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Espiritismo e marxismo: um diálogo necessário

Publicado em 11 de março de 2019 por abpedagogiaespirita

O marxismo tem sido alvo de ataques por parte de integrantes do movimento espírita ao longo do tempo,
especialmente, nos dias atuais. A falta de compreensão acerca do que efetivamente significa o pensamento
marxista, bem como a própria constituição subjetiva dos espíritas, enquanto inseridos no contexto da sociedade
capitalista,[1] são algumas das causas fundamentais dessa triste realidade.

Em geral, os espíritas confundem o materialismo histórico com o materialismo, em sua acepção vulgar – esse
último objeto da crítica de Allan Kardec -, demonstrando uma compreensão totalmente equivocada do
marxismo, o qual passa a ser apontado como uma “ideologia nefasta”. Isso apenas é uma demonstração do
horizonte tacanho no qual, infelizmente – ressalvadas importantes exceções -, está inserido o grande
contingente dos espíritas em nosso país, distanciados dos avanços científicos e culturais da humanidade, em
total dissonância com as postulações do mestre lionês, que, inclusive, chegou a asseverar de modo peremptório:
“fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”.

Cumpre aqui tecer alguns esclarecimentos acerca do caminho teórico marxista, ainda que de maneira bastante
sucinta.

Karl Marx, na leitura apresentada pelo filósofo francês Louis Althusser – a qual foi objeto de estudo em meu
livro Marxismo, humanismo e direito: Althusser e Garaudy, publicado em 2018 pela Editora Ideias & Letras- ,
é o descobridor de um novo continente ao pensamento científico, ao fundar a “ciência da história das formações
sociais”.[2] Althusser apresenta a distinção entre ciência e ideologia. Sobre esse ponto, inclusive, a contribuição
althusseriana é fundamental, na medida em que o filósofo francês desenvolve, a partir da junção de marxismo e
psicanálise, um estudo aprofundado e original da ideologia, demonstrando que ela não é fruto das escolhas, mas
se apresenta de modo a dar as próprias balizas das escolhas individuais, operando no inconsciente e
constituindo as subjetividades. A ideologia impõe-se por meio de práticas materiais. Assim sendo, em uma
sociedade capitalista, cujo lastro reside na exploração da força de trabalho do proletariado pela burguesia, a
subjetividade humana é atravessada pela forma mercantil e pelas demais formas sociais que dela derivam de
maneira direta ou indireta.[3]

Embora sem desconsiderar a importância fundamental do pensamento espírita, podemos afirmar que o
marxismo, em termos amplos, prescinde do espiritismo, afinal, para o estudo da materialidade das relações
sociais, em uma sociedade capitalista, de cunho estruturalmente exploratório, desnecessário se recorrer, em um
primeiro momento, a explicações de caráter espiritual.[4] A opressão sofrida pela grande massa da população,
desprovida do capital e apartada dos meios de produção, salta aos olhos e, para que possam ser pensadas e
desenvolvidas maneiras de se romper com a constrição das formas sociais que permitem a perpetuação desse
modelo social, não é preciso que os seres do além-túmulo se façam presentes. Compete a nós, seres encarnados
nesse mundo, trabalharmos para destruir essa estrutura social apodrecida e construirmos uma sociedade
efetivamente liberta das agruras da exploração.

O espiritismo, por sua vez, ao postular um caráter científico e, ao mesmo tempo, apregoar consequências morais
em um horizonte de justiça e fraternidade, precisa ter um olhar especial ao marxismo, haja vista que este último
se apresenta como um caminho teórico e prático de transformação estrutural da sociedade. Podemos até mesmo
afirmar que, em nosso planeta Terra, os espíritas não devem prescindir, ao menos, do conhecimento do
marxismo, na medida em que ao espírita se faz mister uma preocupação efetiva com as misérias desse mundo,
diante da própria moralidade cristã, na qual ele se fundamenta.

Cabe aqui recordar o mito da caverna narrado por Platão e conclamar aos espíritas que saiam do mundo das
sombras e passem a enxergar a realidade social tal como ela se apresenta, despojando-se de noções
preconcebidas. Vivemos em uma época na qual muitos oradores espíritas limitam-se a fazer exposições
superficiais sobre as lições do evangelho ou a tecer comentários sobre os mais variados assuntos, totalmente
destituídos de embasamento teórico e de verdadeira pesquisa. Dedicam-se também – a pretexto de defender a
figura do Cristo – a fazer críticas disparatadas a desfiles de escolas de samba, julgando-os impróprios,
esquecendo-se de problemas muito mais prementes – como dos milhares que morrem à míngua por falta do
mínimo necessário para uma existência digna, em um contexto social de um neoliberalismo exacerbado e da
ameaça fascista que nos ronda -, distanciando-se, dessa maneira, da própria essência da mensagem de Jesus,
assemelhando-se, assim, a fariseus modernos. A mentalidade do espírita e dos religiosos, de modo geral, é
aquela da caridade, ou seja, muitos restringem-se a dar um pedaço de pão, um prato de sopa, uma cesta básica
no final do ano. Ou ainda, quando se dedicam a fundar instituições de assistência social de caráter bastante
louvável e até mesmo necessário, limitam-se a tratar a questão da miséria de maneira individualista e pontual,
sem procurar caminhos de combate às causas que a engendram.[5] Cabe aqui recordar as palavras de Dom
Hélder Câmara, um dos mais lúcidos expoentes do catolicismo brasileiro: “Quando alimentei os pobres
chamaram-me santo, mas quando perguntei por que há gente pobre chamaram-me comunista”.

