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“Les auteurs de la recherche partent du constat que la cultura se presente de plus en plus sous la forme
d’une marchandise, qui se vend de mieux en mieux, même si la forme marchande est encore loin de
recouvir toutes les activités d’ordre culturel. Les enquêtes qu’ils ont menées dans des ‘filières’ aussi
diverse que le disque, la photo-cinéma d’amateur, les estampes, les nouveaux produits audiovisuels
(entendons par là les magnétoscopes, l’audiovisuel enrigistré et édité sur des vidéodisque ou des
vidéocassettes, la télédistribution) les conduisent à insister sur le fait culturels ne constituent pas un tout
indifférencié, ainsi qu’on avait tendance à le penser antérieurement, que l’on partage ou non les analyses
des membres de l’ École de Francfort’. Il en résulte des conditions de productions et de valorisation très
différentes, selon que ces produits peuvent être reproduits aisément ou pas, selon qu’ils impliquent ou non
la participation directe d’artistes à leur conception, et selon que les stratégies des producteurs se
développent ou non dans un cadre national ou transnational”
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é um termo usado para descrever algumas empresas e organizações ligadas à música. Quando o termo
"indústria da música" é usado com um sentido generalizado, pode se referir a empresas e organizações
que gravam, produzem, publicam, distribuem e comercializam músicas gravadas em estúdios. Indústria
da música é uma vertente das indústrias culturais.
A fim de compreender a dinâmica da indústria da música, antes de tudo, é
necessário reconhecer que esta indústria não tem o mesmo valor semântico que indústria
fonográfica, ambas possuem características e atividades distintas. Assim, em primeiro
lugar, faz-se essencial definir o que é indústria fonográfica para depois assegurar-se o
nosso objeto, indústria da música. Industria fonográfica é o conjunto de
empresas especializadas em gravação, edição e distribuição de mídia sonora, seja em
formato de CD, fita cassete, disco de vinil ou em formatos de som digital como o MP3.
A produção de tecnologias de reprodução sonora é a base da indústria fonográfica,
pois os conteúdos são constituídos predominantemente por repertório musical. O
pesquisador Leonardo De Marchi (2011), acrescenta que dentro desta indústria, os
conteúdos estão “sujeitos à regulação legal da propriedade através de uma variedade de
direitos de propriedade intelectual. Seus produtos – os fonogramas – somente adquirem
funcionalidade quando consumidos junto a aparelhos reprodutores (hardware)”. O
desenvolvimento da indústria fonográfica ocorreu no ano de 1888, por meios
mecânicos, quando a empresa North American Phonograph Company 3 agenciou as
licenças de comercialização do phonograph4. Foi nesse cenário e ano que, Emile
Berliner desenvolveu o gramofone:
um aparelho reprodutor de áudio que utilizava discos em lugar de
cilindros. Em 1893, Berliner formou, para a comercialização de seu
equipamento, a United States Gramophone Company e, no ano
seguinte, contratou o pianista Fred Gaisberg como seu diretor de
gravação e descobridor de talentos. Por comercializar um aparelho que
se destinava exclusivamente à reprodução de áudio, Berliner
considerou desde o início a necessidade de produzir discos gravados.
Por isso, em 1897, criou aquele que pode ser considerado o primeiro
estúdio comercial de gravações do mundo e, em 1900, já oferecia a
seus
clientes um catálogo com 5.000 títulos. (VICENTE, 2012, p. 197).
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Disco de 78 rotações (velocidade por minuto)
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Técnica de gravação, transmissão e reprodução de sons que reconstitui a distribuição das fontes sonoras,
emitindo os sons em dois canais para dois ou mais alto-falantes, pelo que se obtém o efeito de relevo
acústico (L e R).
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Compacto em que é gravada a trilha sonora de um long-play (LP, disco de vinil...)
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A CBS (um acrônimo para o nome antigo da rede, Columbia Broadcasting System, em português:
Sistema Columbia de Radiodifusão) é uma rede de televisão aberta comercial americana que é a
propriedade carro-chefe da CBS Corporation.
