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Karl Marx

Prof° Guilherme Menezes


“Até hoje os filósofos tentaram
compreender o mundo, mas não
fizeram nada para transforma-lo.”
Karl Marx
Karl Marx (1818-1883)
Karl Marx foi um filósofo, sociólogo,
economista, jornalista e teórico político
alemão. Junto a Friedrich Engels, elaborou
uma teoria política que embasou o
chamado socialismo científico. Suas
contribuições para a Filosofia
Contemporânea incluem, além da análise
social e econômica, um novo conceito de
dialética, baseado na produção material
da humanidade.
Seu conceito dialético, chamado de
materialismo histórico dialético,
proporciona uma nova visão para a
análise social e científica sobre a história
da sociedade. Ao analisar a produção
material da Europa, no século XIX, Marx
identificou a marcante desigualdade e a
exploração de uma classe detentora dos
meios de produção (burguesia) sobre a
classe explorada (proletariado), o que
marcou profundamente a sua carreira.
Karl Marx nasceu em 1818, na cidade de Tréveris, então
território da Prússia. Apesar de ser um dos maiores
críticos do capitalismo e da divisão de classes sociais,
ele nasceu no seio de uma família de classe alta alemã.
Seu pai foi um bem-sucedido advogado e conselheiro
de governo. Marx estudou no Liceu Friedrich Wilhelm,
tendo uma formação, desde cedo, condizente com a
sua classe social.
Aos dezessete anos de idade, Marx ingressou no curso
de Direito da Universidade de Bonn, seguindo os
passos do pai. Porém, o jovem universitário encontrou
as festas e a vida boêmia. A fim de cortar o estilo de
vida que o filho levava, Heinrich Marx, seu pai,
transferiu-o para a Universidade de Berlim. Lá, o
contestador e desafiador Marx conheceu o curso de
Filosofia, área de estudo em que se formaria.
Na Faculdade de Filosofia da Universidade de
Berlim, Marx foi aluno e discípulo do grande
filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich
Hegel, pessoa que influenciou a sua
produção teórica, principalmente com o
conceito de dialética. Nos seus anos em
Berlim, Marx mostrou-se um grande crítico
de governos e governantes, com inclinações
para a crítica social.
Obras de Karl Marx
As principais obras de Karl Marx, produzidas para a publicação,
são:
Manifesto Comunista (1848): escrita a quatro mãos, com
Friedrich Engels, o manifesto fundou um novo pensamento
socialista-comunista.

A Ideologia Alemã (1845 e 1846): um dos mais importantes


trabalhos de Marx. Esse livro, escrito e publicado entre 1845 e
1846, traz à tona uma primeira formulação precisa do conceito
de materialismo histórico dialético, demonstrando que a tese
dialética de Marx tomou um rumo totalmente diferente da
dialética de seu professor, Hegel. Aliás, o livro de Marx é
escrito quase que todo para criticar Hegel e os idealistas
alemães, que se distanciavam da prática e da vida material,
que é a única possibilidade concreta de uma revolução.
Contribuição para uma Crítica da Economia Política (1859):
nesse escrito, Marx faz uma espécie de "preparação do
terreno" para a obra magna que viria alguns anos depois.
Nessa obra, Marx fala de algumas noções relacionadas ao
valor, à moeda e à mercadoria.

