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FACULDADE UNISABER

MESTRADO CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

NILVANE MARTINS DOS SANTOS

ASSERTIVIDADE NA APLICAÇÃO DA MÍDIA EDUCACIONAL COMO


FERRAMENTA DE AUXILIO DOCENTE NA ESCOLA

GOIÂNIA
2016
FACULDADE UNISABER
MESTRADO CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

NILVANE MARTINS DOS SANTOS

ASSERTIVIDADE NA APLICAÇÃO DA MÍDIA EDUCACIONAL COMO


FERRAMENTA DE AUXILIO DOCENTE NA ESCOLA

Dissertação apresentada ao Curso de


Mestrado em Ciências Pedagógicas da
Faculdade Unisaber de Goiânia, como
requisito parcial para obtenção do Título
de Mestre em Ciências Pedagógicas

GOIÂNIA
2016
CAPÍTULO I - A IMPORTÂNCIA DA MÍDIA NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR

1. 1 Conceito históricos sobre a mídia

Ao longo do século XX, especialmente entre os anos de 1940 e 1970, o


telefone, o cinema, o rádio, as revistas e a televisão constituíam-se em um sistema,
que o desenvolver-se, transformou-se em aparato de última geração ao integrar
outros avanços tecnológicos mais recentes como telefones celulares, TV interativa e
a Internet.

Figura 01 - Mídias entre 1940 e 1970

Fonte: Disponível em: http://acervo.midias_anos_40_a_70.elo.br. Acesso em: 16-jun-2016


Tais aparatos foram sendo produzidos e vinculados com a totalidade,
estabelecendo uma intima relação com os objetivos da industrialização. O avanço
tecnológico se colocou presentes em todos os setores da vida social, e na educação
não poderia ser diferente, pois o impacto desse avanço se efetiva como processo
social atingindo todas as instituições, invadindo a vida do homem no interior de sua
casa, na rua onde mora, nas salas de aulas com os alunos, etc. Desta forma, os
aparelhos tecnológicos dirigem suas atividades e condicionam seu pensar, seu agir,
seu sentir, seu raciocínio e sua relação com as pessoas.

Diante dessa realidade, delineiam os desafios da escola sobre esse tema na


tentativa de responder como ela poderá contribuir para que crianças e
jovens se tornem usuários criativos e críticos dessas ferramentas, evitando
que se tornem meros consumidores compulsivos de representações novas
de velhos clichês (BELLONI, 2005, p.8).

Contanto que essa atuação ocorresse no sentido de amenizar ou até mesmo


eliminar as desigualdades sociais que o acesso desigual a essas máquinas estão
gerando, tal fato poderia se tornar um dos principais objetivos da educação.
No tocante ao ensino, uma das formas a se contemplar, dentre muitas
sugeridas para a educação para as mídias, seria estudar, aprender e ensinar a
história, a criação, a utilização e a avaliação das mídias como artes plásticas e
técnicas, analisando como estão situados na sociedade, seu impacto social, suas
implicações, a participação e a modificação do modo de percepção que elas
condicionam o papel do trabalho criador e o acesso às mídias.

Figura 02 - Artes plásticas como forma de ensino escolar


Fonte: Disponível em: http:\\www.iecc.com.br\documentario_e_entrevista. Acesso em: 16-jun-2016

Para aplicação dessa forma de ensino/aprendizagem abordando a mídia, é


necessário evitar o deslumbramento, assumir a criticidade, abandonar práticas
meramente instrumentais, excluir a visão apocalíptica que favorece o conformismo e
não a reflexão.
Desde a década de 1950, teóricos chamam a atenção para a caracterização
da sociedade pela tecnificação crescente nos mais variados setores sociais. Já
havia preocupações no sentido de que os meios de comunicação constituíam uma
escola paralela onde as crianças e os adultos estariam encantados e atraídos em
conhecer conteúdos diferentes da escola convencional.
Desta forma foram sendo analisados os efeitos do impacto da tecnologia na
sociedade e na educação. A partir desses impactos, alguns autores como
Friedmann e Pocher (1977) apontam que as tecnologias são mais do que meras
ferramentas a serviço do ser humano, elas modificam o próprio ser, interferindo no
modo de perceber o mundo, de se expressar sobre ele e de transformá-lo, podendo
também levá-lo em direções não exploradas encaminhando a humanidade para
rumos perigosos.
Adorno e Hokheimer teorizam sobre os meios de comunicação ao
considerarem que esses passam a ser apenas negócios com fins comerciais
programados para a exploração de bens considerados culturais, denominando-os
“Indústria Cultural”. O termo “indústria cultural” foi explicado como mais propício que
o termo “cultura de massa”, disseminado pelos donos dos veículos de comunicação,
ao justificarem que a cultura surge de forma espontânea, brota das massas, do
povo.

A indústria cultural ao aspirar à integração vertical de seus consumidores,


não apenas adapta seus produtos ao consumo das massas, mas, em larga
medida, determina o próprio consumo. Sendo assim, o interesse da
indústria cultural nos homens é mantê-los como consumidores ou
empregados reduzindo sua humanidade, confirmando desta forma seu
papel de portadora da ideologia dominante (ADORNO, 1999, p.8),.

Desta maneira, sendo aliada da ideologia capitalista, falsifica as relações


entre os homens e do homem com a natureza, contribuindo para o que Adorno trata
como antiiluminismo, contrário ao Iluminismo que objetivava a liberdade, o abandono
do medo e a exclusão do mundo da magia e dos mitos.
Com o iluminismo esperava-se a instauração da soberania do homem sobre
a técnica e a ciência, mas o progresso da dominação técnica tornou-se o novo
engano, vitimando o homem mesmo depois de ter sido liberto do medo mágico que
o acompanhava.

