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UC6 TRABALHO E VIDA - MATERIAL DE ESTUDO

ATIVIDADE 3
Introdução: Analisem e comparem indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços,
escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.

ATIVIDADE 4

Indústria Cultural
O século XX assistiu a um desenvolvimento acelerado dos meios de comunicação, bem como sua rápida popularização
e disseminação pelo planeta. Ao mesmo tempo em que se dava esse desenvolvimento, crescia o coro de vozes que
viam no emprego da tecnologia nos processos de produção cultural um caminho para a democratização do
conhecimento e para a emancipação do indivíduo. Em meio à euforia causada pelo potencial comunicativo de
tecnologias como o cinema e a televisão, existiam, porém, aqueles que apresentavam postura mais cética frente a
esse processo. Uma das respostas veio na forma do conceito de indústria cultural, elaborado pelos filósofos alemães
Theodor Adorno e Max Horkheimer.
André Antunes - EPSJV/Fiocruz | 01/11/2011 11h26 - Atualizado em 01/07/2022 09h47

O século XX assistiu a um desenvolvimento acelerado dos meios de comunicação, bem como sua rápida popularização
e disseminação pelo planeta. Ao mesmo tempo em que se dava esse desenvolvimento, crescia o coro de vozes que
viam no emprego da tecnologia nos processos de produção cultural um caminho para a democratização do
conhecimento e para a emancipação do indivíduo. Em meio à euforia causada pelo potencial comunicativo de
tecnologias como o cinema e a televisão, existiam, porém, aqueles que apresentavam postura mais cética frente a
esse processo. Uma das respostas veio na forma do conceito de indústria cultural, elaborado pelos filósofos alemães
Theodor Adorno e Max Horkheimer.

Cultura como estratégia de dominação


O objeto de estudo desses autores eram os produtos culturais que, após o desenvolvimento das técnicas modernas de
reprodução, passaram a fazer parte do cotidiano de cada vez mais pessoas. A expressão ‘indústria cultural’ foi utilizada
pela primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento, escrito por Adorno e Horkheimer e publicado em 1947. No artigo
‘A atualidade da crítica de Adorno à indústria cultural’, o professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Rafael
Cordeiro Silva explica que a obra buscou fazer uma leitura filosófica do Iluminismo, contrapondo-se à concepção de
história como progresso contínuo. Os iluministas, segundo Silva, entendiam que a razão levaria ao desenvolvimento
da espécie humana, através das conquistas materiais, que assegurariam, por exemplo, maior domínio sobre a
natureza. Adorno e Horkheimer defendiam, contudo, que o aspecto emancipatório da razão foi deixado em segundo
plano em favor da razão instrumental, que buscava o domínio técnico-científico da natureza, incluindo a natureza
interior do homem e do mundo social.
A indústria cultural seria produto dessa razão instrumental. “Isso começa no século XVIII, com a produção em série e
a comercialização da literatura, e no século XX se amplia com as novas expressões culturais, como o cinema, o rádio
e a televisão”, explica Bruno Campanella, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).“A cultura passou a
ser produzida e distribuída de maneira a atingir o maior número possível de pessoas, adquirindo um caráter
massificador, que acabou por naturalizar a visão de mundo das elites”, diz. A ideia é que, numa lógica de mercado, a
cultura também vira mercadoria e estratégia de controle. Sabe esses cantores e bandas que parecem todos iguais,
reproduzindo um certo padrão de música que ‘deu certo’ comercialmente? Ou então aquelas telenovelas que parecem
seguir a mesma fórmula, sendo esteticamente parecidas e tendo sempre a mesma estrutura, os mesmos tipos de
personagens e até o mesmo final feliz? Ou ainda revistas que impõem a seus leitores, veladamente, um certo modelo
de consumo e comportamento? Esses são típicos produtos da indústria cultural, que padroniza as expressões artísticas
para que elas possam ser facilmente reproduzidas e comercializadas. E essas ‘mercadorias’ são importantes tanto
para gerar lucros como para disseminar determinadas crenças e formas de se comportar. Por isso, em geral deixam
pouco espaço para que o consumidor reflita sobre o que está vendo, ouvindo ou lendo. A ideia de indústria cultural,
portanto, tenta um diálogo com o pensamento marxista. “Esse conceito busca refletir sobre as implicações que a base
material do sistema capitalista – ou seja, o controle dos meios de produção pelas elites –, teriam na conformação da
ideologia”, diz Campanella.
Segundo Manoel Dourado Bastos, professor de Sociologia da Arte na Universidade Estadual de Santa Catarina
(Udesc), no entanto, para entender o conceito de indústria cultural, é preciso entender o contexto histórico em que ele
foi elaborado. “Entre as décadas de 1930 e 1940, Adorno e Horkheimer confrontaram-se com a ascensão do fascismo
na Itália e do nazismo na Alemanha, bem como do stalinismo na União Soviética”, afirma Bastos. Os filósofos
constataram que tanto a derrota da nazifascismo na 2ª Guerra Mundial quanto a revolução proletária na Rússia não
trouxeram o fim da dominação do homem pelo homem. “Fugindo do nazismo, os autores foram para os Estados Unidos,
onde caíram em Los Angeles, o olho do furacão da produção cinematográfica norte-americana. O país estava em plena
fase de consolidação do capitalismo monopolista, com a lógica da produção em série do fordismo”, diz. Trazida para o
campo da cultura, essa lógica de articulação mercadológica entre cultura, arte e diversão passou a legitimar o modo
de produção capitalista também nos momentos de lazer da classe trabalhadora. Daí a frase de Adorno, de que a
“diversão é o prolongamento do trabalho no capitalismo tardio”.

