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KARL MARX

"Karl Marx foi um filósofo, sociólogo, economista, jornalista e teórico


político alemão. Junto a Friedrich Engels, elaborou uma teoria política
que embasou o chamado socialismo científico. Suas contribuições para
a Filosofia Contemporânea incluem, além da análise social e
econômica, um novo conceito de dialética, baseado na produção
material da humanidade.

Seu conceito dialético, chamado de materialismo histórico dialético,


proporciona uma nova visão para a análise social e científica sobre a
história da sociedade. Ao analisar a produção material da Europa, no
século XIX, Marx identificou a marcante desigualdade e a exploração
de uma classe detentora dos meios de produção (burguesia) sobre a
classe explorada (proletariado), o que marcou profundamente a sua
carreira.

Biografia de Karl Marx

Karl Marx nasceu em 1818, na cidade de Tréveris, então território da


Prússia. Apesar de ser um dos maiores críticos do capitalismo e da
divisão de classes sociais, ele nasceu no seio de uma família de classe
alta alemã. Seu pai foi um bem-sucedido advogado e conselheiro de
governo. Marx estudou no Liceu Friedrich Wilhelm, tendo uma
formação, desde cedo, condizente com a sua classe social.

Aos dezessete anos de idade, Marx ingressou no curso de Direito da


Universidade de Bonn, seguindo os passos do pai. Porém, o jovem
universitário encontrou as festas e a vida boêmia. A fim de cortar o
estilo de vida que o filho levava, Heinrich Marx, seu pai, transferiu-o
para a Universidade de Berlim. Lá, o contestador e desafiador Marx
conheceu o curso de Filosofia, área de estudo em que se formaria.
Na Faculdade de Filosofia da Universidade de Berlim, Marx foi aluno e
discípulo do grande filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel,
pessoa que influenciou a sua produção teórica, principalmente com o
conceito de dialética. Nos seus anos em Berlim, Marx mostrou-se um
grande crítico de governos e governantes, com inclinações para a
crítica social.

Aos 23 anos de idade, Marx defendeu sua tese em Filosofia, obtendo o


título de doutor, o que lhe proporcionou o ingresso na carreira
acadêmica. No entanto, por conta de sua ávida crítica ao governo
prussiano, o filósofo foi vetado nas universidades, o que o obrigou a
trabalhar como jornalista. Pouco mais de um ano que Marx entrou para
a redação de um jornal prussiano, de cunho socialista, a censura
fechou a publicação.

No mesmo ano em que Marx perdeu o emprego no jornal, 1843, casou-


se em segredo com Jenny von Westphalen. No mesmo ano, mudou-se
para Paris, tendo contato com os ideais socialistas que influenciaram
fortemente a sua produção intelectual.

O casal Karl Marx e Jenny von Westphalen teve sete filhos e quatro
deles morreram ainda na infância, por conta da situação precária em
que viveram durante muito tempo, causada pela falta de dinheiro. Com
a recusa de empregos para Marx e sua carreira instável no jornalismo,
o casal viveu por muito tempo apenas de partes que receberam das
heranças de seus pais.

As posições radicais de Marx legaram-lhe diversas expulsões de


territórios prussianos, alemães e franceses, sendo expulso de vez de
Colônia, na Alemanha, em 1848. Também em 1848, publicou o
Manifesto Comunista, junto a Engels, o que deu início à obra marxista,
que compôs o que chamamos hoje de socialismo científico. Marx
estabeleceu-se na Inglaterra, em 1849. Desde 1843 até o fim de sua
vida, Marx sobreviveu dos restos de heranças, da ajuda de Friedrich
Engels e de artigos que escrevia vez ou outra para jornais.

A partir de sua estada em Londres, o filósofo passou a desenvolver a


sua obra mais importante, O Capital, além de livros que se tornaram
referências para os estudos de Sociologia, de Economia e sobre o
socialismo. O filósofo faleceu no ano de 1883, dois anos após o
falecimento de sua esposa, em virtude de complicações respiratórias
causadas pelo uso excessivo de tabaco.

Biografia de Friedrich Engels

Engels nasceu em 1820, na cidade de Barmen, na Alemanha, filho de


um rico industrial alemão. Engels iniciou o chamado curso secundário,
desenvolvendo seus interesses particulares pelo estudo da filosofia, do
direito e da economia, mas não o concluiu.

Ainda em Barmen, Engels começou a participar do grupo Jovens


Hegelianos. O grupo havia sido fundado após a morte do célebre
professor de filosofia Georg Wilhelm Friedrich Hegel, e visava produzir
uma interpretação mais liberal e socialista dos escritos hegelianos.

Em 1842, aos 22 anos de idade, Engels vai para Manchester, na


Inglaterra, para assumir um posto de chefia em uma das fábricas do
pai. Ao entrar em contato com os trabalhadores industriais ingleses, o
filósofo fica tocado pela vida extremamente precária que eles levavam.
Aí se inicia o seu trabalho intelectual de oposição ao capitalismo que
resultou, mais tarde, em uma profícua parceria com Karl Marx.

Em 1844, Engels retorna à Alemanha e, passando por Paris, conhece


pessoalmente Marx. No fim de 1844, Marx e Engels escreveram o livro
A sagrada família. Em 1845, Engels publicou A situação dos
trabalhadores da Inglaterra.
Em sua ida a Manchester, Engels conhece Mary Burns, com quem teve
um relacionamento estável até a morte da mulher, em 1863. Ambos
eram contra o casamento, pois consideravam-no uma instituição
burguesa. Após a morte de Mary, Engels iniciou um relacionamento
com a irmã dela, Lydia “Lizzie” Burns, também sem um casamento civil
ou religioso e que durou até 1878, ano em que ela faleceu, aos 51 anos
de idade."

Teoria de Karl Marx

Marx desenvolveu uma densa e extensa obra que abarca importantes


conceitos filosóficos, econômicos e históricos, além de abrir caminho
para uma ampliação do método sociológico. Porém, o filósofo ficou
mais conhecido por sua teoria de análise e crítica social, que reconhecia
uma divisão de classes sociais e a exploração de uma classe
privilegiada e detentora dos meios de produção sobre uma classe
dominada.

O conjunto de seus conceitos importantes compõe o que Marx


denominou de materialismo histórico dialético, um método de análise
social e histórica baseado na luta de classes.

Logo no início do Manifesto Comunista, Marx e Engels afirmam que "a


história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das
lutas de classes". Essa frase icônica representa o cerne do que é o
marxismo: o reconhecimento de que diferentes classes sociais são
transpassadas por relações de dominação.

Dentro da teoria geral marxista, alguns conceitos sobressaem-se por


sua ampla importância dentro do próprio sistema marxista. São eles:

Infraestrutura: pautada na economia e por sua centralidade na


esfera produtiva, que é o principal eixo compositor do materialismo
histórico. A infraestrutura envolve a divisão do trabalho, a produção e
suas relações, a compra, o comércio etc.

Superestrutura: é um conjunto de instituições e normas que mantém


a ideologia social e a lógica de exploração funcionando. São elementos
da superestrutura o Estado, as leis, a religião e a cultura.

