Você está na página 1de 11

A CONCEPÇÃO DE STALIN SOBRE A DITADURA DO PROLETARIADO

RAFAEL DAVID ABRUNHOSA1

RESUMO: Neste trabalho procuraremos demonstrar em linhas gerais a perpecpçao


conceitual de Stálin sobre a Ditadura do proletariado que este aplicou. Em nossa
interpretação a análise do socialismo de Stálin é tarefa sine qua non para a própria
concepção de socialismo vindouro, bem como ao estabelecimento das bases dos possíveis
erros cometidos no passado, pelos equívocos suscitados pela primeira experiência de
edificação do comunismo. Destacamos também o fecundo debate sobre a Teoria da
revolução permanente de Trotsky e a teoria da Revoluçao num só país e a concepções
subjacentes a este debate como a unidade entre operariado industrial e campesinato.

Palavras-chave: Socialismo, comunismo, Stálin

ABSTRACT: In our interpretation the analysis of Stalin's socialism is a sine qua non
task for the very conception of forthcoming socialism, as well as the establishment of the
bases of possible mistakes made in the past by the mistakes raised by the first experience
of edification of communism.We also highlight the fecund debate about Trotsky's theory
of permanent revolution and the theory of revolution in one country and the conceptions
underlying this debate as the unity between industrial workers and peasants.

Keywords: Socialism, Communism, Stálin.

1 Doutorando em Educação pela Unesp-Marília vinculado ao grupo Organização e Democracia

1
1 INTRODUÇAO

Neste centenário da revolução russa muitos balanços históricos estão sendo feitos,
tanto pela esquerda quanto pela direita, sobre os principais mitos, episódios e conceitos
sobre o maior evento histórico do século XX.
Grosso modo, o que se presencia são, por parte dos intelectuais conservadores,
uma continuidade de distorções e revisionismos históricos com cifras e números absurdos
sobre o que de fato foi o socialismo real bem como a vida de suas principais lideranças.
Por parte da esquerda, ou assim chamado campo progressista, subsistem pequenos
trabalhos que por muitas vezes com receio de criticas do senso intelectual dominante
acabam por flertar de algum modo com os intelectuais revisionistas. Constitui rara
excessao, sem duvida, estudos sobre a China e a URSS por Badiou, Zizek e mais
especialmente a obra do professor Domenico Losurdo sobre a vida política do chefe da
URSS, Josef Stálin.
Neste pequeno trabalho procuraremos demonstrar em linhas gerais a perpecpçao
conceitual de Stálin sobre a Ditadura do proletariado que este aplicou. Não cabe a este
trabalho realizar um estudo histórico e/ou sociológico sobre as possíveis contradições que
se poderia ter entre a analise teórica de Stálin e a aplicação prática deste conceito.
Contudo, creditamos ser valido esboçar em linhas gerais a apreensão geral de
Stálin sobre a ditadura do proletariado posto as deformações e caricaturas que se realizam
até os dias de hoje sobre sua figura, especialmente a crítica fugaz do qual “Koba” era um
camponês rustico sem teoria.
Estas deformações que ora confrontaremos tem raízes tanto por parte da
intelectualidade conservadora e liberal norte-americana bem como do chamado campo
politico trotskista. Será oportuno portanto, explicitar, ainda que em linhas gerais, a
concepção de Stalin sobre a teoria da revolução permanente em Trotsky bem como
apresentar uma linha sem distorção da teoria do socialismo em só país de Josef Stálin (o
Koba).
Em nossa interpretação a análise do socialismo de Stálin é tarefa sine qua non
para a própria concepção de socialismo vindouro, bem como ao estabelecimento das
bases dos possíveis erros cometidos no passado, pelos equívocos suscitados pela primeira
experiência de edificação do comunismo.
Dado esse quadro sobre a figura de Stálin de demonização banal e endeusamento
cego e enviesado cabe a pertinência da ciência, ainda que a ciência, evidente, como tudo,
não está destituída de ideologia, a ciência enquanto método de estudo e desvelação do
real é o que mais se aproxima , do ponto de vista da narrativa, da própria realidade
enquanto tal.

