato é
nomiadelperu.blogspot.
com.br/2010/04/econo- dirigido para a produção de mercadorias, tor-
mia-en-la-epoca-incaica. nando-se trabalho alienado.
html> Acesso em 23 abr. As figuras 7 e 8 expressam a divisão do
2013.
trabalho na sociedade Inca, onde o Ayllu re-
presenta o produtor, o Curaca é o intermediá-
rio responsável por coletar parte dos produtos
produzidos e repassá-los para a nobreza.
A quarta forma de propriedade é a pro-
priedade capitalista, quando a divisão do traba-
lho corresponde à divisão entre proprietários e
não-proprietários dos meios de produção (ou
do capital). As duas principais classes sociais
que se formam são burguesia e proletariado.
Na Propriedade feudal ou por estamentos, A primeira é detentora do capital, a segunda é
GLOSSÁRIO o ponto de partida da organização social era a proprietária da força de trabalho que é vendida
Estamento: constitui área rural e não a cidade. Nesse cenário, havia como mercadoria no sistema capitalista.
uma forma de estra- os senhores feudais e suas propriedades de um Esse modelo dicotômico não é suficiente
tificação social com lado, de outro, havia os servos, que constituíam para posicionar todos os indivíduos de uma so-
camadas sociais mais a classe explorada. Nesse modo de produção ciedade capitalista, pois cada vez mais seu de-
fechadas do que as
classes sociais, e são social há o surgimento de uma divisão de tra- senvolvimento levou a grandes modificações
reconhecidas por lei, balho paralela nas cidades, cuja forma básica econômicas e políticas em inúmeras sociedades,
tradição e geralmente de propriedade era o trabalho privado dos in- ocasionando subdivisões no interior das classes
ligadas ao conceito divíduos, as guildas dos mestres e artesãos. A sociais, principalmente nas “classes médias”.
de honra e prestígio. divisão do trabalho era pouco desenvolvida no Num primeiro momento percebemos a
Historicamente, os
estamentos caracteriza- feudalismo, mas expressava-se principalmen- definição que Marx faz das relações entre pro-
ram a sociedade feudal te na rígida separação dos vários “estamentos” prietários e não-proprietários dos meios de
durante a Idade Média. (príncipes, nobres, clero e camponeses) na área produção como determinantes da for mação da
rural, (mestres, oficiais, aprendizes e, eventual- estrutura social (e consequentemente das clas-
mente, a plebe de jornaleiros), nas cidades. Esse ses sociais). Mas ele aponta também que é pos-
sistema baseava- se na grande extensão terri- sível encontrar complexidades em diferentes
torial e exigia unidades políticas relativamente lugares e contextos; logo, relações econômicas
Figura 8: Sociedade grandes, no interesse da nobreza proprietária e políticas complexas podem gerar novas clas-
Inca de terras e das cidades; as monarquias feudais, ses e frações de classes sociais em diferentes so-
Fonte: Disponível em satisfazendo essa exigência, tornaram-se, assim, ciedades capitalistas.
<http://civilizacaoinca.blo-
gspot.com.br/p/cultura.
universais. Este sempre foi e ainda é um importante
html> Acesso em 23 abr. Marx destaca um elemento importante ponto de debate para o marxismo: a configu-
2013. nesse período de transição do feudalismo para ração das classes sociais em diferentes socieda-
▼ o capitalismo, pois diz respeito à propriedade des, em diferentes contextos políticos, sociais,
culturais e econômicos.
A persistência da divisão do trabalho típi-
ca do capitalismo acontece por causa do do-
mínio do capital sobre os produtores diretos.
A divisão do trabalho é imposta aos indivíduos
pela sociedade que eles mesmos criaram, pois
no momento em que o trabalho é repartido
cada um tem uma esfera de atividade exclu-
siva e determinada, que lhe é imposta e que
não pode sair, devido às suas condições sociais
de subsistência.
Por outro lado, sua abolição somente ocor-
rerá com a abolição de todas as formas de pro-
priedade privada.