A metáfora da base e da superestrutura (ou infraestrutura e


superestrutura) é de fundamental importância para o método do
materialismo histórico do marxismo. Nas suas obras, Karl Marx e
Friederich Engels recorreram à metáfora do edifício para explicar a
sociedade. A sua base ou infraestrutura seria o conjunto das relações
de produção, ou seja, as relações de classes estabelecidas em
determinada sociedade. Sobre esta estrutura econômica se ergueria a
superestrutura, que corresponde às formas de consciência social em
geral, como a política, a filosofia, a cultura, as ciências, as religiões, as
artes, etc. A superestrutura compreende também os modos de pensar,
as visões de mundo e demais componentes ideológicos de uma classe.
A ideologia é chamada de superestrutura ideológica e o Estado é
chamado de superestrutura legal ou política, incluindo aí a polícia, o
exército, as leis, os tribunais e a burocracia.

A superestrutura é derivada do conflito de interesses das diferentes


classes que fazem parte da base econômica de determinada sociedade.
A função da superestrutura é manter as relações econômicas que
constituem a infraestrutura, reforçando assim os interesses coletivos
da classe social dominante. Isto é realizado através da
regulamentação, sanções e coerções impostas pela superestrutura
política e pela força persuasiva da superestrutura ideológica.

Portanto, podemos concluir que, de acordo com o marxismo, o modo


de produção da vida material condiciona o processo da vida social,
política e intelectual em geral. Isso equivale dizer que diferentes
conjuntos de relações econômicas determinarão a existência de
diferentes formas de Estado e consciência social, que serão adequadas
para funcionamento daquelas relações econômicas. Logo, quando o
desenvolvimento das forças produtivas traz mudanças nas relações de
produção, consequentemente a superestrutura será transformada. Ou
seja, a superestrutura não é autônoma, não se dá por si mesma, mas
tem seu fundamento nas forças produtivas e relações de produção.

Está presente em toda a obra de Marx e Engels a ideia de que a


organização social nasce diretamente das relações de produção, as
quais, em última instância, constituiriam a base do Estado e do resto
da superestrutura das ideias, em toda a história da humanidade. O
determinismo econômico é a tese básica do método do materialismo
histórico de Marx e Engels. Esta primazia do fator econômico foi um
dos principais pontos de debates e críticas em relação ao marxismo.

Entretanto, a distinção entre a infra e a superestrutura, e a


determinação da primeira sobre a segunda, não é absoluta. Os
cientistas sociais discordam acerca da autonomia da superestrutura e
da influência que esta teria de também atuar sobre a estrutura
econômica. Muitos teóricos marxistas têm argumentado que as críticas
a Marx e Engels provêm de uma leitura superficial das suas obras, pois
eles não queriam dizer que a superestrutura é apenas um mero reflexo
do modo de produção vigente. A partir desse debate, muitos marxistas
no século XX buscaram desenvolver pontos das teorias de Marx e
Engels que não ficaram bem explicadas, como o peso dos aspectos
superestruturais para o desenvolvimento social.

Mais-valia: é a diferença entre o preço de matéria-prima e produção


de uma mercadoria e o preço do trabalho e o custo dos meios de
produção da mesma mercadoria.

A teoria da mais valia


Marx percebe que há uma disparidade entre o valor produzido pelo
trabalhador e a remuneração que ele recebe. Vejamos um exemplo de
como isso acontece:

Em 10 dias de trabalho um trabalhador da indústria têxtil produz o


valor equivalente a 50 peças de roupa (1.000 reais, por exemplo). Em
um mês de trabalho (22 dias), então, ele teria produzido um valor de
2.200 reais. No entanto, o salário que ele recebe é de apenas mil. Isso
significa que durante 12 dias de trabalho ele produz um valor que fica
inteiramente com o capitalista (patrão).

O trabalho realizado durante os 10 dias pelos quais o trabalhador


efetivamente é remunerado, é chamado por Marx de trabalho
necessário, pois é o tempo de trabalho que proporciona a ele as
condições para sua subsistência. Os outros 12 dias de trabalho, cujo
valor é apropriado pelo capitalista, é denominado trabalho excedente.
A mais valia, por sua vez, é o valor gerado pelo trabalho excedente.

O que é a mais valia?

A mais valia representa a disparidade entre o salário pago e o valor


produzido pelo trabalho. Dessa maneira, ela pode ser entendida como
o trabalho não pago, ou seja, são horas que o trabalhador
cumpre/valor que ele gera pelos quais ele não é remunerado.

A teoria marxista entende que a alienação, mencionada anteriormente,


exerce um papel fundamental na exploração da mais valia. O
afastamento do trabalhador do produto final de seu trabalho é o que
possibilita a divisão do trabalho em trabalho necessário e trabalho
excedente.

Antes do sistema capitalista, quando um trabalhador era integralmente


responsável pela produção, o valor de seu trabalho era mais visível.
Ou seja, era possível saber exatamente em quanto tempo de trabalho
ele conseguia produzir as condições para sua subsistência. No sistema
capitalista, com o afastamento do trabalhador de seu produto final, ele
é incapacitado de medir o valor de seu trabalho, o que, de acordo com
Marx, possibilita ao capitalista apropriar-se de parte desse valor.

Mais valia absoluta

Como mencionamos, a mais valia representa parte do valor gerado


pelo trabalhador pelo qual ele não é remunerado. Para a teoria
marxista, há duas maneiras de extrair mais valia. Uma das formas é
por meio do prolongamento da jornada de trabalho, para além do
tempo necessário para que o trabalhador produza as condições de sua
subsistência, e da apropriação desse trabalho excedente pelo
capitalista. Ou seja, aumenta-se a jornada de trabalho sem que o
salário tenha um aumento proporcional. Essa forma de extração de
mais valia é chamada de mais valia absoluta.

Mais valia relativa

Também é possível aumentar a exploração de mais-valia sem alterar


o número de horas trabalhadas. Isso pode ser feito por meio de
melhorias nos processos técnicos de trabalho, que aumentam a
produtividade. Adquirir máquinas que tornem o trabalho mais rápido
ou organizar a disposição dos trabalhadores nas fábricas de modo mais
eficiente, por exemplo.

Com essas mudanças aumenta-se a produtividade do trabalhador,


fazendo com que ele produza mais em menos tempo. Dessa forma, o
trabalhador realizará o trabalho necessário (aquele que corresponde a
seu salário e suas condições de subsistência) em um tempo mais curto.
Consequentemente, o trabalho excedente é prolongado, logo a
extração de mais-valia aumenta.

“A produção de mais valia absoluta gira exclusivamente em torno da


duração da jornada de trabalho; a produção da mais valia relativa
revoluciona totalmente os processos técnicos de trabalho e as
combinações sociais.’’ (MARX, O Capital, Livro 1, Vol. 2, p. 586).

Parece confuso? Vejamos um exemplo

Digamos que a jornada de trabalho diária de um operário é de 8 horas.


Suponhamos que o salário desse trabalhador corresponde ao valor que
ele produz em 3 horas de trabalho por dia, logo o trabalho necessário
seria de três horas. As outras 5 horas de trabalho diário, por sua vez,
compõe o trabalho excedente, cujo valor vai para o capitalista (patrão).
Logo, têm-se 5 horas de extração de mais-valia.

Se o capitalista deseja lucrar mais a partir da mão de obra desse


operário, uma maneira de fazer isso é através do aumento da jornada
de trabalho. Digamos que a jornada diária é aumentada para 10 horas
por dia. O trabalho excedente, então, será de 7 horas, logo a mais-
valia explorada também será referente a 7 horas. Assim, gerou-se mais
mais-valia absoluta.