2
Desta forma este trabalho localiza-se historicamente, não se trata de uma defesa a
priori de Stálin que imiscui este dos seus erros mas é um trabalho que tenta no atual
contexto de até mesmo negar Stálin enquanto comunista defender ao que parcialmente
suas formulações sobre o poder. Acreditamos que a crítica pueril a Stálin tem por
objetivo a negação total da primeira experiência da história, é em torno desta defesa, a
dos 100 anos da revolução de Outubro que produzimos o presente artigo.

2 BIOGRAFIA POLÍTICA DE STÁLIN

O revolucionário chinês Mao Tse-tung dizia que o comunismo não é um convite


para dança, e fazia analogia do comunismo com um martelo do qual uma classe, no caso
o proletariado se utiliza, para derrubar seus inimigos. Afirmava também que Stálin era
uma das espadas do comunismo.
Não nos cabe aqui realizar um mero biografes de Stálin do qual trata do seu
passado de seminarista na Georgia e de sua atividade enquanto poeta ou mesmo dos
supostos filhos que não assumiu, esse tipo de biografia tentam mais propalar a
desinformação do que propriamente retratar o itinerário político de Stálin.
Evidente que consideramos toda a vida de um militante como uma atividade política,
tudo é política como se gritou em 1968, contudo a figura de Stálin que não foi nenhum
santo ou espirito redentor é sumariamente demonizada pelas pescpetivas liberais e
conservadoras que atacam de modo sistemático a figura de Stálin com o único objetivo de
criticarem o comunismo em beneficio de uma sociedade marcada pelo livre mercado do
capitalismo
As mais variadas biografias políticas sobre Stálin de diverentes matizes ideológicas e
pespectivas teóricas assum que em sua juventude Stálin fora um dos principais dirigentes
das atividades clandestinas do Partido Bolchevique na região do Caucaso.
Importante ressaltar as recentes biográfias politicas de Stálin na última década que
serviram/servem como instrumento para combater o revisionismo político da linha
kruschevista e trotskysta bem como as teorias liberais que expõem Stálin como um
assassino de massas sanguinolento e vil, ou como diz uma biografia liberal “o Czar
vermelho.

Não é por mero acaso que, em quase todas as publicações burguesas e pequeno-
burguesas «em voga» nos nossos dias, encontramos calúnias e mentiras a
propósito de Stáline que se podiam ler durante a guerra na imprensa nazi. É um
sinal de que a luta de classes à escala mundial é cada vez mais áspera e de que a
grande burguesia mobiliza todas as suas forças para a defesa, em todos os azimutes,
da sua «democracia»(LUDO, 2009, p12)

3
Segundo Ludo muitas das narrativas acercas de Stálin construídas sobretudo por
intelectuais de caráter liberal e/ou conservadores repousam em insiuinaçoes fabricadas
pela espionagem política nazista durante a segunda guerra mundial.
Stálin fora o mentor e o responsável assim por importantes atividades que
permitiram a expansão e a propagação do incipiante partido bolchevique (antes da
revolução de 1905) a toda a russia.
Das atividades políticas da sua juventude cabe frisar a greve incendiária
petrolífera de Baku (atual capital do Azerbaijão) segundo Deustcher foi a primeira greve
de petroleiras da região.
Assaltos a bancos e outras atividades clandestinas que lhe rendarem diversas
prisões pelo país fizeram de sua figura respeitada em meio ao partido. Dentro as
atividades teóricas no período pre-revolucionário cabe destacar a seus estudos sobre a
questão da autodeterminação dos povos.
Sua condição de georgiano que viveu maior parte da vida na Russia ou seja a
condição de intelectual imigrante o possibilitou ter uma visão aguçada sobre a questão
das nacionalidades. Nos seus textos jornalísticos sobre o assunto defende a liberdade
política e de línguas bem como identidade nacional, esta atino pelas questões dessa
ordem o fizeram ser, após a tomada do poder, ser designado como comissariado do povo
para as questões da nacionalidade.
Essa pequena opereta é importante para desmistificar o mito do homem rude que
nada sabia, suscitado principalmente por Trotsky e seus seguidores, de que a desenvoltura
de Stálin a subir de posto no politburo em nada se justifica, o que não tem procedência.
Stalin nunca creditou a si mesmo, como muito se pensa, como uma nova etapa do
marxismo, ou seja nunca defendeu a ideia de um estalinismo. Ao contrário Stalin se
considerava marxista-leninista tendo sido por sinal o grande definidor desta categoria.
Por marxismo-leninismo Stalin considerava uma nova etapa do marxismo sendo Lenin
seu grande guia teórico.
O capitalismo a partir da interpretação de Lenin entrava em uma nova fase a fase
do Imperialismo definida a partir da fusão do capital bancário com o capital industrial no
inicio do século xx. Estas definições levaram também a uma teoria política que estivesse
a altura do desenrolar do movimento histórico do capital em sua fase superior, esta teoria
segundo Stálin seria o leninismo.
O centro da teoria de Lenin que marcaria esta como uma segunda etapa seria a
organização política centralizada que atuaria publica e clandestinamente, organização
esta que teria como meta a disputa pelo poder político, “fora o poder tudo é ilusão”

