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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOSÉ IGNÁCIO DE SOUSA

DISCIPLINA: SOCIOLOGIA
PROFESSOR: MARCELO MARTINS FERNANDES
2ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

KARL MARX E A TEORIA MATERIALISTA DO SOCIAL

NOME:_______________________________________________________________
TURMA:_______
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UNIDADE I

A TEORIA MATERIALISTA DO SOCIAL EM MARX

Introdução
1. Karl Marx nasceu em 1818, na Alemanha e faleceu em 1883, quando a Sociologia
positivista de Augusto Comte tentava dar conta dos movimentos revolucionários da
época, utilizando o apelo da ordem e progresso. Enquanto os positivistas viam nas
revoluções a “desordem” ou a ruptura da evolução “natural” das sociedades, Marx
tomava os conflitos sociais como o próprio motor da história, como expressão das
crises que a sociedade burguesa já apresentava.
Biografia de Karl Marx (1818-1883)

1818 - Marx nasceu em 05 de maio, em Treves, capital da província alemã do Reno.


1835 – Aos dezessete anos de idade, Marx ingressou na Universidade de Bonn para
estudar jurisprudência. Permaneceu um ano e abandonou seus estudos no Direito.
1836 – Marx ingressou na Universidade de Berlim para estudar História e Filosofia.
1841 – Defendeu sua tese de doutoramento em Filosofia.
1842 – Tornou-se redator-chefe da Gazeta Renana em Colônia. Iniciou a sua amizade
com Engels.
1843- A censura prussiana decretou interdição de A Gazeta Renana. Em junho deste
ano, casou-se com a filha de um barão prussiano. Ao final do ano transferiu-se para
Paris e assumiu a direção dos Anais Franco-Alemães.
1844 – Foi publicado o primeiro (e único) volume dos Anais, contendo dois artigos
escritos por Marx: Sobre a questão judaica, e Contribuição à critica da Filosofia do
Direito de Hegel. Escreveu também com Engels uma obra contra Bruno Bauer: A
sagrada família.
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1845 – Marx foi expulso de Paris. Fixou residência em Bruxelas, com Engels escreveu:
As teses contra Feuerbach – A ideologia Alemã.
1847 – Publicou a Miséria da Filosofia (crítica em resposta a Prodhon).
1848 - Publicação do Manifesto do Partido Comunista.
1850 – Estabeleceu residência num bairro pobre de Londres.
1852- Publicou O 18º Brumário de Luís Bonaparte.
1857- Trabalhou intensamente em suas pesquisas econômicas. Desses estudos saiu o
livro: Contribuição à Crítica econômica política.
1863- Iniciou à redação de O Capital.
1864- Marx foi eleito um dos representantes alemães num dos comitês da Associação
Internacional do Trabalhadores.
1866 – Marx terminou a redação do primeiro número de O Capital.
1871 – Insurreição em Paris: A Comuna. Marx tornou-se conhecido mundialmente.
1883- Falecimento de Marx.

2. Marx teve Friedrich Engels como grande amigo, amizade da qual floresceram muitas
obras e idéias. Foi um dos fundadores da Associação Internacional de Operários (1ª
Internacional).Entre suas principais obras, podemos destacar: O Capital, A Miséria da
Filosofia, Para a Crítica da Economia Política, O 18 Brumário de Luiz Bonaparte, A
Luta de classes na França, O Manifesto do Partido Comunista e A Ideologia Alemã.
As duas últimas obras escritas em parceria com Engels. Mais que teóricos, Marx e
Engels foram homens de ação, militantes de tamanha expressão que a história e
desenvolvimento do movimento operário torna-se menos compreensível se
desprezarmos suas biografias.
3. A Intenção de Marx ao escrever, era propor uma ampla transformação política,
econômica e social. Sua obra máxima, O Capital, destinava-se a todos os homens, não
apenas aos estudiosos da economia, da política e da sociedade. Este é um aspecto
singular da teoria de Marx. Há um alcance mais amplo nas suas formulações, as quais
adquiram dimensões de ideal revolucionário e ação política efetiva. As contradições
básicas da sociedade capitalista e as possibilidades de superação apontadas pela obra de
Marx não puderam permanecer ignoradas pela Sociologia.
Ao terminar sua principal obra O Capital, escreveu a um amigo numa espécie de
desabafo:
“Enquanto fui capaz de trabalhar, usei cada instante de minha vida na busca do
acabamento de minha obra, à qual sacrifiquei saúde, felicidade e família. Espero que
esta afirmação não provoque comentários. Pouco me importa a sabedoria dos
homens que se dizem ‘práticos’. Se quiséssemos ser animais, poderíamos virar as
costas aos sofrimentos da humanidade e ocuparmo-nos de nossa própria pele. Mas eu
teria deitado tudo a perder, se morresse sem ter terminado, pelo menos, o manuscrito
de meu livro”.

O que é capital?
A principal preocupação de Marx era desvendar as leis do movimento do capital na
sociedade capitalista. A idéia mais geral para Marx é a de que capital não é uma coisa.
Não é simplesmente, como para os economistas neoclássicos, o conjunto de máquinas,
equipamentos, estradas e canais. É também isto, mas sob determinadas condições.
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Capital é, antes de tudo, uma relação social. É a relação de produção que surge com o
aparecimento da burguesia, ou seja, com o aparecimento daquela classe social que se
apropria privadamente dos meios de produção (monopólio de classe) e que se firma
definitivamente após a dissolução do mundo feudal. O capital não é uma coisa, mas uma
relação social entre pessoas efetivada através de coisas.
Diz Marx: “A propriedade de dinheiro, de meios de subsistência, de máquinas e
outros meios de produção não transforma um homem em capitalista, se lhe falta o
complemento, o trabalhador assalariado, ou outro homem que é forçado a vender-se
a si mesmo voluntariamente”.
A análise de Marx tem raízes na história. O que ele quer analisar é um modo de
produção específico que estava surgindo com a dissolução do mundo feudal. Ignorar
isto é condenar-se a não compreender sua análise.
O que é o Capitalismo para Marx?
É uma relação que se caracteriza pela compra e venda da força de trabalho e que só se
tornou possível sob determinadas condições e visando determinados fins que ficarão
mais claros depois. Em outras palavras, o capitalismo surge quando tudo se torna
mercadoria, inclusive a força de trabalho. Para que isto ocorra é necessário que uma
classe (a burguesia) se torne proprietária exclusiva dos meios de produção e que a outra
classe (proletariado), não tendo mais como produzir o necessário para o sobreviver, seja
obrigada a vender no mercado sua força de trabalho.
O que distingue o Capitalismo como forma social?
1- A forma “mercadoria” – forma determinante na sociedade capitalista.
2- A “mais-valia” – que é o motor do capitalismo.
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I – O MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO


Para entender o capitalismo e explicar a natureza da organização econômica humana,
Marx desenvolveu uma teoria abrangente e universal, que se propõe a tratar de toda e
qualquer forma de produção da vida material, que o homem tenha criado em todo o
tempo e lugar.
Os princípios básicos dessa teoria estão expressos em seu método de análise – o
materialismo histórico dialético.
O pressuposto básico é que uma estrutura social é o reflexo do modo como seus
componentes elaboram a produção social de bens.
A produção social, segundo Marx, engloba dois fatores básicos:
As Forças Produtivas / As relações de Produção
1-Forças Produtivas: são as matérias primas, os instrumentos de trabalho, as técnicas,
a divisão social do trabalho, a ciência e o próprio homem.
As forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. Qualquer
processo de trabalho implica: determinados objetos, isto é, matérias-primas
identificadas e extraídas da natureza; e determinados instrumentos, ou seja, o conjunto
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de forças naturais já transformadas e adaptadas pelo homem, como ferramentas ou