Figura 03 - Início do ilusionismo na educação

Fonte: Disponível em: http:\\www.magicofm.com.br. Acesso em: 18-jun-2016

Sabemos que o poder da técnica pelo homem não o levou a libertação do


medo, somente transferiu sua ansiedade e apreensão do mágico, do mítico, para o
medo do novo, do avanço desenfreado da ciência e dos efeitos em sua vida,
perpetuando sua insatisfação no sentido humanitário.
Bacon (1979) difundia idéias que divergiam das diretrizes do Iluminismo, ele
desprezava os adeptos da tradição, da credulidade, a omissão da dúvida, o receio
de contradizer e a tendência de se satisfazer com conhecimentos parciais. Para
Bacon, poder e conhecimento são sinônimos. O que importa não é aquela satisfação
que os homens chamam de verdade, mas sim, o proceder eficaz, no desempenho e
no trabalho, nas descobertas dos fatos particulares anteriormente desconhecidos
que possam equipar melhor a vida.

No mundo do iluminismo, a mitologia foi sucumbida, mas a dominação se


apresenta sob forma de alienação do homem com respeito aos objetos
dominados e com o enfeitiçamento dos homens em seus relacionamentos
sociais e do homem consigo mesmo. Antes, os fetiches estavam sob a lei
da igualdade. Agora, a própria igualdade se converte em fetiche (ADORNO,
1999, p.33).

Assim, o homem é condicionado ao sentido econômico que dá as


mercadorias valores que interferem e decidem a sua existência, estabelecendo o
caráter de fetiche sobre a vida em sociedade. Desta forma são inculcados no
indivíduo normas e comportamentos considerados únicos, decentes e racionais pela
cultura de massa ou indústria cultural.
Portanto, é o princípio do si mesmo que evidencia o trabalho social do
indivíduo na sociedade burguesa que restitui a uns o capital acrescido, a outros a
força para o mais trabalho. Assim, o indivíduo vai se moldando cada vez mais ao
processo de autoconservação decorrente da divisão burguesa do trabalho,
concomitante com o envolvimento ao aparato técnico.
Sobre essa questão, vale reportar às reflexões de Paolo Nosella (2006, p. 78-
79), embasado nos métodos de Marx que salienta que:

O trabalho burguês é historicamente determinado sendo interação dos


homens entre si e com a natureza, assim, o trabalho que deveria ser a
manifestação de si tornou-se perdição de si. Assim, faz-se necessário que
se inverta esse processo recuperando o trabalho com o sentido de
libertação plena do homem.

O processo de dominação imbicado na historia em seu aspecto cíclico,


perpassa por um retrocesso antropológico em suas etapas primitivas, condicionando
os instintos por uma opressão maior. A força que perfaz a dominação sobre os
sentidos proporciona a uniformização da função intelectual, a resignação do pensar
à produção da humanidade, desencadeia um processo de empobrecimento do
pensar e da experiência.

Figura 04 - Função intelectual na produção escolar

Fonte: Disponível em: http:\\ pepsic.bvsalud.org. Acesso em: 20-jun-2016

Desta forma, quanto mais o aparato social econômico e científico for refinado
e complexo a serviço do qual o corpo fora destinado pelo sistema de produção,
ocorre o empobrecimento das vivências que esse corpo é capaz.

Esse regredir das massas hoje pode ser traduzido sob o olhar do novo, é a
ciência elaborada em alta tecnologia ou tecnologia de ponta, que incapacita
o homem de ouvir o que nunca foi ouvido, de palpar com as próprias mãos o
que nunca foi tocado; uma nova forma de opressão, que supera a opressão
mítica já vencida. No transcorrer do caminho que vai da mitologia à
logística, o pensar perdeu o elemento da reflexão sobre si e hoje a
maquinaria estropia os homens mesmo quando os alimenta (ADORNO &
HORKHEIMER, 1999, p.56).

Enfatizando a importância dos meios de comunicação e das tecnologias de


informação que se concretiza fortemente em todos os âmbitos da vida social,
trazendo conseqüências para os processos culturais, comunicacionais e
educacionais, vale lembrar que uma das instituições que demonstra grande
dificuldade em absorver as transformações nos modos de aprender em decorrência
do avanço tecnológico atual é a escola, que devido à rapidez desses avanços e ter
intrínseco em seu bojo dependências com instituições maiores, não assimilou outras
formas tecnológicas comunicacionais e já se depara com a informatização, suas
linguagens multimídias e suas potencialidades interativas.
A sociedade contemporânea sob a forma de produção industrial tem sua
base na racionalidade instrumental regida por regras técnicas operacionais em que
tudo é planejado, medido, racionalizado. Assim organizada essa sociedade tomou
proporção tal que atingiu todos os setores da vida do indivíduo, se adentrando no
espaço e no tempo livre do trabalhador, atingindo-o até mesmo em sua consciência
sujeita às regras provenientes das exigências técnicas da produção industrial.
Com suas regras clássicas e científicas, o Capitalismo estabelece em seu
discurso tecnocrático uma ideologia que insistentemente tenta legitimar uma falsa
consciência do mundo. Essa ideologia dominante influencia comportamentos
humanos, acabando por legitimá-la.
Assim, já no século XIX, pensadores como Durkheim e Marx convergiam
suas constatações de que o homem e sua consciência são produtos da sociedade.
Por ser o homem um ser social é fruto de sua sociedade, é o resultado desta
sociedade. Desta forma, o homem é considerado criador e criatura, pois ao longo de
sua evolução, foi criando e adaptando instrumentos para facilitar suas relações com
os homens e com a natureza, desenvolvendo seus sentidos, sua ação e aquilo que é
específico do homem, a capacidade de criar.
Impregnados pela ideologia do poder, tanto a família quanto a escola e
outras instituições sociais, influenciam para a conformação e adaptação às normas
dominantes, ao mesmo tempo em que transmitem aos homens os conhecimentos
técnicos acumulados pelas gerações antecessoras, desenvolvendo habilidades para
adaptação ao sistema social econômico.