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Um nome de marca para uma série de resinas de vinil termoplástico, não tóxico, resistente a ácidos, ou
plásticos: usado em revestimentos, adesivos, filme, artigos moldados e registros de fonógrafo.
fidelidade, operação com fonocaptores10 com baixíssima pressão de trilhagem, maior
resistência ao desgaste e, ausência de ruído superficial, uma grande vantagem para a
indústria musical no aperfeiçoamento da gravação e reprodução dos sons com o
abandono do 78rpm.
O professor francês de sociologia da Universidade de Marne-la-Vallée (Paris),
Patrice Flichy ressalta que
[...] em princípios do século 20, cinco companhias dominavam o
mercado mundial de música gravada. Edson, nos Estados Unidos, e
Pathé, na França, comercializavam os cilindros. A Victor Records
(Estados Unidos) e o grupo Gramophone (com sedes na Inglaterra e
Alemanha) haviam se especializado no campo discográfico, além da
Columbia norte-americana, que comercializava ambos os suportes
(FLICHY, 1982, p. 23).
As majors da indústria musical, por exemplo, são empresas que se movem com
desenvoltura entre o global e o local. Especialistas em transitar, elas criam condições
para que circulem-se entre diversas escalas da produção e do consumo, diante disso, a
produção de sentido da música popular massiva envolve estratégias que ultrapassam os
aspectos imanentes e constituem valores econômicos, culturais e afetivos. Conforme
pode ser observado acerca da indústria musical, Micael Herschmann (2010), acrescenta
que,
como muitos sabem, desde a segunda metade dos anos de 1990,
assistimos a um processo de transição da indústria da música mundial.
Na realidade, analisando com atenção esta indústria é possível
identificar duas faces visíveis deste enorme avalanche de
transformações que estão ocorrendo na indústria da música nos
últimos anos: a) primeiramente, presenciamos não só a desvalorização
vertiginosa dos fonogramas, mas também o crescente interesse e
valorização da música ao vivo executada especialmente nos centros
urbanos; b) e, em segundo lugar, a busca desesperada por novos
modelos de negócio fonográficos (que hoje emergem na forma de
diferentes tipos de plataformas digitais e nos serviços da telefonia
móvel), ou melhor, o crescente emprego das novas tecnologias e das
redes sociais na web como una forma importante de reorganização do
mercado (a utilização das tecnologias em rede como uma relevante
estratégia de comunicação e circulação de conteúdos, de
gerenciamento de carreiras artísticas, de formação e renovação de
público, de construção de alianças com os consumidores, etc.)
(HERSCHMANN, 2010, p. 37).
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Abreviação em inglês de independente.
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É o oposto do que o termo maisntream aponta, não está ligado as grandes gravadoras ou empresas. Ao
longo do nosso estudo, iremos com mais precisão termo.
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É um termo inglês que designa o pensamento ou gosto corrente da maioria da população, aquilo que é
mais acessível, que vende mais, no caso da música está ligado as grandes gravadoras. É muito utilizado
atualmente referindo-se às artes em geral (música, literatura, etc.).
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Originados em locais à margem dos centros urbanos, sejam eles geográficos e/ou sociais que resultam
de uma determinada rede de relações sociais e de seus aspectos performáticos.
pirataria é de 98%; quase todas as lojas de música e grandes locadoras
de filmes como, por exemplo, a Blockbuster, saíram do negócio), a
reprodução e distribuição de CDs e DVDs de música andina não é
exatamente ilegal: na realidade, os produtores negociam diretamente
com os agentes que realizam as cópias (muitos dos quais também são
camelôs), contratando-os. Os músicos ganham muito pouco com os
fonogramas gravados (os preços dos CDs são muito baixos, cerca de
60 centavos de dólar) e os vários intermediários – produtor, copiador e
o camelô/ vendedor – ficam com quase todo o lucro; mas eles
funcionam mais especificamente para a promoção do cardápio
principal que são os concertos, onde propriamente os artistas realizam
a maioria dos seus ganhos.