máquinas, utilizadas segundo uma orientação técnica específica.
O homem, principal elemento das forças produtivas, é o responsável por fazer a ligação
entre a natureza e a técnica e os instrumentos.
O desenvolvimento da produção vai determinar a combinação e o uso desses diversos
elementos: recursos naturais, mão-de-obra disponível, instrumentos e técnicas
produtivas.
O conceito de forças produtivas engloba tudo o que permite aos homens aturar sobre a
natureza, transformando-a e adaptando-as às necessidades humanas, historicamente
determinadas.
O desenvolvimento das forças produtivas acarreta o aprofundamento da divisão social
do trabalho, e ambas alteram a forma como os homens relacionam-se e apropriam-se da
natureza; daí a ocorrência de um segundo tipo de relações dialeticamente ligado ao
primeiro: as relações que os homens estabelecem entre eles para assegurarem a
produção e satisfação das suas necessidades. Relações sociais de produção.
A cada forma de organização das forças produtivas corresponde uma determinada
forma de relações de produção.
2-Relações de Produção: As relações de produção são as formas pelas quais os homens
se organizam para executar a atividade produtiva. Essas relações se referem às diversas
maneiras pelas quais são apropriados e distribuídos os elementos envolvidos no
processo de trabalho: as matérias primas, os instrumentos de trabalho e a técnica, os
próprios trabalhadores e o produto final.
Assim as relações de produção podem ser, num determinado momento: cooperativistas
(como num mutirão), escravistas (como na antigüidade), servis (como no feudalismo),
ou capitalistas (como na indústria moderna).
Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de
toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela quais ambas
existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx
denominou modo de produção.
Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para compreender como
organiza e funciona uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são
consideradas as mais importantes relações sociais.
Os modelos de família, as leis, a religião, as idéias políticas, os valores sociais são
aspectos cuja explicação depende, em princípio, do estudo do desenvolvimento e do
colapso de diferentes modos de produção.
Analisando a história, Marx identificou alguns modos de produção específicos: sistema
comunal primitivo, modo de produção asiático, modo de produção germânico, modo
de produção antigo, modo de produção feudal e modo de produção capitalista.
Cada qual representa diferentes formas de organização da propriedade privada e da
exploração do homem pelo homem. Em cada modo de produção, a desigualdade de
propriedade, como fundamento das relações de produção, cria contradições básicas
como o desenvolvimento das forças produtivas. Essas contradições se acirram até
provocar um processo revolucionário, com a derrocada do modo de produção vigente e
a ascensão de outro.
O conjunto das forças produtivas e das relações sociais de produção forma o que Marx
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chamou de infra-estrutura de uma sociedade que por sua vez, é a base sobre a qual se
constituem as demais instituições sociais.

Infraestrutura e Superestrutura
Para Marx, toda a realidade social é teoricamente dividida em duas partes
correlacionadas em que a primeira determina a Segunda. São elas:
a) A Infra-estrutura: formada pela base econômica da sociedade.
b) A Superestrutura: Segundo a concepção materialista da história, na produção da
vida social, os homens geram também outra espécie de produtos que não têm forma
material e que vêm a ser ideologias políticas, concepções religiosas, códigos morais e
éticos, sistemas legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e
científico, a cultura, as representações coletivas (enfim, tudo o que não é produção da
vida material ).
A explicação das formas sociais – jurídicas, políticas, espirituais e de consciência –
encontra-se nas relações de produção que constituem a base econômica da sociedade. A
superestrutura seria condicionada pelo modo como os homens estão organizados no
processo produtivo.

A origem histórica do capitalismo


O capitalismo surge na história quando, por circunstâncias diversas uma enorme
quantidade de riquezas se concentra nas mãos de uns poucos indivíduos, que têm por
objetivo a acumulação de lucros cada vez maiores.
No início, a acumulação de riquezas se fez por meio da pirataria, do roubo, dos
monopólios e do controle de preços praticados pelos Estados absolutistas. A
comercialização era a grande fonte de rendimentos para os Estados e a nascente
burguesia. Uma importante mudança aconteceu quando, a partir do século XVI, o
artesão e as corporações de ofício foram substituídas, respectivamente, pelo trabalhador
“livre” assalariado – o operário e pela indústria.
Na produção artesanal da Idade Média e do Renascimento, o trabalhador mantinha em
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sua casa os instrumentos de produção. Aos poucos, porém, estes passaram às mãos de
indivíduos enriquecidos, que organizaram oficinas. A Revolução Industrial introduziu
inovações técnicas na produção que aceleraram o processo de separação entre o
trabalhador e os instrumentos de produção. As máquinas e tudo o mais necessário ao
processo produtivo – força motriz, instalações, matérias primas – ficaram acessíveis
somente aos mais ricos. Os artesãos, isolados, não podiam competir com o dinamismo
dessas nascentes indústrias e do conseqüente crescimento do mercado. Com isso,
multiplicou-se o número de operários, isto é, trabalhadores “livres” expropriados,
artesãos que desistiam da produção individual e empregavam-se nas indústrias.

A idéia de Alienação
O conceito de alienação em Marx tem origem na situação mais concreta da existência: o
trabalho, atividade pela qual o homem domina e transforma a natureza, humanizando-a
a favor de sua própria reprodução. A alienação nas relações de trabalho capitalistas
decorre da contradição básica de que o trabalho tornou-se estranho à humanidade do
trabalhador, tornou-se um sofrimento cruel, dividindo a sociedade em classes sociais
radicalmente antagônicas. O trabalho tornou-se ameaça, em vez de criação; tornou-se
opressão, em vez de liberdade e autonomia do homem. Isto se deu através da divisão
social do trabalho própria do capitalismo, com a apropriação privada dos meios de
produção.
Marx desenvolveu o conceito de alienação mostrando que:
1) A industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhados
dos meios de produção (ferramentas, matéria-prima, terra e máquina), que se tornaram
propriedade privada do capitalista.
2) Separava também, ou alienava, o trabalhador do fruto de seu trabalho, que também é
apropriado pelo capitalista. Essa é a base da alienação econômica do homem sob o
capital.
3) Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da
representatividade, base do Liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão
político imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la através do poder
delegado pelos indivíduos. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classes esse
Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.
Com o desenvolvimento do capitalismo, a filosofia, por sua vez, também passou a criar
representações do homem e da sociedade. Diz que Marx que a divisão social do trabalho
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fez com que a filosofia se tornasse à atividade de um determinado grupo. Ela é,


portanto, parcial e reflete o pensamento desse grupo. Essa parcialidade e o fato de que o
Estado se torna legítimo a partir dessas reflexões parciais, como por exemplo, o
Liberalismo, transformaram a filosofia em “filosofia do Estado”. Esse comportamento
do filósofo e do cientista em face do poder resultou também na alienação do homem.
I- O TRABALHO EM MARX
A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium,
instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos
fugidios. Assim, em sua própria terminologia o trabalho carrega uma carga de
esforço e desprazer, o que é extremamente compreensível em sociedades em que
predominavam o trabalho forçado em que atividades produtivas eram desprezadas e
executadas tão somente por escravos como na Grécia e Roma antigas, cabendo aos
homens livres a execução de atividades intelectuais ligadas às ciências e às artes.
Pode-se afirmar que o trabalho é o ato que o homem executa visando transformar
conscientemente a natureza, ou para citar Marx (1983, p. 149), é uma ação em que o
homem media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. A origem do trabalho
encontra-se na necessidade de a humanidade satisfazer suas necessidades básicas,
evoluindo para outros tipos de necessidades, mesmo supérfluas.