Dessa maneira, essas características vão modelando o processo de


socialização, a formação de novas gerações e a transmissão cultural. Neste
contexto, a formação da personalidade do indivíduo passa a ser tarefa de
instituições e de especialistas como: psicólogos, orientadores educacionais,
médicos, assistentes sociais. E a escola divide com a mídia a responsabilidade na
socialização dos jovens e crianças.
Portanto, o controle social é exercido sob múltiplas formas e através de
instituições entre as quais a escola e a mídia. A escola perpetua assim sua função
como Aparelho Ideológico do Estado, dividindo agora esse intento com a mídia que
assume a liderança sobre essa função.
Nesse cenário atual, escola é vista apenas como mais uma entre as muitas
agências especializadas na produção e disseminação da cultura. No processo geral
de transmissão da cultura e no processo de socialização das novas gerações, a
escola vem perdendo terreno e prestígio em concorrência com as diferentes mídias.
A rapidez da disseminação da Internet pelo mundo, em relação a outras
mídias. Enquanto o rádio levou 38 anos para atingir um público de 50 milhões nos
Estados Unidos, o computador levou 16 anos, a televisão, 13 anos e a Internet levou
apenas quatro anos para alcançar a marca de 50 milhões de Internautas.

Figura 04 - Função intelectual na produção escolar


Fonte: Disponível em: http:\\www.radioigapora.com.brAcesso em: 21-jun-2016

A relação entre as mídias e a educação estabeleceu-se historicamente. Faz-


se necessário estabelecer como propósito a utilização da produção multimídia de
forma a desenvolver o potencial crítico sem negar o papel de consumidores que
somos, mas sob forma consciente, salientar a nossa função de emissores e
receptores do saber e da informação.

1.2 A educação brasileira - incursão histórica

A Educação no Brasil é regulado pelo Gabinete do Brasil, através do


Ministério da Educação, que define os princípios orientadores para a organização de
programas de educação. Os governos locais são responsáveis por estabelecer
programas estaduais de educação e seguindo as orientações e usando o
financiamento fornecido pelo governo federal (ALVES, 1983).
A educação é uma atividade essencialmente humana, que tem sua origem na
própria origem do homem. A associação entre educação e tempo é assunto que tem
causado polêmica, e traz à tona questões de cunho filosófico e de ordem político-
pedagógica, principalmente, quando esse tempo é utilizado e institucionalizado para
a formação escolar. É comum observarmos, nos próprios profissionais da educação,
ligeira confusão conceitual entre educação integral e escola de tempo integral
(BOGDAN; BIKLEN, 1994).
Quando o Reino de Portugal, através dos exploradores chegou ao Brasil no
século 15 e começou a colonizar suas novas possessões no Novo Mundo, o
território era habitado por povos indígenas e tribos que não tinham sistema de
escrita ou de educação escolar. A Companhia de Jesus (Jesuítas) foi, desde o seu
início em 1540, uma ordem missionária. A evangelização foi um dos principais
objetivos dos jesuítas e eles estavam comprometidos com o ensino e educação, na
Europa e no exterior. As atividades missionárias, nas cidades e no campo, foram
complementadas por um forte compromisso com a educação . Este tomou a forma
da abertura das escolas para meninos, primeiro na Europa, mas rapidamente se
estendeu à América e Ásia (LARROYO, 2004).
A fundação de missões católicas, escolas e seminários foi outra consequência
do envolvimento dos jesuítas na educação. Como os espaços e culturas onde os
jesuítas estavam presentes variaram consideravelmente, os seus métodos de
evangelização eram muitas vezes bastante diferente de um lugar para outro. No
entanto, o envolvimento da sociedade no comércio, arquitetura, ciência, literatura,
línguas, artes, música e debate religioso correspondeu a mesma finalidade principal
da cristianização. Em meados do século 16 os jesuítas estavam presentes na África
Ocidental, América do Sul, Etiópia, Índia, China e Japão. Este alargamento das suas
atividades missionárias tomou forma em grande medida no âmbito do Império
Português (NAGLE, 2004).
Em um período em que o mundo tinha uma população em grande parte
analfabeta, o Império Português foi o lar de uma das primeiras universidades
fundadas na Europa - a Universidade de Coimbra, que é uma das mais antigas
universidades da operação contínua. Ao longo dos séculos de domínio Português,
os estudantes brasileiros, em sua maioria se formou das missões jesuíticas e
seminários, foram autorizados e até mesmo encorajados a se inscrever no ensino
superior em Portugal continental (SAVIANI, 2004).
Os jesuítas, uma ordem religiosa fundada para promover a causa e os
ensinamentos do catolicismo, ganhou influência com a coroa Portuguesa e mais
educação, e tinha começado o trabalho missionário na possessões ultramarinas de
Portugal, incluindo a colônia do Brasil. Por volta de 1700, e refletindo uma
transformação maior do Império Português, os jesuítas tinham decisivamente
deslocado da Índias Orientais para o Brasil. No final do século 18, o ministro
Português do reino Marquês de Pombal atacou o poder da nobreza privilegiada e da
igreja, e expulsou os jesuítas de Portugal e suas possessões ultramarinas. Pombal
aproveitou as escolas jesuítas e introduziu reformas educacionais em todo o império.
No Brasil, as reformas foram anotados (SAVIANI, 2005).
Em 1772, antes da criação da Academia de Ciências de Lisboa (1779), uma
das primeiras sociedades científicas do Brasil e do Império Português foi fundada no
Rio de Janeiro: a Sociedade Cientifica. Em 1797, o primeiro Instituto de Botânica foi
fundada em Salvador, Bahia.
Durante o final do século 18, a Escola Politécnica (Escola Politécnica) foi
criada, em seguida, a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho foi criada
no Rio de Janeiro, de 1792, através de um decreto emitido pelo as autoridades
portuguesas como uma escola de ensino superior para o ensino de ciências e
engenharia (SILVA, et al, 2003).
Seu legado é compartilhada pelo Instituto Militar de Engenharia e da Escola
Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a escola de engenharia mais
antiga do Brasil e uma das mais antigas no mundo. Uma carta régia de 20 de
novembro de 1800 pelo rei João VI de Portugal estabeleceu a Aula Prática de
Desenho e Figura no Rio de Janeiro.
Foi a primeira instituição no Brasil sistematicamente dedicado a ensinar as
artes. Durante o período colonial, as artes eram principalmente religiosa ou utilitária
e foram aprendidas em um sistema de aprendizado. Um decreto de 12 de agosto de
1816 criou a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que estabeleceu uma
educação oficial nas artes plásticas e construiu as bases da atual Escola Nacional
de Belas Artes (LOMBARDI, 2001).
No século 19, a família real Português, liderado por D. João VI , chegou ao
Rio de Janeiro, fugindo da Napoleão invasão do exército de Portugal em 1807. D.
João VI deu um impulso à expansão da civilização européia para o Brasil. No curto
período entre 1808 e 1810, o Governo Português fundou a Academia real da Guarda
Marítima, a Academia Real Militar, a Biblioteca Nacional, o Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, a Academia Médico-Cirúrgica da Bahia, agora conhecida como
Faculdade de Medicina na Universidade Federal da Bahia e a Academia médico-
Cirúrgica do Rio de Janeiro, que é agora a escola de medicina da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (BOGDAN; BIKLEN, 1994).
O Brasil alcançou a independência em 1822. Até o século 20, foi uma grande
nação rural com as normas sociais e econômicas baixas comparando com os
padrões norte-americanos e europeus médios. Sua economia foi baseada no setor
primário, possuindo uma força de trabalho não qualificada e cada vez maior,
composto por pessoas livres (incluindo proprietários de escravos) e escravos ou
seus descendentes diretos.
Entre as primeiras faculdades de Direito fundada no Brasil foram as de Recife
e São Paulo em 1827. Mas para as próximas décadas, a maioria dos advogados
brasileiros estudaram em universidades européias, como na antiga Universidade de
Coimbra, em Portugal, que tinha adjudicado graus para gerações de estudantes
brasileiros desde o século 16 (CORDEIRO, 2001).
Em 1872, houve 9,930,478 habitantes (84,8% livres e 15,2% de escravos).
Entre os habitantes livres (8,419,672 de pessoas), 38% eram brancos, 39% pardos
(branco e mistura de preto), 11% de negros e 5% caboclos (branco e mistura
indiana). Apenas 23,4% dos homens livres e 13,4% das mulheres livres sabiam ler e
escrever. Em 1889, seis décadas depois da independência, apenas 20% do total da
população sabia ler e escrever. Na antiga potência colonial, Portugal, cerca de 80%
da população foi classificada como analfabeta (BRASIL, 1998).
Com a enorme expansão do pós-guerra que dura até à data, o governo
centrada no reforço do Brasil ensino superior , negligenciando, simultaneamente, a
assistência à educação primária e secundária. Os problemas da educação primária
e secundária foram agravados pelas diferenças de qualidade significativas entre
regiões, com o nordeste sofrer dramaticamente (GHIRALDELLI JR, 2009).
No rescaldo do regime militar brasileiro , a educação tornou-se visto como
uma forma de criar uma sociedade mais justa. "Escolas do cidadão" surgiu,
destinado a promover o pensamento crítico, a incorporação de pessoas
marginalizadas, e curiosidade (mais de memorização e obediência). Hoje, o Brasil se
esforça para melhorar a educação pública oferecida em fases anteriores e manter os
altos padrões que a população tem vindo a esperar de universidades públicas. A
escolha do financiamento público é um problema. Em particular, o objetivo de
desenvolvimento das Nações Unidas da Educação Primária Universal, foca na oferta
maior de educação para alunos com necessidades especiais e conseguintemente
são perseguidos pelos formuladores das políticas brasileiras.
Apesar das suas deficiências, o Brasil tem progredido substancialmente
desde a década de 1980. A nação testemunhou um aumento da matrícula escolar
para crianças de idade 7-14, de 80,9% em 1980 para 96,4% no ano de 2000. No
demográfica 15-17 idade, no mesmo período, esta taxa subiu de 49,7% para 83% .
As taxas de alfabetização aumentou de 75% para 90,0% (BRASIL, 1998).
1.3 Definindo a mídia