Por isso, cabe reforçar que essas novas empresas e seus agentes estão renovando o
mercado da música, apontando caminhos a serem experimentados por outros produtores
e agentes. A indústria da música, constantemente, está em busca da ampliação de
mercados, as novas tecnologias de comunicação estão cada vez mais imbricadas na
forma de pensar a política, a economia e a cultura, sobretudo, em relação às expressões
musicais. Em meados de 2011, o financiamento coletivo - crowdfunding 18 se firmou
como uma opção plausível para ajudar diversos projetos musicais, especialmente, de
artistas independentes. Funciona como um modelo de negócio que se utiliza da internet
como fonte principal para realizar sua arrecadação. Assim é estipulada uma meta de
arrecadação que deve ser atingida para que o projeto seja viabilizado. Caso os recursos
arrecadados sejam inferiores à meta, o projeto não é financiado e o montante arrecadado
volta para os doadores. Diversas oportunidades surgem para comercializar a música
que, mesmo não oferecendo um retorno financeiro imediato aos artistas, proporcionam
visibilidade e ajudam na solidificação de projetos.
Não é à toa que as plataformas digitais de música chegaram definitivamente em
território brasileiro nos últimos anos. O Spotify, o Deezer e o Rdio, por exemplo, antes
mesmo de ser totalmente autorizado no país, as empresas já vinham liberando acessos
para alguns brasileiros que já podiam usufruir do mecanismo. Com seus serviços
disponibilizados para o consumo, as empresas queriam que o público entendesse o
funcionamento da plataforma e quais as principais ferramentas para obter uma melhor
experiência do consumo musical.
Esses programas utilizam o sistema streaming a fim de reunir milhões de
músicas, que estão disponíveis para os usuários escutarem quando desejarem, via
internet, sem a necessidade de fazer download, com todo seu processo de
funcionamento na legalidade, tanto em formato online quanto off-line. Entre os
questionamentos mais frequentes estão como ocorre à distribuição da música nesse
novo aplicativo e quais as parcerias que podem ser estabelecidas entre artistas e
gravadoras. Pois bem, esses aplicativos fecham acordos com gravadoras e
distribuidoras, para que possa iniciar a distribuição, em seguida remunera de acordo
com o acesso que os usuários fazem das faixas dos álbuns de seus artistas, um trabalho
que tem retorno para as gravadoras e artistas, diferentemente dos antigos downloads.
Os consumidores desses programas têm duas possibilidades de utilizá-los, o
primeiro deles é ouvir tudo de graça, mas com a condição de ser interrompido por
anúncios durante o seu uso. Outra possibilidade, o consumidor pode assinar o serviço,
esta opção torna-se paga e o usuário pode evitar as propagandas, além de baixar suas
músicas preferidas. Programas como esses podem ser um novo modelo de rádio online,
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O objetivo central do crownfunding é arrecadar capital para iniciativas de interesse coletivo através da
agregação de múltiplas fontes de financiamento, em geral na internet a intenção é viabilizar projetos
culturais.
onde o próprio usuário faz sua playlist de acordo com seu gosto musical, fortalecendo o
consumo musical em plataformas digitais. Assim:
interatividade e customização são, como sempre, no mundo digital, as
categorias centrais do discurso dos desenvolvedores desses serviços,
que prometem assim algo “a mais” em relação às mídias tradicionais
para as diferentes partes envolvidas no processo. Por um lado, os
novos artistas, músicos e produtores terão seu trabalho apresentado
“às pessoas certas”. Por outro, os consumidores encontrarão também a
música – em especial a nova música – que gostariam de ouvir (SÁ,
2009, p. 2).