Ao invés disso, digamos que o capitalista compre equipamentos mais


modernos e organize os trabalhadores em uma linha de produção mais
eficiente. Dessa maneira, o operário irá produzir mais em menos
tempo. Se antes ele levava 3 horas para produzir o valor referente a
seu salário, agora isso será feito em 1 hora, por exemplo. Logo o
trabalho excedente passará a ser de 7 horas, não mais de 5. Isso
significa um aumento da mais-valia relativa.

Alienação: há uma separação evidente entre o trabalhador e o fruto


de seu trabalho. A mais-valia, que nos processos de produção
manufaturados beneficiava os artesãos, no processo de produção
capitalista, beneficia o dono dos meios de produção e tira dos
trabalhadores a capacidade de se reconhecer no seu próprio trabalho.
A alienação é um processo de exteriorização de uma essência humana
e do não-reconhecimento desta atividade enquanto tal.

No fim do processo de trabalho, o produto feito se transforma em algo


estranho, independente do ser que o produziu. Este estranhamento,
esta “diferença de natureza” entre produtor e produto pode ser
considerado a cereja do bolo para a concepção da alienação.

Pierre Clastres, em seu Sociedade Contra o Estado, já deixa a


possibilidade de uma “origem da alienação do trabalho” na criação do
Estado e na obrigação de se trabalhar compulsivamente para a
satisfação das classes dominantes, não trabalhadoras, que o Estado
proporciona o privilégio da dominação.

Marx retrata a alienação 1) em relação ao produto do trabalho, 2)


no processo de produção, 3) em relação à existência do
indivíduo enquanto membro do gênero humano e 4) em relação
aos outros indivíduos.

1) A alienação em relação ao produto do trabalho. Este é o


estranhamento em não se reconhecer num produto que tem dentro de
si a essência do trabalhador. É a pobreza gerada ao trabalhador
enquanto, ao mesmo tempo, se gera a riqueza do capitalista.

Quando o produto está feito, só resta ao trabalhador exigir um salário


no fim do mês. Este tipo de alienação é aquela que o programador
passa após terminar uma rotina para um dado sistema administrativo
de uma empresa. Após modificar aquele software, realizar
transformações para adaptá-lo ao cotidiano da empresa que o adquiriu,
ele não pode reivindicar o produto do trabalho como algo dele. A
modificação foi um serviço garantido pelo contrato entre empresa
contratante e empresa contratada (e entre empregador e empregado).

O exemplo clássico é o da linha de produção, em que o trabalhador não


se reconhece no produto final e nem mesmo sabe seu destino. O
produto final é do empregador e ele deverá realizar sua venda ou
qualquer outra coisa, afinal, é seu e só seu – em suma, o produto final
não é ontologicamente de ninguém, é um ser independente, um objeto
estranho à “natureza” de qualquer indivíduo que trabalhou nele.

2) A alienação no processo de produção. Esta alienação é o que Marx


chama de “alienação ativa” ou “atividade de alienação”. É a
constatação básica de que se o trabalhador está alienado em relação
ao produto de seu trabalho, então é necessário verificar que isto não
aconteceu do nada, mas estava presente no próprio processo
produtivo.

É aqui que percebemos que o trabalho é sofrimento e não realização.


O trabalho é forçado, se trabalha para sobreviver e nunca se trabalha
somente o necessário. Pior ainda é constatar que o guia do trabalho
não é a necessidade, mas sim os interesses daqueles que exercem
poder sobre os trabalhadores.

Neste estágio, o trabalhador só se satisfaz em suas atividades animais,


como comer, dormir, beber e transar, mas é completamente
insatisfeito (e até mesmo nega) sua atividade propriamente humana.
O trabalho próprio é estranho ao indivíduo, que só trabalha por
coerção, só trabalha para alguém/por alguém. O trabalho assim
exteriorizado é um trabalho de mortificação, de sacrifício.

O cotidiano é uma prova desta alienação, já que o trabalho é sempre


considerado como o fardo para a sobrevivência. Uma tentativa de fazer
do trabalho algo bom é constantemente praticada: tentam colocar
palestras motivacionais, um ambiente saudável, incentivam que os
indivíduos sigam sua “vocação” e etc e etc, entretanto, mesmo para
aqueles que “amam” seu trabalho, ele ainda é feito sob a perspectiva
meramente econômica do capitalismo.

Se trata de uma perspectiva mortificante, pois gostar do trabalho é um


acidente feliz, não uma propriedade do trabalho. É necessário realizar
uma atividade determinada que seja de seu prazer, mas a atividade
em si (e genérica) não causa prazer nenhum. Então se procura um
emprego bom para compensar a merda que é ter que trabalhar.

3) Alienação do sujeito enquanto pertencente ao gênero humano. Aqui


Marx salta para a própria característica do humano enquanto ser
genérico. Enquanto animal multifacetado com inúmeras
potencialidades e capacidades. Quando ele está separado de sua
essência, de sua ligação com a comunidade, de seu trabalho, ele se
individualiza. Não é mais membro de sua espécie, é só um indivíduo
solitário.

O trabalho enquanto fator individualizante não é criticado unicamente


por, em sua configuração atual, ser um impulsionador da
individualização, mas sim por fazer dessa individualização uma
transformação do sujeito multifacetado em um sujeito unilateral e
único. O trabalhador só vale sua vida enquanto trabalhador, não
enquanto humano e não é nunca parte de um gênero, de uma espécie,
mas é Um, único, específico, não detém a humanidade (uma ligação
abstrata entre aqueles do mesmo gênero), só detém sua
individualidade.

É necessário cuidar da existência do trabalhador que, por sua vez,


precisa cuidar de sua própria existência. Se ele não é parte do produto
feito e se o produto feito não é uma necessidade da comunidade local
ou da sociedade, então por que se preocupar com isso? De fato não
faz sentido. A única preocupação estrutural é a da própria
sobrevivência e ela só acontece com a diminuição do sujeito em um
trabalhador.

Uma das provas de como este tipo de alienação está enraizado nas
atividades de nossa sociedade é o aumento significativo da
legitimidade da nova ideologia hedonista e consumista pós-moderna.
Segundo as coordenadas culturais desta ideologia, cada indivíduo
precisa estar apto e livre para buscar sua felicidade individual, que é
reconhecida como o fim último e sentido da vida.

Este último parágrafo é um gancho para a quarta forma de alienação.

4) Alienação em relação aos outros homens (sic). Se trata da


consequência óbvia da individualização e unilateralização da vida.
Quando não se reconhece em seu aspecto mais fundamental, que é o
trabalho, e quando ele não é reconhecido como parte essencial da vida
humana e do ser humano enquanto gênero/espécie, então não só a
própria vida é uma objetificação nociva, mas toda e qualquer vida já
não tem seu significado.

Ser alienado enquanto parte da espécie humana, como no terceiro


tópico foi explicado, implica em se alienar também dos outros. É neste
momento que um mendigo na rua é um ninguém ou um “pobre
coitado”. É isso que possibilita avaliar outros de nossa espécie como
“recursos humanos”.

A importância da teoria da alienação

A teoria da alienação mostra o vazio do sujeito alienado, mostra a


descaracterização da própria humanidade, da essência do sujeito. A
sujeito se vê como acidente, não como determinante.

Sujeito alienado é aquele que não consegue perceber a possibilidade


de uma mudança. O sujeito que não se reconhece no produto de seu
trabalho, que não se satisfaz na sua atividade de trabalho, que não se
reconhece enquanto membro de um gênero e que não reconhece a
alteridade é um sujeito impotente. É a reprodução perfeita das
estruturas vigentes em uma sociedade pautada pelo trabalho e em que
a estrutura econômica assume papel determinante.
Este sujeito destituído de tudo que lhe é próprio não está apto para
assumir a responsabilidade de guiar a sociedade junto com seus
companheiros.

