Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
AS IDEIAS MARXISTAS
A implementação do marxismo: dois exemplos
O CAPITALISMO LIBERAL
O exemplo dos EUA
MARXISMO VS LIBERALISMO
Direitos humanos
Natureza humana
Filosofia social
O equilíbrio
O MARXISMO CULTURAL E A TEORIA CRÍTICA
Os pressupostos da Teoria Crítica
Uma crítica da Teoria Crítica
Uma ideologia totalitária
COMO CONVIVER COM O MARXISMO CULTURAL?
INTRODUÇÃO
Mas não era apenas a religião que Marx criticava na sua filosofia;
o próprio estado para Marx, era também historicamente um sintoma
da necessidade do homem se refugiar numa entidade
transcendente, e ao mesmo tempo um instrumento dos poderosos
para dominar. Para Marx, e o seu companheiro de luta e
pensamento, Friedrich Engels, o Estado iria eventualmente deixar
de ser necessário e desaparecer, à medida que as massas
produtivas tomassem o poder e se organizassem numa sociedade
comunista. Engels não tinha dúvidas em escrever que “O Estado
desaparecerá inevitavelmente, juntamente com as classes.”3 Então
o que era necessário para as massas se libertarem da opressão era
um estado verdadeiramente universal, sem classes, religião oficial
ou propriedade privada, um estado não dominado pelos poderosos -
a burguesia - mas composto por representantes da classe
trabalhadora - aquilo a que Marx chamava o proletariado.
Mas para Marx e Engels os males do homem começavam numa
instituição ainda mais basilar do que a igreja ou o estado: a raiz de
toda a servidão era a família. Era na família que para Engels
começava toda a opressão. Por isso ele escreveu na sua obra “A
origem da família da propriedade privada e do Estado”:
Direitos humanos
O primeiro pressuposto que iremos considerar, e um que falha na
filosofia marxista, ao contrário do que acontece na filosofia liberal, é
a visão do homem como tendo direitos inalienáveis e inerentes.
Para John Locke, o pai do liberalismo, e sem dúvida por causa das
suas raízes cristãs, todas as pessoas são dotadas de direitos
naturais à vida, liberdade e propriedade, e esses direitos não lhes
podem ser negados por nenhuma autoridade, porque lhe são
conferidos por Deus28. É uma visão teísta, que coloca um Criador
como legislador moral e o homem como uma criatura que encontra
a sua identidade por referência a um Deus Todo-Poderoso. Foi esta
visão que esteve na origem da constituição dos Estados Unidos da
América e das declarações dos direitos humanos, e é esta ideia de
direitos humanos inalienáveis e transcendentes que fundamenta o
liberalismo.
Marx opunha-se ferozmente a esta ideia. Em linha com a sua
visão do materialismo histórico, não apenas a história era movida
apenas por fatores materiais, como a religião e a ideia de Deus
eram causa e consequência da alienação do homem. Para ser livre
o homem, segundo Marx, não apenas não precisava da religião,
como se devia livrar dela como factor de opressão. É fácil então
perceber como para Marx os fins justificavam os meios, como para
obter liberdade, era legítimo usar violência para matar e silenciar os
opositores burgueses, sem qualquer peso na consciência: sem uma
lei superior e transcendente, a vida humana não tem valor objetivo,
e o poder torna-se o valor absoluto (era precisamente esta a tese
central de uma das filosofias emergente no tempo de Marx,
nomeadamente a do filósofo Nietszche). Esta ideia da revolução
violenta sai diretamente da Revolução Francesa e inspira o
marxismo, que por seu turno serve de base às revoluções
sangrentas e genocidas dos regimes comunistas do século XX.
Esta é uma implicação das filosofias de base ateísta que é
extremamente difícil de aceitar pelos humanistas seculares
modernos, que querem ter uma filosofia sem espaço para Deus e
para a religião, e ao mesmo tempo advogar uma moralidade objetiva
e transcendente a culturas e tempos. Mas isso é impossível: como
escreveu Fyodor Dostoievski, no seu romance “Os irmãos
Karamazov”, numa frase que se tornou célebre, “sem Deus, tudo é
permitido”. Sem uma moralidade que transcenda o homem, que lhe
venha de cima, do Criador e supremo Legislador, todos os valores
morais se tornam relativos a épocas e culturas, e nenhum está
imune a ser posto em causa e abolido. O século XX é disso prova
irrefutável.
Natureza humana
O segundo pressuposto filosófico que está em causa na
comparação destas visões é a natureza humana. Marx tinha uma
visão da natureza humana como algo equivalente aos instintos e
necessidades do ser humano, tendo classificado cada individuo em
sociedade como “uma totalidade de necessidades” 29. Por outro
lado, Marx aliava esta visão naturalista do homem como um ser tão
condicionado pelas suas necessidades como qualquer outro animal
(embora para Marx o homem fosse distinto destes por virtude da
sua evolução particular) a uma crença (fé?) na capacidade do
homem viver pacificamente numa sociedade sem classes e sem
propriedade privada, onde todas as necessidades de todos os
membros estejam supridas. Parece uma visão contraditória, do
homem ao mesmo tempo como um ser inerentemente escravizado
pelas suas necessidades, enquanto pode chegar a um estado social
de pureza - uma conjugação no mínimo estranha entre uma visão
pessimista e determinista e uma visão otimista desligada da
realidade (por alguma razão o comunismo é acusado de ser utópico
e de aspirar a algo irrealizável).
Esta contradição pode ser explicada pela visão do homem
essencialmente sociológica de Marx, de que a humanidade é
basicamente um conjunto de relações sociais, e que a mudança no
modelo social opera necessariamente uma mudança no nível da
natureza humana. O caráter distorcido desta visão da natureza
humana fica patente nas diversas experiências sociais e políticas do
marxismo: nunca foi alcançada a utopia porque o homem não é feito
apenas de relações sociais, nem são estas que o determinam; o
homem é feito essencialmente de vontades e instintos básicos e
profundos, que dão origem a realidades incontornáveis, tanto
biologicamente como socialmente: o espírito competitivo variável
que dá origem a diferentes graus de ambição e diferentes classes
sociais, a propriedade privada que vem como prémio do esforço
individual, e a resistência natural em se anular individualmente em
prol do coletivo, tornam o marxismo impraticável e as
contrarrevoluções quase inevitáveis.
