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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES

Departamento de Letras e Ciências Sociais - Curso de Ciências da Comunicação


2º Ano-laboral

Sociedade e Comunicação

TEMA: As Críticas à Cultura de massa

IV Grupo
Discentes:
Chantell Canda

Francisca Victor

Helton Luís David

Inocência Chacuamba

Jazmin Wilma M. Nehaua

José Verniz Dauce

Tchessman Mário

Docente:
Professor Doutor Pedrito Cambrão

Beira, Agosto de 2023


Sociedade e Comunicação

TEMA: As Críticas à Cultura de massa

Discentes:
Chantell Canda

Francisca Victor

Helton Luís David

Inocência Chacuamba

Jazmin Wilma M. Nehaua

José Verniz Dauce

Tchessman Mário

Docente:
Professor Doutor Pedrito Cambrão

Beira, Agosto de 2023


Índice
CAPITULO I: Introdução........................................................................................................... 1

1.1 Objectivos ............................................................................................................................. 1

CAPÍTULO II: Revisão bibliográfica ........................................................................................ 2

2.1 Conceito de cultura de massa ............................................................................................... 2

2.2. Característica da indústria cultural (cultura de massa) .................................................... 3

2.3. O impacto social da indústria cultural (cultura de massas).............................................. 4

2.4. As críticas apresentadas pelos diversos autores sobre a indústria cultura (ou cultura de
massas). ................................................................................................................................... 5

CAPITULO III: Conclusão ........................................................................................................ 7

Referências bibliográficas .......................................................................................................... 8


CAPITULO I: Introdução

A sociedade e a comunicação são dois elementos que sempre estão de mãos dadas, isto
porque entre os dois há uma relação de interdependência. Essa relação faz com que ao existir
um fenómeno ligado a comunicação tenha de se recorrer ao estudo da sociedade para melhor
compreensão dos factos, e vice-versa. Por isso ao se estudar a cultura de massas, alguns
autores teceram algumas críticas a este fenómeno para melhor compreensão do seu
funcionamento e para a correcção de alguns males que podem provocar. E para conhecer
algumas críticas tecidas a cultura de massa, foi elaborado esse trabalho de pesquisa que
responde aos seguintes objectivos:

1.1 Objectivos

➢ Gerais

Analisar as diferentes críticas apresentadas durante a evolução das indústrias culturais


contemporâneas;


➢ Específicos

- Conceituar cultura de massa;

- Caracterizar cultura de massa;

- Analisar o impacto social da cultura de massas;

- Enunciar as críticas apresentadas pelos diversos autores sobre a cultura de massas (ou
indústria cultural).

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CAPÍTULO II: Revisão bibliográfica

2.1 Conceito de cultura de massa

Segundo Pereira (2011, p.16), a cultura de massa é aquela veiculada pelos meios de
comunicação de massa e produzida para a população em geral, a despeito de heterogeneidade
sociais, étnicas, entre outros.

Santos (2014), diz que o conceito de indústria cultural foi dado em 1940 por Adorno e
Horkheimer na obra “Dialética do esclarecimento”, substituindo a expressão “cultura de
massa”, pois a mesma causava certa ambiguidade. Matos (2008, p. 176) afirma que Adorno
explica que a decisão de renunciar à expressão “cultura de massas” obedeceu ao propósito de
excluir, a partir de um princípio, a interpretação preferida dos partidários deste termo, de que
a cultura de massas seria um “tipo de cultura que emergia espontaneamente das próprias
massas, algo como a forma contemporânea da arte popular”.

Já para Autor desconhecido do “Fatores De Influência Socioeconômicos Da Indústria Cultural


E Criativa No Brasil”, citando United Nations Conference on Trade and Development (2010),
as indústrias culturais, conforme definido pela UNESCO (United Nations Educational,
Scientific and Cultural Organization, ou Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura), são consideradas como as indústrias que “combinam a criação, produção e
comercialização de conteúdos que são intangíveis e culturais por natureza.