A alienação, antes de ser uma coisa do capitalismo, é algo que existe


como pressuposto da propriedade privada. Ou melhor, o nascimento
da propriedade privada como algo separado do sujeito que a produz
existe juntamente com a alienação do trabalho.

Afinal, o rei só é rei por haver súditos. É necessário reconhecer que o


produto de seu trabalho não é seu para interpretá-lo como uma
propriedade de outro, como algo independente. Isso não é possível em
sociedades em que o trabalho existe como satisfação das necessidades
da comunidade e não como fim último da vida humana ou como
expiação dos crimes de Adão e Eva. Somente com o reconhecimento
da separação do produto do trabalho e do trabalhador que a
propriedade privada pode tomar forma da maneira como
experimentamos atualmente.

Burguesia: é a classe detentora dos meios de produção.

Segundo Marx, a burguesia é “a classe dos capitalistas modernos,


proprietários dos meios de produção e empregadores do trabalho
assalariado”. Os meios de produção são compreendidos como:
propriedades, matéria-prima, maquinário e estruturas para a
realização do produto.

Essa classe social domina o capital financeiro e, consequentemente,


controla o Estado e a produção cultural, controlando assim todos os
aspectos da vida social.

O termo tem origem na Idade Média, as cidades chamadas de burgos,


construíram uma nova classe social composta de comerciantes e
profissionais liberais. Essa classe era superior aos servos, mas com
menos poderes do que a nobreza.

A ascensão da burguesia culminou nas revoluções burguesas e o fim


da Idade Média. Com a mudança no modo de produção, o poder
econômico assume a centralidade na definição do que produzido e
valorizado na sociedade. O acúmulo de capital toma o lugar da
hereditariedade para a definição dos detentores do controle da
sociedade.

Assim, a burguesia constituiu-se em oposição à classe trabalhadora,


em uma relação entre os donos dos meios de produção e os donos da
força de trabalho.

Diferente de outros períodos da história, por ser definido apenas pelo


capital acumulado, o sistema capitalista cria uma maior possibilidade
de mobilidade entre as classes.

Por outro lado, há também a proletarização de parte da classe


burguesa, com dificuldades em manter os padrões econômicos
construídos ao longo do tempo. Esses fenômenos geram o
desenvolvimento de uma classe intermediária, que preserva aspectos
tanto da burguesia quanto da classe proletária.

O crescimento dessa classe média definida por Marx como “pequena


burguesia”, observado ao longo do século XX, gera uma
complexificação da definição das classes sociais e da ideia de luta de
classes.

De todo modo, autores contemporâneos tendem a definir a burguesia


como o grupo social que detém os meios de produção e/ou a maior
parcela do capital econômico.

Proletariado: é a classe operária.


O proletariado representa a classe trabalhadora ou classe operária. São
aqueles que possuem como bem apenas a sua força de trabalho e os
produtos adquiridos através de sua venda.

O termo proletariado é derivado do latim proletarii, usado para


designar uma classe de pessoas que cumpriam a função social de ter
filhos (prole), para do desenvolvimento e crescimento do império
romano.

O termo foi resgatado na teoria marxista para designar a classe de


trabalhadores que através da reprodução social, fundamenta o
capitalismo gerando lucro a partir de sua exploração. Esse lucro é
compreendido como exploração por se dar através de um processo
chamado de "mais-valia".

A mais-valia é o trabalho não remunerado. O trabalhador, responsável


por realizar a transformação de matéria-prima em bens de consumo,
não recebe um pagamento proporcional pelo trabalho realizado. O
valor do trabalho extrapola em muito o salário pago ao trabalhador.
Essa é a estrutura fundamental do lucro adquirido pela burguesia e
também define a classe dos explorados, o proletariado.

Assim, o proletariado é a classe subalternizada e explorada pela


burguesia. Por não ser detentora dos meios de produção, para sua
sobrevivência, precisa de se adequar ao trabalho assalariado
estipulado e definido pela classe burguesa.

Após a constatação do processo de dominação, Marx apresentou como


possível solução a Revolução do Proletariado, que seria uma revolta da
classe operária que tomaria consciência de sua classe, de sua força e
das injustiças vividas. Essa revolução derrubaria o Estado e implantaria
uma ditadura do proletariado, que teria como missão acabar com a
propriedade privada e minar, aos poucos, a diferença de classes
sociais. O fim disso seria, supostamente, o comunismo, ou seja, a
forma perfeita do socialismo, de acordo com o teórico.

Karl Marx e a Sociologia

As contribuições de Marx para a História, para a Filosofia e a


formulação de um novo modo de análise social, voltada para a crítica
do capitalismo, foram fundamentais para a disseminação da Sociologia
e para sustentar um método sociológico mais sólido. A teoria crítica do
capitalismo fundada por Marx e Engels esclareceu alguns fatores que a
análise de Durkheim (Junto a Karl Marx e Max Weber, Durkheim
compõe a tríade dos pensadores clássicos da Sociologia) sobre as
sociedades capitalistas industriais não aborda.

Na juventude de Marx, a Sociologia ainda não tinha surgido como uma


ciência metódica e acadêmica, pois o responsável pela formulação do
método sociológico foi o francês Émile Durkheim. Porém, os conceitos
presentes na obra de Marx, não somente os que dizem respeito à teoria
marxista ou ao socialismo, deixaram para os sociólogos posteriores
respostas sobre uma lógica capitalista de um sistema de privilégios,
em que uma classe se sobrepõe à outra e sobre o funcionamento
interno do mercado e da produção.

Materialismo Histórico de Karl Marx

O que é o materialismo histórico:

O materialismo histórico é uma teoria marxista que defende a ideia de


que a evolução e a organização da sociedade, ao longo da história,
ocorrem de acordo com a sua capacidade de produção e com suas
relações sociais de produtividade.

A teoria de Karl Marx tem como base o que ele chamava de concepção
materialista da história.
Essa concepção, fundamentada tanto por Karl Marx quanto por
Friedrich Engels, tem um conceito bem diferente do conceito do
Iluminismo.

Segundo ela, as alterações sociais que acontecem ao longo da história


não estão baseadas em ideias, mas sim em valores materiais e em
condições econômicas.

Principais ideias do materialismo histórico

Uma das principais ideias do materialismo histórico é a de que a


evolução histórica da sociedade é beneficiada pelos confrontos entre
as diferentes classes sociais, devido ao que Marx chamava de
"exploração do homem pelo homem".

No que diz respeito ao materialismo histórico, a linha central do


pensamento marxista defendia que todo sistema econômico ou
conceito de modo de produção estava associado a uma contradição que
levava a seu desaparecimento e consequente substituição por outro
sistema mais avançado de vida social e econômica.

No feudalismo, por exemplo, a necessidade de os Estados regidos pela


monarquia fazerem transações comerciais com outros Estados fez
surgir uma classe comerciante e pode ter levado ao avanço do
capitalismo.

Origem do materialismo histórico

A teoria do materialismo histórico foi elaborada por Karl Marx e


Friedrich Engels durante o período de 1818 a 1883.

No século XIX, a Europa passou por uma fase de grande expansão


industrial, o que evidenciou ainda mais as diferenças entre as classes
sociais existentes e causou grande impacto de âmbito social e político.
Antes da elaboração da teoria do materialismo histórico, a história era
vista como uma sucessão de fatos e eventos desconexos que
aconteciam quase que acidentalmente.