Mídia são os canais ou ferramentas usadas para armazenamento e


transmissão de informação ou dados. Mídia muitas vezes é usada como sinônimo de
meios de comunicação de massa ou agências de notícias, mas pode se referir a um
único meio utilizado para comunicar os dados para qualquer finalidade.
A mídia afeta o que as pessoas pensam sobre si mesmas e com elas
percebem as outras pessoas. O que pensamos sobre nossa autoimagem e que
imaginamos que os outros deveriam ser, vem através da mídia. A mídia exerce
papel fundamental na sociedade, pois é um importante formador de opinião e censo
comum. Isso porque devido aos avanços tecnológicos, ela consegue difundir e
disseminar seus conceitos a um grande número de pessoas em curto espaço de
tempo (BALDANZA, et al, 2008).
Além de informar, ela também é usada como forma de entretenimento e
auxilia na formação de valores. Sua influência é percebida nas pessoas “no modo de
ser, na sua maneira de se comportar de acordo com o contexto exigido, no
vestuário, na forma como exibe sua aparência física e até mesmo na alimentação.”
(BALDANZA, et al,, 2008).
A mídia também vem tomando seu espaço na lista de problemas trazidos pela
sociedade moderna. Devido seu caráter persuasivo, a mídia influência na vida das
pessoas a partir do momento em que as pessoas tomam seus personagens como
um estereótipo, e querem fazer deles um ideal, tentando imitá-los. Um exemplo são
as modelos. As pessoas pensam que para ser aceitas tem que ficar com corpo como
o das modelos, e acabam doentes (bulimia e anorexia). Muitas mulheres já
morreram enganadas pela ilusão dessas doenças. O conteúdo mostrado nas
telenovelas também é um exemplo dessas influências (ABREU, 2008).