No mínimo haverá sempre um braço de ferro imensamente tenso
entre o estado comunista com o modelo que não pode senão impor
pela força, e uma sociedade composta por indivíduos que
naturalmente resistem a essa imposição por causa da sua própria
natureza. Esse braço de ferro pode muito raramente ser vencido
pelo estado, como no caso da China e da Coreia do Norte, que
silenciam com muito sucesso as vozes dissidentes. Mas vemos que
na esmagadora maioria dos exemplos, o modelo comunista, no final,
não pode resistir a uma massa de indivíduos que vêm a sua própria
natureza violada e que nunca vão de livre vontade abdicar do que
lhes é mais querido.
A filosofia liberal parece também padecer de uma contradição. Por
um lado, temos um realismo sobre a natureza humana que dá
origem a constituições (já demos o exemplo da dos EUA) e a
declarações dos direitos humanos, que pressupõem uma natureza
transgressora e que precisa de limites (esses documentos servem
para estabelecer precisamente esses limites). O homem é então
visto como essencialmente egoísta, e, se deixado entregue aos
seus instintos naturais, irá naturalmente transgredir - e, portanto,
precisa de salvaguardas para os seus direitos fundamentais. Essa é
claramente a visão de Locke, e até aí tudo bem.
E também não há nenhum problema no argumento de que impor
um regime que elimine as liberdades fundamentais é tirânico e
inaceitável. A contradição aparece no argumento capitalista muito
comum, de que não apenas não se pode impor um regime tirânico,
mas que os instintos que decorrem da natureza humana devem ser
respeitados e até celebrados - e que o capitalismo é o melhor
sistema económico, porque é o sistema que celebra esses instintos.
A seguinte citação dum artigo do jornal The Guardian expressa-o de
forma brilhante:
Filosofia social
O terceiro pressuposto filosófico que está em causa na
comparação destas visões é o tipo de filosofia social que advogam.
Ao passo que o marxismo é uma filosofia coletivista, isto é, o
homem é totalmente condicionado pelas forças produtivas e
essencialmente apenas um elemento numa massa de classes que
guerreiam entre si pelo poder, o capitalismo é uma filosofia assente
no individualismo: isto é, o homem, enquanto indivíduo, tem o direito
de perseguir a felicidade, e o dever moral de trabalhar para
prosperar (a acumulação de riqueza é virtuosa porque implica
trabalho e sacrifício, e a pobreza em geral denota falta de garra,
conformismo e preguiça).
É preciso dizer que o coletivismo não é exclusivo do marxismo -
antes, é uma característica de todas as filosofias totalitárias, como o
fascismo e o nazismo - mas não pode haver marxismo sem
coletivismo. Este pode ser definido como a primazia do grupo em
relação ao indivíduo, e todos os pressupostos filosóficos do
marxismo acima referidos apontam nesta mesma direção: é o
coletivismo que está na base da ideia de que os fins de uma
sociedade mais justa justificam os meios da supressão de
liberdades e direitos individuais, como a liberdade de religião e
expressão, e é também o coletivismo que está na base da visão de
que o ser humano não é mais do que o produto das relações sociais
e de que se pode mudar a natureza humana “de cima para baixo”,
por uma intervenção ao nível do coletivo.
Obviamente que não existe coletivismo puro (embora os regimes
marxistas se tenham aproximado bastante de um regime coletivista
sem qualquer respeito pelos direitos fundamentais do indivíduo –
aliás, sem sequer o reconhecimento de que esses direitos existem),
assim como não existe um individualismo puro. Mesmo numa
sociedade liberal onde os direitos do indivíduo são tidos como
sagrados, há necessidade de viver numa tensão entre esses direitos
e o bem-estar do coletivo (as restrições impostas pelos governos
liberais durante a pandemia do Covid-19 são disso exemplo). Mas
quando olhamos para as evidências, vemos claramente que a
história demonstra que se a primazia não for dada ao indivíduo,
abre-se a porta para todo o tipo de abusos.
O individualismo vem da tradição do iluminismo, de onde se
origina, por sua vez, o liberalismo. A herança liberal de John Locke
dos direitos humanos inalienáveis coloca a integridade do indivíduo
em primazia sobre o coletivo - e desta forma, como se vê nas
repúblicas ocidentais, não só não prejudica o coletivo, como
beneficia o coletivo: o pressuposto é que uma sociedade composta
por indivíduos prósperos e felizes, dá origem a uma sociedade
próspera e feliz. É esta diferença de base entre o individualismo e o
coletivismo que distingue de facto o marxismo do liberalismo: no
liberalismo, transforma-se a sociedade começando pelo indivíduo,
de baixo para cima; no marxismo, a receita para a transformação da
sociedade começa pelo coletivo, visando a transformação do
indivíduo de cima para baixo.
Não seria justo não contemplar na análise os abusos do
individualismo nas sociedades liberais - que ainda que não se
comparem em termos de consequências imediatas às atrocidades
provocadas pela filosofia coletivista, são também muito reais e
extremamente nocivas. A conveniência de um individualismo levado
ao extremo para uma natureza humana egoísta é por demais
evidente, e mostra-se em várias áreas da sociedade e cultura nos
países ocidentais, por exemplo: na área ambiental, onde claramente
a comodidade do indivíduo se sobrepõe ao interesse do coletivo (a
crise dos resíduos plásticos, muito por causa da conveniência dos
produtos descartáveis é disso um exemplo gritante)32; os
movimentos anti vacinação, que a pretexto da liberdade do indivíduo
colocam em perigo a saúde do coletivo e provocam crises sanitárias
como o recente ressurgimento do sarampo nos EUA em 201933; e o
respeito pelo direito de alguns indivíduos prosperarem
financeiramente que se sobrepõe facilmente ao direito de uma
massa de trabalhadores receber um salário condigno para a sua
subsistência, obrigando o estado a ativar proteções sociais que têm
de ser suportadas pelo coletivo.
O equilíbrio
Haverá uma forma de harmonizar a preocupação do comunismo
marxista com os mais vulneráveis com a meritocracia do capitalismo
liberal? Há pelo menos tentativas, mas é importante dizer logo à
partida que não parece razoável sequer pensarmos na China como
uma dessas tentativas. A China, que como referimos se liberalizou
economicamente enquanto se mantém firmemente implacável na
violência que exerce sobre os detratores do regime (à boa maneira
tradicionalmente comunista), não procura harmonizar o que quer
que seja, apenas crescer economicamente enquanto se mantém fiel
ao seu modelo marxista de pensamento único e reprimir todos os
pontos de vista dissidentes.