Massificação
Campanella destaca que, na visão de Adorno e Horkheimer, com a produção em série de cultura e sua transformação
em mercadoria para ser comercializada visando ao lucro, a produção cultural perdeu o seu valor como forma de
expressão. E isso se manifesta, de acordo com o artigo de Rafael Cordeiro Silva, por exemplo, na distinção entre a alta
cultura, como a música erudita, e a baixa cultura, produzida pela indústria cultural: “A obra de arte burguesa autônoma,
em específico a música, teve sempre a consciência de que não era acessível às massas. Mas nem por isso ela
sacrificou sua pretensão em favor de uma audição facilitada [...] Dessa forma, a música ‘séria’ denunciava indiretamente
a falsidade da organização social dos homens”. Para o intelectual alemão, explica Silva, a obra de arte “autêntica”
estabelece com seu apreciador uma relação que requer “atenção, concentração, esforço e compreensão”. “Por sua
vez”, escreve, “os produtos da indústria cultural dispensam qualquer um desses aspectos. Tudo está desde já
preparado para que o consumidor não precise utilizar suas faculdades mentais. Tudo é previsível: a maneira como o
filme terminará, como uma determinada canção de sucesso desenvolverá seu tema”.
Para professora da UFF Ana Lucia Enne, a divisão da cultura em níveis realizada por Adorno é simplificadora. “Prefiro
entender que essa divisão empobrece e simplifica algo muito mais complexo, que é a própria cultura, com sua
diversidade e multiplicidade de sujeitos, produtos, ações e intenções. Isso ajuda a quebrar essa construção hierárquica
e compartimentada entre níveis de cultura”, diz. Ela contesta a tese de que a indústria cultural esvazia as disputas
políticas no campo da cultura, citando a cultura popular. “Para mim, cultura popular compreende formas de produção,
material e simbólica, de atores sociais à margem de uma cultura ‘oficial’, quase sempre ligados a lugares de periferia
e à marginalidade. Neste sentido, a cultura acaba funcionando como importante instrumento para a luta política, para
a afirmação de identidades e visões de mundo muitas vezes não incorporados por uma cultura elitizada”, diz.

Indústria cultural e hegemonia


De acordo com Manoel Dourado Bastos, o pensador marxista italiano Antonio Gramsci deu uma contribuição importante
para a compreensão da indústria cultural, por meio do conceito de hegemonia. “Gramsci estava interessado em
reconhecer os mecanismos de relação entre coerção e consenso no capitalismo. Com o conceito de hegemonia, ele
apresentou a ideia dos momentos em que o capitalismo se consolida não pela coerção física, mas sim pela aceitação
das classes subalternizadas. Nesse processo é que atuam os aparelhos de hegemonia, como a indústria cultural” diz.
É por meio da hegemonia, diz o professor, que os valores da classe dominante são elevados ao status de consenso.
“Gramsci, assim como Marx, entende que a ideologia dominante é a da classe dominante. Mas o detalhe é que essa
ideologia dominante, no capitalismo, incorpora elementos das classes populares”, aponta. Para o professor, a indústria
cultural faz exatamente isso, incorporando conteúdos aparentemente contestadores apenas para produzir o consenso
nas classes subalternizadas em torno do poder do capital. Exemplo categórico disso, afirma Manoel, está na
mercantilização da figura de Che Guevara, reproduzido à exaustão em camisetas. “A indústria cultural não só inculca
ideias. Ela é a forma da alienação de sua época, ou seja, da dificuldade da aquisição da consciência de classes, já que
os trabalhadores não se reconhecem como produtores da cultura”.
Segundo Bastos, os produtos da indústria cultural não são necessariamente de má qualidade. “Um dos nomes
moralistas que costumamos dar para eles é ‘lixo cultural’, mas a indústria cultural faz produtos de boa qualidade do
ponto de vista estético, como algumas novelas”, diz Bastos. Ele cita a novela ‘Cordel Encantado’, da Rede Globo. “Ela
era muito bem-feita, mas ainda assim homogeneizadora, incorporando elementos da cultura popular do Nordeste, como
o cordel, de modo a forjar uma integração entre as classes sociais” diz.