4
dissera Lenin e Stálin compreendeu muito bem.

3 STALIN CONTRA A TEORIA DA REVOLUÇAO PERMANENTE DE


TROTSKY

Muito se fala da crítica de Trotsky a Stálin, de que Stálin subverteu as teses de


Marx da teoria da revolução permanente criando um monstro teórico-prático de uma
teoria de um socialismo em só país para assim criar um Estado operário burocratizado no
qual ele gozava de poderes absolutos.
Contudo, a resposta de Stálin a teoria de Trotsky foram pouco divulgadas.
Veremos pois como Stálin não apenas considera a teoria de Trotsky como uma
deformação da politica de Marx da teoria da revolução permanente bem como dá um
outro escopo a ideia de um socialismo em só país.
.

Os oportunistas de todos os países afirmam que a revolução proletária – posto


que ela, segundo a sua teoria, deve, em geral, começar em qualquer lugar – só
pode ter início nos países industrialmente desenvolvidos e que, quanto mais
desenvolvidos forem estes países, do ponto de vista industrial, maiores são as
possibilidades da vitória do socialismo. Por conseguinte, a possibilidade da
vitória do socialismo num só país, em particular se pouco desenvolvido do
ponto de vista capitalista, é por eles excluída como coisa absolutamente
inverossímil. Já durante a guerra Lênin, partindo da lei do desenvolvimento
desigual dos Estados imperialistas, opunha aos oportunistas a sua teoria da
revolução proletária, que admite a vitória do socialismo num só país, mesmo
que este país seja menos desenvolvido do ponto de vista capitalista.(STALIN,
2017)

Importante frisar aquilo que ficou conhecido como teoria do socialismo em só


país foi segundo a perspectiva de Stálin uma condição casualmente histórica. Ou seja,
dada a possibilidade da revolução ocorrer em um país com o desenvolvimento das forças
produtivas atrasadas e uma classe operária incipiente e não em um país desenvolvido no
centro europeu cabia aos revolucionários impulsionar para que este país atrasado

5
superasse a sua condição de inferioridade técnica.
Segundo Stálin a prerrogativa de desenvolver o socialismo na URSS para que esta
pudesse ser o pontapé inicial da revolução internacional bem como a estrutura de suporte
das revoluções internacionais ao contrário de ser uma política anti-marxista representava
o desenvolvimento da teoria de Lenin esboçadas nas teses de Abril.
Mas a divergência central com a tese de Trotsky sobre a teoria da revolução
permanente residia na relação estratégica da unidade entre o incipiente operário urbano
industrial e o campesinato. Já relatamos em outros trabalhos (ABRUNHOSA, 2013)
como o debate sobre campesinato fora estratégico para a formação do partido
bolchevique em detrimento da oposição com outros grupos. Stálin considera que Trotsky,
que não era bolchevique durante a revolução de 1905 não conseguia entender esta
questão estratégica.

