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INDÚSTRIA CULTURAL

Escola: E.E.E.F.M LUIZ NUNES DIREITO


Turno: MANHÃ Turma:
Professor: Cleber
Aluna/o: _________________________________________________ Data - _______/ ________/ 2023.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR REMOTA- SOCIOLOGIA

Assunto: Indústria Cultural


Adorno e Horkheimer, dois grandes expoentes da Escola de Frankfurt, cunharam o termo “indústria
cultural”, que remete a uma forma de fazer arte em escala industrial.
Em 1923, pesquisadores alemães uniam-se para a criação do Instituto de Pesquisa Social, que daria origem à
famosa Escola de Frankfurt. Essa escola se consolidou na união do instituto com a Universidade de Frankfurt,
em 1931, sob direção, na época, do filósofo e sociólogo Max Horkheimer. Nesse período, surgia uma das
principais bases do pensamento do século XX, a Teoria Crítica, que se centraria na crítica ao iluminismo, ao
capitalismo e à Revolução Industrial, tendo como principais referências o pensamento marxista, algumas
ideias do filósofo alemão Friedrich Nietzsche e a então recente psicanálise de Sigmund Freud.
Nesse primeiro momento, os nomes que mais se destacaram, ficando conhecidos como a primeira geração da
Escola de Frankfurt, foram Walter Benjamin, Erich Fromm, Herbert Marcuse, Max Horkheimer e Theodor
Adorno, sendo estes dois últimos os mais lembrados. Durante o regime nazista na Alemanha, que se instalou
oficialmente em 1933, a perseguição aos judeus se acirrou. Nesse contexto, Adorno e Horkheimer, bem como
outros intelectuais semitas alemães (como Marcuse e Hannah Arendt), buscaram refúgio fora da Alemanha.
No exílio, Adorno e Horkheimer escrevem, a quatro mãos, a célebre obra Dialética do Esclarecimento, que
condensa a maior parte das ideias centrais da Teoria Crítica.

Barbárie e razão instrumental


Devido à origem judaica, o antissemitismo foi tema principal da filosofia dos teóricos da Escola de Frankfurt.
Durante o período iluminista, o ideal intelectual da época afirmava que o avanço científico e tecnológico
levaria a um avanço social e moral. O que pode ser observado no período pós-revolução industrial foi
justamente o oposto: duas grandes guerras, ascensão do totalitarismo na Europa pelos regimes nazista
(Alemanha), stalinista (União Soviética) e fascista (Itália), miséria, má distribuição de renda e um mal-estar
geral vivido pela população. Adorno e Horkheimer perceberam que o ideal iluminista havia fracassado.
É fato que a tecnologia havia se desenvolvido, que as técnicas haviam sido aprimoradas e que a produção
estava sendo feita a todo vapor. O problema disso é que:
• O capital gerado concentrava-se nas mãos de poucos;
• Os governos totalitários tinham interesses na grande produção, assim como os grandes produtores
tinham interesses no poder daqueles governos;
• A aliança de governos totalitários, grandes produtores e alta tecnologia criou uma indústria da morte,
que beneficiava os regimes totalitários (que precisava matar seus opositores em massa gastando pouco)
e os grandes produtores (que vendiam armas e poderio bélico que possibilitava as mortes em massa).
Mais que bombas, armas e munição, foram criadas nesse contexto as câmaras de gás, utilizadas largamente
pelos nazistas entre 1942 e 1945. A câmara de gás era um meio eficiente de eliminar dezenas ou até centenas
de vidas com pouco dinheiro. O pior de tudo: os inimigos comuns eliminados eram, em sua maioria, judeus
que lá estavam apenas por sua origem semita. Esse fenômeno foi nomeado pelos frankfurtianos de barbárie.
Foi esse contexto de institucionalização da barbárie contra vidas humanas que levantou o interesse de Adorno
e Horkheimer na escrita da Dialética do Esclarecimento.
O fenômeno do grande avanço técnico, tecnológico e racional da humanidade, sem uma reflexão humana,
teórica e crítica, que teria desembocado na barbárie, resultou no que os frankfurtianos chamaram de razão
instrumental, isto é, a plena utilização técnica da razão sem uma reflexão prévia, fazendo da capacidade
racional um mero instrumento para render lucros. Assim, para manter a ordem econômica capitalista e a
ideologia de que a sociedade estava avançando, seria necessário um forte aliado: a mídia.
Naquela época, a mídia (palavra que significa meio, no caso, meio de comunicação) era composta pelos
jornais, pelo rádio e pelo cinema. Como esses veículos de comunicação passavam adiante formas de fazer
artístico (música, filmes, pinturas, fotografias e textos) para o público, a ideia primária foi ampliar o público,
ou seja, disponibilizar o acesso à grande massa da população. Mais que isso, seria necessário criar conteúdos
que fossem facilmente absorvidos por essa massa e que a mantivessem satisfeita com aquela nova forma de
lazer, pois, assim, ela se sentiria mais motivada para trabalhar e não pensaria em se rebelar contra o sistema
capitalista. Surge, então, a indústria cultural.