Atualidade
Segundo Bruno Campanella, o pessimismo de Adorno frente ao potencial dos meios de comunicação foi alvo de críticas
ao longo do tempo. A partir dos anos 1990, com o desenvolvimento das mídias digitais e da internet, essas críticas se
renovaram. “Hoje argumenta-se que com a internet ficou mais fácil a circulação de ideias”, diz. Mas ele ressalta que as
razões para aquele ‘pessimismo’ continuam atuais: “As ideias que circulam ainda são produzidas por grandes grupos
econômicos. A atualidade da crítica de Adorno está no entendimento de que sempre que olhamos a cultura, novas
mídias, novas maneiras de produzir arte, não podemos deixar de lado os interesses econômicos que estão movendo
essa produção”, defende.
Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/participacao-de-mulheres-no-mercado-de-trabalho-e-20-
inferior-a-dos-homens/

ATIVIDADE 5
Trabalho - O conceito e a relação com o tempo livre ao longo da história Charles Chaplin em cena do filme clássico
''Tempos Modernos''

Sísifo foi condenado pelos deuses a repetir por toda a eternidade a tarefa de subir uma montanha carregando uma
pedra enorme e no cume soltá-la para rolar encosta abaixo. Em certo momento, Sísifo desce a montanha para agarrar
a pedra e novamente subir com ela. É nesse momento que, livre do esforço, ele pensa sobre sua condição e se revolta
sobre a tarefa absurda e sem sentido que terá que fazer por toda a vida. O filósofo Albert Camus observa no mito de
Sísifo a imagem do proletário, homem trabalhador que está condenado a repetir tarefas indefinidamente por toda sua
vida. Para Camus, o instante em que ele reconhece sua condição só aconteceu no tempo livre, momento em que ele
deseja ter uma existência com mais sentido.

Qual é o seu trabalho? É muito provável que a resposta diga muito sobre quem você é ou como vive. A concepção e
relação do homem com a profissão diz muito sobre a nossa sociedade. Mais do que um meio de sobrevivência e
sustento, ela também revela mudanças políticas, culturais e econômicas ao longo da história.

O trabalho é a atividade ou ação humana que necessita do uso de capacidades físicas e mentais, destinada a satisfazer
diversas necessidades. Existe desde a Pré-História, quando o homem inventou instrumentos como a pedra lascada e
o machado para sobreviver e, posteriormente, no desenvolvimento de atividades de caça, pesca, coleta e agricultura.

Trabalhar é uma atividade que tem um propósito e pode ter como fim a criação de bens materiais que supram as
necessidades de sobrevivência (moradia, alimentação e proteção) ou necessidades culturais e psicológicas (arte, lazer,
educação, etc.).

O sociólogo Georges Friedmann reforça que é pelo trabalho que o homem modifica seu próprio meio e pode modificar
a si próprio. Trabalhar pode trazer realização pessoal e social ou ainda gerar dignidade ou status perante a sociedade.

Nos tempos de hoje, o trabalho está cada vez mais atrelado à busca de um sentido e de uma expressão pessoal. Todo
mundo sonha em fugir do estresse e da frustração profissional e ter um trabalho perfeito: bem remunerado, respeitado,
estimulante mentalmente e emocionalmente. É muito comum a ideia de que para se alcançar a realização individual
ou a felicidade, é preciso trabalhar com o que gosta.

Mas nem sempre foi assim. No livro Prazeres e Desprazeres do Trabalho, o filósofo Alain de Botton escreve que a
expectativa de que o trabalho traga felicidade é uma novidade da sociedade pós-moderna: “Por milhares de anos, ele
foi visto como algo a ser feito o mais rápido possível, e o escape da imaginação viria pelo álcool ou pela religião”.

