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Frederich Nietzsche e a

cultura de massa
ESCOLA DE FRANKFURT E A INDÚSTRIA CULTURAL
Escola de Frankfurt

 A Escola de Frankfurt foi uma escola de análise e pensamento filosófico e


sociológico que surgiu na Universidade de Frankfurt, situada na Alemanha. Tinha
como objetivo estabelecer um novo parâmetro de análise social com base em
uma releitura do marxismo.
 A teoria estabelecida pelos intelectuais da Escola de Frankfurt é chamada
de teoria crítica por dois motivos: primeiro, porque faz uma crítica social do
desenvolvimento intelectual da sociedade que incide sobre as teorias iluministas;
e, em segundo lugar, porque propõe uma leitura crítica do marxismo, com novas
propostas para além dele sem perder de vista os principais ideais da esquerda.
Pensadores da escola de Frankfurt

 Como a Escola de Frankfurt perdura desde a década de 1930, vários


pensadores formaram-se lá e produziram suas teorias com bases parecidas. No
entanto, a diferença entre gerações é um traço marcante das teorias produzidas
por eles. Por isso, divide-se, a seguir, os pensadores de acordo com as suas
gerações, sabendo que existem duas delas notáveis e uma terceira em curso.
 Primeira geração: composta pelos filósofos e sociólogos Theodor Adorno, Max
Horkheimer, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Otto Kirchheimer, Friedrich Pollock
e Leo Löwenthal.
 Segunda geração: formada pelos filósofos e sociólogos Axel Honneth, Albrecht
Wellmer, Jürgen Habermas, Oskar Negt, Franz Neuman e Alfred Schmidt.
Escola de Frankfurt e a indústria cultural

 Foi no bojo da Escola de Frankfurt que surgiu o conceito de indústria cultural, mais especificamente no livro Dialética do
esclarecimento, escrito pelos filósofos da primeira geração Theodor Adorno e Max Horkheimer. Para eles, uma das maneiras de
dominação capitalista se daria pela cultura. Adorno e Horkheimer entenderam que havia dois tipos de cultura autêntica: a cultura
erudita e a cultura popular.
 A cultura erudita é aquela produzida por uma elite intelectual, mais refinada e menos intuitiva. Essa cultura teria um valor estético
maior, visto que é mais elaborada. A cultura erudita seria o escape para que a intelectualidade se desenvolvesse plenamente, e, na
visão dos autores, ela deveria ser ampliada.
 A cultura popular é uma forma autêntica de fazer-se arte e cultura vinculadas às culturas tradicionais dos povos. Ela é autêntica,
mas composta por menor refinamento técnico e intelectual, sendo mais intuitiva.
 Por último, tem-se a cultura de massa. Diferente dos outros dois tipos, esta é inautêntica. Fruto de uma fusão de elementos da
cultura erudita e da popular e da possibilidade de alta reprodutibilidade técnica, a cultura de massa seria um recurso
capitalista para vender uma forma inferior de arte que, ao mesmo tempo, manteria a população sob controle. A indústria cultural
se limitaria a levar o entretenimento como se fosse arte ao consumidor, que se sentiria satisfeito ao deparar-se com elementos
aparentemente agradáveis e de fácil consumo.
 Em relação às formas de reprodutibilidade técnica, os teóricos citavam a gravação audiovisual (considerando-se, na época, a
gravação de discos, de filmes, de fotografia e de radiodifusão). Nesse sentido, o autor da obra de arte não precisaria criar, a cada
performance, uma obra, mas sim reproduzir em larga escala uma obra criada anteriormente.
 O filósofo Walter Benjamin declarou ser essa forma de reprodução o fim da aura que conferiria à obra de arte a sua
autenticidade.
Cultura de massa

 A Cultura de Massa (ou “cultura pop”) é o produto realizado pela Indústria


Cultural. Tem o intuito de atingir a massa social, considerando “massa” em seu
sentido de coesão e opacidade.
 Portanto, cultura de massas é o meio e o fim pelo qual se submetem as mais
variadas expressões culturais a um ideal comum e homogêneo.
 A cultura de massas tem a propriedade de absorver os antagonismos e transcender
distinções sociais, étnicas, sexuais, etárias, etc., transformando-os em produtos
para o consumo num mundo de consumidores livres.
Cultura de massa e a indústria cultural