O Capital (1867): Tida como a mais densa e completa


produção marxista, O Capital é o ápice da produção do
filósofo e consagrou de vez a sua teoria social sobre a
divisão de classes sociais, a burguesia e a exploração do
trabalho. Nessa obra, Marx faz uma espécie de genealogia
do capitalismo e estuda as contradições geradas por esse
sistema. Segundo o filósofo, o capitalismo seria derrubado
por suas contradições, tomado pela classe operária e
substituído pelo comunismo.
Friedrich Engels (1820-1895)
Friedrich Engels foi um teórico, filósofo,
político e revolucionário alemão. Ao lado
de seu amigo Karl Marx (1818-1883), Engels
colaborou com a teoria marxista.
Friedrich Engels nasceu na cidade alemã
de Barmen em 28 de novembro de 1820.
Passou sua infância e adolescência na
Alemanha e com 22 anos passa a viver na
Inglaterra, Manchester. Ali começou a
trabalhar numa fábrica de tecidos, que era
de seu pai.
Esse período da vida, foi essencial para Engels
desenvolver sua teoria sobre a classes trabalhadoras,
ao observar a miséria e as condições dos operários
que viviam dentro do regime capitalista. Em 1845,
escreveu “A Situação da Classe Trabalhadora na
Inglaterra”.
Por um tempo fez parte do grupo de esquerda dos
“Jovens Hegelianos”, os quais estudavam a filosofia
de Hegel.
Em 1844, ele conhece Karl Marx em Paris, França. Com
ele, Hegel começa a desenvolver diversas teorias e
escrever obras.
A mais destacada foi o “Manifesto Comunista” escrita
em colaboração de Marx e publicada em 1848. Nessa
obra, eles reúnem os princípios do comunismo.
Após a morte de Marx, em 1883, Engels
terminou e publicou o restante dos
volumes da obra mais emblemática de
Marx: “O Capital”.
Engels faleceu em Londres, Inglaterra,
dia 5 de agosto de 1895, vítima de câncer
na garganta.
Obras de Friedrich Engels
A sagrada família (1844): Referindo-se aos irmãos
Bauer, filósofos e teólogos que faziam parte dos
Jovens Hegelianos, Marx e Engels atacaram as ideias
do grupo que, na visão deles, eram antissemitas e de
uma restrita visão do que era o socialismo.

A situação dos trabalhadores na Inglaterra (1845): O


tempo que Engels passou em Manchester rendeu-lhe
a escrita e publicação desse livro, dedicado a expor a
precária situação dos trabalhadores industriais da
Inglaterra no século XIX.
Manifesto comunista (1848): Escrito em parceria com
Marx, esse livro é mais um panfleto político do que
uma obra filosófica. O Manifesto comunista é a
primeira obra dos autores e convoca a união dos
trabalhadores para a derrubada do sistema
capitalista por meio de uma forte revolução.

Socialismo – utópico e científico (1880): Essa obra foi


escrita para criticar e apontar os defeitos do
socialismo utópico e para promover o socialismo
científico como uma evolução necessária das teorias
socialistas.
A origem da família, da propriedade privada e do
Estado (1884): Trata-se de uma obra que denuncia a
hipocrisia da instituição familiar e as suas mudanças
ao longo da história para satisfazer as necessidades
do capitalismo. Engels vê nos valores da família
tradicional uma subserviência da figura feminina e
um paternalismo que servem apenas para a
perpetuação do capitalismo no século XIX.
O Marxismo
Marx desenvolveu uma densa e extensa obra que
abarca importantes conceitos filosóficos,
econômicos e históricos, além de abrir caminho para
uma ampliação do método sociológico. Porém, o
filósofo ficou mais conhecido por sua teoria de
análise e crítica social, que reconhecia uma divisão
de classes sociais e a exploração de uma classe
privilegiada e detentora dos meios de produção
sobre uma classe dominada.
Logo no início do Manifesto Comunista, Marx e Engels afirmam
que

"a história de todas as sociedades até hoje existentes é a


história das lutas de classes".

Essa frase icônica representa o cerne do que é o marxismo: o


reconhecimento de que diferentes classes sociais são
transpassadas por relações de dominação.

O conjunto de seus conceitos importantes compõe o que Marx


denominou de materialismo histórico dialético, um método de
análise social e histórica baseado na luta de classes.
Socialismo Científico
O socialismo científico, também chamado de
socialismo marxista, é uma teoria política,
social e econômica. Ele foi criado em 1840 por
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-
1895).
Como o próprio nome indica, esse modelo
esteve baseado na análise científica e crítica do
sistema capitalista.
O objetivo dessa doutrina era a transformação
da sociedade a partir de uma análise profunda
de suas relações econômicas, políticas e
sociais.
A obra de Karl Marx intitulada “O Capital” (1867) foi a
mais emblemática desse período. Aqui, Marx faz uma
análise do sistema capitalista e aborda diversos temas
como:
a luta de classes;
a mais valia;
a divisão social do trabalho;
a produção do capital;

Além dela, o “Manifesto Comunista”, publicado em


1848 por Karl Marx e Friedrich Engels, reunia os
princípios e objetivos dessa teoria.
Materialismo histórico dialético
Essa corrente teórica estuda a história por meio da
relação entre a acumulação material e as forças
produtivas.
Para os materialistas históricos, a sociedade foi se
desenvolvendo através da produção de bens que
satisfazem as necessidades básicas e supérfluas do ser
humano.
O materialismo histórico buscou
compreender as relações entre o
trabalho e a produção de bens ao
longo da história.
Essa concepção materialista da
história percebeu que os meios de
produção são determinantes para
caracterizar as sociedades.