De acordo com Pereira (2011, p. 17), convém ressaltar a capacidade de alienar, transformar
ou impedir a formação de identidade pessoal, observada, por exemplo pela satisfação oriunda
dos produtos vendidos, que pode ser evidenciada pelo cenário da moda, que possui uma
grande diversidade de escolhas que não exclui quaisquer individuo, com vista a integrá-lo ao
consumismo. Este autor ainda diz que é chamada de “fábrica de ilusões” por promover uma
falsa sensação de desejo atendido e de inserção social, que faz com que a camada social creia
numa possibilidade de uma posição social igualitária.

“O propósito real da indústria cultural é padronizar e ate


banalizar o gosto ou as escolhas populares, obtendo por parte
do consumidor uma concordância passiva à imposição
mediática decorrente dessa indústria.” (PEREIRA, 2011, p. 17-
18).

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Para esses autores, a indústria cultural foi um meio de propagar-se o capitalismo e os seus
ideais por da via arte e cultura. Esse modo de atingir e estender ideias ou conceitos de um
produto mostra o único objectivo: gerar comércio. Ou seja, a cultura de massa apresenta como
função estabelecer a criação de produtos para consumo alargado do meio social. Os meios de
comunicação auxiliam nesta propagação.

Segundo o site “Todo Estudo”, a televisão, o rádio, os jornais e, actualmente, a internet são os
aliados primordiais da indústria cultural, sendo eles que ajudam na propagação,
homogeneização e alienação popular.

2.2. Característica da indústria cultural (cultura de massa)

Pina (2014, p. 4), citando a UNESCO (2008), afirma que as Indústrias Culturais têm como
principais características:

1) Uma matéria-prima como uma criação protegida por direitos de autor, seja em suporte
físico ou eletrónico;

2) Incluem os bens e serviços culturais que são produzidos, conservados ou difundidos em


série;

3) Possuem processos de produção, circulação e apropriação social;

4) São adaptadas às lógicas de mercado e comercialização;

5) São espaços de integração e produção de imaginários sociais, conformação de identidades e


promoção de cidadania;

Já Bunde (2023), no site “Todo estudo”, afirma que os produtos oriundos da cultura de massas
apresentam características particulares. Assim sendo, a indústria cultural produzirá
características pontuais dentro da cultura de massa, tais como:

➢ Uma cultura que não é autêntica;


➢ Alcance dos produtos disseminados;
➢ Difusão em larga escala por diferentes meios de comunicação;
➢ Manifestações artísticas e culturais se alinham aos interesses da maioria;
➢ O mercado padroniza os produtos;
➢ Bens culturais são transformados em mercadoria;
➢ Satisfaz os anseios de um mercado capitalista;
➢ A fusão da cultura da elite com a cultura periférica;
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2.3. O impacto social da indústria cultural (cultura de massas)

De acordo com Wolf (1985) na era da indústria cultural, o indivíduo deixa de ter autonomia
na sua decisão; o conflito entre impulsos e consciência soluciona-se com a adesão acrítica aos
valores impostos: «aquilo a que outrora os filósofos chamavam vida, reduziu-se à esfera do
privado e, posteriormente, à do consumo puro e simples, que não é mais do que um apêndice
do processo material da produção, sem autonomia e essência próprias» (Adorno, 1951, 3). O
homem encontra-se em poder de uma sociedade que o manipula a seu bel-prazer: «o
consumidor não é soberano, como a indústria cultural queria fazer crer, não é o seu sujeito,
mas o seu objecto» (Adorno, 1967, 6).

Ainda Wolf (1985), citando Adorno, afirma que a sociedade é sempre a vencedora e o
indivíduo não passa de um “fantoche” manipulado pelas normas sociais. Esse autor mostra
que com a indústria cultural o individuo passa a ser passivo, deixa de ter uma opinião e
respeita aquilo que é veiculado como correcto na sociedade. Para Wolf (1985), a influência da
indústria cultural, em todas as suas manifestações, leva a alterar a própria individualidade do
consumidor, que é como o prisioneiro que cede à tortura e acaba por confessar seja o que for,
mesmo aquilo que não fez.

Segundo um site brasileiro “Mundo educação”, A cultura de massa afecta de certa forma
aquela que é a Cultura popular, considerada uma manifestação autêntica de um povo, sem
interferências externas e sem qualquer lógica de mercado e venda. A cultura popular diferente
daquela cultura industrializada, representa a vida, os hábitos e os costumes de uma população.
Ela não é reprodução e não é uma tentativa de massificação das pessoas. A cultura popular, ao
contrário da cultura de massa, visa atender a simples criação e não a busca dos padrões de
venda de um mercado capitalista.