Através do método marxista dessa teoria, pela primeira vez a história


foi analisada com fundamentos científicos que afirmavam que as
razões das alterações sociais não estavam no cérebro humano (ideias
e pensamentos), mas sim no modo de produção.

A concepção materialista da história concluiu que os modos de


produção de materiais são fundamentais para a relação entre as
pessoas e consequentemente para o desenvolvimento da sociedade e
da história.

Diferença entre materialismo dialético e materialismo histórico

O materialismo dialético é uma maneira de compreender a realidade


considerando o materialismo e a dialética, tendo em conta
pensamentos, emoções e o mundo material.

De acordo com esse conceito, a dialética é a base do entendimento dos


processos sociais que acontecem ao longo da história.

O conceito de dialética de Marx e Engels teve como base a dialética de


Hegel, que afirma que nada é permanente e que tudo está sempre em
um processo contínuo de ser e deixar de ser, de mudança, e que pode
ser inclusive substituído.

No entanto, a dialética Hegeliana serviu apenas de base para que Marx


e Engels desenvolvessem o seu próprio conceito da palavra.
A dialética marxista não aceita os fundamentos idealistas de Hegel, que
entendem que a história é a manifestação do espírito absoluto que
passa de um estado subjetivo a um saber absoluto.

Para Marx, a história é a oposição de classes que surge devido ao modo


de produção que está em vigor.

O materialismo dialético é a base teórica de um método de raciocínio,


e por isso, não deve ser confundido com o materialismo histórico, que
é uma interpretação marxista da história em termos das lutas de
classes sociais.

O que é Materialismo dialético:

O materialismo dialético é uma filosofia que teve origem na Europa


com base nas obras de Karl Marx e Friedrich Engels.

Trata-se de uma teoria filosófica cujo conceito defende que a realidade


da sociedade é definida por meios materiais com base em estudos que
podem ser realizados, por exemplo, no âmbito da economia, da
geografia, das ciências, etc.

Marx e Engels encontraram, através dessa teoria, uma forma de


compreender os processos sociais que aconteceram ao longo da
história.

Características do materialismo dialético

• Considera que os meios materiais e não os concretos definem e


realidade social.
• Baseia-se na dialética para compreender os processos sociais.
• Não concorda com o conceito de que a história é estática e
definitiva.
• Opõe-se totalmente ao idealismo.
• Estuda os fatos históricos com base em elementos contraditórios.
• Defende que qualquer análise deve avaliar um todo e não
somente o objeto do estudo em questão.

Princípios fundamentais do materialismo dialético

O materialismo dialético está subdividido em quatro princípios


fundamentais.

São eles:

A história da filosofia abrange um processo de conflito entre o princípio


idealista (que se baseia em ideias, pensamentos e no abstrato como
um todo) e o princípio materialista (que tem por base os materiais,
fatos e estudos concretos).

Todo ser humano é responsável por determinar a própria consciência


e não o contrário.

A matéria é dialética e não metafísica, ou seja, está em constante


mudança e não é estática.

A dialética é o estudo da contradição na essência das coisas; ela baseia


seus estudos na comparação de contradições analisando um todo.

Diferença entre materialismo e idealismo

O materialismo surgiu como oposição ao idealismo.

O materialismo marxista defende que as ideias têm origem física e que,


por esse motivo, são fundamentadas por dados, resultados e avanço
das ciências.
O idealismo filosófico, por sua vez, atribui o conceito de realidade ao
espírito e defende que as ideias são criações divinas ou que obedecem
a vontades de divindades ou outras forças sobrenaturais.

O materialismo se opõe totalmente ao idealismo e a principal diferença


entre ambos é que, enquanto para o primeiro a realidade é material e
consequentemente concreta, para o segundo ela é baseada em fatores
como pensamentos e forças sobrenaturais ou seja, é abstrata.

A dialética marxista

Karl Marx recorreu à dialética para abordar assuntos históricos.

Um dos fundamentos da dialética histórica é o de que nada pode ser


considerado perpétuo pois tudo está em constante evolução e
mudança. Com isso, Marx considera a evolução natural da história, não
admitindo que ela seja estática.

A dialética marxista tinha como base a dialética defendida por Friedrich


Hegel, porém com algumas discordâncias.

Marx concordava com o conceito da dialética hegeliana no que dizia


respeito ao fato de que nada é estático e de que tudo está em um
constante processo de mudança. De acordo com esse fundamento A
pode passar a ser B ou até mesmo ser substituído por C.

No entanto, o princípio fundamental de Hegel é o de que a experiência


humana depende das percepções da mente, o que vai totalmente de
encontro ao que Marx defendia.

Para Marx esse conceito era demasiadamente abstrato para abordar


assuntos como desigualdades sociais, alienação econômica e política,
exploração e pobreza.
A dialética marxista considera que a realidade dever ser analisada
como um todo, através da contradição. Para analisar um conceito, por
exemplo, não só ele deve ser estudado, analisado e tido em
consideração, mas também um outro conceito que o contradiga.

Desta forma, será feito um confronto entre os dois conceitos opostos


para que se alcance uma conclusão.

Relação entre o materialismo e a dialética

A lógica do conceito de materialismo dialético pode ser explicada


através da própria designação:

Materialismo: a fundamentação da teoria é com base em meios


materiais em detrimento de meios abstratos como pensamentos e
ideias.

Dialético: a teoria foi caracterizada como dialética pois a sua lógica


consiste na interpretação de processos como uma oposição de forças
que, em geral, culmina em uma solução.

O Estado - Instrumento do Domínio de Classe

Vimos que o progresso da divisão do trabalho e o surgimento da


propriedade privada dos meios de produção acarretaram a divisão da
sociedade em classes. Esse processo atinge o seu auge na sociedade
capitalista, onde a classe possuidora dos meios de produção passa a
viver da exploração do proletariado que nada possui a não ser a sua
força de trabalho.

Para poder manter essa exploração, as classes dominantes de todos os


tempos e de todos os lugares sempre necessitaram da coação e da
opressão para enfrentar a revolta e a resistência dos explorados. O
Estado fornece esse instrumento de domínio de classe. Vejamos como
ele funciona na sociedade capitalista.

Suponhamos, por exemplo, o caso de um operário que não concorde


com alguma "injustiça" do patrão. Se manifestar discordância, ele
provavelmente será despedido. Neste caso, a quem ele pode recorrer?
Normalmente, recorre à Justiça do Trabalho, seja individualmente, seja
por meio do sindicato. É esta a sua oportunidade para descobrir que a
Justiça do Trabalho é uma máquina pesada, que leva às vezes anos
para resolver um caso. O patrão, é claro, pode esperar. O operário,
todavia, não pode, porquanto o que está em jogo é o seu salário, o seu
meio de vida. A Justiça então propõe uma solução chamada
"conciliatória", isto é, uma solução mediante a qual o operário recebe
menos do que o garantido pelos "direitos" estipulados por lei. E a
Justiça e o Ministério do Trabalho — que está por detrás dessa justiça
— ratificarão esse acordo que, embora favoreça o patrão, o operário é
obrigado a aceitar. Desse modo, o operário descobre que não há justiça
imparcial e sim uma justiça de classe que julga baseada em leis feitas
pela classe dominante.

