Você está na página 1de 12

Marxismo Cultural - a tomada do poder a partir da destruição da cultura

O marxismo cultural é uma vertente da teoria marxista que entende que a transformação da
sociedade e da política é feita com base em esforços académicos e intelectuais contínuos
para subverter a cultura ocidental.

A revolução tomará o poder não pelas armas, mas pela destruição de valores e crenças
tradicionais que serão substituídos pelos valores revolucionários.

A modalidade marxista cultural surge a partir dos escritos de Antonio Gramsci.

 Para saber mais sobre ideologias políticas e sua influência na história moderna, a
Brasil Paralelo está oferecendo gratuitamente o e-book Ideologias Políticas: As
Diferentes Correntes. Não perca a oportunidade de conhecer as origens e os
principais pensadores da transformação cultural do mundo ocidental dos últimos
anos.

O que você vai encontrar neste artigo?

1. Os fundamentos teóricos do marxismo cultural


2. As modalidades de guerra
3. Antonio Gramsci
4. Escola de Frankfurt
5. Saul Alinsky
6. Como as teorias revolucionárias impactam na história recente?
 Para não perder conteúdos como este, acompanhe todas as produções gratuitas da
Brasil Paralelo.

Fique atualizado em 3 minutos! Resumo BP: os melhores conteúdos e as principais notícias


do momento no seu e-mail.
QUERO RECEBER
Os fundamentos teóricos do marxismo cultural
A teoria marxista é uma das ideologias mais influentes no mundo moderno. Seus preceitos
se desenvolveram e inspiraram diversos governos e movimentos sociais. Os principais
pontos da teoria marxista são:

 materialismo histórico dialético;

 luta de classes;

 Mais-Valia;

 ideia de alienação

 superestrutura e infraestrutura;

 socialismo científico.

A teoria marxista não engloba apenas a obra de Karl Marx. Diversos autores
desenvolveram suas teorias e as envolveram em outros campos do conhecimento, além de
teorizarem novos desdobramentos para as teses de Marx.

Um dos principais desdobramentos da teoria marxista é justamente o Marxismo


Cultural, aponta o artigo The Frankfurt School, Political Correctness, and the Cultural
Marxist Agenda, de William S. Lind, formado em história pela Universidade de Princeton.
Os trabalhadores ao redor do mundo não se uniram como Marx previa. Novas
correntes do socialismo foram se espalhando pelo mundo, como na Rússia em que uma
vanguarda formada por burgueses tomou o poder em nome do povo.

Na China, Cuba, Vietnã, e outros países viveram experiências socialistas com ideias
diferentes daquelas originalmente propostas por Marx.

Apesar das diferenças, há um padrão da teoria marxista que se replica: o espírito


revolucionário.

Para o professor de direito e filosofia Marcus Boeira, há um método operacional das


revoluções, ele as chama de modalidades de guerra.

As modalidades de guerra

São três as modalidades de guerra que são desdobramentos da teoria revolucionária


marxista:

1. Guerra Cultural;
2. Guerra de Informação;
3. Guerra de Narrativas e da Desinformação.

Guerra Cultural

A revolução lenta e pacífica é feita por meio da guerra cultural. Sem que seja
derramado sangue ou sem que as pessoas sequer percebam, a revolução vai tomando as
instituições, símbolos da cultura e modificando ambos para consolidar seu projeto de poder.
A estratégia foi desenhada por Antonio Gramsci.

Guerra de Informação

A guerra de informação é uma estratégia adotada por vários países no século XX,
especialmente no contexto da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria. Ocupar espaço,
controlar informações cruciais, são formas de deter vantagens objetivas contra adversários.

Guerra de narrativas e desinformação

Da Guerra Cultural para a Guerra de Informação houve um ponto de inflexão que é


a Hegemonia. O ponto de inflexão da Guerra de Informação para a Guerra de Narrativa se
chama Indústria da Desinformação.

Saul Alinsky é quem percebeu que melhor do que tomar a informação do adversário para
ter uma vantagem competitiva, é lançar uma informação falsa sobre o adversário que o
coloca em xeque perante todos os demais. Plantar uma mentira proposital para
comprometer os planos de ação do adversário — para isso é usado a tática da
desinformação.

O tenente-general da STB, Ion Mihai Pacepa, aponta em seu livro Desinformação, que essa
estratégia foi realizada e incentivada pela KGB ao redor do mundo.

A estratégia das modalidades de guerra foi usada para propagar a teoria do Marxismo
Cultural. Este movimento começa com um pensador italiano.
Antonio Gramsci
Antonio Gramsci foi um teórico do partido comunista italiano responsável por
compreender que era perda de tempo fazer uma revolução armada.