A cultura popular abrange aquilo que nasce do gosto do próprio povo que a consome. Sem
necessidade da propagação dos meios de comunicação, ela é caracterizada por expressão da
identidade cultural de uma sociedade.

De modo mais simples, a cultura popular tem sido geralmente apropriada pela Indústria
Cultural, fazendo com que ela seja massiva e distribuída.

Francisco Porfírio, no site “Mundo educação”, afirma que a indústria cultural virou uma
maneira de vender os produtos culturais no mercado, além de propagar os ideais de vida
burgueses do capitalismo. Nesse sentido, a cultura de massa é uma espécie de propaganda

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daquilo que é vendido como padrão de vida, além de ser uma espécie de produto autônomo,
que sustenta a lógica do consumo capitalista.

2.4. As críticas apresentadas pelos diversos autores sobre a indústria cultura (ou cultura
de massas).

Umas das mais importantes críticas sobre a cultura de massas, foi feita pelos frankfurtianos
alegando que a indústria cultural visa mostrar como na sociedade moderna a cultura
transformou-se em uma grande força capaz de transmutar a arte em qualquer mercadoria. De
acordo com Hartley (2022, p. 101), a escola de Frankfurt considerava a cultura de massa um
meio para um tipo de “controlo de pensamento”. Adorno e Horkheimer, não havia qualquer
traço de emancipação numa sociedade que evoluiu muito tecnologicamente, mas usou essa
evolução apenas para a promoção do capitalismo, tornando a sociedade ainda mais submissa.
Esses dois críticos de Frankfurt acreditavam que a indústria cultural surgiu para levar à
população as ideias de consumo importantes para a manutenção do capitalismo.

Outra das criticas apresentadas sobre a cultura de massas foi de Morin, que citado por PUC-
Rio (CD Nº 0410397/ CA) diz que a cultura e a vida privada nunca haviam entrado a tal ponto
no circuito comercia e industrial ate ao momento em que a nossa sociedade passa a ser
industrial, capitalista, técnica, burocrática, de classe, burguesa, individualista, onde as
musicas, palavras, filmes passaram a ser mercadorias. Na mesma citação, referencia o autor
que Morin explica que a cultura de massa é projectiva porque transmite valores como
aventura, agressão, mortes, que na maioria não pode experimentar efectivamente na vida,
onde esses personagens podem transgredir a lei e fazer aventuras sem preocupações; e
identificativa porque ela passa valores como amor, lar, bem-estar, conforto, beleza, etc., com
os quais o publico pode se identificar. Morin citado por PUC-Rio (CD Nº 0410397/ CA),
afirma que

“A cultura de massa desenvolve uma dupla consciência nas


pessoas: ao mesmo tempo que se distraem, ficam absortas e
desligadas. Entretanto, ao entrar no imaginário de um filme,
por exemplo, elas têm a consciência de que aquilo é um filme e
não a realidade- o imaginário aparece conhecido como
imaginário.” (PUC-Rio, CD Nº 0410397/ CA, p. 22).

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Já Kellner (2000, p.13), na revista FAMECOS do mês de dezembro, diz que durante o século
XVI, escritores como Goethe começaram a criticar os entretenimentos banais oferecidos pela
imprensa e pela cultura de massas, notando que eles serviam como grandes formas de escape
da realidade social. Continua Kellner (2000, p.13), dizendo que Goethe argumentou que a
imprensa constituía um desperdício de tempo, no qual os leitores “gastavam os dias e as vidas
sem fazer previsões para o futuro, sem criar nada”, e criticou as formas pelas quais a industria
cultural e a imprensa promoviam a passividade e o conformismo, mostrava como a imprensa é
impulsiva ao encher os leitores de informações.

Ainda Kellner (2000, p. 17), aponta as críticas feitas por Nietzsche que viu a cultura de
massas como a fonte da degradação do pensamento e da cultura na Europa contemporânea.
Esta degradação resulta de uma cultura de massas que influencia na linguagem, no estilo, nas
ideias em voga e julgamentos dominantes. Para ele a cultura de massa abrange muitas formas
de vivências culturais como a imprensa, as revistas, a religião, a política, o Estado moderno
(que para ele era uma sociedade de massa devido às suas tendências à normalização e
homogeneização, associando-se nisso à Escola de Frankfurt).