Os modelos mistos que procuram realmente harmonizar o cuidado
com os oprimidos com o liberalismo económico são essencialmente
de matriz socialista - e lembremos que uma das principais
diferenças entre o socialismo e o comunismo é o apelo deste último
para a violência, essencialmente quaisquer meios para atingir os
seus fins. Conforme já foi abordado, o socialismo é anterior ao
comunismo e, conforme idealizado por teóricos como Charles
Fourier, Robert Owen e Claude-Henry de Saint Simon, não estava
necessariamente vinculado a um regime político (para Fourier, o
modelo socialista poderia ser implementado em qualquer regime
político, desde a monarquia até à democracia).34
As propostas destes primeiros teóricos do socialismo tinham em
comum a conceção de um sistema de organização social onde a
liderança seria fluida ou rotativa, a riqueza seria distribuída por
todos equitativamente, e a propriedade privada seria permitida,
ainda que com maiores ou menores limitações, estabelecidas por
um governo central de forma a garantir a justiça social.
Ora para Marx, estes socialistas eram fundamentalmente utópicos,
já que viam a transformação da sociedade como algo possível sem
a revolução violenta e sem uma ditadura do proletariado, algo de
que Marx não abdicava. Mas estas primeiras propostas socialistas
são a base dos modelos atuais da social democracia dos países da
generalidade da Europa, onde aparentemente se consegue um
equilíbrio.
Na social democracia que emergiu na Europa depois da Segunda
Guerra Mundial, muito influenciada pela social democracia alemã da
qual Eduard Bernstein (séc. XIX) foi o autor mais proeminente35, foi
liminarmente rejeitada a via da revolução e do totalitarismo, e a
regulamentação estatal dos negócios e da indústria dentro de um
sistema liberal, considerada suficiente para promover o crescimento
económico e justiça social. Nos sistemas social democratas, a
proteção social ocupa um lugar de destaque, dando origem a
sistemas de segurança social e sistemas públicos de educação e
saúde, onde a todos é garantido o acesso.
É um equilíbrio sempre tenso e muito imperfeito, com os
desequilíbrios para o lado do liberalismo a produzirem, como no
exemplo que vimos nos EUA, crises financeiras e promiscuidade
entre o poder político e o grande capital, e os desequilíbrios para o
lado do socialismo a encorajarem por exemplo a dependência de
subsídios do estado e a falta de empreendedorismo e
responsabilização do indivíduo. Mas no fim de contas, estes
exemplos parecem aproximar-se bastante de um modelo saudável,
onde, de forma geral, se pratica uma meritocracia que incentiva o
trabalho árduo, mas que é limitada pela recusa em desamparar
quem, por várias razões - mesmo que por inércia ou preguiça - não
está à altura de merecer os benefícios do sistema.
É inegável que o capitalismo produziu uma sociedade mais
equilibrada, com mais liberdade e proteção de direitos dos
indivíduos. Mas vemos também claramente que sem um contrapeso
mais socialista, com uma regulação efetiva dos mercados pelo
governo e a garantia dada pelo estado de que as necessidades
básicas dos indivíduos serão supridas através, por exemplo, do
estabelecimento de um salário mínimo, ou prestações sociais em
situações de fragilidade social, o sistema capitalista torna-se uma
selva, à mercê da lei do mais forte, e em que os mais vulneráveis
são triturados na luta desalmada pela ascensão social.
Já mencionamos o modelo ideológico social democrata, que
defende a regulação do estado dentro de um sistema capitalista, e
que parece então garantir o equilíbrio possível necessário, apesar
de envolver sempre uma tensão ou um braço de ferro entre a
proteção de direitos individuais e a importância do coletivo, entre a
regulação estatal e o mercado livre, e entre o esforço de justiça e a
consciência da natureza humana egoísta. É uma filosofia de
compromisso, que rejeita a violência da revolução armada, mas que
exalta a dignidade humana, e advoga a justiça social por via do
consenso democrático. Que percebe a necessidade de uma
regulação assertiva do estado, mas que exalta o mercado livre e a
economia liberal. Que se preocupa com o interesse do coletivo, mas
que tem como bandeiras os direitos, liberdades e garantias do
indivíduo.
Mas ainda que pareça ser o melhor sistema que a história
produziu, e tenha sido indiscutível enquanto solução governativa no
mundo ocidental desde a segunda guerra mundial (tendo desde a
queda da ex-URSS conhecido uma ampla implementação também
na Europa do Leste), há hoje na Europa um descontentamento
generalizado com o sistema. Prova disso é a ascensão dos
chamados partidos populistas de extrema direita (acompanhados
por análogos movimentos de direita nos EUA e Brasil), que reagem
contra as ideias socialistas e contra aquilo que entendem ser um
revivalismo das ideias marxistas. Estes grupos alertam, entre outras
coisas, para a emergência de um movimento cultural que visa
transformar a sociedade destruindo as fundações da sociedade
ocidental, como a liberdade de expressão, a ciência, a biologia
humana, a família, a sexualidade e a masculinidade, entre outras. O
termo usado por estes movimentos de direita para se referirem a
esta ideologia é “marxismo cultural”, e a sua base teórica, que
vamos também examinar, chama-se Teoria Crítica.
O MARXISMO CULTURAL E A TEORIA
CRÍTICA
1. O binário social
Na Teoria Crítica, como no marxismo, a sociedade está dividida
em duas classes: a dos opressores e a dos oprimidos. As áreas de
opressão são não tanto já o fator económico (ou pelo menos não
está na economia o foco principal, como em Marx), mas além do
factor económico a raça, nacionalidade, sexo, género, religião, etc
Para cada grupo oprimido (pessoas de cor, imigrantes, grupos
LGBT, mulheres, qualquer religião não cristã) há uma forma de
opressão (racismo, nacionalismo, heterosexismo, sexismo,
opressão religiosa), e um grupo opressor (brancos, homens,
heterossexuais, cristãos). No quadro seguinte ficam bem claras
estas associações.