Para Marx e Engels, as mudanças


sociais que ocorrem na sociedade
são fruto dessa conquista material,
que por sua vez, determina a
situação econômica dos indivíduos.
Segundo o materialismo histórico, as
relações de produção são
fundamentais para delinear as
relações entre as classes sociais que
formam a sociedade. Para Marx, é o
capitalismo produz a luta de classes
entre a burguesia (dominantes) e o
proletariado (dominados).
Em sua obra “O Capital”, Karl Marx
avalia a sociedade capitalista e as
diversas realidades sociais que nela
estão inseridas e faz uma análise
crítica sobre o sistema capitalista.
Portanto, para Marx, a sociedade se estrutura
em dois níveis: a infraestrutura e a
superestrutura

A infraestrutura: constitui a base econômica e engloba


as relações do ser humano com a natureza no esforço
de produzir a própria existência. Assim, de acordo com
o clima (árido ou chuvoso) e os instrumentos de
trabalho (pedra, madeira, metal ou eletrônicos), são
desenvolvidas certas técnicas que influenciam as
relações de produção, ou seja, o modo pelo qual os
seres humanos sse organizam na divisão do trabalho
socia. É nesse sentido que, na história, encontramos
relações de senhores e servos e de capitalistas e
proletários.
A superestrutura: constitui o caráter político-
ideológico de uma sociedade, isto é, a forma como
os indivíduos se organizam a partir de suas leis,
crenças religiosas, literatura, artes, filosofia,
concepções de ciência etc. Para Marx, essas
expressões culturais refletem as ideias e valores da
classe dominante e, desse modo, tornam-se
instrumentos de dominação.

“A religião é o ópio do povo.”


Karl Marx
Por que é Materialismo histórico dialético?
Na concepção marxista, a dialética é uma ferramenta
utilizada para compreender a história. A dialética marxista
considera o movimento natural da história e não admite sua
maneira estática e definitiva. Segundo Engels:

“O movimento é o modo de existência da matéria”.

Sendo assim, a história quando é analisada como algo em


movimento torna-se transitória, que por sua vez, pode ser
transformada pelas ações humanas.
Nesse caso, a matéria possui uma relação dialética
com os âmbitos psicológico e social. E assim, os
fenômenos sociais são interpretados através da
dialética.

Por meio dessa relação dialética entre o ambiente, o


organismo e os fenômenos físicos, os seres humanos,
a cultura e a sociedade criam o mundo, ao mesmo
tempo que são modelados por ele.

Vale notar que o materialismo dialético é oposto ao


idealismo filosófico que acredita que o mundo
material é um reflexo do mundo das ideias.
A história da humanidade é a história da luta de classes