Não vamos estender-nos sobre a posição de Trotski em 1905, quando se


esqueceu, "simplesmente", dos camponeses como força revolucionária, ao
lançar a palavra de ordem: "sem o tzar, por um governo operário", isto é, a
palavra de ordem de uma revolução sem os camponeses. Até mesmo Radek,
este defensor diplomático da "revolução permanente", é hoje obrigado a
reconhecer que a "revolução permanente", em 1905, significava um "salto no
vazio", fora da realidade. Hoje, segundo parece, todos reconhecem que não
vale a pena perder tempo com este "salto no vazio". (STALIN, 2017)

Para Stálin não havia condições para se efetivar uma ditadura do proletariado em
1905 tao como apregoava Trotsky posto que o fundamento desta ditadura do ponto de
vista leninista reside na unidade entre os trabalhadores do campo e da cidade e estas
condições ainda não estavam dadas em 1905, apenas em 1917.
Sendo assim, na concepção de Stálin o palavratorio de Trotsky não corresponde
com a realidade histórica-concreta e por isso não tem força social, posto que não existe
condições de se empreender uma ditadura sem a participação do campesinato e Trotsky
parece mais se apegar as palavras do que as condições histórica para a realização da
mesma.

a ditadura do proletariado nasceu, no nosso país, como um Poder surgido


sobre a base da aliança do proletariado e das massas trabalhadoras
camponesas, sendo estas últimas dirigidas pelo proletariado. A segunda reside
no fato de que a ditadura do proletariado se consolidou entre nós como
resultado da vitória do socialismo num só país, pouco desenvolvido, do ponto
de vista capitalista, enquanto o capitalismo continua a existir nos outros países,
mais desenvolvidos, do ponto de vista capitalista. Isto não significa,
naturalmente, que a Revolução de Outubro não tenha tido outras
particularidades. Mas, hoje, as que possuem maior importância, para nós, são

6
precisamente essas duas particularidades, não somente porque exprimem com
nitidez a essência da Revolução de Outubro, mas também porque revelam
luminosamente a natureza oportunista da teoria da "revolução permanente".
(STÁLIN, 2017)

A teoria da revolução num só país de Stálin assenta-se desta forma na realização


concreta da revolução russa, no seu proprio desenvolvimento enquanto estrategia de
promoção da organização de uma sociedade baseada na ideologia do proletariado.

Não se trata, por conseguinte, nesse caso, de subestimar "um pouquinho" ou de


sobreestimar "um pouquinho" as possibilidades revolucionárias do movimento
camponês, como agora gostam de se exprimir certos defensores diplomáticos da
"revolução permanente". Trata-se da natureza do novo Estado proletário, surgido
da revolução de Outubro. Trata-se do caráter do Poder proletário, das bases da
própria ditadura do proletariado. (STALIN, 2017)

A unidade do campesinato com o operariado urbano industrial tal como entendia


Stálin não se tratava de uma questão de ordem tática mas de uma questao imperativa e
fundamental para a construção da Ditadura do proletariado.
A divergência central para com Trotsky e com o trotskismo que esse subjaz passa
pela relação histórica da unicidade campo-cidade e não como uma negação de Stálin do
internacionalismo proletário. A condição para a internacionalização do proletariado
passava primeiro por assegurar as condições da edificação do comunismo/socialismo na
URSS.
Stálin afirma (2012) que a teoria da revolução permanente de Trostky em nada
guarda relação com a teoria da revolução permanente de Marx posto que não entende a
vinculação entre campo e cidade não tem como premissa a fase imperialista, superior do
capitalismo.

4 A DITADURA DO PROLETARIADO

Como afirmamos Stálin foi o responsável por universalizar a obra de Lenin e


salvaguardar o leninismo como uma nova etapa do socialismo cientifico, por sua vez o
centro da teoria de Lenin era a teoria do poder, para Lenin “Fora o poder tudo é ilusão”
sendo assim a condição para se pensar a estrurura econômica da sociedade russa não

7
poderia ser feita sem ter como prerrogativa da tomada do poder.
A tomada do poder adquiria caráter peremptório, tomado o poder a ditadura do
proletariado adquiria caráter universal. No sentido de que com a tomada do poder e a
expropriação econômica da burguesia não se eliminaria por si só a burguesia enquanto
classe.