3. Experiência vivida
Este pressuposto explora a ideia de que grupos oprimidos, por
causa da experiência vivida que vão acumulando, têm acesso a
perceções mais adequadas da realidade, e por isso são mais fiáveis
nas suas conclusões. Shenvi cita Charles Lawrence, autor de um
ensaio em Pedagogia Crítica, no qual este diz basicamente que os
membros dos grupos oprimidos devem libertar-se da ideologia
dominante que afirma verdades objetivas, e que devem aprender a
confiar nas suas próprias experiências, sentimentos e sentidos,
atribuindo-lhes autoridade, mesmo (ou especialmente) face às
narrativas dominantes da realidade social. Noutra citação de outras
duas autoras, somos informados de que “a ideia de que a
objetividade deve ser alcançada através do pensamento racional é
especificamente ocidental e masculina”.
Esta forma de pensar baseia-se na perspetiva de que os grupos
privilegiados estão cegos pelo seu próprio privilégio, e têm razões
tanto conscientes como inconscientes para ignorar a realidade da
opressão. Por outro lado, por causa da sua posição social, os
grupos oprimidos podem alcançar uma “consciência desperta para
questões políticas ou sociais” (aquilo a que no mundo anglo-
saxónico se tem chamado woke conscience) e perceber que as
normas sociais em vigor são apenas formas de perpetuar a
opressão. Entretanto, se membros dos grupos oprimidos concordam
com a ideologia dominante, à luz deste pensamento ainda não
atingiram esse estado superior de consciência, e apresentam algo
chamado opressão “internalizada”, isto é, ainda estão dominados de
forma inconsciente pela própria ideologia que os oprime.
Vemos aqui uma ampliação das ideias de Marx sobre o caráter e o
alcance da opressão através dos conceitos da Psicologia como o de
internalização (o processo mental inconsciente pelo qual as
características, crenças, sentimentos ou atitudes de outros
indivíduos ou grupos são assimilados pelo self e adotados como
seus próprios). Isto é um produto direto do desenvolvimento da
teoria Crítica na escola de Frankfurt, e alia as ideias marxistas à
perceção do mundo interior do sujeito como definidor da realidade,
algo próprio da filosofia pós-moderna.
O pós-modernismo é um movimento filosófico, artístico e cultural
que diz basicamente que não há uma interpretação suprema da
realidade. Aquele que é considerado o pai do pós-modernismo,
Jean François Lyotard, escreve na sua obra de referência, A
condição pós-moderna: “Simplificando ao extremo, eu definiria pós-
modernismo como incredulidade relativamente às meta-
narrativas”.46 Se não há uma metanarrativa verdadeira e portanto
superior a outras falsas, significa que não há uma verdade absoluta
ou um ponto de referência privilegiado para analisar a realidade,
mas que todas as interpretações são igualmente válidas, mesmo
que contraditórias entre si. Como discutimos em mais pormenor
noutra publicação, parece não fazer sentido que as ideias pós-
modernistas apareçam ligadas às marxistas, porque o pós-
modernismo não admite a existência de narrativas supremas da
realidade, como o marxismo pretende ser. Mas essas duas filosofias
aparentemente incompatíveis entre si ligam-se na Escola de
Frankfurt - a figura 1 que vimos atrás mostra as origens dessa
ligação, que acontece na integração do marxismo com as ciências
sociais, a literatura e as artes, que o pós-modernismo permeia.
O mundo interior e a perceção subjetiva do sujeito assumem
assim na Teoria Crítica uma proeminência relativamente à realidade
objetiva e mensurável, algo que é bem evidente na forma como são
entendidas as agressões e a violência. Hoje fala-se de micro-
agressões, que nos meandros culturais sob influência da Teoria
Crítica constituem formas de violência impercetíveis, formas de
discriminação, ofensa pessoal e racismo que são extremamente
subtis mas que são consideradas reais e nocivas.47 Constituem
micro-agressões coisas como perguntar a alguém de cor negra “de
onde és?” (assumindo que a pessoa possui naturalidade estrangeira
só por ser de cor diferente) ou “assumir o género” de alguém,
atribuindo-lhe por exemplo o género feminino só porque a pessoa se
veste como uma mulher. Hoje em muitos círculos equipara-se este
tipo de “violência” subjetiva com a violência física objetiva, o que por
um lado dá azo a que qualquer pessoa possa ser acusada de
agredir outra, e por outro legitima a violência física em resposta à
psicológica. Para proteger as pessoas deste tipo de violência, criam-
se os chamados safe spaces ou “espaços seguros”, isto é,
contextos, principalmente na academia dos EUA, em que pessoas
podem estar protegidas de discursos que as ofendam e magoem.48
Um problema óbvio com esta prática é que se colocarmos um grupo
vulnerável num espaço seguro à parte do resto da comunidade,
estamos efetivamente a praticar segregação, ao mesmo tempo que
tornamos essas pessoas ainda mais vulneráveis aos discursos das
quais as queremos proteger. O resultado dessa prática são os
chamados snowflakes, ou “flocos de neve” expressão usada
principalmente no discurso conservador para designar pessoas que
se ofendem com extrema facilidade por não tolerarem ser expostas
a discursos que as desafiem ou coloquem a causa as suas ideias.49
Também com o argumento de que se deseja assegurar a proteção
dos vulneráveis, aparece a chamada cancel culture, a “cultura do
cancelamento”.50 Esta tendência cultural extremamente reminiscente
das práticas de censura de regimes totalitários consiste em eliminar
a presença de pessoas na esfera pública, seja cancelando palestras
em universidades, aparições públicas ou presenças nas redes
sociais. Afeta não apenas aqueles que são classificados como
extremistas, mas todos os que se considera que “ofendem”
determinados grupos (sendo que o mais comum tem sido o
cancelamento de pessoas da esfera conservadora e do espectro
político de direita. Além desses, um grupo que obviamente é
também afetado pela cancel culture são os humoristas, classe que
se tem insurgido publicamente contra esta prática (Rowan
Atkinson51 - o célebre Mr Bean - e Ricky Gervais no Reino Unido52,
Bill Burr nos EUA53, e em Portugal Ricardo Araúdo Pereira54 são
disso exemplos).