A luta de classes, que existe desde a Idade Média, envolve


questões entre a classe dos proletários e a burguesia
dentro da sociedade capitalista.
Segundo Karl Marx, a luta de classes só acabará quando o
sistema capitalista for banido e desaparecerem as classes
sociais.
À passagem do sistema feudal para o sistema
capitalista (infraestrutura), que determinou as
transformações da moral e do direito
(superestrutura). Portanto, para estudar a sociedade
não se deve, segundo Marx, partir do que os
indivíduos dizem ou pensam, e sim do modo pelo
qual produzem os bens materiais necessários à vida.
Ao analisar o ser social, Marx desenvolveu uma
nova antropologia, segundo a qual não existe
“natureza humana” idêntica em todo tempo e
lugar. Se o existir decorre do agir, o indivíduo se
autoproduz à medida que transforma a
natureza pelo trabalho. Como o trabalho se
apoia numa ação coletiva, a condição humana
depende de sua existência social. Ao mesmo
tempo, o trabalho é um projeto, e como tal
depende da consciência que antecipa a ação
pelo pensamento. Com isso se estabelece a
dialética pensar-agir e teoria-prática. É nesse
sentido que a filosofia marxista é também
conhecida como filosofia da práxis.
Práxis - Marx chama de práxis a ação humana
transformadora da realidade. Esse conceito não se
identifica propriamente com a prática, mas significa
a união dialética da teoria e da prática. Isto é, ao
mesmo tempo que a consciência é determinada pelo
modo como é produzida a existência, também a
ação humana é projetada, refletida, consciente e
capaz de modificar a teoria.
A Mais Valia
Conceito criado para entender as relações entre o
tempo necessário para realizar um trabalho e sua
renumeração.
Para a economia política marxista, o valor do
trabalho e o salário recebido pelo trabalhador
significa desigualdade. Ou seja, o esforço do
trabalhador não é convertido em valores
monetários reais, o que desvaloriza seu trabalho.
Em outros termos, a mais valia significa a
diferença entre o valor produzido pelo
trabalho e o salário pago ao trabalhador. É,
portanto, a base de exploração do sistema
capitalista sobre o trabalhador.
Note que, muitas vezes, o termo é utilizado
com sinônimo de “lucro”. O lucro do sistema
capitalista é gerado pela relação existente
entre a mais-valia e o capital variável, ou seja,
os salários dos trabalhadores.
Como exemplo, podemos pensar no seguinte: para
suprir as necessidades básicas de vida (moradia,
educação, saúde, alimentação, lazer, etc.) o salário
de um trabalhador é atingido com o trabalho diário
de 5 horas. Desta maneira, o trabalhador só
necessitaria exercer sua função durante este
período.
No entanto, o sistema capitalista lhe impede de
trabalhar somente cinco horas diárias.
Assim, 3 horas a mais por dia (8 horas diárias), ele
trabalha para suprir a necessidade de lucro do
sistema capitalista, o que resulta na mais-valia.
Alienação
O conceito de alienação está intimamente
relacionado aos processos de alheamento do
indivíduo que surge por diversos motivos na vida
social. Isso leva ao alijamento da sociedade como
um todo.
O estado de alienação interfere na capacidade
dos indivíduos sociais de agirem e pensarem por si
próprios. Ou seja, eles não têm consciência do
papel que desempenham nos processos sociais.
Do latim, a palavra “alienação” (alienare)
significa “tornar alguém alheio a alguém”.
Atualmente, o termo é utilizado em diferentes
áreas (direito, economia, psicologia,
antropologia, comunicação, etc.) e contextos.
Em 1867, Marx escreveu sua obra mais emblemática,
O Capital. Nele, o autor critica a sociedade industrial
capitalista em seu modo de produção e sua
tendência a criar uma forma de trabalho que acaba
por desumanizar o indivíduo explorado.
O trabalho alienado surge a partir do momento em
que o trabalhador perde a posse dos meios de
produção e passa a ser compreendido como parte
da linha de produção (assim como as máquinas e
ferramentas). O trabalhador assume uma única
função fundamental: gerar lucro.
O lucro tem como base a exploração do
trabalhador e o processo de mais valia. O
trabalhador tem parte do que produz apropriado
de forma indevida pelo capitalista.
Trata-se, portanto, de uma alienação
socioeconômica onde a fragmentação do trabalho
industrial produz a fragmentação do saber
humano. De tal modo, a alienação torna-se um
problema de legitimidade do controle social.
A divisão social do trabalho, enfatizada pela
sociedade capitalista, contribui para o processo
de alienação do indivíduo. Os cidadãos que
participam do processo de produção de bens e
serviços, acabam por não usufruir deles.
Nas palavras do filósofo:
“Primeiramente, o trabalho alienado se apresenta
como algo externo ao trabalhador, algo que não faz
parte de sua personalidade. Assim, o trabalhador
não se realiza em seu trabalho, mas nega-se a si
mesmo. Permanece no local de trabalho com uma
sensação de sofrimento em vez de bem-estar, com
um sentimento de bloqueio de suas energias físicas
e mentais que provoca cansaço físico e depressão.
(...) Seu trabalho não é voluntário, mas imposto e
forçado. (...) Afinal, o trabalho alienado é um
trabalho de sacrifício, e mortificação. É um trabalho
que não pertence ao trabalhador mas sim à outra
pessoa que dirige a produção”.
No contexto capitalista, ao vender sua força de
trabalho mediante salário, o operário também se
transforma em mercadoria. Ocorre, então, o que Marx
chama de fetichismo da mercadoria e reificação do
trabalhador.

O fetichismo: é o processo pelo qual a mercadoria, um


ser inanimado, adquire “vida” porque os valores de
troca tornam-se superiores aos valores de uso e
passam a determinar as relações humanas, ao
contrário do que deveria acontecer. Desse modo, a
relação entre produtores não se faz entre eles
próprios, mas entre os produtos de seu trabalho. Por
exemplo, não se dá a relação entre alfaiate e
carpinteiro, mas entre casaco e mesa, que são
equiparados conforme uma medida comum de valor.
A reificação: é a “coisificação” do trabalhador,
porque o indivíduo é transformado em
mercadoria. A “humanização” da mercadoria leva
a desumanização da pessoa.

