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GOIÂNIA, de DEZEMBRO de 2.

023
DISCIPLINA SOCIOLOGIA
AVALIAÇÃO DE
PROFESSOR(A) RUAN FARIA RECUPERAÇÃO
VALOR 10,0 FINAL EM
SOCIOLOGIA
ALUNO(A) 3° ano B NOTA:

TEXTO BASE PARA AS QUESTÕES 01, 02, 03, 04 e 05.

Sobre a Indústria Cultural e as individualidades


Helder Silva Vilela
A identificação e o conformismo provocado nas massas tornam-se características evidentes da indústria
cultural. O esquematismo, a capacidade de imaginar e fazer conexões entre o pensamento e as coisas (a vida!),
próprio dos indivíduos, para sua autoconservação, é efetuado por tal indústria. Os indivíduos encontram-se, portanto,
sem autonomia, uma vez que manipulados em sua capacidade de síntese, de crítica e de construção de ideias. Deste
modo,
já que a indústria cultural decompõe o que podemos perceber em suas partes elementares e as rearranja de um modo
que lhe seja interessante, ela adquire o enorme poder de influir no modo como nós percebemos a realidade sensível – em
última instância, na maneira pela qual percebemos o mundo. (DUARTE, R. A. P. 2002, p. 39)
Adorno e Horkheimer, dois críticos da sociedade do século XX, afirmam que tudo está programado: não há
espaço para o indivíduo, senão nos tickets. Estes tickts são a gama de opções delimitadas em uma série limitada de
ideias, de modelos, de tipos: “é preciso optar em bloco por uma delas, se não se quiser ter a impressão de que a
opinião pessoal é tão inócua como os votos dispersos em comparação com as enormes cifras estatísticas” (1985, p.
165). No entanto, “a cultura industrializada admite até – naturalmente apenas para fins externos – a indignação com o
capitalismo, não se permitindo, no entanto, abdicar da ameaça de castração [...] sua própria essência” (DUARTE, R.
2001. p. 44). Supõe-se que o objetivo da indústria cultural é tirar dos indivíduos o que lhes preserva: o indivíduo deve
ser fragilizado em sua percepção e, assim, dominado. Daí indivíduos de volta à minoridade, incapazes de fazer
experiência porque “os sentidos já estão determinados pelo aparelho conceitual antes que a percepção ocorra. O
cidadão vê a priori o mundo como a matéria com a qual ele o produz para si próprio” (ADORNO, T; HORKHEIMER, M.
1985, p. 83). Os críticos caricaturam esta relação da indústria cultural com esquematismo ao afirmar que “Kant
antecipou intuitivamente o que só Hollyhood realizou conscientemente” (Idem).
A indústria cultural realiza o esquematismo de forma irracional, apresentando-se como a “Fábrica de sonhos”
(ADORNO, T. 2008, p. 59). Em seus presságios e premissas, são distribuídas gratificações (Ibid, p. 64): ao preço de
algum sacrifício é apresentada alguma vantagem. Há um apelo ao narcisismo (Ibid, p. 65). Há uma irracionalidade que
é encoberta cuidadosamente e a ajuda oferecida é acompanhada por sutis ameaças (Ibid, p. 69). Através humanização
das coisas, dos gadgets (1985, p. 102), até aos aparelhos industrializados, tais ameaças efetivam a reificação dos
sujeitos. Afirma-se que
parece que o tipo de regressão característica das pessoas que não se sentem mais como se fossem sujeitos capazes de
determinar seu próprio destino é concomitante com uma atitude fetichista relativamente às mesmas condições que
tendem a desumanizá-las. Quanto mais elas são gradualmente transformadas em coisas, mais investem as coisas com
uma aura humana. (2008, p. 102-103)
Os indivíduos, uma vez ilusoriamente fortalecidos, são frustrados porque não devem interferir no
funcionamento do maquinário social (Ibid, p. 117): devem ajustar-se, e não terão sua individualidade integrada, como
prometido. Adorno entende que há diferenças individuais, devido aos programas disponibilizados pela indústria cultural.
Entretanto, as individualidades estão na gama homogênea da troca (Ibid, p. 120). Deste modo, há uma cisão entre a
vida particular e a vida social, ambas são passíveis de dominação, de repressão e sintomáticas. Postula-se que a
realidade do indivíduo
cuja vida se divide entre o negócio e a vida privada, cuja vida privada se divide entre a esfera da representação e a
intimidade, cuja intimidade se divide entre a comunidade mal-humorada do casamento e o amargo consolo de estar
completamente sozinho, rompido consigo e com todos, já é virtualmente nazista que o habitante das grandes cidades de
hoje, que só pode conceber amizade como social contact, como contato social de pessoas que não se tocam intimamente.
(ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 128).
Paradoxal que é o processo de socialização, “a individualização jamais chegou a realizar-se de fato” e, no
entanto, “a sociedade burguesa também desenvolveu em seu processo o indivíduo” (Idem). Adorno apresenta um
ponto importantíssimo da dinâmica da indústria cultural constituído pela “heroificação do indivíduo mediano” e pela
consolidação do processo mimético da individualidade, ou seja, não se é mais que mero imitador. Constata-se que,
juntamente com a “improvização padronizada” e os investimentos publicitários nos “tipos originais”, há o fomento à
constituição de pseudoindividualidade. Adorno esclarece que o sujeito patrocinado pela modernidade não existe. Não
há sequer individualidade constituída através do conflito, do sofrimento. Não pode haver indivíduo, não pode haver
pensamento, não pode haver ação, segundo a modernidade e o programa capitalista. O projeto moderno sucumbe
cada vez mais sob suas próprias premissas: igualdade, fraternidade e liberdade (livre concorrência!).
A pseudoindividualidade é um pressuposto para compreender e tirar da tragédia sua virulência: é só porque os indivíduos
não são mais indivíduos, mas sim, meras encruzilhadas das tendências do universal, que é possível reintegrá-los
totalmente na universalidade. A cultura de massa revela assim o caráter fictício que a forma do indivíduo sempre exibiu
na era burguesa, e seu único erro é vangloriar-se por essa duvidosa harmonia do universal e do particular. (Idem)
1) EXPLIQUE o que os autores chamam de Indústria cultural e DESCREVA seu modo de operar na sociedade. (1,0)