Indústria cultural
A indústria cultural trata os espectadores como massa, anulando a sua individualidade. Ela supõe que todos
são iguais e querem a mesma coisa. Essa indústria nivela por baixo as diferentes camadas intelectuais,
utilizando-se dos canais de comunicação e dos programas oferecidos para passar a ideologia dominante
adiante e manter as pessoas crentes naquela ideologia e satisfeitas com a situação política e econômica em que
vivem.
Economia, política e estratégias governamentais fundem-se em uma produção artística inautêntica, produzida
irreflexivamente, utilizando-se também da razão instrumental, pois esta cria a tecnologia que permite a
disseminação de informação. Informação e satisfação dos desejos mais básicos tomam forma em fazeres
artísticos de baixa qualidade, que adentram os lares da massa da população, mantendo todos conformados.
Isso é a indústria cultural.
PORFíRIO, Francisco. "Indústria cultural"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/industria-
cultural.htm. Acesso em 14 de setembro de 2020.

Conceito e Principais Características:


O termo designa o fazer cultural e artístico sob a lógica da produção industrial capitalista.
Possui como corolários o lucro acima de tudo e a idealização de produtos adaptados para consumo das massas.
Vale destacar a influência marxista desta interpretação, a qual pressupõe a economia enquanto "mola
propulsora" da realidade social.
Na Indústria Cultural, se fabricam ilusões padronizadas e extraídas do manancial cultural e artístico. Estas se
mercantilizam sob o aspecto de produtos culturais voltados para obter lucro.
Além disso, tem o intuito de reproduzir os interesses das classes dominantes, legitimando-as e perpetuando-
as socialmente.
Assim, ao submeter os consumidores à lógica da Indústria Cultural, a classe dominante promove a alienação
nas dominadas.
Como resultado, torna os dominados incapazes de elaborarem um pensamento crítico que impeça a reprodução
ideológica do sistema capitalista.
Por outro lado, o aperfeiçoamento tecnológico da Indústria Cultural permitiu que se perpetuasse o desejo de
posse pela renovação técnico-científica.
Ademais, qualquer comportamento desviante das necessidades do consumo é combatido e tratado como
anormal pela Indústria Cultural.
A cultura popular e erudita são simplificadas e falsificadas para se transformarem em produtos consumíveis.
Isso provoca a decadência das formas mais originais e criativas de fazer cultura e arte.
Indústria Cultural e Cultura de Massa

Quem estimula mais o cérebro: a televisão ou o livro?

Inicialmente, devemos salientar que a Indústria Cultural e os meios de comunicação em massa, bem como as
ferramentas de propaganda (publicidade, marketing), são inseparáveis e indistintos. Serão estes veículos e
ferramentas os responsáveis pela criação e manutenção da crença de “liberdade individual”.
Livre de qualquer padronização, eles proporcionam o sentimento de satisfação pelo consumo, como se a
felicidade pudesse ser comprada. Na maioria das vezes, os produtos adquiridos não fornecem o que prometem
(alegria, sucesso, juventude). Assim, eles iludem facilmente o consumidor, prendendo-o num ciclo vicioso de
conformismo.
PARA FICAR MAIS FÁCIL:
Imagine uma esteira rolante, numa fábrica. Há funcionários colocando os produtos que se aproximam, dentro de
uma lata (produto enlatado que é gostoso, mas faz mal), mas esse produto é um bem cultural (música, revistas,
etc.). Essa fábrica é a indústria cultural, que confecciona, segundo Adorno e Horkheimer, “baixa cultura” , e, o faz
assim, para um grande número de pessoas afim de homogeneizar os gostos, pois é mais lucrativo produzir um único
produto para milhares e milhões de pessoas. Além da função de geração de lucros para os donos dessa fábrica, a
indústria cultural tem a função-mor de alienar (enganar, escamotear verdades, realidades) a maior quantidade de
gente (a famosa massa). A ideia é que esses indivíduos estejam sempre entorpecidos de “cultura esvaziada de
criticidade”, ou seja, de bens simbólicos que não os fazem refletir sobre suas realidades como desemprego,
inflação (o que gera inflação? Por quais motivos, cientificamente falando, a gasolina aumenta?); ou ao fato de a
maioria de pessoas encarceradas serem pobres e pretas em certos países, mas que, na verdade, esses bens
simbólicos industrializados possam lhe propiciar uma falsa ideia de alívio (é o caso de músicas com o refrão: aê,
aê, aê; ô, ô, ô, lá, lá, lá). Teoricamente, essas obras de “baixa cultura”, aliviam tensões, pois geram aumento de
dopamina, serotonina (hormônios da alegria), mas não ajudam a questionar as realidades vivenciais, sociais que, a
priori, são frutos das relações de poder que geram desigualdades.
Aspectos Positivos da Indústria Cultural