O diálogo entre marxistas e cristãos já foi empreendido de maneira notável, por ambos os lados. Os avanços
nesse ponto foram muitos. Na esfera do espiritismo, ainda há muito por se fazer nesse sentido. Importante
salientar que o espiritismo, embora não possa ser classificado como uma religião propriamente dita, tem, em
certa medida, matrizes religiosas. Assim sendo, as contribuições originadas a partir desse diálogo podem, em
diversos aspectos, ser aproveitadas pelo movimento espírita.

Por fim, impende destacar que o espiritismo, desde a sua fundação por Allan Kardec, caracteriza-se por ser um
pensamento aberto e não dogmático. A abertura kardecista à ciência, bem como a preocupação social que subjaz
a todo edifício teórico construído pelo espiritismo, ensejam um campo fecundo de diálogo com o marxismo, na
busca de uma sociedade transformada.

[1]MASCARO, Alysson Leandro. Entre teoria e prática na sociabilidade contemporânea: Pensamento Social e Espiritismo . Disponível
em: <<http://www.pampedia.com.br/abpe/Artigos%20site/ABPE_siteArtigos%20Pensamento%20social%20e%20espiritismo.pdf&gt
http://www.pampedia.com.br/abpe/Artigos%20site/ABPE_siteArtigos%20Pensamento%20social%20e%20espiritismo.pdf&gt;.
;.
Acesso em: 09 mar. 2018.

[2]“Para ser mais preciso, eu diria que Marx “abriu” ao conhecimento científico um novo “continente”, o da história – como Tales
abrira ao conhecimento científico o “continente”da matemática, como Galileu abrira ao conhecimento científico o “continente” da
natureza física. […] Eu acrescentaria que, assim como a fundação da matemática por Tales “provocou” o nascimento da filosofia
platônica, assim como o nascimento da física por Galileu “provocou”o nascimento da filosofia cartesiana etc., a fundação da ciência
da história por Marx “provocou” o nascimento de uma nova filosofia teórica e praticamente revolucionária: a filosofia marxista ou o
materialismo dialético.” (ALTHUSSER, Louis. Por Marx . Tradução de LOUREIRO, Maria Leonor F.R.. Campinas: UNICAMP, 2015, p.
213)

[3]Sobre a questão das formas sociais e sua imbricação com o modo de produção capitalista, ver a obra Estado e forma política, de
Alysson Leandro Mascaro (São Paulo: Boitempo, 2013).

[4]Interessante, nesse ponto, destacar as observações feitas por Louis Althusser: “…o ateísmo é uma ideologia religiosa (ateísmo
como sistema teórico) e por isso o marxismo não é um ateísmo (neste sentido preciso). […] o ateísmo como sistema teórico é sempre
um humanismo […] O Marxismo não é um ateísmo tal como a física moderna não é uma física anti-aristotélica. […] O marxismo trata
a religião, o teísmo e o ateísmo do mesmo modo que a física moderna trata a física aristotélica, lutando teoricamente contra ela
quando esta constitui um obstáculo teórico, combatendo-a ideológica e politicamente, quando constitui um obstáculo ideológico e
político.” (ALTHUSSER, Louis. Polêmica sobre o humanismo. Tradução de Carlos Braga Lisboa: Presença, 1967, p. 221-222).

[5]MAGALHÃES, Juliana Paula. Marxismo, cristianismo e direito: as implicações do debate sobre o humanismo. Revista Direito e
Espiritualidade. Ano 3, n. 5, julho/dezembro de 2018. São Paulo: Associação Jurídico Espírita do Brasil, 2018.

Juliana Paula Magalhães

Doutoranda e Mestra em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Faculdade de Direito da USP. Bacharela em
Direito pela mesma instituição.

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Althusser, Marxismo, opressão, Platão, transformação social. Guardar link permanente.

40 respostas para Espiritismo e marxismo: um diálogo necessário

Waldomiro Pereira da Silva disse:


11 de março de 2019 às 14:52

Extremamente atual a discussão deste tema.

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Waldomiro Pereira da Silva disse:


11 de março de 2019 às 14:55

Até que enfim aberta está discussão.

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apmota disse:
11 de março de 2019 às 15:24
Ótima abordagem. Excelente apontar os conceitos de materialismo histórico e materialismo, isso deverá dar novas
perspectivas aos espíritas que entendem que marxismo é antagonico ao espiritismo. Parabéns J. P . Magalhães.

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LUIS LANDES DA SILVA PEREIRA disse:


11 de março de 2019 às 15:27

O tema é interessante. Léon Denis, de certa forma, iniciou estudos nesse sentido.

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Paulo Cezar Fernandes disse:


11 de março de 2019 às 18:44

A autora parece conhecer um pouco mais do Marxismo do que do Espiritismo, e menos ainda de Allan kardec, pois, ao
contrário do que afirma, Kardec não toma o Materialismo no sentido vulgar, mas, sim, Filosófico, como oposição ao
Espiritualismo. Assim, o Materialismo combatido por Allan Kardec é equivalente ao que a contemporaneidade denomina
Biologismo, ou seja, que o Ser Humano é constituído apenas por matéria, enquanto Kardec constituiu o pensamento Espírita,
de que este é constituído por Espírito, Perispírito e Matéria.

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Vitor M disse:
11 de março de 2019 às 19:59

Parece-me que o amigo não compreendeu a diferenciação que a autora fez entre materialismo histórico e o
materialismo alvo de Kardec. O materialismo no sentido vulgar é exatamente o que se opõe ao espiritualismo. Releia
o início do 2º parágrafo.

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Paulo cezar Fernandes disse:


12 de março de 2019 às 20:11

Se foi essa a relação, ainda assim permanece o equívoco da autora, pois, o Materialismo em oposição ao
Espiritualismo não é um conceito estabelecido pelo senso comum, mas filosófico.

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Vitor M disse:
12 de março de 2019 às 22:43

Hum, acho que entendi seu ponto, mas faltou-lhe a noção de que a autora escreve para um público espírita; e
para esse grupo o materialismo filosófico é o senso comum.

