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SEXUALIDADE
Márcio de Oliveira
UNESPAR/UEM
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar a influência da indústria cultural no que se
refere à banalização da sexualidade e à introjeção das identidades e papéis de
gênero na formação dos sujeitos na sociedade capitalista. O referencial teórico
adotado são os estudos da Escola de Frankfurt, sobretudo, de Theodor W. Adorno e
Max Horkheimer sobre a produção cultural na sociedade industrial, para refletir
questões sobre gêneros e sexualidades na contemporaneidade. Deste modo, a
partir do conceito de indústria cultural no contexto da moderna sociedade de massa,
buscam-se elementos para maior compreensão desta temática, com enfoque nas
propagandas que em grande medida determinam o consumo. A partir da análise de
algumas propagandas, pode-se perceber que os corpos femininos são apresentados
como mercadoria juntamente com o produto que promovem. Assim, participam
nessa lógica mercantil como se estivessem à venda, numa incorporação não-crítica
dos produtos e serviços produzidos pela indústria cultural.
INTRODUÇÃO
1
Essa padronização é bem detalhada no trabalho de Furlani (2009).
sociedade administrada, naturalizando os processos alienantes, numa incorporação
desses esquemas ideológicos.
Este trabalho divide-se em três principais etapas: em um primeiro momento
discorrerá acerca do conceito de indústria cultural; em um segundo momento, a
discussão versará sobre as identidades culturais, bem como suas relações com as
questões de gênero e sexualidade nas propagandas; por fim, serão apresentadas
algumas considerações a fim de propiciar problematizações acerca do debate por
ora apresentado.
Figura 3: O chefe faz tudo, menos cozinhar. É para isso que servem as esposas.
Figura 4: Quem disse que beleza e trabalho não andam juntos? Nova Brastemp Twist, a lavadora que
é igual a você: bonita e moderna.
O corpo da mulher é cada vez mais visto como sensual e objeto desejado que
gera prazer. As propagandas que o utilizam como instrumento de divulgação de
seus produtos empregam um padrão de mulher esbelta, bonita, sexualmente
atraente, transpondo essa noção de corpo não somente para os homens que irão
“consumir” o produto, como no caso das cervejas - almejando o corpo feminino -,
mas, também para as mulheres, exercendo uma padronização do comportamento
social, cultural e sexual feminino na sociedade comtemporânea veiculada pela
ideologia consumista, como uma forma de a produção capitalista manter sua
hegemonia econômica e cultural. Assim, essa publicidade ocasiona uma guerra
contra o corpo, exercendo um autocontrole das vontades: é preciso mudar, modelar
e disciplinar o corpo (FRANÇA, 2007; ALBINO, 2011). Albino (2011, p. 08) ainda
ressalta que
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
BANDEIRA, Lílian Brandão; ZANOLLA, Silvia Rosa da Silva. Corpo belo, indústria
cultural e possibilidades críticoformativas: primeiras aproximações. In: XV
Congresso Brasileiro de ciências do Esporte; II Congresso Internacional de
Ciências do Esporte: Política Científica e Produção do Conhecimento em
Educação Física. Set. 2007. Disponível em:
<http://www.cbce.org.br/cd/resumos/076.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2011.
COHN, Gabriel (org). Theodor W. Adorno. São Paulo: editor ática, 1986.
This work aims to analyze the influence of the cultural industry on the banalization of
sexuality and the introjections of gender identities and roles in the training of subjects
in capitalist society. The theoretical reference adopted is the studies of the Frankfurt
School, especially, of Theodor W. Adorno and Max Horkheimer on cultural
production in industrial society, to reflect questions about genres and sexualities in
contemporary times. Thus, from the concept of cultural industry in the context of
modern mass society, we seek elements for a better understanding of this theme,
focusing on advertisements that largely determine consumption. From the analysis of
some advertisements, one can see that the female bodies are presented as
merchandise together with the product they promote. Thus, they participate in this
mercantile logic as if they were for sale, in a non-critical incorporation of the products
and services produced by the cultural industry.