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Fundamentos de Sociologia Geral e da Comunicação

Avaliação Escrita

Na obra Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos, de Theodor Adorno e Max


Horkheimer, é apresentada a visão geral de que os meios de comunicação de massa têm por
finalidade produzir bens de cultura como mercadorias, além de estabelecê-los como estratégia de
controle social. Desse modo, estruturando uma indústria cultural, que favorece a obtenção de
lucro no sistema capitalista e a manutenção de uma sociedade homogeneizada. Tal contexto de
alienação da realidade e imposição de ideologias por meio de produtos de consumo culturais
transformam, portanto, os meios de comunicação em mecanismos de dominação política, de
forma a difundir a absorção de valores padronizados aos indivíduos, que passam de cidadãos à
condição de consumidores passivos, submissos a um poder econômico.
Nessa perspectiva, Edgar Morin construiu a ideia de cultura de massa como uma
produção que segue as normas industriais, tendo como público a sociedade ajustada ao sistema
de produção vigente. Assim, analisando a indústria cultural de maneira semelhante aos
pensadores da Escola de Frankfurt: como instrumento de manipulação ideológica que objetiva o
lucro e se utiliza da arte produzida em série. Logo, estabelecendo um consenso quanto à
padronização das obras, que adquirem valores mercadológicos de modo a perpetuar os princípios
do capitalismo.
Ademais, o sociólogo francês defende o poder de escolha dos consumidores, concepção
em dissonância à exposta por Adorno e Horkheimer, que desenvolveram uma visão mais crítica
acerca dos meios de comunicação de massa, de modo a admitir o cerceamento da individualidade
gerado pela produção artística inserida na lógica de consumo. Para Morin, o cenário econômico
promove o surgimento de novas formas de arte, que podem ser aceitas ou não pelo público, uma
vez que a cultura de massa segue tendências ditadas pela própria sociedade. Nesse sentido,
assumindo que a produção cultural é moldada em comunidade, diferente da ideia frankfurtiana
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da alienação pelo sistema, que estabelece um ciclo de criação de necessidades, suprimindo a


consciência de forma a inviabilizar a existência de um pleno poder de escolha.
Além disso, os pensadores de Frankfurt destacam o caráter fixo das estruturas de
produção, que visam criar uma linha homogênea de consumo e pensamento como forma de
impedir a formação do senso crítico. Dessa maneira, privando a sociedade de compreender seu
papel na indústria cultural e os impactos da fabricação dos gostos inseridos na lógica de
mercado, entendimento que entra em conflito com as características do sistema proposto por
Edgar Morin. O sociólogo estabeleceu os princípios de concorrência, variedade e individualidade
como essenciais na busca pelo lucro, objetivo principal do capitalismo. Portanto,
desconsiderando a ideia de previsibilidade, uma vez que aplica ideais liberalistas em sua análise
do processo de produção cultural.
Contudo, os três autores apontam o intuito dos meios de comunicação de promover a
identificação do consumidor por meio de representações do cotidiano, desenvolvendo a imagem
de um “homem mediano”. Tal representação visa a aproximação do público, de forma a
popularizar o caráter sincrético do estilo de vida atual, influenciado pela cultura de massa.
Assim, comprovando a dinamicidade da produção e a fácil disseminação de ideologias inerentes
à indústria cultural, que permite o acesso à arte por meio de sua reprodução massificada na
lógica de consumo.
Logo, é possível inferir que Adorno e Horkheimer apresentam uma visão dos meios de
comunicação em massa baseada no conceito de alienação. Nesse viés, condenando a lógica de
consumo massivo e supressão da intelectualidade, de modo a expor os pontos negativos do
sistema capitalista, que subordina o indivíduo às necessidades do mercado por meio da
padronização de costumes e da banalização das representações artísticas em larga escala. Em
contraponto, Morin identifica pontos positivos no sistema de produção, que apesar de buscar o
lucro, promove a difusão da cultura e favorece a integração social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. A Indústria Cultural: o esclarecimento como
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mistificação das massas. In: Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. p.
113-156.
MORIN, Edgar. A integração cultural. In: Cultura de Massas no Século XX. Neurose. Rio
de Janeiro: Forense universitária, 1997. p. 11-85.

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