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Paulo cezar Fernandes disse:


13 de março de 2019 às 14:50

Eu sou escritor Espírita, Mestre em Filosofia Moral de Kant pela Unesp, por isso lhe digo que Kardec
contestava o Materialismo como essência do Ser Humano, e não o referido materialismo como meio de vida
financeiro, vinculado ao entendimento do senso comum! Então, se ela quer falar para o público Espírita,
como afirma Gilles Gaston Granger, em “A Ciência e as Ciências”, ela deveria ser também especialista em
Allan Kardec para não ser leviana em sua crítica, e não no senso comum do Movimento Espírita Brasileiro, às
vezes, sim, muito distante do que pensa o organizador do trabalho dos Espíritos.

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Vitor M disse:
13 de março de 2019 às 16:30

Discordo completamente de que houve alguma leviandade no texto da autora, tampouco de que ela se referia
ao materialismo como apego aos bens materiais, como expus anteriormente. Está bem claro que ela trata o
materialismo filosófico como o senso comum espírita. Quanto a sua diferenciação do público espírita para o
público do movimento espírita brasileiro, no contexto em questão não faz qualquer diferença; os espíritas
tratam o materialismo como o oposto do espiritualismo, assemelhando-o ao ateísmo, portanto, a ideia é
válida para todas essas pessoas.

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Adson disse:
12 de março de 2019 às 22:35

A autora dividiu o materialismo em 2: aquele que compreende a teoria marxista e o materialismo em oposição à
metafísica. Talvez tenha faltado essa percepção na sua leitura.

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Osvaldo Loureiro disse:


15 de julho de 2019 às 23:26

Um discussão infrutífera…
Kardec foi enfático ao afirmar que o espiritismo não é comunista:

Na Revista Espírita do ano de 1863, Edição de fevereiro, na parte denominada ‘Sermões contra o Espiritismo’, Allan
Kardec, em resposta a injúrias contra a Doutrina Espírita proferidas por um bispo do Texas, em sermão realizado na
Igreja de Saint-Nizier, o qual acusava o espiritismo com os seguintes dizeres: ”O espiritismo vem destruir a família,
aviltar a mulher, pregar o suicídio, o adultério e o aborto, preconizar o comunismo, dissolver a sociedade.”.
Kardec, de forma segura e inconteste, responde: ”Temos necessidade de refutar semelhantes asserções? Não; basta
remeter ao estudo da doutrina, à leitura do que ela ensina, que é o que se faz em toda parte. Quem poderá acreditar
que pregamos o comunismo depois das instruções que demos a respeito no discurso publicado in extenso [referindo-
se ao discurso da ”Viagem Espírita”, de 1862] no relatório de nossa viagem em 1862? Quem poderá ver nas palavras
seguintes uma excitação à anarquia, encontradas na mesma brochura, página 58 ‘Em todo caso, os espíritas devem
ser os primeiros a dar exemplo de submissão às leis, no caso de serem convocados’.”​

E não acredita no comunismo, quando escreve da seguinte forma…

Kardec diz em ”Viagem Espírita”, de 1862, nos ‘Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos Espíritas de Lyon e
Bordeaux – III’, o seguinte: “a totalidade das riquezas, postas em comum, criaria uma miséria geral, em vez de uma
miséria parcial; que a igualdade hoje estabelecida seria rompida amanhã pela mobilidade da população e pela
diferença entre as aptidões.”.

Toda fala está pautada nos ensinamentos descritos no Livro dos espíritos e Evangelho Segundo o Espiritismo
Desigualdade das riquezas, questão 811 do Livro dos Espíritos:
811. Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?
“Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.”
a) – Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade. Que pensais a respeito?
“São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja. Não compreendem que a igualdade com que sonham
seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e não corrais atrás
de quimeras.”

Capítulo XVI do Evangelho Segundo o Espiritismo, item 8:


”A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere
apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens?
Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir,
nem sóbrios e previdentes para conservar. É, aliás, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida
com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o
equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e
durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que
concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade; que, admitido desse ela a cada um o necessário, já
não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a
concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.”

Enfim, Kardec não pode ser comparado a uma pessoa que prega violência do início ao fim em uma obra, como é o
Manifesto Comunista, cuja conclusão da obra segregadora se resume no seguinte texto:
”’Os comunistas não se rebaixam a ocultar suas opiniões e os seus propósitos. Declaram abertamente que os seus
objetivos só poderão ser alcançados pela DERRUBADA VIOLENTA de toda ordem social existente. Que as classes
dominantes tremam à ideia de uma revolução comunista. Nela, os proletários nada tem a perder a não ser suas
prisões, tem um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!”’

Por fim, Marx, comunismo e comunistas buscam a transformação social através da morte e violência, o que é
inconteste em todo Manifesto Comunista.

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Dora Incontri disse:


16 de julho de 2019 às 15:02

Por favor, leia meu artigo no link seguinte, onde eu esclareço algumas questões a respeito:
https://www.pedagogiaespirita.org.br/single-post/2016/04/20/Socialismo-e-Espiritismo

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ALESSANDRO PERCIVALLI DE SOUZA disse:


7 de setembro de 2020 às 22:31

Kardec Cometeu falha grave ao interpretar o comunismo como doutrina que aspíra “igualar as riquezas” ao
“por as riquezas em comum”.

O que o comunismo procura igualar as condições de geração e aquisição de riquezas por meio da
coletivização dos MEIOS DE PRODUÇÃO destas riquezas.