É interessante perceber que existem funções nos aplicativos que funcionam para
as mais distintas especificidades. São várias as possibilidades de pesquisas, tendo
funcionalidades que nos ajudam a encontrar uma música favorita, assim como
recomendar novos artistas que fazem parte de nosso repertório musical. Essas
negociações entre música e classificação, estilos e gêneros fazem parte da dinâmica
mercadológica que a indústria da música fornece. Essa situação é discutida pela
pesquisadora Adriana Amaral (2010, p. 147) que afirma que nos meios digitais a
classificação de gêneros musicais e a recomendação ainda é mais forte:
A categorização, classificação e colecionismo indicados através da
preocupação com a variedade de tags coletadas a partir dos estilos
musicais, contribuindo para análises, dos usos e formas de
colecionismo de música on-line (...). Tais práticas são amplificadas
pela infraestrutura e pelo ambiente das plataformas.
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É uma das maiores prestadoras de serviços profissionais do mundo nas áreas de auditoria, consultoria e
outros serviços acessórios para todo tipo de empresas.
instituições ligadas a música e os diferentes modos de produção estabelecidos pelas
políticas públicas de cultura.
Na década de 1980, foi consolidado no Brasil um formato das políticas culturais
baseado na renúncia fiscal, elaborado no então governo de José Sarney. Durante esse
período ocorreu o fortalecimento da compreensão liberal de gestão cultural, consentindo
a condução das políticas culturais pelo setor de marketing das empresas privadas, uma
vez que a Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet 22 , firmou-se como a
principal fonte de financiamento das ações culturais.
Posteriormente ocorreram muitas transformações no campo político,
institucional e organizacional da cultura, uma delas é a criação do Sistema Nacional de
Cultura (SNC) elaborado pelo Ministério da Cultura (Minc). Essas transformações
contribuíram para uma maior institucionalização das políticas culturais com práticas
compartilhadas entre (União, Distrito Federal, Estados e Municípios), além da
participação social, incluindo grupos socioculturais que antes eram excluídos. Assim:
Artistas, produtores culturais, intelectuais e militantes da área
criticavam o formato da política cultural desenvolvida no país e
defendiam que o Estado deveria garantir a formulação democrática
das políticas públicas e de gestão da cultura, bem como o exercício
dos direitos culturais a todos, conforme definido pela Constituição
Federal de 1988. (ANDRADE, 2015, p. 22)
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A Lei Federal de Incentivo à Cultura nº 8.313/91 assegura benefícios às pessoas e empresas que
aplicarem parte do seu Imposto de Renda em projetos e ações culturais. Pessoas jurídicas podem deduzir
até 4% do valor aplicado na cultura do seu imposto, enquanto para as pessoas físicas o percentual chega a
6%.
Para isso, foi essencial a criação de Planos Municipais e Estaduais de Cultura.
Que são os instrumentos de planejamentos que orientam a implantação das políticas
culturais no município e no estado. Construído a partir de participação social, os planos
pretendem indicar as prioridades para a cultura na cidade e no estado, a partir da
aprovação de diretrizes, ações e metas a serem efetivadas nos próximos 10 anos. Mas
somente é válido se houver compromisso do município ao SNC, sendo os planos
municipais e estaduais a principal ferramenta para a gestão compartilhada das políticas
públicas de cultura e metas para o PNC.
De forma geral, os planos servem para orientar o desenvolvimento de projetos
culturais e a necessidade de fortalecer os processos de gestão e participação social em
relação a produção cultural nacional e local. Mas cabe ressaltar, que o plano depende da
adesão dos estados e das cidades para a viabilização do projeto e o fortalecimento da
produção cultural contemporânea. A pesquisadora Isaura Botelho (2001), acrescenta
que a atividade de produção cultural brasileira é realizada prioritariamente por conta das
leis de incentivo fiscal federal, estadual e municipal.
Os problemas existentes hoje no Brasil, quanto à captação de recursos
via leis de incentivo fiscal, relacionam-se ao fato de produtores
culturais de grande e pequeno portes lutarem pelos mesmos recursos,
num universo ao qual se somam as instituições públicas depauperadas,
promovendo uma concorrência desequilibrada com os produtores
independentes. Ao mesmo tempo, os profissionais da área artístico-
cultural são obrigados a se improvisar em especialistas em marketing,
tendo de dominar uma lógica que pouco tem a ver com a da criação.