A questão da ditadura proletária é, sobretudo, a questão do conteúdo essencial da


revolução proletária. A revolução proletária, o seu movimento, a sua amplitude, as
suas conquistas só tomam corpo através da ditadura do proletariado. A ditadura do
proletariado é o instrumento da revolução proletária, o seu órgão, o seu ponto de
apoio mais importante, criado com o, fim, em primeiro lugar, de esmagar a
resistência dos exploradores derrubados e consolidar as conquistas da revolução e,
em segundo lugar, de levar a termo a revolução proletária, levar a revolução até a
vitória completa do socialismo. Vencer a burguesia e derrubar o seu Poder é coisa
que a revolução também poderia fazer sem a ditadura do proletariado. Mas
esmagar a resistência da burguesia, sustentar a vitória e continuar avançando até o
triunfo definitivo do socialismo, a revolução já não o poderia fazê-lo, se não
criasse, ao chegar a uma determinada fase do seu desenvolvimento, um órgão
especial, a ditadura do proletariado, o seu apoio fundamental .(STÁLIN, 2017)

A eliminação assim da burguesia enquanto classe social e a edificação do poder


efetivo do proletariado industrial e do campesinato adquire caráter de transição, a
ditadura do proletariado exercida pela força é a condição para que a burguesia não possa
por meio de guerras diretas e indiretas (por meio da sabotagem) impedir a edificação do
comunismo.
Como se observa na citação a ditadura do proletariado é apenas uma etapa da luta
de classes etapa esta que tem como fundamento, segundo a interpretação de Stálin de
destruir os resquícios da burguesia dentro da sociedade comunista.
Seguindo a intepretação de Lenin, Stálin afirma que a ditadura do proletariado, ou
seja a manuntençao do poder político que representa os interesses da classe trabalhadora
é a questão principal e estratégica no processo revolucionário, a consquista do poder é o
centro da teoria de Lenin defendida por Stálin.

A questão fundamental da revolução é a questão do Poder" (Lênin). Quer isso


dizer que tudo se reduz à tomada do Poder, à conquista do Poder? Não. A tomada
do Poder é apenas o começo da obra. A burguesia, derrocada em um país, contínua
a ser, por muito tempo, por várias razões, mais forte do que o proletariado que a
derrubou. Por conseguinte, tudo reside em conservar o Poder, em consolidá-lo, em
torná-lo invencível. (STALIN, 2017)

8
Gostaria de enfatizar a importância da ideia de temporalidade e de guerra continua
para a eliminação da burguesia, Stalin fala em conservar o poder posto que a burguesia
ainda tentaria desfraldar golpes para impedir a viabilização do comunismo.
Este período de transição não seria nem um completo domínio dos trablhadores
do campo e da cidade nem um representaria o controle da burguesia, como a Ditadura do
Proletariado na concepção de Stálin se apresenta em caráter de processo o elemento
fundamental desse processo é a permanência da vigilância política contra os golpes
burgueses e pequeno-burgueses, esta concepção é a que orienta o uso sistemático da
violência até que o Comunismo triunfe completamente.

A ditadura do proletariado surge não sobre a base da ordem burguesa, mas no


processo da sua demolição, depois da derrubada da burguesia, no curso da
expropriação dos latifundiários e dos capitalistas, no curso da socialização dos
meios e dos instrumentos essenciais de produção, no curso da revolução violenta
do proletariado. A ditadura do proletariado é um Poder revolucionário que se apóia
na violência contra a burguesia. (STALIN, 2017)

A ditadura do proletariado, ainda que não tenha chegada ao fim ultimo do


socialismo já não se assenta, na interpretação de Stálin sobre o regime burguês. A
ditadura do proletariado deve ser entendida assim enquanto um processo, processo esse
marcado pela violência de uma classe, o proletariado, que busca destruir os resquícios
aristocráticos e burgueses da antiga sociedade.
Durante o processo revolucionário, em seu próprio curso, na interpretação teórica
que tem em nosso entendimento validade universal, e não se atém somente a
especificidade da União Soviética, a burguesia e o imperialismo buscarão sempre retomar
os meios de produção expropriados o que torna fundamental a vigência de um exercito
revolucionário atento e de uma estrutura de poder vigilante as tentativas de golpe por
parte dos antigos donos do poder.

A ditadura do proletariado não pode surgir como resultado de um desenvolvimento


pacífico da sociedade burguesa e da democracia burguesa; ela só pode surgir como
resultado da demolição da máquina estatal burguesa, do exército burguês, do
aparelho administrativo burguês, da polícia burguesa.