Assim, trabalhar é produzir riqueza, o que é necessário em todos os modos de produção,


seja no comunal primitivo, no escravista, no feudal, no capitalista, e mesmo nas
experiências socialistas. O que muda é a forma de produzir, a tecnologia utilizada, e a
relação entre o sujeito que produziu e o que se apropria do que foi produzido, que varia
de acordo com a forma de organização da sociedade.
Uma sociedade não vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o homem
evoluiu de sua condição animal até sua condição atual devido ao seu trabalho 2. Engels
(s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relação com a natureza devido ao
trabalho. Se na condição animal ele tinha de submeter-se às leis da natureza, através do
trabalho ele busca dominar a natureza, transforma-a em proveito próprio. Passa de ser
dominado a ser dominante devido ao desenvolvimento do trabalho.
O próprio desenvolvimento do seu corpo, do cérebro, da fala, e da relação entre os
homens origina-se do trabalho. Desta forma, Engels afirma que o trabalho criou o
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homem e o homem criou o trabalho, sendo esta uma ação exclusivamente humana, pois
assume uma forma consciente, não intuitiva, pois antes de produzir um objeto é
necessário ao trabalhador elaborá-lo inicialmente em seu cérebro para só então partir
para a execução.
Já as atividades que os animais executam (a aranha e sua teia, o joão-de-barro e sua
casa) são meramente intuitivas, daí trabalho ser uma atividade exclusiva da espécie
humana.
Para Marx, o único bem que o trabalhador possui devido a não ser proprietário de
meios de produção é a sua força de trabalho, a sua capacidade de trabalhar, sendo por
isso que o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho ao capital. Ao contrário
de sociedades pré-capitalistas como o feudalismo e a escravidão, no capitalismo o
trabalhador entrega sua capacidade de trabalhar por um tempo determinado através de
um contrato de trabalho. Além do estabelecimento de um contrato de assalariamento
que regula as relações capital-trabalho, algumas diferenças podem ser encontradas no
trabalho sob o modo de produção capitalista em comparação com sociedades pré-
capitalistas. Como já visto, o trabalho era desprezado na Grécia e Roma antigas,
fazendo com que a socialização dos indivíduos ocorresse fora do trabalho, enquanto na
sociedade capitalista a socialização dos indivíduos ocorre exatamente nas relações de
trabalho. Para esta mudança, a revolução industrial dos séculos XVIII e XIX teve um
peso determinante3, com a formação de exércitos de trabalhadores que desprovidos de
qualquer propriedade são obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas
cidades em busca de empregos assalariados junto às nascentes industriais.

O trabalho então assumiria um novo caráter, de atividade indigna no passado, passam a


ser vistos como indignos aqueles que não trabalham, taxados como vagabundos os que
não se submetem a trabalhar para o capital 4, mesmo que o próprio capital não tenha
interesse em absorver todo o trabalho posto à sua disposição. Assim, os capitalistas
sempre encontram um grupo de trabalhadores à margem do processo produtivo, mas
sempre ávidos por incorporar-se a ele, a estes trabalhadores Marx denominou de
“exército industrial de reserva”.
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Retomando o conceito de trabalho, podemos ter mais clareza sobre a noção Marx sobre
a produção, o valor e a alienação. Enquanto atividade humana por excelência, o trabalho
produz a si e ao homem, cria as condições de soobrevivência e as transforma. Não se
pode conceber o ser humano sem que o trabalho seja o núcleo da análise. O
desenvolvimento histórico privou alguns homens dos meios de produção necessários à
sua subsistência, forçando-os a trabalharem para outros, em horários, locais e condições
estranhos a ele. Em outras palavras, tal privação separa o coletivo de homens por suas
tarefas, cria uma divisão social do trabalho cujas partes podem ser compreendidas
como classes complementares e antagônicas. Nos vários modos de produção em que se
apropria privadamente dos meios de produção, a divisão do trabalho é, antes de tudo, a
separação entre possuidores e despossuídos. A existência da propriedade privada dos
meios de produção se encarrega de levar o trabalhador a um exercício físico que não
produzirá, necessariamente, bens de sua carência ou que ele conheça seu inteiro
processo de produção. A vida do trabalhador é aquilo que ele produz, mas aquilo que
ele produz não é seu.
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ALIENAÇÃO
- A alienação do trabalhador no seu produto significa não só que o trabalho se
transforma em objeto e assume uma existência externa, mas existe independentemente,
fora dele e a ele estranho, torna-se um poder autônomo em oposição a ele. A vida que
deu ao objeto se torna uma vida hostil e antagônica.

- O trabalho tornou-se estranho à humanidade do trabalhador.

- Tornou-se um sentimento cruel, dividindo a sociedade em classes sociais antagônicas,


decorrentes da divisão social do trabalho e com a apropriação privada dos meios de
produção.

- Houve uma separação entre o trabalhador e os meios de produção, as ferramentas, as


matérias-primas, a terra e as máquinas.
- O trabalhador perdeu o controle do produto do seu trabalho. Tudo isso passou para as
mãos do capitalista.
- Ao passo que o estranhamento entre o homem e o produto de seu trabalho se processa,
o homem passa a estranhar também a própria atividade do trabalho.
- O seu esforço físico perde o sentido para si, torna-se uma atividade dolorosa, alheia,
sofrida e de impotência.
- A atividade que serviria para sua humanização lhe retira a humanidade, lhe torna frio,
insensível e alheio à realidade.
- Na verdade, no trabalho, o ser humano cria mercadorias que possuem utilidades
domésticas, o homem humaniza a matéria bruta e lhe dá utilidade.
- Ao perder-se na produção, o homem desenvolve sua atividade intelectual ou sua
consciência presa ao mundo incompleto que agora lhe aparece.
- Ao tentar trocar a sua mercadoria por outra, ao entrar num supermercado para efetuar
suas compras, o trabalhador tem diante de si mercadorias, possivelmente tão estranhas

aos seus produtores como são as suas.

- Vê a mercadoria como um ser autônomo, independente e livre, se relaciona com as


demais mercadoria da mesma forma.
- Nas prateleiras há, no lugar de objetos realizados pelo trabalho humano, mercadorias
“caídas do céu”. Estas descem ao mundo com propriedades mágicas e poderes
sobrenaturais.
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- As qualidades de cada mercadoria parecem ter brotado inexplicavelmente nas coisas,


sem que o trabalho fosse seu verdadeiro pai. Um carro deixa de ser um meio de
transporte para me fornecer status. Um cigarro me representa liberdade. Um celular,
amigos. Um desodorante, sensualidade, etc.
Fetiche da Mercadoria

- Um mundo de fantasias e máscaras se ergue e o homem a ele se agarra como se fosse


concreto. Quando a mercadoria se reveste de capacidades unicamente humanas (status,
liberdade, amizade, prestígio, beleza, sensualidade) Marx diz que estão sob o manto do
fetiche.
“não é mais nada que determinada relação social entre os próprios homens que para
eles aqui assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Por isso, para
encontrar uma analogia, temos de nos deslocar à região nebulosa do mundo da
religião. Aqui, os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria,
figuras autônomas, que mantém relações entre si e com os homens. Assim, no mundo
das mercadorias, acontece com os produtos da mão humana. Isso eu chamo o
fetichismo que adere aos produtos de trabalho, tão logo são produzidos como
mercadorias, e que, por isso, é inseparável da produção de mercadorias”.
( Karl Marx)
Logo, o que Marx quer dizer com fetichismo da mercadoria, é o fato de o produto
exercer um controle – sobrenatural até - sobre o comprador. Muito além daquele do
valor de uso, ou seja, a finalidade a que se destina o produto. O sujeito pode comprar
uma calça jeans Fórum não pela simples necessidade de vestir o corpo, mas muito mais,
enquanto uma possibilidade de satisfazer seus desejos refletidos através do significado
da calça Fórum. Muito mais que cobrir o corpo nu, o comprador vê a calça enquanto um
meio para satisfação dos seus desejos de atração, de identidade, de sensualidade, de
ascensão social, etc. Esse é apenas um exemplo de uma lista que pode ser extensamente
indefinida. Mas a calça jeans Fórum de nada significa para o sujeito se não houvesse por
trás, toda propaganda do fabricante que transmite seus horizontes aos destinatários.

MERCADORIA E VALOR
Pode-se chamar de mercadoria todo produto do trabalho cuja função é ser vendido ou
oferecido ao mercado para se realizar na troca. Todos os produtos oferecidos no
mercador possuem, certamente, alguma utilidade para seu comprador. Esta é uma
condição e uma característica fundamental deste produto: ele possui valor de uso.
O capitalista não gerencia a produção para que ela crie mercadorias que sejam utéis a
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ele mesmo, mas ao compradores. Sua principal preocupação é com a venda da


mercadoria.
Marx acreditava que as mercadorias poderiam ser trocadas umas pelas outras no
mercado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzí-las e que está
contida em cada uma delas. Toda mercadoria demanda uma quantidade de trabalho para
que seja produzida, mercadorias que exigem, num dado momento da história, mais
trabalho que outras, valem obrigatoriamente mais. Desta forma, o trabalho é a fonte da
riqueza materializada nas mercadorias. Este é chamado valor de troca.

