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UNIDADE III

Estética

Profa. Bettina Brasil


Apresentação

 Trabalhamos nessa disciplina a transformação da Estética ao longo do tempo e em


diferentes momentos da história da filosofia, desde a Grécia, com Platão e Aristóteles, até
agora, o período pós-moderno.

 Já passamos pelo entendimento da Estética na Grécia, com Platão e Aristóteles, e


acompanhamos o pensamento de Kant e Hegel, na modernidade sobre a Estética.
Apresentação

Considerando a trajetória da arte, percebemos que:

 Para os antigos, a obra é entendida como um microcosmo – o que permite pensar que existe
fora dela, no macrocosmo, um critério objetivo e substancial do Belo.

 Para os modernos, a obra só ganha sentido em referência à subjetividade,


tornando-se uma obra de arte. A obra não é em si, mas ela será conhecida a
partir do contato com a subjetividade.
Apresentação

 Para os contemporâneos, a obra é expressão pura e simples da individualidade: estilo


absolutamente singular que não quer ser mais em nada um espelho do mundo, mas sim a
criação de um mundo, o mundo interior do qual se move o artista e no qual temos, sem
dúvida, permissão de ingressar, mas que de modo algum se impõe a nós como um universo
a priori comum (REZENDE, 2009).
A Arte e a Sociedade Contemporânea

 O século XIX foi um momento importante para a arte.

 Assistimos a uma quebra de paradigmas. A partir desse momento não importaram mais a
técnica nem a precisão na arte.

 O que estava sendo valorizado era a inovação e isso aconteceu influenciado pela Revolução
Industrial e a globalização.

 Diversas escolas diferentes surgiram nesse período


conhecido como arte moderna: impressionismo, realismo,
simbolismo, art neuveau, expressionismo, surrealismo,
dadaísmo, entre outros.
A Arte e a Sociedade Contemporânea

 Essas escolas tinham algo em comum: nenhuma delas teve a pretensão de representar o
mundo de forma fiel, mas revolucionaram a linguagem artística, culminando, por exemplo, na
obra de Marcel Duchamp (1917), conhecida
como A Fonte.

 Essa obra simplesmente provocou a desconstrução radical


do conceito de arte.

Micha L Riesar. Fontaine Replica of


Marcel Duchamp. Musee Maillol, Paris, France.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Fontaine-Duchamp.jpg
A Arte e a Sociedade Contemporânea

 No campo da filosofia propriamente dita e não o da produção artística, encontramos


Nietzsche, que deixou de acreditar na possibilidade de uma verdade absoluta.

 Em resumo, para Nietzsche, ao não existir a verdade, não existir o fato, existe apenas
interpretações. Isso resulta, para ele, a não existência do belo em si.

 Esse pensamento foi importante para muitos pensadores do século XX.

 Na pós-modernidade, o belo não é mais um conceito


universal, e o gosto passa a ser totalmente relativo, assim
como o que pode ou não ser chamado de arte.
Adorno e a Indústria Cultural

 Theodor Adorno (1903-1969) foi um dos filósofos


mais importantes da Escola de Frankfurt.

 Ele estudou a massificação e o empobrecimento


da vida humana ocasionados pelos fenômenos
de comunicação em massa.

Theodor Adorno

Fonte:
http://pensaraeducacao.com.br/pensara
educacaoempauta/dialetica-do-
esclarecimento-70-anos/
Adorno e a Indústria Cultural

 As crises econômicas europeias, a ascensão do capitalismo e Karl Marx são influências


importantes na obra de Adorno.

 Adorno tem como tema central da sua obra a Indústria Cultural.

 Suas análises sobre a sociedade moderna são profundas e essas análises são
criadas pelo capitalismo.

 Para ele, a arte é um instrumento profícuo para a consolidação


da dominação burguesa.
Adorno e a Indústria Cultural

 Horkheimer (1895-1973) trabalhou junto com Adorno os conceitos da comunicação em


massa e a Indústria Cultural.

