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12/08/2023, 14:51 O Fascismo e o Marxismo Cultural

Texto da aula Aulas do curso

Revolução e Marxismo Cultural

O Fascismo e o Marxismo Cultural


Karl Marx já havia identificado um problema cultural na alienação do
proletariado, ao dizer que a religião é o ópio do povo. Isso foi analisado de
forma sistemática por Antonio Gramsci, que vivenciou toda a crise teórica
do comunismo após a I Guerra.

Esta crise do marxismo, por sua vez, gerou dois filhos: o fascismo e o
marxismo cultural, cada um com uma proposta bastante clara para alcançar
seus objetivos de dominação.

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Como visto na aula anterior, Marx já havia identificado um problema


cultural na alienação do proletariado, ao dizer que a religião é o ópio do
povo. Isso foi analisado de forma mais sistemática por Antonio Gramsci,
que vivenciou toda a crise teórica do comunismo após a I Guerra. Esta
crise do marxismo gerou 2 filhos: o fascismo e o marxismo cultural,
cada um deles com uma proposta bastante clara para alcançar seus
objetivos de dominação.

O fascismo, que também é um filho bastardo do comunismo, foi o


caminho encontrado por Mussolini e Hitler para implantar a revolução

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em suas nações. Ambos queriam a mesma coisa que Lênin e Stálin, ou


seja: uma sociedade sem mercado livre, “justa”, com “igualdade” e um
Estado forte, obtido através de uma ditadura totalitária. Achavam que
a ideologia de classe não era um chamariz atraente o bastante para
fomentar a revolução marxista. Hitler e Mussolini perceberam, na I
Guerra, um sentimento patriótico que levou o povo a lutar, a defender os
“interesses burgueses” e criaram o fascismo. Enquanto o marketing de
Stálin falava do proletariado, do trabalhador, da lógica de classes, Hitler e
Mussolini falavam dos sentimentos nacionais, de raça, ou seja, dos
princípios norteadores do fascismo.

Por outro lado, Antonio Gramsci, grande propugnador do marxismo


cultural, colocou como projeto para a implantação do socialismo e do
marxismo a destruição lenta e gradativa da cultura ocidental. A esse
processo Gramsci chamou “modificação do senso comum”. Para que
houvesse o predomínio da mentalidade marxista, não havia a
necessidade de uma grande estrutura que sustentasse o saber. Bastava
apenas uma ideologia convincente, numa espécie de jogo de marketing.
Para o marxismo, sem sombra de dúvida, não existe a verdade, mas um
jogo de propaganda e interesse.

Como visto, tanto o fascismo como o marxismo cultural faziam


basicamente as mesmas coisas com a simples diferença de usarem
estratégias diferentes para alcançar os mesmos objetivos. A
mentalidade revolucionária funciona assim, “metamorfoseando” seu
marketing de acordo com a época. Por exemplo, Stálin pretendia
implantar o socialismo através de uma sociedade ateia, marcada pela
perseguição à Igreja; os novos marxistas perceberam que perseguir a
Igreja é algo sempre danoso ao ideal revolucionário, já que quanto mais

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cristãos são mortos, mais mártires são criados e mais forte se torna o
cristianismo. Com o passar do tempo perceberam que o caminho mais
seguro para mudar a mentalidade do mundo era o de entrar na Igreja e
mudá-la por dentro [1].

Os marxistas sabem que a Igreja é sustentada por uma “lógica


burguesa”, que tem “apego” ao certo e ao errado, ao moral e ao
imoral e usarão isso contra ela. Eles não têm uma opinião clara sobre
qualquer tema: quando algo ajuda a revolução, são favoráveis; quando
atrapalha, abominam.

Exatamente por isso, o marxismo tem um sistema racional versátil,


revolucionário e dialético. Gramsci já alertava para a não existência do
bem ou do mal, tendo como um de seus inspiradores a figura de
Maquiavel, ao dizer que tudo aquilo que Maquiavel fez a favor do
Príncipe, precisava ser feito a favor do partido comunista. Existe aquilo
que é oportuno, aquilo que ajuda ou não a revolução. Tudo o que existe
de realidade racional é fruto de uma criação humana. Não existe
verdade, que determine um agir. Isso é bastante coerente por parte
dos marxistas, pois só haveria uma ordem a ser seguida no agir se
houvesse um intelecto criador. Como são ateus, defendem que o
intelecto criador não existe e, portanto, não há ordem a ser seguida ou
verdade que determine o agir humano.