A FORÇA DE TRABALHO
“Por força de trabalho ou capacidade de trabalho entendemos o conjunto das
faculdades físicas e espirituais que existem na corporalidade, na personalidade viva de
um homem e que ele põe em movimento toda vez que produz valores de uso de qualquer
espécie.” (Marx)

A força de trabalho se transformou em uma mercadoria no processo de emergência e


consolidação do capitalismo. A medida que a desapropriação das terras comunais se
desenvolveu batizada de cercamentos, milhares de trabalhadores rurais e suas famílias
se deslocaram para as cidades européias em busca de sustento.
A alternativa que se abriu ante a calamidade era se submeter à condição de integrante do
exército industrial de reserva. Fato este que não se diferiu no seu fim em relação aos
artesãos, aprendizes e jornaleiros desalojados pelo crescimento industrial.
O desenvolvimento comercial e a emergência da burguesia fizeram novas pressões
sobre o artesanato. Burgueses com capitais acumulados primitivamente ingressaram no
espaço produtivo como proprietários, inagurando a manufatura.
Esta forma de organização da produção condicionou os trabalhadores – desapropriados
– ao trabalho coletivo e socialmente dividido. Perdidos os meios de, produção, os
trabalhadores perderam o controle sobre a produção das mercadoria e, por
conseqüência, a alienação se aprofundou na mesma medida em que se processou a
desapropriação.
A separação em relação à produção se completou quando as máquinas, durante a 1ª
revolução industrial, ganharam uma nova fonte de energia (não humana).
O vapor, que anunciou a maquinofatura, aumentou a autonomia da máquina em relação
ao trabalhador. Sua função de operador era reduzida à fiscalização dos movimentos
mecânicos das engrenagens. Seu controle sobre a velocidade e o tempo de produção era
desintegrado e revelou um papel ao trabalhador: ele se tornou um apêndice da máquina.
Limitado a gestos repetitivos e imbecilizantes, o trabalho gradativamente aprofundou
seu caráter de tortura e castração.
A Práxis
Uma vez alienado, separado e mutilado, o homem só pode recuperar sua condição
humana pela crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o
excluíram da participação efetiva na vida social. Essa crítica radical só se efetiva na
práxis.
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A práxis é uma ação política consciente transformadora, que permitiria ao homem


recuperar sua humanidade, pela efetivação de uma crítica radical ao sistema
capitalista.
Com base nesse princípio, os marxistas vinculam a crítica da sociedade à ação política.
Marx propôs não apenas um novo método de abordar e explicar a sociedade, mas
também um projeto para a ação sobre ela.

As classes sociais
As idéias liberais consideram os homens, por natureza, iguais, política e juridicamente.
Liberdade e justiça são direitos inalienáveis de todo cidadão.
Marx, por sua vez, proclama a inexistência de tal igualdade natural e observa que o
liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes
desigualdades estabelecidas pela sociedade. Segundo Marx, as desigualdades sociais
observadas no seu tempo eram provocadas pelas relações de produção do sistema
capitalista, que dividem os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de
produção. As desigualdades são a base da formação das classes sociais.
As relações entre os homens se caracterizam por relações de oposição, antagonismo,
exploração e complementaridade entre as classes sociais.
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Marx identificou relações de exploração da classe dos proprietários, a burguesia, sobre


a dos trabalhadores, o proletariado. Isso porque a posse dos meios de produção, sob a
forma legal de propriedade privada, faz com que os trabalhadores, a fim de assegurar a
sobrevivência, tenham que vender sua força de trabalho ao empresário capitalista, o
qual se apropria do produto do trabalho de seus operários.
Essas mesmas relações são também de oposição e antagonismo, na medida em que os
interesses de classe são inconciliáveis. O capitalista deseja preservar seu direito à
propriedade dos meios de produção e dos produtos e à máxima exploração do trabalho
do operário, seja reduzindo os salários, seja ampliando a jornada de trabalho. O
trabalhador, por sua vez, procura diminuir a exploração ao lutar por menor jornada de
trabalho, melhores salários e participação nos lucros.
Por outro lado, as relações entre as classes são complementares, pois uma só existe em
relação á outra. Só existem proprietários porque há uma massa de despossuídos cuja
única propriedade é sua força de trabalho, que precisam vender para assegurar a
sobrevivência. As classes sociais são apesar de sua oposição intrínseca, complementares
e interdependentes.
A história do homem é, segundo Marx, a história da luta de classes, da luta constante
entre interesses opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob
a forma de guerra declarada. As divergências, oposições e antagonismos de classes
estão subjacentes a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos
os tempos, desde o surgimento da propriedade privada.

O Salário
O operário, como vimos, é aquele indivíduo que, nada possuindo, é obrigado a
sobreviver da venda de sua força de trabalho. No capitalismo, a força de trabalho se
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toma uma mercadoria, algo útil, que se pode comprar e vender. Surge assim um contrato
entre capitalista e operário, mediante o qual o primeiro compra ou “aluga por um certo
tempo” a força de trabalho e, em troca paga ao operário uma quantia em dinheiro, o
salário.
O salário é, assim, o valor da força de trabalho, considerada como mercadoria.
Como a força de trabalho não é uma “coisa”, mas uma capacidade, inseparável do corpo
do operário, o salário deve corresponder à quantia que permita ao operário alimentar-se,
vestir-se, cuidar dos filhos, recuperar as energias e, assim, estar de volta ao serviço no
dia seguinte. Em outras palavras o salário deve garantir a reprodução das condições de
subsistência do trabalhador e sua família.
O cálculo do salário depende do preço dos bens necessários à subsistência do
trabalhador. O tipo de bens necessários depende, por sua vez, dos hábitos e dos
costumes dos trabalhadores. Isso faz com que o salário varie de lugar para lugar. Além
disso, o salário depende ainda da natureza do trabalho e da destreza e da habilidade do
próprio trabalhador. No cálculo do salário de um operário qualificado deve-se computar
o tempo que ele gastou com educação e treinamento para desenvolver suas capacidades.

Trabalho, valor e lucro


O capitalismo vê a força de trabalho como mercadoria, mas é claro que não se trata de
uma mercadoria qualquer. Enquanto os produtos, ao serem usados, simplesmente se
desgastam ou desaparecem, o uso da força de trabalha significa, ao contrário, criação de
valor. Os economistas clássicos ingleses, desde Adam Smith, já haviam percebido isso
ao reconhecerem o trabalho como a verdadeira fonte de riqueza das sociedades.
Marx foi além. Para ele, o trabalho, ao se exercer sobre determinados objetos, provoca
nestes uma espécie de “ressurreição”. Tudo o que é criado pelo homem, diz Marx,
contém em si um trabalho passado, “morto”, que só pode ser reanimado por outro
trabalho. Assim, por exemplo, um pedaço de couro animal curtido, uma faca e fios de
linha são, todos, produtos do trabalho humano. Deixados em si mesmos, são coisas
mortas; utilizados para produzir um par de sapatos, renascem como meios de produção e
se incorporam num novo produto, uma nova mercadoria, um novo valor.
Os economistas ingleses já haviam postulado que o valor das mercadorias dependia do
tempo de trabalho gasto na sua produção. Marx acrescentou que este tempo de trabalho
se estabelecia em relação às habilidades individuais médias e às condições técnicas
vigentes na sociedade. Por isso, dizia que no valor de uma mercadoria era incorporado o
tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção.
18

