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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

PSICOLOGIA
HISTÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO

A Filosofia na Idade Contemporânea e a Crise da Razão

Profª. Drª. MARILNE FERNANDES


Linha do Tempo...

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Antes da crise...
No século XIX a corrente artística chamada
de Romantismo criou a ideia de tradição popular ou de
“espírito de um povo”, isto é, como folclore.
Surgindo assim, as ideias de arte e cultura popular
como manifestações dessa ideia criada.
Por que o Romantismo trouxe tais ideias? Porque
essa corrente artística coincide com uma situação
histórica.
Surge à ideia política de nação e, com ela, o
fenômeno do nacionalismo. Intelectuais e artistas
europeus consideravam que a nacionalidade constituía o
espírito de um povo, o qual se exprima na língua, nos
costumes, na religião, nas artes e nas tradições nacionais.
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Continuando...
Esse movimento romântico, representou também uma
reação ao racionalismo iluminista, à crença de que a
razão seria capaz de alcançar a verdade e de que a
ciência, por meio da tecnologia, nos tomaria "mestres e
senhores da natureza''.
Os românticos valorizavam o ser humano integral, daí a
importância das artes. A educação estética teria, como
objetivo, desenvolver a harmonia das faculdades do
sujeito: a sensibilidade, a imaginação e o entendimento.
As primeiras fissuras da crise da razão surgiram com o
ceticismo de Hume e o criticismo de Kant ainda no
século XVIII.
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No final do século XIX e início do século XX...
A crise da razão delineou-se mais claramente e repercutiu ao
longo do século XX, o que levou à necessidade de se repensar a
filosofia.
Pensadores de influência marcante como
Friedrich Nietzsche que puseram à prova os
alicerces da razão.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) procedeu a um deslocamento do


problema do conhecimento, alterando o papel da filosofia.
Para ele, o conhecimento não passa de interpretação, de atribuição de
sentidos, sem jamais ser uma explicação da realidade.
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A crise da subjetividade
O que chamamos crise da razão é também uma crise da ideia
de subjetividade.
Vimos que a herança mais grata da modernidade, a
partir de Descartes, foi a descoberta de que o sujeito era capaz de
conhecer, que chega à verdade indubitável do cogito e que se
torna o autor de seus atos, pela vontade livre.
Porém, a partir do final do século XIX, muitos pensadores
introduziram elementos de desconfiança na capacidade humana
de conhecer a realidade objetiva e de ter acesso transparente a si
mesmo. A esse respeito Freud refere-se às feridas narcísicas.

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Feridas Narcísicas

Essa expressão foi cunhada por Freud quando diagnosticou as três grandes feridas
narcísicas da humanidade, ou seja, os acontecimentos que mais feriram o narcisismo do homem
(seu orgulho sem medida, sua enorme autoestima e seu insuperável amor-próprio), em
diferentes momentos da história:
❖no século XVI, quando Copérnico retirou a Terra do centro do Universo;
❖no século XIX, quando a teoria da evolução de Darwin tirou o sujeito do centro do reino animal;
❖com a teoria do inconsciente de Freud, que retirou o ser humano do centro de si mesmo.
A essas feridas, costuma-se acrescentar uma quarta:
❖quando Marx, afirma que a subjetividade livre e autônoma deixou de ser o centro da história.
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Sigmund Freud (1856 - 1939)

Freud é considerado o “fundador” da psicanálise ou teoria


freudiana.
Foi responsável por popularizar o método de tratamento
psicológico por meio do diálogo entre paciente e médico, tão
comum hoje em dia.
Muitas de suas teorias envolviam mecanismos da mente
inconsciente, como a interpretação dos sonhos.
Apresentou diversas contribuições para as áreas de medicina,
psicologia, literatura, filosofia, política, entre outras.
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Vários pensadores...
Nas décadas que se seguiram, debruçaram-se sobre a questão da
"morte do sujeito", que significa a desconstrução do conceito de
subjetividade tal como fora construída na Idade Moderna.
A crítica não é tão simples. Poderíamos então perguntar: mas
aquele que procura desvendar o conhecimento ilusório teria acesso a
uma pretensa "realidade escondida?” Se não há discursos neutros sobre
a realidade, o que viabiliza a noção clássica de verdade? Como saber se
alcançamos a verdade?
O impasse com o qual nos deparamos é a descrença na
possibilidade do conhecimento e/ ou o subjetivismo de todo
conhecimento, que dependeria da pessoa, do lugar e do tempo. Como
contornar essas dificuldades? E assim, diferentes correntes filosóficas
enfrentaram os novos questionamentos.

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A Escola de Frankfurt
Ainda na década de 1920, surge primeiro como Instituto de Pesquisas Sociais, com
um grupo e teóricos que desenvolveram uma análise e um pensamento filosófico e
sociológico que tinha como objetivo estabelecer um novo parâmetro de pesquisas
sociais

O que marca profundamente as análises da Escola de Frankfurt é sua reflexão


sobre um mundo desencantado. Considerando que o pessimismo frankfurtiano se
liga, de algum modo, à conjuntura política dos anos 1930.

Em 1933, após a eleição de Hitler os membros da Escola de Frankfurt se


exilam nos Estados Unidos com consequências importantes. A realidade
americana era radicalmente diferente, eles se deparam com um tipo de
capitalismo avançado que desconheciam até então.