Para eles:
 o desenvolvimento da comunicação em massa teve impacto fundamental na natureza da
cultura e da ideologia nas sociedades modernas;
 O estudo da doutrina política não pode ser limitador da análise ideológica, mas deve
abranger diferentes formas simbólicas que circulam o mundo social:

 A estruturação das relações na sociedade;


 A forma como se produz;
 A forma como se intensifica a
massificação do indivíduo.
Adorno e a Indústria Cultural

 Para Adorno e Horkheimer, a cultura é o instrumento que desenvolve e assegura formas de


controle das concepções sociais e das ideologias estruturadas na sociedade capitalista.

 O século XX assiste a muitas mudanças culturais. Entre elas, o processo de disseminação


da arte e massificação dado pela cultura.

 Esse processo é uma referência importante nos problemas culturais vividos no século XX.

 Adorno estabelecerá essa massificação como


a Indústria Cultural.
Adorno e a Indústria Cultural

 A Indústria Cultural é definida por Adorno como um conjunto de meios de comunicação,


como o cinema, o rádio, a televisão, os jornais e as revistas mais acessíveis às massas.
 Esse conjunto de meios de comunicação forma um sistema poderoso que envolve poder
econômico e exerce um tipo de manipulação e controle social.
 A mercantilização da cultura é legitimada pela demanda desses produtos.
 O conceito da Indústria Cultural substitui a expressão “cultura de massa”.
 Cultura de massa pode erroneamente sugerir que é uma cultura nascida espontaneamente
das camadas populares.
Adorno e a Indústria Cultural

 A grande crítica dos pensadores da Escola de Frankfurt à Indústria Cultural é que, na


sociedade moderna, a cultura se transformou em uma grande força capaz de transmutar a
arte em qualquer mercadoria.

 Adorno e Horkheimer afirmavam que a máquina capitalista de reprodução e distribuição da


cultura estaria apagando aos poucos tanto a arte erudita quanto a arte popular.

 Para eles, isso estaria acontecendo porque o valor artístico dessas obras é neutralizado pelo
distanciamento intelectual dos seus espectadores.
Adorno e a Indústria Cultural

 Em relação aos meios de comunicação, o cinema e o rádio são considerados meios


importantes de comunicação.

 A tecnologia da montagem e do efeito e o realismo exagerado fazem com que o cinema


consiga provocar a reflexão do seu espectador, integrando o indivíduo à multidão.

 O comando aberto e de longo alcance do rádio é um instrumento que coloca o discurso


como verdadeiro e absoluto às massas.
Adorno e a Indústria Cultural

 Na Indústria Cultural, os meios de comunicação não apresentam preocupação exata com


seu conteúdo, mas com o registro estatístico dos consumidores.

 A Indústria Cultural, segundo Adorno, usa a dominação técnica nos bens


culturais na modernidade.

 A indústria adapta produtos a um consumo de massa aliado aos interesses do capital para
construir um grande sistema.

 Esse grande sistema, como veremos a seguir, está


relacionado ao poder econômico.
Interatividade

Para Adorno, a Indústria Cultural é um sistema poderoso que envolve poder econômico e
exerce controle social. Sobre a Indústria Cultural é correto afirmar:

a) A Indústria Cultural organiza a produção das obras de arte conforme a


demanda da sociedade.
b) A Indústria Cultural, como resultado da racionalização e da Revolução Industrial, cria a
demanda e consumo da obra de arte.
c) A Indústria Cultural preserva a individualidade tanto da obra de arte como
a do artista.
d) A Indústria Cultural leva em consideração o gosto
subjetivo da população.
e) A Indústria Cultural retoma as técnicas de produção
artística dos gregos antigos.
Resposta

Para Adorno, a Indústria Cultural é um sistema poderoso que envolve poder econômico e
exerce controle social. Sobre a Indústria Cultural é correto afirmar:

a) A Indústria Cultural organiza a produção das obras de arte conforme a


demanda da sociedade.
b) A Indústria Cultural, como resultado da racionalização e da Revolução Industrial, cria a
demanda e consumo da obra de arte.
c) A Indústria Cultural preserva a individualidade tanto da obra de arte como
a do artista.
d) A Indústria Cultural leva em consideração o gosto
subjetivo da população.
e) A Indústria Cultural retoma as técnicas de produção
artística dos gregos antigos.
A Indústria Cultural

 Como vimos, a Indústria Cultural, segundo Adorno, usa a dominação técnica nos bens
culturais e adapta produtos a um consumo de massa aliado ao interesse do capital.