Além desta abordagem desastrosa do conceito de violência verbal
e psicológica e a sua equiparação à violência física, a ideia de que a
perceção subjetiva dos grupos oprimidos é mais fiável do que o
pensamento lógico e racional que está na base da ciência moderna,
leva a ideologias que até há bem pouco tempo seriam material para
romances distópicos. Noutra publicação tratamos em profundidade o
tema da ideologia de género, e as tendências já muito bem
estabelecidas no mundo ocidental que defendem que na questão de
identidade de género, a perceção do sujeito sobre o seu género se
sobrepõe a qualquer verificação externa, nomeadamente do âmbito
da biologia. Esta ideia tem tomado conta da mente e sociedade
ocidental, e as suas origens podem ser claramente atribuídas ao
foco da Teoria Crítica na experiência vivida.
4. Justiça social
A propósito deste pressuposto da justiça social, Shenvi cita Mary
McClintock (uma citação tirada do seu livro intitulado “Readings for
diversity”, Leituras para a diversidade – tradução livre) quando esta
escreve que,
Eles não vão parar, e digo a todos, tenham cuidado. Porque eles
não vão parar. Eles não vão parar até ao dia das eleições em
Novembro, e eles não vão parar depois do dia das eleições.
Nestas últimas declarações, Kamala Harris referia-se aos
manifestantes que protestavam violentamente, saqueando lojas e
incendiando ruas na sequência do assassinato de George Floyd por
um polícia em Junho de 2020.57
Obviamente que, no outro lado da barricada, é bem conhecido o
discurso incendiário de Donald Trump, que no momento da redação
deste texto está a ser julgado no Senado dos EUA por incitamento à
violência, violência essa que conduziu à invasão do Capitólio depois
das eleições. Mas Donald Trump não se auto-proclama paladino da
justiça social, como aqueles que proferem estas declarações - e
esta forma violenta de alcançar justiça social é característica de um
tipo de ativismo orientado por pressupostos oriundos da Teoria
Crítica (um ativismo bem diferente do de Martin Luther King, que
combateu o racismo advogando a não violência).
E a luta pela justiça social não é travada apenas contra alguns
grupos ou quadrantes políticos isolados; a luta é contra todo um
sistema que é comumente descrito pelos ativistas como capitalista,
racista e patriarcal (Shenvi cita Bell Hooks, feminista, que num dos
seus livros usa precisamente estas expressões para designar o
sistema que segunda a autora deve ser minado a partir de dentro e
desmantelado).
Este tema do Patriarcado revela algo muito interessante sobre
estes movimentos e esta filosofia da Teoria Crítica, remetendo-nos
para algo mais profundo do que um modelo geral de sociedade. O
que está em causa nesta questão é um modelo de família, e isto é
algo que pode ser ligado diretamente às ideias marxistas. É
importante sublinhar que normalmente os ativistas de justiça social
oriundos das ideias da Teoria Crítica alegam que o ataque ao
patriarcado é um ataque apenas à opressão da mulher pelo homem,
num esforço para alcançar a igualdade. Mas na realidade os
movimentos que vêm o patriarcado como sistema opressor não
retiram as suas ideias apenas de um ideal de luta pela igualdade,
mas de uma visão do modelo nuclear de família - o modelo burguês
- como inerentemente opressor.
Já referimos a visão de Marx e Engels sobre a família nuclear, e
como esta estaria na génese de toda a opressão. Ora, sendo a
família um espaço de escravidão de um dos sexos (o feminino) pelo
outro (o masculino) - e mais do que isso, um espaço de vil
prostituição (cf. capítulo I) - é fácil de antever qual a solução natural
para este problema segundo a filosofia marxista. Tal como na escala
macrossocial a solução para a luta entre classes era a revolução
violenta por parte da classe oprimida, na escala mais micro da
família seria uma incoerência da parte de um marxista advogar uma
pacífica transição para um regime igualitário. Não, a chave é a
revolução; não uma revolução violenta pelas armas contra uma
classe social, mas uma revolução cultural contra um modelo de
sociedade e tradição cultural.
A conclusão é que para um ativista de justiça social desta linha
não pode haver verdadeira justiça sem o desmantelamento da
família tradicional inerentemente patriarcal e opressora. A destruição
do patriarcado tem de estar no centro, como diz Mona Eltahawy,
feminista egípcia residente no Reino Unido.58 É precisamente essa
linha de pensamento que encontramos por exemplo no site da
organização Black lives Matter, movimento de justiça social dos
Estados Unidos. Na secção “Em que cremos” do site lia-se o
seguinte:
1. Binário social
Na Teoria Crítica, como no marxismo, a sociedade está dividida
em duas classes: a dos opressores e a dos oprimidos. A Teoria
Crítica e o marxismo exibem então uma preocupação com os
oprimidos e um sentimento de revolta contra a injustiça.
A Bíblia também. Do início ao fim da Bíblia vemos um Deus
preocupado com a injustiça, com uma compaixão especial pelos
pobres e vulneráveis, e uma ira bem patente contra os opressores e
os que promovem a injustiça. O profeta Amós, por exemplo, não se
contentava em denunciar genericamente a injustiça social, mas
denunciava especificamente:
• os ricos que acumulavam cada vez mais, para viverem em
mansões e palácios (3:13-15; 6:1-7), criando um regime de
opressão (3:10);
• as mulheres ricas que, para viverem no luxo, estimulavam seus
maridos a explorar os fracos (4:1-3);
• os que roubavam e exploravam, e depois iam ao santuário orar,
dar o dízimo, dar esmolas para aplacar a própria consciência (4:4-
12; 5:21-27);
• os juízes que julgavam de acordo com o dinheiro que recebiam
dos subornos (2:6-7; 4:1; 5:7.10-13);
• os comerciantes ladrões sem escrúpulo que deixavam os pobres
sem possibilidades de comprar e vender as mercadorias por preço
justo (8:4-8).
No Novo Testamento, vemos o mesmo tipo de denúncia e
exortação, na carta de Tiago, por exemplo:
3. Experiência vivida
A ideia aqui é que grupos oprimidos, por causa da experiência
vivida que vão acumulando, têm acesso a perceções mais
adequadas da realidade, e por isso são mais fiáveis nas suas
conclusões. Esta sensibilidade aos sentimentos da pessoa e ao
mundo interior do sujeito é sem dúvida algo importante.
A fé cristã dá grande ênfase às vivências individuais e valoriza-as.