De modo geral, as mercadorias resultam da colaboração de várias habilidades


profissionais distintas; por isso, seu valor incorpora todos os tempos de trabalho
específicos. Por exemplo, o valor de um par de sapatos inclui não só o tempo gasto para
confeccioná-lo, mas também o dos trabalhadores que curtiram o couro, produziram fios
de linha, a máquina de costurar etc. O valor de todos esses trabalhos está embutido no
preço que o capitalista paga ao adquirir essas matérias-primas e instrumentos, os quais,
juntamente com a quantia paga a titulo de salário, serão incorporados ao valor do
produto.
Imaginemos um capitalista interessado em produzir sapatos, utilizando para esse cálculo
uma unidade de moeda qualquer. Pois bem, suponhamos que a produção de um par lhe
custe 100 unidades de moeda de matéria-prima, mais 20 com o desgaste dos
instrumentos, mais 30 de salário diário pago a cada trabalhador. Essa soma — 150
unidades de moeda — representa sua despesa com investimentos. O valor do par de
sapatos produzido nessas condições será a sorna de todos os valores representados pelas
diversas mercadorias que entraram na produção (matéria-prima, instrumentos, força de
trabalho), o que totaliza também 150 unidades de moeda.
Sabemos que o capitalista produz para obter lucro, isto é, quer ganhar com seus
produtos mais do que investiu. No exemplo acima, vemos, porém, que o valor de um
produto corresponde exatamente ao que se investe para produzi-lo. Como então se
obtém o lucro?
O capitalista poderia lucrar simplesmente aumentando o preço de venda do produto, por
exemplo, cobrando 200 pelo par de sapatos. Mas o simples aumento de preços é um
recurso transitório e com o tempo cria problemas. De um lado, uma mercadoria com
preços elevados, ao sugerir possibilidades de ganho imediato, atrai novos capitalistas
interessados em produzi-la.
Com isso, porém, corre-se o risco de inundar o mercado com artigos semelhantes, cujo
preço fatalmente cairá. De outro lado, uma alta arbitrária no preço de uma mercadoria
qualquer tende a provocar elevação generalizada nos demais preços, pois, nesse caso,
todos os capitalistas desejarão ganhar mais com seus produtos. Isso pode ocorrer
durante algum tempo, mas, se a disputa se prolongar poderá levar o sistema econômico
à desorganização.
Na verdade, de acordo com a análise de Marx, não é no âmbito da compra e venda de
mercadoria que se encontram bases estáveis nem para o lucro dos capitalistas
individuais nem para a manutenção do sistema capitalista. Ao contrário, a valorização
da mercadoria se dá no âmbito de sua produção.

A Mais-Valia
19

Mais-Valia é o nome dado ao tempo de trabalho socialmente gasto para a produção de


uma mercadoria que não é paga ao trabalhador. É o trabalho excedente produzido pelo
operário não remunerado. Efetivamente os lucros dependem diretamente da quantidade
de mais-valia que o capitalista consegue obter.
Suponhamos que um operário tenha uma jornada diária de nove horas e confeccione um
par de sapatos a cada três horas. Nestas três horas, ele cria uma quantidade de valor
correspondente ao seu salário, que é suficiente para obter o necessário à sua
subsistência. Como o capitalista lhe paga o valor de um dia de força de trabalho, o
restante do tempo, seis horas, o operário produz mais mercadorias, que geram um valor
maior do que lhe foi pago na forma de salário. A duração da jornada de trabalho resulta,
portanto, de um cálculo que leva em consideração o quanto interessa ao capitalista
produzir para obter lucro sem desvalorizar seu produto.
Suponhamos uma jornada de nove horas, ao final da qual o sapateiro produza três pares
de sapatos. Cada par continua valendo 150 unidades de moeda, mas agora eles custam
menos ao capitalista. É que, no cálculo do valor dos três pares, a quantia investida em
meios de produção também foi multiplicada por três, mas a quantia relativa ao salário,
correspondente a um dia de trabalho, permaneceu constante. Desse modo, o custo de
cada par de sapatos se reduziu a 130 unidades.
20

custo de um par de sapatos na jornada - custo de um par de sapatos na


jornada
de trabalho de três horas de trabalho de nove horas
meios de produção : 120 - meios de produção: 120x3 = 360
+ + +
+
salário 30 salário
30
------
------
150
390/3=130

Assim, ao final da jornada de trabalho, o operário recebe 30 unidades de moeda, ainda


que seu trabalho tenha rendido o dobro ao capitalista: 20 unidades de moeda, em cada
um dos três pares de sapatos produzidos. Esse valor a mais não retorna ao operário:
incorpora-se no produto e é apropriado pelo capitalista.
Visualiza-se, portanto, que uma coisa é o valor da força de trabalho, isto é, o salário, e
outra é o quanto esse trabalho rende ao capitalista. Esse valor excedente produzido pelo
operário é o que Marx chama de mais-valia.
O capitalista pode obter mais-valia procurando aumentar constantemente a jornada de
trabalho, tal como no exemplo acima. Essa é, segundo Marx a mais-valia absoluta. É
claro, porém, que a extensão indefinida da jornada esbarra nos limites físicos do
trabalhador e na necessidade de controlar a própria quantidade de mercadorias que se
produz.
Agora, pensemos numa indústria moderna altamente mecanizada. A tecnologia aplicada
faz aumentar a produtividade, isto é, as mesmas nove horas de trabalho agora produzem
um número maior de mercadoria, digamos, 20 pares de sapatos. A mecanização também
faz com que a qualidade dos produtos dependa menos da habilidade e do conhecimento
técnico do trabalhador individual. Numa situação dessas, portanto, a força de trabalho
vale cada vez menos e, ao mesmo tempo, graças à maquinaria desenvolvida, produz
cada vez mais. Esse é, em síntese, o processo de obtenção daquilo que Marx denominou
mais-valia relativa.
O processo descrito esclarece a dependência do capitalismo em relação ao
desenvolvimento das técnicas de produção. Mostra, ainda, como o trabalho, sob o
capital, perde todo o atrativo e faz do operário mero “apêndice da máquina”.
Resumindo:
1- No capitalismo, a força de trabalho se torna uma mercadoria, algo útil que se pode
comprar e vender.
2- O salário é, assim, o valor da força de trabalho, considerada como mercadoria e que
deve garantir a reprodução das condições de subsistência do trabalhador e sua família.
3- O salário depende do preço dos bens necessários à subsistência do trabalhador e da
destreza e da habilidade do próprio trabalhador.
4- O trabalho não é uma mercadoria qualquer, o uso da força de trabalho significa a
criação de valor; o trabalho é a fonte de riquezas da sociedade.
21

5- Tudo que é criado pelo homem, contém em si um trabalho passado, “morto”, que só
pode ser reanimado por outro trabalho, a partir daqui surge um novo produto, uma nova
mercadoria, um novo valor.
6- O valor de uma mercadoria é o tempo de trabalho socialmente necessário à sua
produção.
7- As mercadorias resultam da colaboração de várias atividades profissionais distintas;
por isso seu valor incorpora todos os tempos de trabalhos específicos.
8- Marx afirma que a mais-valia representa o valor ou produção excedente pelo qual o
trabalhador não é pago e se tornará o lucro do capitalista.
9- Marx identificou duas formas: a mais-valia absoluta, decorrente do aumento da
jornada de trabalho; e a mais-valia relativa, decorrente do uso de tecnologia e
automação aplicada à produção.

Para Marx, o processo de trabalho é atividade dirigida com o fim de criar valores-
de-uso, (...) é condição necessária da troca material entre o homem e a natureza: é
condição natural eterna da vida humana, sem depender portanto, de qualquer
forma dessa vida, sendo antes comum a todas as suas formas sociais.
É impossível a existência de uma sociedade na qual o trabalho não seja a atividade
criadora de coisas úteis.
Em todas as sociedades o intercâmbio dos homens com os recursos naturais se dá pelo
trabalho, sempre no interior de determinadas relações sociais, como por exemplo:
escravistas, feudais, capitalistas.
A sociedade contemporânea de alta tecnologia, depende do trabalho humano para a
produção de bens e serviços.
A ciência e a tecnologia são os elementos que impulsionam o desenvolvimento do modo
de produção capitalista no âmbito das relações de classe.
A ciência e a tecnologia contribuem para o fortalecimento do antagonismo de classe
existente no modo de produção capitalista.
A ciência e a tecnologia contribuem para o crescimento dos conflitos entre capital e
trabalho no modo de produção capitalista.

O Fetiche da Mercadoria
Fetiche: relação mágica com um objeto.
A mercadoria é uma fantasia fantasmagórica que vem do valor de troca. A mercadoria
ganha vida própria. A mercadoria não tem vida própria, ela é o resultado de relações
sociais de trabalho. É a forma dinheiro que dá o acabamento final á mercadoria,
fetichizando-a; dando uma sofisticação à mercadoria.
22

 ESTADO COMO INSTRUMENTO DA CLASSE DOMINANTE

Marx não desenvolveu uma única e sistematizada teoria da política ou do


Estado. As concepções marxistas do Estado devem ser deduzidas das críticas de Marx a
Hegel, do desenvolvimento da teoria de Marx sobre a sociedade (incluindo sua teoria da
economia política) e de suas análises de conjunturas históricas específicas, tais como: a
revolução de l848, na França, e a ditadura de Luís Napoleão, ou a Comuna de Paris de
l871.
Há uma variedade de interpretações possíveis, baseada em fontes como O
Estado e a Revolução, de Lênin, indo de uma posição que defende a visão leninista
àquelas que vêem uma teoria do Estado claramente refletida na análise política e
econômica de Marx, ou tomam o Estado autônomo do Dezoito Brumário ( de Luís
Napoleão) como a base para a análise da situação atual.
Apesar dessas diferenças, porém, todos os teóricos marxistas, de um modo ou de
outro, baseiam suas teorias do Estado em alguns dos fundamentos marxistas e são esses
fundamentos analíticos que formam o quadro do debate.