 O objetivo é construir um sistema de poder econômico de domínio


sobre a sociedade.

 Ao moldar a preferência do consumidor, a indústria cria condições para o comércio e provoca


uma demanda a seus produtos.

 A relação do homem com a arte é modificada nesse processo.


A Indústria Cultural

 Para Adorno, ao invés de o homem buscar prazer estético e a experiência do objeto, o


homem busca o prestígio.

 O filme e a televisão são pontos importantes na análise de Adorno. Essas duas formas de
comunicação criam uma ilusão de mundo que não é percebida espontaneamente
pela nossa consciência.

 A realidade cinematográfica criada apresenta forte interesse econômico e político.

 Além do cinema e do rádio, outras formas de comunicação


também foram usadas para criar esse domínio.
A Indústria Cultural

 A arte musical, para Adorno, também teve seu caráter banalizado.

 O propósito dessa arte é extirpar a sensibilidade dos ouvintes.

 Ao extirpar a sensibilidade, torna-os fiéis seguidores do prazer pelo prazer, desconsiderando,


assim, o sentido total da obra.

 Para Adorno, a cultura de massa, ou a Indústria Cultural, torna o homem subordinado à


técnica e esta destrói a subjetividade do indivíduo, dando lugar à razão instrumental.
A Indústria Cultural

 A Indústria Cultural não mede esforços, segundo Adorno, para tornar


o indivíduo em estado de completo empobrecimento da reflexão crítica
e da sensibilidade artística.

 A padronização é o valor decisivo dessa proposta cultural.

 A massificação provoca o extermínio da autonomia dos sujeitos.

 Nessa sociedade, qualquer produto, seja cultural ou artístico, é transformado em mercadoria.

O processo de industrialização da cultura transforma as obras


de arte em mercadoria, ocasionando:
A Indústria Cultural

Fonte: Livro-texto.
A Indústria Cultural

 Ao entender a função do entretenimento que a Indústria Cultural tem hoje, percebemos que
ela ocupa a função da arte popular desde o início da civilização ocidental moderna.

 Ao comparar as obras de arte com as mercadorias culturais, Adorno elabora tópicos como
estilo, do trágico e catártico à sublimação.

 Em relação ao estilo de uma obra de arte (mercadoria), este não está ligado ao objeto em si
e, por isso, pode ser trocado sem que a mercadoria se modifique.
A Indústria Cultural

 Sobre o elemento trágico, é um elemento relacionado à diversão e pode fornecer à Indústria


Cultural uma profundidade que aparentemente não tem.

 A sublimação permite extrapolar o objeto (mercadoria) e dar uma conotação que ele
de fato não tem.

 Aparentemente, a Indústria Cultural promoveu a democratização da arte, mas de fato ela


produziu um sistema de controle e dominação econômica.

 Esse sistema, entretanto, precisa de uma concordância das


pessoas para a legitimação de sua existência.
A cultura como mercadoria

 A sociedade industrial está na base e possibilita a Indústria Cultural.

Essa sociedade cultural se caracteriza por três elementos:

1) Aplicação de conhecimentos científicos e tecnológicos às técnicas da produção;

2) Grande investimento em instalações e maquinários;

3) Produção em série, em larga escala.


A cultura como mercadoria

 O cotidiano das pessoas é moldado assim como a esfera da cultura é influenciada pela
Indústria Cultural.

 Acompanhamos a transformação do artesanal para a técnica industrial, reinventando modos


de subjetivação da vida.

 A indústria, segundo Adorno, interferiu diretamente na esfera cultural, quando


o povo deixa de participar dos produtos culturais, apenas consumindo em larga escala.
A mercadoria Cultura

 Adorno olha a sociedade que o cerca e à luz da Revolução Industrial e as consequências


dela para a arte e a Indústria Cultural.

 Segundo ele, a técnica reúne o trabalho e o lazer na sociedade.


O consumidor deixa de ser “o rei” ou o “sujeito” e passa a ser o objeto.

