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FICHAMENTO LIVRO – Curso Básico de Teorias da Comunicação

FRANÇA, Vera V; SIMÕES , Paula G. Curso básico de Teorias da Comunicação. 1. ed.


Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.

ESCOLA DE FRANKFURT – TEORIA CRÍTICA

É assim que surge o instituto, resultado do investimento de um “mecenas da esquerda”, o


milionário Felix Weil, que queria “fundar um instituto que tivesse como primeiro objetivo
servir ao estudo e ao aprofundamento do marxismo científico” (Weil, 1929 apud
Wiggershaus, 2002, p. 49). p.112.

Mas foi com a direção do filósofo Max Horkheimer, a partir de 1931, que o Instituto assume o
perfil e a perspectiva com que será reconhecido, voltado para as relações entre a vida
econômica da sociedade, o desenvolvimento psíquico dos indivíduos e as modificações do
ambiente cultural. p.113.

O pensamento crítico assume, para ele (Horkheimer), o papel e a tarefa de resgatar o sentido e
a razão num mundo marcado pela dominação e pela alienação. p.113.

Esses intelectuais permanecem nos EUA até 1950, quando o Instituto retorna a Frankfurt.
Nesse momento, outros nomes começam a compor uma ‘‘segunda geração da Escola” - os
herdeiros da Teoria Crítica, cujo nome mais reconhecido é o filósofo Jürgen Habermas. p.115,
116.

À frente da direção do Instituto, Adorno viveu uma situação de enfrentamento com os


estudantes de Frankfurt, que - ironicamente - nessa onda de rebelião e transgressão, haviam se
inspirado na perspectiva antitotalitária da Teoria Crítica. p.116.

Crítica à cultura ou à deterioração da cultura, que, submetida a imperativos comerciais e


mercadológicos, nega sua natureza transcendente e seu papel de conscientização e
humanização dos indivíduos. O desenvolvimento e a ação dos meios de comunicação
bloquearam definitivamente o potencial libertador da cultura e transformaram-na em
instrumento de domesticação. p.119.

a Teoria Crítica assume como seu papel promover uma crítica racional dos rumos tomados
pela racionalidade iluminista, uma denúncia da dimensão coercitiva que se esconde por trás
do discurso libertador da razão. p.119.

“O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta com os homens.


Este conhece-os na medida em que pode manipulá-los” (Adorno ; Horkheimer, 1985, p. 24)
apud. p.119.
indivíduos perderam qualquer poder de resistência, bem como os últimos resquícios de sua
consciência no contexto da sociedade capitalista avançada, marcada pela dinâmica
produtivista, pelo avanço tecnológico e pela lógica do mercado. p.120.

os filósofos da Teoria Crítica denunciam a dominação que marca a sociedade capitalista e


buscam a superação da ordem vigente a partir da emancipação humana. p. 120.

Trata-se de uma aplicação direta do conceito marxista de fetiche da mercadoria aos produtos
culturais: convertida em mercadoria, coisificada em produtos agora regidos por seu valor de
troca, a cultura se converte em apenas mais um ramo de produção do capitalismo avançado.
p.121.

Cultura é uma dimensão espiritual que se opõe (se distingue) de civilização; esta corresponde
ao progresso técnico, ao avanço das condições materiais, à organização institucional da vida
social e das condições de sobrevivência. Cultura é mais do que civilização e compreende a
dimensão espiritual que promove o crescimento da consciência, da sensibilidade e da
autonomia. Diz respeito ao conjunto de fins morais, estéticos e intelectuais que regem e dão
uma outra dimensão à vida social: a cultura compreende o processo de humanização dos
sujeitos. Nesse sentido, ela não deve se submeter, mas, ao contrário, guardar distância e
autonomia com relação à vida material; é isso que lhe confere seu caráter universal e faz com
que a cultura, “expressão do sofrimento e da contradição”, possa apontar para a ideia de uma
“vida verdadeira”. p. 121, 122. CONCEITUAÇÃO DE CULTURA.

o processo de humanização que deveria se caracterizar pela transformação da civilização em


cultura se define pelo seu contrário: a cultura se integra ao mundo material, perde seu caráter
transcendental. p.122.

Em grande medida, sua discussão de cultura se confunde com a natureza e o papel da arte. A
verdadeira arte não é aquela que aproxima suas obras da realidade, que retrata a realidade,
mas, ao contrário, aquela que contraria, que nega. É pela negação e pelo contraste que a arte
deixa ver uma outra realidade. Enquanto tal, enquanto negação do real dado, ela constitui uma
maneira rica e insubstituível de conhecimento (negar o dado, o instituído, é vislumbrar as
outras possibilidades que são negadas, que não foram realizadas). p. 122.

A utopia é essa busca de outros possíveis. Ela é revolucionária, pois ameaça o status quo,
ameaça as instituições conservadoras. p. 123.

A arte é utópica. O projeto da indústria cultural, ao contrário, é conservador, é um


pensamento de manutenção. Assim, essa cultura que se integra, que vira indústria, que entra
no esquema industrial-mercadológico, perde a sua essência, que é o distanciamento, a crítica,
a possibilidade de libertação. Ela perde a sua dimensão transcendental. p. 123.