28
Educação Física - Sociologia da Educação

Uma vez abolida a base, a propriedade privada, e instaurada a regulamentação PARA SABER MAIS
comunista da produção, que abole no homem o sentimento de estar diante de
seu próprio produto como diante de uma coisa estranha, a força da relação da A sociedade inca era
oferta e da procura é reduzida a zero e os homens retomam o seu poder, o in- extremamente ordena-
tercâmbio, a produção, a sua modalidade de comportamento uns face aos ou- da e organizada. Aos
tros (MARX; ENGELS, 1992, p. 60). olhos dos povos do
império, o Sapa Inca
encarnava o deus e a
Em síntese, Marx destacou a progressão tas também seriam suplantados e uma nova nação, que ocupava
de estágios históricos, que começou com pri- ordem seria instalada, o socialismo. o topo da pirâmide.
mitivas sociedades comunais de caçadores e Para Marx e Engels, a classe operária, en- Imediatamente abaixo:
Sumo Sacerdote, o
coletores e passou através de antigos sistemas gajada em sua luta contra a burguesia, era a Chefe do Estado-
escravistas e sistemas feudais baseados na di- força política que realizaria a destruição do -Maior do Exército, os
visão entre proprietários de terra e servos. O capitalismo e uma transição para o socialismo. oficiais comandantes
aparecimento de mercadores e artesãos mar- Pertencer a uma classe, porém, depende de das Províncias, postos
cou o início de uma classe comercial ou capi- conhecer sua própria condição e posição den- mais elevados da
Administração Pública
talista que veio para substituir a nobreza pro- tro do processo de produção, ampliando para como juízes, generais
prietária de terras. Em concordância com essa uma identidade de interesses e daí para a luta e funcionários civis, os
concepção de história, Marx argumentou que, política, em partidos, sindicatos e movimentos administradores locais,
da mesma forma que os capitalistas tinham se sociais. Vejamos como essa discussão foi apre- os artífices especializa-
dos, como os marcenei-
unido para depor a ordem feudal, os capitalis- sentada por Marx: ros, ourives e pedrei-
ros. A grande massa
Na medida em que milhões de famílias camponesas vivem em condições eco- popular constituía a
nômicas que as separam umas das outras e opõem o seu modo de vida, os base da sociedade inca
seus interesses e sua cultura aos das outras classes da sociedade, estes milhões e era composta pelas
constituem uma classe. Mas na medida em que existe entre os pequenos cam- famílias rurais que
poneses apenas uma ligação local e em que a similitude de seus interesses não habitavam as aldeias,
cria entre eles comunidade alguma, ligação nacional alguma, nem organização onde cultivavam a terra
política, nessa medida não constituem uma classe (MARX, 1977, p. 277). e cuidavam do gado.

Uma classe só pode agir com êxito se adquirir consciência de si


mesma da maneira prevista pela definição de transformar-se de classe
em si para classe para si e se, ao contrário, isso não se realizar, sua ação
política fracassará.
Finalmente, pudemos perceber que a discussão de Marx sobre as
classes sociais não é, pois, coisa ou ideia abstrata; as classes sociais se
constroem, se fazem no cotidiano das experiências históricas, que acon-
tecem nas atividades sociais, econômicas, políticas e culturais. Quando
Marx fala, por exemplo, de “proletariado” e “burguesia”, esses termos têm
para ele um sentido específico e concreto conferido pela relação estru-
tural dessas duas classes dentro da sociedade capitalista.

Figura 9: A partir da

2.6 Análise da sociedade Revolução Industrial


ocorrem profundas
mudanças nos cenários

capitalista urbanos
Fonte: Disponível em
<http://www.jornallivre.
com.br/images_enviadas/
revolucao-industrial-
Para Marx o ponto central na análise da realização do destino já traçado (QUINTANEI- -20040711a.jpg> Acesso
sociedade moderna é a contradição. O con- RO; BARBOSA; GARDÊNIA, 2002). em 23 abr. 2013.
flito entre o proletariado e os capitalistas é o Por que a crítica ao capitalismo? De
fato mais importante da sociedade moderna, acordo com Marx, o capitalismo é inerente- ATIVIDADE
o que revela a natureza essencial dessa so- mente um sistema desigual, no qual as rela- Faça uma análise do
ciedade, ao mesmo tempo em que permite ções de classe são caracterizadas pelo confli- quadro 2 e destaque
prever o desenvolvimento histórico. Ele ar- to/antagonismo. Ainda que os detentores do como se davam as
gumenta que é impossível separar o soció- capital e os trabalhadores sejam dependen- relações de poder no
feudalismo e como era
logo do homem de ação, já que demonstrar tes um do outro – os capitalistas precisam de a divisão social do tra-
o caráter antagônico do capitalismo leva ir- mão-de-obra e os trabalhadores precisam de balho. Os comentários
resistivelmente a anunciar a autodestruição salários –, a dependência é altamente dese- devem ser postados no
do capitalismo e ao mesmo tempo incitar os quilibrada. fórum de discussão.
homens a contribuir de alguma forma para a