 Os produtos culturais, como os filmes, os programas radiofônicos, as revistas, apresentam a


mesma racionalidade técnica da indústria. Esses produtos são organizados, planejados e
fabricados sob a mesma ótica. Todos fabricados em série.
A mercadoria Cultura

 E é dessa forma que a Indústria Cultural instaura uma dominação técnica sobre a sociedade.

 E é dessa forma que transforma os indivíduos em objetos, que impede a


conscientização das pessoas.

 Para Adorno, o consumidor acaba sendo levado pelos interesses


econômicos capitalistas.

 Esses mesmos interesses econômicos da Indústria Cultural implantam um comércio


fraudulento que ludibria o consumidor com promessas vãs.
A mercadoria Cultura

 A sociedade contemporânea confere um ar de semelhança a tudo e a Indústria Cultural


fornece esses bens padronizados para satisfazer a essas demandas. O resultado dessa
combinação é uma produção cultural uniformizada.

 É a Indústria Cultural que transforma a cultura em mercadoria.

 Essa transformação provoca a perda dos traços de uma experiência autêntica, provocando
uma degradação do papel filosófico-existencial da cultura e tornando os indivíduos completos
objetos dessa indústria.
A mercadoria Cultura

Nas palavras de Adorno:

“Sob o poder do monopólio, toda cultura de massas é idêntica, e seu esqueleto, a ossatura
conceitual fabricada por aquele, começa a se delinear. Os dirigentes não estão mais sequer
muito interessados em encobri-lo, seu poder se fortalece quanto mais brutalmente ele se
confessa de público. O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A
verdade de que não passam de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia destinada a
legitimar o lixo que propositadamente produzem. Eles se definem a si mesmos como indústrias,
e as cifras publicadas dos rendimentos de seus diretores gerais suprimem toda dúvida quanto
à necessidade social de seus produtos.”
A mercadoria Cultura

 A Indústria Cultural é o resultado do modo de produção capitalista, que ameaça a formação


da subjetividade humana.

 Para Adorno, o sujeito sofre uma anulação gradual. A substituição dessa subjetividade pela
“quimera maliciosa” da objetividade ofusca a subjetividade
que não existe mais.

 Resta um sujeito que é para si, mas não mais em si.

 A crítica de Adorno é contundente: a vida privada chega


ao fim para colocar o sujeito na homogeneidade de
pensamento, dominada pelo gosto imposto a uma
multidão de consumidores.
O papel fundamental da arte

 Adorno critica de forma veemente a sociedade cultural, seja na sua forma de lidar com a
arte, seja no seu comportamento interpessoal.

 Coloca a Indústria Cultural no cerne do problema e motivadora de todo esse comportamento


sem sentido dessa sociedade.

 Mesmo com toda essa crítica, Adorno vê na arte o único modo de se opor
a essa situação.
O papel fundamental da arte

 Adorno afirma que a produção artística pode cumprir esse papel de boa ideologia, de
oposição à ideologia dominante.

 Para isso cabe aos sujeitos assumirem o papel de protagonistas de seu tempo e
não de plateia dele.
Interatividade

Adorno e Horkheimer apresentam a teoria da indústria cultural. Nessa teoria encontra-se


grande influência de Marx. Leia as alternativas e assinale a correta em relação a essa
influência na teoria de Adorno e Horkheimer:

a) O aumento do acesso à obra de arte.


b) A mercantilização da obra de arte.
c) A autonomia da obra de arte.
d) A materialização da obra de arte.
e) A desmaterialização da obra de arte.
Resposta

Adorno e Horkheimer apresentam a teoria da indústria cultural. Nessa teoria encontra-se


grande influência de Marx. Leia as alternativas e assinale a correta em relação a essa
influência na teoria de Adorno e Horkheimer:

a) O aumento do acesso à obra de arte.


b) A mercantilização da obra de arte.
c) A autonomia da obra de arte.
d) A materialização da obra de arte.
e) A desmaterialização da obra de arte.
Benjamin

 Walter Benjamin (1892-1940) foi um filósofo


associado à Escola de Frankfurt.

 Por sua vez foi influenciado pelas teorias


marxistas e freudianas.

Walter Benjamin.
1928. Akademie
der Künste, Berlin
– Walter Benjamin Archiv
Benjamin

 O ensaio de Benjamin sobre a obra de arte e a reprodutibilidade técnica é uma afirmação da


cultura de massa e das novas tecnologias pelas quais a arte se dissemina.