A indústria midiática com suas propagandas na televisão, internet, outdoors,


revistas entre outros, impõe à população o que deve ser comprado como “belo”.
Atrás de uma justificativa de um corpo saudável e melhora da autoestima, as
pessoas vivem num culto constante ao corpo.
Partimos de dois pressupostos, primeiro, de que a comunicação, através das
mídias, acaba sendo a ação propiciadora do vínculo social, ou seja, insere o
indivíduo na socialidade, incluindo-o na conversação social. No entanto, chamamos
a atenção para o fato de que não basta estudar os meios em si, mas como as
pessoas interagem com eles.

Os resultados dependerão do tipo de interação, significação e apropriação


que os receptores farão dos conteúdos, conforme as múltiplas mediações possíveis.
Segundo, que a educação atua em três espaços: família (espaço privado), a cultura
(espaço social) e aprendizagens práticas do fazer (espaço profissional).
Sendo assim, observamos que nesses três espaços, sem exceção, está
presente a comunicação e seus meios (ou mídias). Fora esses três, como espaço
legítimo do saber, entra a escola, que fornece a aprendizagem via ensino (BRAGA e
CALAZANS, 2001). É o lugar das expectativas sociais. Quando se aposta num
futuro promissor, imagina-se a escola como o caminho inicial. Observa-se, assim,
que a educação envolve um processo de interação, de troca, que tem por finalidade
o aprimoramento, logo deve ocorrer/acontecer a partir dos processos comunicativos.
Como nos diz Freitas (2002, p. 31), “a história da Educação, assim, funde-se
com o mesmo processo no campo midiático”. Sobre a palavra comunicação, Martino
comenta que vem do latim communicatio do qual distinguimos três elementos: uma
raiz munis, que significa “estar encarregado de” que acrescido ao sufixo co, o qual
expressa simultaneidade, reunião, temos a idéia de “uma atividade realizada
conjuntamente” completada pela terminação tio que por sua vez reforça a idéia de
atividade. (MARTINO, 2005 p. 12-13)
Pode-se afirmar que conceito de educação encontra eco, entrelaça-se na
concepção de comunicação e seus meios, pois ambos devem acontecer através da
interação com outrem.

1.4 A influência da mídia na educação

1.4.1 Recursos de Ensino

A mídia pode ser inserida em sala de aula através dos Recursos de Ensino.
Estes segundo Gagné (1971, p. 247) “são componentes do ambiente da
aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno”. Estes componentes são,
além do professor, todos os tipos de mídias que podem ser utilizadas em sala de
aula, tais como, revistas, livros, mapas, fotografias, gravações, filmes etc.
A utilização de recursos de ensino diminui o nível de abstração dos alunos,
pois eles vêem na prática o que estão aprendendo na escola, e podem relacionar a
matéria aprendida com fatos reais do seu cotidiano. Desta forma é mais fácil eles

absolverem os conteúdos escolares. 


Dale (1966) criou uma classificação de recursos de ensino que é bastante
utilizada. Ele nos trouxe o “cone de experiências”, que mostra que o ensino
verbalizado, uso de palavras sem experiência, não deve mais ser usado pelo
professor, pois os alunos aprendem mais quanto mais pratica experiências em torno

do que está sendo ensinado. 

Segundo Dale (1966), os objetivos do uso dos recursos de ensino são:  

 Motivar e despertar o interesse dos alunos;


 Favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação;
 Aproximar o aluno da realidade;
 Visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem;
 Oferecer informações e dados;
 Permitir a fixação da aprendizagem;
 Ilustrar noções mais abstratas;
 Desenvolver a experimentação concreta.

Para utilização dos recursos de ensino é preciso estar atento aos seus
objetivos, eficácia e função em relação à matéria ensinada. Todos esses objetivos
podem ser alcançados através de recursos de ensino, midiáticos, como, por
exemplo, computador, internet, em que o aluno além de conhecer novas tecnologias,
faz também interação com o mundo e novas informações.
O aluno busca algo novo, algo atrativo, e a educação deve acompanhar essa
busca. Mas não basta apenas usar a tecnologia, no ambiente de
ensino/aprendizagem temos que rever o uso que fazemos de diferentes tecnologias
enquanto estratégias, tendo clareza quanto à função do que estamos utilizando, não
basta trocar o livro por um computador se na prática não promovemos a inclusão do
aluno, no que se refere aos processos de aprendizagem.
O computador é conhecido como uma tecnologia da informação devido a sua
grande capacidade na solução de problemas relacionados a armazenamento,
organização e produção de informação de várias áreas do conhecimento. A
utilização dessa tecnologia pode ser usada de varias formas, como programas de
exercício e prática, jogos educacionais, programas de simulação, linguagem de
programação entre outros, despertando assim um grande interesse do aluno.
Conforme observado por Valente (1993), o computador não é mais o
instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno
desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando
uma tarefa por intermédio do computador. O processo de interação se torna mais
agradável com a presença da multimídia na aprendizagem, pois naquele momento o
aluno está descobrindo o novo, o contemporâneo.