QUAIS SÃO ESSES FUNDAMENTOS ANALÍTICOS?

I- Marx considerava as condições materiais de uma sociedade como a base de sua


estrutura social e da consciência humana.
A forma do Estado, portanto, emerge das relações de produção, não do desenvolvimento
geral da mente humana ou do conjunto das vontades humanas. Segundo Marx, é
impossível separar a interação humana em uma parte da sociedade da interação em
outra: a consciência humana que guia e até mesmo determina essas relações individuais
é o produto das condições materiais – o modo pelo qual as coisas são produzidas,
distribuídas e consumidas.
As relações jurídicas assim como as formas do Estado não podem ser
tomadas por si mesmas nem do chamado desenvolvimento geral da mente
humana, mas têm suas raízes nas condições materiais de vida, em sua
totalidade, relações estas que Hegel... combinava sob o nome de “sociedade
civil”. Cheguei também à conclusão de que a anatomia da sociedade civil
deve ser procurada na economia política... Na produção social de sua vida,
os homens entram em relações determinadas, necessárias, e independentes
de sua vontade, relações de produção que correspondem a um grau
determinado de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A
soma total dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da
sociedade, a base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e
política e à qual correspondem formas definidas de consciência social. O
modo de produção da vida material condiciona, de forma geral, o processo
de vida social, político e intelectual. Não é a consciência dos homens que
determina sua forma de ser mas, ao contrário, é sua forma de ser social que
determina sua consciência. (ver Marx-Engels, Ática, 1983, 232-33)

Essa formulação do Estado contradizia diretamente a concepção de Hegel do


Estado “racional”, um Estado ideal que envolve uma relação justa e ética de harmonia
entre os elementos da sociedade. Para Hegel, o Estado é eterno, não histórico;
transcende à sociedade como uma coletividade idealizada. Assim, é mais do que as
instituições simplesmente políticas. Marx, ao contrário, colocou o Estado em seu
contexto histórico e o submeteu a uma concepção materialista da história. Não é o
23

Estado que molda a sociedade, mas a sociedade que molda o Estado. A sociedade, por
sua vez, se molda pelo modo dominante de produção e das relações de produção
inerentes a esse modo.

II- Marx defendia que o Estado, emergindo das relações de produção, não
representa o bem-comum, mas é a expressão política da estrutura de classe
inerente à produção.
Hegel, Hobbes, Rousseau, Locke e Adam Smith tinham uma visão do Estado como
responsável pela representação da “coletividade social”, acima dos interesses
particulares e das classes, assegurando que a competição entre os indivíduos e os grupos
permanecessem em ordem, enquanto os interesses coletivos do “todo” social seriam
preservados nas ações do próprio Estado.
Marx rejeitou essa visão do Estado como o curador da sociedade como um todo. Uma
vez que chegou a sua formulação da sociedade capitalista como uma sociedade de
classes, dominada pela burguesia, seguiu-se necessariamente a sua visão de que o
Estado é a expressão política dessa dominação. Portanto, o Estado é um instrumento
essencial de dominação de classes na sociedade capitalista. Ele não está acima dos
conflitos de classes, mas profundamente envolvido neles.
Pode haver ocasiões e assuntos onde os interesses de todas as possam coincidir.Mas na
maior parte das vezes e em essência, esses interesses estão fundamental e
irrevogavelmente em divergência, de modo que o Estado não pode ser seu curador
comum; a idéia de que tal possa acontecer faz parte do véu ideológico que uma classe
dominante lança sobre a realidade da dominação de classe, a fim de legitimar essa
dominação aos próprios olhos e também perante as classes subordinadas. ( Milliband,
1977).

A burguesia tem um controle especial sobre o trabalho no processo de produção


capitalista, essa classe dominante estende seu poder ao Estado e a outras instituições.
24

Na Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884), Engels


desenvolveu o conceito fundamental (seu e de Marx) da relação entre as condições
materiais da sociedade, sua estrutura social e o Estado. Defendeu que o Estado tem suas
origens na necessidade de controlar os conflitos sociais entre os diferentes interesses
econômicos e que esse controle é realizado pela classe economicamente mais poderosa
na sociedade. O Estado capitalista é uma resposta à necessidade de mediar o conflito de
classes e manter a “ordem”, uma ordem que reproduz o domínio econômico da
burguesia.

O Estado não é, pois, de forma alguma, um poder imposto à sociedade de fora para
dentro; tampouco e a realização da idéia moral”ou a imagem e realidade da razão”,
como afirma Hegel. Ë antes, um produto da sociedade num determinado estágio de
desenvolvimento; é a revelação de que essa sociedade se envolveu numa irremediável
contradição consigo mesma e que está dividida em antagonismos irreconciliáveis que
não consegue exorcizar. No entanto, a fim de que esses antagonismos, essas classes
com interesses econômicos conflitantes não se consumam e não afundem a sociedade
numa luta infrutífera, um poder, aparentemente acima da sociedade, tem-se tornado
necessário para moderar o conflito e mantê-lo dentro dos limites da “ordem”. Este
poder, surgido da sociedade, mas colocado acima dela e cada vez mais se alienando
dela, é o Estado... Na medida em que o Estado surgiu da necessidade de conter os
antagonismos de classe, mas também apareceu no interior dos conflitos entre elas,
torna-se geralmente um Estado em que predomina a classe mais poderosa, a classe
econômica dominante, a classe que, por seu intermédio, também se converte na classe
politicamente dominante e adquire novos meios para a repressão e exploração da
classe oprimida. O Estado antigo era acima de tudo, o Estado dos proprietários de
escravos para manter sub jugados a estes, como o Estado feudal era o órgão da
nobreza para dominar os camponeses e os servos, e o moderno Estado representativo é
25

o instrumento de que se serve o capital para explorar o trabalho assalariado. (Engels)

III – Na Teoria do Estado de Marx, o Estado Capitalista representa o braço


repressivo da burguesia.
A ascensão do Estado como força repressiva para manter sob o controle os
antagonismos de classe não apenas descreve a natureza de classe do Estado, mas
também sua função repressiva, a qual, no capitalismo, serve à classe dominante, à
burguesia.
Há aqui, duas questões:
1ª - Refere-se a uma função primária da comunidade: A imposição das leis, inerente a
toda sociedade.
2ª - Refere-se à ascensão do Estado e à repressão inerente a essa ascensão.
De acordo com Marx e Engels, o Estado aparece como parte da divisão de trabalho, isto
é, como parte do aparecimento das diferenças entre os grupos na sociedade e da falta de
consenso social.

O Estado surge, então na medida em que as instituições, necessárias para realizarem


as funções comuns da sociedade, exigem, para preservar sua manutenção, a separação
do poder de coerção em relação ao corpo geral da sociedade. ( Draper, 1977).

O segundo traço característico é a instituição de uma força pública a qual não é mais
imediatamente idêntica à própria organização do povo em armas. Essa força pública
especial é necessária porque uma organização armada espontânea de toda a
população se tornou impossível, desde sua divisão em classes... Essa força pública
existe em todo o Estado; consiste não somente de homens armados, mas também de
instituições coercitivas de todo o gênero. (Engels)

Assim, a repressão é parte do Estado. Por definição histórica, a separação do poder em


relação à comunidade possibilita a um grupo na sociedade usar o poder do Estado contra
outros grupos.

Por que o Estado é considerado como um instrumento da classe dominante?


(Argumentos de Milliband)

1 – O Estado é um instrumento da classe dominante porque, os membros do


sistema de Estado, as pessoas que estão nos mais altos postos dos ramos executivo,
legislativo, judiciário e repressivo, tendem a pertencer à mesma classe ou classes
que dominam a sociedade civil. (ver Estado e Teoria Política – Carnoy – p.73)
Mesmo quando são membros que não estão diretamente ligados pela origem social à
classe burguesa dominante, são recrutados por sua educação e suas relações e passam a
se comportar como se pertencessem a essa classe por nascimento.