 Ele faz uma aproximação da experiência cultural tecnologicamente mediada


com a política e a sociedade.

 Com essa crítica, Benjamin certamente pretende dar à arte uma tarefa difícil, a de desfazer a
alienação do aparato sensorial do corpo, restaurar o poder institucional dos sentidos
corporais humanos em nome da autopreservação da humanidade, e isso não por meio do
rechaço às novas tecnologias, mas pela passagem por elas.
Benjamin

 Benjamin politiza a arte de forma radical, entrando em ruptura com a tradição


do modernismo.

 Para ele, a estética é aquilo que é perceptivo ao tato e à experiência sensorial


da percepção.

 O campo original da estética não é a arte, mas sim a realidade, a natureza


corpórea, material.

 A Estética nasce de uma forma de cognição, alcançada pelo


gosto, pela audição, pela visão e pelo olfato.

 Para ele, essas sensações são uma faculdade pré-linguística,


anterior não apenas à lógica como também aos significados.
Benjamin

 Para o autor, o interesse da filosofia na modernidade é o fato de os sentidos


poderem ser aculturados.

Na modernidade, o termo estética sofre uma inversão:

Fonte: Livro-texto.
Benjamin

 Benjamin se baseia numa ideia freudiana para entender o que é a experiência:

 A consciência é um escudo que protege o organismo contra estímulos do exterior, retendo a


sua impressão em forma de memória.

 O ego protege a consciência, bloqueando a abertura do sistema sinestético (sensorial) e


isolando a consciência presente da memória do passado.

 Isso provoca o empobrecimento da experiência.


Na modernidade, isso resulta numa resposta sem pensar e
esse comportamento é uma necessidade de sobrevivência.
Benjamin

 Para Benjamin, a indústria e a aproximação do homem com as máquinas e as


técnicas promovem movimentos repetitivos sem desenvolvimento, brutalizando
o sistema dos sentidos.

 A reação mimética ao ambiente é sem sentido.

 E essa mimese é um reflexo defensivo.

 O sistema fabril paralisa a imaginação do trabalhador.

 A exacerbação da falta de sentido entorpece o organismo,


insensibiliza os sentidos e reprime a memória.
Benjamin

 O sistema cognitivo se tornou um sistema anestético.

 A percepção se tornaria então experiência apenas quando se conectasse com a memória


sensorial do passado, mas, para isso, precisaria superar a barreira da alienação.

 Para Benjamin, com essa crise da percepção, a discussão não deve girar em torno da
capacidade de se “educar um ouvido, por exemplo, mas necessita
restituir a audição das pessoas”.
Benjamin

 Benjamin propõe o termo “fantasmagoria” para a aparência da realidade, que engana os


sentidos por meio da manipulação técnica.

 A superexposição aos estímulos sensoriais pensada pela fantasmagoria faz com que os
indivíduos se tornem adictos sensoriais a uma realidade compensatória.

 Esse processo se torna um meio de controle social.

 A arte se torna entretenimento como parte do mundo das mercadorias.


Benjamin

 O sentido da visão era privilegiado nesse aparato sensorial da modernidade.


 Mas não só a visão foi valorizada nessa época.
 A capacidade olfativa foi invadida pelos perfumes, que distanciavam as
pessoas do cheiro da cidade.
 A capacidade auditiva foi também valorizada a partir de obras
musicais intensas.
 E é significante para os efeitos anestésicos “dessas experiências que a singularização de
qualquer um dos sentidos para estimulação intensa tenha o
efeito de entorpecer os demais”.
 A alienação dos sentidos permitiu que a humanidade
assistisse a sua própria destruição de forma prazerosa.
Benjamin: a reprodutibilidade técnica

 Para Benjamin, a obra de arte sempre foi reprodutível e imitável.

 Sempre existiu na história da arte a reprodutibilidade.

 Mas a reprodução técnica da obra de arte era um processo novo. As artes gráficas, usando
a técnica da litografia, conseguiram colocar pela primeira vez no mercado suas produções
não apenas em grande quantidade, mas também em diversas formas.

