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DE ALYSSON L. MASCARO
Arthur Bastos
1- A FILOSOFIA MODERNA
• A filosofia do direito da Idade Moderna, que teve seu esplendor no século XVIII, em
pensadores como Kant, na Alemanha, Voltaire, Rousseau e Montesquieu, na França, Hume, na
Inglaterra, começou em circunstâncias muito peculiares, no quadro do Renascimento, rompendo
com a tradição medieval.
• A filosofia do direito antiga e medieval apresentava características e tradições que os
modernos, logo de início, romperam.
• O primeiro grande representante desses filósofos modernos, Maquiavel, é um pensador já
bastante característico do início da filosofia moderna, nos tempos renascentistas.
• Jean Bodin, ao teorizar ainda no século XVI sobre o Estado, abre margem a uma reflexão
que, ao lado de outras do mesmo período, levará rapidamente a filosofia do direito moderna às
portas do Absolutismo, fechando os portais da filosofia antiga e medieval.
• No entanto, toda essa primeira etapa da filosofia moderna - Renascimento, rompimento
com a teologia medieval, Absolutismo - terá um contraponto posterior na própria Ida- de
Moderna, nos movimentos filosóficos dos séculos XVII e XVIII, como o Iluminismo. Se a Idade
Moderna começou fazendo o elogio do Absolutismo, acabará a seu final por ser radicalmente
anti-absolutista. Daí as cruciais diferenças entre pensadores como Maquiavel e Rousseau, ou
Bodin e Kant.
• A base econômico-social na qual se desenvolvem os pensamentos filosóficos e jurídicos
desse tempo é o surgi- mento e a consolidação do capitalismo. O Estado, que começa a ser
exaltado nos primeiros pensadores e depois limitado por outros, é uma típica instância social de
causas íntimas com o capitalismo.
• O individualismo, que implica uma reflexão específica sobre as relações da sociedade e do
Estado com o interesse privado burguês, é também produto de uma época que se assenta no
arrojo individual, na propriedade individual, privada, nos alicerces enfim de todo um sistema
produtivo até hoje presente em nossa realidade.
• Nas ciências humanas, da mesma forma, trata-se de dominar a sociedade de outras formas
e de acordo com interesses novos. Constitui-se então um grande corpo filosófico e de filosofia
do direito que, até hoje, no mundo capitalista, é o esteio vulgar do pensamento, dos valores, do
direito e da ação social.
1.3.2 - O INDIVIDUALISMO
• O homem, para os gregos, é pleno quando é cidadão. A vida e os paradigmas da vida
virtuosa são plenamente sociais, políticos, não individuais. O homem virtuoso é o bom cidadão,
é aquele que é virtuoso na pólis.
• Ora, reafirmando a individualidade como a origem, afirmarão os modernos um paradigma
filosófico também individualista: é em função do indivíduo e de seus interesses e direitos
fundamentais - entre os quais, asseveram os modernos, o de propriedade - que deve ser posto o
Estado, e as leis morais e jurídicas pensadas racionalmente pelo homem devem atender a esse
individualismo originário, de igualdade formal entre todos, e em atenção à liberdade individual.
• O paradigma individualista, por seu turno, não implica apenas a forma de postulação de
certo direito natural saído da razão individual, conforme mais adiante se verá, mas implica,
fundamentalmente, a consolidação das raízes do sistema capitalista que está em formação e
florescimento.
• O individualismo se vê na propriedade privada, que não é compartilhada por todos, mas é
legitimada como direito do indivíduo, e dele contra todos, erga omnes. Individualismo e
capitalismo, em filosofia e em filosofia do direito, são fenômenos interligados e que
permanecem, ainda, como referência de teorias e práticas até nossos dias. Aliás, essa conexão
entre capitalismo e filosofia individualista é bem explícita no pensamento moderno.