Empreender uma guerra para conseguir o poder a fim de tomar o Estado para implementar
o socialismo através da planificação da economia e de tudo aquilo que a teoria socialista
propunha, para Gramsci, não era a melhor opção.

Ele argumentou que era mais fácil, por meio das instituições culturais, fazer as
pessoas acreditarem que o sistema não vale nada e que o socialismo é a melhor opção.

Gramsci entendia que a revolução cultural era um fronte de batalha muito mais
viável que o estado de armas implementado por Lênin na União Soviética.

Outros teóricos se debruçaram no problema do não engajamento dos proletários com a


revolução. O filósofo húngaro Gyorgy Lukacs culpou a cultura ocidentalcomo causa da
alienação dos trabalhadores.

Para o pensador, a mistura da teologia judaico-cristã, com o direito romano e a filosofia


grega era uma invenção dos burgueses para iludir os proletários.

Diante da descoberta, o filósofo exclamou: “Quem nos salvará da cultura ocidental?”

A resposta não demorou a surgir. Felix Weil, utilizou de sua fortuna familiar para fundar o
que veio a se chamar “Escola de Frankfurt”: um “think tank” marxista que, abandonando as
ilusões de um levante universal dos proletários, passou a dedicar-se ao único
empreendimento viável que restava: destruir a cultura ocidental.

Escola de Frankfurt

Theodor Adorno e Max Horkheimer, intelectuais da Escola de Frankfurt.


A escola de Frankfurt foi uma escola de pensamento que surgiu sob o nome de
Instituto de Pesquisas Sociais na Universidade de Frankfurt, Alemanha, aponta.

Suas ideias são um desenvolvimento da teoria do Antonio Gramsci.

Desde o princípio, foi criada com a finalidade de destruir a cultura ocidental,


atacando o capitalismo, a dimensão religiosa da vida e a tradição clássica.

O marxismo original foi adaptado para que influenciasse o Ocidente e mudasse a cultura
por meio das ideias e da linguagem, alterando os hábitos das pessoas.

Os principais pensadores da Escola de Frankfurt eram filósofos ou sociólogos marxistas,


como:

 Max Horkheimer;

 Friedrich Pollock;

 Theodor Adorno;

 Herbert Marcuse;
 Erich Fromm;

 Jurgen Habermas;

 Wilhelm Reich.

As ideias desses teóricos permanecem vivas nos dias de hoje, sobretudo nas
universidades e nas grandes mídias de comunicação. A partir do ensino acadêmico e da
formação de novos profissionais, as ideias frankfurtianas permeiam a cultura.

 Entenda a fundo o papel desempenhado pela Escola de Frankfurt. A guerra cultural


se iniciou com suas teorias.

A Escola de Frankfurt está inserida no contexto histórico do século XX. Apesar das
duas guerras mundiais, os trabalhadores não se uniram contra seus patrões como
Marx previa. Além disso, devido à Revolução Russa, as discussões sobre a implementação
de regimes socialistas se fortaleceram.

A queda do Muro de Berlim não significou o fim das ideias socialistas. Ao contrário,
seu aparente fim serviu para estas ideias se fortalecerem no Ocidente. Não há dúvidas
de que os Estados Unidos venceram militarmente, mas a verdade é que o povo americano
entregou sua cultura ao inimigo.

Fundamentalmente, os pensadores de Frankfurt desenvolveram dois importantes


conceitos:

 Teoria crítica: a teoria tradicional foi criada para ser neutra, a teoria crítica para
destruir a realidade e reconstruí-la segundo a ideologia marxista. Tradicionalmente,
estudam-se os conceitos e apenas depois de entender a realidade de forma objetiva e
verdadeira, analisa-se quais ações eram necessárias para gerar alguma mudança. A
teoria crítica, ao contrário, critica o máximo possível as condições sociopolíticas e
econômicas, focando não na análise da realidade, mas na crítica em primeiro lugar.
A teoria crítica é a politização da lógica.

 Indústria cultural: de acordo com a teoria formulada na Escola de Frankfurt, a


sociedade está permeada de uma lógica proposital, que cria um padrão artístico e
cultural da mesma forma que uma fábrica produz seus bens em uma esteira de
produção. Os valores tradicionais, capitalistas e burgueses, padronizados,
perpetuam-se pela indústria cultural. A conclusão a que esses pensadores chegaram
é que a militância, a revolução cultural e uma nova educação artística, seriam
fundamentais para a libertação da opressão que atinge a sociedade.

“O processo de destruição da capacidade de compreensão e a tentativa e o esforço de


iludir o estudante, o observador, aquele que é alvo de um processo de deformação, de
desinformação, ele produz consequências adiante, produz consequências na própria
história.” Percival Puggina
Essas estratégias são os pilares do Marxismo cultural.

 Entenda como a sociedade pode ser manipulada por meio das estratégias da Janela
de Overton.