A violência revolucionário de Stálin tão criticada tanto pelos intelectuais liberais e


conservadores quanto por supostos setores da esquerda não se tratou de equivoco ou
contradição prática com sua teoria, ao contrário, apoiando em Lenin, Stálin tinha clareza
de que a defesa de uma sociedade comunista passava pela imposição dos interesses de
classe do proletariado.

9
A luz das próprias citações de Stálin podemos discorrer ainda que brevemente de
que muitas das críticas ao uso da violência por parte de Stálin, principalmente aos Gulags
e a coletivização forçada das terras, não entra em contradição com sua teoria do qual
imperava a necessidade do uso da força para garantir a hegemonia proletária na URSS.

5 CONCLUSAO

Cabe a titulo de uma proto-conclusao nos defender a um possível rotulo ao nosso


artigo como stalinista ou congênere, nosso objetivo a titulo cientifico, ainda que a ciência
tem sempre uma ideologia, foi de ainda que parcialmente e de modo lateral apresentar as
contribuições de Josef Stálin para o socialismo cientifico.
Pudemos comprovar que suas interpretações a respeito da transição socialista por
meio da ditadura do proletariado não entra em contradição com suas práticas, ao contrário,
Stálin defendeu sempre categoricamente a necessidade de se manter uma violência de
classe para se atingir a meta última do socialismo.
Não foi nosso objetivo com este artigo fazer uma defesa dogmática de Stálin,
concordamos com muitas das críticas desferidas a sua gestão durante quase trinta anos a
frente da URSS. Contudo, muitas das críticas não apenas carecem de fundamentação
teórica mas se apoiam em posturas liberais e reacionárias.
Acreditamos que as críticas feitas a Stálin devem estar submetidas a
contextualização histórica na qual não devemos esquecer que a experiência russa foi a
primeira na história da edificação do comunismo, Stálin não tinha portanto parâmetros
para se salvaguardar como outras experiências tiveram.
Entretanto críticas como as de Bukharin e dos comunistas de esquerda contra
Lenin e Stálin sobre o acordo de paz em Brest-Litovski, como as de Alekssandra
Kollontai em sua oposição operária no qual defende que os sindicatos deveriam ter mais
autonomia no controle produtivo merecem mesmo que não concordemos em absoluto
nosso respeito por ser travado dentro da pespectiva do centralismo-democrático. São
assim debates ricos e frutíferos.

6 BIBLIOGRAFIA
ABRUNHOSA, R. O conflito entre projetos de modernidade de marx/engels e os
narodnik`s russos. ENCONTRO DO EIXO MARXISMO, TEORIA CRÍTICA E
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO; COLÓQUIO NACIONAL MARX, MARXISMO E A
PÓS-MODERNIDADE. 2013., Fortaleza, 2013. Anais... Fortaleza, 2013. v. 1. p. 1.

10
DEUTSCHER, I. POLÍTICA. Coleção Grandes Cientistas Sociais. Org: Juarez Brandão
Lopes. Cord: Florestan Fernandes. Editora Ática. São Paulo-SP, 1982.
LOSURDO, D. A Luta de Classes: Uma História Política e Filosófica. Boitempo
Editorial. São Paulo-SP, 2015.
LOSURDO, D. STÁLIN: História Crítica de uma Lenda Negra. Editora Revan. Rio
de Janeiro, 2011.
MARTENS, L. Stálin: Um novo Olhar. Edição: Para a História do Socialismo. Lisboa,
2009.
STÁLIN, J. A Revoluçao de Outubro e a Tática dos Comunistas Russos. Editorial
Vitória retirado de https://www.marxists.org/portugues/stalin/1924/tatica/index.htm
acessado em 01/09/2017
____________. Sobre os Fundamentos do Leninismo. Editoria Vitória. Retirado de
https://www.marxists.org/portugues/stalin/1924/leninismo/cap04.htm acessado em
01/09/2017
_________. Fundamentos do Leninismo. Edições Manoel Lisboa. Recife, 2012.
___________ . POLÍTICA. Coleção Grandes Cientistas Sociais. Org: José Paulo Netto.
Cord: Florestan Fernandes. Editora Ática. São Paulo-SP,1982.

11

Você também pode gostar