Logo, a mesma defesa que Kardec fez da sua doutrina espírita ante as falsificações tentadas pelo bispo do
Texas, cabem a ele e a todos os demais espíritas que pretendam falar do Marxismo. Ou seja, é preciso mesmo
tecer algum tipo de defesa sobre isso? Leiam a doutrina que estará respondido (assim, Kardec espera que o
próprio interessado comprove que não é aquilo que doutrina afirma e pretende). A mesma observação se faz
quanto ao Marxismo;leiam primeiro e constatem se é isso mesmo que a teoria afirma ou pretende.

Esse ero foi gravíssimo e ajudou a atrasar ainda mais a instalação do reino de deus na Terra. Esse sim,
totalmente incompatível com o capitalismo e a retórica neoliberal.

O erro só não foi mais grave do que sua interpretação racista do desenvolvimento das civilizações
identificadas equivocadamente com o grau de evolução espiritual dos povos, numa espécie de transposição
do darwinismo social para a teoria da evolução espiritual.
Esta odiosa interpretação forneceria subsidio extra para toda a classe de indivíduos malignos interessados em
fornecer uma justificação (melhor dizer, coonestação) religiosa para a escravização das populações africanas.

Este ainda permanece o erro mais grosseiro a afastar os espíritos e mentes mais nobres da doutrina espírita
até os dias atuais, mas como se vê, sua distorção (intencional ou não) do Marxismo também é um erro cabal
do codificador a produzir maus frutos ao longo dos séculos.

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Fabrício Valle disse:


17 de outubro de 2020 às 19:44

Mesmo no sentido filosófico, a dicotomia espiritualismo/materialismo já foi superada. Lembro inclusive que o
espiritismo é uma doutrina monista e os estudos devem levar isso em consideração. Considero a abordagem do
monismo ubaldiano mais avançada que a abordagem do espiritismo nesse campo.
Mas, ficando na questão do marxismo, é bom lembrar que Kardec e Marx foram contemporâneos e que é natural que
o espiritismo não tenha focado no objeto de estudos de Marx, que estudou a sociedade burguesa, e ainda assim não
esgotou o tempo, pois o capitalismo continuou em mutação. Não era esse o escopo dos estudos de Kardec.
Mas, a autora tem toda razão nos argumentos em seu curto artigo, quanto às críticas que faz aos espíritas. Acrescento
que é do interesse do espiritismo contribuir com a construção de uma sociedade fraterna e justa, e assim conhecer
mais o que é o materialismo histórico dialético (que nada tem a ver com o materialismo do senso-comum, incluindo o
biologismo), é uma obrigação, pois os marxistas estão engajados também em transformar o mundo e o modo de
produção capitalista faz parte das causas das criação das misérias, das guerras imperalistas, dos golpes de Estado e
outras mazelas que o espiritismo quer superar. O caminho da reforma intima é insuficiente. E para que serve um
homem renovado se não para mudar o mundo na práxis? O marxismo aponta para uma direção para essa
transformação.

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neypenalva disse:
12 de março de 2019 às 17:17

DIALÉTICA MATERIALISTA HISTÓRICA

Marx e Engels juntam as duas formulações anteriores e acrescentam os dados históricos, criando o termo materialismo
dialético histórico. Há luta dos contrários, mas isso se dá no âmbito da história. Observando as ocorrências históricas, Marx
percebeu a luta de classes é que domina o mundo. Na Antigüidade, os escravos lutavam contra os senhores; na Idade Média,
os vassalos lutavam contra os senhores feudais; em sua época, observando a Revolução Francesa, presumia que o
proletariado deveria lutar contra os empresários. Daí, sua tese: “A superação do capitalismo está no próprio germe do
capitalismo.

A PERSPECTIVA DA DIALÉTICA MATERIALISTA

Na perspectiva da dialética materialista, a matéria é eterna, essencialmente dinâmica, em permanente movimento


ascensorial. Num determinado momento do seu curso evolutivo, aparece a vida; num determinado momento da evolução da
vida, surge o homem, cujo cérebro produz o pensamento como reflexo dos movimentos anteriores. Aplicada à história, a
dialética materialista significa que a evolução da sociedade é determinada, em última instância, pelo modo de produção dos
meios de subsistência. Com base nessa observação histórica, Marx e Engels sustentam que “a história de toda a sociedade até
os nossos dias é a história da luta de classes”. (Manifesto do Partido Comunista)

MARXISMO E ESPIRITISMO

MARXISMO E O ESPÍRITO

O marxismo, como gerador de um sentimento materialista, vem sendo criticado pelos teóricos religiosos. Quanto a nós, seria
conveniente descortinar novos horizontes de análise. Marx, como sabemos, era um cientista, e como tal, baseava-se na
comprovação dos fatos. Os fatos materiais, aqueles que se podem apalpar, oferecem vasto campo à comprovação. Quanto aos
dados do Espírito, a religião da época não lhe fornecia provas convincentes. Marx desconfiava das promessas da felicidade
em outro mundo, na vida futura. Concentra-se assim apenas na matéria, no concreto. Não o faz por ódio, capricho, por
querer contrariar a religião, mas por causa de sua sina de cientista. Ao Espiritismo cabe-lhe fornecer a dimensão do Espírito,
entendido como Espírito, perispírito e corpo físico. (Mariotti, 1983 cap. II)

MARX E KARDEC

Marx libertou o homem da exploração econômica. Deu-lhe uma nova dimensão do ser quanto à sua função material na
sociedade. Contudo, faltou-lhe a dimensão metafísica, da vida além-túmulo que o Espiritismo lhe pode oferecer facilmente.
Com Marx, o ser humano morre para nunca mais nascer. A realidade do Espírito, contudo, explicada por Allan Kardec, é
outra. Ele é imortal e pode retornar à terra quantas vezes forem necessárias para dar prosseguimento à sua evolução rumo à
perfeição ensinada pelo mestre Jesus. (Mariotti, 1983, cap. III)

DESMANDO INTELECTUAL

Marx pode ter se inserido no mundo como um cientista. Não precisava ser radical ao ponto de negar a existência do Espírito,
do sentimento religioso, inerente em todo o ser humano. O Espírito Emmanuel alerta-nos para os desmandos intelectuais,
quando nos deixamos envolver demasiadamente pela demanda científica da sociedade. A vida é muito mais do que a ciência,
do que a filosofia e do que a própria religião. O ser vivente é uma alma que aspira a uma íntima relação com o seu Criador,
através dos ensinamentos trazidos por Jesus Cristo, nosso Mestre e Salvador.