1.4.2 Mídia educacional

No que se refere à área educacional, a mídia esteve sempre presente na


educação formal, porém, não raras vezes, sofreu certa resistência, em relação a sua
aplicação na escola. Porém, o impacto social causado pela penetração da tecnologia
de informação e comunicação (TIC) nos últimos anos, ocasionou intensas
transformações nas principais instituições sociais.
A família foi invadida pela programação televisiva em seu cotidiano, a Igreja
se rendeu ao caráter de espetáculo da TV, a escola que pressionada pelo mercado
utiliza a informática com um fim em si, e a essas influências se associa à Internet,
com intensa possibilidade de uso.
Mediante esse quadro caberia uma indagação: a escola deveria incorporar as
tecnologias de informação e comunicação em suas práticas pedagógicas? Porém,
torna-se relevante acrescentar que a abordagem aqui discorrida, não trata da
negação dos suportes midiáticos, ao contrário, enfoca entre outros contrapontos
suas influências e necessidades de inserção no processo pedagógico.
Desta forma, a partir do objeto em estudo, pretende-se suscitar discussões
sobre o processo ensino/aprendizagem, também no sentido de esclarecer se a falta
de direcionamento para a utilização dos meios de comunicação pode influenciar
negativamente na aprendizagem da criança e do adolescente. Assim, o que prende
é compreender a influência dos meios de comunicação sobre o trabalho escolar a
partir das relações entre mídia e educação.
Para efetivar a aplicação das tecnologias de informação e comunicação na
escola, após a constatação de sua importância e necessidade, é preciso criar
conhecimentos e mecanismos que possibilitem sua integração à educação evitando
o deslumbramento ou o uso indiscriminado da tecnologia por si e em si. Portanto, é
imprescindível enfatizar o cunho pedagógico em detrimento das virtualidades
técnicas, fugindo do discurso ideológico procedente daindústria cultural.
Entretanto, a perspectiva que se abre no campo educacional, indo do livro e
do quadro de giz à sala de aula informatizada ou on-line, leva o professor a uma
perplexidade, despertando insegurança frente aos desafios que representa a
incorporação dos TIC ao cotidiano escolar. Talvez sejamos ainda os mesmos
educadores, mas certamente, nossos alunos já não são os mesmos, “estão em
outra” (BABIN, 1989).
Neste cenário de constante e acelerado processo tecnológico que desde os
anos 80 tomou novas proporções com equipamentos projetados para armazenar,
processar e transmitir informações de forma mais rápida e cada vez mais acessível
em termo de custos, vislumbrando uma maior possibilidade de utilização para todos,
presencia-se questões sobre a informatização e o acesso à Internet permeando
ainda as discussões dos que acreditam em uma sociedade mais justa e igualitária,
necessitando abordar aspectos sobre as condições sociais, políticas e econômicas
da vida e do trabalho, entrelaçados com as condições culturais.
Contudo, escolas públicas vêm sendo equipadas com computadores
conectados à Internet através de Programas do governo federal e estadual. Porém,
somente esse fato garantiria a melhoria de qualidade no processo de
ensino/aprendizagem? Pedroso (2002) afirma que enquanto não forem criadas
possibilidades através de substancial mudança na estrutura do ensino
continuaremos na situação de dependência e servidão.
No entanto, o computador e sua capacidade técnica podem sob forma
contraditória, ser usado no sentido da democratização, humanização, transformando
as desigualdades existentes na sociedade. Mas a utilização da informática é vista
como reacionária e conservadora tendo em vista o desemprego tecnológico e o
descomprometimento dos educadores com a democracia.

Em razão da péssima remuneração dos professores, duvidosas formações,


da baixa qualidade de ensino no ensino fundamental e médio e a semialfabetizaçao
dos alunos, incluindo em países considerados 1º do mundo, levam a crer que esse
fenômeno de descomprometimento coma educação seja um fenômeno mundial.
Enquanto o mundo se apresenta cada vez mais aberto e com máquinas que
lidam com o saber e com o imaginário, a escola ainda se estrutura em tempos e
espaços pré-determinados, fechada ignorando as inovações. Em decorrência da
velocidade dos avanços tecnológicos e sua interferência no trabalho e na vida de
todos, a escola se encontra em crise.
A escola que tem como ideal preparar as pessoas para vida, para cidadania e
para o trabalho, deve-se então questionar, sobre qual contexto social se reportar já
que este está em permanente modificação. Desta forma a escola e todo sistema
educacional tende a funcionar com outros tempos e em múltiplos espaços
diferenciados, com a presença de todos os novos elementos tecnológicos da
informação e comunicação. Assim, sobre a resistência e a não completude em
relação às tecnologias na educação, Pretto e Pinto(2006), consideram como sendo
uma das características peculiares do momento contemporâneo.
Segundo os autores, é a busca pela a estabilidade e do equilíbrio, tendo a
instabilidade como elemento fundante. Diferentemente de tempos não muito
distantes, hoje os educandos dispõem de muitos meios de informação. O aluno hoje
tem acesso muito mais rápido e fácil às informações do que nós e nossos pais. Para
estabelecer um parâmetro de analise, basta lembrar que a televisão brasileira
começou no ano de 1950, mais precisamente em 18 de setembro. Foi nesse dia
histórico que a TV Tupi fez sua primeira transmissão. Os computadores são mais
recentes.
Foi em julho de 1980 que a IBM lançou o primeiro PC (abreviação em inglês
de computador pessoal). A Internet já existia desde a década de 1970 para fins
militares, migrando a seguir para grandes universidades. No entanto, foi entre 1989
e 1991 que o inglês Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web (www) e
popularizou a rede. (BUSSACARINI, 2005).
Torna-se evidente e compreensivo através desse paralelo o sentido de
resistência gerado pela imtabilidade que acelerado processo tecnológico ocasiona
no meio educacional.
Desta maneira, os meios de comunicação de massa, e em especial a
televisão, que penetra nos mais recônditos cantos da geografia, oferecem de modo
atrativo e ao alcance da maioria dos cidadãos uma abundante bagagem de
informações nos mais variados âmbitos da realidade.

Os fragmentos aparentemente sem conexão e assépticos de informação


variada, que a criança recebe por meio dos poderosos e atrativos meios de
comunicação, vão criando, de modo sutil e imperceptível para ela,
incipientes, mas arraigadas concepções ideológicas, que utiliza para
explicar e interpretar a realidade cotidiana e para tomar decisões quanto a
seu modo de intervir e reagir (SACRISTÁN; GÓMEZ,1996, p.25).

Nesse sentido, é que se torna imprescindível a utilização destes meios na


escola, para oportunizar uma reflexão das ideologias que servem a cultura
dominante, sendo que as relações sociais, bem como os meios de comunicação que
transmitem informações, estão a serviço desta cultura .