 A cultura de massas está intimamente ligada ao advento da modernidade. No século XIX, esse
termo foi utilizado para fazer antagonismo entre a educação recebida pelas massas à educação
recebida pelas elites (cultura erudita).
 A expressão “cultura de massas” passou a designar também o consumo de alguns bens e serviços
da sociedade industrializada.
 O termo, tal como é visto atualmente, especialmente por sua natureza comercial e manipulativa,
consolidou-se após a Segunda Guerra Mundial.
 Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973) fundaram a Escola de Frankfurt
(1923) e juntos criaram o termo “Indústria Cultural”.
 Esse termo faz referência aos grandes conglomerados midiáticos globais detentores dos meios de
comunicação de massa. Eles são utilizados na padronização de produtos, notícias, serviços, etc.
 Em suma, a cultura de massas é um produto padronizado e pré-definido para o consumo imediato.
Muitas vezes, é considerado como algo trivial, tal qual ouvir uma música ou assistir um programa
de televisão.
Friedrich Nietzsche

 Friedrich Nietzsche foi um filólogo (estudioso de línguas clássicas, como o latim


e o grego antigo), poeta e filósofo alemão contemporâneo, autor de uma vasta e
polêmica obra. Seus livros deixaram os primeiros indícios do surgimento da
filosofia contemporânea. Nietzsche dedicou-se a estudar a moral judaico-cristã e
operou uma espécie de comparação das sociedades antes e depois do cristianismo,
tendo classificado este como o fator central do enfraquecimento do ser
humano na era moderna. Nietzsche pode ser considerado um autor cuja vida e
biografia influenciaram a produção e recepção de sua obra.
Biografia de Nietzsche

 Em 1867 o pensador foi convocado pelo exército alemão para servir na Guerra Franco-Prussiana, atividade que,
para a sorte de Nietzsche, durou pouco, devido a um acidente.
 Dois anos depois, aos 24 anos de idade, Nietzsche foi nomeado professor de filologia clássica da
Universidade da Basileia, na Suíça, devido à sua carreira universitária brilhante. Ele foi na época o mais jovem
a conseguir esse cargo. Com base em suas pesquisas no campo filológico e com a influência das leituras do
filósofo Arthur Schopenhauer e do músico alemão Richard Wagner, pessoa por quem Nietzsche mantinha uma
amizade próxima e um verdadeiro sentimento de admiração, o filósofo escreve a sua primeira obra em 1871,
intitulada O nascimento da tragédia.
 O laço estreito com Wagner mantém-se a ponto do filósofo frequentar a casa do amigo e manter uma relação
estreita com o músico e sua esposa, Cosima Wagner. Em 1876, no entanto, Nietzsche rompe a amizade por
discordâncias intelectuais, políticas e musicais que vieram à tona após a organização de Wagner de um evento
em celebração de sua obra, o Festival de Bayreuth.
 Nietzsche achou o projeto wagneriano demasiadamente nacionalista e uma espécie de massificação cultural da
música, que Nietzsche sempre considerou, até então, a expressão mais genuína da cultura alemã. Nesse
período, ele também abandona a leitura de Arthur Schopenhauer por considerá-
lo demasiadamente pessimista e negador da vida que, quando fortalecida, levaria o ser humano à sua plenitude,
segundo Nietzsche.
Debate sobre a cultura de massa

 O debate sobre a cultura de massas Críticas da cultura de massas e da imprensa começaram a surgir no final
do século 18. Estas críticas eram baseadas em reflexões sobre a vida e o lazer modernos, que começaram a
aparecer no século XVI, durante o colapso do sistema feudal. O surgimento das revoluções industrial e
democrática foi acompanhado pelo aparecimento da literatura popular, do jornalismo e da imprensa
moderna, que alimentaram grandes debates sobre seus impactos e consequências. Pensadores como
Montaigne e Pascal apontaram a necessidade de diversões ainda durante o século XVI, e escritores como
Goethe começaram a criticar os entretenimentos banais oferecidos pela imprensa e pela cultura de massas,
notando que eles serviam como grandes formas de escape da realidade social.
 A contribuição nietzscheana consistiu em estender a crítica à imprensa, feita por escritores anteriores, para
uma crítica da cultura de massas e da sociedade como um todo. Através de seus trabalhos, Nietzsche via a
cultura como o elemento central da vida humana e acreditava que culturas mais sadias e fortes poderiam
criar indivíduos distintos, criativos e mais poderosos, ao passo que culturas fracas e fragmentadas criariam
seres medíocres e inferiores. Sua crítica começa com seus primeiros textos, que contrastam a cultura grega
– forte e saudável – com a sua cultura alemã, cada vez mais banal, e se estende até seus textos posteriores,
nos quais ele contrasta suas próprias concepções de cultura e individualidade como os conceitos
dominantes na Europa moderna.
Nietzsche e a cultura de massa