A maior prova de que a Bíblia valoriza a experiência interior
individual é o seu maior livro, o livro de Salmos, com 150 capítulos
cheios de expressões que cobrem todo o espectro de emoções
humanas. A espiritualidade que os salmistas nos transmitem é
profunda e com perspetivas incontornavelmente subjetivas e
pessoais. O Salmo 22 é um exemplo entre inúmeros:
4. Justiça social
A justiça social que Marx almejava é, como já referimos, a face
mais louvável do marxismo, e também da Teoria Crítica. Neste
ponto pode haver um espaço de diálogo e concórdia entre a Teoria
Crítica marxista e o cristianismo em muitas causas sociais, como a
erradicação da pobreza, a preocupação com o racismo, os direitos
das minorias como os migrantes e refugiados, a emancipação da
mulher, e muitas outras.
O cristianismo, como abordamos na análise dos pontos anteriores,
é eminentemente uma religião de justiça social. Isso é claro na
Bíblia, começando pela história do povo de Israel, com a
preocupação constante de Deus e dos profetas com a justiça social,
até à igreja do Novo Testamento, que, seguindo o exemplo de
Jesus, foi tão profundamente envolvida com o cuidado com os
desfavorecidos que, como nos diz John Piper, mereceu neste ponto
específico a atenção (e indignação) do Imperador romano Juliano:
este chamou a atenção para o facto dos cristãos cuidarem tanto dos
pobres das suas comunidades como dos outros pobres do império,
o que era uma vergonha para os romanos.68
Com o cristianismo, proliferaram os hospitais, asilos, e locais de
cuidado aos vulneráveis (idosos, órfãos, viúvas, deficientes, a
ninguém o cristianismo deixou de fora), chegando mesmo o
apóstolo Tiago a escrever que “A pura e verdadeira religião diante
de Deus, nosso Pai, é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas” (Tiago
1:27a BPT09), dois dos grupos mais vulneráveis da época e a quem
a igreja se encarregou de proteger.
Assim, caminhos de ação social conjunta podem e devem ser
explorados, até ao limite em que os princípios e valores cristãos
começam a ser postos em causa. Os cristãos simplesmente não
podem embarcar em iniciativas e projetos de transformação social
que se batam por fazer desmoronar as próprias fundações judaico-
cristãs da sociedade ocidental, como tão bem vimos no caso de
grupos como o Black Lives Matter.
E se a face mais louvável do marxismo e da Teoria Crítica é a
preocupação com a justiça social em prol dos mais vulneráveis e
desfavorecidos que pode unir cristãos e marxistas em torno de
certas causas, qualquer tentativa de cooperação fica inviabilizada
quando se leva à letra a receita marxista de recorrer à violência para
atingir o fim da mudança social (ou pelo menos deveria ficar, se
muitas vezes os próprios cristãos não cedessem ao instinto de usar
a violência).
Para os cristãos, a justiça social é um objetivo a ter como
prioridade e a perseguir energicamente. Mas diferentemente dos
guerreiros de justiça social que seguem a ideologia oriunda da
Teoria Crítica, os cristãos sabem que não poderá haver justiça
última e perfeita neste mundo, por causa da natureza humana,
egoísta e avessa à fraternidade e solidariedade.
É sem dúvida esta esperança dos cristãos que lhes confere uma
abordagem tão diferente da abordagem violenta característica do
marxismo. É que a violência vem pelo menos em parte do
desespero e do sentimento de impotência perante um sistema
profundamente injusto que tem que se tornar perfeito a todo o custo.
Mas os cristãos não têm ilusões de poder criar um sistema perfeito
precipitadamente. Batem-se energicamente pela justiça como
fizeram durante toda a história do cristianismo, mas sem ilusões de
que ela possa ser estabelecida de forma perfeita deste lado da
eternidade. Acreditam que Deus trará justiça definitiva quando este
mundo e tudo o que nele há passar, criando Deus novos céus e
nova terra. Esta é a verdadeira esperança dos cristãos, e esta é
promessa de justiça definitiva que a Bíblia nos apresenta.
<https://www.britannica.com/topic/liberalism>
19 SMITH, Adam (1776). A riqueza das nações: Investigação Sobre Sua
Natureza e Suas Causas (p79) (vol2). São Paulo: Editora Nova Cultural LDA.
1996.
20 EXPLAINED, Economics. “Why 40,000 People Die for Every 1% Increase in
Unemployment - The Big Short”. Consultado em 25 de Novembro de 2020
<https://www.youtube.com/watch?v=_XgU6ZT1QDk>
21 CRUDELE, John. “Is unemployment really as deadly as coronavirus?”. New
York Post. 20 de Abril de 2020. Consultado em 26 de Novembro de 2020.
< https://nypost.com/2020/04/20/explaining-the-link-between-unemployment-
deaths-amid-coronavirus/>
22 ESQUERDA. “Bancos receberam 23.8 mil milhões em ajudas públicas desde
a crise financeira”. 28 de Maio de 2019. Consultado em 26 de Novembro de 2020.
<https://www.esquerda.net/artigo/bancos-receberam-238-mil-milhoes-em-ajudas-
publicas-desde-crise-financeira/61592>
23 STASHA. “How Many Americans Are Uninsured (2021)”. Policy Advice. 28 de
Janeiro de 2021. Consultado em 26 de Novembro de 2020.
<https://policyadvice.net/insurance/insights/how-many-uninsured-americans/>
24 ELFLEIN, John. “Number of people without health insurance in the United
States from 2010 to June 2019”. Statista.17 de Novembro de 2020.
<https://www.statista.com/statistics/200955/americans-without-health-insurance/>
25 SHAPIRO, Ben. “Health Care Is a Commodity, Not a Right”. National Review.
11 de Janeiro de 2017. Consultado em 26 de Novembro de 2020.
<https://www.nationalreview.com/2017/01/health-care-markets-government-
commodity-human-right/>
26 REICH, Robert. “Salvar o capitalismo”. Netflix. 2017. Consultado em 28 de
Novembro de 2020.
<https://www.netflix.com/title/80127558>
27 CECERE, David. “New study finds 45,000 deaths annually linked to lack of
health coverage”. The Harvard Gazette. 17 de Setembro de 2009. Consultado em
28 de Novembro de 2020.
<https://news.harvard.edu/gazette/story/2009/09/new-study-finds-45000-deaths-
annually-linked-to-lack-of-health-coverage/>
28 ROGERS, Graham A.J. “John Locke”. Britannica. 13 de Janeiro de 2021.
Consultado em 28 de Novembro de 2020.