Aqui, tem-se um aspecto mais grave e que incide sobre a qualidade do
trabalho artístico: projetos que são concebidos, desde seu início, de
acordo com o que se crê que irá interessar a uma ou mais empresas, ou
seja, o mérito de um determinado trabalho é medido pelo talento do
produtor cultural em captar recursos ¾ o que na maioria das vezes
significa se adequar aos objetivos da empresa para levar a cabo o seu
projeto ¾ e não pelas qualidades intrínsecas de sua criação.
(BOTELHO, 2001, p. 5)
Para que ocorra a relação entre os atores da cena com o público, é importante
criar ações de políticas culturais, não só para garantir o acesso à diversidade da
produção musical, mas adotar condições e práticas que estimule todos os envolvidos,
desde a produção de trabalho ao público consumidor. Incentivando a novos modelos de
negócios, a formação de público, ampliação das condições de acesso, difusão e
circulação dos projetos culturais, fazendo disso uma prática comum, contínua e não
esporádica.
Vale destacar que qualquer projeto cultural, independente do artista, produtor e
agente cultural brasileiro, pode se beneficiar das leis de incentivo e se candidatar à
captação de recursos de renúncia fiscal. Mas para que esses benefícios sejam
transparentes e que não haja nenhum tipo de favoritismo, foram criados a Agenda 21 23 e
os Colegiados Setoriais que auxiliam os produtores locais, servindo como consulta
pública junto à sociedade civil.
No Brasil, existem especificamente três fontes de financiamento para a
viabilização de empreendimentos culturais: os recursos dos Estados, recursos das
pessoas físicas e jurídicas e as receitas diretas da produção cultural (YANAZE, 2011:
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É um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das
nações unidas, governos e pela sociedade civil.
637). Em relação ao setor musical, principalmente o independente, dependem em
grande parte de recursos externos. Sabe-se que os custos de uma produção artístico-
musical são altos, pois necessitam de diversos aparatos estéticos (encarte, identidade
visual, projeção) e tecnológicos (arranjo, mixagem, equipamentos sonoros) a fim de
finalizar o produto artístico, seja ele gravado ou ao vivo. Por conta dessa dinâmica de
produção, a maioria dos artistas e produtores independentes veem nos editais públicos e
nas leis de incentivo uma forma de produzirem seus trabalhos musicais. Para Karina
Poli (2014, p. 2),
o mercado cultural, atualmente depende dos processos que envolvem
os editais, as leis de incentivo à cultura e os patrocínios culturais. A
solução desses impasses é procurar não só diminuir os impactos na
produção cultural, distribuição dos recursos, democratização e acesso
a cultura, formação e difusão da produção cultural, como também
encontrar parâmetros de gestão para elaborar uma política cultural
justa, democrática e capaz de contribuir com o desenvolvimento
econômico e social do país.
Caso um músico procure realizar seu trabalho através das leis de incentivo, ele
necessitará que suas ações artísticas sejam aprovadas pelo Ministério da Cultura ou
pelas secretarias de cultura. Para que depois captem recursos com patrocinadores (para
que seja realizados os abatimentos de impostos), um exemplo claro, é a Lei Rouanet
(âmbito federal) e o Programa Fazcultura (estadual). Nos editais de patrocínio, o artista
que for selecionado – recebe um prêmio em dinheiro para realizar o projeto
cultural/artístico vencedor. É um concurso feito por instituições culturais que lançam
editais frequentemente em diversas categorias (música, cinema, dança, teatro etc).
Assim, as ações de políticas culturais para a música são importantes,
principalmente, em relação ao acesso à pluralidade musical brasileira, tais políticas
contribuem para uma melhor difusão de artistas independentes que necessitam de
diligências públicas. Além disso, é essencial o incentivo a novos modelos de negócios, a
formação de público, ampliação das condições de acesso e circulação desta extensa
produção cultural. Mas também, é necessário reconhecer as condições e práticas que
envolvem o mercado musical contemporâneo.