Nem tudo é negativo na ação capitalista da Indústria Cultural. Sob este respeito, Walter Benjamin (1892-1940)
acredita que esta seja também uma via de democratização para a arte.
Para ele, os mesmos mecanismos que alienam, são capazes de levar cultura para um número maior de pessoas.
Além disso, permite a empreitada não comercial, já que possibilita o acesso às ferramentas para a produção
cultural.
Já Theodor Adorno e Max Horkheimer, afirmavam que a Indústria Cultural atuava como formadora das
mentalidades. Contudo, não eram utilizadas de modo esclarecedor, o que também é uma possibilidade virtual
deste sistema.
Se a Indústria Cultural foi a principal responsável pela alienação promovida pela destituição da arte de seu
papel transformador, por outro lado, ela pode ser ela a única capaz de difundir e ressignificar a arte enquanto
fator de transformação social.
Leia mais:
Para continuar estudando, acesse:

• Cultura de Massa
• O que é Cultura?
• Questões sobre cultura
• Questões sobre o Capitalismo
• Questões sobre Karl Marx
• Sociologia no Enem: o que estudar

Para saber mais:


https://www.slideshare.net/MunsPedro/iluminismo-o-sculo-das-luzes?next_slideshow=1

Assista as vídeo aulas:


https://www.youtube.com/watch?v=3jLpR344d0A
https://www.youtube.com/watch?v=Z_GcuooNuys

Exercício (sem pontuação)


1)As artes foram submetidas a uma nova servidão: as regras do mercado capitalista e a ideologia da
indústria cultural, baseada na ideia e na prática do consumo de “produtos culturais” fabricados em série.
As obras de arte são mercadorias, como tudo o que existe no capitalismo.
Marilena Chauí, Convite à Filosofia.
Segundo o texto, uma das características da indústria cultural é:
a) exploração comercial das obras de arte.
b) a valorização do artista e de sua obra de arte.
c) censura a obras com conteúdo crítico.
d) liberdade de criação artística.
2)Para Theodor Adorno e Max Horkheimer, criadores do conceito de "indústria cultural", ela assume um
caráter alienante, evitando que se desenvolva o pensamento crítico acerca das explorações sofridas no dia
a dia.

De que forma é produzida essa alienação?


a) Criando uma ilusão sobre o cotidiano, amenizando a dura rotina e desenvolvendo a ideia de que está
tudo bem.
b) Criando grupos de proteção à cultura e desenvolvendo ações que combatem a homogeneidade da
produção cultural.
c) Fazendo com que o trabalhador produza e consuma apenas a sua própria cultura, alheio as demais.
d) Homogeneizando a produção cultural a partir de critérios estipulados pelos governos nacionais.

3) Sobre a indústria cultural identifique a alternativa incorreta:


a ) Possibilita a democratização do acesso à obra de arte, mas, como efeito, gera o esvaziamento de
sentido e perda de qualidade da produção artística.
b) A indústria cultural cria formas de dominação através da reprodução de um modelo alienante voltado
para a conformidade com o cotidiano.
c) A arte voltada para as demandas do mercado tende a reproduzir a si mesma até a exaustão, como um
produto que é comercializado enquanto houver consumidores.
d) A indústria cultural possibilita a autonomia dos artistas e uma grande complexidade e diversidade nas
produções.

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