Imaginemos agora o caso em que muitos operários não concordem


com alguma injustiça do patrão e resolvam fazer uma greve ou uma
manifestação em praça pública. O que acontece? É claro que surgirá,
como tem surgido, a Polícia, isto é, homens armados e especialmente
treinados para reprimir operários e outros explorados, procurando
impedir que sejam feitas aquelas reivindicações que estejam fora dos
limites permitidos pelas leis ditadas pela classe dominante. Se a Policia
não der conta do recado, veremos entrar em ação o Exército e mesmo
a Marinha e a Aeronáutica, mobilizando-se toda essa máquina de
guerra cuja função é "manter a ordem", ou seja, a ordem capitalista
da explorarão dos operários e dos camponeses.

Por que todos esses órgãos repressivos estão a favor da classe


dominante? Simplesmente porque eles existem para cumprir essa
função. A burocracia da Justiça do Trabalho e da justiça civil e penal, o
Ministério do Trabalho e todos os outros ministérios que compõem o
governo, a polícia civil, militar e secreta, tudo isso faz parte do Estado.
O papel deste é servir como instrumento de dominação da classe
dominante no resguardo do seu sistema social.

O Estado — fenômeno histórico

Nem sempre existiu o Estado. Quando os homens ainda não conheciam


a propriedade privada dos meios de produção e nem as classes, não
havia Estado, pois não era necessário, não havia privilégios a serem
defendidos. Os homens viviam em tribos, e quando ameaçados por um
perigo externo, toda a tribo se armava para enfrentar o inimigo.

Porém, com a divisão da sociedade em classes isso já não era possível:

Em relação à antiga organização — explica Engels — o Estado se


caracteriza pela instituição de uma força militar que não mais coincide
diretamente com a população e que se estabelece como força armada
independente. Essa força pública particular é necessária, porque uma
organização armada da própria população tornou-se impossível depois
da divisão da sociedade em classes. Essa força existe em cada Estado;
não se compõe apenas de homens armados, mas também de prisões,
penitenciárias e tropas especialmente treinadas que a antiga sociedade
ignorava.

Para a classe dominante, a outra utilidade dessas tropas é lutar contra


outros Estados, de maneira a aumentar seu domínio e estender sua
exploração a outros povos.

O Estado nasceu das lutas de classe e é sempre um instrumento da


classe mais poderosa, daquela que domina economicamente e que, por
intermédio dele, exerce também o domínio político para explorar e
reprimir as revoltas das classes oprimidas. Assim, o Estado
escravagista foi o Estado dos senhores de escravos para subjugar estes
últimos. O Estado feudal foi o instrumento da nobreza para manter a
sujeição dos servos camponeses assim como o Estado burguês não
passa de uma máquina burocrática e militar a serviço da exploração
capitalista.

O ESTADO BURGUÊS assumiu várias formas na história do


capitalismo. A forma que mais se adapta às necessidades da
dominação burguesa é a república democrática. Segundo Lênin, o tipo
mais avançado e mais perfeito de Estado burguês é a república
democrática parlamentar. Neste caso, o poder é exercido pelo
Parlamento. A máquina do Estado, o aparelho e os órgãos de
administração e de repressão são os mesmos: exército permanente,
polícia e um funcionalismo público separado, acima do povo e
praticamente inamovível. A república democrática parlamentar é a
forma mais perfeita de Estado burguês, principalmente por duas
razões:

Primeiramente, em virtude de seu poder econômico, a burguesia


controla os meios de comunicação como o rádio, a televisão, os jornais,
podendo assim garantir a eleição dos seus representantes. Estes
ocupam órgãos que fazem as leis, isto é, o Legislativo — Parlamento
ou Congresso — dividido em duas partes: a Câmara e o Senado. Nas
regiões acentuadamente atrasadas a situação é ainda mais favorável à
classe dominante, pois aí ela dispõe do chamado voto de cabresto.
Portanto, o poder exercido pelo Parlamento significa ditadura direta da
burguesia que assim não precisa de intermediários para governar.

A segunda razão pela qual a democracia burguesa é a forma mais


perfeita de Estado burguês está em que, através dela, a burguesia
exerce de modo disfarçado a sua ditadura que assim não aparece
abertamente como tal. As eleições e os debates no Parlamento — ações
que não passam de uma luta entre facções das classes dominantes em
torno do produto resultante da exploração — escondem do povo
inadvertido o caráter de classe do Estado.

A divisão de órgãos legislativos em Câmara e Senado torna difícil que


uma assembleia, embora dependente do voto popular, possa, sob
pressão externa, criar fatos consumados e adotar leis que contrariem
os interesses das classes dominantes. É também esse o objetivo da
chamada divisão dos poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário.

As eleições que se sucedem numa tal democracia permitem a mudança


de governo sem que o sistema social vigente seja alterado. Quando
um partido político da burguesia se desgasta no exercício do poder,
tornando-se impopular, pode, por meio de eleições, ser substituído por
outra facção política que continua a administrar os interesses da classe
dominante.

Portanto, a república democrática é a ditadura direta e disfarçada da


burguesia.

Porém, quando a democracia burguesa, apesar de todos esses


recursos, não mais garante a ordem existente e os privilégios das
classes dominantes, estas escolhem o caminho da ditadura aberta.

Uma das formas que essa ditadura assume é o BONAPARTISMO.


Tendo surgido no século passado, a característica do bonapartismo é
ser uma ditadura situada aparentemente acima das classes. Todo
regime, porém, serve a uma classe. Embora a base de sustentação do
bonapartismo tenha sido o pequeno camponês — que lhe fornecia o
"apoio popular" — os interesses que defendia através de sua política
eram os do grande capital bancário e industrial, bem como dos grandes
proprietários de terra aburguesados.

Ameaçados por uma crise econômica, as classes dominantes da França


não conseguiram mais governar por meios parlamentares, tendo
entregado o poder a um ditador em troca da repressão aberta contra
as massas. Todavia, na medida em que essas cúpulas das classes
dominantes sacrificaram os seus partidos políticos e os seus
representantes no Parlamento, concordando com a anulação dos
poderes do Legislativo, elas se privaram, ao mesmo tempo, dos
instrumentos imediatos que servem ao exercício do poder. Para fazer
leis, para governar de fato, o Executivo já não dependia do voto dos
representantes burgueses. Nessas condições, apesar de aberta, a
ditadura já não é exercida diretamente pelas classes dominantes, mas
sim por um Executivo que não se abala com o choque de interesses
particulares das facções burguesas. Na prática, o bonapartismo francês
atendeu às facções mais poderosas da burguesia, aquelas ligadas ao
capital bancário, deixando em lugar secundário as partes mais fracas,
as facções que possuíam menos recursos para pressionar ou corromper
o Estado.

Em resumo, o bonapartismo é a ditadura aberta e indireta da


burguesia.

Como forma de ditadura, o bonapartismo ocorre sempre em


sociedades onde o proletariado não colocou ainda o problema do poder.
Nos países em que o proletariado já se tenha formado como classe
independente, a solução burguesa é mais radical.

Assim, nos países capitalistas desenvolvidos, a ditadura aberta e


indireta da burguesia se efetiva sob a forma de FASCISMO. A ditadura
fascista surge como reação ao movimento político sindical da classe
operária. A pequena-burguesia da cidade é que constitui a sustentação
de classe, o "apoio popular" do fascismo, e não mais o campo como no
caso do bonapartismo, embora os fascistas contem com a colaboração
dos grandes proprietários de terras.