Os avanços tecnológicos estão sendo utilizados praticamente por todos os


ramos do conhecimento. As descobertas são extremamente rápidas e estão
a nossa disposição com uma velocidade nunca antes imaginada. A Internet,
os canais de televisão a cabo e aberta, os recursos de multimídia estão
presentes e disponíveis na sociedade. Estamos sempre a um passo de
qualquer novidade. Em contrapartida, a realidade mundial faz com que
nossos alunos estejam cada vez mais informados, atualizados, e
participantes deste mundo globalizado (KALINKE 1999, p.15).

Entretanto, no limiar deste século, as grandes maiorias dos profissionais da


educação ainda não se vêem preparados para o enfrentamento de metodologias
que utilizem esses recursos tecnológicos. Desta forma, muitas explicações têm sido
dadas para justificar esta resistência, no entanto, tornam-se premente que o
professor propicie aos alunos elementos de emancipação com a utilização destes
aparatos como ferramentas pedagógicas.
A dificuldade escolar está hoje entre os problemas mais estudados e
discutidos do sistema educacional. Porém, às vezes, a busca pelo culpado do
fracasso se torna mais relevante do que a causa do mesmo. Sob a ótica da
Psicopedagogia o ser humano é cognitivo, afetivo e social e sua autonomia é
estabelecida à medida que se compromete com o seu social em redes relacionais.
Segundo Bossa (1994), a Psicopedagogia, inicialmente teve como
pressuposto, que as pessoas que não aprendiam tinham um distúrbio qualquer.
Hoje, o que se propõe é investigar e entender a aprendizagem com base no diálogo
entre várias disciplinas. Os profissionais que atendiam essas pessoas eram os
médicos, em primeira instância, e em segunda instância, psicólogos e pedagogos
que pudessem diagnosticar os déficits.
Os fatores orgânicos eram responsabilizados pelas dificuldades de
aprendizagem, na chamada época “patologizante”. A criança ficava rotulada, e a
escola e o sistema a que ela pertencia se eximiam de suas responsabilidades,
jogando o foco do problema na criança. Concebendo esse rótulo à criança, passa-se
a não perceber em quais circunstâncias ela apresenta tais dificuldades. A sociedade
do êxito educa e domestica. Seus valores e mitos relativos à aprendizagem muitas
vezes levam muitos ao fracasso.
Segundo Fernandes (2001), em nosso sistema educacional, o conhecimento
é considerado conteúdo, uma informação a ser transmitida. As atividades visam à
assimilação da realidade, e não possibilitam o processo de autoria do pensamento.

1.4.4 Recursos Audiovisuais

Recursos audiovisuais são os que estimulam a visão e/ou a audição. Esses


recursos contribuem para a absorção de conteúdos através de comparações com
fatos e elementos do cotidiano do aluno.
Os avanços tecnológicos nos últimos cinqüenta anos contribuíram para a
formação de um mundo ao vivo e a cores. A queda do muro de Berlim, por exemplo,
foi visto simultaneamente em todos os lugares do mundo que possuíam televisão.
Hoje, as informações viajam rapidamente e tem-se que estar a atento a tudo,
TV, Internet, celular, I-pod, MP3, MP4, todos esses recursos fazem parte do dia-a-
dia das crianças do século XXI. Então, porque não utilizá-los em sala de aula?
Muito se discute sobre a qualidade na educação. A complexidade do ato educativo
suscita inúmeras abordagens e múltiplas respostas, mas a análise de casos de
sucesso indica alguns pontos comuns.
Vários estudos e pesquisas feitos a partir de instituições de ensino cujos
alunos alcançaram pontuação elevada em provas feitas pelo Ministério da educação,
apontam com fatores presentes nessas escolas, gestores com capacidade de
liderança e autonomia para desenvolver projetos personalizados, são professores
com boa auto-estima e comprometidos com o sucesso escolar e um ambiente
escolar caracterizado pela pluralidade de estratégias didáticas.
São escolas que não dispõem de boas instalações e que a única riqueza que
possuem é a “riqueza de estratégias pedagógicas”. Elas exploram todos os recursos
que possuem incluindo os que estão na comunidade em que se inserem. Livros
didáticos, obras literárias, jornais, TV, rádio, revistas, computadores, teatros etc.,
todos esses recursos integram harmonicamente o projeto pedagógico, incentivando
os alunos, elevando a qualidade e conquistando o apoio das famílias.
Em casos como estes se pode perceber o quanto a mídia pode ajudar,
fazendo dos professores, profissionais criativos, protagonistas da educação e não
simples repetidores. A mídia nos dá a oportunidade de inserir nosso aluno no mundo
tecnológico e ao mesmo tempo passar o conhecimento de matérias que devem ser
vistas, de uma forma inovadora e compartilhada.
Muitos pais e professores têm grande resistência à TV, Internet, mas se estas
forem utilizadas como recurso de ensino, elas têm um grande valor na educação,
pois com elas, não se trata de treinar um usuário de mídias, mas de formar um
cidadão capaz de explorar, analisar e refletir criticamente sobre as inúmeras fontes
de informação e comunicação que o cercam e de produzir em diferentes linguagens
e mídias, comprometendo-se com o impacto dessa criação no meio que o cerca.

1.4.5 A TV e a Educação: méritos e deméritos

Conforme Maia (2003), a mídia é a designação genérica dos meios de


comunicação social; jornais, revistas, cinema, rádio, televisão, internet. Assim ela

está no dia-a-dia das pessoas. 


Hoje em dia, as informações estão ao nosso redor constantemente. Se
quisermos saber sobre qualquer notícia do passado ou sobre as programações das
baladas de sábado à noite, ou o endereço de tal loja, tudo isso se consegue rápido e

fácil pela Internet. 