<https://www.britannica.com/biography/John-Locke>
29 MARX, Karl (1844). “Economic & Philosophic Manuscripts of 1844” (p55).
Moscovo: Progress Publishers. 1959. Consultado em 28 de Novembro de 2020.
<https://www.marxists.org/archive/marx/works/download/pdf/Economic-
Philosophic-Manuscripts-1844.pdf>
30 SEABROOK, Jeremy. “Stop capitalism defining human nature”. The
Guardian. 24 de Setembro de 2009. Consultado em 30 de Novembro de 2020.
<https://www.theguardian.com/commentisfree/cif-green/2009/sep/24/capitalism-
human-nature>
31 GRAINGER, James. “Jordan Peterson on embracing your inner lobster in 12
Rules for Life”. Toronto Star. 22 de Janeiro de 2018. Consultado em 30 de
Novembro de 2020.
<https://www.thestar.com/entertainment/books/2018/01/22/jordan-peterson-on-
embracing-your-inner-lobster-in-12-rules-for-life.html>
32 PARKER, Laura. “We made plastic. We depend on it. Now we’re drowning in
it.” National Geographic. Junho de 2018. Consultado em 30 de Novembro de
2020.
<https://www.nationalgeographic.com/magazine/2018/06/plastic-planet-waste-
pollution-trash-crisis/>
33 CDC. “Measles (Rubeola) cases and outbreaks”. 2021. Consultado em 30 de
Novembro de 2020.
<https://www.cdc.gov/measles/cases-outbreaks.html>
34 SOUSA, Rainer. “Socialismo Utópico”. Consultado em 30 de Novembro de
2020.
<https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/socialismo-utopico.htm>
35 BRITANNICA. “Social democracy”. Consultado em 30 de Novembro de 2020.
<https://www.britannica.com/topic/social-democracy>
36 MENDELHALL, Allen. “Cultural Marxism is Real”. The James G. Martin
Center for Academic Renewall. 4 de Janeiro de 2019. Consultado em 4 de
Dezembro de 2020.
<https://www.jamesgmartin.center/2019/01/cultural-marxism-is-real/>
37 WIKIPEDIA. “Marxismo cultural”. Consultado em 4 de Dezembro de 2020.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo_cultural>
38 CORRADETTI, Claudio. “The Frankfurt School and Critical Theory”. Internet
Encyclopedia of Philosophy. Consultado em 4 de Dezembro de 2020.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo_cultural>
39 BRITANNICA. “Critical theory”. Consultado em 4 de Dezembro de 2020.
<https://www.britannica.com/topic/critical-theory>
40SIM, Stuart & VAN LOON, Borin. “Introducing Critical Theory” (p37). London:
Icon Books, 2012.
41 SHENVI, Neil. “Social Justice, Critical Theory, and Christianity: Are They
Compatible? | Neil Shenvi | CFC”. Southeastern Seminary. 29 de Abril de 2020.
Consultado em10 de Dezembro de 2020.
<https://www.youtube.com/watch?v=E33aunwGQQ4>
42 SENSOY, Ozlem & DIANGELO, Robin. “Is everyone really equal? An
introduction to key concepts in social justice education” (p87). New York: Teachers
College, Columbia University, 2017.
43 SOAVE, Robby. “Seattle Public Schools Will Start Teaching That Math Is
Oppressive” . Reason. 10 de Outubro de 2019. Consultado em10 de Dezembro de
2020.
<https://reason.com/2019/10/22/seattle-math-oppressive-cultural-woke/>
44 NORDLING, Linda. “How decolonization could reshape South African
science” . Nature. 7 de Feverereiro de 2018. Consultado em10 de Dezembro de
2020.
<https://www.nature.com/articles/d41586-018-01696-w>
45 MCDONALD, Heather. “Woke Science Is an Experiment Certain to Fail”.
Nature. 24 de Setembro de 2020. Consultado em10 de Dezembro de 2020.
<https://www.wsj.com/articles/woke-science-is-an-experiment-certain-to-fail-
11600972161>
46 PHILOSOPHY, Stanford Encyclopedia of. “Postmodernism”. 30 de Setembro
de 2005. Consultado em 2 de Janeiro de 2021.
<https://plato.stanford.edu/entries/postmodernism/>
47 WASHINGTON, Ella F., BIRCH, Alison Hall & ROBERTS, Laura Morgan.
“When and How to Respond to Microaggressions”. 3 de Julho de 2020.
Consultado em 5 de Janeiro de 2021.
<https://hbr.org/2020/07/when-and-how-to-respond-to-microaggressions>
48 WHITTEN, Suzanne. “Why ‘safe spaces’ at universities are a threat to free
speech”. The Conversation. 6 de Abril de 2018. Consultado em 18 de Dezembro
de 2020.
<https://theconversation.com/why-safe-spaces-at-universities-are-a-threat-to-free-
speech-94547>
49 MARICOURT, Clotilde De. “Who Is The Snowflake Generation And Why Are
They Fun To Hate?”. The Oxford Student. 9 de Junho de 2019. Consultado em 18
de Dezembro de 2020.
<https://www.oxfordstudent.com/2019/06/09/who-is-the-snowflake-generation-and-
why-are-they-fun-to-hate/>
50 THOMAS, Zoe. “What is the cost of ‘cancel culture’?”. BBC. 8 de Outubro de
2020. Consultado em 19 de Dezembro de 2020.
<https://www.bbc.com/news/business-54374824>
51 NEWS, Sky. “Rowan Atkinson: Cancel culture is like ‘medieval mob looking
for someone to burn’”. 6 de Janeiro de 2021. Consultado em 19 de Dezembro de
2020.
<https://news.sky.com/story/rowan-atkinson-cancel-culture-is-like-medieval-mob-
looking-for-someone-to-burn-12180007>
52 NUGENT, Annabel. “Ricky Gervais calls out cancel culture: ‘You shouldn’t
have to go to court for telling a joke”. Independent. 7 de Agosto de 2020.
Consultado em 3 de Janeiro de 2021.
<https://www.independent.co.uk/arts-entertainment/tv/news/ricky-gervais-celebrity-
cancel-culture-twitter-lockdown-a9659171.html>
53 BURR, Bill. “Bill Burr on Cancel Culture & His Special - Paper Tiger”. Pardon
my take. 16 de Outubro de 2019. Consultado em 4 de Janeiro de 2021.