 Nietzsche via assim a cultura de massas, perpetuada pela educação tanto quanto pelos jornais,
como sendo, além de um corrosivo para a arte autêntica, criadora de uma cultura medíocre
 Nietzsche foi geralmente pessimista sobre o impacto dos processos sociais modernos. Na maior
parte, ele sentiu que a sociedade e cultura moderna se tornaram muito caóticas, fragmentadas,
“arbitrárias” e sem “força criativa“, a ponto delas perderam os recursos para criar uma cultura
vital e, por isso, favoreceram o declínio da espécie humana. Ele pensava especialmente que a
imprensa e a cultura de massa eram forças degenerativas e medíocres, ao focar sua atenção no
trivial, no supérfluo e no sensacional, e ao criar a homogeneização e conformidade. Entretanto,
ele não desenvolveu críticas sistemáticas sobre a imprensa ou formas específicas de cultura de
massa, se excetuarmos, talvez, sua crítica a Strauss e o filisteísmo cultural, ou a Wagner e o
wagnerismo, no qual ele chegou a ver uma exibição de cultura de massa degradada e de mau
gosto. Consequentemente, ele não desenvolveu uma crítica institucional da mídia ou das
indústrias de cultura, como fizeram Adorno e Horkheimer,16 ou críticas detalhadas dos
fenômenos de cultura de massa, como o fazem hoje as análises pertencentes ao campo dos
estudos culturais críticos.
Cultura moderna

 A crise na cultura moderna está parcialmente enraizada no fato de que as sensibilidades


estéticas têm sido violentadas pelas forças repressivas da racionalidade instrumental,
racionalização social e da sociedade e cultura de massa. Consequentemente, a arte tem sido
confinada nas margens da sociedade. Para Nietzsche, ao contrário, estas forças
racionalizadoras devem ser contidas por valores estéticos fundamentados. Espíritos livres
seriam necessários àqueles que quiserem fazer experimentos com a arte, as ideias e a vida,
assim como para aqueles que quiserem criar novos valores e uma cultura superior capaz de
produzir seres humanos mais evoluídos. Em última instância, Nietzsche desejava uma
cultura afirmadora da vida, capaz de criar indivíduos superiores. Ele é um revolucionário
cultural, que procura por uma cultura saudável e vibrante e acredita que a cultura é o modo
mais poderoso de transformação individual e social. Sua crítica da cultura de massa é
movida, em parte, pela convicção de que ela representa a degeneração da cultura, de que
ela é uma forma degradada do modo de existência que supostamente pode produzir seres
humanos melhores, mais saudáveis e mais evoluídos.
Conclusão

 No todo, sua crítica cultural é dialética, afirmando o que ele considera


fortalecedor da vida e criticando o que ele acredita ser a negação e o
enfraquecimento da vida. Em Crepúsculo dos Ídolos, Nietzsche escreveu:
“Fórmula de minha felicidade: um sim, um não, uma linha reta, um objetivo
alcançado”. Por isso Lyotard entende mal quando clama que Nietzsche é
fundamentalmente um pensador afirmativo, ataca a concepção de filosofia proto-
nietzscheana de Adorno como negação e ele mesmo defende uma “economia
libidinal” puramente positiva e afirmativa. Para dizer a verdade, Nietzsche não é
apenas um negador: ele sempre faz seu não! ser acompanhado de um Sim!
Portanto, não se trata de contrapor um Nietzsche negativo contra um Nietzsche
afirmativo, mas antes de observar a relação dialética de ambos, vendo como os
“sim” e os “não” sempre e necessariamente suplementam-se no pensamento de
Nietzsche.

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