Acerca da Indústria da Cultura”, de Theodor Adorno DISCENTE: Matheus Sousa Oliveira
Teresina, dezembro de 2023
ADORNO, Theodor Wiesengrund; AL, E. Indústria, cultura e sociedade. São Paulo: Paz E Terra, 2002.
O capítulo "Breves Considerações Acerca da Indústria da Cultura" do
livro “Indústria, Cultura e Sociedade”, de Theodor Adorno, apresenta uma análise crítica profunda sobre a influência e o impacto da indústria da cultura na sociedade. Adorno e Max Horkheimer questionam a natureza da cultura de massas, substituindo-a pelo conceito de "indústria da cultura" para enfatizar sua produção planejada e seu efeito manipulador sobre as massas, fabricando produtos e moldando o consumo das massas através de diferentes setores e de forma ordenada. No decorrer da análise de Adorno, a indústria da cultura é descrita como um sistema que reorganiza hábitos já estabelecidos, fabricando produtos e moldando o consumo em larga escala, privilegiando o lucro imediato em detrimento da essência autônoma das obras de arte. Theodor ainda destaca a integração das massas de forma imposta, questionando a real modificação dessa mentalidade que transforma consumidores em mercadoria com uma mentalidade conformista. Dessa maneira, a busca incessante por consenso e a transformação da cultura em mercadoria são apontadas como fatores que contribuem para a regressão da consciência individual. Adorno conclui ressaltando a necessidade de uma visão crítica da indústria da cultura, considerando não apenas sua importância percebida na formação da consciência, mas também questionando sua legitimidade e impacto real. Sua análise finaliza com o receio de que a dependência e sujeição promovidas pela indústria da cultura possam impedir o desenvolvimento de indivíduos autônomos e conscientes. No mais, a reflexão sobre a ideologia da indústria cultural como princípio de ordem, ao mesmo tempo em que destrói autenticidade, revela uma preocupação com a influência profunda exercida sobre a consciência e a submissão das massas. A mercantilização da vida acaba atingindo, com isso, setores da sociedade que até então pareciam estar imunes a esse processo. O teatro, a dança e as artes plásticas teriam, segundo essa perspectiva, sucumbido ao desenvolvimento da racionalidade econômica. Aqui, a produção cultural estaria articulada com os objetivos estruturais do capital, isto é, os objetivos da produção cultural estariam determinados, em grande medida, pela troca mercantil. Dessa forma, qualquer crítica à arte e à cultura é quase completamente descartada, mostrando uma situação em que a expressão artística e cultural se submete às regras do mercado, perdendo sua autonomia e poder de questionamento.
MEDEIROS, Jonas. O conceito de indústria da consciência na obra de Oskar Negt e Alexander Kluge - a teoria crítica da esfera pública para além da indústria cultural