29
UAB/Unimontes - 2º Período

2.7 Luta de classes, mercadoria e


GLOSSÁRIO
Mais-valia: era defi-
mais-valia
nida por Marx como a
diferença entre o valor A relação entre classes é de exploração, e/ou pertencimento a uma determinada clas-
necessário à sobrevi- uma vez que os trabalhadores têm pouco se, assim é uma classe política, na medida em
vência do trabalhador
e o excedente que ou nenhum controle sobre seu trabalho (são que é conceituada como grupo de pessoas
produz e que é acumu- alienados, separados), e os empregadores são que se organizam politicamente para defen-
lado pelo capitalista. capazes de gerar lucro ao se apropriarem do der seus interesses (QUINTANEIRO; BARBOSA;
É a diferença entre o produto do trabalho dos operários. Isto é, o GARDÊNIA, 2002).
valor que ele produz e lucro capitalista é a mais-valia produzida pelo Na perspectiva marxista a burguesia,
o valor da sua força de
trabalho. operário. para afirmar-se como capitalista, precisa não
Mas como se produz a mais-valia? Marx só apropriar-se do produto do trabalho exce-
dá o seguinte exemplo: o trabalhador é con- dente (não pago/mais-valia), mas também re-
tratado por 10 moedas para trabalhar em uma conhecer o produtor do trabalho excedente,
jornada de trabalho de 8 horas dia, mas ele a mais-valia, que aparece na sua consciência
produz mercadorias relativas a 20 moedas dia- como lucro. Da mesma forma o proletário, para
riamente, gerando um excedente de trabalho afirmar-se como tal, precisa não só de afirmar-
diário de 10 moedas, que é a mais-valia. Quan- -se como produtor de mercadoria ou vendedor
do somados milhares de trabalhadores temos da força de trabalho, mas também reconhecer
uma imensa quantidade de mais-valia acumu- o proprietário dos meios de produção que se
lada, gerando a profunda desigualdade econô- apropria do produto do trabalho não pago.
mica e social na sociedade capitalista. Essas questões constituem-se em relações bá-
A força de trabalho é a mercadoria que sicas de dependência, alienação e antagonis-
possui a propriedade única de ser capaz de mo, que fundam a existência e a consciência
criar valor, ingrediente essencial para a produ- do proletariado e do capitalista (QUINTANEIRO;
PARA SABER MAIS ção capitalista e criação do lucro. BARBOSA; GARDÊNIA, 2002).
Para Marx a força de O caráter contraditório do capitalismo se Marx acreditava que o conflito de classes,
trabalho humana era manifesta no fato de que o crescimento dos em função dos recursos econômicos, tornar-se-
uma mercadoria como meios de produção, em vez de se traduzirem -ia mais agudo com o passar do tempo, e com
qualquer outra, a única pela elevação do nível de vida dos trabalha- isso a inevitável revolução dos trabalhadores,
especificidade é que dores, leva a um duplo processo de proletari- que poderia acabar com o sistema capitalista,
esta produz valor.
zação e pauperização. Marx vê o capitalismo capaz de introduzir uma nova sociedade na
como uma sociedade na qual a burguesia e o qual não haveria classes – nem divisões entre
proletariado são classes sociais revolucioná- ricos e pobres.
rias e antagônicas. A burguesia foi uma classe A sociedade não seria mais dividida entre
revolucionária porque fez a revolução que ins- uma pequena classe, que monopoliza o po-
taurou o capitalismo. O proletariado é revo- der econômico e político e uma grande massa
lucionário porque lutará para a destruição do de pessoas que pouco se beneficia da riqueza
regime capitalista. que seu trabalho cria. O novo sistema econô-
Para ele, toda a história humana, não só mico se encontraria sob a propriedade estatal
a do capitalismo, é a história da luta de clas- e uma sociedade mais humana e democrática
ses. O capitalismo define a classe em si a par- do que esta que conhecemos no presente seria
tir do critério objetivo, ou seja, a posição que estabelecida. Marx acreditava que, na socieda-
ocupa na produção e classe para si, a partir de do futuro, a produção seria mais avançada e
do critério subjetivo, que envolve identidade eficiente do que a produção sob o capitalismo.