Em sua raiz, o termo “trabalho” é associado à dor e sofrimento. A origem vem do latim tripalium, nome dado um
instrumento formado por três estacas de madeira, usado na Antiguidade pelos romanos para torturar escravos e
homens livres que não podiam pagar impostos. Com o tempo, o sentido da palavra passou a ser “realizar uma atividade
dura”.

Durante boa parte da história ocidental o trabalho foi considerado uma atividade depreciável, pois por muito tempo foi
associado à atividade de escravo ou de pessoas consideradas inferiores na sociedade.

Os gregos, no período clássico, por exemplo, pensavam que só o ócio criativo era digno do homem livre e o trabalho
manual era desprezado. O filósofo Aristóteles afirmava que ninguém poderia ser livre e ao mesmo tempo obrigado a
ganhar o próprio pão. O tempo deveria ser dedicado a aperfeiçoar o intelecto e virtudes como a política, a escrita e as
artes.

Na Idade Média, o trabalho também era considerado uma atividade desprezada. A sociedade feudal era dividida entre
senhores (donos de terras) e os servos, camponeses que trabalhavam em troca de moradia e proteção.

Os nobres se dedicavam à função de defender os reinos de invasores. No final da Idade Média, surgem novas
atividades comerciais que dão origem aos burgos (cidadelas medievais) e à burguesia, uma nova classe social que
enriqueceu através do capitalismo mercantil e a expansão marítima.

No Renascimento, surge a concepção de que o trabalho é inerente ao homem e a ideia de maestria, a perfeição do
artesão, que se tornava um verdadeiro mestre ao dominar o ofício. Paralelamente, o calvinismo valorizou o trabalho ao
criar uma ética favorável ao lucro, ao trabalho árduo e ao enriquecimento pessoal.

O sociólogo alemão Max Weber aponta a religião como elemento fundamental no processo de valorização do trabalho.
Na obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, ele aponta que os protestantes consideravam a dedicação ao
trabalho como uma virtude e que essa visão ajudou o capitalismo a ter sucesso em países protestantes. Martinho
Lutero justificava o enriquecimento como fruto do esforço pessoal e da graça de Deus.

Revolução industrial

Os conceitos “classe operária” e “burguesia industrial” surgiram após a Revolução Industrial, na Inglaterra da segunda
metade do século 18. Novas tecnologias como o tear mecânico, a máquina a vapor e a fiandeira hidráulica aumentaram
a produção de manufaturas, assim como o Iluminismo influenciou a adoção da organização taylorista. A Revolução
Industrial criou novas condições de vida e transformações, como a mudança nas relações entre os trabalhadores (força
de trabalho assalariada) e os proprietários dos meios de produção (burguesia industrial). Com o fim da escravidão
oficial, surge a contratação por tarefas em países colonizados. Na Europa, durante o século 19, as atividades fabris
foram responsáveis por um intenso processo de urbanização, consumo e produção em massa.
Mas apesar de remunerados, os trabalhadores recebiam baixos salários e atuavam em jornadas exaustivas de trabalho
(até 18 horas por dia) sendo comuns as mortes por exaustão e acidentes. As relações eram extremamente desiguais.
Os donos acumulavam verdadeiras riquezas e os operários viviam em condições precárias. Surge então o início do
movimento operário, que reivindicava direitos trabalhistas inéditos e melhores condições de trabalho.

Um dos principais teóricos do trabalho foi o filósofo Karl Marx, que analisou os desdobramentos do sistema capitalista.
Ele acreditava que o trabalho é uma condição essencial para que o homem seja cada vez mais livre e dono de si.

Porém, o capitalismo é cheio de contradições (a riqueza de uns é a miséria de muitos) e mercantiliza todas as relações
(a mercadoria domina e determina tudo).

Marx usou o termo “alienação” para se referir ao processo de estranhamento do trabalhador em relação ao sentido da
atividade produtiva, quando o trabalho deixa de ser a satisfação de uma necessidade para se tornar apenas um meio
para satisfazer as necessidades externas a ele.

Com a alienação do trabalho, o trabalhador aliena-se também do gênero humano, daquilo que o faz ser gente. Na obra
O Capital, Marx escreve: “quanto mais o operário se esgota no trabalho, tanto mais poderoso se torna o mundo
estranho, objetivo, que ele cria perante si, mais ele se torna pobre e menos o mundo interior lhe pertence”.