 Para ele, as artes gráficas conseguiram ilustrar a vida


cotidiana de forma rápida. Com a valorização da reprodução
da vida cotidiana surge a fotografia com o poder de
comunicação bastante importante.
Benjamin: a reprodutibilidade técnica

 O processo de reprodução das imagens experimentou a aceleração de sua reprodução.

 Com a reprodução técnica do som, aliada à reprodução de imagens, surge o cinema.

 O cinema se submeteu a transformações que o fizeram conquistar um lugar próprio entre os


procedimentos artísticos.
Benjamin: a autenticidade

Para Benjamin existem algumas características que identificam a autenticidade de uma obra:
 Para ele, mesmo na reprodução mais perfeita da obra de arte algo está ausente, sua
existência única, no lugar onde se encontra.

 A história da obra é parte importante dela, que descreve as transformações pelas quais
passou e a passagem do tempo.

 Para o autor, a esfera da autenticidade escapa da reprodutibilidade técnica.

 Mesmo mantendo o conteúdo intacto, a reprodutibilidade desvaloriza a autenticidade.


Benjamin: a autenticidade

 Benjamin cria o conceito da “aura” da obra de arte. E é ela que se atrofia com a
reprodutibilidade técnica.

 Com a reprodução, a indústria substitui a existência única da obra por uma existência serial.

 A cada encontro do espectador com a obra se dá uma atualização dela.

 Benjamin afirma que o cinema e sua fácil e rápida reprodutibilidade provoca a liquidação do
valor tradicional do patrimônio da cultura.
Interatividade

Segundo Benjamin, o campo original da estética não é a arte, mas sim a realidade,
a natureza corpórea e material. Sobre Estética em Benjamin, é correto afirmar:

a) A Estética nasce de uma forma de cognição, alcançada pelos sentidos.


b) A Estética é subjetiva e, por isso, não sofre influência da cultura.
c) A Estética se aplica mais às obras reais do que ao imaginário.
d) A Estética e a arte não são capazes de manter o domínio de uma sociedade.
e) A Estética e a arte são independentes de máquinas, técnicas e
racionalismo típico da época.
Resposta

Segundo Benjamin, o campo original da estética não é a arte, mas sim a realidade,
a natureza corpórea e material. Sobre Estética em Benjamin, é correto afirmar:

a) A Estética nasce de uma forma de cognição, alcançada pelos sentidos.


b) A Estética é subjetiva e, por isso, não sofre influência da cultura.
c) A Estética se aplica mais às obras reais do que ao imaginário.
d) A Estética e a arte não são capazes de manter o domínio de uma sociedade.
e) A Estética e a arte são independentes de máquinas, técnicas e
racionalismo típico da época.
Benjamin: a destruição da aura

 Benjamin lembra que o modo pelo qual se organiza a percepção humana não é apenas
condicionado naturalmente, mas também historicamente.

 A aura é uma figura singular, composta por elementos espaciais e temporais.

 Ao mesmo tempo que as massas modernas querem estar mais próximas da arte, elas
superam o caráter único da obra e aceitam a reprodutibilidade.

 Para Benjamin, cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto.

 Cada dia fica mais nítida a diferença entre a


reprodução e a imagem.
Benjamin: a destruição da aura

 A questão da autenticidade perde o sentido no contexto em que a obra de arte reproduzida


é a reprodução de uma obra de arte criada para isso.

 Para Benjamin, no momento em que o critério da autenticidade deixa de se aplicar à


produção artística, toda a função social da arte se transforma. Em vez de se fundar no ritual,
ela passa a se fundar em outra práxis: a política.
Benjamin: o valor do culto e o valor da exposição

Duas características das obras de arte podem ser acompanhadas ao longo da história:
 O valor do culto da obra e o valor de exposição.

 A produção artística tem seu início na imagem a serviço da magia e, por isso,
a exposição pública da imagem era controlada.

 Ao se emancipar dos rituais, aumenta o tempo de exposição.

 A possibilidade de expor um busto, mesmo tendo que deslocar de um lugar


para o outro, é muito maior que a de uma estátua divina.
Benjamin: o valor da eternidade

 Para os gregos, a escultura era a mais alta obra de arte; para a modernidade, o cinema é a
mais alta obra de arte do seu tempo.