Na Lei Rouanet, a renúncia fiscal para o setor musical depende do
enquadramento em que ela se encontra. Para a música erudita e instrumental, a renúncia
é de 100% em relação ao valor investido em projetos nessa categoria. No campo da
música popular massiva, a renúncia chega a 30%, ou seja, o valor de isenção para cada
projeto é determinado de acordo com a categoria que o projeto musical se encaixa. No
ano de 2016, o setor de música ficou em segundo lugar em relação a projetos
beneficiados pela Lei Rouanet, um total de 1.270 projetos, sendo investido R$
38.523.55024, como pode ser conferido no gráfico abaixo.
Figura 2 - Distribuição dos projetos culturais aprovados por área de segmento no ano
de 2016.
Fonte: gráfico feito pelo autor, dados extraídos do sistema Salic Net em 04/2017.
Cabe ressaltar que nos anos entre 2011 até 2013, o setor musical teve mais
projetos aprovados, ficando em primeiro lugar em relação aos outros segmentos
artísticos (artes cênicas; artes integradas; audiovisual; humanidades e patrimônio
cultural). A partir de 2014, que o setor passou para a segunda posição, perdendo para as
artes cênicas. Embora, perceba que exista uma queda em relação a posição do setor no
ranking dos segmentos artísticos, é possível identificar que o investimento realizado
com dinheiro de renúncia fiscal via lei de incentivo federal ainda atende as demandas do
setor musical.
Figura 3 - Projetos da área de música aprovados entre os anos de 2011 até 2016.
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Dados retirados do Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Salic) Net do Ministério da
Cultura, disponível para consulta pública.
Projetos da área de Música 2011-2016
1270
2073
1387
1943
1692
1822
Fonte: gráfico feito pelo autor, dados extraídos do sistema Salic Net em 04/2017.
Festivais 20 16 18 19 14 10
No Estado da Bahia, 92 projetos culturais foram aprovados em 2016 27, nas seis
áreas (artes cênicas, artes visuais, humanidades, música e audiovisual). Diferente do
âmbito nacional, o setor de música ficou em primeira posição com aprovação de 35
projetos, ficando as artes cênicas em segundo lugar com 26 propostas aprovadas. Do
total de projetos aprovados para captação de recursos em 2016, 19 são propostas
voltadas para a música ao vivo (festivais 10 projetos e shows individuais com nove).
Tabela 1. Projetos Aprovados no Segmento de Música entre os anos de 2011 e 2016 na
Bahia (Incentivo Federal).
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Disponível em < http://www.cultura.gov.br/incentivofiscal>
26
Dados extraídos do sistema Salic Net em 05/2017.
27
Dados extraídos do sistema Salic Net em 05/2017.
Fonte: Tabela feita pelo autor, dados extraídos do sistema Salic Net em 05/2017.
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Gilberto Gil estava no Ministério da Cultura.
produção de projetos que estejam articulados com a sociedade, com a cultura e com as
políticas públicas do Estado. A secretaria atende 27 territórios culturais, a fim de
descentralizar a produção cultural e reconhecer a transformação e o desenvolvimento
cultural de cada região, valorizando a diversidade cultural.
Em 2007, durante a II Conferência Estadual de Cultura, dizíamos que
a resistência ao novo tem como resultado apenas o que já é conhecido
e que o medo de perder a estabilidade é paralisante. Estávamos
iniciando um novo ciclo, no qual era imperioso rever conceitos e
práticas, pensar e agir de forma estadualizada, cooperativa, transversal
e participativa. Colocar a cultura na centralidade do desenvolvimento
e institucionalizar uma política consistente de Estado. Revelar e tratar
as identidades de toda a Bahia. (SECRETARIA DE CULTURA DA
BAHIA, 2010, p. 6).