A pequena-burguesia das cidades é uma classe intermediária na


sociedade burguesa, radicalizando-se em ocasiões de crises, quando é
ameaçada de proletarização. Nos períodos em que é fraco o movimento
operário, fraquezas oriundas de cisões internas ou de derrotas sofridas
pelas esquerdas, a classe média pode escolher o caminho do
radicalismo de direita. Fornece então as milícias fascistas, grupos de
choque destinados a eliminar os adversários através do terror, que é
dirigido principalmente contra o movimento operário.

Essa classe fornece também a ideologia fascista, mistura de


nacionalismo com um "anticapitalismo" baseado na defesa da pequena
propriedade. O fator ideológico é importante no fascismo, pois este
evita apresentar-se como reação, procurando aparecer sob formas
"revolucionárias". É também em nome dessa ideologia que ele procura
absorver os sindicatos operários, a burocracia estatal, as forças
armadas, etc. Essa roupagem ideológica reflete a mentalidade da
pequena-burguesia que se considera representante da nação inteira,
representante que se diz situado acima das classes. Porém, quando
esse radicalismo pequeno-burguês se torna incômodo para a ditadura
fascista já estabelecida, eclodem choques internos por meio dos quais
as alas mais extremistas são eliminadas, uma vez que o fascismo no
poder coloca-se a serviço da grande burguesia.

A ditadura fascista também priva a burguesia dos instrumentos diretos


de governo, como os partidos políticos, o parlamento, etc. Nesse
sentido, há semelhança entre ela e o bonapartismo. Porém, a
burguesia servida pelo fascismo já não é a mesma. Trata-se agora do
capital financeiro e dos grandes monopólios.

O bonapartismo e o fascismo são movimentos que necessitam de


tempo e de condições apropriadas para amadurecerem. Por isso, o
instrumento mais comum usado pela classe dominante é a simples
DITADURA MILITAR. Em geral, esta é uma solução de emergência,
eficiente em tempos de crise. Em longo prazo, todavia, a já tradicional
ditadura militar não corresponde às necessidades da burguesia, pois
os problemas de uma sociedade industrializada são demasiadamente
complexos para serem resolvidos pela hierarquia militar. Embora o
crescente militarismo seja um fenômeno comum em qualquer país
capitalista, a burguesia prefere lançar mão das Forças Armadas como
recurso de reserva destinado a repressão interna. Acontece que o
aguçamento das crises sociais e políticas, principalmente em países
subdesenvolvidos, obrigam a classe dominante a apelar com crescente
frequência para esse recurso.

Com o aprofundamento das contradições sociais, as ditaduras


apresentam, na maior parte dos países, formas que são combinações
dos tipos descritos acima. O traço comum delas todas é que são
ditaduras abertas e indiretas da burguesia. Esta encontra dificuldades
cada vez maiores para governar e conservar os seus privilégios
mediante a democracia burguesa.

Estado e revolução

Foi principalmente em torno do problema do Estado que o movimento


socialista internacional se cindiu em duas alas: uma reformista e outra
revolucionária.

A conquista de direitos democráticos pelos trabalhadores — como o


direito do voto, de reunião, de greves e outros — fez com que as velhas
lideranças operárias se contentassem com essas reformas no seio da
sociedade burguesa, perdendo de vista e abandonando os objetivos
socialistas de luta. Os que assim procederam são chamados
reformistas. Negando — ou escondendo por motivos "táticos" — o
caráter de classe da democracia burguesa, os reformistas pretendiam
"conquistar" o Estado por meio do voto, reformá-lo e chegar
pacificamente ao socialismo.

Os revolucionários, ao contrário — reunidos em torno de Lênin —


desmascararam a democracia burguesa, destacando seu caráter de
ditadura de classe da burguesia. Ao mesmo tempo, lembraram aos
operários que para tomar o poder, não podiam simplesmente querer
"tomar" ou "conquistar" o Estado burguês para governar. Tinham, isto
sim, de quebrar a máquina estatal burguesa e construir a sua própria.
Para conseguir isso, o único meio com que podiam contar era a
revolução.

O estado burguês no Brasil

Em um período relativamente curto, o Brasil conheceu quase todas as


formas existentes de Estado burguês.

— O bonapartismo vigorou entre nós durante o Estado Novo, com a


ditadura de Getúlio Vergas. Até 1930, o poder esteve nas mãos das
oligarquias dos grandes senhores de terra. A revolução de 1930 criou
as bases políticas necessárias ao surgimento do Estado burguês
moderno e abriu uma brecha para a burguesia. Esta, porém, não
estava desenvolvida para governar sozinha e nem teve coragem de
liderar um movimento mais radical, compondo-se então com o
latifúndio. Depois de alguns anos de hesitação, o poder foi entregue a
Vargas. Este exerceu a ditadura bonapartista a serviço de uma união
de interesses burgueses e latifundiários, de uma aliança em que a
facção urbana das classes dominantes aumentou constantemente o
seu poder, em virtude da crescente industrialização.

O bonapartismo de Vargas estava adaptado às condições particulares


do Brasil. Ele não podia apoiar-se numa classe de pequenos e médios
camponeses, aliás, inexistentes no país. Sua base de massa foi o jovem
proletariado de origem camponesa, que ainda não tomara consciência
do seu papel político e social.

— A tentativa fascista, sob a forma de integralismo, não vingou no


Brasil, por falta de um aprofundamento das contradições de classe.
Apesar disso, a ditadura bonapartista copiou métodos fascistas,
principalmente no campo da legislação sindical onde introduziu o
padrão italiano.

— A democracia burguesa foi a forma através da qual a burguesia


brasileira exerceu diretamente o poder, depois da guerra, quando se
sentiu bastante forte para se livrar da tutela bonapartista. Conhecemos
o funcionamento desse sistema, tanto sob sua forma presidencialista
como parlamentarista. Entre outras razões, o parlamentarismo
fracassou entre nós porque enfraquecia a posição da burguesia da
cidade na aliança com o latifúndio. Como a burguesia se organizava
mais facilmente em escala nacional do que os proprietários de terra,
ela podia influir mais decisivamente na política do país por intermédio
do Executivo e não através da Câmara, pois nesta última ela passava
a depender de uma numerosa facção de latifundiários eleitos pelo voto
de cabresto.

Quando os recursos da democracia burguesa se revelaram insuficientes


para resolver a crise do sistema social, a burguesia em aliança com o
latifúndio e com a ajuda ativa do capital estrangeiro apelou para as
Forças Armadas, entregando-lhes o poder em 1964. Com isso as
classes dominantes se privaram dos instrumentos de exercício direto
do poder. Embora a ditadura não tenha dissolvido os órgãos legislativos
— o Congresso — o país foi de fato governado por leis de exceção, os
chamados Atos Institucionais e complementares.

Portanto, o ESTADO BRASILEIRO ATUAL É UMA DITADURA


INDIRETA E ABERTA DA BURGUESIA, EM ALIANÇA COM O
LATIFÚNDIO.

