considerada a primeira das grandes revoluções burguesas, isto é, as revoluções encabeçadas por lideranças da burguesia europeia que havia se tornado expressivamente forte ao longo dos séculos XVI e XVII. Com o processo da revolução, a burguesia da Inglaterra, por meio de uma guerra civil e da atuação do Parlamento, conseguiu combater o Estado absolutista desse país e reformular a estrutura política, que culminaria no modelo da Monarquia Parlamentarista em 1688. Ao longo do século XVII, a Inglaterra enfrentava uma Figura 1: Carlos I, monarca inglês que desencadeou os primeiros conflitos série de crises específicas, mas relacionadas. Em primeiro com o Parlamento no século XVII (Retrato por Antoon van Dyck, 1636). lugar, havia uma crise econômica causada pela cobrança abusiva de impostos por parte da monarquia inglesa. Isso desagradava imensamente a população mais pobre e a burguesia, que eram os grupos que pagavam esses tributos e eram a maioria da população inglesa. Além disso, havia ainda uma crise de aspecto político, uma vez que a dinastia Stuart, que estava ocupando o trono inglês na época, tentou restaurar o absolutismo de direito divino na Inglaterra, criando uma insatisfação generalizada. Para completar esse quadro de tensões sociais, existia ainda uma crise religiosa grave no país: os reis ingleses tentaram impor o anglicanismo (a religião oficial da monarquia) ao país inteiro, sendo que a maioria da população era calvinista (puritanos e presbiterianos). Um outro detalhe característico da política inglesa dessa época deixava as coisas ainda mais complicadas: a existência do parlamento. Parlamento é uma assembleia de representantes eleitos pelos cidadãos de um país. Essa instituição existia na Inglaterra desde o século XIII e ameaçava o poder político dos reis. Ao longo do século XVII, o parlamento inglês voltou a ganhar força com o aumento de representantes da burguesia, um grupo social que estava muito insatisfeito com a monarquia. Dessa forma, a tensão política aumentava cada vez mais na Inglaterra: de um lado, os reis querendo implantar o absolutismo para fortalecerem o seu poder e reinarem de forma plena; de outro, o parlamento liderado pela burguesia (e apoiada pelo povo mais pobre) tentando limitar o poder real e ampliar os direitos dos cidadãos comuns. Em 1640, o rei Carlos I entrou em um conflito contra a Escócia e precisou do tributo dos burgueses para bancar a guerra, convocando, assim, mais uma vez, o parlamento (que havia sido dissolvido pelo mesmo rei quinze anos antes). O parlamento se recusou a ajudá-lo. Mas ao contrário do que ocorrera antes, os burgueses puritanos prepararam-se para um enfrentamento total contra o rei e a nobreza. Um líder radical puritano chamado Oliver Cromwell organizou um exército burguês conhecido como exército dos “Cabeças redondas” por se recusarem a usar as perucas dos nobres. Esse exército deflagrou guerra contra a Coroa, que foi defendida pelos “Cavaleiros”, isto é, o exército tradicional da nobreza. Teve assim início a Revolução Puritana, ou Guerra Civil Inglesa.