 Isso se dá porque os gregos, ao conhecerem apenas a técnica do molde e da cunhagem,


produziram obras únicas e eternas.

 Na modernidade, a obra de arte pode ser refeita até sua perfeição, enquanto que na Grécia
era feita de uma vez em pedra única e pedra de mármore.
A arte e a cultura na pós-modernidade

 Retomando o conceito de estética e o desenvolvimento histórico dela, percebemos que,


para os antigos, o belo não era definido pura e simplesmente pelo prazer subjetivo
que proporciona.

 Foi visto que a categoria do belo não era determinada como algo que proporcionava prazer
subjetivo, mas algo que existia fora do indivíduo, como categoria universal.

 Na estética moderna aconteceu a ruptura com o antigo e a tentativa de conciliação entre


subjetivação do belo com exigências de critérios, relacionando à objetividade ou ao mundo.
A arte e a cultura na pós-modernidade

 Na estética moderna, o belo está na esfera do subjetivismo, pois está fundamentado nas
faculdades humanas (razão, sentimento e ação).

 Nesse período ainda permanece a ideia de que a obra de arte é inseparável da objetividade,
sugerindo que a universalidade do belo se atinge na relação do mundo objetivo com a razão.

 No momento contemporâneo, o belo se torna apenas uma questão de gosto individual.

 Na contemporaneidade não existe mais um mundo evidente, e sim um mundo plural.


A arte e a cultura na pós-modernidade

 Ainda no momento contemporâneo, existe um mundo plural, de múltiplas particularidades de


cada indivíduo, não existindo mais uma arte, e sim uma diversidade tão grande quanto o
número de artistas existentes.

 No momento contemporâneo, o belo se torna apenas uma questão de gosto individual.

 Havia uma diferença entre o artista e o não artista. O belo não tem mais a ver
com a capacidade de criar uma representação mimética da essência do mundo e também
não é mais o dom inato de um artista.
A arte e a cultura na pós-modernidade

 Porém não se pode dizer que a arte é inferior em qualidade comparada a outros
momentos da história.
 Para Nietzsche, o momento contemporâneo pede para o artista se afastar do mundo e
exprimir sua vida interior.
 Desta forma, o belo está marcado pela irracionalidade e o mundo, para
Nietzsche, é obsoleto.

Para Nietzsche: “[...] Não existe estados de fato em si, mas


apenas interpretações, não um mundo, e sim uma infinidade de
mundos que são apenas perspectivas do indivíduo vivente: a
questão ‘o que é’ é uma maneira de pôr sentido [...]. No fundo,
trata-se sempre da questão ‘o que é para mim’”
(NIETZSCHE, 2009).
A estética em Nietzsche

 Nietzsche pretende recuperar a visão de mundo dos gregos e criar na Alemanha uma
cultura genuína, tendo os gregos antigos como modelo.

 Ele propõe uma nova compreensão da visão do mundo dos gregos.

 Ele pretendia usar o entendimento grego como ponto de partida para a formação de
uma cultura alemã.

 Para ele, o homem busca a arte para fugir da angústia diante


do tédio, para se ver livre de si e de sua miséria, diferente dos
gregos, que se refugiavam da agitada vida pública para
encontrar no teatro, por exemplo, a calma e o recolhimento.
A estética em Nietzsche

 Para Nietzsche, a modernidade (na Europa em geral e na Alemanha em particular) é uma


civilização em processo de decadência, pelos valores com base nos quais entende e
sustenta essa cultura e essa forma de viver moderna.
 Ele traz duas figuras históricas para demonstrar sua teoria.
 As imagens de Apolo (representação) e Dionísio (vontade).
 Ele usa essas imagens para fazer uma releitura da tragédia grega e esse é um ponto
importante para sua teoria sobre estética.
 Para ele, a origem da tragédia é a própria constituição da
natureza humana, cheia de vícios e virtudes. Ele coloca
novamente a arte no centro do debate sobre o homem, a
religião, a ciência e a filosofia. Na cultura ocidental moderna
só a ciência e as suas verdades ocupavam esse lugar. A
filosofia e a arte são supérfluas.
A estética em Nietzsche

 Para Nietzsche, “nossa visão do mundo aponta para uma direção em que todo e qualquer
conhecimento parece supérfluo, pois utilizar o conhecimento é mais admirável do
que pensa”.