Obras de Karl Marx

As principais obras de Karl Marx, produzidas para a publicação, são:


• Manifesto do Partido Comunista: escrita a quatro mãos, com
Friedrich Engels, o manifesto fundou um novo pensamento
socialista-comunista.
• A Ideologia Alemã: um dos mais importantes trabalhos de Marx.
Esse livro, escrito e publicado entre 1845 e 1846, traz à tona
uma primeira formulação precisa do conceito de materialismo
histórico dialético, demonstrando que a tese dialética de Marx
tomou um rumo totalmente diferente da dialética de seu
professor, Hegel. Aliás, o livro de Marx é escrito quase que todo
para criticar Hegel e os idealistas alemães, que se distanciavam
da prática e da vida material, que é a única possibilidade concreta
de uma revolução.
• Contribuição para uma Crítica da Economia Política: nesse
escrito, Marx faz uma espécie de "preparação do terreno" para a
obra magna que viria alguns anos depois. Nessa obra, Marx fala
de algumas noções relacionadas ao valor, à moeda e à
mercadoria.
• O Capital: Tida como a mais densa e completa produção
marxista, O Capital é o ápice da produção do filósofo e consagrou
de vez a sua teoria social sobre a divisão de classes sociais, a
burguesia e a exploração do trabalho. Nessa obra, Marx faz uma
espécie de genealogia do capitalismo e estuda as contradições
geradas por esse sistema. Segundo o filósofo, o capitalismo seria
derrubado por suas contradições, tomado pela classe operária e
substituído pelo comunismo.

Frases

"Até agora os filósofos ficam preocupados na interpretação do mundo


de várias maneiras. O que importa é transformá-lo."
"As oposições teóricas só podem ser resolvidas de uma maneira
prática, pela energia prática do homem. Sua solução não é de nenhum
modo tarefa exclusiva do conhecimento, mas uma tarefa real da vida
que a filosofia não poderia resolver porque ela só a reconhece como
uma tarefa puramente teórica."

"A religião é o ópio do povo."

"A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das


lutas de classes.""

SOCIALISMO X COMUNISMO

O socialismo é um sistema econômico e ideológico que procura


alcançar a igualdade entre os membros da sociedade.

O comunismo, por outro lado, seria o resultado da implantação das


ideias socialistas, onde o objetivo principal é a busca da igualdade entre
os membros da sociedade. Assim, o governo, que estaria formado pela
classe trabalhadora, seria o proprietário e teria o poder decisório em
todos os assuntos.

Origem e ideias do Comunismo

O comunismo tem origem no "Manifesto Comunista", um panfleto de


Karl Marx e Friedrich Engels apresentado em 1848. Nele, está exposta
a teoria sobre a luta entre as classes econômicas, que terminaria com
uma violenta derrubada da sociedade capitalista, do mesmo modo que
a sociedade feudal foi eliminada durante a Revolução Francesa.
Após a revolução comunista, os trabalhadores tomariam o controle dos
meios de produção. Com o tempo, o governo iria desaparecer, à
medida que os trabalhadores construiriam uma sociedade sem classes
e uma economia baseada na propriedade comum.

Segundo a teoria, a produção e o consumo alcançariam um equilíbrio,


pois sua premissa está baseada em que "cada um contribui de acordo
com suas habilidades e recebe de acordo com suas necessidades".
Além disso, a religião e outras instituições de controle social também
teriam fim.

Essa ideologia revolucionária de Marx inspirou movimentos sociais do


século XIX e XX como a Comuna de Paris. Outro exemplo foi a
Revolução Bolchevique em 1917, que derrubou o czar russo e, após
uma guerra civil, estabeleceu a União Soviética.

Porém, apesar de a União Soviética ser governada pelo Partido


Comunista, ela não conseguiu uma sociedade sem classes, sem estado
e em que a população possuía coletivamente os meios de produção.
Ou seja, este país nunca foi realmente comunista.

Origem e ideias do Socialismo

O socialismo aproveita algumas ideias iluministas e os primeiros


estudos foram articulados por Henri de Saint-Simon (1760-1825) e
seus seguidores Robert Owen, Charles Fourier, Pierre Leroux e Pierre-
Joseph Proudhon, que desenvolveram o socialismo utópico.

Esses pensadores apresentaram ideias sobre uma distribuição mais


igualitária da riqueza, melhores condições de trabalho, propriedade
comum dos recursos produtivos e um senso de solidariedade entre a
classe trabalhadora.
Alguns também defendiam que o Estado assumisse um papel central
na produção e na distribuição de bens. O marxismo emergiu neste meio
e Engels o chamou de "socialismo científico".

Símbolos do Socialismo e do Comunismo

O socialismo se identifica com uma estrela, enquanto o comunismo


utiliza a foice o martelo.

O interessante é que ambas correntes de pensamento optaram pela


cor vermelha como símbolo ideológico.

Principais diferenças econômicas entre Comunismo e


Socialismo

O socialismo e o comunismo defendem que os recursos da economia


devem ser de propriedade coletiva, porém eles diferem nas questões
de gestão e controle da economia.

No socialismo, os cidadãos tomam as decisões econômicas por meio


das comunas ou conselhos, mas ainda existe a presença do Estado. Já
no comunismo, o Estado perde o seu sentido e deixa de existir, e as
decisões são tomadas coletivamente pelos trabalhadores.

O socialismo e o comunismo também diferem na forma de distribuição


da riqueza produzida. O socialismo defende que os bens e serviços
produzidos devem ser distribuídos com base na produtividade de cada
indivíduo. Por sua vez, o comunismo acredita que a riqueza deve ser
compartilhada com base nas necessidades de cada indivíduo.
Outra grande diferença diz respeito à propriedade. No socialismo
existem dois tipos de propriedade: a propriedade pessoal de um
indivíduo e a propriedade industrial que pertence à sociedade. Por
exemplo, os indivíduos podem ter uma televisão, mas não podem ser
donos da fábrica que a produz, pois toda a capacidade de produção
seria de propriedade comum e gerida pelo governo.

Em contrapartida, no comunismo, todos os bens e serviços são de


propriedade pública.

Principais diferenças políticas entre Comunismo e Socialismo

As diferenças entre o socialismo e o comunismo são tênues, pois a


sociedade comunista somente seria construída a partir do socialismo.

Entretanto, com as divergências doutrinárias ao longo do século XIX e


XX podemos destacar algumas distinções.

No comunismo não existem distinções de classe, pois todos são


efetivamente tratados da mesma forma. Já o socialismo, vê uma
diminuição dessas distinções, mas elas ainda existiriam, pois ainda
haveria meios de umas pessoas possuírem mais riquezas do que
outras.

O comunismo vê a transição do capitalismo como uma revolução


violenta, onde este seria destruído à medida que os trabalhadores se
rebelariam contra as classes média e alta.

Por outro lado, o socialismo defende uma transição gradual do


capitalismo por meio de processos legais e políticos, especialmente
através das eleições.

Comunismo e Socialismo na prática


Apesar das diversas experiências socialistas, nunca houve um estado
puramente comunista. A União Soviética, a China, o Vietnã, Cuba e a
Coreia do Norte são os exemplos mais próximos, embora nenhum deles
tenha alcançado a fase comunista.

Nestes países, apesar de o governo possuir um papel dominante, eles


nunca alcançaram o fim da propriedade privada, a abolição do dinheiro
e a eliminação dos sistemas de classe.

O socialismo também nunca foi totalmente adotado em nenhum país.


Porém, alguns países como a Noruega, a Suécia e o Canadá têm muitas
políticas socialistas, como sistemas de saúde gratuitos, além de um
papel preponderante de serviços públicos.

Resumo

O socialismo pode ser uma fase que precede o comunismo, um


momento de reeducação e abandono da influência do modo de vida
capitalista.

Os socialistas distribuem a riqueza com base nos esforços produtivos


de cada indivíduo, enquanto os comunistas o fazem em função das
necessidades de cada um.

No socialismo podem existir resquícios de propriedade privada,


enquanto no comunismo a propriedade privada é extinta e todos os
bens são coletivos.

O socialismo permite que alguns traços do capitalismo existam no meio


de si, enquanto o comunismo, como fase posterior, é uma nova forma
de organização da sociedade.

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