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Alguns membros
No final da década de 30
se consolida nos Estados Unidos
um mercado cultural onde a
presença de grandes indústrias
como Hollywood.
O rádio tem um
desenvolvimento enorme como
meio de comunicação, inserido
numa situação de mercado, e
contrariamente ao que se passava
na sociedade alemã, onde era
quase um instrumento de
propaganda política.

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A teoria estabelecida...
Pelos intelectuais da Escola de Frankfurt é chamada de Teoria Crítica por
dois motivos: primeiro, porque faz uma crítica social do desenvolvimento intelectual
da sociedade que incide sobre as teorias iluministas; e, em segundo lugar, porque
propõe uma leitura crítica do marxismo, com novas propostas para além dele sem
perder de vista os principais ideais da esquerda.
Com eles surge o conceito de Indústria Cultural e para vender cultura, deve
seduzir e agradar o consumidor; não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar ou ter
informações novas que o perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o
que ele já sabe, já viu, já fez.
Adorno e Horkheimer dizem que a obra de arte é “arte sem sonho” e por isso
mesmo é sono, ou seja, adormece a criatividade, a consciência, a sensibilidade, a
imaginação, o pensamento e a crítica tanto do artista como do público.

É o senso comum cristalizado que a Indústria Cultural devolve com cara de coisa nova

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A sociedade contemporânea frente aos conceitos
de Pós-modernidade e Modernidade Líquida
Nas duas últimas décadas do século XX ocorreram transformações cruciais na nossa
sociedade por conta da revolução da informática e da fragmentação dos grandes blocos
dos saberes, como as concepções sistemáticas da ciência, literatura, pintura e
arquitetura. Irrompemos no que se chamou pós-modernidade.
O conceito de pós-moderno não é de fácil definição, pois há diferentes explicações
para o fenômeno.
De maneira geral, consiste no estado de espírito que descrê na herança das Luzes:
não se aceitam mais os grandes sistemas, como o marxismo, o liberalismo, a esperança
depositada no progresso, nem faz mais sentido a ilusão de que a razão nos orienta para
uma sociedade mais harmônica.

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A tecnologia e o mundo em mutação

No Pós-Modernismo tudo
parece envelhecido e ultrapassado,
cada vez mais distante do sonho
iluminista da libertação humana pelo
conhecimento.

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O desafio a um mundo ordenado
Em que tipo de descrença nos lançam os novos tempos? Na descrença na razão iluminista,
diante de malogros como: os da Alemanha letrada, da qual emergiu o Holocausto; do mais alto
conhecimento da física contemporânea, capaz de gestar a bomba que destruiu Hiroshima e
Nagasaki.

Na filosofia, o pensamento dito "pós-moderno'‘ sofreu influência dos vários filósofos a que
já nos referimos e que desvendaram as ilusões do conhecimento, denunciaram a razão
emancipadora (que mostrou sua face de dominação) e questionaram a possibilidade de se
alcançar a verdade.

Os pensadores que representam de certa maneira as perplexidades desse período afirmam


que o pós-moderno representa a "incredulidade diante das grandes narrativas”, que se dizem
capazes de explicar a realidade de modo absoluto e universal.

Foi esse o sonho de Descartes e de todas as teorias radicais, globalizantes, tais como as
construídas por Hegel, Marx, Freud e até pelas grandes religiões. Opostamente a eles, a pós-
modernidade aceita o fragmentário, o descontínuo, o caótico.

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A Modernidade Líquida
Zygmunt Bauman (1925 - 2017) - nasceu na Polônia e em
1968foi expulso do país por causa do antissemitismo do Leste
Europeu. Emigrou para a Inglaterra onde atuou como professor de sociologia
na Universidade de Leeds. Ele deixou uma obra volumosa, com mais de 50
livros, e é considerado um dos pensadores mais importantes e populares do
fim do século XX.
Para Bauman, as relações entre os indivíduos nas sociedades
contemporâneas tendem a ser menos frequentes e menos duradouras.
Indivíduos que vivem num capitalismo contemporâneo de tecnologia
avançada, produção em escala e consumo em massa.
Onde tudo é líquido, é fluido...
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Para uma reflexão...

O paradigma da racionalidade moderna precisa ser


contestado, mas não por meio do irracionalismo, mas sim, pela
atividade crítica da razão mais completa e mais rica, que dialoga e
se exerce na intersubjetividade.

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Referências:
• Aranha, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2009.
• Bauman, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor. 2001.
• Chaui, M. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
• Hobsbawm, E. Era das revoluções: 1789 – 1848. São Paulo: Paz e
Terra, 2010.
• Sevcenko, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha
russa. São Paulo: Cia das Letras, 2001.
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DICAS DE VÍDEOS

Bicho de sete cabeças (Brasil, 2000). Dir.: Laís Bodanzky. Baseado no livro
autobiográfico Canto dos malditos, de Austregésilo Carrano Bueno. Uma relação difícil
entre pai e filho leva a uma solução extrema, quando o pai encontra um cigarro de
maconha e interna o rapaz em um manicômio.
Dias de Nietzsche em Turim (Brasil, 2001). Dir.: Júlio Bressane. Durante algu ns
meses em Turim, entre 1888 e 1889, Nietzsche escreve livros e trechos de suas obras são
lidas.
Pequena Miss Sunshine (EUA, 2007).

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É isso, pessoal!

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