2.8 Conceitos de alienação e


ideologia
Alienação para Marx é a ação pela qual enfim alienados aos resultados ou produtos
(ou estado no qual) um indivíduo ou grupo de sua própria atividade produtiva. Alienação
social se tornam alheios, estranhos, separados, para Marx nasce da forma como a força de tra-

30
Educação Física - Sociologia da Educação

balho é utilizada no sistema de produção capi-


talista, pois é uma mercadoria, cuja existência
está orientada para a posse privada e para o
mercado. Submete-se o trabalhador às rela-
ções capitalistas de produção, onde a inten-
sidade do trabalho, a criação e o destino das
mercadorias se tornam coisa, levando à aliena-
ção, ao não reconhecimento do mundo real e
das reais possibilidades humanas.
O núcleo explicativo desse processo é a
categoria de mais-valia, pois revela uma rela-
ção determinada de alienação e antagonismo,
na qual se encadeiam e opõem operário e ca-
pitalista. O trabalhador troca com o capital o
seu próprio trabalho, aliena-o. O preço que re-
cebe é o valor dessa alienação.
A Alienação é sempre alienação de si pró-
prio, sendo não apenas um conceito, mas tam-
bém um apelo à modificação revolucionária
do mundo (desalienação). Dessa forma, Marx
questiona a possibilidade do conhecimento Marx é a consciência falsa, equivocada da reali- ▲
do mundo real. Nesse sentido, podemos asso- dade, não deliberada, mas necessária ao pensa-
Figura 10: Em Marx a
ciar o conceito de alienação ao de ideologia. mento de determinada classe social, a burgue- alienação ocorre no
As ideias de toda ordem derivam do subs- sia, sob determinadas condições de sua posição processo de produção,
trato material da história, e no capitalismo não e funções em relação às demais classes. pois a força de
é diferente. Para Marx, o desenvolvimento das Toda produção de ideias, representações trabalho torna-se uma
e formas de consciência social resulta das re- mercadoria, mais uma
ideias era subordinado, dependente, e estava peça da engrenagem
sistematizado na ideologia – compêndio das lações sociais de produção capitalistas. A per- da maquinaria.
ilusões através das quais os homens pensavam manência da alienação e sua legitimação atra- Fonte: Disponível em
sua própria realidade de maneira enviesada, vés da ideologia garantem a reprodução do <http://jardel-dias.blogs-
modo capitalista de produção. pot.com.br/2012_09_01_
deformada, fantasmagórica. A ideologia para archive.html> Acesso em
23 abr. 2013.
O processo de produção capitalista, considerado como um todo articula-
do ou como processo de reprodução, produz, por conseguinte não apenas
a mercadoria, não apenas a mais-valia, mas produz e reproduz a própria re-
lação capital, de um lado o capitalista, do outro o trabalhador assalariado
(MARX, 1977, p.161).

As ideias e representações são produções


concretas de homens concretos, não dissocia-
dos da vida real, não existindo, portanto, auto-
nomia da ordem moral, da política, da religião,
e das leis de uma sociedade qualquer. Os ho-
mens não agem sobre bases que não sejam os ◄ Figura 11: O homem
alienado na
limites colocados pelo processo de desenvolvi- sociedade capitalista
mento de suas forças produtivas e pelo proces- não se reconhece no
so vital de suas vidas. processo produtivo,
Marx pensou o fim da alienação, quando o na produção de
homem deveria ultrapassar todos os obstáculos mercadorias e de
capital, como algo
da sociedade, enquanto ser concreto, e romper real.
todos os obstáculos para o desenvolvimento Fonte: Disponível em
do seu ser. O proletariado, uma classe desprovi- http://ahistoriafilo-
da de direitos e de bens, seria capaz de subver- sofica.blogspot.com.
br/2010/08/tipos-de-
ter a estrutura da sociedade moderna, e buscar -alienacao.html Acesso
a supressão de qualquer tipo de alienação atra- em 23 abr. 2013.
vés da revolução proletária e socialista.
É preciso que a massa da humanidade que
se encontra privada de propriedade e se ache
em contradição com um mundo da riqueza e
da cultura existente, faça a revolução contra o
poder estabelecido.
31
UAB/Unimontes - 2º Período

Uma vez abolida a base, a propriedade privada, e instaurada a regulamentação


comunista da produção, que abole no homem o sentimento de estar diante de
seu próprio produto como diante de uma coisa estranha, a força da relação da
oferta e da procura é reduzida a zero e os homens retomam o seu poder, o in-
tercâmbio, a produção, a sua modalidade de comportamento uns face aos ou-
tros (MARX e ENGELS, 1992, p. 60).