Saul Alinsky

Saul Alinsky foi um grande estrategista político que comungava de ideais marxistas e
encontrou meios de implementá-las na sociedade. Era filho de russos que imigraram para
os Estados Unidos e tinha em Lênin um grande ídolo.

Honrou seu lema: “a revolução se faz escondida”.


Seu principal livro, “Regras para Radicais", contém seu itinerário para promover
uma revolução marxista.

Para entender suas ideias, um importante episódio de sua vida resume bem:

Estava se reunindo com um grupo de militantes que haviam decidido fazer uma
manifestação contra o Bush pai.

Alinsky estava no meio do movimento, mas ainda era desconhecido da militância e as


pessoas estavam discutindo sobre posições e ações. Os militantes estavam sugerindo acusar
o Bush pai de ser assassino e de apoiar racistas.

Alinsky, então, compartilhou sua ideia: vestir alguns indivíduos com roupas da Ku
Klux Klan (KKK), movimento mais racista da história dos EUA, para que, em
determinado momento, no meio da manifestação, declarassem apoio a Bush.

Para ele, isso seria muito mais eficiente do que um protesto de oposição.

Além disso, propôs que ligassem para jornalistas, para que cobrissem a manifestação, a fim
de infiltrar, na mídia, a narrativa de que a KKK apoiava o Bush.

Como a investigação para descobrir se eram ou não membros da KKK e reportar a


notícia real demora muito tempo, a notícia falsa já estaria disseminada.

Assim, o resumo de suas estratégias consiste em:


 dividir a sociedade em classes ou minorias e criar oposições que permitam a tomada
de espaços;

 apresentar-se como o candidato que representa as minorias oprimidas;

 a destruição do adversário político, mesmo que seja necessário a difamação com


acusações de machista, homofóbico, racista etc.;

 os políticos não devem se basear em qualquer moralidade para vencer eleições e


tomarem cargos, a ética é algo criado pela elite dominante;

 um candidato de esquerda não deve revelar todas as suas propostas políticas,


somente as que têm apelo popular;

 a criação de ONGs, uma espécie de governo paralelo que representa um grupo,


interesses e coordena sua ação. A ONG concentra o poder político de um lobby, um
bloco de votos, uma militância, recursos, e tudo isso pode ser utilizado em favor
próprio.

Outro episódio marcante de sua vida foi quando foi entrevistado acerca da questão do
objetivo das ONGs. O entrevistador lhe perguntou qual era o objetivo da ONG e ele,
talvez levado pelo momento, respondeu: “o problema nunca é o problema. O problema é
sempre a revolução”.

Com base nas teorias de Saul Alinsky, da Escola de Frankfurt e de Antonio Gramsci, o
Marxismo Cultural ganha força no cenário político global.

Segundo o professor Marcus Boeira:

“Essa base revolucionária não está totalmente ancorada em Marx. Há muitas outras
teorias presentes, mas um fato é inexorável: de todas as teorias revolucionárias
produzidas na História Contemporânea, a teoria que mais ganhou força cultural e política
tenha sido a teoria marxista da revolução, que se propagou e ganhou novas roupagens à
medida que as diferentes escolas sociológicas passaram a desenvolver teorias sociais
ampliadas que, de alguma forma, acabavam numa noção da guerra e da revolução como
plano de fundo da civilização humana”.

Como as teorias revolucionárias impactam na história recente?

Manifestantes do Black Lives Matter incendiando objetos em protesto.


Como foi colocado por Saul Alinsky: o problema é sempre a revolução. O motor de
diversos movimentos sociais e teorias modernas é apenas um: a revolução. É possível
citar o exemplo do famoso movimento Black Lives Matter.

A fundadora do movimento alegou publicamente que as três criadoras do BLM são


“Marxistas treinadas”:

As minorias hoje pautam o debate público. Muito é dito sobre suas reivindicações e suas
críticas, mas pouco é dito sobre suas origens e propostas.

 Você já conhece as grandes minorias? Não perca esse documentário!

Outro movimento que segue o mesmo rumo é o feminismo, um movimento político e social
extremamente popular. Suas concepções pautam a mídia, o debate público e até interações
sociais.

Por trás da feição conhecida se esconde outra; muitos apoiadores do movimento sequer a
conhecem, mas já foi revelada A Face Oculta do Feminismo.
O discurso politicamente correto, a linguagem neutra, tudo isto e outras diversas pautas são
frutos da influência da implementação teórica do marxismo cultural.

 Para saber mais sobre ideologias políticas e sua influência na história moderna, a
Brasil Paralelo está oferecendo gratuitamente o e-book Ideologias Políticas: As
Diferentes Correntes. Não perca a oportunidade de conhecer as origens e os
principais pensadores da transformação cultural do mundo ocidental dos últimos
anos.

Você também pode gostar