. CONCLUSÃO

O Espiritismo é um farol que ilumina tudo quanto toca. Saibamos nos desprender dos bens materiais, deixando o nosso
interior livre dos diversos vícios que possam tisnar a boa recepção dessa luz espiritual.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MARIOTTI, Humberto. Parapsicologia e Materialismo Histórico. Tradução de J. L. Ovando. São Paulo: Edicel, 1983.

POLIS – ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

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Ricardo Mendonça disse:


13 de março de 2019 às 20:45

Acho que está longe de ser o ponto central da adesão conservadora dos espíritas. A grande maioria quando tem formação em
áreas específicas passam longe do conhecimento das ciências humanas e sociais, então o debate tem sido com as informações
gerais da sociedade sobre a realidade politica e social e não a partir de debates que envolvem conhecimento científico como a
questão do materialismo histórico e dialético. Por outro lado, é preciso lembrar que o projeto espírita tem objetivos
espirituais e o marxismo é um projeto para o mundo terreno, isto deve ser considerado e explica muita coisa.

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Paulo Cezar Fernandes disse:


14 de março de 2019 às 13:05

Se essa é uma matéria do interesse do prezado amigo, sugiro a leitura de uma obra do Filósofo Espírita Léon Denis,
“Socialismo e Espiritismo”, pois esse autor bem apreendeu tanto o pensamento de Kardec, quanto à Revolução
teórico-prática realizada neste campo, contemporânea do mesmo.
Um fraternal abraço.
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Fabrício Valle disse:


17 de outubro de 2020 às 19:47

Lembro que essa obra diz respeito mais ao socialismo utópico. O chamado socialismo científico é o que se
baseia no pensamento de Karl Marx.

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Leila cipriano disse:


14 de março de 2019 às 02:36

Como alguém pode ser espírita sem ser socialista?


O medo incutido na mente do povo brasileiro durante a ditadura colaborou muito pra isso, aliado ao fato de poucos se
interessarem em descobrir a verdade, aquela que liberta.
Triste.

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Marcelo Pacce disse:


16 de março de 2019 às 11:36

Excelente!
O Espiritismo não tem que ser marxista necessariamente. Mas para ser Espiritismo, necessita ser solidário, tolerante, não
beligerante, denefensor dos direitos humanos, progressista, não preconceituoso, amoroso e jamais estar ao lado de quem
massacra o povo sofrido. O Espírita com E maiúsculo, necessita ao menos ler e praticar o que está escrito em Mateus capítulo
25. vv 31 a 46.

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Marta Regina Geraldo de Oliveira disse:


25 de março de 2019 às 18:04

Ótima abordagem, segundo Kardec: “(…) depois do alimento material, precisa ele do alimento
espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização”. Com a barriga vazia, preocupado só com a sobrevivência é
difícil pensar no espírito.

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Maria ima disse:


26 de março de 2019 às 21:04

Parabéns Juliana!! Gratidao.

Jesus materialista na multiplicao dos peixes.


Antes, Kardec era teoria até que entendeu a necessidade de divulgar a palavra > casas espíritas, livros, revista; de alimentar
os mais pobres – sopao; educar – escolas, creches.

Deus é um grande empreendedor (que todos fossem como ele) – administra com primazia delegando poderes – Kardec
cuidará da evolucao Do Direito da alma, Marx da evolucao do Direito material, Durkheim e Weber a evolucao do Direito
Social e assim sucessivamente. Jesus trouxe um séquito – 12 apóstolos e uma apóstola.

————-

Alguns querem seus milagres, outros querem apenas ouví-lo, outros ainda buscavam uma ressalva a fim de contestá-lo. Mas
um era o sentimento de todos: queremos a manifestação de Deus.

Para surpresa de todos, nada acontece. Nenhum milagre ocorre, nenhuma manifestação extraordinária surpreende a todos.
Apenas aquele homem se levanta e começa a discorrer. Após horas de discurso, todos estavam cansados e com fome. Os
discípulos alertam o mestre para tal fato, no qual ele responde:

– Alimentem a multidão!

Os discípulos se apressam em respondê-lo, e dizem:

– Mas, senhor, como nós alimentaremos tal multidão? Nem que multiplicássemos todo o nosso dinheiro, seriamos capazes
de alimentá-los”

Um certo homem, ouviu a conversa e os interpelou dizendo a André que tinha comida. André foi e disse a Jesus:

– Senhor, tem um homem aqui que possui 5 pães e 2 peixes para dividir…

Foi somente após o gesto deste homem que, então, Jesus orou agradecendo…”

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Beto Souza disse:


30 de março de 2019 às 19:09

Todos os espíritos são criados iguais em sua origem, mas neste plano material ainda não nascemos em igualdade de
condições.
Caminhamos lentamente de realidade de exploração para a regeneração através da cooperação.
Ainda temos muito que andar, sem violência, ou como diria Allan Kardec, sem saltos.
Abraços fraternos.