Os homens estão determinados em toda produção de ideias, das representações e da cons-


ciência à produção da vida material. “Os homens são condicionados pelo desenvolvimento de-
terminado de suas forças produtivas e das relações a elas correspondentes, incluindo-se as mais
amplas formas que estas possam tomar. A consciência jamais pode ser outra coisa que o Ser
consciente e o Ser consciente é o seu processo real da vida” (MARX; ENGELS, 1992, p. 50).

2.9 Atualidades do marxismo


O trabalho de Marx teve um efeito de telectuais realizarem uma crítica da realidade
longo alcance no mundo do século XX. Até re- e também influenciar suas atividades cientí-
centemente, mais de um terço da população ficas de um modo geral e, especificamente, a
DICA mundial vivia em sociedades socialistas im- área das ciências humanas.
Assista ao filme “Tem- portantes no mundo como a União Soviética e Sua contribuição teórica ultrapassa a di-
pos Modernos” dirigido os vários países da Europa Oriental, cujos go- mensão apenas da ciência, constituindo uma
por Charles Chaplin. A vernos afirmavam tinham inspiração das ideias verdadeira ética humanista, que conclama a
obra conta a história de Marx. justiça e a igualdade dos homens. O autor con-
de um operário e uma
A análise da sociedade capitalista empre- segue com sua obra estabelecer relações pro-
jovem. O operário é
empregado em uma endida por Marx e Engels levou à observação fundas entre a realidade e a filosofia, a realida-
grande fábrica e de- empírica dos fenômenos econômicos, dirigi- de e a ciência.
sempenha um trabalho dos principalmente para o entendimento do Ao se adotar a proposta teórica marxista,
repetitivo de apertar conjunto das relações sociais de produção, deve-se então abarcar, além da simples acei-
parafusos. De tanto re-
para daí estabelecer o elo entre as estruturas tação do ideário comunista de uma sociedade
alizar essa tarefa, o ope-
rário tem problemas de sociais, políticas e ideológicas da sociedade sem classe e sem propriedade privada, a ne-
stress e estafa. Discuta capitalista. cessidade de seguir seus pressupostos teóri-
com os colegas a inser- A perspectiva teórica marxista encontrou, cos, exercendo a crítica veemente do momen-
ção do trabalhador no ao longo da história, inúmeros adeptos, como to histórico em que se vive e buscar por meio
mundo do trabalho na
também fundamentou os partidos marxistas dessa crítica uma posição ideológica e política
atualidade.
entre os operários, além de possibilitar aos in- coerente.

2.10 Karl Marx e a educação


No último século e atualmente nota-se é uma discussão recente. Muitos teóricos dos
uma preocupação por parte da sociedade ci- séculos passados vêm apontando a educação
vil, seja organizada em movimentos sociais, como elemento fundamental na correção das
religiosos, do Estado ou até mesmo de pais desigualdades sociais. As suas teorias, mes-
isoladamente – uma preocupação com a Edu- mo quando não tinham o enfoque principal
cação. Ter ou não ter acesso à escola é uma na educação, serviram como referência para
questão de responsabilidade da família e do garantir um nível mais elaborado de crítica e,
estado. consequentemente, a indicação de caminhos
Acredita-se que garantir um nível desejá- para a compreensão dos seus condicionantes,
vel de escolaridade seja garantia de emprego sejam políticos ou pedagógicos.
e melhores condições de vida. Podemos afirmar que a garantia da edu-
Mas, por que a educação tornou-se um cação, da escola tem servindo para amenizar
instrumento de grande relevância para as po- as distorções e até mesmo a superação das de-
pulações? Por que se preocupar em garantir sigualdades sociais.
a educação para criança, para o jovem e até Karl Marx ilustra bem esta trajetória. Na
mesmo para o adulto? Na realidade esta não realidade Marx não elegeu a educação como