Nietzsche, citado por Kellner (2000, p. 17) mostra o seu descontentamento com a industria
cultural e deixa claro o seu poto de vista dizendo que “Se se aceita como regra o estilo chato,
usado, fraco, vulgar e, como exceção sedutora, o estilo nitidamente corrompido e mau, então
o vigor, a raridade e a beleza caem em descrédito. Assim sendo, Nietzsche, desapontado,
acreditava que os indivíduos modernos sofriam de personalidades fracas, e queria que o
estudo da história fosse posto a serviço da criação de grandes personalidades e, assim,
ajudasse a tornar possível o renascimento de uma cultura afirmadora da vida diferente da
cultura industrializada.

Todos esses autores mostram que problema é que (citando Gellner at al), para ser facilmente
acessível às massas, a cultura de massa busca agradar seus sentimentos e emoções “menos
nobres”, tirando assim a autonomia da cultura popular, ressaltando que a sua produção e
distribuição vai parar nas mãos das elites capitalistas, que tudo mercantiliza. Sustentam ainda
que a cultura de massas em vez de elevar o nível cultural, a educação de massa produz um
“analfabetismo educado”, perde a sua função crítica e se adequa às exigências da
economia/mercado.

6
CAPITULO III: Conclusão

Ao concluir este trabalho, é notável que a cultura de massa afecta de certa forma aquela que é
a Cultura popular, considerada uma manifestação autêntica de um povo, sem interferências
externas e sem qualquer lógica de mercado e venda. A cultura popular diferente daquela
cultura industrializada, representa a vida, os hábitos e os costumes de uma população. Ela não
é reprodução e não é uma tentativa de massificação das pessoas. A cultura popular, ao
contrário da cultura de massa, visa atender a simples criação e não a busca dos padrões de
venda de um mercado capitalista. Nota-se também que os autores que criticam a cultura de
massas, são de certo modo contra os ideais do capitalismo.

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Referências bibliográficas

BUNDE, Mateus, 2023. CULTURA DE MASSA. Todo Estudo. Disponível em:


https://www.todoestudo.com.br/historia/cultura-de-massa.
DE PINA, Ana Maria Varela Semedo., 2014., INDÚSTRIAS CULTURAIS E
CRIATIVAS COMO FACILITADORAS DA INCLUSÃO SOCIAL; BOAS PRÁTICAS.
Lisboa- Portugal.
DOS SANTOS, Tamires Dias dos Santos. 2014. THEODOR ADORNO: UMA
CRÍTICA À INDÚSTRIA CULTURAL, RJ, Brasil.
DUARTE, Rodrigo. 2003. TEORIA CRÍTICA E INDÚSTRIA CULTURAL., Belo
Horizonte-Brasil.
GELLNER E., NISBET R. & TOURAINE A., DICIONARIO DO PENSAMENTO
SOCIAL DO SECULO XX., Ed. Brasil.
HARTLEY, Jonh. Ed. PT 2004, COMUNICAÇÃO, ESTUDOS CULTURAIS E
MEDIA: Conceitos-chave. Portugal.
KELLNER, Douglas, 2000, A CRÍTICA DE NIETZSCHE À CULTURA DE MASSA,
BRASIL.
LIMA, Bruna, 2017. ADORNO, CRITICO DIALETICO DA CULTURA, SP-Brasil.
PERREIRA, Ilsikelle, 2014. A INFLUÊNCIA DA INDUSTRIA CULTURAL NO
CONSUMO INFANTIL. Campina Grande, Brasil.
WOLF, MAURO, 1985, TEORIAS DA COMUNICAÇAO: Mass media: contextos e
paradigmas; Novas tendências; Efeitos a longo prazo; O newsmaking. Milan, Itália.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0410397/CA
Autor desconhecido, FATORES DE INFLUÊNCIA SOCIOECONÔMICOS DA
INDÚSTRIA CULTURAL E CRIATIVA NO BRASIL. Brasil.

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