<https://www.youtube.com/watch?v=io6tm9IokK8>
54 ANTÓNIO, Ana. “Ricardo Araújo Pereira preocupado com os “canceladores
implacáveis”. TSF Rádio Notícias. 26 de Dezembro de 2020. Consultado em 4 de
Janeiro de 2021.
<https://www.tsf.pt/programa/governo-sombra/ricardo-araujo-pereira-preocupado-
com-os-canceladores-implacaveis-13174007.html>
55 HAWKINS, Derek. “A Dartmouth antifa expert was disavowed by his college
president for ‘supporting violent protest,’ angering many faculty”. Washington Post.
29 de Agosto de 2017. Consultado em 18 de Janeiro de 2021.
<https://www.washingtonpost.com/news/morning-mix/wp/2017/08/28/a-dartmouth-
antifa-expert-was-disavowed-by-his-college-president-for-supporting-violent-
protest-angering-many-faculty/>
56 ZHOU, Li. “The controversy over Maxine Waters’s call for confrontation,
explained”. Vox. 28 de Junho de 2018. Consultado em 12 de Fevereiro de 2021.
<https://www.vox.com/2018/6/25/17501450/maxine-waters-trump-pelosi-civility-
sarah-sanders>
57 ARELLANO SR, Brian. “Now THIS is “Inciting Violence”! IMPEACH Maxine
Waters, Corey Booker, Kamala Harris & Joe Biden NOW !!”. 10 de Fevereiro de
2021. Post Facebook. Consultado em 12 de Fevereiro de 2021.
<https://www.facebook.com/story.php?
story_fbid=4085888718091003&id=100000097457630>
58 SUGIUCHI, Deirdre. “The Seven Necessary Sins to Bring Down the
Patriarchy”. Electric Lit. 16 de Setembro de 2019. Consultado em 5 de Janeiro de
2021.
<https://electricliterature.com/the-seven-necessary-sins-to-bring-down-the-
patriarchy/>
59 MEYRAT, Auguste. “How Black Lives Matter’s Hatred Of The Family Feeds Its
Desire For Revolution”. The Federalist. 16 de Julho de 2020.
<https://thefederalist.com/2020/07/16/how-black-lives-matters-hatred-of-the-family-
feeds-its-desire-for-revolution/>
60 REABOI, David (@davereaboi). “BLM founder Patrisse Cullors, reassuring an
old communist that she understands that the goal is to destroy freedom: “we’re
trained Marxists.””. 20 de Junho de 2020, 14:41. Tweet. Consultado em 9 de
Janeiro de 2021.
<https://twitter.com/davereaboi/status/1274336621702373377>
61 M4BL. “About us”. Consultado em 9 de Janeiro de 2021.
<https://thefederalist.com/2020/07/16/how-black-lives-matters-hatred-of-the-family-
feeds-its-desire-for-revolution/>
62 MELBER, Henning. “How the oppressed became the oppressors”. The World
Weekly. 14 de Abril de 2016. Consultado em 9 de Janeiro de 2021.
<https://www.theworldweekly.com/reader/view/15898/how-the-oppressed-became-
the-oppressors>
63 BERMUDO, José Manuel. “Marx da Ágora ao Mercado” (p15). Cofina Media
SA, 2015.
64 SOL, Nascer do. “Um socialista genuíno cospe no capitalismo”. Sapo. 27 de
Abril de 2015. Consultado em 9 de Janeiro de 2021.
<https://sol.sapo.pt/artigo/388704/um-socialista-genuino-cospe-no-capitalismo>
65 RAINHO, Manuel. “O Misterioso Jesus” (pp104,105). Lisboa: GBU, 2010.
66 ARISTOTELES. “Politica” (Pol.1335a.b e 1325b). Lisboa: Vega, 1998.
Consultado em 11 de Janeiro de 2021.
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/357991/mod_resource/content/1/Aristotel
es_Pol%C3%ADtica%20%28VEGA%29.pdf>
67 TODAY, Christianity. “William Wilberforce Antislavery politician”. Consultado
em 18 de Janeiro de 2021.
<https://www.christianitytoday.com/history/people/activists/william-
wilberforce.html>
68 PIPER, John. “John Piper, A Godward Life: Savoring the Supremacy of God
in All of Life”. Goodreads. Consultado em 19 de Janeiro de 2021.
<https://www.goodreads.com/quotes/342592-the-roman-emperor-julian-writing-in-
the-fourth-century-regretted>
69 JACKSON, Abby. “Disinvitations’ for college speakers are on the rise —
here’s a list of people turned away this year”. Business Insider. 28 de Julho de
2016. Consultado em 19 de Janeiro de 2021.
<https://www.businessinsider.com/list-of-disinvited-speakers-at-colleges-2016-7>
70 BBC. “Israel Folau: Sacked player sues Rugby Australia over anti-gay row”. 1
de Agosto de 2019. Consultado em 20 de Janeiro de 2021.
<https://www.bbc.com/news/world-australia-49187646>
71 LOPES, Gonçalo & PETIZ, Joana. “Palestra de Jaime Nogueira Pinto
cancelada devido a ameaças”. Diário de Notícias. 6 de Março de 2017.
Consultado em 20 de Janeiro de 2021.
<https://www.dn.pt/portugal/palestra-de-jaime-nogueira-pinto-cancelada-devido-a-
ameacas-5708960.html>
72 ROSENBERG, Scott. “Big Tech’s free speech showdown”. Axios. 10 de
Janeiro de 2021. Consultado em 20 de Janeiro de 2021.
<https://www.axios.com/big-techs-free-speech-showdown-5f017c54-3472-4973-
96ea-ee7e9e359b45.html>
72 EXPRESSO. “Balanço de 2020 do Governo Sombra: “O policiamento
obsessivo das consciências passou do confessionário da Igreja para as redes
sociais” (8:20). 27 de Dezembro de 2020. Consultado em 22 de Janeiro de 2021.
<https://expresso.pt/podcasts/governo-sombra/2020-12-27-Balanco-de-2020-do-
Governo-Sombra-O-policiamento-obsessivo-das-consciencias-passou-do-
confessionario-da-Igreja-para-as-redes-sociais>