32
Educação Física - Sociologia da Educação

objeto central do seu pensamento, suas teorias dos sujeitos.” O quadro abaixo resume a pro-
alimentaram estudiosos nas análises da educa- posta da Educação Politécnica.
ção no contexto da sociedade capitalista. A formação omnilateral, preocupação de
A preocupação maior da teoria de Marx Marx e Engels, é um dos aspectos relevantes
e Engels sobre a Educação foi orientada pelos da Educação Politécnica e da Escola Unitária,
efeitos da Revolução Industrial. Ao elaborar a concepção que será discutida por Antonio
concepção de educação, os pensadores de- Gramsci. Por isso também apresentamos sua
nunciaram a inserção da criança no processo definição.
de produção capitalista – considerado ele- Destacamos, ainda, os principais pensa-
mento singular de suas preocupações. dores que, sendo marxistas, discutiram e por
A Educação Politécnica, junção direta en- vezes implementaram as ideias de educação
tre a educação e o trabalho é a indicação apre- de Marx e Engels, entre eles: Lênin (1870-1924),
sentada por Marx e Engels. Na visão de Tomazi Nadejda Kuspskaya (1869-1937), Anton Maka-
(1997, p.7), a proposta advém “da experiência e renko, (1888-1939) e Antônio Gramsci (1891-
dos escritos, de Robert Owen (1771- 1858), um 1937).
dos ‘socialistas utópicos’ que muito contribuí- Por fim, chamamos a atenção para o fato
ram para o desenvolvimento do pensamento de que inúmeros outros pensadores manifes-
socialista”. taram suas preocupações com a educação,
A contribuição da “instrução escolar com fundando a chamada Sociologia da Educação.
o trabalho produtivo” constitui-se, em “um dos Algumas indagações são apresentadas:
mais poderosos meios de transformação so- quais são estes estudiosos? Quais suas propos-
cial” (TOMAZI, 1997, p. 7-8). O autor reuniu em tas de estudos? São compreensíveis as ques-
três fatores a Educação Politécnica: tões porque se faz necessária uma indicação
• o Ensino Geral, que deveria compreender dos mesmos, já que tantas influências exerce-
língua e literatura materna e estrangeira, ram e ainda exercem no campo educacional.
além do ensino das ciências, pois isso ele- No entanto, é importante lembrar que foi
varia o nível cultural da classe trabalhadora no final da década de 60 e começo dos anos
e lhe propiciaria uma visão universalista; 70 que a sociologia da educação conduziu
• a Educação Física, compreendendo os seus trabalhos orientados pela crítica marxista.
exercícios físicos coordenados, conforme A inspiração na teoria marxista apontou
o conhecimento da época, que visavam novos aspectos ou novas análises no campo
salvaguardar a condição física dos meni- educacional. Os principais trabalhos desses pe-
nos e futuros adultos. Em determinado ríodos, alguns de teóricos americanos e euro-
momento propõem a instrução militar, peus, podem ser assim apresentados, vejamos:
pois dessa forma os trabalhadores já esta- Na realidade aqui listamos apenas alguns
riam habilitados também para a luta con- autores e temas, sabendo que na atualidade
tra os opressores; e existe a urgência de estudos mais aprofun-
• os Estudos Tecnológicos deveriam incluir dados das teorias educacionais e, acima de
os princípios gerais e científicos de to- tudo, a necessidade de uma política educacio-
dos os ramos industriais. Isso permitiria a nal que tenha como prioridade o homem in-
aquisição de um saber fazer que, de um tegral, o homem em sua totalidade. O desafio
lado, exigia conhecimentos científicos apresentado é que, ao eleger como principal
e, de outro, o aprendizado da manipula- referência o ser humano, é preciso alargar nos-
ção de instrumentos, possibilitando aos sa visão de mundo – relacionar teoria e prática
trabalhadores o conhecimento e a apro- com vistas à educação para o sujeito e sua ga-
priação das condições de organização rantia de ampliação dos horizontes através do
do processo de trabalho e , consequente- conhecimento crítico e responsável.
mente, o seu controle. A perspectiva da educação politécnica
E qual seria o papel do Estado na condu- insere-se na busca da articulação dialética en-
ção da Educação? Para Marx e Engels o Estado tre educação e trabalho, de tal maneira que
deveria limitar-se em “fornecer as condições a educação não seja reduzida a um mero ins-
materiais”, especialmente “a dotação de recur- trumento útil de preparação para o trabalho.
sos para educação”, e também a ”inspeção e Não compreende o vínculo trabalho-educação
fiscalização do cumprimento das leis de ensi- como uma simples demanda do processo de
no” (TOMAZI, 1997, p. 8). produção de atributos a serem formados no
A educação na ótica de Marx e Engels aju- sujeito pela educação. Compreende a edu-
dará na formação do sujeito político através cação como processo inserido na busca de
de uma “base científica e tecnológica” e na superação da alienação do trabalho. Dessa
“transformação social e de autotransformação forma, pode ser entendida como uma educa-