Fetichismo - de fetiche ou feitiço, objeto a que


atribui poder sobrenatural.
A ideologia
O que faz com que a alienação não seja percebida é
a ideologia. Vimos que, segundo Marx, as ideias, as
condutas e os valores que permeiam a concepção
de mundo de determinada sociedade representam
os interesses da classe dominante. Ao serem
estendidas às classes dominadas, como se fosssem
universais, ajudam a ,manter a dominação e o status
quo. Desse modo, a ideologia camufla a luta de
classes ao representar a sociedade como una,
harmônica e sem conflitos
A crítica ao Estado
Marx avalia que a ideologia esconde o fato de que
o Estado expressa os interesses da classe
dominante. Trata-se de uma concepção negativa,
segundo a qual o Estado perpetua as contradições
sociaise e só aparentemente visaria ao bem
comum. Portanto, o Estado é um mal a ser
extirpado.
Decorre desse pressuposto a necessidade da
revolução, seguida por um Estado provisório, a
ditadura do proletariado, período de
fortalecimento da classe operária e de
enfraquecimento da burguesia. Esta primeira fase
corresponde ao socialismo, em que ainda
persistem a burocracia e os aparelhos estatal,
repressivo e jurídico. A segunda fase, chamada
comunismo, define-se pela supressão da
sociedade de classes e, finalmente, pelo
desaparecimento do Estado.
O desenvolvimento prodigioso das forças produtivas
levaria à “era da abundância”, à supressão da divisão
do trabalho em tarefas subordinadas (materiais) e
tarefas superiores (intelectuais) , à ausência de
contraste entre cidade e campo e entre indústria e
agricultura. Ou seja, essa fase se aproxima da utopia
anarquista.
(UDESC) “Os proletários nada têm a perder a não ser
suas algemas. Têm um mundo a ganhar. Proletários
de todo o mundo, uni-vos.”. Estas frases, escritas por
Karl Marx e Frederich Engels, encerram o Manifesto
Comunista, publicado em Londres, em 1848.

A respeito das condições de trabalho na Europa,


durante o século XIX, é correto afirmar:
A) O manifesto escrito por Marx e Engels denunciava as
condições de desigualdade social entre, especialmente, a
burguesia e o proletariado.
B) O texto escrito por Marx e Engels afirmava que uma
verdadeira revolução deveria ser promovida,
exclusivamente, pelos dirigentes do Estado.
C) Marx e Engels consideravam que os proletários jamais
teriam condições de mudar de situação social, devido à
condição de opressão em que viviam.
D) Marx e Engels escreveram o Manifesto Comunista após
a observação atenta das iniciativas de organização do
estado soviético sob o governo de Stalin.
E) Marx descreveu, no Manifesto Comunista, o
detalhamento de seus projetos políticos relativos aos anos
em que governou a Rússia, tendo Engels no cargo de
vicechanceler.
GABARITO
A
(UECE) Atente para a seguinte afirmação de Karl Max
sobre o trabalho no sistema capitalista: “O trabalho não
produz somente mercadorias; ele produz a si mesmo e
ao trabalhador como uma ‘mercadoria’”.

Fonte: Marx, Karl. Manuscritos econômicos-filosóficos.


São Paulo: Boitempo, 2010. p. 80.

Assinale a opção que corresponde à afirmação de Karl


Marx acima.
A) O trabalho dignifica o homem, empresta-lhe sentido na
vida social e, como tal, o trabalhador não existe autônomo
do capital, que é a razão de existir do próprio trabalhador.
B) O trabalhador é autônomo e dono do seu trabalho, o que
reflete sua grandeza interior, e o que ele produz destina-se
ao seu sustento.
C) No capitalismo, trabalho e capital não estabelecem uma
relação de oposição, pois se complementam: é no capital
que o trabalhador se reconhece e é no trabalhador que o
capitalista se realiza.
D) Ao tornar-se mercadoria, o trabalhador não se reconhece
no produto do seu trabalho, ao mesmo tempo em que o seu
trabalho deixa de ser uma manifestação essencial do seu
ser, para ser um trabalho forçado, determinado pela
necessidade externa.
GABARITO
D
(UEA - SIS) Leia o texto para responder à questão.
O melhor método de análise social deve começar pelo real e pelo
concreto. Em economia, começar-se-ia pela população, que é a base
da produção como um todo. Mas, numa observação atenta,
apercebemo-nos de que há aqui um erro. A população é uma
abstração se desprezarmos as classes de que se compõe.
Entretanto, essas classes são uma palavra oca se ignorarmos os
elementos em que repousam, como o trabalho assalariado, o capital
etc. O capital, sem o trabalho assalariado, sem o dinheiro, não é
nada. Assim, se começássemos pela população teríamos uma visão
caótica do todo e, através de uma análise, chegaríamos a conceitos
e a determinações mais simples. Partindo daqui, seria necessário
caminhar em sentido contrário até chegar finalmente de novo à
população, que será, desta vez, uma totalidade de relações
numerosas.
(Karl Marx. “Introdução à crítica da economia política”. Contribuição
à crítica da economia política, 2015. Adaptado.)
A perspectiva metodológica do marxismo recebeu a
denominação de