2) EXPONHA o que é esquematismo e CITE consequências desta relação entre a Indústria Cultural e a massa. (1,0)

3) O texto fala de humanização das coisas e cita os gadgets. CITE quais objetos são humanizados pelo mercado e
pelo consumo, hoje. RELATE como é feita esta humanização. (1,0)

4) EXPLICITE a expressão “heroificação do indivíduo mediano”. (1,0)

5) FUNDAMENTE a locução pseudoindividualidade e RELACIONE-A com os comportamentos coletivos. (1,0)

6) OBSERVE a tirinha ao lado, LEIA o trecho que segue e CITE 5


padrões de comportamento estimulados pelos meios de
comunicação. JUSTIFIQUE sua resposta.
“[...] parece que o tipo de regressão característica das pessoas
que não se sentem mais como se fossem sujeitos capazes de
determinar seu próprio destino é concomitante com uma atitude
fetichista relativamente às mesmas condições que tendem a
desumanizá-las. Quanto mais elas são gradualmente
transformadas em coisas, mais investem as coisas com uma aura
humana”. ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento.
Rio de Janeiro: Zahar, 1985. (1,0)

7) As artes foram submetidas a uma nova servidão: as regras do mercado capitalista e a ideologia da
indústria cultural, baseada na ideia e na prática do consumo de “produtos culturais” fabricados em série. As obras
de arte são
mercadorias, como tudo o que existe no capitalismo. Marilena Chauí, Convite à
Filosofia. Segundo o texto, uma das características da indústria cultural é: (0,5)
a) exploração comercial das obras de arte.
b) a valorização do artista e de sua obra de arte.
c) censura a obras com conteúdo crítico.
d) liberdade de criação artística.

8) Para os filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer, a indústria cultural tem como único
objetivo a dependência e a alienação dos homens. Ao maquiar o mundo nos anúncios que divulga, ela seduz as
massas para o consumo das mercadorias culturais, a fim de que se esqueçam da exploração que sofrem nas
relações de produção. ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. A indústria cultural – o iluminismo como mistificação
das massas. In: Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
Considerando o texto dado, e segundo o pensamento de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar que:
I. A indústria cultural se utiliza de padrões que se repetem com o propósito de formar uma estética voltada
ao consumismo e à alienação.
II. A indústria cultural promove nos indivíduos uma pseudossatisfação que impede o desenvolvimento de uma
visão crítica.
III. A indústria cultural faz dos indivíduos seu objeto, distanciando-os de uma autonomia consciente.
IV. A indústria cultural incentiva necessidades próprias do sistema vigente, levando os indivíduos a praticar
o consumo incessante.
É correto o que se afirma em: (1,0)
a) I, II, III e IV.
b) III e IV apenas.
c) I e II apenas.
d) II e III apenas.
e) I e IV apenas.

9) A propaganda pode ser definida como divulgação intencional e constante de mensagens destinadas a um
determinado auditório visando criar uma imagem positiva ou negativa de determinados fenômenos. A propaganda
está muitas vezes ligada à ideia de manipulação de grandes massas por parte de pequenos grupos. Alguns
princípios da propaganda são: o princípio da simplificação, da saturação, da deformação e da parcialidade.
Adaptado de Norberto Bobbio ET alli. Dicionário de política. Brasília.DF: UnB, 2007.
Segundo o texto, muitas vezes a propaganda: (1,0)
a) Não permite que minorias imponham ideias à maioria.
b) Depende diretamente da qualidade do produto vendido.
c) Favorece o controle das massas difundindo as contradições.
d) Está voltada especialmente para os interesses de quem vende o produto.
e) Convida o comprador à reflexão sobre a natureza do que se propõe vender.

10) Leia o texto: “Do mesmo modo que em outros ramos industriais, a indústria cultural transforma matéria-prima
em mercadorias, criando novos padrões de consumo, voltados para atender às demandas de um determinado
público-alvo”. TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia do Brasil.
São Paulo: Moderna, 2009. p.134.
Em relação ao monopólio da informação no Brasil, assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmativa a
seguir. ( ) Existe a concentração da veiculação dos produtos culturais nas mãos de poderosos grupos
empresariais.
( ) As concessões de rádio e TV têm sido utilizadas como moeda de troca nas negociações que estabelecem alianças
políticas.
( ) Os grandes grupos econômicos puderam, por meio de investimentos no controle das inovações tecnológicas em
comunicações, ampliar espacialmente sua influência, ditando novos padrões de consumo.
A sequência correta é (1,0)
a) V – V – V.
b) F – F – V.
c) V – F – V.
d) F – V – F.
e) V – F – F.

11) É uma forma de cultura produzida industrialmente, e tem por objetivo a lucratividade das corporações de mídia
que nela investem grande capital em máquinas e infraestrutura fabril. Utiliza tecnologia de ponta, destina-se a um
grande público anônimo e impessoal e é distribuída através do mercado e depende de patrocinadores: (0,5)
a) Cultura Erudita.
b) Cultura Popular.
c) Cultura de Massa.
d) Cultura Midiática.
e) Cultura Eletrônica.

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