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Apinas disse:
14 de abril de 2019 às 05:49

Quero ver a autora do texto refutar o historiador britânico Paul Johnson q fala de Karl Marx como sendo resumidamente um
degenerado no seu livro “Intelectuais”… vai lá ler o livro e ficar horrorizada em saber quem foi o homem Karl Marx… e como
disse Jesus: “Pelos frutos os conhecereis!”… O marxismo condensou todo o espírito revolucionário q pairava sobre a
humanidade desde o século XVIII, culminando c/ duas terríveis guerras mundiais no século XX…! Na teoria de Marx, o
socialismo é o resultado do fracasso do capitalismo e seria a ponte para o comunismo (doutrina econômica e sociopolítica, de
cunho revolucionário, elaborada pelos teóricos alemães Karl Marx 1818-1883 e Friedrich Engels 1820-1895, que prevê a
superação do capitalismo por meio da luta de classes, o fim da propriedade privada dos meios de produção, a instauração de
um regime de partido único e, num último estágio, a supressão do Estado e o estabelecimento de uma sociedade sem classes,
ou seja, uma utopia!), atingindo então um mundo maravilhoso… onde todos seriam iguais… sim, o povo seria igual nas
misérias, enquanto o partido único estaria “imune” reinando absoluto (China, Rússia, Coréia do Norte e Cuba por exemplo,
percebendo q o comunismo é impossível, estacionaram a revolução numa denominada economia “capitalista de Estado”
onde mais lembram a forma de governo do fascismo de Benito Mussolini)… Marx não deve ter lido Aristóteles pelo jeito, ou
caso tenha lido, jogou fora as conclusões do estagirita no livro “Política” onde ele fala abertamente ser impossível uma
sociedade igualitária, coisa q o próprio Kardec escreveu na sua obra “O Livro dos Espíritos”…! Pensem bem, e não se deixem
enganar pelo canto da sereia dos socialistas…!

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Marcelo Pacce disse:


14 de abril de 2019 às 12:45

Ante de refletirem, desvinculem Marx do “marxismo” e Kardec do “kardecismo”. O que fazem os espiritas brasileiros
com o pesamento de Kardec, é o que Lenin, Stálin, Kruchev, etc, fizeram com o pensamento de Karl Marx. O
espiritismo brasileiro está totalmente baseado no catolicismo. Chamam Maria de “santíssima”. Assim está o
marxismo, tudo, menos Marx.

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Apinas disse:
18 de abril de 2019 às 00:28

Pois é, mais um que diz “deturparam o marxismo, deturparam Karl Marx…!”… Ah, nos poupe, por favor!

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mzanolini disse:
18 de abril de 2019 às 15:47

Apinas, tenho certeza que se o Paul Johnson fizer um livro sobre você ou sobre mim, as pessoas ficariam horrorizadas
em saberem quem fomos, o que fizemos, etc. Olhar a vida particular de alguém sob um determinado ângulo sempre
dá margem a julgamentos morais. Mas o ponto sobre a compreensão de Marx a respeito das relações econômicas e
seus efeitos na sociedade, é que essa compreensão foi profundamente impactante no pensamento de todos os
acadêmicos (de todas as áreas) que vieram depois dele. Mesmo que seja para apontar problemas nas soluções
propostas por Marx (decorrentes da análise econômica que ele fez), o debate sempre passa por ele. Sem dúvida as
tentativas de implantar tais ideias (URSS, China, Cuba, Coréia do Norte) foram/são muito problemáticas, mas esses
exemplos (e nem a vida de Marx) invalidam a ideia em si.

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Adriana Engel disse:


9 de maio de 2019 às 11:10

Na verdade o que se implantou nesses países foram regimes totalitaristas que interpretaram ao seu modo o
marxismo. O marxismo na sua essência nunca existiu, pois o ser humano ainda não é capaz de desapegar-se
de ser egoísta ao ponto de submeter o outro a miséria para satisfazer seus caprichos.

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Fabrício Valle disse:


17 de outubro de 2020 às 19:58

Esse pessoal que critica o socialismo real esquece de olhar para o capitalismo real, sob o qual prospera a
forma, a miséria, patrocínio de golpes de Estado em países periféricos, democráticos mas naiconaislista por
países do capitalismo central para roubar petróleo.
O capitalismo não resolveu o problema do povo nem na meca do capitalismo, os EUA, e querem os
seguidores acríticos do capitalismo apontar o dedo para a URSS, a China e Cuba. Esquecem que a URSS, por
exemplo, antes de 1917 tinha 400 anos de czarismo e deu um salto tremendo, chegando a competir com os
EUA na corrida espacial. Houve erros sim, e na URSS não se seguiu o caminho do comunismo de conselhos
(soviete em russo quer dizer “conselho”), mas o capitalismo de Estado. Mas isso por injunções históricas.
Mas mesma coisa com Cuba, que é uma ilhota pequena, sitiada por um embargo criminoso dos EUA e mesmo
assim tem um nível de vida bom para todos os cubanos. Os EUA um dia ainda será julgado por um tribunal
internacional por crimes contra a humanidade devido à sua geopolítica imperialista.

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Raphael disse:
10 de maio de 2020 às 01:34

Usar Paul Johnson para entender Marx seria a mesma coisa usar Padre Quevedo para compreender Kardec. O
conservador Paul Johnson que também não foi exemplo de comportamento não pode ser usado para entender Marx,
não somente tem uma opinião rasteira de Marx, como deturpa em tantos vários outros pontos. Quero dizer que o
julgamento moral do filósofo não pode servir para descartar suas obras. Primeiro que tais julgamentos são
subjetivos: “Ah, Platão e Aristóteles transava com seus alunos, Nietzsche era misógino e praticava orgias…”. Muitas
biografias contestam esse Marx insensível com a família como o conservador Paul Johnson escreve. As ações de
Marx, Freud, Nietzsche, Aristóteles serão cobradas por sua própria consciência e sua evolução continuará em
processo, como precisa ser. Ninguém deixa de ouvir a 5ª Sinfonia de Beethoven ao ler que foi alguém detestável (e
nem sabemos se isso realmente foi verdade). Se fossemos considerar as imperfeições dos grandes escritos, artistas,
pensadores, etc, o que nos sobraria? Mesmo o Kardec fora racista porque é um homem do seu tempo.
Outro erro absurdo é associar um pensador genial com déspotas e tiranos do século XX. Se não podemos colocar do
mesmo lado, salvo as devidas proporções, Jesus Cristo com os inquisidores, a Igreja Católica medieval e toda a trupe
dita cristã, por outro lado, equivaler o pensamento destes grandes vultos da humanidade com seguidores
oportunistas nos reduz à mediocridade do pensamento. Qual o caminho para entender Marx? Estude sua obra. “Eu
me recuso, acho abominável”. Então não diga algo que não conhece. Seja honesto intelectual e não faça a mesma
leviandade que Paul Johnson.