 Ele tenta mostrar qual o papel que cabe à arte no processo de formação
cultural da humanidade.

 E, por fim, ele associa arte, filosofia e vida de forma que esses três elementos se tornam
inseparáveis e indispensáveis para a vida.
A dimensão estética em Marcuse

 Marcuse (1898-1979) acompanha a discussão sobre a formação social com relação à


dimensão estética do ser humano.

 Marcuse também fazia parte do grupo de filósofos da Escola de Frankfurt e pretendia


conciliar os pensamentos de Hegel, Heidegger e Marx.

 Como iluminista, acredita que a razão é o caminho da emancipação humana de toda


repressão desnecessária. Nos seus escritos também pode ser verificada a influência em
Freud (Freudomarxismo).

 Apesar da influência da Escola de Frankfurt, Marcuse faz uma


proposta afirmativa e não um diagnóstico negativo da
sociedade moderna.
A dimensão estética em Marcuse

 Marcuse acrescenta na discussão de Adorno e Benjamin, afirmando que o proletariado


perde o caráter revolucionário (Marx), pois é comprado por um aparente bem-estar oferecido
pelo consumismo.

 Freud está presente na discussão de Marcuse. Para ele (Freud), a sociedade está fadada à
infelicidade e a civilização controla a sociedade a partir da repressão libidinal.

 Para ele, quanto mais civilizada for uma cultura, mais repressora e menos violenta ela é. A
energia da sociedade é canalizada no trabalho produtivo.

 Para Marcuse, Freud acerta em dizer que há um conflito entre


indivíduo e sociedade na civilização, mas erra ao afirmar que
esse conflito é necessário a todas as civilizações.
A dimensão estética em Marcuse

 Para Marcuse, a busca pelo prazer e pelo amor nessa sociedade reprimida é possível pela
dimensão estética.

 A grande intensão do autor é resgatar a dimensão política e revolucionária da estética, a fim


de suprir o princípio do desempenho e sustentar uma concepção de sociedade emancipada.

 Marcuse sai dos princípios kantianos de que o prazer proporcionado pelo belo
é intrinsicamente subjetivo e não pode ser um prazer regido por interesses.

 Ou seja, ao suspender os interesses particulares, os homens


são capazes de obter uma satisfação devida exclusivamente
à beleza do objeto estético.
A dimensão estética em Marcuse

 Marcuse vê em Schiller uma resposta à questão da Estética.

 Schiller tenta reconstruir a civilização a partir da força libertadora da função estética, sendo
que essa estética poderia formar um novo princípio de realidade diferente do princípio de
desempenho e com isso ter um papel decisivo na reformulação da civilização.
Interatividade

No pensamento contemporâneo não existe um mundo evidente e sim um mundo plural, não
existindo mais uma arte, e sim uma diversidade tão grande quanto o número de artistas
existentes. Sobre a Estética na contemporaneidade, é correto afirmar:

a) A capacidade de criar uma representação mimética do mundo não é


mais esperada no artista.
b) O artista recria o mundo externo a partir de sua visão.
c) A subjetividade do gosto encontra um padrão conforme em uma
determinada sociedade.
d) O padrão do gosto não mais é importante frente à
capacidade técnica e artística do artista.
e) A objetividade da obra de arte é o resultado da experiência
do artista com o seu momento de vida.
Resposta

No pensamento contemporâneo não existe um mundo evidente e sim um mundo plural, não
existindo mais uma arte, e sim uma diversidade tão grande quanto o número de artistas
existentes. Sobre a Estética na contemporaneidade, é correto afirmar:

a) A capacidade de criar uma representação mimética do mundo não é


mais esperada no artista.
b) O artista recria o mundo externo a partir de sua visão.
c) A subjetividade do gosto encontra um padrão conforme em uma
determinada sociedade.
d) O padrão do gosto não mais é importante frente à
capacidade técnica e artística do artista.
e) A objetividade da obra de arte é o resultado da experiência
do artista com o seu momento de vida.
ATÉ A PRÓXIMA!

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