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Resumo
Diante da omissão e da exclusão que marcam a relação da história escolar com a
diversidade sexual e de gênero, consideramos a transversalidade uma abordagem
pedagógica propícia à integração dessa temática ao currículo da disciplina.
Pautando-nos na vinculação desse trabalho à educação em direitos humanos como
forma de ultrapassar uma lógica fundada apenas no combate à violência
LGBTfóbica, defendemos a opção, do ponto de vista metodológico, pelo ensino
temático e pela pedagogia de projetos como meios de incorporar ao currículo de
história problemáticas contemporâneas pertinentes à realidade social, como é o
caso dos debates em torno das questões de gênero e sexualidade. Por fim,
apresentamos os resultados preliminares de intervenções pedagógicas que vêm
sendo realizadas como parte do produto de nossa dissertação.
Palavras-chave: Diversidade sexual e de gênero; Direitos Humanos; Ensino de
História; Ensino Temático; Transversalidade
Introdução
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Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de História (ProfHistória/UFF), professor
de História das redes municipais de educação de Queimados e Rio Bonito (RJ), bolsista CAPES (e-
mail: diegohistuff@gmail.com).
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Segundo o relatório anual do Grupo Gay da Bahia, a mais antiga organização do país de defesa dos
direitos humanos de LGBTs, a cada 20 horas uma pessoa LGBT é assassinada ou se suicida no
Brasil por conta da LGBTfobia (GGB, 2018). Já de acordo com a organização Transgender Europe
(TGEU), entre janeiro de 2008 e julho de 2016, foram mortas/os no Brasil ao menos 868 travestis e
transexuais – o que deixa o país isoladamente no topo do ranking de países com mais registros de
homicídios de pessoas transgêneras. Isso equivale a 40% dos homicídios de transgêneros no mundo.
(BERREDO; LAGATA, 2016). Além disso, a expectativa de vida de travestis e transexuais no Brasil é
de 35 anos, o que corresponde à metade da média nacional (ANTUNES, 2013).
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O estudo “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar”, realizado pela Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (FIPE), chegou à constatação de que 87,3% dos entrevistados (estudantes,
professores e responsáveis) apresentavam atitude preconceituosa em relação à orientação sexual
(MAZZON, 2009). Em 2015, A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis,
Transexuais e Intersexos (ABGLT) realizou um levantamento com estudantes LGBT acerca de suas
experiências escolares. 60% desses/as estudantes declararam nos questionários da pesquisa que se
sentiam inseguros/as na escola por conta de sua orientação sexual, enquanto 43% se sentiam
inseguros/as devido a sua identidade/expressão de gênero (ABGLT, 2016).
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Com a homologação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), em dezembro de 2017, os PCNs
foram substituídos como principal política pública curricular no Brasil. O tema da diversidade sexual e
de gênero não é sequer mencionado no texto final da BNCC, ficando implícito o seu tratamento como
integrante de atividades voltadas ao combate geral das discriminações e dos preconceitos e ao
respeito às diferenças e diversidades (BRASIL, 2018).
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gênero? Essas são algumas das questões que temos abordado ao longo da
pesquisa.
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Essa constatação vai de encontro à hipótese da atuação sempre restrita e limitada dos professores
no processo de mediação didática, uma vez que haveria uma transposição externa realizada na
chamada noosfera (agências governamentais, autores de livros didáticos, formuladores de currículos)
que necessariamente se anteciparia à transposição interna operada pelos professores em sua
atividade docente. Como se observa, o trabalho com a diversidade sexual e de gênero demonstra a
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magnitude que a participação ativa dos professores nos processos de mediação didática pode
alcançar.
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A experiência pedagógica em questão foi realizada com duas turmas de nono ano do primeiro
segmento do Ensino Fundamental.
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seguintes pelo professor, a fim de que os produtos finais desses trabalhos sejam
expostos à comunidade escolar numa culminância mais ampla de projetos temáticos
desenvolvidos por outras turmas. 7
Considerações finais
Referências bibliográficas
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Ao longo da realização de tais atividades, foi ficando mais clara a necessidade de também investir
na integração do tema da diversidade sexual e de gênero ao ensino cronológico tradicional. Nesse
sentido, temos feito também algumas experiências de incorporação desse tópico a conteúdos mais
convencionais do currículo de História.
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