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Adriana Engel disse:


9 de maio de 2019 às 11:03

Parabéns pela análise. Espíritas que nunca leram nada de Marx e o critcam, simplesmente reproduzem o que ouvem.
Espíritas: instruí-vos.

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Apolônio disse:
27 de junho de 2019 às 01:28

Kardec diz, na questão 930, Numa sociedade organizada segundo a Lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome .Um modelo
social e econômico que incentiva o individualismo, e a competição, reforça no indivíduo o egoísmo, a indiferença pelo outro,
portanto isso não pode ser comportamento de verdadeiros cristãos e espíritas.

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Mario B disse:
6 de janeiro de 2020 às 04:24

Caro amigo, nessa questão 930, o Espírito que responde se refere à uma sociedade já mais evoluída (mesmo porque a
questão se insere no Livro IV do LE, Esperanças e Consolações). Nós ainda não vivemos essa condição. E só
viveremos um mundo um pouco melhorado quando houver mais espíritos bons que maus em nossa sociedade. Mas
os espíritos ainda atrasados, como nós mesmos, só se melhorarão aos poucos e por si mesmos. Tornar-se um espírito
bom é uma conquista específica do indivíduo que só se consolida quando ele incorporar atos de bondade como sendo
rotineiros na sua vida, nas mais diversas condições e situações, seja na posição de rico, de pobre, negro, branco,
estudado ou largado no mundo, mendigo, estropiado, modelo de capa de revista, vivendo em meio a um sistema
totalitário ou em uma próspera democracia capitalista e assim por diante. Só será verdadeiramente bom quando já
não souber fazer outra coisa além do bem, em todas as situações que se apresentarem. Por isso é uma falácia
acreditar que um sistema político seja o remédio para os males da humanidade. Se um sistema político te obrigasse a
pagar pela caridade feita a alguém, não seria você que estaria se exercitando para se melhorar. Seria uma obrigação,
não um ato espontâneo que é o que verdadeiramente conta. Compreende agora que uma sociedade evoluída não tem
nada a haver com imposição de sistemas políticos? de luta entre diferentes classes sendo que em todas elas você
poderá estar fadado estagiar durante as suas diferentes encarnações? Que os sistemas políticos melhores serão
naturalmente estabelecidos apenas quando a maioria dos membros da sociedade estiver melhorada? Esse é o
entendimento ampliado informado pelos Espíritos Superiores e compilado por Kardec. Abraços

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Carlos disse:
1 de julho de 2019 às 02:58

Uma coisa tão óbvia que eu não consigo entender nos espiritas que são contra o socialismo, por exemplo, é eles acreditarem
na existência das colônias espirituais, E NUNCA, terem atinado para o fato do sistema de lá ser mais próximo do socialismo
do que do capitalismo. Por exemplo: Lá não existe propriedade privada dos meios de produção, lá não existe propriedade
privada particular (casa sua), lá não existe a figura do capital, lá não existe a figura do empresário, dos bancos, dos
investimentos, das bolsas de valores, lá não existe mercado, lá o sistema é todo coordenado pelo Ministério que faz a vez do
Estado centralizando tudo. Portanto muito mais próximo do comunismo e do socialismo que do capitalismo. E qual é, para
nós espiritas, o nosso maior parâmetro, o nosso norte no que se refere a um sistema bem feito? O sistema das colônias.
Acreditamos piamente que um dia a Terra, pós estado de regeneração, se tornará algo parecido em termos de organização
social.

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Carlos disse:
1 de julho de 2019 às 14:27

Corrigindo o meu texto acima:


Uma coisa tão óbvia, e que eu não consigo entender nos espiritas que são contra o socialismo, é acreditarem na
existência das colônias espirituais, e NUNCA, terem atinado para o fato do sistema de lá ser mais próximo do
socialismo do que do capitalismo. Por exemplo: Lá não existe propriedade privada dos meios de produção, lá não
existe propriedade privada particular (casa sua), lá o sistema é todo coordenado pelo Ministério que faz a vez do
Estado, centralizando tudo, lá se ganha realmente por merecimento (não é falsa meritocracia daqui da Terra), lá não
existem classes sociais ou desigualdade social, ou seja, coisas que determinam o socialismo. E lá não existe a figura
do capitalista e do capital, lá não existe a figura do empresário, a propriedade privada, os bancos, os investimentos e
investidores, o rentismo, as bolsas de valores, lá não existe mercado, tudo o que determina o capitalismo. Portanto,
muito mais próximo do comunismo e do socialismo do que do capitalismo. E qual é, para nós espiritas, o maior
parâmetro, o nosso norte, no que se refere a um sistema bem feito? O sistema das colônias. Acreditamos piamente
que um dia, a Terra, pós estagio de regeneração, se tornará algo parecido em termos de organização social.

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Maria Lima disse:


1 de julho de 2019 às 14:37

Bem dito, Carlos.