Só para esclarecer esta ideia, dizer que a ordem que existe no mundo
não é obra de um Criador não foi mérito dos marxistas. Por incrível que
pareça, a visão tradicional de que a ordem que existe no mundo é
criacional e racional foi combatida por obra de um cristão pietista
chamado Immanuel Kant.

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Para Kant, o mundo em si, os objetos, o númeno, o que está fora da


mente humana é irracional, caótico. O que realmente existe é
desconhecido, pois o homem só tem acesso a um fenômeno, que é
compreensível ao intelecto graças às categorias mentais que
condicionam (e possibilitam) o pensamento. Na Crítica da Razão Pura,
por exemplo, Kant mostra que a ordem da física newtoniana não está no
númeno, na coisa em si e tampouco foi colocada nas coisas pelo
Criador. Na verdade, a ordem é “imposta” à realidade pelo intelecto. A
física de Newton funciona não porque o mundo seja de tal qual ou qual
maneira, mas porque a mente humana a fez assim. Kant, nesse sentido, é
um grande exemplo de paralaxe cognitiva [2]. Resumindo, para Kant a
realidade é absolutamente caótica e irracional. Quem cria a
racionalidade é o intelecto humano.

O marxista também pensa dessa forma, não por concordar com o


pensamento kantiano, mas por afirmar que a ordem imposta ao mundo
irracional é a que traduz o interesse de uma classe, especificamente o da
classe burguesa. Segundo o marxismo, existe uma superestrutura
(baseada na religião judaico-cristã, na filosofia grega e no direito
romano) que justifica o statu quo, a situação opressora na qual a
sociedade se encontra. Esta superestrutura cria uma cultura que busca
defender seus interesses de classe. As pessoas, inoculadas por esta
cultura, passam também a defender os interesses da classe burguesa.

É necessário entender, em resumo, que os agentes da luta cultural


possuem visões de mundo diferentes. Assim, para que a revolução
cultural aconteça, é necessário incutir na cabeça dos cristãos a ideia de
que o cristão não odeia nada, de que ele deve defender a paz custe o
que custar. A Igreja, à medida que vai assimilando as ideias

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revolucionárias, passa a ser uma sociedade igualitária que, por


engenharia social, quer implantar, neste mundo, uma terra sem males
[3]. Os marxistas sabem que, sem a transformação da religião numa
força socialista, a revolução não irá acontecer.

Referências

1. A Igreja Católica é uma instituição hierárquica, com uma economia (ação)


sacramental que tem por finalidade última levar o homem para o céu. Para
destruí-la, é necessário transformá-la numa sociedade igualitária, sem uma
economia sacramental, imanentizando a escatologia. O “céu” foi trazido ao
mundo pelos marxistas.

2. A paralaxe (do grego παράλλαξις, alteração) cognitiva é o deslocamento, na


obra de um pensador, entre o eixo da especulação teórica e o da
experiência concreta que ele tem da realidade. Tal conceito é apresentado
pelo filósofo Olavo de Carvalho em diversos escritos e aulas. Exatamente
por isso, o pensamento kantiano é inconciliável com a mensagem cristã.

3. Quando o Papa S. João Paulo II se encontrou com o Pe. Ernesto Cardenal,


ministro de um governo comunista, o repreendeu veementemente diante
das câmeras de todo o mundo. O padre defendia a existência de duas
igrejas: uma popular e outra romana, hierárquica. A romana propaga a
ideologia do magistério, com uma superestrutura imperialista e opressora;
a outra igreja, a do Pe. Ernesto Cardenal, seria uma igreja popular (que, na
verdade não existe, mas é um simples instrumento de implantação da
ideologia partidária)
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Áudio da aula (Formato .mp3)

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