A) Idealismo materialista.
B) Fenomenologia espiritual.
C) Apriorismo transcendental.
D) Empirismo lógico.
E) Materialismo histórico.
GABARITO
E
(UECE) Para Karl Marx, na relação capitalista, “O trabalho produz
maravilhas para os ricos, mas produz a desnudez para o trabalhador
[...] quanto mais poderoso o trabalho, mais impotente fica o
trabalhador”.

MARX, Karl; ENGELS, Frederic. História (Coleção Grandes Cientistas


Sociais). São Paulo: Ática, 2003, p. 152.
De acordo com a informação no texto, é correto afirmar que
ele diz respeito

A) À autorrealização do trabalhador por meio do trabalho,


por ele realizado, pelo qual se dá a plenitude do seu ser.
B) Ao trabalho e ao produto, fruto da capacidade do
trabalhador de criar, de planejar-se e de autorrealizar-se na
sua criação.
C) Ao fato de que, na produção capitalista, a relação do
produto do trabalho, diante do trabalhador, o representa,
porque tem sua marca pessoal.
D) À relação do trabalhador com os objetos de sua
produção, na qual ele se coisifica, se autossacrifica e, no fim,
não vê o produto como seu.
GABARITO
D
(UEG) Para Marx, diante da tentativa humana de explicar a
realidade e dar regras de ação, é preciso considerar as
formas de conhecimento ilusório que mascaram os
conflitos sociais. Nesse sentido, a ideologia adquire um
caráter negativo, torna-se um instrumento de dominação
na medida em que naturaliza o que deveria ser explicado
como resultado da ação histórico-social dos homens, e
universaliza os interesses de uma classe como interesse de
todos. A partir de tal concepção de ideologia, constata-se
que
A) A sociedade capitalista transforma todas as formas de
consciência em representações ilusórias da realidade
conforme os interesses da classe dominante.
B) Ao mesmo tempo que Marx critica a ideologia ele a
considera um elemento fundamental no processo de
emancipação da classe trabalhadora.
C) A superação da cegueira coletiva imposta pela ideologia é
um produto do esforço individual principalmente dos
indivíduos da classe dominante.
D) A frase “o trabalho dignifica o homem” parte de uma
noção genérica e abstrata de trabalho, mascarando as reais
condições do trabalho alienado no modo de produção
capitalista.
GABARITO
D
(UPE) Leia o texto a seguir sobre a concepção do Estado
Democrático.
Segundo Karl Marx, o Estado é o organismo de dominação
de classe, de opressão de uma classe por outra. O Estado
representa a violência estabelecida e organizada, a
violência legal. Ele é um instrumento, não de conciliação,
mas sim de luta das classes.

(POLITZER, Georges. Princípios Fundamentais de Filosofia.


São Paulo: Hemus, 1954, p. 328.)
Na citação acima, o autor configura uma leitura crítico-
reflexiva sobre a concepção do Estado na perspectiva da
filosofia de Karl Marx. Com relação a essa temática, é
CORRETO afirmar que
A) O Estado intenta os interesses da classe dominada e estaria
a serviço da democracia.
B) O Estado representa a síntese do que tende a superar os
interesses contraditos da sociedade civil.
C) O Estado é um meio suplementar de exploração das classes
oprimidas, ou seja, o instrumento de dominação da classe
economicamente mais poderosa.
D) O Estado é decisivo para defesa de um modo de produção.
Trata-se de um instrumento de conciliação e democratização
da sociedade.
E) O Estado não oprime, mas concilia os meios de produção
para a democratização da sociedade civil.
GABARITO
C
(UECE) Para Karl Marx, há um caráter misterioso que o
produto do trabalho apresenta ao assumir a forma de
mercadoria.
MARX, K. O capital. Crítica da economia política. Vol. I, 11ª
ed., São Paulo: Editora Bertrand Brasil – DIFEL, 1987

Karl Marx atribui essa propriedade misteriosa assumida


pela mercadoria ao

A) Valor de uso da mercadoria.