As notícias são transmitidas ao vivo, enquanto que no passado eram levadas


por barcos através do oceano e levavam dias e até meses para chegar em outro
continente. A televisão é um veículo de massa que melhor transmite informações por
ser de fácil aquisição, devido ao seu baixo valor aquisitivo. Por isso, este trabalho dá
especial destaque a este veículo midiático.
Quando se liga uma televisão o indivíduo receptor é invadido por várias
informações, e ele pode ser influenciado ou não pelo que assiste. A maneira como
são mostrados os programas também é importante, porque pode contagiar o
público. Se determinado canal de televisão é a favor de um fato, e outro canal é
contra, isso faz com que o público tenha uma visão crítica, e um poder de escolha,
entretanto somente tomar partido de uma das partes às vezes é pouco.
A sociedade pode ficar alienada ao que vem mastigado pelos programas
televisivos e não ser capaz de ver outros ângulos e hipóteses de um mesmo

acontecimento. Por outro lado podemos ver a TV com o um grande fator na


educação. Em 1996, o Ministério da Educação, por meio da recém-criada Secretaria
da Educação a Distância, lançou nacionalmente o programa TV na Escola, cuja
finalidade era a qualidade da educação e oferecer às escolas um riquíssimo acervo
de recursos didáticos capaz de enriquecer o projeto pedagógico das instituições e de
valorizar os professores da educação. O foco da TV na Escola era os professores e

alunos. 
Com base nas experiências e pesquisas feitas, esse curso foi elaborado com
a proposta de capacitar o educador, no uso critico e criativo da TV e do vídeo. Toda
a experiência com o curso TV na Escola, em especial tinha o propósito de formar
professores profissionais no uso da TV e vídeo. Todavia, era preciso atualizar a
linguagem, integrar as tecnologias, renovar estratégias didáticas, garantir aos
educadores condições de produção em diferentes linguagens e mídias, para que os
alunos recebessem toda a tecnologia com sucesso. Esse fator com certeza traria
para a sala de aula algo novo e inusitado para os alunos.

1.4.6 As Influências Negativas e Positivas da Televisão na Sociedade

Parece mentira, mas infelizmente é verdade. Novelas e filmes da televisão


estão fazendo apologia ao crime e a violência. A qualquer hora do dia ligando a
Televisão, só vemos tiros, facadas, seqüestros, destruição, mortes, e muitas vezes
nos perguntamos, será que o mundo é só isso?
Segundo Hoinef (1991), a televisão é uma forma de privação de sentidos,
causando desorientação e confusão. Ela suprime e substitui o imaginário humano,
encoraja a passividade da massa e treina as pessoas para aceitar a autoridade.
O autor compara a televisão a um veneno que se expandiu pelo mundo, com
enorme poder de destruir padrões de comportamentos, atitudes e valores que
culturas e subculturas reverenciam para sobreviver, e ainda exercem sobre nós um
poder de influência muito grande, nos fazendo aceitar o que é imposto.
A luta pela audiência, de toda a forma tem levado emissoras brasileiras a
trocar o bom-gosto e o respeito pelo público por um verdadeiro festival de baixarias,
incluindo sexo, violência etc. A onipotência da televisão, o seu poder sem limites,
impede que se possa ensinar ética a sociedade.
Desde que a televisão surgiu sempre nos acrescenta “pratos de má
qualidade”, para disfarçar o seu gosto detestável e insípido, pois infelizmente este
veículo de comunicação não nasceu para isso, mas sempre se confunde a realidade
e ficção com a maior tranqüilidade.
A modernidade na educação básica do Brasil é algo muito importante e deve
ser tratado com muita responsabilidade e sabedoria. Primeiramente devemos
analisar a necessidade de incorporar as novas tecnologias educacionais aos
conceitos de modernização, com isso percebemos que o Brasil tem cerca de
1.300.000 professores em todos os graus. Pode ser considerada uma operação de
guerra a reciclagem destes em relação ao processo midiático, que por sinal é um
elemento essencial ao processo, para que mensagens modernas formem a
informação aos alunos.
Nesta busca pela modernização, o papel da televisão educativa é de grande
importância, pois o aluno tem mais facilidade em aprender através de recursos
audiovisuais. A televisão pode ser usada como um instrumento auxiliar do processo
ensino-aprendizagem, usando em cada escola um rádio, um DVD e uma televisão,
por exemplo.
Além disso, a televisão ajuda no desenvolvimento da sociedade, quando é
informativa e cultural. Ela traz ao público informações sobre outros povos, outros

modos de vestir, comer e educar. 


Segundo Torres (1998), a televisão contribuiu para reforçar a democracia,
pois fala em linguagem simples sobre assuntos variados. Toda informação passada
pela televisão atinge todos os cidadãos, fornecendo o discernimento sobre vários

assunto, e contribuindo para aumentar a participação na comunidade.  


Enfim, se a televisão for utilizada para informar ela será uma arma a favor da
população, tanto para se qualificar como para estar sempre a par das informações
ao redor do mundo. Além disso, não importa o programa que é transmitido pela TV,
importa se o público tem uma visão crítica e sabe separar o que é bom e o que é
ruim, o que deve ser guardado e transmitido. A pessoa deve ler as mensagens
subliminares, entender quais idéias são passadas e assim poder dominar a televisão
e não ser dominado por ela.
Alicia Fernándes define como “autoria”, o processo e o ato de produção de
sentidos e de reconhecimento de si mesmo como protagonista ou participante de tal
produção.

O caráter informativo da educação também se apresenta na utilização do


livro didático, quando o aluno é levado a memorizar conteúdos e não a
pensá-los. É preciso distinguir aquilo que é próprio da criança, em termos de
dificuldades, daquilo que ela reflete em termos do sistema em que se insere
(FERNANDES, 2001, p.91).

Mediante o que foi exposto, reflexões a cerca do assunto devem ser


implementadas, contudo, o potencial educacional que as TIC oferecem não pode ser
negado, mas precisa ser integrado efetivamente na escola, principalmente na rede
pública de escolarização, já que pode servir como mais uma possibilidade para a
construção da cidadania plena.
Assim, considerando as variedades de fatores que interferem no processo
ensino-aprendizagem, e que esta ocorre num vínculo entre subjetividades, propõe-
se compreender tais fatores na tentativa de amenizar os problemas enfatizando a
utilização dos meios tecnológicos como mais uma possibilidade de suporte
metodológico. Justamente o que será explanado no próximo capítulo desta
pesquisa.
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