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Mario B disse:
6 de janeiro de 2020 às 03:15

Caro amigo, Cidades Espirituais não fazem parte do Espiritismo Kardecista por ter Kardec confirmado que
elas em realidade elas não existem. Essas cidades apenas existem na narrativa de espíritos menos
desenvolvidos, ainda incapazes de viver no espaço sem projetar com sua mente esse tipo de “localidade”.
Pesquise e terá a resposta, infelizmente um pouco escondida sob o entulho das centenas de obras mediúnicas
não aderentes aos controles de veracidade especificados por Kardec. Desencarnados, os espíritos não mais
sofrem os efeitos da matéria. Embora a maioria, pouco elevada, ainda possa acreditar que sofra. Em outras
palavras, segundo o Espiritismo Kardecista, não há o menor sentido falar de Marxismo no âmbito do mundo
Espiritual. Mas entenda bem: espíritos atrasados, arraigados à visão materialista, certamente acreditarão por
um bom tempo nisso após terem feito a sua travessia, chegando a confirmar esse entendimento se forem
invocados numa sessão mediúnica. Abraços

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Felipe Salgueiro disse:


20 de setembro de 2020 às 18:31

O Marxismo tem pressupostos materialistas que são completamente avessos ao espiritismo. Ao contrário do que a autora
diz,o combate de Kardec é em relação aos pressupostos do materialismo filosófico, é não somente ao “vulgar”.

Quando digo que os axiomas do marxismo são avessos aos do espiritismo,digo que essas diferenças se refletem na
abordagem ,inclusive,analítica da sociedade,história,política,econômica,etc.

Apesar de não.ser recorrente, faltando,a meu ver,com pouco conhecimento que tenho do espiritismo(mas o bastante para
reconhecer a completa separação entre marxismo e espiritismo),uma construção analítica teórica mais aprofundada da
economia,política,sociedade ;enfim,uma teoria espírita das ciências sociais;apesar dessa ausência aparente por parte do
espiritismo, pela comparação dos axiomas 1ue são base ao espiritismo com.os axiomas que são base ao marxismo
materialista,pode-se dizer que chegaremos a construções teóricas das ciências humanas totalmente diferentes em sua análise
e perspectiva de atuação diante de suas conclusões.

Definitivamente,o marxismo não completa o espiritismo em nada.

Só para ficar num exemplo, o marxismo ,com seus axiomas próprios, considera a moral e a ética como produtos históricos-
sociais,como algo imanente as sociedades que a sustentam.

Ao contrário do espiritismo,que aborda a moral e a ética sob o ponto de vista individual,como sendo algo universal. Que
perpassa as vivências concretas das coletividades. Que já vem embutido,pelo menos como referencial,pelo próprio indivíduo
no momento de sua criação, ANTES do indivíduo ser colocado em contato com as coletividades.

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Alessandro Percivalli de Souza disse:


19 de outubro de 2020 às 03:17

Pra mim a verdadeira questão que deflagra algum tipo de incompatibilidade entre o Marxismo e o espiritismo é o dilema
ético sobre COMO agir para se atingir um melhor estado das coisas.

De fato, o espiritismo jamais poderia aceitar (ou recomendar) qualquer ação baseada no famoso princípio de que “os fins
justificam os meios”. Isto significa que, por mais nobres que sejam os objetivos do Marxismo, este, não deveria ser atingido
pela força, ou pela imposição (ainda que o capitalismo se sirva a vontade do uso da força para se perpetuar).

O grande “X” da questão moral, portanto, que aparece muitas vezes subentendido entre as simpatias e antipatias que sempre
verificamos quando se debate o assunto é a questão da revolução armada. Esse sim, seria um motivo de aversão justificado.

Quanto ao comentário anterior que manifesta sua antítese contra o marxismo, pautado apenas na ideia de que o sistema
proposto por Marx seria uma utopia, convém lembrarmos que, uma transição planetária que transformará a Terra em um
plano de “regeneração”, e, posteriormente, em um mundo feliz, a partir da transformação moral de seus habitantes
despojados de orgulho e ganância, não me parece menos utópico (segundo seus próprios critérios) do que o Marxismo.
segundo o critério de utopia evocado, deveríamos então abandonar o espiritismo?

Sim, existes outras questões que motivam o debate sobre a incompatibilidade das doutrinas já apareceram aqui, como por
exemplo a questão da tradicional confusão entre o “materialismo histórico dialético” e o “materialismo do senso comum”,
reforçado pela própria “desconfiança” de Marx quanto a justiça divina e as recompensas pós morte.

Sim, também existe a questão da deturpação (intencional e consciente ou não) dos verdadeiros anseios e objetivos do
Marxismo, identificados erroneamente (ou levianamente) com o desejo infantil de se igualar as riquezas entre os homens. O
objetivo de abolir classes sociais só pode ser identificado com igualar as riquezas quando não se entendeu o que
verdadeiramente cria as classes sociais (que está longe de ser a discrepância de dotes entre as pessoas).

Para mim, por enquanto, as desigualdades entre os povos (mais até do que entre indivíduos dos mesmos países) serve aos
desígnios necessários da providência que, por hora encontra nessas desigualdades oportunidade de resgates karmicos
importantes. Mas, quando os Karmas e as provas relacionados as posições sociais extremas estiverem se esgotando, é bem
possível sim que o socialismo consiga se instalar no nosso orbe, sendo ele mesmo o prenúncio e a própria realização da
transição planetária.

Antes de me tornar espírita, entendia que a via revolucionária seria a única possível. Hoje, ao compreender melhor a
natureza de nossa passagem e do nosso orbe (de provas e expiações) entendo que esta via, geraria talvez mais um milênio de
karmas expiatórios para se desenrolarem no Globo, atrasando ainda mais a transição planetária para a regeneração que tanto
almejamos.

Enfim, o tema é polêmico

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