Para o sociólogo Émile Durkheim a divisão social do trabalho seria fundamental para a coesão social. Ele entende que
cada uma das partes é responsável pelo bom funcionamento da sociedade e precisa trabalhar para tanto. Os indivíduos
aceitam o lugar social que lhes é dado desde que impere uma ordem social e solidária, que leve justiça a todos os seus
membros.

A invenção do tempo livre

O trabalho está sempre ligado ao conceito de passagem do tempo. O trabalho e o tempo livre adquirem um significado
e um valor diferente de acordo com a época histórica. No início, quando surgiram os primeiros clãs e tribos, o tempo
dedicado ao trabalho limitava-se ao da obtenção da sobrevivência do grupo. O tempo livre era usado na convivência
com a comunidade. Na sociedade moderna, o ócio passou a ser algo condenável, que deveria ser suprimido em nome
da produção. O trabalho passou a ser valorizado apenas como atividade produtiva e os trabalhadores tinham pouco
tempo para o lazer, que também precisava ser usado para descansar e repor as forças físicas. No início do século 20,
os pensadores Adorno e Horkheimer, expoentes da Escola de Frankfurt, criaram o conceito de “indústria cultural” para
nomear a modalidade de arte destinada ao consumo de massa. Trata-se de um produto elaborado não mais segundo
o padrão e a escala do trabalho artesanal, mas conforme o esquema capitalista de produção de mercadorias, no qual
o valor de uso é reduzido à condição de mero suporte do valor de troca.

O objetivo da Indústria Cultural não é o desenvolvimento do conhecimento nem criar caminhos para que isso aconteça,
mas sim produzir e comercializar conteúdos que poderiam ser consumidos no tempo livre do trabalhador. Para Adorno,
essa é a armadilha: mesmo estando livre da atividade produtiva, o indivíduo incauto pode ainda não usufruir o tempo
livre, ele estaria consumindo, embora na maioria das vezes não acredite que o esteja fazendo. Ou seja, na sociedade
de consumo o tempo livre transforma-se em mercadoria a ser adquirida pelo indivíduo. A ilusão de promoção da
felicidade divulgada pelos meios de consumo, pela qual se percebe um consumo ilimitado, impede a reflexão. Adorno
considerava que o rádio, por exemplo, semeava a resignação, tornando a população conformada frente a um sistema
que desfigura a essência do ser. Para o sociólogo italiano Domenico De Masi, a nossa sociedade precisa “se libertar”
do trabalho. Ele acredita que o futuro em uma sociedade “pós-industrial” pertence a quem souber libertar-se da ideia
tradicional do trabalho como obrigação ou dever e for capaz de apostar num sistema de atividades, onde o trabalho se
confundirá com o tempo livre, com o estudo e com o jogo, enfim, com o “ócio criativo”. De Masi acredita que num futuro
próximo, o trabalho manual será substituído por máquinas e computadores, e que o trabalho valorizado será o criativo.
A principal característica da atividade criativa é que ela praticamente não se destaque do jogo e do aprendizado, ficando
mais difícil separar estas três dimensões que antes em nossa vida tinham sido separadas de uma maneira clara e
artificial.

O trabalho no século 21

No século 21 o trabalho se apresenta de outra forma, com muitos falando no fim do emprego como conhecemos: com
carteira assinada, salário, férias e outra Se antes para a maioria importava construir uma carreira estável, subindo de
cargo em uma empresa onde se trabalhava por toda a vida, hoje a visão sobre o emprego é outra. Grandes ideias não
saem mais apenas das empresas, podem surgir dentro de grupos de amigos ou da universidade, como aconteceu com
o Facebook. Muitas pessoas já não têm como meta fazer carreira em grandes corporações. O trabalho não define
quem elas são. Tentam abrir seu negócio, investir em áreas onde combinem um hobby com a profissão enxergando o
trabalho como uma função mais livre (será possível?), ou passam por diferentes locais de trabalho em curtos períodos
de tempo. Mas esta é uma realidade ainda limitada a certos indivíduos em função de suas qualificações, experiência e
formação. Outros ainda enfrentam problemas que se arrastam por séculos, como instabilidade, remuneração não
adequada ao tipo de atividade, jornadas superiores, e exploração. Desafios que o século 21 tem a missão de reduzir
ou eliminar.

Disponível em: https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/trabalho-o-conceito-e-a-relacao-com-


o-tempo-livre-ao-longo-da-historia.htm

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