Então, chamar a produção dos meios de comunicação de cultura é um equívoco, e o


termo cultura de massa contém uma contradição, porque a característica da cultura é
exatamente resgatar e promover a individualidade; uma cultura massificada,
padronizada e padronizadora já não é mais cultura. p. 123.
A individualidade dos produtos, das formas é exatamente a riqueza da arte; a massificação é a
derrota da cultura frente à dinâmica de mercantilização de seus produtos. A indústria cultural
se configura, portanto, como um “sistema da não cultura” (Adorno; Horkheimer, 1985, p.
121). p. 123.

Trata-se de uma perspectiva aristocrática, desenvolvida por autores como G. Le Bon, Ortega y
Gasset, que olhavam com desprezo e temor para a nova conformação social e urbana das
sociedades industriais, marcada pela presença das grandes multidões e da “mediocratização”
dos gostos e dos valores. p.124 (massa/massificação)

A massa é um coletivo que perde suas distinções internas e se torna um todo disforme e
facilmente conduzido e manipulável, movido por estímulos externos ao próprio coletivo.
p.124.

A massa é um coletivo que perde suas distinções internas e se torna um todo disforme e
facilmente conduzido e manipulável, movido por estímulos externos ao próprio coletivo. p.
124

O conceito de massa substitui a noção de classe, e a ênfase no processo de dominação racional


faz com que ela venha a se contrapor à ideia de indivíduo. p.124

“Classe” é um sujeito político e social; diz respeito a um coletivo em que seus membros com
partilham características e interesses específicos, a partir de sua posição na estrutura da
sociedade. p.124.

Nesse processo de massificação, a indústria cultural cum pre um papel central: ela é o próprio
instrumento de massificação, de homogeneização, de domesticação. Ou seja, a massa é
produzida pela indústria cultural. p.125.

As massas não são a medida, mas a ideologia da indústria cultural. p.125.

A massa aborta sua possibilidade de emancipação. Para Adorno e Horkheimer, o homem-


massa odeia tudo que não é ele mesmo; ao perder sua identidade, ele busca o tempo inteiro o
semelhante, a padronização, o mesmo - para não se reconhecer na pequenez a que ele foi
convertido. p.126.

De um lado, a vida e as formas culturais da nobreza; de outro, o povo. Na vida da corte,


assistia-se ao florescimento das artes: o teatro, a música, a pintura, as esculturas, a literatura.
Numa outra esfera, camponeses e plebeus desenvolviam formas culturais mais rudes e
prosaicas (festas, músicas, encenações), mas não desprovidas de autenticidade e de ligação
com a experiência. p.126.

O século XX traz o desenvolvimento dos meios de comunicação; a indústria cultural se


impõe como um denominador com um que corrói a força e a autenticidade dos dois
domínios. Da cultura erudita, ela retira a pureza formal, o rigor, o estranhamento, o
novo. Da cultura popular, sua ligação com a vida. p.127.

A indústria cultural se impõe com o um parasita, que suga e destrói o existente. p.127.
Os produtos da indústria cultural se caracterizam por um m odelo padrão, uma estrutura
central, à qual se acrescentam novidades e variações de detalhe, que vão dar ao consumidor a
ilusão da individualidade do produto. p.128.

A indústria cultural não se importa somente com o lucro; na verdade, mais do que o lucro
imediato importa criar a audiência cativa, consolidar a atitude de aceitação - criar a
dependência: “dependência e servidão dos homens, objetivo último da indústria cultural”
(Adorno, 1978, p. 294). p. 128.

A técnica possibilita a produção em larga escala, expande e disponibiliza o produto,


arrancando-o inclusive do seu contexto de criação e sentido. p.128

Já o termo “indústria”, para Adorno, diz respeito à produção em escala, à estandardização do


processo de produção, à racionalização das técnicas de distribuição. p.129

Na perspectiva de alguns autores, a ideologia é tratada em oposição ao real; uma dimensão


imaginária (campo dos sentidos) que pretende negar sua base material. p.129

Para a teoria crítica, a ideologia já penetrou em todas as instâncias; na sociedade industrial


avançada já não existe uma parte autônoma que escaparia às relações de dominação. p.129

A consciência não é mais livre na sociedade industrial, uma vez que a realidade tecnológica
envolveu a tudo e a todos. p.129

Além disso, é preciso lembrar que a indústria cultural substitui as verdadeiras necessidades
por necessidades supérfluas, e a satisfação que promete é uma satisfação enganadora
(resultando antes em um sentimento de frustração). p.130

não se trata nem das massas como produtoras de uma cultura (a massa não é sujeito), nem
mesmo de cultura, mas de um processo de produção de mercadorias culturais. O termo
“indústria cultural” nomeia um fenômeno de natureza mercantil e ideológica. p.130

a inserção definitiva das temáticas da dominação e da mercantilização na análise da cultura


midiática. p.131

Depois de Adorno e Horkheimer, não podemos mais pensar a ação dos meios distante e
descolada da dinâmica de poder na sociedade. p.131

COMUNICAÇÃO NA AMÉRICA LATINA

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