2 – O Estado é um instrumento da classe dominante porque, a classe capitalista


domina o Estado através de seu poder econômico global.
Através de seu controle dos meios de produção, a classe dominante é capaz de
influenciar as medidas estatais de uma maneira que nenhum outro grupo, na sociedade
capitalista, pode desenvolver, financeira ou politicamente. (Carnoy, p.73)
O instrumento econômico mais poderoso nas mãos da classe dominante é a “greve de
investimento”, onde os capitalistas subjugam a economia (e, conseqüentemente, o
Estado), segurando o capital.
3- O Estado é um instrumento da classe dominante porque, dada a sua inserção no
modo capitalista de produção, não pode ser diferente.
A natureza do Estado é determinada pela natureza e exigências do modo de produção.
26

Conclusão
O modo de produção capitalista ilustra a tese geral de Marx de que a realidade é
dialética, que ela contém contradições dentro de si. Pois, de um lado a mudança
tecnológica, a introdução de novos métodos de produção, é parte da existência mesma
do capitalismo. A pressão da concorrência força os capitalistas a inovarem
constantemente, e desse modo a ampliar as forças de produção. Por um outro lado, o
desenvolvimento das forças produtivas no capitalismo leva inevitavelmente a crises.
Como Marx colocou em O Manifesto Comunista:
"A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os
instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas
as relações sociais. A conservação inalterada do antigo modo de produção, constituía,
pelo contrário, a primeira condição de existência de todas as classes industriais
anteriores. Essa subversão contínua da produção, esse abalo constante de todo o sistema
social, essa agitação permanente e toda essa falta de segurança distinguem a época
burguesa de todas as precedentes."
A diferença entre o capitalismo e os seus precursores surge das relações de produção:
"É claro, entretanto, que se numa formação sócio-econômica predomina não o valor de
troca, mas o valor de uso do produto, o mais-trabalho é limitado por um círculo mais
estreito ou mais amplo de necessidades, ao passo que não se origina nenhuma
necessidade ilimitada por mais-trabalho do próprio caráter da produção". (C1, 190)
O senhor feudal por exemplo se satisfazia tanto quanto ele recebia suficiente renda de
seus camponeses para sustentar a ele próprio, sua família e seus empregados, dentro do
estilo ao qual estavam acostumados. O capitalista, entretanto, tem um "apetite voraz",
uma "fome de lobisomem por mais-trabalho", que brota das necessidades de se igualar
aos aperfeiçoamentos técnicos de seus concorrentes, ou ir à falência.
Marx foi um firme defensor do que ele chamou de "a grande influência civilizatória do
capital” contra aqueles que, tais como os românticos olhavam nostalgicamente para as
sociedades pré-capitalistas. Ele elogiou David Ricardo por "ter seus olhos unicamente
para o desenvolvimento das forças produtivas. "Afirmar, como fizeram oponentes
sentimentais de Ricardo, que a produção como tal não é o objeto, é esquecer que a
produção por seu próprio fim não é nada senão o desenvolvimento das forças produtivas
humanas, em outras palavras, o desenvolvimento da riqueza da natureza humana como
um fim em si".
Assim, o capitalismo foi historicamente progressivo. Ele conduz para
27

"além das barreiras nacionais e preconceitos (...), assim como de todas as tradicionais,
confinadas, complacentes e incrustadas satisfações das necessidades humanas, e
reproduções de velhos modos de vida. Ele é destrutivo para tudo isso, e constantemente
o revoluciona, rompendo todas as barreiras que obstruem o desenvolvimento das forças
produtivas, a expansão das necessidades, o desenvolvimento multipolar da produção e a
exploração e a troca de forças naturais e mentais."
Ao mesmo tempo, porém a tendência à queda da taxa de lucro mostra que o capitalismo
não é, como os economistas políticos acreditaram, a forma mais racional de sociedade,
mas é ao invés disso um modo de produção historicamente limitado e contraditório, que
aprisiona as forças de produção ao mesmo tempo em que as desenvolve. "A verdadeira
barreira da produção capitalista é o próprio capital", escreve Marx. "A violenta
destruição de capital, não por relações externas a ele, mas antes como uma condição de
sua auto-preservação, é a forma mais impressionante na qual está dada a sua partida,
cedendo lugar a um estágio mais elevado de produção social"
Contrário ao que muitos analistas, entre eles alguns marxistas tem dito, Marx não
acreditava que o colapso do capitalismo fosse inevitável. "Crises permanentes não
existem" (TMV), ele insistiu. Como vimos, as crises são sempre soluções momentâneas
e forçosas das contradições existentes. Não existe crise econômica tão profunda da qual
o capitalismo não possa recuperar-se, uma vez garantido que a classe trabalhadora
pague o preço do desemprego, deterioração dos padrões de vida e das condições de
trabalho. Se uma crise irá levar a "um estágio mais elevado de produção social"
dependerá da consciência e da ação da classe trabalhadora.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IANNI, Octavio. Dialética e capitalismo – ensaio sobre o pensamento de Marx. Petrópolis: Vozes,
1982, p. 9-13.
BOTTOMORE, Tom (editor). Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 2001
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MARX, Karl. El Capital, 3 tomos. México: Fundo de Cultura Econômica, 1946, tomo I,
18. Apud IANNI, Octavio. Dialética e capitalismo – ensaio sobre o pensamento de Marx. Petrópolis:
Vozes, 1982, p. 11.
SINGER, Paul. Marx – Economia in: Coleção Grandes Cientistas Sociais; Vol. 31.
MARX, Karl. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel: São Paulo: Boitempo, 2005.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política, 28 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2011.
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista, 1848. Porto Alegre: L&PM, 2009.
MARX Karl. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, Boitempo, 2011, pp.67-68

Exercícios de Fixação
Nome:_________________________________________________ Turma: 2º_____
Disciplina: Sociologia
01. As mudanças trazidas pela Revolução Industrial provocaram novas reflexões sobre a
sociedade e seu comportamento. Karl Marx, um dos pensadores marcantes do século XIX,
nas suas reflexões:
a) reconhecia a falta de justiça social, devido aos exageros do sistema capitalista que
incentivava a exploração das classes desfavorecidas.
b) admitia o grande valor da tecnologia produzida pelo Capital, necessária para acabar com o
liberalismo econômico.
c) defendia a necessidade de ampliar a intervenção do Estado na gestão da economia, a fim de
pôr fim aos sistemas parlamentares europeus.
28

d) propunha a luta da sociedade para negar as mudanças sociais, admitindo a volta aos
princípios do mercantilismo.
e) restringia, às classes sociais urbanas, os planos de crescimento da sociedade europeia e de
uma melhor qualidade de vida.

2 - Com base na charge e nos conhecimentos sobre a teoria de Marx, é correto afirmar:
a) A produção mercantil e a apropriação privada são justas, tendo em vista que os patrões detêm
mais capital do que os trabalhadores assalariados.
b) As relações sociais de exploração surgiram com o nascimento do capitalismo, cuja faceta
negativa está em pagar salários baixos aos trabalhadores.
c) A mercadoria, para poder existir, depende da existência do capitalismo e da substituição dos
valores de troca pelos valores de uso.
d) Um dos elementos constitutivos da acumulação capitalista é a mais-valia, que consiste em
pagar ao trabalhador menos do que ele produziu em uma jornada de trabalho.
e) Sob o capitalismo, os trabalhadores se transformaram em escravos, fato acentuado por ter se
tornado impossível, com a individualização do trabalho e dos salários, a consciência de classe
entre eles.
03. Para Marx, o materialismo histórico é a aplicação do materialismo dialético ao campo
da história. Conforme Aranha e Arruda (2000) “Marx inverte o processo do senso comum que
pretende explicar a história pela ação dos grandes homens ou, às vezes, até pela intervenção
divina. Para o marxismo, no lugar das ideias, estão os fatos materiais; no lugar dos heróis, a
luta de classes”. Assim, para compreender o homem é necessário analisar as formas pelas
quais ele reproduz suas condições de existência, pois são estas que determinam a linguagem, a
religião e a consciência. (ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia.
São Paulo: Moderna, 2000, p. 241.) A partir da explicação acima e dos seus conhecimentos sobre o
29

pensamento de Karl Marx, assinale a alternativa que indica, corretamente, os dois níveis de
“condições de existência” para Marx.
a) A alienação, caracterizada pelas relações dos homens entre si e com a natureza; e
superestrutura, que é na verdade a forma pela qual o homem produz os meios de sobrevivência.
b) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas relações dos homens entre si e com a
natureza; e materialismo dialético, que é na verdade a forma pela qual o homem produz os
meios de sobrevivência.
c) Modos de produção, caracterizados pelo pensamento filosófico dos socialistas utópicos; e o
imperialismo, característica máxima do capitalismo industrial.
d) Imperialismo, característica do capitalismo industrial; e infraestrutura (ou estrutura),
caracterizada pelas relações dos homens entre si e com a natureza.
e) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas relações dos homens entre si e com a
natureza; e superestrutura, caracterizada pelas estruturas jurídico-políticas e ideológicas.