B) Fetichismo da mercadoria.
C) Tempo do trabalho gasto na mercadoria.
D) Valor a mais extraído da mercadoria.
GABARITO
B
A história de toda a sociedade até aqui é a história da luta de
classes."
Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto do Partido Comunista
O conceito de Marx sobre a luta de classes representa o
antagonismo entre uma pequena classe dominante sobre uma
maioria subalternizada. Foi assim com homens livres e
escravos, senhores feudais e servos, em suma, opressores e
oprimidos.

Na Idade Moderna, qual são as forças que atuam na luta de


classes e em que se baseia essa distinção?
a) Capitalistas e comunistas, distinção realizada através de
sua ideologia.
b) Direita e esquerda, de acordo com o local em que se
sentaram na assembleia posterior à Revolução Francesa.
c) Burguesia e proletariado, divisão entre os detentores
dos meios de produção e os donos da força de trabalho.
d) Nobreza e clero, representantes de famílias aristocratas
e representantes da Igreja.
GABARITO
C
Na manufatura e no artesanato, o trabalhador utiliza a
ferramenta; na fábrica, ele é um servo da máquina."

A alienação para Marx, é compreendida através da ideia de


que o indivíduo torna-se alheio (alienado) à sua própria
natureza e dos demais seres humanos.
Isso pode se dá porque:

a) o trabalhador passa a ser parte do processo de


produção, perde a noção do valor de seu trabalho.
b) o trabalhador não se interessa por política e vota de
acordo com os interesses da burguesia.
c) o trabalhador deixa de se compreender como ser
humano e passa agir em função de sua natureza animal.
d) o trabalhador é substituído pela máquina e torna-se
alheio à produção.
GABARITO
A
Aqui, os produtos do cérebro humano parecem dotados de
vida própria, como figuras independentes que travam relação
umas com as outras e com os homens."

Karl Marx, O Capital, Livro I, Capítulo 1- A mercadoria


Para Marx, o fetichismo da mercadoria está relacionado com a
alienação do trabalho. Como se dá esse processo?
a) O trabalhador alienado passa a consumir apenas
mercadorias que possuam um alto valor de mercado.
b) Enquanto o trabalhador se desumaniza, as mercadorias
passam possuir qualidades humanas e mediar as relações
sociais.
c) O fetichismo da mercadoria surge como resposta ao
avanço da produção e à valorização do trabalho
assalariado.
d) O trabalhador e a mercadoria passam a ter o mesmo
valor no mercado, substituindo-se mutuamente de acordo
com a demanda.
GABARITO
B
Para Marx, a produção de mais-valia é modo de produção o
capitalista. A partir dela, o trabalhador é explorado e o lucro é
obtido.
De acordo com o conceito de mais-valia desenvolvido por
Marx, é incorreto dizer que:

a) Parte do valor produzido pelo trabalhador é apropriado pelo


capitalista sem que lhe seja pago o equivalente.
b) O trabalhador é forçado a produzir cada vez mais pelo
mesmo preço, firmado em contrato.
c) O valor do salário sempre será inferior ao valor produzido.
d) Os salários são equivalentes ao valor produzido pelo
trabalhador.
GABARITO
D
"Minha contribuição foi somente demostrar que: 1. a existência
de classes é um resultado de determinadas fases históricas do
desenvolvimento da produção; 2. A luta de classes levará a
uma ditadura do proletariado 3. E tal ditadura não é mais do
que uma transição para o fim das classes sociais e uma
sociedade sem classes"

Karl Marx, Carta a Joseph Weydemeyer


Para Marx, a ditadura do proletariado é um período de
transição alcançar a meta de uma sociedade sem classes.
Esse processo se daria a partir da:
a) abolição da propriedade privada e coletivização dos
meios de produção.
b) abolição das leis trabalhistas e liberdade de negociação
entre patrões e empregados.
c) confirmação de um governo autocrático que concentre
todo o poder.
d) confirmação dos interesses individuais para o
desenvolvimento econômico e social.
GABARITO
A
“De resto, com a forma de manifestação ‘valor e preço do
trabalho’ ou ‘salário’, em contraste com a relação essencial
que se manifesta, isto é, com o valor e o preço de força de
trabalho, ocorre o mesmo que com todas as formas de
manifestação e seu fundo oculto. As primeiras se reproduzem
de modo imediatamente espontâneo, como formas comuns e
correntes de pensamento; o segundo tem de ser
primeiramente descoberto pela ciência. A economia política
clássica chega muito próximo à verdadeira relação das coisas,
porém sem formulá-las conscientemente. Ela não poderá
fazê-lo enquanto estiver coberta com sua pele burguesa”
A dialética para Marx aponta para a forma de
interpretação da realidade que dá conta das contradições
e da complexidade da história. Para Marx, a luta de classes
é um processo dialético porque:

a) dialoga com diversos atores sociais para a construção


de um consenso.
b) possui uma contradição entre o que é dito e o que é
feito.
c) possui contradições presentes no modo de produção
que constroem a própria realidade.
d) propõe um processo de harmonização e fim do
antagonismo entre as classes sociais.
GABARITO
C
"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem
segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias
de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam
diretamente, legadas e transmitidas pelo passado."

Karl Marx, 18º Brumário de Luís Bonaparte


Segundo Marx, história deve ser compreendida a partir das
condições materiais que possibilitaram que cada
momento histórico pudesse existir. Assim, o materialismo
histórico pode ser compreendido como:
a) Um método para a compreensão e ação no mundo,
capaz de dar conta da luta de classes e dos diferentes
modos de produção.
b) Uma abstração teórica para ilustrar o desenvolvimento
do ser humano em um estágio pré-social.
c) Uma teoria baseada na rejeição da perspectiva
espiritual da história.
d) Um modelo sociológico baseado nas propriedades
gerais da matéria.
GABARITO
A
"Essa acumulação primitiva desempenha na economia política
aproximadamente o mesmo papel do pecado original na
teologia. Adão mordeu a maçã e, com isso, o pecado se abateu
sobre o gênero humano. (...) De fato, a legenda do pecado
original teológico nos conta como o homem foi condenado a
comer seu pão com o suor de seu rosto; mas é a história do
pecado original econômico que nos revela como pode haver
gente que não tem nenhuma necessidade disso. (...) E desse
pecado original datam a pobreza da grande massa, que ainda
hoje, apesar de todo seu trabalho, continua a não possuir nada
para vender a não ser a si mesma, e a riqueza dos poucos, que
cresce continuamente, embora há muito tenham deixado de
trabalhar."
Karl Marx, O Capital, Livro I, Capítulo 24, A assim chamada
acumulação primitiva
No trecho acima, Marx realiza uma leitura da acumulação
primitiva como o "pecado original econômico" que deu origem
ao capitalismo e à exploração do trabalhador por uma classe
que não trabalha. Como isso se deu?
a) A classe trabalhadora não possuía a capacidade de gerir os
negócios e assim, precisou da gerência da burguesia.
b) A burguesia possui uma determinação divina que a obriga a
conduzir a economia e impulsionar a classe trabalhadora.
c) Em determinado momento histórico, ocorreu a apropriação
da terra por alguns grupos de indivíduos. A posse da terra
separou os trabalhadores das condições para realização do
trabalho, tornando possível a acumulação.
d) O direito natural à propriedade privada desde o início da
história possibilitou que alguns possuíssem aptidões naturais e
fossem bem sucedidos, enquanto outros por escolha própria ou
em decorrência de desastres naturais fossem levados a servir.
GABARITO
C
"Até agora os filósofos ficam preocupados na interpretação do
mundo de várias maneiras. O que importa é transformá-lo."
Karl Marx, Teses sobre Feuerbach, Tese 11
No trecho, o autor faz uma crítica ao que compreende como
um posicionamento passivo da tradição filosófica. Para Marx, o
conhecimento deve estar aliado à ação. Assim, a práxis é a
ação consciente para a transformação da sociedade. Para que
exista a possibilidade de transformação social o indivíduo
deve:
a) estudar a filosofia a fundo e desenvolver uma produção
acadêmica de maior valor.
b) ter consciência de classe e perceber-se como um sujeito
transformador da história e agir sobre a realidade.
c) elevar ao máximo a sua capacidade produtiva para que o
capital acumulado possa ser revertido em benefícios para a
classe trabalhadora.
d) abolir as leis trabalhistas impostas pelo Estado para que
patrões e empregados possam negociar livremente as
condições de trabalho, permitindo a criação de novos postos e
aumentado a empregabilidade.
GABARITO
B
Obrigado!!
Prof° Guilherme Menezes

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