33
UAB/Unimontes - 2º Período

ção capaz de fornecer uma sólida base cientí- nal é fundamental. Alunos e professores de
fica e tecnológica aos educandos, necessária ensino-aprendizagem, portanto nem o aluno
à compreensão dos modernos processos de é objeto ou matéria a ser trabalhada, nem o
trabalho e da realidade natural e social. Visa professor é o único a direcionar os rumos do
contribuir para a síntese entre teoria e prá- ensino. O conhecimento do aluno, nessa pers-
tica, fundamental para o processo de trans- pectiva, é valorizado e integrado ao processo
formação social e de autotransformação dos pedagógico. O currículo se organiza a partir de
sujeitos. Não se restringe a um mero domínio um núcleo unitário, capaz de captar a essência
de técnicas, pois busca desvelar os princípios do conhecimento científico e dar condições
científicos que as embasam, relacionando hu- aos educandos de acompanharem e entende-
manismo e ciência nesse processo. Do ponto rem o vertiginoso avanço científico da época,
de vista do trabalho pedagógico, uma pers- levando em consideração a tendência ao mes-
pectiva politécnica apoia-se na concepção mo tempo de especialização e de integração
de que as relações pedagógicas, para tanto, das diversas áreas da ciência. Busca realizar
devem se basear na cooperação, no coleti- tais anseios sem, no entanto, eliminar outros
vismo e na solidariedade e não na competiti- aspectos e áreas que compõem a formação da
vidade e no individualismo. Nesse sentido, a subjetividade, tais como a arte e a educação fí-
gestão democrática do processo educacio- sica (ARANHA, 2000b).

2.11 Formação integral - formação


omnilateral
Integral vem de integralis, de integer, que lidade (a formação completa). Contrapõe-se,
em latim e significa “tudo”. Assim, “inteiro”. O portanto, à educação instrumental, especializa-
elemento omnis também vem do latim e signi- da, tecnicista e discriminatória. Busca o alcance
fica “tudo”. Assim, educação ou formação om- da relação dialética entre teoria e prática, visa
nilateral quer dizer desenvolvimento integral, incrementar as ciências, as humanidades, as
ou seja, por inteiro, de todas as potencialidades artes e a educação física na formação do edu-
humanas. Significa a livre e potencialidades hu- cando. A formação do educando. A formação
manas. Significa a livre e plena expansão das in- omnilateral é reivindicada pela concepção de
dividualidades, de suas dimensões intelectuais, educação politécnica e de escola unitária, como
afetivas, estéticas e físicas, base para uma real meio para a consolidação da perspectiva do
emancipação humana. Uma formação integral amplo desenvolvimento e emancipação do su-
(por inteiro) objetiva o alcance da omnilatera- jeito (ARANHA, 2000a, p.126).

Referências
ARANHA, Antônia. Educação Integral: Educação Omnilateral. In: FIDALGO, Fernando; MACHADO,
Lucília. Dicionário de Educação Profissional. Belo Horizonte: NETE-UFMG, 2000a. p. 126.

. Educação Politécnica. In: FIDALGO, Fernando; MACHADO, Lucília. Dicionário de Educa-


ção Profissional. Belo Horizonte: NETE- UFMG, 2000b. p. 130.

ARON, Raymond. O Marxismo de Marx. São Paulo: Arx, 2005.

COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1997.

DANDURAND, Pierre; OLIVIER, Émile. Os Paradigmas Perdidos: ensaio sobre a Sociologia da


Educação e seu objeto. Teoria e Educação. n.3 Porto Alegre: Pannonica, 1991. p .120 – 142.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artemed, 2005.

LALLEMENT, Michel. História das idéias sociológicas: das origens a Max Weber. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2003. p.119.
34
Educação Física - Sociologia da Educação

LENIN, Vladimir I. O que é o marxismo? Porto Alegre: Movimento, 1980.

MARX, Karl. Prefácio à contribuição à crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Obras
escolhidas. São Paulo: Alfa-Omega, 1977.

MARX, Karl; ENGELS, F. A ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um toque
de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.

TOMAZI, Nelson Dacio (Coord). Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993.

35

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