04. “Pela exploração do mercado mundial a burguesia imprime um caráter cosmopolita à


produção e ao consumo em todos os países. Para desespero dos reacionários, ela retirou à
indústria sua base nacional. As velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a sê-
lo diariamente. (...) Em lugar das antigas necessidades satisfeitas pelos produtos nacionais,
nascem novas necessidades, que reclamam para sua satisfação os produtos das regiões mais
longínquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões e nações que
se bastavam a si próprias, desenvolvesse um intercâmbio universal, uma universal
interdependência. das nações. E isso se refere tanto à produção material como à produção
intelectual. (...) Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e ao
constante progresso dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente da
civilização mesmo as nações mais bárbaras.” (MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista.
São Paulo: Global, 1981. p. 24-25.) Com base no texto de Karl Marx e Friedrich Engels, publicado
pela primeira vez em 1848, assinale a alternativa correta.
a) Desde o início, a expansão do modo burguês de produção fica restrita às fronteiras de cada
país, pois o capitalista é conservador quanto às inovações tecnológicas.
b) O processo de universalização é uma tendência do capitalismo desde sua origem, já que a
burguesia precisa de novos mercados, de novas mercadorias e de condições mais vantajosas de
produção.
c) A expansão do modo capitalista de produção em escala mundial encontrou empecilhos na
mentalidade burguesa apegada aos métodos tradicionais de organização do trabalho.
d) Na maioria dos países não europeus, a universalização do capital encontrou barreiras
alfandegárias que impediram sua expansão.
e) A dificuldade de comunicação entre os países, devido ao baixo índice de progresso
tecnológico, adiou para o século XX a universalização do modo capitalista de produção.
05- Explique o que é capital e capitalismo de acordo o pensamento de Marx.

06- Como o capitalismo pode ser distinguido como forma social?

07- Qual foi a principal intenção de Marx ao escrever suas obras?


30

08- O que é o materialismo histórico dialético?

09- O que são forças produtivas e relações de produção?

10- Segundo Marx, qual é a importância do estudo do modo de produção?

11- Analisando a história quais foram os modos de produção identificados por Marx?

12- O que é superestrutura e infraestrutura?

13- Que fatos históricos contribuíram para a origem do capitalismo?

14- Por que o trabalho se tornou estranho à humanidade do trabalhador?


31

15- Conceitue alienação, destacando seu caráter triplo.

16- De acordo com o pensamento de Marx, o que a divisão social do trabalho fez com a
filosofia? Por que?

17- De que forma o ser humano pode recuperar sua humanidade deixando o estado de
alienação?

18- Explique o que é a práxis?

19- Como Marx concebeu as classes sociais e suas relações políticas?

20- O que é salário? Como se determina o valor do salário?

21- Que relação Marx estabelece entre trabalho e valor?

22- Segundo Marx, de onde provém o lucro do capitalismo? Por quê?


32

23- O que você entende por mais-valia? Explique o que é mais-valia absoluta e mais-valia
relativa.

24- O que é o valor de uma mercadoria?

25- O que é o fetiche da mercadoria?

26--UFU/97 – “As classes sociais sempre mantiveram uma luta constante, velada umas vezes e
noutras franca e aberta; luta que terminou sempre com a transformação revolucionária de toda
a sociedade ou pelo colapso das classes em luta” (Marx, Crítica da Economia Política). “Para
Marx e Engels, a história das sociedades cuja estrutura produtiva baseia-se na apropriação
privada dos meios de produção pode ser descrita como a história da luta de classes.”
QUINTANEIRO e OLIVEIRA, Um Toque de clássicos, UFMG. 1995, p.81.

Leia as afirmativas abaixo e indique, de acordo com o código, as proposições que confirmam o
conteúdo do texto acima:
I-A expressão luta de classes procura enfatizar as contradições presentes numa sociedade
classista.
II-As classes sociais estão constantemente em luta e são esses processos que revelam o caráter
antagônico das relações capitalistas de produção.
III-Para Marx, o conceito de luta de classes relaciona-se diretamente ao de mudança social.
IV-A história do homem é, segundo Marx, a história da luta de classes, uma luta constante entre
interesses opostos.
V- As divergências, as oposições e os antagonismos de classe estão presentes nas relações
sociais, nos mais diversos níveis da sociedade, desde o surgimento da propriedade privada.
a) Apenas II e III estão corretas.
b) Apenas I, II e IV estão corretas.
c) Apenas I, IV e V estão corretas.
d) Apenas I, II, IV e V estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

27-(UFU/SET/2002)–Octavio Ianni, ao se referir ao tema do Estado, na obra de Marx, o


faz nos seguintes termos: Seria equívoco pensar que Marx não elaborou uma interpretação do
Estado Capitalista, simplesmente porque não a vemos sistematizada em algumas páginas, num
ensaio ou livro. A interpretação do Estado aparece bastante bem delineada nos vários passos
da sua análise do regime capitalista de produção. Ianni, O. Dialética & Capitalismo – ensaio
sobre o pensamento de Marx. 3 ed., Rio de Janeiro: Vozes, 1985, p.64.
33

Após interpretar o fragmento acima, responda:


a) A interpretação marxista de Estado o apresenta como resultado de qual processo histórico?

b) Para Marx, quais são as funções aparente e real do Estado Moderno?

28- (UFU/JAN/98) - Marx afirma que:


I- As classes sociais expressam as desigualdades sociais na sociedade capitalista.
II- Os conflitos de classe podem ser resolvidos através de negociações entre trabalhadores e
capitalistas.
III-A produção de mercadoria é uma característica essencial do capitalismo.
IV-Que a igualdade jurídica garante a igualdade social entre as classes.
a) I, II e IV estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) II, III e IV estão corretas.
d) I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

29-(UFU/FEV/2003) – De acordo com a teoria social de Karl Marx, o fetichismo da


mercadoria não pode ser definido como:
a) Resultado da predominância do trabalho abstrato sobre o trabalho concreto na sociedade em
que a riqueza se configura em imensa acumulação de mercadorias.
b) Fenômeno inerente à produção capitalista, uma vez que as relações sociais de produção ficam
ocultas sob a aparência de que as mercadorias teriam uma espécie de vida própria.
c) Realidade própria a toda e qualquer sociedade humana, uma vez que, pelo trabalho, os
homens sempre exteriorizam um projeto previamente concebido com vistas a responder às
suas necessidades.
d) Desdobramento histórico-social da produção de bens e serviços em que o caráter social dos
trabalhos particulares fica dissimulado sob a forma do valor.

30 - (UFGD MS/2013) Karl Marx e Friedrich Engels são importantes e destacados autores das
teses do socialismo científico, cuja proposição se baseou:
a) em apontar e discutir as contradições do capitalismo, a partir da ideia de que seria necessária
a ação revolucionária dos trabalhadores.
b) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas em diferentes modelos econômicos,
visando ao aperfeiçoamento do Liberalismo.
c) na perspectiva de que seria urgente a redução do papel do Estado na economia.
d) em redefinir o movimento sindical, por considerar que ele estaria ultrapassado após a
Revolução Russa.
e) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas em diferentes modelos econômicos,
visando ao aperfeiçoamento do Liberalismo.

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